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MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO AUDITORIA INTERNA SECRETARIA DE ORIENTAÇÃO E AVALIAÇÃO PARECER SEORI/AUDIN-MPU Nº 1.884/2014

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MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO AUDITORIA INTERNA

SECRETARIA DE ORIENTAÇÃO E AVALIAÇÃO PARECER SEORI/AUDIN-MPU Nº 1.884/2014

Referência : Ofício nº 162/14/SEC/MPM. Protocolo AUDIN-MPU nº 769/2014.

Assunto : Administrativo. Convenção Coletiva de Trabalho 2014. Inclusão do benefício de plano de saúde em planilha de custos e formação de preços.

Interessado : Diretoria Geral. Ministério Público Militar.

O Senhor Diretor-Geral Substituto do Ministério Público Militar consulta esta Auditoria Interna do MPU sobre a possibilidade de pagamento de valores relativos a plano de saúde para os empregados de empresas de vigilância, com alocação de mão de obra, por ocasião de Convenção Coletiva de Trabalho do Sindicato dos Empregados de Empresa de Segurança e Vigilância do Distrito Federal – Sindesv – DF.

2. Ressalta que em recente manifestação, esta AUDIN-MPU se pronunciou contrária à inclusão em planilha de custos e formação de preços do referido valor, previsto na Convenção Coletiva do Sindicato das Empresas de Asseio, Conservação, Trabalhos Temporários e Serviços Terceirizados do DF – SINDISERVIÇOS, uma vez que:

Os benefícios relacionados foram previstos em CCT restringindo a obrigação da empresa apenas ao repasse dos recursos aos sindicatos, ficando a vantagem custeada exclusivamente pela administração pública ou privada, além de prever que o repasse só seria obrigatório caso pago pelo tomador do serviço.

Não considerou aceitável que não fosse possível determinar se os empregados alocados no contrato estariam sendo beneficiados e, como consequência, que a Administração tivesse despesa com um custo possivelmente inexistente, uma vez que não havia previsão para a implantação do serviço.

3. Registra que a consulta em apreço difere da anterior, visto que o auxílio saúde elencado na CCT do Sindesv-DF estabelece cota-parte ao empregado que aderir ao programa, e multa ao mês sobre o valor devido, nos casos em que não houver o repasse por parte da empresa, segundo Cláusula Décima Sexta – Plano de Saúde, transcrita abaixo:

CLÁUSULA DÉCIMA SEXTA - PLANO DE SAÚDE

Fica estipulado que para todos os contratos será obrigatório por parte das empresas a cotação, em suas planilhas, do convênio saúde mensal no valor de R$ 90,00 (noventa reais), unicamente por empregado envolvido e diretamente ativado na execução dos serviços, limitado ao quantitativo de profissionais contratados pelo tomador dos serviços. Referido valor será repassado pelas empresas

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mensalmente ao Sindesv – DF, visando exclusivamente a assistência médica dos vigilantes, mediante assinatura de convênio saúde a ser firmado e administrado pelo Sindicato Laboral, a ser prestado na forma dos parágrafos seguintes.

PARÁGRAFO PRIMEIRO - O Sindicado Laboral firmará convênio com empresa de saúde de boa reputação no mercado. A adesão do empregado ao plano de saúde previsto no caput não obriga a sua filiação ao Sindesv-DF, sendo de livre adesão a toda a categoria. Optando o empregado por participar do plano de saúde contratado, deverá ele contribuir com sua cota-parte.

PARÁGRAFO SEGUNDO – O benefício devido ao Sindicato Laboral, de acordo com a previsão contida no caput, deverá ser recolhido pela empresa ao Sindesv-DF, até o 20º (vigésimo) dia do mês subsequente a que se refere.

PARÁGRAFO TERCEIRO – Os sindicatos signatários do presente instrumento coletivo se comprometem a ingressarem, em conjunto ou separadamente, com impugnação aos editais que não prevejam a cotação do auxílio saúde, visando assim à implantação e manutenção da presente cláusula.

PARÁGRAFO QUARTO– A participação do empregado e de seus dependentes será de acordo com o que for preconizado no convênio citado no caput e normas da Agência Nacional de Saúde (ANS).

PARÁGRAFO QUINTO - O não cumprimento desta cláusula no caso de repasses ao Sindicato Laboral, obriga a empresa ao pagamento de uma multa de 2% (dois por cento) ao mês sobre o valor devido, em benefício do sindicato laboral, salvo em caso de atraso de pagamento por parte do tomador de serviço, devidamente comprovado, hipótese em que não será devida a presente multa.

PARÁGRAFO SEXTO – Tendo em vista que o interesse coletivo suplanta o individual, mesmo que as empresas possuam plano de saúde, o valor previsto no caput é devido. No entanto, nos contratos em que a empresa ou o tomador de serviço arquem com a integralidade do plano de saúde, não será devido o repasse.

PARÁGRAFO SÉTIMO – As empresas, através do Sindesv-DF, terão acesso a toda a documentação referente ao plano de saúde contratado pelo Sindesv-DF e oferecido aos empregados, bem como à destinação dos valores por ele recebidos a tal título. Este acesso se dará a qualquer tempo, exclusivamente mediante solicitação escrita firmada pelo Sindesp-DF. Após o recebimento do requerimento, o Sindesv-DF deverá apresentar os documentos solicitados em até 72 (setenta e duas) horas.

PARÁGRAFO OITAVO – Poderá ser formada a qualquer tempo comissão intersindical com vistas a obter melhorias na concessão do plano de saúde oferecido aos empregados, inclusive quanto à redução do valor da mensalidade devida a tal título. Havendo alteração do valor, as partes assinarão termo aditivo com as modificações acordadas entre si.

PARÁGRAFO NONO –Será de responsabilidade exclusiva do SINDESV-DF a contratação e pagamento do plano de saúde dos demais vigilantes que se encontram afastados em benefício previdenciário, auxílio-maternidade, feristas, reserva técnica e outros que não estejam efetivados junto ao tomador dos serviços.

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PARÁGRAFO DÉCIMO - A empresa ao pagar o valor a que se refere o caput da cláusula encaminhará ao Sindesv-DF a relação nominal dos empregados cujos valores estão sendo recolhidos, relação esta que servirá de base para habilitá-lo junto ao convênio.

PARÁGRAFO DÉCIMO PRIMEIRO – os empregados que atuam em funções administrativas nas empresas de vigilância e/ou outras empresas do mesmo grupo econômico, sediadas no Distrito Federal, poderão aderir ao plano de saúde contratado pelo SINDESV-DF, inclusive com a inclusão de seus dependentes, desde que arquem com o custo total do mesmo, na forma contratada, atendidas as normas estabelecidas pela ANS.

PARÁGRAFO DÉCIMO SEGUNDO – Fica a critério do Sindesv-DF a destinação de parte dos recursos arrecadados com vistas à universalização do benefício. (Grifos acrescidos)

4. Informa ainda que, por ocasião de realização de pregão, cuja planilha não contemplou o auxílio-saúde, várias empresas alegaram ser obrigatório o pagamento do referido benefício, visto que muitos empregados atualmente o utilizam, por meio de convênio do sindicato com a empresa Amil.

5. Diante dos fatos explicitados, considerando as peculiaridades da Convenção Coletiva em apreço e a informação das empresas, questiona:

a) sobre admissibilidade da previsão dos valores relativos ao Auxílio Saúde nas futuras licitações para contratação dos serviços de vigilância;

b) na hipótese da admissibilidade da previsão do benefício, qual a melhor forma de inserir o seu custo, já que a adesão do empregado é facultativa.

6. Em exame, cabe notar que o presente caso em muito se assemelha ao outrora analisado por esta AUDIN-MPU, pois reflete o pacto firmado entre os respectivos sindicatos para a contratação de operadora de plano de saúde para os trabalhadores da categoria, cuja contratação e pagamento estarão a cargo do sindicato laboral, com ônus para o contratante dos serviços, no caso a Administração Pública.

7. A cota-parte do empregado, cujo percentual/valor não está expresso no instrumento coletivo, reflete apenas parcela do salário do empregado que aderir ao plano de saúde a ser retido pela empresa e destinado ao sindicato laboral; já a multa de 2% (dois por cento), é aplicável somente na hipótese de a empresa não repassar os valores retidos dos empregados e/ou os recebidos da Administração ao sindicato dos empregados, ou seja, o pagamento do plano de saúde continua não sendo uma despesa obrigatória da empresa. Ao nosso ver, portanto, não há alteração da essência do benefício, que continua sendo uma obrigação para a Administração, criada por terceiros.

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8. Além disso, considerando que a adesão do empregado ao plano de saúde é facultativa (Parágrafo Primeiro da Cláusula Décima Sexta), podem existir empregados alocados no contrato que não farão a adesão ao plano. Importa consignar, ainda, que, caso conste esse valor no grupo dos insumos da planilha de custos, incidirá sobre ele a taxa de administração e lucro da empresa, por exemplo. Ou seja, ao final, a Administração estará pagando um custo adicional, que pode significar lucro indevido para as empresas.

9. Além disso, frise-se que, segundo o Parágrafo Décimo Primeiro da Cláusula Décima Sexta, os empregados que laboram em funções administrativas nas empresas de vigilância deverão arcar com a integralidade do custo, caso ingressem no plano de saúde. Ademais, é relevante chamar a atenção para o disposto no Parágrafo Décimo Segundo, o qual estabelece que parte dos recursos arrecadados serão destinados à critério do SINDESV com vistas à universalização dos benefícios.

10. Destaque-se, outrossim, que, conforme o Parágrafo Sexto da referida Cláusula, caso a empresa contratada disponibilize plano de saúde integral aos empregados, não será devido o repasse do valor de R$ 90,00 ao Sindicato. Porém, estranhamente, na hipótese de a empresa proporcionar plano de saúde de outra forma, terá que fazer o mencionado repasse.

11. As ressalvas acima expostas também indicam a inviabilidade de a Administração Pública admitir in totum as disposições da norma coletiva em pauta, principalmente quanto a prever na planilha o valor integral fixado para o referido benefício.

12. Ademais, vale consignar que não há critério para fixação, pelas convenções coletivas, dos valores referentes ao plano de saúde, tendo-se constatado uma diversidade de valores, os quais estão diretamente vinculados ao tipo de plano e cobertura escolhidos pelos particulares envolvidos, sendo que a Administração Pública, por óbvio, não tem qualquer participação nesse processo. Nada obstante, o ônus pelo pagamento desse beneficio vem sendo imputado diretamente à Administração Pública, muito embora não se trate de obrigação trabalhista da empresa prevista em lei e na convenção coletiva, nos termos do art. 458, § 2º, inciso IV e art. 592, inciso II, alínea “b” da Consolidação das Leis do Trabalho, ipsis verbis:

CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO

Art. 458 - Além do pagamento em dinheiro, compreende-se no salário, para todos os efeitos legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações "in natura" que a empresa, por fôrça do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado. Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas.

(...)

§ 2º Para os efeitos previstos neste artigo, não serão consideradas como salário as seguintes utilidades concedidas pelo empregador:

(...)

IV – assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada diretamente ou mediante seguro-saúde;

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(…)

Art. 592 - A contribuição sindical, além das despesas vinculadas à sua arrecadação, recolhimento e controle, será aplicada pelos sindicatos, na conformidade dos respectivos estatutos, visando aos seguintes objetivos:

(…)

II - Sindicatos de empregados: (...)

b) assistência médica, dentária, hospitalar e farmacêutica;

13. Apesar disso, entendemos ser possível a previsão de pagamento de despesas com esse benefício nos editais das futuras licitações, tendo como limite o estipulado na convenção. Nesse caso, no entanto, a fim de resguardar o interesse público, entendemos, por exemplo, que o pagamento do auxílio-saúde se faça a título de ressarcimento, após devidamente comprovada a despesa efetiva da empresa com o benefício dos empregados vinculados ao contrato que aderirem ao plano de saúde.

14. Cabe notar, entretanto, que embora o pagamento do auxílio-saúde deva ser feito por ressarcimento, na licitação, o valor estimado referente a esse benefício deve ser considerado no julgamento da proposta mais vantajosa, visto que a empresa poderá cotar valor menor que aquele estabelecido no acordo coletivo e tal valor significará dispêndio de recursos públicos. Além disso, é importante que o edital da licitação contenha cláusula fixando que, no valor referente ao auxílio-saúde, não deve incidir os encargos, impostos, taxa de lucro e administração, em razão de sua natureza.

15. A propósito, esse foi o procedimento adotado pelo Supremo Tribunal Federal no item 17.2 do Pregão Eletrônico nº 36/2014, abaixo transcrito, cujo objeto de contratação foi carregador de bens, que tem, no tocante ao plano de saúde, convenção coletiva com disposição semelhante a de vigilância ora em debate.

17.2. Os custos com os benefícios referentes à Assistência Odontológica e ao Plano de Saúde serão ressarcidos mediante a efetiva comprovação dos gastos com a apresentação de contratos coletivos de Plano de Saúde e/ou Odontológico, firmados com operadoras de Plano de Saúde e/ou Odontológico, autorizadas a funcionar pela Agência Nacional de Saúde Suplementar. O valor mensal a ser ressarcido será o somatório da cota-parte da Adjudicatária exclusivamente com os profissionais ocupantes dos postos de trabalho, da seguinte forma:

a) o valor referente à Assistência Odontológica será o definido na Convenção Coletiva de Trabalho da categoria, e

b) o valor referente ao Plano de Saúde será limitado ao constante da Convenção Coletiva de Trabalho da categoria.

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16. Em face do exposto, somos de parecer pela não inclusão na planilha de custos e formação de preços do valor relativo a plano de saúde, haja vista a sua natureza e a forma em que foi estabelecido na Cláusula Décima Sexta da Convenção do Sindesv-DF. Entretanto, a Administração poderá avaliar o pagamento dessas despesas por meio de ressarcimento, mediante comprovação pela empresa contratada.

À consideração superior.

Brasília, de julho de 2014.

DJALMA AIRES CARVALHO JÚNIOR Técnico do MPU/Administração

JOSÉ GERALDO DO E. SANTO SILVA Coordenador de Orientação de Atos

de Gestão

De acordo.

À consideração do Senhor Auditor-Chefe.

Aprovo.

Encaminhe-se à DG-MPM e à SEAUD.

Em / 7 / 2014.

MARA SANDRA DE OLIVEIRA Secretária de Orientação e Avaliação

SEBASTIÃO GONÇALVES DE AMORIM Auditor-Chefe

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