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CURSO EM PARCERIA ENTRE PROGED/ISP/UFBA, UNDIME e IAT.

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(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

CENTRO DE ESTUDOS INTERDISCIPLINARES PARA O SETOR PÚBLICO – ISP

PROGRAMA DE FORMAÇÃO CONTINUADA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA – PROGED

CURSO EM PARCERIA ENTRE

PROGED/ISP/UFBA, UNDIME e IAT.

Curso

UFBA/ISP/PROGED em parceria com a UNDIME, apoiando a educação baiana.

Local: IAT e auditórios da SEC/BA.

(2)

1 – Plano Municipal de Educação (PME)

A seguir, 32 slides utilizadas pela mediadora:

Plano

Municipal

de

Educação

Realização: Apoio: da Educa çãoMinistério

Para in

Para iní

í

cio de conversa...

cio de conversa...

C.F./88 e a LDB/96, o município passa a

ser:

?

ente federado;

?

sistema de ensino;

?

responsável prioritariamente pela

Educação Infantil e Ensino

Fundamental.

(3)

Sistema Municipal de

Sistema Municipal de

Ensino

Ensino

SME

CME

Unidades

Escolares

Art. 87 da Lei 9.394/96 (LDB) Art. 214 da Constituição de 1988 Art. 2º da Lei 10.172/2001 Art. 2º da Lei 10.330/2006

PME

Marcos Legais

Marcos Legais

(4)

O que

O que

é

é

o PME?

o PME?

É um documento que:

?

Considera

todas as necessidades

todas as necessidades

educacionais dos mun

educacionais dos mun

í

í

cipes

cipes

, mesmo

aquelas que não são atribuições

específicas do poder municipal.

O que

O que

é

é

o PME?

o PME?

?

Define políticas e ações de Estado, e

não políticas e ações de Governo.

Transcende os limites de uma gestão.

?

Projeta as políticas públicas de

educação para os próximos 10 anos.

(5)

Enfim...

Enfim...

...é

um Plano de Educação do

Munic

Munic

í

í

pio

pio

. Não é somente um Plano

do Sistema ou Rede Municipal de

Educação.

?

Instaurar uma cultura de

planejamento:

importância

e

necessidade

do planejamento.

?

Adequar as metas gerais da

educação nacional às especificidades

locais.

Qual a importância do

Qual a importância do

PME?

PME?

(6)

?

Definir com clareza as políticas

públicas, os programas e projetos.

?

Identificar e analisar necessidades e

problemas, definindo alternativas de

solução.

Qual a importância do

Qual a importância do

PME?

PME?

Qual a importância do

Qual a importância do

PME?

PME?

?

Fundamentar o processo de tomada

de decisões.

?

Desenvolver competência técnica da

equipe gestora em planejamento.

?

Melhorar a qualidade da educação

pública.

(7)

Alice no Pa

Alice no Paí

í

s das

s das

Maravilhas e o PME

Maravilhas e o PME

Fala de Alice: - Por favor,

como devo fazer para sair

daqui?

Fala do gato: - Depende

muito para onde você quer

ir...

Fala de Alice: - Para onde

não tem importância.

Fala do gato: - Então, não

tem importância o caminho

que você tomar.

Alice no Pa

Alice no Paí

í

s das

s das

Maravilhas e o PME

Maravilhas e o PME

Qual a relação entre a história e a

elaboração do Plano Municipal de

(8)

Quais os princípios

norteadores

norteadores do PME?

Princípio da

Gestão

Democrática

da Educação

Princípio da

Autonomia e

Colaboração

Processo de Elabora

Processo de Elaboraç

ção do

ão do

PME

PME

?

Autoria do próprio município – equipe

técnica e representações da sociedade.

?

Processos participativos de

elaboração.

?

Busca de identidade, autenticidade,

vinculação ao contexto.

(9)

Processo de Elabora

Processo de Elaboraç

ção do

ão do

PME

PME

?

Debate político para a produção de

consensos.

?

Oportunidade de rever a legislação

municipal no que concerne à educação.

?

Oportunidade de estudo e preparo

técnico das equipes gestoras.

Quem participa desse

Quem participa desse

processo?

processo?

?

Técnicos da secretaria municipal de

educação ou órgão equivalente;

?

Representantes da comunidade

escolar;

?

Representantes da sociedade civil

organizada.

(10)

Qual o papel da SME na

Qual o papel da SME na

elabora

elabora

ção do PME?

ç

ão do PME?

?

Nomear uma Comissão

Coordenadora (decreto ou portaria),

para organizar o processo de

elaboração do PME;

?

Garantir a participação dos diversos

setores da sociedade;

Qual o papel da SME na

Qual o papel da SME na

elabora

elabora

ção do PME?

ç

ão do PME?

?

Divulgar o processo de elaboração do

PME;

?

Sistematizar as discussões

desenvolvidas em todo o processo;

(11)

Qual o papel da SME na

Qual o papel da SME na

elabora

elabora

ção do PME?

ç

ão do PME?

?

Organizar o documento preliminar e o

final;

?

Encaminhar texto final para Câmara

de Vereadores;

?

Implantar, acompanhar e avaliar o

PME.

Qual o papel do CME?

Qual o papel do CME?

?

Participar do processo de elaboração

(incentivando, mobilizando, acompanhando);

?

Apreciar o documento final do PME e

(12)

Qual o papel do CME?

Qual o papel do CME?

?

Gerenciar o acompanhamento das

realizações das metas;

?

Gerenciar as avaliações periódicas

dos resultados do PME e garantir o

replanejamento das ações.

Qual metodologia utilizar?

Qual metodologia utilizar?

(13)

O que fazer antes de iniciar

O que fazer antes de iniciar

a elabora

a elabora

ç

ç

ão do PME?

ão do PME?

?

Conhecer as referências institucionais

e políticas do município;

?

Conhecer o conjunto das atuais

políticas educacionais – ESTADUAL e

FEDERAL;

?

Dominar conhecimento sobre gestão

de pessoas, de recursos financeiros,

de regime de colaboração...

Como se d

Como se dá

á

a coordenaç

a coordena

ção

ão

da elabora

da elabora

ção do PME?

ç

ão do PME?

Comissão de

Coordenação

Comissão

Representativa

(14)

O que

O que é

é

necess

necess

ário fazer

á

rio fazer

para elaborar o PME?

para elaborar o PME?

1. Caracterização Geral do Município.

2. Diagnóstico Educacional.

3. Definição de diretrizes, objetivos e

metas.

4. Estabelecimento de estratégias de

acompanhamento e avaliação do

PME.

Quais as estrat

Quais as estrat

égias?

é

gias?

?

Análise de documentos;

?

Consulta a publicações oficiais;

?

Pesquisa em sites oficiais e outros;

?

Entrevistas com membros da

comunidade;

(15)

1. Incluir aspectos culturais na

educação;

2. Incluir um capítulo específico sobre

educação no campo;

3. Conhecer e analisar o PNE;

Algumas recomenda

Algumas recomendaç

ções

ões

do MEC

do MEC

4. Ampliar e diversificar o convite à

participação;

5. Atribuir papel estratégico ao CME;

6. Dar transparência às informações

sobre os recursos financeiros de que

a educação dispõe;

Algumas recomenda

Algumas recomendaç

ções

ões

do MEC

do MEC

(16)

7. Substituir a denominação e a

concepção de “educação especial” por

“educação inclusiva”;

8. Substituir a concepção e o conteúdo

do capítulo do PNE sobre Magistério

da Educação Básica por Profissionais

da Educação Básica;

Algumas recomenda

Algumas recomendaç

ções

ões

do MEC

do MEC

9. Realizar o mini-censo educacional;

10. Fazer um pacto pela educação;

11. Acompanhar e avaliar o Plano em um

processo participativo;

Algumas recomenda

Algumas recomendaç

ções

ões

do MEC

do MEC

(17)

12. Avaliar a realização das metas e os

fatores que concorreram para o êxito

ou o insucesso do Plano, inclusive, o

processo de planejamento.

Algumas recomenda

Algumas recomendaç

ções

ões

do MEC

do MEC

"... à medida que avançamos para a

terra desconhecida do amanhã, é

melhor ter um mapa geral e

incompleto, sujeito a revisões e

correções, do que não ter mapa

algum".

(Alvim Toffler - As Mudanças do Poder).

Mensagem final...

Mensagem final...

(18)

Texto para leitura complementar:

PLANO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO – SUBSIDIOS PARA ELABORAÇÃO

Texto extraído do livro “O apoio à educação municipal no estado da Bahia.../organizadoras, Ana Maria de Carvalho Luz, Patrícia Rosa da Silva -, Salvador: ISP/PRADEM?UFBA, 2007. p.105 a 121.

IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO NA EDUCAÇÃO

Não existem dúvidas sobre a importância do planejamento como prática norteadora das políticas públicas. Os planos, programas e projetos se constituem em verdadeiros aliados das administrações públicas no cumprimento de suas atribuições e competências com a maior eficiência possível e otimização dos recursos disponíveis. O exercício de elaboração desses instrumentos de planejamento subsidia as equipes dos governos responsáveis pela implementação das políticas públicas com informações a respeito das necessidades da população, os setores de atuação, os principais problemas relativos ao atendimento dessas necessidades, as alternativas de solução para tais problemas, o que permite direcionar as ações com segurança e presteza, de modo a alcançar os objetivos e as metas fixados.

No caso do setor educacional, o planejamento se configura como uma ferramenta extremamente útil para que os poderes constituídos cumpram seu dever de assegurar aos cidadãos brasileiros o direito constitucional a uma educação escolar de qualidade, nos diferentes níveis e modalidades de ensino, evitando as improvisações e os desperdícios de recursos, tão escassos para tão nobre missão, principalmente nos dias atuais.

Apesar do consenso em torno dessa importância, o planejamento educacional no Brasil, como uma prática da administração pública, só vai surgir, concretamente, na segunda metade dos anos sessenta, no advento das estruturas do planejamento governamental, sob a égide dos governos militares, quando foram elaborados os Planos Nacionais de Desenvolvimento (PND) e os seus desdobramentos, os Planos Setoriais, dentre esses os de educação (PSECD).

Mesmo assim, a necessidade de elaborar planos de educação aparece em alguns momentos da nossa história, desde o Manifesto dos Pioneiros da Educação, na década de 30, perpassando alguns documentos legais, como as Constituições Federais de 1934, 1946, 1967 e, por fim, a Constituição Brasileira promulgada em 1988. Nessa trajetória, muitos planos, programas e projetos da área de educação foram elaborados no Brasil,

(19)

principalmente nas últimas décadas, tanto no âmbito federal como no dos estados da Federação, estendendo-se essa prática, também, à esfera de alguns municípios, principalmente aqueles que constituem sede de governos estaduais.

O PLANEJAMENTO EDUCACIONAL NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

No que diz respeito às indicações legais recentes sobre a elaboração de planos de educação, cumpre ressaltar que a Assembléia Nacional Constituinte, no calor do movimento de redemocratização do país que se instala com a Nova República, a partir de 1985, acata a proposta de explicitar, na Constituição Brasileira, de forma clara e mais ampla que as Cartas Magnas anteriores, um dispositivo sobre o Plano Nacional de Educação. O art. 214 da Constituição de 1988 determina a elaboração do Plano Nacional de Educação, de duração plurianual, “visando à articulação e ao desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis e à integração das ações do Poder Público” (BRASIL, 1988), como forma de atingir os principais objetivos do setor educacional estabelecidos naquele texto constitucional.

Em decorrência dessa determinação, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9394/96), aprovada em dezembro de 1996, vai determinar, no seu Art. 87, que a União, no prazo de um ano a partir da publicação daquela Lei, deveria encaminhar ao Congresso Nacional, o Plano Nacional de Educação – PNE, com diretrizes e metas para os dez anos seguintes (BRASIL, 1996). Depois de três anos de tramitação no Congresso Nacional, de dois projetos apresentados, de amplos debates, apresentação de emendas e revisões, o PNE foi aprovado nos plenários da Câmara dos Deputados e do Senado Federal e enviado ao Presidente da República para sanção, o que aconteceu em 9 de janeiro de 2001, através da Lei nº 10.172/2001.

O Art. 2º dessa Lei, por sua vez, determina que os Estados, o Distrito Federal e os Municípios devem elaborar, em consonância com o Plano Nacional de Educação (PNE), seus planos decenais correspondentes – Plano Estadual de Educação (PEE) e Plano Municipal de Educação (PME). Com a finalidade de coordenar e subsidiar o processo de elaboração desses planos de forma articulada com o disposto no PNE foi criada uma Comissão Nacional constituída pelo CONSED (Conselho de Secretários de Educação), UNDIME (União dos Dirigentes Municipais de Educação), MEC (Ministério da Educação e do Desporto), Comissão de Educação, Cultura e Desporto da Câmara dos Deputados, Comissão de Educação do Senado Federal, UNESCO (Organização das Nações Unidas

(20)

para a Educação, Ciência e Cultura) e ABONG (Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais). Essa comissão assim se expressa:

O PNE, portanto, consolida um desejo e um esforço histórico de mais de 60 anos. Compete aos atuais dirigentes prosseguir essa trajetória da educação, consolidando o estágio atual e formulando o próximo. A elaboração dos planos estaduais e municipais constitui uma nova etapa, na qual cada ente federado deve expressar os objetivos e metas que lhe correspondem, no conjunto e em vista de sua realidade, para que o País alcance o patamar educacional proposto no Plano Nacional de Educação, no horizonte dos dez anos de sua vigência (BRASIL, 2002).

Dessa forma, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios se vêem diante do desafio, fixado em lei, de elaborarem os seus planos de educação a partir do Plano Nacional de Educação. Nesse sentido, após o processo de elaboração dos seus respectivos planos, esses governos deverão encaminhá-los às suas Casas Legislativas e às suas Câmaras de Vereadores, respectivamente, onde deverão ser submetidos à apreciação e, se aprovados, transformados em leis estaduais e municipais.

PME: NOVOS DESAFIOS PARA OS MUNICÍPIOS

Os municípios encontram-se, portanto, diante de uma nova exigência legal de elaborarem seus planos de educação, com projeções para dez anos. Cria-se, assim, uma nova oportunidade para que o planejamento passe a integrar o cotidiano do setor educacional do município, como instrumento definidor das políticas públicas e orientador das ações educativas, o que possibilita às populações desses municípios usufruírem as vantagens da prática do planejamento1.

Para tanto, é importante que os municípios construam os seus planos apoiados em dados estatísticos e consultas aos diversos segmentos da sociedade, através de processos coletivos ou participativos, mesmo que optem por buscar orientações técnicas em algumas fases desse processo. Quanto a esse aspecto, é importante ressaltar que tais orientações devem constituir-se em serviços de apoio e assessoramento técnico, e não

1 Para maiores aprofundamentos nas discussões sobre as repercussões das atuais políticas em educação no planejamento

educacional dos municípios ver o texto “Políticas Públicas e Reformas”, da autoria de Tércio Rios de Jesus e Cátia Verônica N. Dantas, publicado na Revista da FACED, n. 07, ano de 2003, p. 109 – 124.

(21)

em trabalhos realizados por encomenda, elaborados integralmente sem a participação das equipes locais responsáveis pela elaboração do PME.

A procura de orientações e apoio técnico deve representar, pois, um esforço que essas equipes devem empreender no sentido de superar as dificuldades comumente decorrentes da ausência histórica de uma cultura ainda não instalada de planejamento nas várias instâncias de poder da sociedade brasileira. Dessa forma, as equipes locais, constituídas por profissionais de educação e outras pessoas envolvidas nesse campo, podem desenvolver com competência as atividades de construção e implementação do plano.

O amadurecimento dessas equipes locais, propiciado pelo próprio processo, concorrerá também para que os planos elaborados se constituam em instrumentos políticos e técnicos norteadores das ações educacionais dos municípios e para que sejam alcançados os resultados esperados. Com isso, os planos não serão apenas instrumentos formais, de utilização restrita à comprovação documental para a obtenção de vantagens junto a órgãos de governo, ou para captação de recursos e negociação de projetos junto a agências financiadoras. Ao contrário, deverão ser utilizados como ferramentas orientadoras das práticas educativas no município, auxiliando a realização das avaliações sobre o curso das ações e contribuindo para o estabelecimento de novos parâmetros de ação. Dessa forma, poderão ensejar a construção de outros instrumentos de planejamento e a continuidade dos trabalhos em etapas subseqüentes.

Por outro lado, o exercício de elaboração do PME pelo próprio município concorrerá para que se solidifique também, em outras instâncias do sistema de educação, a prática do planejamento como orientador das ações educativas, a exemplo da elaboração dos projetos político-pedagógicos das escolas da rede de ensino, no âmbito das comunidades escolares. Tal procedimento, inclusive, é recomendado na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

PREPARAÇÃO PARA OS TRABALHOS DE ELABORAÇÃO DO PME

Como preparação para o processo de elaboração do Plano, o grupo responsável deve reunir informações e documentos que constituirão a base sobre a qual será edificado o novo instrumento de planejamento educacional do município.

Inicialmente, será preciso conhecer as referências institucionais e políticas do governo do município e sua concepção de desenvolvimento. O plano de educação deve estar articulado com o Plano de Desenvolvimento do Município, ou seu Plano Diretor. Caso não

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existam esses instrumentos de planejamento municipal, outros documentos políticos que demonstrem as intenções da gestão municipal na área social e, principalmente, no campo educacional, devem ser consultados. Os objetivos e as metas do PME precisam estar sintonizados com as políticas traçadas pelos vários setores da Administração Municipal. No âmbito institucional, há ainda a necessidade de se conhecer a Lei Orgânica do Município e suas referências em matéria de educação.

Sobre a articulação que o setor educacional do município deve manter com as outras instâncias de poder da Federação, vale lembrar que “autonomia” e “regime de colaboração” são duas expressões constantes nos textos da recente legislação brasileira, os quais atribuem novos contornos às ações educacionais do país. É de se esperar, portanto, conforme determina a legislação, que a União, os Estados e os Municípios organizem seus sistemas de ensino e elaborem as suas políticas de forma integrada e articulada.

Nesse sentido, deve -se observar que a Constituição Federal de 1988 consagra a autonomia dos municípios brasileiros – como entes jurídicos da Federação, com recursos e responsabilidades próprias – para traçar e implementar políticas próprias de educação e com liberdade para constituir o seu próprio sistema de ensino.

No caput do Art. 211 do Texto Constitucional de 1988 e, posteriormente, no Art. 8º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) de 1996, é estabelecido que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão, em regime de colaboração, os seus sistemas de ensino. No entanto, apesar de essa legislação estabelecer a organização do sistema municipal de ensino como regra geral, a mesma LDB, no seu Art. 11º, dispõe que “Os municípios poderão optar, ainda, por se integrar ao sistema estadual de ensino ou compor com ele um sistema único de Educação Básica” (BRASIL, 1996). Cabe, pois, a cada município decidir entre três possibilidades para a organização da educação municipal: (a) instituir seu próprio sistema de ensino; (b) integrar-se ao sistema estadual de ensino ou (c) compor, com o estado, um sistema único de Educação Básica. Cada uma dessas opções vai implicar procedimentos institucionais específicos.

Os municípios, dessa forma, antes de iniciar a elaboração do seu plano de educação, necessitam posicionar-se quanto a essa questão. Decidir sobre a criação de um sistema municipal de ensino, se já não o houver, ou associar-se ao sistema estadual. Acrescenta-se que, para constituir-Acrescenta-se em sistema de ensino, o município precisa dispor de uma rede própria de escolas, de um órgão de administração educacional na estrutura do seu governo (Secretaria ou Órgão Municipal de Educação) e de Conselho Municipal de Educação com função normativa (SARI, 2001).

(23)

Outra ordem de informações que o grupo de elaboração do PME necessita dominar constitui-se do conjunto das atuais políticas educacionais traçadas em âmbito federal e estadual, nesse caso, do Estado onde se situa o município. A equipe precisa conhecer integralmente o Plano Nacional de Educação, aprovado pela Lei 10.172 de janeiro de 2001, onde é feito um diagnóstico da situação educacional do país, segundo cada nível e modalidade de ensino, e de aspectos importantes da administração da educação. Nele são traçadas as diretrizes e estabelecidos os objetivos e as metas nacionais para os dez anos de vigência do Plano.

Os planos municipais deverão estabelecer suas políticas de forma coerente com essas diretrizes e metas nacionais, mas observando também as especificidades locais, em função de uma análise criteriosa dos principais problemas e das carências educacionais do município.

O Plano Municipal de Educação também deve considerar as políticas educacionais estabelecidas pelo governo do Estado. Nos casos em que os Planos Estaduais de Educação encontrarem-se em fase de elaboração, as equipes dos respectivos municípios necessitam entrar em contato com as equipes estaduais para conhecer suas prioridades, diretrizes e metas. Esse conhecimento contribuirá para que as políticas municipais sejam estabelecidas em consonância com a política educacional do Estado. Conhecer essas políticas também servirá para uma articulação com as autoridades estaduais, no sentido de estabelecer formas de implementação de ações complementares, através de parcerias e negociações em termos de distribuição de responsabilidades na execução, de forma a otimizar os recursos e alcançar os objetivos comuns.

As referências políticas e legais do setor educação, em matéria da administração dos recursos humanos, precisam ser conhecidas do grupo responsável pela elaboração do Plano. É necessário verificar as regras que determinam a política de pessoal e, especificamente, conhecer o Plano de Carreira do Magistério. Caso o município não disponha desse instrumento, a necessidade da sua instituição deverá constar no PME, no conjunto das ações de valorização dos profissionais da educação.

Além disso, o grupo deverá obter informações sobre os recursos destinados à educação, consultando a Lei Orçamentária e os documentos que demonstram as fontes desses recursos, dentre elas o Fundef, cujas transferências vêm sendo creditadas em conta do governo do município. Uma conversa com o Secretário de Finanças ou com o Contador servirá para atualizar a equipe com relação a essas informações. Na elaboração do diagnóstico do Plano propriamente dito, essas informações deverão ser coletadas e sistematizadas com mais detalhes, inclusive com a participação das pessoas

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responsáveis pela gestão dos recursos. Esse conhecimento servirá para auxiliar no estabelecimento das metas e ações a serem propostas.

Ao lado disso, pode-se discutir a possibilidade de instituir o Fundo Municipal de Educação, se o município já não dispõe desse instrumento. Esse é um expediente que favorece a concentração dos recursos vinculados à educação numa única conta bancária, controlada normalmente pelo Secretário de Educação, o que dará mais autonomia aos gestores da educação e facilitará a implementação das ações educativas.

O domínio dessas informações fortalecerá o grupo para os estudos imprescindíveis à elaboração do Plano e poderá desencadear procedimentos de aprimoramento da gestão da educação no município, que podem ser desenvolvidos em paralelo ou posteriormente a essa elaboração. Dessa forma, os trabalhos iniciais visarão a instrumentalizar o setor educação do governo municipal, de modo a construir um Plano o mais próximo possível das necessidades da população e, com isso, conseguir alcançar seus objetivos com mais efetividade.

Há outras informações importantes que a equipe de elaboração do PME necessita dominar, referente às determinações legais ligadas ao conceito e prática do regime de colaboração entre as várias instâncias de poder e ligadas às competências dos municípios em matéria de educação. É importante ressaltar que o PME deve ser considerado um Plano de Educação do Município, não somente um Plano do Sistema de Ensino Municipal, nem da rede de ensino do município. É um instrumento de planejamento, que deve considerar todas as necessidades educacionais dos seus habitantes, mesmo que essa esfera de governo necessite priorizar o atendimento de determinados segmentos da sua demanda. Nesse sentido, a Constituição Federal de 1988 e a LDB de 1996 já dispõem sobre as competências e atribuições de cada esfera de poder, segundo níveis e modalidades de ensino. Decorre daí a necessidade de integração e articulação desses níveis de governo e do município para conceber, de forma global, as políticas e fazer frente aos problemas. Parte daí, também, a importância de se elaborar o Plano Municipal de Educação de forma coerente com o Plano Nacional e o Plano Estadual, confo rme preconiza a legislação.

Dessa forma, embora o município não tenha responsabilidade de oferecer, por exemplo, a Educação Profissional e Superior, o PME precisa definir políticas e estratégias de envolvimento das ações municipais no atendimento estadual e federal nessas áreas (MONLEVADE, 2002). Do mesmo modo, mesmo que o município tenha de se concentrar no atendimento do ensino fundamental e da educação infantil, o PME deve prever em que

(25)

sentido a atuação do governo estadual poderá auxiliá-lo no cumprimento dessa sua atribuição.

É evidente que grande parte do PME se refere às ações de educação de responsabilidade do governo municipal. Mesmo com a convicção de que o PME deva partir de uma concepção global e integrada quanto às carências educacionais de sua população, considera-se que, na elaboração do Plano, a responsabilidade de atendimento do município está delimitada pela própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Essa responsabilidade está fixada da seguinte forma:

Art. 11 – Os municípios incumbir-se-ão de:

I – organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus sistemas de ensino, integrado-as às políticas e planos educacionais da União e dos Estados;

...

V – oferecer a educação infantil em creches e pré-escolas e, com prioridade, o ensino fundamental, permitida a atuação em outros níveis de ensino somente quando estiverem atendidas plenamente as necessidades de sua área de competência e com recursos acima dos percentuais mínimos vinculados pela Constituição Federal à manutenção e desenvolvimento do ensino. (BRASIL, 1996).

Com base nesse e em outros dispositivos da LDB que reforçam as responsabilidades dos municípios e dos Estados na oferta da Educação Básica, pode-se depreender que:

a) ao Município cabe atender, com recursos municipais (além de outros recursos suplementados pelo Estado e pela União), a toda a demanda de educação infantil, configurada pela procura de matrículas.

b) ao Município e ao Estado, com complementação financeira da União, cabe atender a toda a demanda de ensino fundamental na idade própria e aos jovens e adultos que não o freqüentaram na idade apropriada.

A legislação brasileira recente, dessa forma, fez crescer as responsabilidades dos governos municipais no atendimento à Educação Básica. Por isso, a elaboração de um plano de educação lhes facilitará, em muito, o cumprimento dessa nova missão. Embora o PME tenha de prever políticas e fixar objetivos para a educação nos diferentes níveis e modalidades de ensino para todos os munícipes, vai lidar, de fato, e se responsabilizar, diretamente, pelo atendimento à demanda do ensino fundamental e da educação infantil, desenvolvendo ações em curto, médio e longo prazo.

(26)

PASSOS PARA A ELABORAÇÃO DO PME

A elaboração do PME deve ser de responsabilidade coletiva e coordenada pela Secretaria de Educação do Município. São muitas as indicações sobre a necessidade e pertinência da participação da sociedade no estabelecimento de políticas públicas. No caso da área educacional, pode-se salientar que não só na legislação educacional, como também nos vários documentos que traçam as políticas educacionais do país, é enfatizada a exigência de participação da sociedade em geral e da comunidade escolar. A contribuição da sociedade fará com que sejam bem identificadas as carências do setor educacional, assim como facilitará as tomadas de decisão no sentido de se alcançar uma educação de qualidade para todos os cidadãos. Sugere-se, então, que essa participação da comunidade se dê de diferentes modos e segundo algumas etapas do processo.

Algumas dessas fases se constituem de estudos aprofundados de dados estatísticos sobre a realidade e de atividades administrativas e burocráticas, que devem ser desenvolvidas por uma Comissão de Coordenação, permanentemente dedicada a essas tarefas. Essa Comissão, especificamente constituída para a elaboração do Plano, deve liderar o processo e deve ser instituída formalmente, mediante um decreto do governo municipal, onde devem constar os objetivos, os componentes, as atribuições e os prazos para a realização dos trabalhos, com indicação da coordenação. Salienta-se que o Secretário(a) de Educação do Município tem um importante papel a desempenhar na supervisão e acompanhamento sistemático dos trabalhos dessa Comissão. Ressalta -se, ainda, que a composição dessa equipe deverá resguardar a representatividade do Poder Executivo (pessoal da educação, do setor de planejamento e de finanças da Prefeitura), do Poder Legislativo, do Conselho Municipal de Educação, se houver, e dos conselhos escolares. Dessa forma, a Comissão de Coordenação terá a incumbência de desenvolver os estudos necessários, sistematizar as informações e os resultados dos debates, preparar e coordenar as reuniões de discussão, elaborar textos e se encarregar da redação final do documento.

O desempenho dessa Comissão é que garantirá a coerência interna entre a análise da realidade social e educacional do município, o estabelecimento das diretrizes, metas e ações, e a compatibilização do planejado com os recursos financeiros previstos para a execução do PME2.

2 Deve-se observar que a elaboração do PME pode ficar a cargo, também, de um Fórum Municipal de

Educação, uma instituição que pode ser criada por lei, composta de representantes de organizações da sociedade civil vinculadas à educação. No entanto, o fórum não teria a finalidade única de elaborar o PME, mas também de acompanhar sua implementação e avaliá-la, além de atuar permanentemente como formulador de políticas para a educação no Município. Para maiores informações, consultar MONLEVADE,

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Por seu turno, os estudos a serem realizados pela Comissão de Coordenação sobre a realidade social e educacional do município, que demandarão análises de aspectos qualitativos do funcionamento da rede escolar, deverão ser feitos com a ajuda da comunidade escolar. Dessa forma, representantes dos diretores de unidades escolares, dos especialistas que trabalham nas escolas, dos professores, dos alunos da rede de ensino e de seus pais deverão ser convidados e deverão atuar em determinadas fases da elaboração do Plano. Essa atuação será imprescindível, sobretudo na avaliação do funcionamento do sistema de ensino, nos seus aspectos administrativos e pedagógicos, assim como nos campos da gestão das escolas e das condições de sua infra-estrutura para o desenvolvimento das atividades do ensino. Na realidade, esses são os atores que irão viabilizar a execução do Plano, no âmbito das escolas.

O processo de participação na elaboração do PME se amplia também ao incorporar, em determinadas fases, os diferentes segmentos da sociedade local (instituições de ensino superior, igrejas, sindicatos, trabalhadores, profissionais liberais, lideranças em geral), que constituirão a Comissão Representativa da Sociedade. Essa Comissão deverá acompanhar o processo de elaboração do Plano, concentrando sua atuação na análise dos resultados dos estudos diagnósticos, na consulta aos principais problemas da educação do município, no debate sobre as prioridades, nas decisões sobre os objetivos e metas a serem implementadas, assim como no acompanhamento das ações, ao longo da sua execução. As discussões sobre a situação educacional e sobre as alternativas de solução dos problemas encontrados, a serem feitas com a Comissão Representativa da Sociedade, podem ser desenvolvidas tanto através de sessões temáticas, como de grupos de trabalho. De uma forma ou de outra, o importante é que os resultados deverão ser discutidos coletivamente, principalmente, no que se referir ao estabelecimento de diretrizes e metas.

Definida a forma de participação dos atores a serem envolvidos na elaboração do Plano, a Comissão de Coordenação iniciará os trabalhos, cujo processo poderá percorrer os seguintes passos:

? Realização de estudos preliminares sobre a realidade socioeducacional do município, através da coleta, sistematização e análise de dados que deverão, inicialmente, servir de suporte às discussões e debates que se darão ao longo da

J. A., Roteiro para elaboração de Plano Municipal de Educação, in: www.undime.org.br. Nos Anais do Encontro de Pesquisa Educacional do Norte e Nordeste – EPENN, 2003, Universidade Federal de Sergipe, consultar especificamente a comunicação de Melânia Mendonça Rodrigues e Maria Doninha de Almeida, que relata a experiência de implementação do Fórum Municipal de Educação de João Pessoa – PB, voltado para a elaboração do plano municipal daquele município.

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construção do PME, mais especificamente quando a Comunidade Local for convidada a participar do seu processo de construção. Para essa atividade, os dados a serem trabalhados se situam em duas dimensões diferentes e, por isso, exigem também procedimentos diferenciados. No primeiro momento, os dados a serem coletados possuem caráter mais quantitativo, estão numa dimensão estatística (números, percentuais, projeções estatísticas, etc.). Nesse caso, o auxílio de uma assessoria técnica ou o envolvimento de profissionais que tenham experiência de trabalho com dados dessa natureza é fundamental. Um outro aspecto, a ser levado em consideração, nesse momento, é a forma de sistematização desses dados. Para o registro de dados, será necessário o uso de tabelas, gráficos, mapas e quadros, que servirão de base para as análises. Esse pode ser, talvez, o único momento em que a Comissão de Coordenação trabalhará sozinha. A outra dimensão do diagnóstico da realidade socioeducacional do município é mais qualitativa, pois os dados a serem coletados dizem respeito à organização e funcionamento da rede escolar. Essa é uma dimensão que exige um nível de participação maior, ou seja, devem ser convidados para colaborar, nesse momento, os sujeitos que vivenciam diariamente o cotidiano das escolas da rede municipal. Dessa forma, representantes da comunidade escolar têm um importante papel a desempenhar, prestando informações a respeito das condições internas de funcionamento das escolas.

? Sensibilização e mobilização da sociedade, formalizando-se a participação institucional da sociedade civil através dos representantes da comunidade local, envolvendo-a no processo de construção do PME. Este é o segundo passo do processo de construção do Plano, quando se dará a sua publicização e a busca pelo envolvimento da sociedade civil. Todos os segmentos da comunidade local devem ser convidados para, através dos seus representantes, participarem desse processo. Trata-se, nesse momento, da preparação para a realização da fase seguinte, com os debates para subsidiar a elaboração do diagnóstico definitivo do Plano. Nessa oportunidade, a Comissão de Coordenação deverá falar sobre as políticas nacionais e estaduais para a educação e sobre a metodologia empregada até então na construção do PME. Além disso, deve, junto com a Comunidade Local, decidir sobre as formas de condução dos trabalhos desse momento em diante.

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? O terceiro passo é o desenvolvimento das atividades de análise da realidade socioeconômica, demográfica e educacional do município e discussão sobre a situação educacional, com base nos estudos realizados anteriormente, no primeiro passo. Sugere-se, nesse momento, a realização de debates sobre as deficiências do atendimento educacional e do funcionamento do sistema de ensino (diagnóstico), além de discussões sobre os aspectos financeiros e as necessidades de atendimento às demandas, considerando, também, a distribuição das atribuições das esferas de poder, de acordo com os níveis e modalidades de ensino. Essa fase se reveste de complexidade, razão pela qual são indicados alguns procedimentos que podem contribuir para a realização dessa atividade:

? Apresentação, pela Comissão de Coordenação, de uma síntese do diagnóstico realizado com os dados estatísticos.

? Após essa apresentação, deve-se reservar um espaço para as colocações dos participantes, as quais devem ser registradas pela Comissão de Coordenação para futuros encaminhamentos.

? O debate, considerando os níveis e modalidades de ensino, deve ser aprofundado em sessões temáticas ou grupos de trabalho, ou ainda, de uma outra forma que atenda às necessidades do grupo. Após o debate, é interessante que seja redigido um texto com os principais problemas ligados aos temas trabalhados. Especial atenção deve ser dada à análise do funcionamento da rede escolar, a qual deve contar com a participação de representantes dos diretores, coordenadores pedagógicos, professores, alunos e pais de alunos, que deverão identificar os principais entraves na área da gestão escolar e do desenvolvimento dos trabalhos pedagógicos.

? Em um outro momento, deverá ser apresentada a síntese dos resultados das discussões, chegando-se, ao final, a um panorama geral da situação educacional no município e dos seus principais problemas.

? Após esse esforço coletivo para analisar o quadro socioeducacional do município, a Comissão de Coordenação se encarregará de reelaborar o texto inicialmente apresentado, com as contribuições das discussões e debates, que vai constituir a

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primeira parte do PME e vai corresponder à análise da realidade socioeducacional do município.

? O quarto passo corresponde à definição dos objetivos e prioridades do PME, com base nos grandes eixos de problemas identificados e discutidos junto com a Comissão Representativa. Esse processo deve ser feito em sintonia com as políticas nacionais e estaduais, atentando-se para os ditames legais. A proposta de objetivos e prioridades deve ser discutida entre a Comissão de Coordenação e a Comissão Representativa, até que se chegue à redação final da versão consensual.

? O passo seguinte, o quinto, será reservado para a discussão sobre as propostas de superação dos problemas e definição de diretrizes e metas para o PME. Essa atividade deverá resultar em subsídios para a proposição de diretrizes e metas específicas para cada tema trabalhado, que correspondem a cada uma das etapas e modalidades de ensino, no momento anterior. Esse será um momento de reflexão, elaboração e decisão sobre as principais alternativas que os rumos da educação do município deverá seguir. Não significa, porém, que, nessa fase, as decisões já estejam sendo tomadas. Trata-se, na verdade, da formulação de possíveis alternativas para a proposição das diretrizes e metas que nortearão o planejamento especifico de cada uma das etapas e modalidades de ensino e do funcionamento da rede escolar.

? O sexto passo diz respeito à produção do texto final sobre as políticas educacionais para o município, ou seja, é a composição do texto base do PME. Aqui, além da elaboração do texto sobre as diretrizes e metas para cada uma das etapas e modalidades de ensino, a Comissão de Coordenação deverá retomar os passos anteriores para a formatação geral do PME. Assim, serão retomados o Capitulo 1, o Diagnóstico Socioeducacional do Município, e o Capitulo 2, que corresponde aos objetivos e prioridades do PME. Nesse momento, a Comissão de Coordenação se encarregará da redação dos capítulos finais do Plano, os quais devem corresponder às diretrizes e metas para as etapas e modalidades de ensino e para o funcionamento da rede escolar. No entanto, a participação da Secretaria Municipal de Educação é indispensável nesse momento, pois, caberá a ela a operacionalização das metas estabelecidas no PME.

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? A elaboração dos mecanismos de acompanhamento e avaliação corresponde ao sétimo passo do processo de construção do PME. Após a elaboração do cronograma das metas para o período de vigência do Plano, a Comissão de Coordenação deverá conceber uma sistemática de acompanhamento periódico de sua execução. Esse é um processo em que a participação da comunidade local é imprescindível, para que seja mantido o exercício da democracia.

? Finalização da construção do PME e encaminhamento do projeto para a aprovação. Depois de elaborado o PME, o Poder Executivo do município o enviará ao Conselho Municipal de Educação, para que esse órgão apresente o seu parecer. Em seguida, após a análise do parecer do CME, o Plano deve ser enviado ao prefeito, para apreciação e sua aprovação em forma de projeto de lei, que deverá ser encaminhado à Câmara de Vereadores. Nessa fase, as Comissões envolvidas na elaboração do documento desenvolverão um processo efetivo de participação no acompanhamento da tramitação e análise do Plano, até o final da sua aprovação. Após esses procedimentos, cabe a divulgação das políticas aprovadas em uma sessão final, com a participação de todos os envolvidos no processo de elaboração e através da distribuição do Plano impresso para a sociedade.

? Torna-se importante ressaltar o papel da Secretaria de Educação na implementação do PME. É necessário que a Secretaria assuma a sua responsabilidade nesse processo, pois, o Plano não é auto-executável: ele demandará processos de coordenação, acompanhamento e avaliação no controle e operacionalização das metas estabelecidas.

A construção e efetivação do Plano Municipal de Educação, como se vê, não se esgota no final do processo de sua elaboração, nem nos atos dos Órgãos Oficiais do Governo que determinam a sua aprovação. Todos os envolvidos na sua elaboração, bem como toda a sociedade, hão de acompanhar e exigir o cumprimento de seus objeti vos e metas. Com o Plano elaborado e aprovado, por outro lado, o governo municipal tem um importante instrumento de planejamento e execução das suas políticas no campo da educação e deve se valer constantemente desse instrumento em todas as ocasiões em que tomar decisões nesse campo. Assim, em todos os períodos da elaboração de suas

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leis orçamentárias ou na elaboração de planos, relatórios ou outros documentos do Governo, em que a educação esteja enfatizada, o Plano será o documento maior que traduz as políticas e, por isso, um instrumento de consulta e operacionalização. Suas metas devem ser respeitadas em cada um dos exercícios de planejamento e programação do governo, inclusive para fazer valer o cumprimento do dever constitucional de serem reservados os recursos públicos obrigatoriamente vinculados ao setor educacional. Nesse sentido, o Plano deverá ser um documento presente e constantemente consultado no Gabinete do Prefeito, assim como no das Secretarias de Finanças e de Administração do Governo Municipal, em todos os seus setores, não sendo necessário enfatizar sua importância em todas as instâncias do sistema escolar, principalmente nas escolas. Só assim o desejo da população e dos poderes constituídos de melhorar o quadro educacional no município será verdadeiramente efetivado.

APROVAÇÃO E DIVULGAÇÃO DO PME

Após a elaboração dos mecanismos de acompanhamento e avaliação da execução do PME, a Comissão Coordenadora deverá dar inicio ao processo de sua aprovação. Assim, deverá encaminhar o Plano ao Conselho Municipal de Educação, caso exista no município, para a devida apreciação e apresentação de parecer. Em seguida, o texto final do PME será encaminhado pelo prefeito, sob a forma de um Projeto de Lei, para ser submetido à análise e aprovação da Câmara de Vereadores. Assim, conclui-se a construção do Plano Municipal de Educação.

Em um primeiro momento, alguns procedimentos a serem adotados poderão contribuir para que esse processo se dê, por meio de uma ação política conjunta. Uma das coisas que se deve ter em mente é que a Secretaria de Educação, nesse processo passa a assumir, de fato, o seu papel como órgão do Poder Executivo. Dessa forma, cabe a ela a responsabilidade de apresentar ao Conselho Municipal de Educação o texto base do PME. Mesmo que tenha estado presente durante todo o processo de elaboração do PME, através dos seus representantes, o Conselho Municipal deverá analisar o documento – que representa uma proposta do governo e da sociedade civil – e apresentar o seu parecer.

O parecer do Conselho Municipal de Educação sobre a proposta apresentada deve, caso seja necessário, ser analisado e discutido pela Comissão de Coordenação e pela Comissão Representativa. Essas poderão ainda estabelecer um prazo para que sejam encaminhadas sugestões e contribuições, antes de o PME ser encaminhado ao prefeito,

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para apreciação e aprovação. Feito isso, a versão final do PME, sob forma de projeto de lei, será encaminhada ao Poder Legislativo Municipal para a aprovação.

Quanto à tramitação do Projeto de Lei sobre o PME na Câmara Municipal, o esforço de acompanhamento do processo deverá ser maior, por parte dos envolvidos na sua elaboração. O ideal seria se os vereadores tivessem sido também envolvidos em todo o processo de elaboração, de sorte que as análises desenvolvidas na Câmara se constituíssem em aperfeiçoamento do documento. Não sendo possível esta situação, a Comissão de Coordenação da elaboração do PME, juntamente com a Comissão Representativa, deverão pensar em uma sistemática de acompanhamento da tramitação do Projeto de Lei. Juntas, essas Comissões devem prestar os esclarecimentos possíveis, agregar informações que solidifiquem as posições assumidas em relação às políticas adotadas no Plano e subsidiar os debates no plenário da Câmara, por ocasião da discussão sobre o Projeto de Lei apresentado. Um assessoramento técnico e político mais intenso deve ser feito ao relator do processo, assim como aos líderes do governo, de modo a defender os objetivos, as prioridades, as diretrizes e as metas apresentadas no PME.

Essas Comissões também devem empreender esforços para garantir que o processo de discussão e análise do Projeto de Lei sobre o PME na Câmara não seja inviabilizado ou retardado em função de outras discussões. Ou seja, as Comissões devem trabalhar para que seja garantida a prioridade do PME. Essa atenção é essencial para que os esforços empregados na elaboração do PME tenham êxito, assim como para que não sejam proteladas medidas consideradas fundamentais e até urgentes para a educação no município.

Após a publicação da resolução do CME e da lei do governo municipal que aprovam o Plano, procede-se à divulgação das políticas nele adotadas para o período determinado. Em clima semelhante ao constituído para a sensibilização e mobilização da sociedade na elaboração do Plano, a Comissão de Coordenação deverá promover um evento para que a população do município possa conhecer o seu Plano de Educação. Nessa ocasião, serão apresentadas as principais políticas fixadas para a educação para o próximo decênio, consubstanciando os compromissos do governo municipal em perseguir o alcance dos objetivos, das prioridades, das diretrizes e metas do Plano. Esse evento, por conseguinte, significará o selo desse compromisso político e o estabelecimento de canais de comunicação e diálogo entre governo e cidadãos, dando a oportunidade para que os atores sociais se coloquem na vigilância em relação aos compromissos assumidos pelo governo.

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O Plano, transformado em Lei, será o instrumento legítimo que o cidadão, as instituições e os grupos sociais poderão acionar para fazer valer o que foi politicamente estabelecido. É de se esperar que esse nível de participação, que começou com o processo de elaboração e se consolidou com o acompanhamento da aprovação e a divulgação das políticas fixadas, deva permanecer ao longo da execução do Plano. A participação da sociedade não se encerra aqui, pois ela será novamente convocada para realizar as avaliações periódicas previstas no próprio documento. Só assim se poderá construir políticas públicas fortes, com a participação do povo na definição dos seus próprios rumos. Só assim se conseguirá fazer com que a educação dê os saltos significativos que a população anseia.

O PAPEL DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO NA IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO

Após a aprovação e a divulgação das políticas educacionais estabelecidas, começa-se uma nova fase na administração da educação no município. O processo não termina por aqui, mesmo que a Comissão de Coordenação da elaboração do PME, nomeada por decreto do Prefeito para esse fim, depois de cumprida a missão, seja desfeita. O Plano não é auto -executável. Ele demandará uma equipe para coordenar, acompanhar e avaliar a sua execução. Desse modo, a Secretaria da Educação necessitará designar uma equipe para coordenar a implementação do PME. É essa equipe que controlará a execução das metas, promovendo seus desdobramentos em ações, fará a alocação dos recursos necessários, providenciará os meios para o desenvolvimento das tarefas, fará a articulação necessária entre os executores das ações, ficará atenta quanto aos prazos estabelecidos no PME, fará as negociações necessárias com os agentes externos, acompanhará e avaliará os resultados e assim por diante.

Essa equipe deverá ter representantes dos vários setores da Secretaria responsáveis pelo desenvolvimento das metas, que devem se reunir regularmente para análise e acompanhamento da execução do Plano. Essa equipe também deve contar com a colaboração dos conselhos escolares, que deverão ser os principais atores no acompanhamento da execução do Plano nas escolas. Nesse sentido, deve ser elaborado um cronograma de encontros entre esses representantes e a equipe central da Secretaria responsável pela coordenação do PME, para que sejam viabilizados todos os meios necessários para o sucesso das ações do Plano. Esforços também devem ser empreendidos para sintonizar a elaboração das propostas pedagógicas das escolas com

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o PME, o que reforça o vínculo que deve ser estabelecido com os representantes das unidades escolares.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da Republica Federativa do Brasil Brasília, DF: 1988.

______. Lei, 10.172 de 9 de janeiro de 2001. Aprova o Plano nacional de Educação e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 10 jan. 2001.

______. Lei n. º 9.394, de 20 de dezembro de 1996, Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 20 dez. 1996.

______, Ministério da Educação. Diretrizes nacionais para a educação especial na educação básica. Secretaria de Educação Especial MEC; SEESP, 2001.

_______. Ministério da Educação. Plano Nacional de Educação: subsídios para a elaboração dos Planos Estaduais e Municipais de Educação. Brasília, DF: INEP, 2002. MONLEVADE, João. Como elaborar o Plano Municipal de Educação. Revista Educação Municipal - UNDIME, n. 5, ago., 2002.

_________. Plano Municipal de Educação: Fazer para acontecer. Brasília, DF: Idea Editora, 2002.

SARI, Marisa Timm. Organização da Educação Municipal: da administração da rede ao sistema municipal de ensino. In: RODRIGUES, M. M. e GIÁGIO, M. (orgs.). Guia de Consulta para o Programa de Apoio aos Secretários Municipais de Educação – PRASEM III. Brasília: FUNDESCOLA/MEC, 2001.

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3. Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB).

Texto base:

FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA: O QUE MUDA COM O FUNDEB?

Marcos Paulo Pereira da Anunciação

Mestre em Educação – FACED/UFBA

1. Introdução

A questão do financiamento da educação no Brasil tem sido objeto de interesse crescente por parte de estudiosos e formuladores de políticas públicas. Isto se reflete tanto pela percepção crescente das limitações do sistema vigente como pelas mudanças administrativas e fiscais promovidas pela Constituição de 1988, pela Emenda Constitucional 14/96 que criou o Fundef, pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei no 9.394/96), pela Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº 101/00) e, mais recentemente, pela Lei nº 11.494/07 que regulamenta o Fundeb.

A criação do Fundef (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério) em 1996 foi, sem dúvida, uma das mais importantes mudanças ocorridas na política de financiamento da educação no Brasil nas últimas décadas. Seu principal mérito talvez tenha sido o de proporcionar uma melhor redistribuição dos recursos financeiros educacionais, mediante o critério do número de alunos matriculados, com o objetivo de atenuar a enorme desigualdade regional existente no Brasil. Vale ressaltar, também, a contribuição do Fundef quanto ao aperfeiçoamento do processo de gerenciamento orçamentário e financeiro no setor educacional, bem como permitindo uma maior visibilidade na aplicação dos recursos recebidos à conta do Fundo.

O tempo de vida útil do Fundef se esgotou em 31 de dezembro de 2006, mas as lições apreendidas a partir da implementação desse fundo contábil servem de fundamento para a constituição da nova forma de financiamento da educação no Brasil. O Fundeb, em vigor desde o início de 2007, tem por objetivo dar continuidade aos pontos positivos do

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Fundef, aperfeiçoando-os e ampliando o seu alcance. Além disso, deve tentar preencher as lacunas deixadas pelo antigo fundo, como a prática do baixo valor mínimo por aluno/ano, a pequena contribuição da União no montante do Fundo, a competição por aluno entre os entes federados, a ineficiência dos conselhos de acompanhamento e controle social e, talvez o ponto mais negativo do Fundef: a não cobertura da educação infantil e do ensino médio.

A idéia da criação de um fundo de financiamento para a educação não é nova no Brasil. Desde o Manifesto dos Pioneiros (1932) que o saudoso Anísio Teixeira já apontava para a instituição de um fundo que especificasse as verbas que deveriam ser incluídas no orçamento público a serem aplicadas exclusivamente no desenvolvimento das atividades educacionais. Anísio defendia ainda que “o ensino obrigatório deveria estender-se progressivamente até uma idade conciliável com o trabalho produtor, isto é, até aos dezoito anos”.

É correto afirmar que a criação do Fundef, 64 anos depois do Manifesto, foi fundamentada nas idéias de Anísio Teixeira. Entretanto, o conceito de uma educação básica, obrigatória para todos os brasileiros até os dezoito anos, não esteve presente na formulação do Fundef. Isso porque, a sua implantação contribuiu para a ampliação do atendimento apenas no âmbito do ensino fundamental, deixando, porém, à margem do processo de inclusão as crianças de zero a seis anos (educação infantil) e os jovens que concluem o ensino fundamental e acessam ao ensino médio, em uma escala crescente de demanda. Cabe ainda destacar a desconsideração do Fundef em relação aos quase 50 milhões de jovens e adultos que não têm o ensino fundamental completo.

De acordo com dados do INEP apenas 18,5% das crianças de zero a seis anos são atendidas nas classes de educação infantil das escolas públicas estaduais e municipais, enquanto que no ensino médio cerca de 40% dos jovens de 15 a 17 anos estão matriculados. Na contramão desses números está o ensino fundamental, cujo atendimento das crianças entre 7 e 14 anos alcança 97%. O descompasso existente no atendimento dos três níveis de ensino que compõem a educação básica decorre da ausência de uma política que concorra para a indistinta universalização do atendimento, sustentada por mecanismos que assegurem melhoria qualitativa do ensino oferecido, com a valorização dos profissionais da educação (FERNANDES, 2006, p. 146). Portanto, resta

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esperar e lutar para que o Fundeb possa, de fato, democratizar e assegurar o acesso de todos à educação básica pública, tal como defendido por Anísio Teixeira.

2. O que é o FUNDEB

O Fundeb – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dosProfissionais da Educação – é um fundo de natureza contábil (sem órgão administrativo gestor) e “de âmbito estadual” (isto é, que não pertence à administração da esfera estadual e não pode sofrer retenção). Em linhas gerais, o Fundeb pode ser definido como um sistema de redistribuição de impostos que garante investimento mínimo por aluno nos Estados e Municípios. O Fundeb segue o mesmo critério de distribuição de recursos do Fundef, qual seja, o número de alunos matriculados em cada rede.

A legislação federal não impõe a obrigatoriedade de criação do Fundeb em âmbito municipal, ou seja, não há necessidade do Município criar uma lei específica instituindo o Fundeb. O art. 1º da Lei 11.494/07 já institui o Fundo em cada Estado e Município. De modo concreto, o Fundeb, para cada ente federado, é representado pela conta específica (aberta no Banco do Brasil) onde são creditados/movimentados os recursos. A retenção, repartição e distribuição dos recursos se processam de forma automática, por meio de mecanismos de padrão único de operacionalização. O Fundeb é implantado automaticamente e seus recursos devem ser geridos pela Secretaria ou órgão equivalente de educação.

O objetivo do Fundeb é proporcionar a elevação e a distribuição racional dos investimentos em educação em face de mudanças relacionadas às fontes financeiras que o formam, ao percentual e ao montante de recursos que o compõem e ao seu alcance, que estão presentes na Medida Provisória que regulamenta a sua lei de criação; alterando os critérios de financiamento que constam do atual Fundef. O Fundeb supera a lógica do Fundef, aponta formas e cria mecanismos para o surgimento de uma nova concepção de gestão educacional.

2.1 O que muda com o FUNDEB

A seguir são apresentadas algumas das principais mudanças decorrentes da substituição do Fundef pelo Fundeb no âmbito dos Estados e dos Municípios. A expectativa é para

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que as alterações propostas pelo Fundeb possam ir além da simples troca da letrinha no final da sigla.

2.1.1 A cobertura

O Fundeb atenderá não só o Ensino Fundamental (6/7 a 14 anos), como também a Educação Infantil (0 a 5/6 anos), o Ensino Médio (15 a 17 anos) e a Educação de Jovens e Adultos3, esta destinada àqueles que ainda não têm escolarização. A inclusão no Fundeb destes níveis e modalidades de ensino que estavam à margem do processo de distribuição de recursos do Fundef certamente irá impulsionar o aumento do número de matrículas nestas etapas. Isso exigirá dos Estados e, principalmente, dos Municípios todo um planejamento da sua estrutura física e de pessoal (docente e técnico) a fim de que se tornem capazes de ofertar um ensino de qualidade a estes novos alunos.

O aumento da cobertura é uma das alterações mais significativas do Fundeb, pois pode representar uma espécie de resgate da concepção de educação básica no Brasil. Ao privilegiar o atendimento ao ensino fundamental em detrimento dos demais, o Fundef aprofundou uma situação perversa de segregação entre níveis e modalidades de ensino e acirrando a competição entre eles por recursos financeiros. A legislação educacional brasileira, inclusive, contribui para essa segregação ao definir o ensino fundamental como obrigatório e gratuito; o médio, como progressivamente obrigatório; e a educação infantil, apenas como direito da criança e da família. Vale ressaltar que a inclusão das creches no Fundeb é fruto legítimo da pressão exercida pela sociedade sobre os parlamentares, uma vez que havia a possibilidade desse segmento ficar de fora da cobertura do Fundo.

A obrigatoriedade da educação – em um país que almeja deixar o rol dos “eternamente em desenvolvimento” - não pode começar apenas aos sete anos de idade e terminar aos catorze, como defende Vital Didonet (2006, p.35). Pois antes e depois deste período existe um caminho a ser percorrido, valores a serem entendidos, apropriados e vivenciados pelos alunos. Ainda segundo Didonet, esta é a razão pela qual o direito à educação de jovens e adultos é tão sagrado; porque o analfabetismo é uma “des-humanidade”, além de uma injustiça; porque um tempo mínimo de educação é necessário para uma pessoa.

3

A Medida Provisória nº 339/06 define que a modalidade de EJA não poderá comprometer mais que 10% do montante de recursos depositados no Fundeb.

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2.1.2 O prazo de vigência

Outro aspecto favorável do Fundeb em relação ao Fundef diz respeito à elevação do prazo de vigência de dez para catorze anos (o Fundeb irá vigorar até 31 de dezembro de 2020). O pouco tempo de vida útil do Fundef (para a quantidade de objetivos que este se propunha alcançar), concebido para durar por apenas dez anos, dificultou para os gestores a busca por políticas de longo prazo para a solução dos problemas educacionais. Afinal de contas, os Municípios (principalmente) se acostumaram a receber recursos que deixariam de vir e, talvez, não estivessem preparados e/ou planejados para enfrentar tal interrupção. A maioria dos municípios brasileiros ampliou a sua rede de atendimento ao ensino fundamental e, de repente, não mais receberiam os recursos que garantiriam a manutenção destas novas incumbências devido à expiração do Fundo. O Fundef, em sua essência, não trouxe dinheiro novo para a educação. Entretanto, pelo fato da maioria dos Municípios brasileiros, notadamente os mais pobres, receberem deste Fundo um montante maior que o valor de sua contribuição, houve uma relação de “ganho” desses municípios para com o Fundef. Com o final do prazo do Fundef em 31 de dezembro de 2006 essa política de redistribuição de recursos na qual “quem tem mais repassa para quem tem menos” certamente faria falta a esses municípios, caso o Fundo não tivesse continuidade no ano seguinte.

2.1.3 A composição das fontes de recursos

O Fundeb é composto, na quase totalidade, por recursos dos próprios Estados, Distrito Federal e Municípios, sendo constituído (a partir do 3º ano de implementação) de 20% do:

? Fundo de Participação dos Estados – FPE;

? Fundo de Participação dos Municípios – FPM;

? Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS (incluindo os recursos relativos à desoneração de exportações, de que trata a Lei Complementar nº 87/96);

? Imposto sobre Produtos Industrializados, proporcional às exportações – IPIexp;

? Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doações de quaisquer bens ou direitos - ITCMD;

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? Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR;

? Receitas da dívida ativa e de juros e multas, incidentes sobre as fontes acima relacionadas.

Vale ressaltar que o FPE, FPM, ICMS, IPIexp, além dos recursos da Lei Complementar 87/96, já faziam parte da cesta de impostos do Fundef. Com o Fundeb são acrescidos a esse montante os recursos referentes ao ITCMD, IPVA e ITR. É importante lembrar, ainda, que enquanto no Fundef o percentual de sub-vinculação era de 15%, no Fundeb este percentual passa a ser de 20%. Na proposta original de criação do Fundeb, o MEC indicava o percentual de 25%. Após entendimentos do MEC com o CONSED e a UNDIME, chegou-se ao patamar de 20%, que parece razoável, uma vez que dá uma margem para que, no caso dos Estados, haja, fora do Fundo, recursos para as instituições de ensino superior, além de proporcionar, também, alguma flexibilidade aos Municípios.

Para os Municípios é positivo o fato dos seus impostos próprios (IPTU, ISS, ITIV) não fazerem parte da composição das fontes de recursos do Fundeb. Esta posição permite uma maior flexibilidade para este ente federado, e é mais coerente com o respeito à sua autonomia, além de evitar demandas judiciais. Entretanto, a não utilização da sua receita própria no Fundeb não desobriga o Município a aplicar, no mínimo, 25% desses tributos para a manutenção e o desenvolvimento do ensino. Ficou de fora do novo fundo também o Imposto de Renda Retido na Fonte, tanto o que é arrecadado pelo Estado quanto pelo Município.

2.1.4 A Complementação da União

Além dos recursos explicitados no tópico anterior, integra ainda o Fundeb uma complementação da União aos Estados em que a receita originalmente gerada não é suficiente para a garantia de um valor por aluno/ano igual ou superior ao valor mínimo nacional.

A contribuição mínima e apenas eventual da União, via complementação, em relação ao Fundef sempre foi muito criticada por setores da sociedade ligados à área da educação. No último ano de vigência do Fundef, por exemplo, apenas dois estados receberam a complementação da União, sendo que esta representou cerca de um por cento do

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