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Arrependimento Bíblico

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Academic year: 2022

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Texto

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Estudo Panorâmico acerca do 

Arrependimento Bíblico 

Segundo Mateus 3.8 e Lucas 3.8  Rev. Luiz Cláudio de Oliveira   

Texto base

 

Mateus 3.1‐10 

A pregação de João Batista Mc 1.2‐6; Lc 3.1‐9 

Naqueles dias, apareceu João Batista pregando no deserto da Judéia e dizia: 2 Arrependei‐vos,  porque está próximo o reino dos céus. Porque este é o referido por intermédio do profeta  Isaías: 

Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas. 

Usava João vestes de pêlos de camelo e um cinto de couro; a sua alimentação eram  gafanhotos e mel silvestre. Então, saíam a ter com ele Jerusalém, toda a Judéia e toda a  circunvizinhança do Jordão; e eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus  pecados. Vendo ele, porém, que muitos fariseus e saduceus vinham ao batismo, disse‐lhes: 

Raça de víboras, quem vos induziu a fugir da ira vindoura? Produzi, pois, frutos dignos de  arrependimento; 9 e não comeceis a dizer entre vós mesmos: Temos por pai a Abraão; porque  eu vos afirmo que destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão. 10 Já está posto o machado  à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo. 

 

Lucas 3.1‐10

 

A pregação de João Batista Mt 3.1‐10; Mc 1.2‐5 

No décimo quinto ano do reinado de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos governador da  Judéia,  Herodes,  tetrarca  da  Galiléia,  seu  irmão  Filipe,  tetrarca  da  região  da  Ituréia e  Traconites, e Lisânias, tetrarca de Abilene, sendo sumos sacerdotes Anás e Caifás, veio a  palavra de Deus a João, filho de Zacarias, no deserto. 3 Ele percorreu toda a circunvizinhança do  Jordão, pregando batismo de arrependimento para remissão de pecados, conforme está  escrito no livro das palavras do profeta Isaías: 

Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas. 

Todo vale será aterrado, e nivelados todos os montes e outeiros; os caminhos tortuosos  serão retificados, e os escabrosos, aplanados; 

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e toda carne verá a salvação de Deus. (Isaías 40.3‐5) 

Dizia ele, pois, às multidões que saíam para serem batizadas: Raça de víboras, quem vos  induziu a fugir da ira vindoura? Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento e não  comeceis a dizer entre vós mesmos: Temos por pai a Abraão; porque eu vos afirmo que  destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão. 9 E também já está posto o machado à raiz  das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo. 

10 Então, as multidões o interrogavam, dizendo: Que havemos, pois, de fazer? 11 Respondeu‐

lhes: Quem tiver duas túnicas, reparta com quem não tem; e quem tiver comida, faça o  mesmo. 12 Foram também publicanos para serem batizados e perguntaram‐lhe: Mestre, que  havemos de fazer? 13 Respondeu‐lhes: Não cobreis mais do que o estipulado. 14 Também  soldados lhe perguntaram: E nós, que faremos? E ele lhes disse: A ninguém maltrateis, não  deis denúncia falsa e contentai‐vos com o vosso soldo. 

 

Situação do texto

1

 

Pregação de João Batista nas margens do Jordão. 

momento político era de pós‐ascensão romana. Segundo as informações de Josefo (xviii. 

2:2), o texto diz que Tibério era o imperador (César) romano da época e que possivelmente  Pôncio Pilatos já governava a Judéia há dois anos. Lucas informa ainda que o segundo filho de  Herodes, o Grande, era o Herodes2 que governava a Galiléia. Arquelau governava a Judéia e foi  banido para Viena (Jos. Wars, 2: vii. 3) por Augusto. Desta forma, a região foi ocupada em boa  parte pelos romanos. O resto dos irmãos da família, citados por Lucas, dirigiam outras  localidades, como está transcrito em Lucas 3.1‐3. 

Falar de momento político da palestina, necessariamente é preciso arrolar a religião, que  neste período estava  profundamente  comprometida neste  bojo. O líder religioso deste  período histórico era Caifás, o Sumo Sacerdote. Contudo, Anás tinha sido o Grande Sacerdote  antes de Caifás, seu genro, e era costume continuar chamando de Grande Sacerdote aquele  que já havia ocupado esse cargo.3 

      

1 [Commentary on Matthew, Mark, Luke ‐ Volume 1 — THE AGES DIGITAL LIBRARY COMMENTARY] 

Comentário de João Calvino do texto em inglês: — É provável que este tenha sido o segundo ano do  governo de Pilatos, já que Tibério tinha assumido as rédeas do governo romano (segundo informações  do texto de Josefo, (XVIII. 02:02). Tibério tinha nomeado Gratus Valério para ser governador da Judéia,  na sala Annius de Rufus. Essa mudança pode ter ocorrido em seu segundo ano. O mesmo Josefo escreve  que Valério era governador da Judéia há  11 anos, quando Pôncio Pilatos veio como seu sucessor. (Ant. 

18:02:02). Pilatos, portanto, tinha governado a província durante dois anos, quando João começou para  pregar o Evangelho.  

2 Herodes — nome de uma família real que se distinguiu entre os judeus no tempo de Cristo e dos 

Apóstolos. A nomenclatura Herodes se tornou um “título” dado a todo que ocupava a realiza desta  família que governou parte da Palestina. O nome Herodes quer dizer “heróico”. 

3Sociedade Bíblica do Brasil: Nova Tradução Na Linguagem De Hoje. Sociedade Bíblica do  Brasil, 2000; 2005 

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Tratava‐se de um período muito dificil em que a manutenção das várias lideranças estava a  flor‐da‐pele. A tensão e a luta pelo poder dominavam as mentes dos dirigentes e qualquer  postura civil ou política poderia desencadear em outra guerra (vide guerra dos Macabeus). 

 

Arrependimento, segundo João Batista 

Produzir frutos dignos de arrependimento – Na versão NTLH diz “Façam coisas que mostrem  que vocês se arrependeram dos seus pecados4”. 

Arrependimento ≠ Remorso 

Arrependimento gera frutos dignos, que comprovam a veracidade do fato 

Remorso, é medo da lei, das conseqüencias, sentimento contrario ao justo reconhecimento da  justiça impetrada. Não significa mudança de mente, compreensão do erro, mas, ainda que haja  consciência do erro tal não é visto como erro. — Remorso é uma resistência à mudança do EU  para se integrar a um sistema (regras, conduta etc.) diferente do vigente, que governa o EU e  dá prazer ao EU. 

 

Intitulação não formata o caráter

 

O arrependimento produz mudanças reais que modificam atitudes, ações. — “Produzi, pois,  frutos dignos de arrependimento e não comeceis a dizer entre vós mesmos: Temos por pai a  Abraão; porque eu vos afirmo que destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão” (Lc 3.8).  A idéia contida no judaísmo de que “filhos de Abraão” são filhos de Deus, conduzia ao judeu  nominalista a idéia fixa de que eram herdeiros da justiça e das promessas de Abraão  automaticamente. Por isso, não mensuravam a idéia de dar continuidade também as obras de  justiça de Abraão. — “Se sou descendente, portanto herdeiro, de Abraão, já tenho por  garantidas as mesmas promessas e não preciso me preocupar com meus atos ou posturas”. 

No embate entre Jesus e os fariseus, registrado pelo evangelista João, temos este aspecto  sendo respondido pelo filho de Deus: 

“Responderam‐lhe: Somos descendência de Abraão e jamais fomos escravos de alguém; como  dizes tu Sereis livres? 34 Replicou‐lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: todo o que  comete pecado é escravo do pecado. 35 O escravo não fica sempre na casa; o filho, sim, para  sempre. 36 Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres. 37 Bem sei que sois  descendência de Abraão; contudo, procurais matar‐me, porque a minha palavra não está em  vós. 38 Eu falo das coisas que vi junto de meu Pai; vós, porém, fazeis o que vistes em vosso pai. 

      

4Sociedade Bíblica do Brasil: Nova Tradução Na Linguagem De Hoje. Sociedade Bíblica do  Brasil, 2000; 2005, S. Lc 3:8 

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39 Então, lhe responderam: Nosso pai é Abraão. Disse‐lhes Jesus: Se sois filhos de Abraão,  praticai as obras de Abraão. 40 Mas agora procurais matar‐me, a mim que vos tenho falado a  verdade que ouvi de Deus; assim não procedeu Abraão5”. 

 

O arrependimento será julgado, bem como o remorso (obras) 

Exemplo clássico de arrependimento de remorso – A conversão de Pedro e o remorso de  Judas. 

O arrependimento é resultado de uma verdadeira e real transformação ocorrida no íntimo do  apóstolo. Existe um Pedro antes do choro de arrependimento e outro Pedro depois. 

Judas se sentiu mal e teve medo da punição divina e do Estado. Suas palavras refletem seu  medo da aplicação da justiça: — “Pequei, traindo sangue inocente” (Mt 27.4). [Veja o que o  texto bíblico confirma: — “3 Então, Judas, o que o traiu, vendo que Jesus fora condenado,  TOCADO DE REMORSO, devolveu as trinta moedas de prata aos principais sacerdotes e aos  anciãos, dizendo: 4 Pequei, traindo sangue inocente. Eles, porém, responderam: Que nos  importa? Isso é contigo. 5 Então, Judas, atirando para o santuário as moedas de prata, retirou‐

se e foi enforcar‐se.”]. 

Pedro voltou‐se para o conserto, Judas para a morte. 

O medo de Judas

 

Execução do homicida — Nm 35.16‐21 

11 Mas, havendo alguém que aborrece a seu próximo, e lhe arma ciladas, e se levanta contra 

ele, e o fere de golpe mortal, e se acolhe em uma dessas cidades, 12 os anciãos da sua cidade  enviarão a tirá‐lo dali e a entregá‐lo na mão do vingador do sangue, para que morra. 13 Não o  olharás com piedade; antes, exterminarás de Israel a culpa do sangue inocente, para que te vá  bem. (Dt 19.11‐13). 

 

É este o sentido que norteia as palavras de João Batista, por ocasião da sentença de Lc 3.9 e  Mt 3.10: “E também já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não  produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo”. 

 

Perceba a instrução, sobre modificação de conduta, imposta por João Batista como resaos seus  interlocutores: 

 

      

5Sociedade Bíblica do Brasil: Almeida Revista E Atualizada ‐ Com Números De Strong. 

Sociedade Bíblica do Brasil, 2003; 2005, S. Jo 8:40 

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Em Lucas 3 

10 Então, as multidões o interrogavam, dizendo: Que havemos, pois, de fazer? 11 Respondeu‐

lhes: Quem tiver duas túnicas, reparta com quem não tem; e quem tiver comida, faça o  mesmo. 12 Foram também publicanos para serem batizados e perguntaram‐lhe: Mestre, que  havemos de fazer? 13 Respondeu‐lhes: Não cobreis mais do que o estipulado. 14 Também  soldados lhe perguntaram: E nós, que faremos? E ele lhes disse: A ninguém maltrateis, não  deis denúncia falsa e contentai‐vos com o vosso soldo.” 

Resumindo

 

Arrependimento produz  mudanças  que são os frutos  do arrependimento: Atitudes que  comprovam a realidade de uma compreensão modificada, de uma visão diferenciada, de uma  vida mudada pelo poder do Espírito Santo. Nova  vida, nova criatura; frutos dignos de  arrependimento. 

Remorso não produz frutos de arrependimento. O remorso não modifica internamente, mas  produz insegurança, medo e fuga. Muita gente vai para a igreja porque tem medo da ira  divina, porque tem medo das conseqüencias de seus pecados e da justiça (seja divina ou  humana) que lhes cobrará razão de seus atos. Não estão na igreja porque reconhecem que  Jesus é justo e salvador, mas estão na igreja se escondendo atrás de uma máscara de justos,  mas fora dela continuam no mesmo proceder pecaminoso. Tentam enganar suas mentes,  fingindo para si mesmas, resistindo à verdade, evitando olhar para suas ações, pois não  suportam vê‐las. Enxergar suas próprias ações, sem a ação transformadora do Espírito Santo, é  tão impactante, que podem ser levadas à morte para não terem que encarar a si mesmas e a  sociedade, à lei... e a Deus. Elas estão fugindo, dentro da igreja, mas não conseguem se  alimentar, se sentirem absolvidas, não conseguem abandonar o que ouvem ser errado, mas  não é errado para elas. Por que isso? Porque junto com o arrependimento, vem a ação  transformadora, confortadora e perdoadora do Deus Espírito Santo. O arrependimento bíblico  só acontece assim, só pode ser assim. Não é fruto de ações ou intelecto humanos. Só Deus  pode promover tal mudança, tal transformação. Isso é arrependimento para a vida. O resto é  remoro para a morte. 

Referências

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