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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - UFC DEPARTAMENTO DE TEORIA ECONÔMICA - DTE FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUARIAS, CONTABILIDADE E SECRETARIADO – FEAACS CURSO: CIÊNCIAS ECONÔMICAS

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Academic year: 2018

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1 UFC

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - UFC

DEPARTAMENTO DE TEORIA ECONÔMICA - DTE

FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUARIAS,

CONTABILIDADE E SECRETARIADO

FEAACS

CURSO: CIÊNCIAS ECONÔMICAS

ESTUDO DA CADEIA PRODUTIVA DO APL DE PEÇA INTIMA

Daniel Tabosa de Sousa

(2)

2

DANIEL TABOSA DE SOUSA

ESTUDO DA CADEIA PRODUTIVA DO APL DE PEÇA INTIMA

Monografia apresentada ao

Curso de Ciências

Econômicas da Universidade Federal do Ceará como requisito para a obtenção do Grau de Bacharel em Economia.

Orientador: Jair do Amaral Filho

(3)

3 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

Universidade Federal do Ceará Biblioteca Universitária

Gerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

_____________________________________________________________________________________

S696e Sousa, Daniel Tabosa de.

Estudo da cadeia produtiva do APL de peça intima / Daniel Tabosa de Sousa. – 2016. 53 f. : il. color.

Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Universidade Federal do Ceará,

Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade, Curso de Ciências Econômicas, Fortaleza, 2016.

Orientação: Prof. Dr. Jair do Amaral Filho. Coorientação: Prof. Dr. Napiê Galvê Araújo Silva.

1.Arranjo produtivo local. 2. Vantagens competitivas. 3. Governança. 4. Cadeia produtiva. I. Título.

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4

DANIEL TABOSA DE SOUSA

ESTUDO DA CADEIA PRODUTIVA DO APL DE PEÇA INTIMA

____________________________________

________

Daniel Tabosa de Sousa

Média

Banca Examinadora:

____________________________________

_________

Prof: Dr. Jair do Amaral Filho

Nota

(Orientador

UFC)

____________________________________

_________

Prof: Dr. Napiê Galvê Araújo Silva

Nota

(Membro

UFERSA)

____________________________________

_________

Prof: Mestre Francisco Laércio Pereira Braga

Nota

(Membro

UECE)

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5

AGRADECIMENTOS

A Deus, por ter me amparado em todos os momentos da minha vida, ajudando-me, orientando e incentivando a seguir. A Ele meus eternos agradecimentos!

Aos meus familiares, que tanto contribuiu com a minha formação, se fazendo presente em todos os momentos e vibrando pelo meu sucesso. Obrigada por tudo, amo todos vocês!

Aos meus pais, que tantas vezes me apoiaram para seguir em frente. Amo vocês!

Ao meu orientador, professor Dr. Jair do Amaral, pela disponibilidade em me aceitar como orientando. Ao professor Napiê (Piê) por ter me ajudado nesse trabalho como co-orientador. Muito obrigado, pelo amparo em todos os momentos!

(6)

6 RESUMO

A influencia que a globalização vem gerando ao longo dos últimos anos sobre o cenário industrial é enfaticamente perceptível. As empresas do mercado atual cada vez mais são, de certa maneira, obrigadas a ceder às mudanças que as impulsionam para uma melhor e mais segura posição quando comparadas às suas respectivas concorrentes. Diante disso, o Arranjo Produtivo Local surge como um meio pelo qual as organizações nele inseridas tentam buscar vantagens competitivas a fim de garantirem um patamar confortável dentro do mercado e, além disso, o APL traz benefícios regionais como proporcionar empregos diretos e indiretos aos habitantes do local. E como toda empresa precisa de uma boa gestão e um bom desempenho em seu processo produtivo, faz-se necessária uma análise a fim de perceber como se dá o método de gestão e como funciona a cadeia de produção de um APL, já que tal arranjo é caracterizado pela cooperação entre organizações de mesmo ramo. Nesse sentido, o referente trabalho objetiva mapear como também a analisar o modo de governança da cadeia produtiva de um APL, e para tanto, foi realizada uma pesquisa de campo no arranjo produtivo de moda íntima localizado no município de Frecheirinha – CE. Após a pesquisa feita nas fábricas do arranjo junto aos seus empresários responsáveis, foi possível perceber como a cadeia de produção e seus modos de gestão funcionam em uma “cooperativa de empresas”, dado às vantagens de haver colaboração ou não das organizações participantes do arranjo.

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7 ABSTRACT

The influence that globalization has generated over the past few years on the industrial scenario is strongly noticeable. The companies in the market today are increasingly in a way, forced to yield to the changes that drive for a better and safer place when compared to their competitors. Thus, the Local Productive Arrangement emerges as a means by which organizations that belong to it try to get competitive advantages in order to ensure a comfortable level within the market and, in addition, the APL brings regional benefits as providing direct and indirect employment to the local inhabitants. And as every business needs a good management and good performance in its production process, it is necessary to analyze in order to understand how is the management method and how the production chain of a APL, since such an arrangement is characterized by cooperation between organizations of the same branch. In this sense, the study aims to map and also to analyze the mode of governance of the production chain of a APL, and to that end, we conducted field research in productive arrangement of underwear in the city of Frecheirinha - CE. After the research made in factories of the arrangement with their entrepreneurs, we could see how the production chain and its management methods work in a "cooperative enterprises", given the advantages of exist or not cooperation of the participating organizations in the arrangement.

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8

Lista de Tabelas:

Tabela 1 – Identificação quanto ao tamanho da empresa

Tabela 2 – Principais fornecedores do APL

Tabela 3 – Localidade das transportadoras

Tabela 4 – Principais transações comerciais locais

Lista de Quadros:

Quadro 1– Principais etapas de uma cadeia produtiva

Lista de Gráficos:

Gráfico 1 – Principais formas de mercado e a percentagem de seu faturamento para a empresa

Gráfico 2 – Principais formas de mercado e a percentagem de seu faturamento para a empresa

Gráfico 3 – Localização das principais formas de mercado

Gráfico 4 – Principais regiões do país em que são distribuídos seus produtos, e a sua respectiva importância para o faturamento da empresa

Gráfico 5 – Principais canais de escoamento da produção

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9 Gráfico 7 – Custos de transporte da entrega dos produtos

Lista de Ilustrações:

Figura 1– Mapa do Estado do Ceará

Figura 2 – Fluxograma do Processo Produtivo

Lista de Abreviaturas:

ANPROTEC – Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores.

APL – Arranjo Produtivo Local

ASCOF - Associação dos Confeccionistas de Frecheirinha

IPECE – Instituto de Pesquisa Econômica do Ceará

REDESIST – Rede de Pesquisa em Sistemas e Arranjos Produtivos e Inovativos Locais

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...10

1.1 PROBLEMA...11

1.2 HIPÓTESE...11

1.3 OBJETIVOS...11

1.3.1 Geral...11

1.3.2 Específicos...12

1.4 JUSTIFICATIVAS...12

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...13

2.1 CLUSTERS– PECULIARIDADES...13

2.1.1 Redes Empresariais...14

2.1.2 Condomínios ou Complexos Industriais ...16

2.1.3 Distritos Industriais...18

2.1.4 Cadeias de Suprimentos e de Valor...19

2.1.5 APL...21

2.2 GOVERNANÇA...23

2.3 CADEIA PRODUTIVA...26

3. MATERIAIS E MÉTODOS ...28

3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA ...28

3.2 ÁREA GEOGRÁFICA DE ESTUDO...28

3.3.1 Métodos de Análise...30

3.3.2 Técnicas de Pesquisa...31

3.3.2.1 Pesquisa Bibliográfica...31

3.3.2.2 Pesquisa de Campo...31

3.3.2.3 População e Amostra...31

3.3.2.4 Instrumento de Coleta...32

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO...33

4.1.1 Processo Produtivo de lingerie...33

4.1.2 Identificação das Empresas...34

4.1.3 Mercado de Atuação...35

4.2 CADEIA DE PRODUÇÃO DO APL DE FRECHEIRINHA – CE...37

4.2.1 Escoamento da Produção...37

4.3.1 Custos de Transação...39

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6.0 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS...43

1. INTRODUÇÃO

O Brasil é um país que caminha rumo ao seu desenvolvimento econômico e, dentro dessa realidade, os Arranjos Produtivos Locais (APL‟s) surgem como uma aposta para a ascendência da economia local, principalmente em regiões que possuem falta de dinamismo em sua política industrial.

Apesar de sua definição ser complexa e exigir contextualização, o APL, em sua generalidade, pode ser tratado como uma rede de cooperação, na qual entidades que possuem vínculos territoriais, se beneficiam de fatores políticos, econômicos, sociais e/ou culturais em comum, de forma a viabilizar uma parceria que torna possível a permanência lucrativa de tais empresas no mercado, e como consequência, o desenvolvimento regional.

Para Amaral (2003), o modelo de desenvolvimento deve ser realizado de baixo para cima, ou seja, partindo-se das potencialidades socioeconômicas originais do local, no lugar de um modelo de planejamento e intervenção conduzidos pelo Estado. Assim os APLs se caracterizam como uma das políticas de desenvolvimento endógeno1, ou seja, de dentro para fora, e não de fora para dentro, como foi desenhada a política

industrial2 brasileira durante várias décadas.

Dentro desse âmbito, a simples cooperação entre empresas que possuem atividade produtiva comum não dá condições suficientes para uma plena competitividade, aceitação e estabilidade no mercado. Sendo assim, faz-se necessário o

1

O desenvolvimento endógeno, do ponto de vista espacial ou regional, pode ser entendido como um processo interno de ampliação contínua da capacidade de absorção da região, cujo desdobramento é a retenção do excedente econômico gerado na economia local e/ou a atração de excedentes provenientes de outras regiões. Esse processo tem como resultado a ampliação do emprego, do produto e da renda do local ou da região em um modelo de desenvolvimento regional definido (Amaral, 1996).

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12 estudo da cadeia produtiva inserida dentro dos APL‟s, tendo como principais ferramentas seu mapeamento e método de governança.

A fim de uma melhor visualização do funcionamento de um Arranjo Produtivo Local, assim como seus benefícios, o referente trabalho tem seu estudo focado no mapeamento e governança da cadeia produtiva de um APL de moda íntima da cidade de Frecheirinha - CE.

Frecheirinha está situada a 283 km de Fortaleza, no estado do Ceará. A cidade, com população estimada em 13.000 habitantes segundo o IPECE3, tem como principal fonte de renda a produção de lingerie, exportada para os mais diversos mercados consumidores nacionais e internacionais. Esse importante pólo industrial conta com cerca de 13 empresas entre micro, pequeno, médio e grande porte, gerando aproximadamente 1300 empregos diretos e/ou 200 indiretos.

O referente estudo é estruturado da seguinte maneira: o capítulo 1 dispõe de uma introdução ao APL de moda íntima de Frecheirinha, o problema, os objetivos e a justificativa; já o capítulo 2 apresenta o embasamento teórico a respeito de APL, governança e cadeia produtiva; o terceiro capítulo expõe o método de pesquisa utilizado no trabalho; o capítulo 4 exprime os resultados obtidos na pesquisa, bem como sua análise; e por fim, no último capítulo relatam-se as considerações finais.

1.1 PROBLEMA

Diante de um mercado altamente competitivo, o APL deve manter suas vantagens competitivas4 de modo a se realimentarem do seu próprio crescimento, e com isso estabelecer um diferencial. Isso dá suporte ao APL, para que o mesmo não perca seu lugar para empresas de grande porte já consolidadas no mercado.

Para uma obtenção de ganhos competitivos, é decisivo entender o gerenciamento de uma organização, tendo como base de estudo sua cadeia produtiva, já que essa se trata do encadeamento de transformação da matéria-prima com finalidade econômica de produção e distribuição de bens.

3

IPECE: Instituto de Pesquisa e Estratégias Econômicas do Estado do Ceará. 4

(13)

13 Contudo, de que forma o estudo da gestão e o mapeamento de uma cadeia produtiva podem influenciar nos lucros e na obtenção de um resultado benéfico para o APL?

1.2 HIPÓTESE

Julga-se necessário a análise do sistema do APL, tanto na sua forma pela qual é gerido, quanto no modo pelo qual sua produção acontece. Tal exame diagnostica condições quem venham a travar ou a subsidiar o crescimento da margem lucrativa de um Arranjo Produtivo Local.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Geral

Mapear e caracterizar os aspectos condicionantes e estruturantes da governança da cadeia produtiva de moda íntima do Arranjo Produtivo Local de Frecheirinha - CE.

1.3.2 Específicos

 Identificar a estrutura na qual a governança do APL de moda íntima está inserido e de que maneira influencia em seu desenvolvimento.

 Analisar a cadeia produtiva, descrever suas etapas e, consequentemente, avaliar se há influência no fortalecimento do APL.

 Analisar a estrutura do arranjo, a partir das possíveis deficiências e potenciais que garantem ou não a sinergia da governança do mesmo, e explicitar a sua influencia na atividade produtiva.

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14 Como já é sabido, o APL tem sido uma aposta de avanço econômico regional por, dentre outros motivos, estimular condições que influenciam a atração de empresas para a região, além de trazer vantagens competitivas peculiares. Contudo, cooperações entre empresas formam organizações complexas, e precisam estar alicerçadas em uma base forte de gestão para se manterem ativas no mercado.

A governança das redes de cooperação, como um APL, não se dá do mesmo modo que nas empresas tradicionais. Para se estudar esse tipo de gestão é preciso saber que em redes de cooperação, como APL, não é como nas companhias cujos proprietários constituem-se de uma única pessoa ou de sócios, as quais têm seu objetivo focado no lucro individualizado. A gestão das redes de cooperação foca nos ganhos competitivos e no lucro compartilhado, tendo a interação colaborativa como ponto chave. Como Balestrin e Verschoore (2008) dizem, os ganhos competitivos almejados pelas redes de cooperação deslocam o enfoque essencialmente individualista da empresa tradicional para uma concepção de resultados coletivos.

Dentro dessa complexidade, há uma necessidade de tomar ciência de todas as vantagens competitivas e os riscos presentes e as soluções possíveis torna-se um pré-requisito para dar um crescimento lucrativo ao APL. A escolha da gestão e da forma como se dá a cadeia produtiva de um arranjo produtivo são variáveis que ajudam a dar direção quando a questão é encontrar o caminho para a sua manutenção em uma posição estável e passível de competição dentro de um mercado competitivo.

Contextualizando para o APL de moda íntima de Frecheirinha, um mapeamento da governança da cadeia produtiva trará uma visão mais abrangente das atividades produtivas existentes nesse pólo, como também uma melhor abordagem do tipo de gestão utilizada. Esse feedback5 trará a possibilidade de tomar ações coletivas que podem ser desenvolvidas para fortalecer a cultura da cooperação entre os empresários, trazer ganhos e redução de custos, proporcionando um forte crescimento do APL no mercado regional, o que aumenta satisfatoriamente a economia da região.

5

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15 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 CLUSTERS – PECULIARIDADES

Para Enright (1998, apud Amato Neto, 2009), o conceito clássico de clusters6 desvenda concentrações geográficas de empresas e instituições interligadas em um próprio setor, onde se podem encontrar indústrias correspondentes, ou outras entidades importantes como instituições governamentais, associações governamentais, centros de pesquisa, etc.

De acordo com Porter (1998, apud Zica et al., 2010), os clusters podem ser entendidos como concentrações geográficas de empresas, com atividades correspondentes ou complementares, atuando dentro de uma mesma cadeia produtiva, compartilhando de infra-estrutura do mercado de trabalho especializado e vivenciando oportunidades e ameaças comuns, com o objetivo de auferirem vantagens de desempenho superiores à concorrência.

Segundo Porter (2000), cluster são agrupamentos de empresas, podendo ser fornecedores especializados e de serviços, instituições de classe, de pesquisa e ensino, de normatização, públicas e privadas, pessoas físicas, comerciantes que se encontram concentrados numa determinada região, aglomerados em um setor particular, que competem, articulam e cooperam entre si para produção de bens e serviços, objetivando comercializá-los, buscando o seu desenvolvimento e maior competitividade.

Uma abordagem mais abrangente de cluster é feita por Cassarotto e Pires (2001, apud Jácome, 2011, p. 22):

Um cluster desenvolve-se sobre a vocação regional e pode conter

empresas produtoras de produtos finais, verticaliza-se a jusante (serviços) ou montante (fornecedores), além de incluir associações de

suporte privadas ou ligadas ao governo. Um cluster não

necessariamente contém toda uma cadeia produtiva. Outra característica de é que ele pode conter vários consórcios, ou corresponder a um único grande consórcio; ou ainda não conter nenhum consórcio, nesse ultimo as parcerias são todas informais, se dão por forma de negociação.

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16 Para Schmitz (1989 apud Neto, 2009), a mais importante característica de um cluster é o ganho de eficiência coletiva, entendida como vantagem competitiva derivada das economias externas locais e da ação conjunta entre os atores que os compõe.

Para Amaral (1999), a estratégia coletiva de organização da produção reflete as decisões coordenadas, entre os produtores, sobre quem vai produzir o que produzir e como produzir. Essa nova organização da produção surge a partir do processo de desintegração vertical7 e do processo de integração horizontal. Por sua vez, esse tem sido observado por intermédio da formação de grupos de pequenas, médias e microempresas que passam a produzir de maneira especializada, formando, assim,

clusters8 ou distritos industriais9.

O conceito de Arranjo Produtivo Local (APL), arranjo produtivo que caracteriza a produção de lingerie em Frecheirinha, surge dentro desse contexto de clusters. Porém, é importante frisar que não é todo cluster é um APL. Tal circunstância impõe a necessidade de diferenciação entre as principais aglomerações de empresas, que são redes empresariais, condomínios ou complexos industriais, distritos industriais, cadeias de valor e de suprimentos, SPLIs, que são os Sistemas Produtivos de Inovação, e APLs.

7

Desintegração vertical: Processo que vem sendo desenvolvido a partir da necessidade de as grandes empresas procurarem se livrar dos custos de produção e de gestão – ou de burocratização – e, ao mesmo tempo, de suas competências não essenciais. Essas empresas têm recorrido à terceirização de determinadas funções, hoje desempenhadas por pequenas empresas que, muitas vezes, são formadas por ex-membros de seus quadros. AMARAL (2000)

8

Cluster: terminologia que se associa à tradição anglo-americana e, genericamente, refere-se a aglomerados de empresas, desenvolvendo atividades similares. Ao longo de seu desenvolvimento, o conceito ganhou nuances de interpretação. No âmbito da teoria neoclássica, a nova geografia econômica utiliza o termo como simples aglomeração de empresas. REDESIST (2002).

(17)

17 2.1.1 Redes Empresariais

Antes de uma explanação a respeito de redes empresariais, é válido o esclarecimento do conceito geral de rede. Castells (2005, apud Martins et al., 2009) define rede como um conjunto de nós conectados entre si. As redes têm sua estrutura que caracteriza uma articulação de diversas unidades, as quais por meio de certas ligações trocam elementos como informações e/ou conhecimentos entre si. Cada nó da rede representa uma unidade, e cada fio, um canal por onde essas unidades se articulam. Desta forma, as unidades se fortalecem mutuamente. Essa noção de rede também é exposta na seguinte visão:

No campo organizacional, a noção de rede é aplicada a uma ampla variedade de formas de relações entre firmas, como, por exemplo, no

caso de joint ventures10, alianças estratégicas, relações de terceirização

e subcontratação, distritos industriais, consórcios, redes sociais, redes de cooperação entre pequenas e médias empresas, entre outras. (Powell, 1987; Oliver, 1990; Grandori e Soda, 1995, apud Balestrin e Vargas, 2004, p. 205).

De acordo com Olave e Amato Neto (2001, apud Zica et al., 2010), os segmentos empresariais têm sido fortemente afetados pelas transformações sócio-econômicas, e isso estimula as empresas de micro e pequeno porte a buscarem uma estratégia de atuação em redes empresariais, no sentido de reduzir as incertezas e ampliar a competitividade dentro do mercado. Cassiolato (2002, apud Zica et al., 2010) reforça tal afirmação quando diz que o elemento central para o desenvolvimento de uma rede está estreitamente ligado ao estabelecimento de relações que demonstrem confiança.

Tal confiança pode dar mais força ainda para a competitividade quando externada, pois, segundo Balestrin e Verschoore (2008), as redes de cooperação estão mais aptas a gerar marcas com expressão e reconhecimento público. Dessa forma, além de conceber enfrentamento da concorrência, gera representatividade e credibilidade.

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18 Outro conceito de redes empresariais é dito pela ANPROTEC e SEBRAE (2002, apud Martins et al, 2009), onde mostra que redes empresariais podem ser definidas como empresas interligadas as quais agem mutuamente com fornecedores, clientes, ou parceiros na transmissão de tecnologia, centros técnicos e de pesquisa, universidades e outras entidades públicas com o propósito de aumentar sua competitividade, resolver problemas, ingressar em novos mercados, desenvolver e produzir bens e serviços. Essa interação entre as empresas é destacada também por Vale et al (2006, apud Bragança, 2009, p. 25), o qual fala que o termo rede é utilizado:

Designar uma forma particular de associação, de natureza horizontal, que reúne, voluntariamente, atores diversos, que interagem entre si, de maneira sistemática, compartilhando, em menor ou maior grau, certos valores comuns, e implementando, conjuntamente, estratégias de interesse coletivo, visando algum ganho socioeconômico (para empresas, setores e comunidades).

Esse conceito de união entre associações é reforçado mais uma vez por Mercklé (2004, apud Villela e Pinto, 2009), o qual diz que uma rede é constituída de um conjunto de unidades sociais que mantêm relações, direta ou indiretamente, entre si, através de cadeias de tamanhos e estruturas variáveis. Para Heinelt e Kübler (2005, apud Villela e Pinto, 2009), as redes empresariais, a priori, são movidas por lógicas funcionais, ou seja, os processos são negociais e representam um direito de se organizarem e de formarem associações profissionais.

Lipnack e Stamps (1994, apud Martins et al., 2009) frisam que empresas que participam de redes empresariais flexíveis fazem negócio em conjunto, atuando como se fosse uma só, mas permanecem com a característica de independência, quanto aos recursos financeiros, funcionários e áreas especializadas.

2.1.2 Condomínios ou Complexos Industriais

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19 hoje o interesse do Brasil por aglomerações de empresas e pelos ganhos de competitividade advindos da sinergia, entre essas unidades.

Dias (1998, apud Jácome, 2011) fala o seguinte a respeito do condomínio industrial:

É basicamente formado pelas seguintes características: integração vertical, estrutura piramidal da cadeia, poder de barganha concentrado nos níveis superiores da cadeia, localização dos fornecedores na própria planta do “parque industrial”, desverticalização das

montadoras e concentração na sua core competence. Esse tipo de

arranjo é utilizado principalmente nas cadeias produtiva automobilísticas.

Conforme Venanzi e Silva (2010), atualmente, uma fábrica de automóveis pode ser resumidamente conceituada como uma organização que possui uma série de operações industriais, podendo produzir seus componentes ou comprá-los de terceiros, alimentando um processo de montagem, através da estocagem que podem ser agrupados, individuais ou em conjuntos, a uma estrutura central, que ao final, se transforma em um veículo.

Para Holweg (2008, apud Venanzi e Silva, 2010), as montadoras são os agentes de maior poder na cadeia de suprimentos e aderiram às práticas just-in-time11, possibilitando com isso, um aumento da eficiência e concomitância entre os elos da cadeia, as quais estão inseridas nos arranjos de condomínio industrial.

Os condomínios surgem como uma forte inclinação para o setor automobilístico, e segundo Dias e Salerno (1999, p. 2), com relação aos condomínios industriais:

Possuem características bastante particulares, que os diferenciam de distritos ou parques industriais. Oriundos da necessidade de maior integração logística e de algumas condições particulares do setor automotivo, como o fornecimento de subsistemas, a estrutura “piramidal” da cadeia de suprimentos e a concentração do poder de barganha nos níveis superiores da cadeia, isto é, montadoras e grandes

empresas de autopeças, ou mega suppliers12, os condomínios surgem

como uma tendência forte de organização industrial nesse setor, e podem tornar-se modelos para outras cadeias de produção, merecendo, portanto, atenção como objetos de estudo da Engenharia de Produção.

11

Conhecido também pela sigla JIT, tido como um dos pilares da produção enxuta, podendo ser traduzido por “no tempo exato”, e segundo Heckert (2007, apud Venanzi e Silva, 2010), para produzir JIT significa produzir e entregar a peça certa, na quantidade necessária, no momento correto e é preciso não gerar defeitos para o processo subseqüente.

12

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20 Conforme os mesmos autores, condomínio industrial é uma configuração que resulta da associação de vários conceitos, como desverticalização, concentração das montadoras em suas core competences, fornecimento em subconjuntos e just in time externo sequenciado.

Um dos fortes aliados e peças chaves para o sucesso de um condomínio industrial são os seus fornecedores, pois Dias e Salerno (1999) denomina condomínio industrial como a estrutura onde alguns fornecedores, os quais são escolhidos pela montadora, têm suas instalações próximas à planta da montadora, passam a fornecer componentes ou subconjuntos completos. Essa importância entre a relação cliente-fornecedor é percebida por Womack e Jones (1994, apud Vanelle e Salles, 2011, p. 239) “quando indicam que os princípios da produção enxuta devem ser aplicados na organização como um todo, compondo assim, uma empresa enxuta, na qual a integração entre os clientes e fornecedores seja bastante estreita”.

2.1.3 Distritos Industriais

Conforme a REDESIST13, o conceito de distrito industrial foi introduzido por Alfred Marshall em fins do século XIX. Deriva de um padrão de organização comum a Inglaterra do período, onde pequenas firmas especializadas na produção de produtos particulares aglomeravam-se em centros produtores. As características básicas de distritos industriais indicam, em vários casos: alto grau de especialização e forte divisão de trabalho, acesso à mão-de-obra qualificada, existência de informações entre os atores. Nesse sentido, a organização do distrito industrial pode possibilitar às empresas benefícios como ganhos de escala, reduzindo custos bem como gerando economias externas significativas.

De acordo com Keller (2008, p.34), “a aparente vitalidade dos distritos de firmas pequenas e médias na Itália levou a um considerável interesse acadêmico pelos distritos industriais”. Esse interesse aparece, particularmente, devido à atenção dada pelos pesquisadores italianos a este singular sistema de produção local e também devido à capacidade de aprofundar e desenvolver o conceito formulado por Alfred Marshall.

13

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21

Os distritos industriais têm tido muito sucesso em vários países, principalmente pelo fato de que as firmas localizadas neles estariam se

organizando em redes („networks‟) e desenvolvendo sistemas complexos

de integração - nos quais predominam, entre as firmas, vários esquemas de cooperação, solidariedade e coesão e a valorização do esforço coletivo. O resultado desses processos seria a materialização de uma eficiência coletiva, decorrente das externalidades geradas pela ação conjunta, propiciando uma maior competitividade das empresas, em comparação com firmas que atuam isoladamente no mercado. (GALVÃO, 2000, p. 8).

Para Becattini (1999, apud Zica et al., 2010), os distritos industriais podem ser compreendidos como formas de organização, tanto social quanto territorial, evidenciadas pela presença atuante de atores, pessoas físicas e jurídicas, inseridos em um contexto e espaço geográfico.

Distritos industriais são caracterizados pela competição e colaboração, e localização concentrada e atuação no mesmo setor. Referem-se a aglomerações de empresas, com elevado grau de especialização e interdependência horizontal ou vertical. No Brasil, frequentemente, utiliza-se a noção de distrito industrial para designar determinadas localidades ou regiões definidas par à instalação de empresas, muitas vezes contando com a condescendência de instigação do governo. (CASSIOLATO e LASTRES, 2003, apud JÁCOME, 2011).

Um distrito industrial pode ser definido também como um ambiente onde estão localizados uma comunidade de pessoas e um grupo de empresas de pequeno porte agindo mutuamente em um determinado contexto do território e da história. (BECATTINI, 1991, apud Casarotto Filho et al., 2006).

Porém, vale salientar que uma característica marcante do distrito industrial é a ausência de uma empresa líder na escolha da localização, ou seja, segundo Jácome (2011), a instalação de plantas é decidida por cada empresa, e quanto aos seus fornecedores, eles não necessariamente estão dentro de seu parque industrial e essa é a maior diferenciação entre distrito industrial e condomínio industrial.

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22 2.1.4 Cadeias de Suprimentos e de Valor

Para Slack et al. (2009), nenhuma operação existe de forma isolada, todas elas fazem parte de uma rede maior, que por sua vez é interligada a outras operações. Dentro desse contexto, os mesmos autores diz que uma perspectiva de rede de suprimento significa definir a operação no âmbito de todas as outras operações com as quais interage, que podem ser seus fornecedores ou seus clientes.

Conforme a descrição de “Rockford Consulting Group - RCG” (2001, apud Brustello e Salgado, 2006), cadeia de suprimentos é o processo que movimenta os bens, e esse movimento se dá desde o pedido do cliente, compra de matéria prima, atravessando da produção até a distribuição dos bens para os clientes.

Na cadeia de suprimentos, ou Supply Chain (SC), estão englobadas todas as etapas envolvidas de forma direta ou indireta, no atendimento da necessidade de um cliente. Relacionando, assim, fornecedores e clientes internos, de modo abrangente, buscando sempre um melhor valor global gerado. (CHOPRA, 2003, apud Aragão Jr., 2009).

Segundo Pires (2010), a cadeia de suprimentos não está restrita apenas a uma cadeia produtiva, podendo se abranger a várias cadeias e a conjuntos de atividades representantes de algum setor industrial, dependendo das características de seus produtos finais. Ela sempre envolverá todas as atividades associadas aos movimentos de bens, desde a matéria-prima até o receptor final.

Já a expressão cadeia de valor (value chain), de acordo com Pires (2010) é frequentemente utilizada no contexto da Supply Chain Management (SCM)14, algumas vezes genericamente e até mesmo confusa.

Antes da abordagem a respeito de cadeia de valor, faz-se necessário o conceito de valor, que segundo Porter (1985, apud Pires, 2010), refere-se àquilo que o cliente está disposto a pagar por determinada atividade, tarefa ou operação do processo de um produto. O mesmo autor em 1989, fala que a cadeia de valores de uma empresa e a

14

(23)

23 maneira como a mesma executa as atividades individuais refletem seu histórico a respeito de sua estratégia e da economia básica de suas atividades.

Segundo Womack e Jones (1998, apud Turati, 2007, p. 25), “o valor só pode ser definido pelo cliente final”, com isso, uma vez que o valor tenha sido especificado com precisão, a cadeia de valor de determinado produto tenha sido mapeada e as etapas que geram desperdício tenham sido eliminadas, o próximo passo é fazer com que as atividades que criam valor fluam naturalmente.

A cadeia de suprimentos também pode ser abordada levando em consideração conceitos de valor, como por exemplo, “sistemas de valores”. Porter (1985, apud Pires, 2010) corrobora com o conceito de “sistemas de valores”, os quais são entendidos como várias cadeias internas de valores sob a ótica de um fornecedor hipotético e suas ligações “corrente acima” e “corrente abaixo”, o que representa praticamente a mesma que hoje é usada para representar o conceito de cadeias de suprimentos.

Vale a ressalva de que a SCM muitas vezes é confundida com logística, desse modo, o Council of Logistics Management (CLM)15 (1998, apud Pires, 2010) diz que logística é a parte do SC responsável por implementar e controlar o real fluxo e estocagem de materiais desde o ponto de origem até o ponto de consumo, sempre objetivando a satisfação dos clientes.

Sendo assim, o Global Supply Chain Forum (GSCF)16 definiu a SCM como integração entre os processos negociais, desde o usuário final até os fornecedores de origem.

2.1.5 APL

O crescimento colossal da competitividade impôs às empresas uma nova forma de competição, a formação de arranjos produtivos surge como um novo método de obter vantagens competitivas. Segundo Balestrin e Verschoore (2008), arranjos produtivos (APs) compreendem-se como “estruturas intangíveis” nas quais as empresas interagem entre si e com atores locais procurando vantagens competitivas e soluções para

15

Uma tradicional entidade dos Estados Unidos, constituída de pessoas físicas, voltada às atividades logísticas e que também tem um grupo de filiados trabalhando na sua expansão no Brasil.

16

(24)

24 problemas similares, e seu estudo torna-se essencial para o funcionamento de todo o ciclo produtivo desde a obtenção da matéria-prima até o produto final.

Para a REDESIST, os arranjos produtivos são definidos como aglomerações territoriais de agentes econômicos, políticos e sociais com foco em um conjunto específico de atividades econômicas que apresentam algum tipo de vínculo mesmo que incipientes.

A visão de Santos e Guarneri (2000, p. 197) sobre arranjos produtivos é a seguinte:

Os arranjos são definidos como um fenômeno vinculado às economias de aglomeração, associadas à proximidade física das empresas fortemente ligadas entre si por fluxos de bens e serviços. A concentração geográfica permite ganhos mútuos e operações mais produtivas. Entre os aspectos que devem ser observados, destaca-se o papel de autoridades ou instituições locais para a organização e a coordenação das empresas, pois apenas um agrupamento de empresas não é suficiente para ganhos coletivos.

Trazendo para o âmbito local, a posição de destaque do APL nas discussões envolvendo desenvolvimento socioeconômico, segundo Amato Neto (2009), se dá pelas implicações da alta competição inter-regional, em particular para economias em desenvolvimento. Diante disso, para o mesmo autor, a formação de regionais e dos sistemas produtivos locais destaca-se em um contexto de reestruturação industrial e de desenvolvimento econômico recente de países desenvolvidos e em desenvolvimento.

Gonçalves e Alvim e Castro (2008; 2005, apud Rita et al., 2011) partilham da ideia de que um APL pode ser definido como o agrupamento de empresas localizadas em uma mesma região, que possuem especializações semelhantes, se relacionando, cooperando, aprendendo e isso com o apoio do governo, associações empresariais, instituições de crédito, ensino e pesquisa.

Segundo Porter (2009), os APLs assumem diversas formas, dependendo de sua complexidade, mas a maioria inclui empresas e produtos ou serviços finais, fornecedores, equipamentos e serviços, instituições financeiras e empresas de setores correspondentes.

(25)

25

Constituído por grandes aglomerações que tenham uma importante presença de pequenas e médias empresas, ou concentração produtiva em geral que concentram um grande volume de atividades criativas, ou quando a imagem regional é fundamental para a competitividade das empresas. Essas são as principais situações onde a localização oferece às firmas vantagens competitivas a nível setorial ou da cadeia que são decisivas e que se mantêm no tempo. APL só é um conceito novo e relevante quando isso ocorre.

Cassiolato e Lastres (2003 apud Jácome, 2011) definem o APL como aglomerações territoriais de agentes econômicos, políticos e sociais com foco em um conjunto específico de atividades econômicas, geralmente envolvendo a participação e interação de empresas e suas variadas formas de representação e associação.

Conforme Vecchia (2006), de forma mais ampla, um APL são arranjos com especificidade local que enfatizam as relações econômicas e técnicas entre diversos atores, incluindo diversas atividades em seu processo produtivo, e estas são interligadas e interagem entre si em um processo de aprendizagem tecnológica onde ocorrem inovações em novos produtos e novos processos. Vecchia (2006), além dessa definição generalizada, também traz um conceito concreto de APL sob a visão de Roelandt e Hertog (1999, apud Vecchhia, 2006, p. 34-35):

Arranjos produtivos locais relacionam um arranjo regionalmente localizado de empresas em diferentes âmbitos da cadeia produtiva com outros atores participantes do processo de aprendizagem inovativa: universidades, instituições de pesquisa, entidades de representação de interesses, prestadoras de serviços, governos locais, agências financiadoras, clientes, fornecedores e concorrentes.

Apesar de não se ter um conceito engessado de APL como cluster, as vantagens competitivas são pré-requisitos necessários para se caracterizar tanto um quanto outro.

Para que um APL se mantenha competitivo é necessário que suas vantagens competitivas se realimentem com seu próprio crescimento, de forma a manter algum diferencial competitivo com as aglomerações de menor participação em seus mercados e que estão sempre atentas a limitar produtos e processos bem sucedidos desenvolvidos no APL. (SEBRAE, 2005).

(26)

26 O que todos os conceitos sobre APL têm em comum é a de cooperação, e segundo Amato Neto (2009), os agentes econômicos buscam deliberadamente, por meio da cooperação e ações conjuntas, reforçar sua capacidade competitiva, compartilhando custos e riscos e estabelecendo serviços de caráter coletivo.

Um dos aspectos discutidos no que tange aos aglomerados produtivos são os ambientes de inovação. Para Amaral (2002), eles não constituem um conjunto estático, são lugares de processo de ajustamentos, de transformação e de evoluções permanentes. Assim, esses processos são acionados, de um lado, por uma lógica de interação e, de outro, por uma dinâmica de aprendizagem.

2.2 GOVERNANÇA

Slack et al. (2009) faz menção à gestão dos processos produtivos da seguinte maneira: a administração de operações é relevante para todas as funções dentro de uma organização e todos os gerentes podem aprender com os princípios, conceitos e técnicas. Para Corrêa e Corrêa (2009) a gestão de projetos pode influenciar no resultado da organização quando ajudam as equipes interfuncionais a trabalhar de forma mais racional, pois oferece uma estrutura eficiente, planejamento e gestão do trabalho no projeto, o que proporciona uma melhor utilização dos recursos.

A importância e o papel da gestão nas organizações também são abordados por Balestrin e Verschoore (2008), os quais dizem que as redes constituídas sem uma gestão adequada dificilmente atingem os objetivos pretendidos, pois a simples formação de uma rede não garante que os ganhos competitivos serão gerados. O mesmo autor fala que quando se trata de redes de cooperação, o modelo de gestão precisa estar bem alicerçado de modo a garantir a sobrevivência das empresas no mercado em que estão inseridas.

(27)

27 Suzigan et al. (2002) introduz em seu trabalho um conceito primário de governança, para os autores a questão da governança da atividade produtiva refere-se a relações de poder que ocorrem ao longo das cadeias de produção e distribuição de mercadorias.

Para Cassiolato e Lastres (2003, apud Neto, p. 29), governança é definida da seguinte maneira:

Governança diz respeito aos diferentes modos de coordenação, intervenção e participação, nos processos de decisão locais, dos

diferentes agentes – Estado, em seus vários níveis, empresas, cidadãos

e trabalhadores, organizações não governamentais etc.; e das diversas atividades que envolvem a organização dos fluxos de produção, assim como o processo de geração, disseminação e uso de conhecimentos.

De acordo com Balestrin e Verschoore (2008), não há como instituir um único padrão de governança que se aplique em todo tipo de rede, pois a cooperação entre essas empresas assume um padrão diferenciado, o qual depende dos objetivos correspondentes entre os participantes ativos.

Sendo assim, é evidente que a forma de governo dentro de uma empresa individual diferencia-se da forma como que se governa uma rede de cooperação, como é o caso do arranjo produtivo local. Levando para a questão de comprometimento

contratual17, segundo Balestrin e Verschoore (2008), a rede de cooperação tem seu contrato como uma plataforma inicial que irá selar os interesses comuns que legitimam a ideia de rede estabelecida, não possuindo um padrão rígido de contratualização como nas empresas tradicionais.

Nesse contexto de diferenciação entre a governança das redes de cooperação e das empresas individuais, o desempenho do papel dos gestores é fundamental. Como frisa Gertein (1992), ao contrário da desconfiança e do senso de propriedade e autoridade soberanas nas empresas tradicionais, os valores que regem uma rede de cooperação estão alicerçados no compartilhamento e na colaboração.

De acordo com Snow e Thomas (1993), os gestores das redes de cooperação possuem três características distintas. Na primeira, apresenta-se como arquiteto da cooperação, atuando na formação da rede e gerando uma corrente de confiança entre os interessados. Na segunda, o gestor vem como operador, coordenando a rede para que o

17

(28)

28 processo operacional flua eficientemente. E a terceira característica do gestor é a de mediador da rede, promovendo a cooperação, mediando conflitos.

Conforme Amato Neto (2009), a governança está dentro dos principais aspectos que servem para analisar a atuação de uma determinada aglomeração produtiva. Assim, é válida a averiguação do principal agente de governança que predomina em uma aglomeração de empresas que produzem determinados produtos.

Quanto às formas de integração dentro de uma rede de cooperação, destacam-se duas vertentes que merecem uma abordagem mais específica: a integração vertical18 e a integração horizontal19, as quais possuem vantagens e desvantagens, que devem ser levadas em consideração antes de sua implantação dentro do contexto dos custos de transação20.

2.3 CADEIA PRODUTIVA

Um conceito de cadeia produtiva conhecido e subtendido pela maioria dos pensamentos dentro de um contexto de processo produtivo é de ser o conjunto de todas as atividades englobadas em um processo produtivo, seja de bens ou seviços, abrangendo desde a aquisição de insumos à entrega do produto final. Silva et al. (2008, p. 2) diz que “são variadas as definições de cadeia produtiva, mas todas culminam na questão do desenvolvimento e da interação de um processo que vai desde a matéria-prima até sua transformação em produtos acabados”.

Pode-se conferir essa linha de raciocínio também por Haguenauer, (2001; Selmani, 1992, apud Aragão Jr., 2001), “o conceito de cadeia produtiva faz referência

18 A Integração Vertical consiste na execução de várias funções da cadeia organizacional sob a égide de uma só empresa”, é o que explana Freire (2003, apud Dias e Paiva, 2009, p. 4).

19

A integração horizontal é um processo que vem sendo desenvolvido a partir da necessidade de as grandes empresas procurarem se livrar dos custos de produção e de gestão – ou de burocratização – e, ao mesmo tempo, de suas competências não essenciais. Essas empresas têm recorrido à terceirização de determinadas funções, hoje desempenhadas por pequenas empresas que, muitas vezes, são formadas por ex-membros de seus quadros.

20

(29)

29 inclusive um bem ou serviço é traduzido por uma seqüência de diversas atividades executadas pelos atores envolvidos, sejam estas de mercado, tecnologia ou de capital”.

De acordo com Farina e Zylbersztajn (1992, apud Corrêa e Silva, 2006, p. 2), descreve a cadeia produtiva como sendo “à sucessão de estágios de transformação porque passa a matéria-prima, constituindo-se num espaço unificado de geração e apropriação do lucro e da acumulação”.

Rech (2006, apud Brito e Leite, 2008, p. 3), define cadeia produtiva como “uma seqüência de atividades empresariais, conduzindo uma sucessiva transformação de bens, do estado bruto ao acabado ou designado ao consumo”. Essa forma conceitual também é de certa forma, abordada por Batalha (2001, apud Brito e Leite, 2008, p. 3), o qual fala que cadeia produtiva é:

Uma sucessão de operações de transformações dissociáveis, capazes de ser separadas e ligadas entre si por um encadeamento técnico e também um conjunto de relações comerciais e financeiras que estabelecem entre os estados de transformação um fluxo de troca situado de montante à jusante, entre fornecedores e clientes.

Segundo Prochnik et al. (2001, p. 2), “cadeia produtiva é um conjunto de etapas consecutivas pelas quais passam e vão sendo transformados e transferidos os diversos insumos, e esta definição abrangente permite incorporar diversas formas de cadeias”. Guimarães (2005, apud Jácome, 2001) traz um conceito similar, o qual diz que cadeia produtiva é um conjunto de atividades econômicas que se articulam progressivamente, desde o início do processo, isto é, composição do produto, até sua elaboração final que se materializa no consumo, incluindo um processo que parte das matérias primas, utilização do maquinário, pela incorporação de produtos intermediários até o produto final que é distribuído por uma vasta rede de comercialização.

Morvan (1995, apud Zylbersztajn e Neves, 2005, p. 5) traz em sua obra um conceito ainda mais descritivo de cadeia produtiva:

Cadeia (filiére) é uma sequência de operações que conduzem à

(30)

30 A cadeia de produção geralmente se dá através de 3 etapas principais, as quais são mostradas no Quadro 1:

Quadro 2– Principais etapas de uma cadeia produtiva

Principais etapas de uma cadeia produtiva

Etapas Procedimentos Principais Atuantes

Recebimento de matéria-prima

Adquirir os insumos necessários ao

processo de fabricação Fornecedores

Fabricação do produto

Onde se dá a transformação dos insumos em produto final

Máquinas e mão-de-obra

Entrega do produto ao consumidor

Fazer com que o consumidor final receba o produto acabado

Forma de transportes Fonte: Autoria própria

Vale salientar que em todas as etapas é importante uma gestão focada na produtividade do processo, de modo a:

 Manter fornecedores confiáveis que forneçam matéria-prima de alta qualidade e a preços compatíveis;

 Integrar a matéria-prima, maquinário e mão-de-obra modo que mantenha o seu processo com menor tempo de lead time possível, evitando desperdícios e aumentando a efetividade da produção;

 Ter uma logística confiável de modo à entregar o produto certo, na hora certa e no lugar certo para o consumidor, para garantir a satisfação do mesmo.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA

(31)

31 empresários responsáveis por cada empresa. Com isso, os dados foram recolhidos, e analisados.

3.2 ÁREA GEOGRÁFICA DE ESTUDO

O estudo de caso se deu na cidade de Frecheirinha, Segundo o Instituto de Pesquisas Econômicas do Estado do Ceará (IPECE), fica situada por volta de 284 km de Fortaleza, capital do Ceará, às margens da BR 222, e limita-se ao Norte com o município de Coreaú, ao Sul com Ubajara, a Leste com Coreaú e a Oeste com Tianguá.

Localizada na região noroeste do Ceará, a cidade de Frecheirinha possui clima tropical quente e tropical quente brando, sua temperatura varia de 26° a 28 com pluviosidade de 1.139,2 mm por ano. Frecheirinha altitude de 121,05 m, latitude 3º 45‟ 36‟‟S e longitude 40º 48‟ 59‟‟W Gr e uma área de 181,24 km², correspondentes a 0.14% do território cearense. Quanto à população, estimada no ano de 2009, tal município tem aproximadamente 13.537 habitantes, e como densidade demográfica, no ano de 2010, possui 71,68 habitantes por km².

O site da Prefeitura Municipal de Frecheirinha revela que a principal atividade econômica era representada pela agricultura de subsistência, com a cultura de feijão, milho, arroz e mandioca, além de monoculturas de algodão, cana-de-açúcar e castanha de caju, e isso perdurou por muito tempo. Porém, atualmente, a produção industrial representa a principal fonte de renda e ocupação na cidade, sobretudo da mão-de-obra feminina.

Frecheirinha se destaca como um importante pólo produtor de lingerie de excelente qualidade, exportada para os mais diversos mercados consumidores nacionais e internacionais. São aproximadamente 13 empresas que geram cerca de 1.300 empregos diretos e cerca de 200 indiretos.

(32)

32 Fonte: IPECE, 2011

3.3.1 Métodos de Análise

(33)

33 identificar os fatores que determinam ou colaboram para ocorrência de certos fenômenos.

Pode-se classificar o método de pesquisa adotado pelo referente trabalho como dedutivo, que segundo Santos (2008), o pesquisador estabelece relações com uma proporção particular, partindo de princípios tomados como verdadeiros e inquestionáveis para chegar à verdade do que se propõe.

Utilizando esses conceitos, no trabalho faz-se uso das informações tabuladas como instrumento de resposta ao objeto de estudo da pesquisa proposta.

3.3.2 Técnicas de Pesquisa

3.3.2.1 Pesquisa Bibliográfica

Segundo Gil (2002), a pesquisa bibliográfica se dá pelo desenvolvimento a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Desta forma, os livros, artigos, dissertações e anais de congressos consultados abordam conteúdo sobre APL, governança e cadeia produtiva.

3.3.2.2 Pesquisa de Campo

Foi realizada uma pesquisa de campo no município de Frecheirinha –CE finalizando analisar o modo como se dá a gestão cadeia produtiva das organizações inseridas no arranjo produtivo de moda íntima. Pôde-se reconhecer as peculiaridades que a governança tem em um APL, e perceber como se desenvolve a interação entre os gestores e os funcionários das fábricas do arranjo.

3.3.2.3 População e Amostra

O arranjo produtivo de Frecheirinha conta com a presença de 13 empresas, variando entre micro e grande porte de acordo com suas estruturas. Porém, o estudo limitou-se a 9 empresas, pois as outras, além de não serem associadas a ASCOF21, as micro empresas possuem menos de 20 funcionários em sua estrutura organizacional, o

21

(34)

34 que dificulta a caracterização das funções e o delineamento do processo de gestão e produção.

3.3.2.4 Instrumento de Coleta

A coleta de dados se deu através de entrevistas e aplicações de questionários adaptado da REDESIST. O questionário foi empregado de forma a obter o máximo de informações possível a respeito dos pontos abordados. O questionário utilizado foi desenvolvido a partir da elaboração de alguns questionamentos pertinentes ao campo de estudo somados a algumas questões do questionário elaborado pela REDESIST, abordando questões referentes à governança e cadeia produtiva das empresas, correspondendo às necessidades dos objetivos específicos. Vale a ressalva de que a observação durante as visitas foi característica fundamental para a categorização das respostas do questionário.

(35)

35 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1.1 Processo Produtivo de lingerie

Antes de uma abordagem caracterizando as empresas inseridas no arranjo, é importante conhecer o processo produtivo de lingerie, e vale ressaltar que o modo como se dá a produção é similar para todas as 9 fábricas visitadas. O fluxograma apresentado na Figura 4 representa graficamente como se dá tal produção.

Figura 2 – Fluxograma do Processo Produtivo

Fonte: Autoria própria

A etapa 1 consiste na criação do produto, na qual as peças são elaboradas. Depois de aprovadas, as peças piloto são enviadas ao Planejamento e Controle da Produção (etapa 2), onde serão planejados a quantidade de material necessário para a confecção da peça, enviando uma ordem de materiais para o almoxarifado. No almoxarifado (etapa 3) separam todo o material necessário, o qual fica separado esperando (etapa 4) para ser enviando à produção propriamente dita. Primeiramente faz-se o processo de corte do tecido (etapa 5), posteriormente o material cortado, faz-segue para o setor de serigrafia (etapa 7), mas só se o mesmo precisar de ser pintado (etapa 6 - A), pois se não precisar dos serviços de serigrafia o material (etapa 6 – B) segue direto para a costura (etapa 8). Depois de costurados, as peças vão para o Departamento de Produtos acabados (etapa 11), onde a lingerie será inspecionada, a fim de verificar se há

1 2 3 4

5 7

Operação Operação Arquivo/Estoque Espera

Operação Operação

Controle/Inspeção Operação

Transporte 2

6

Decisão 8

B 11

12

A

(36)

36 algum defeito. Se a peça estiver perfeita e dentro dos padrões estabelecidos segue para a entrega (etapa 12), se forem encontradas imperfeições, a peça volta ao seu processo no qual se achou o defeito.

4.1.2 Identificação das Empresas

Quanto ao tamanho da empresa, podemos caracterizá-las como micro, pequena, média ou grande, conforme o número de seus funcionários. Como já dito anteriormente, as micro empresas, contendo menos de 20 funcionários, não foram consultadas devido à falta de definição em sua estrutura e não serem associadas à ASCOF. Tal associação tem a finalidade de fortalecer a interação entre as empresas imersas no arranjo e firmar o APL como referência no Brasil, atraindo consumidores de todo o país. Porém, a partir das visitas às organizações, percebeu-se a fragilidade dessas relações de cooperação, devido ao egoísmo ainda presente, pois algumas empresas só buscam cooperação quando é conveniente, mostrando com isso certo oportunismo.

Referindo-se às empresas do APL consultadas, as de pequeno porte representam 67% das empresas consultadas, 22% são de médio porte e 11% são empresas de grande porte dentro do arranjo. Tais dados são revelados conforme mostra o Tabela 1. A interpretação desses números pode adiantar que o APL de moda íntima de Frecheirinha tem o processo decisório de cada empresa centralizada em uma pessoa só, características de empresas de pequeno porte.

Tabela 2 – Identificação quanto ao tamanho da empresa

Tamanho Quantidade (%)

Micro 0 0

Pequena 6 67

Média 2 22

Grande 1 11

Total 9 100

(37)

37 4.1.3 Mercado de Atuação

Foi perguntado a respeito das principais formas de mercado em que cada empresa do APL atua e a importância para o faturamento (Gráfico 1). Esmeralda tem 75% do seu faturamento vindo das vendas para os magazines, 15% vem das lojas e os outros 10% são através dos representantes. O faturamento da Opala também chega a ser 75% do total e os outros 25% das lojas locais. Topázio é a empresa que mais trabalha com esse tipo de mercado, pois sua receita chega a ser 80%, sendo os outros 20% dividido entre as lojas e os representantes. A Brilhante tem a maioria de seu faturamento advindo de sacoleiras, representando 75%, 15% são das lojas e 10% são dos representantes. A Rubi tem 50% de seu faturamento vindo das lojas, 20% dos representantes e 30% das sacoleiras. Quartzo só trabalha com lojas e sacoleiras, tendo 40% e 60% da sua receita vêm de lojas e sacoleiras, respectivamente. Safira também trabalha somente com essa duas formas de mercado, sendo 70% do faturamento vindo das lojas e 30% de representantes. Turquesa trabalha principalmente com lojas, representando 75%, e com sacoleiras, representando 15%. Ametista tem 40% da receita das lojas e 60% das sacoleiras. Vê-se que, apesar de fazerem parte de um arranjo, as empresas não têm seu faturamento advindo de um mesmo mercado de atuação e seus clientes principais variam, desde sacoleiras a magazines.

Gráfico 1 – Principais formas de mercado e a percentagem de seu faturamento para a empresa

(38)

38 Através da tabulação dos dados anteriores podemos saber a percentagem das empresas que mais trabalham com determinada forma de mercado, conforme o Gráfico 2. Foi constatado que 34% das empresas têm sua maior parte da receita vinda das vendas para magazines, 33% delas têm seu faturamento advindo de sacoleiras, 33% de lojas locais e nenhuma das empresas possuem seu faturamento principal utilizando representantes de suas marcas.

Gráfico 2 – Principais formas de mercado e a percentagem de seu faturamento para a empresa

Fonte: Dados da Pesquisa de Campo

Em relação à localização do principal mercado das empresas, após tabulação dos dados (Gráfico 3), foi constatado que 44% das empresas têm como principal mercado a própria cidade, 22% possuem o mercado regional como principal fonte de receita, e por fim, 34% das empresas do APL tem mercado com abrangência nacional. Vale salientar que as empresas que possuem todo país como mercado principal são as mesmas que têm como forma de mercado principal os magazines, já que essas empresas do APL produzem para grandes redes de lojas distribuídas em todo Brasil.

(39)

39 Fonte: Dados da Pesquisa de Campo

Os empresários foram indagados quanto às principais regiões do país em que são distribuídos seus produtos, e a sua respectiva importância para o faturamento da empresa (Gráfico 4). Percebeu-se que 50% da amostra têm seus produtos distribuídos no Nordeste, comprovando os dados do Gráfico 10, o qual mostra que 66% do mercado situam-se na cidade ou região. A região Norte distribui os produtos de 35% das empresas, 10% são distribuídos no Cetro Sul do país e 5% na região Sul. Já na região Oeste não são distribuídos nenhum produto do APL.

Gráfico 4 – Principais regiões do país em que são distribuídos seus produtos, e a sua respectiva importância para o faturamento da empresa

(40)

40 4.2 CADEIA DE PRODUÇÃO DO APL DE FRECHEIRINHA - CE

4.2.1 Escoamento da Produção

Para um melhor entendimento de como se dá escoamento da produção de lingerie do arranjo, procurou-se conhecer a relação com os fornecedores de matéria-prima, procurando saber onde estão localizados, como está descrito na Tabela 2. Verificou-se que as empresas têm fornecedores distribuídos por todo o país, porém, a maioria, tanto principais quanto secundários, está localizada em Fortaleza, com 50% das empresas, 20% delas possuem seus fornecedores em Sobral, 14% em Joinville, 10% em São Paulo, 3% no Rio de Janeiro e 3% mantêm fornecedores em Frecheirinha.

Nota-se que, apesar de Sobral ser uma cidade mais próxima do APL do que Fortaleza, a maioria das empresas opta por ter seus fornecedores principais na capital do estado, isso se deve à relação de confiança que os empresários têm com tais fornecedores, a variedade de material e à praticidade quanto ao transporte, pois as empresas se juntam para comprar os insumos no mesmo local, porém, apesar de fazerem parte de um APL, isso ocorre ocasionalmente. Já com relação à mínima porcentagem aos fornecedores da própria cidade, isso acontece devido à carência de lojas de aviamento na cidade, pois só há duas lojas e uma delas pertence ao mesmo dono de uma das empresas do APL.

Tabela 2 – Principais fornecedores do APL

Fornecedor Porcentagem

Lojas de Aviamentos Locais 3 Lojas de Aviamentos em Sobral 20 Lojas de Aviamentos em Fortaleza 50 Lojas de Aviamentos em Joinville 14 Lojas de Aviamento em São Paulo 10

Lojas de Aviamento no Rio de

Janeiro 3

Total 100

(41)

41 Dando continuidade a essa relação entre a empresa e seus fornecedores, foi perguntado aos empresários sobre as principais formas de escoamento da produção (Gráfico 5). Percebeu-se que somente 11% das empresas possui sua própria frota, 11% utilizam ônibus, 56% preferem transportadoras especializadas e 22% utilizam os correios. O fato de a maioria utilizar as transportadoras especializadas se deve à comodidade, confiança e principalmente, rapidez no transporte do produto.

Gráfico 5 – Principais canais de escoamento da produção

Fonte: Dados da Pesquisa de Campo

Quanto às transportadoras, as mais utilizadas são as que se localizam em Sobral, com 45% das empresas que se valem desse serviço, seguido de 40% das transportadoras que se localizam em Fortaleza e 15% em outros estados, como São Paulo e Rio de Janeiro. Apesar de Tianguá ser a cidade mais próxima e possuir transportadoras, os empresários preferem as outras por uma questão de confiança e conhecimento do serviço prestado, preferindo pagar um pouco mais caro, porém garantindo o recebimento do pedido na data e com a qualidade acordada. Os dados foram tabulados na Tabela 3.

Tabela 3 – Localidade das transportadoras

Localidade Porcentagem

(%)

(42)

42

Sobral 45

Fortaleza 40

Tianguá 0

Outros Estados 15

Fonte: Dados da Pesquisa de Campo

4.3.1 Custos de Entrega

Em relação a custos de entrega dos produtos ao longo da cadeia produtiva, os empresários foram indagados a respeito dos custos de transporte da entrega dos insumos (Gráfico 6), a maioria das empresas que contratam o serviço, ou seja, a empresa cliente se responsabiliza pelo custo do transporte, perfazendo 70% da amostra, pois, em geral, esse gasto vem incluso no frente. Somente 30% das empresas não têm custo com transportação de suas mercadorias, pois tal gasto é de responsabilidade dos fornecedores. E nenhuma as empresas consultadas rateiam esse custo com os fornecedores.

Gráfico 6 – Custos de transporte da entrega dos insumos

Fonte: Dados da Pesquisa de Campo

(43)

43 da matéria-prima e entrega do produto final, variando conforme o acordo estabelecido entre as duas partes do contrato.

Gráfico 7 – Custos de transporte da entrega dos produtos

Fonte: Dados da Pesquisa de Campo

Em relação às principais transações comerciais que as empresas do APL realizam localmente e seu respectivo grau de importância, a aquisição de produtos e matéria-prima e a venda de produto têm alto grau de importância para 100% das empresas, a aquisição de peças tem baixa relevância também para 100% das empresas. Quanto à aquisição de equipamentos, 56% da amostra consideraram essa transação de baixo grau de importância, 22% médio grau e 22% das empresas consideram essa transação altamente relevante para o processo. Por fim, a aquisição de serviços como manutenção e marketing, a maioria das empresas dizem ter baixa importância em seu processamento, com 67%, os outros 33% referem-se às empresas que consideram como de média importância tal atividade. Os dados podem ser visualizados pela Tabela 4.

Tabela 4 – Principais transações comerciais locais

Tipos de transação Grau de importância (%) nulo baixo médio Alto Aquisição de insumos e matéria

prima 0 0 0 100

Aquisição de equipamentos 0 56 22 22

Imagem

Figura 2 – Fluxograma do Processo Produtivo
Tabela 2 – Identificação quanto ao tamanho da empresa  Tamanho  Quantidade  (%)  Micro  0  0  Pequena  6  67  Média  2  22  Grande  1  11  Total  9  100
Gráfico 1 – Principais formas de mercado e a percentagem de seu faturamento para a  empresa
Gráfico 2 – Principais formas de mercado e a percentagem de seu faturamento para a  empresa
+6

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