• Nenhum resultado encontrado

NOTAS SÔBRE O QUIMISMO DAS FORMAÇÕES ERUPTiVAS DA ILHA DE SÃO-TOMÉ. POR

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "NOTAS SÔBRE O QUIMISMO DAS FORMAÇÕES ERUPTiVAS DA ILHA DE SÃO-TOMÉ. POR"

Copied!
8
0
0

Texto

(1)

ERUPTiVAS DA ILHA DE SÃO-TOMÉ .

POR

J. M. COTELO NEIVA

1.0 ASSISTENTE DA FACULDADE DE CIÊNCIAS DO PÔRTO

Bem poucos são ainda os conhecimentos petroquimicos acêrca das roçhas eruptivas da Ilha de São-Tomé, mas os que conseguimos coligir já nos permitem fazer certo número de considerações sôbre o quimismo daquelas rochas.

Para não estarmos a enumerar os afloramentos de rochas eruptivas que se encontram na Ilha de São-Tomé e que foram estudados até agora, ou simplesmente assinalados, indicamo-los numa carta daquela ilha (fig. 1). Elaborámos êsse esbôço ser- vindo-nos da bibliografia referenciada no final dêste artigo e da apontada nos trabalhos indicados, após cuidada selecção dos dados.

Por êsse esbôço geológico-petrográfico, que só atinge regiões limitadas da Ilha de· São-Tomé, supomos que, nesta ilha, devem predominar os basaltos, sendo abundantes os ande- sitos e encontrando-se, com certa freqüência, fonolitos e tra- quitos e, raramente, diábases.

A ordem pela qual se teriam efectuado as extrusões vulcânicas seria: primeiro os basaltos, depois os basaltos fono- litóides, os andesitos fonoIíticos e os traqui-basaltos, a seguir os fonolitos e, finalmente, os traquitos.

*

Somente conseguimos coligir quatro análises qUímicas de rochas eruptivas da Ilha de São-Tomé.

Três das rochas analisadas afloram no Monte Café· e

I

outra constitui a agulha vulcânica do Cão Grande.

(2)

Antes de expormos ·certo número de considerações sôbre o quimismo destas rochas, estudadas do ponto de vista petro-

o

Ilheu das Rejas

flor.ra do Crlizeiro

E:t

l/leu dos. Cohas

Escala

,=-L--~~"",,====,,-~"" I

r - - - ,

A -Ondesifos 8 -Basaltos O-Dióbases F- Fonoldos T - Ilaquitos

I

Fig. 1 - Alguns afloramentos eruptivos da Ilha de São-Tomé.

gráfico por" Boese e pelo Prof. Ferraz de Carvalho, apresen-

tamos, resumidamente, as suas caràcterísticas.

(3)

A agulha do Cão Grande é de natureza fonolftica. É um fonolito nefelínico, compacto, cinzento-esverdeado. Tem textura porffrica, com base microliUca hialópilítica. Os fenocristais são de sanidina, aegirina-augite, horneblenda e sodalite; os micrólitos são de sanidina, aegirina e nefelina, pcorrendo também hematite.

A rocha indicada por Boese como traquito sodalitico com augite aegirinica aproxima-se muito de um fonolito com hauina. Tem textura porfirica com base tra'quítica. Os

fenQ~

cristais são. de oligoclase e de augite, e é rara a hauíni:

qs 'micrólitos são de ortose ou de anortose e albite, Com inclusões de sodalite e ,de nefelina parcialmente alterada para analcima, e de augi te, e, acessoriamente, ocorrem esfena, magne- tite e oligisto.

Boese classificou como traquidolerito uma rocha, que aflora no Monte Café. Pela descrição corresponde antes a um

;indesito horneblêndico, mas, pela análise química, M.ma Jérémine classifica esta rocha como basanitóide vizinho da ankaramite.

Apresenta textura porfírica, com fenocristais de augite" de horneblenda . e alguns de plagioclase e, raramente, de olivina;

numa base pilotáxica: de andesina, augite, magnetite, apatite., e algum vidro.

O basalto, colhido num rápido çlo Monte Café, é compacto

j

de textura pilotáxica. Sob o ponto de vista mineralógico, a moda permite reconhecer que a magnetite predomina sôbre o labrador, e êste sôbre a augite, que é mais abundante que a olivina; o vidro encontra-se em relativa quantidade.

No quadro I reünimos as quatro análises que conseguimos coligir, não as apontando com

~rês

e quatro casas decimais como foram publicadªs, mas somente com duas, visto as res- tantes nada significarem perante o êrro analítico possivel.

, Os números de Niggli destas rochas, que calculám,os,

reünimo.-Ios no quadro II, dando-lhe. a numeração das rochas

respectivas do quadro I.

(4)

-

QUADRO I

Análises de rochas da Ilha de São-Tomé:

2 3

4

Si O. 44,96 46,76 55,61 60,34

Ti O, . 1,94 2,05 0,33 0,62

Os AIs. 18,06 14,80 19,58 20,69

0

8

fe, . 4,04 8,71 1,48· 1,53

Ofe 7,82 8,32 1.80 1,15

OMn. 0,26 0,34 0,11

OCa 8,99 9,46 2,05 1,97

OMg. . 5,58 1,70 0,07 0,38

O K, 2,54 2,48 5,02 3,94

ONal' 4,56 2,75 9,45 8,15

O,lZr 0,85

P,06 0,62 0,63 0,13

S 0

8

· 0,35 0,04

Cl · 0,21

S . · -0,16

OH

2

+ . 0,13 0,19 3,31

O H

ll- .

0,60 1,45 0,44 1.38

100,10 99,99 100,64 100,15

I. - Traquidolerito do Monte Café. Análise de Lindner.

2. - Basalto do Monte Café. Análise de Lindner.

3. - fonolito nefelfnico do Cão Grande. Análise de

J. f.· Cavaco.

4. - Traquito aegirfnico do Monte Café. Análise de

Lindner.

(5)

QUADRO II

N" úmeros de Niggli cOI.°respondentes às análises

do quadro.l:

2 3 4

si 101 118 192,5 221,5

ai 24 22 40 44,5

fm 41 41 9,5 9,5

c 21,5 26 8 8

alk . 13,5 11 42,5 38

k • 0,26 0,37 0,26 0,24

mg. 0,46 0,16 0,04 0,23

ti 3,24 3,95 0,83 1,76

P 0,54 0,61 0,21

c 0,52 0,63 0,84 0,84

fm

Ls 1,01 0,75 1,24 1,09

Fs . 0,51 0,47 0,12 0,05

Qs -0,52 -0,22 -0,36 -0,14

qz . -53 -26 -70 -30,5

2 alk

0,72 0,67 1,03 . 0,92 ai + alk

Vejamos o quimismo destas formações eruptivas.

No magma teralithgabróide filiamos o traquidolerito do

Monte Café, de quimismo caracteristicamente alcalino-sódico:

(6)

o que também se pode reconhecer pelas projecções efectuada nos diagramas k-mg (fig. 2) e Ls-Fs-Qs (fig. 3).

De quimismo garantida mente alcalino-sódico é o basaltl que aflora no Monte Café. Filia-se no magma teraIftico di Niggli :

si ai 1m alk k c

c mg

-

q,

1m

Basalto }

118 22 41 26 11 0,37 0,16 0,63 -21

do Monte Café Magma teralí- }

tico de Niggli

100 19 42 23 17 0,25 0,48 0,55 -6:

/'fg'rlYa'--r---,---.---,--'I(..:....~rNc::...a -.---r-,----,--,I( Ng O

que é corroborado pelo diagramas k-mg (fig. 2) , Ls-Fs-Qs (fig. 3). O valo de mg é relativa menti baixo, mas está aind:

o.<

f---f--I-+----t---+--+--+---t---t----i

1 dentro dos limites de va

mg

f---f-+1=-.+---+----+--+--+---t---t----i ff:~1'fg riação para êste tipo mag

0,4

f--+--I-+---+----+--+--+---t---t----i

mático. Mostra nítida:

afinidades' para o magm:

teraÜthgabróide, mas, en relação a êste magma,

I

l'é

\;;:7"fa:--'--::':o::-·~--:o.:';-. --!-k_-::':OIi~~O~.'----'---;;K,re valor de k é alto de mai e o de mg é muito baixo ultrapassando os limite de variação.

Fig. 2 - Diagrama k-mg de rochas da TIha de São-Tomé.

O fonolito nefelínico do Cão Grande cai, sem dúvida, pele seu quimismo, no magma normalfoiaftico de Niggli:

si ai 1m alk k c

c mg

1m q;

Fonolito nefe- \

línico do Cão

J 192,5 40 9,5 8 42,5 0,26 0,04 0,84 -71

Grande Magma nor- \

malfoiaítico

J 190 42 12 5 41 0,28 0,20 0,42 -7·

de Niggli

(7)

É uma rocha de quimismo alcalino-sódico, o que é corro- borado pelos diagramas k-mg (fig. 2) e Ls-Fs-Qs (fig. 3).

Também no magma normalfoiaitico se filia o traquito aegirínico que aflora no Monte Café:

si ai

Traquito aegi- }

rinico do

221,5 44,5

Monte Café Magma nor- malroiaftico

de Niggli

\

~ 190 42

.}

/ ,

1\

T3 ".1 :1.2

. 7.4 02.

2.2 2.4 2.6 2,"

.5

::> o q2

,6

1m

9,5

12

·q6

aik k c

c mg

1m

8 38 "0,24 0,23 0,84

5 41 0,28 0,20 0,20

-!

-~2 -t4

-~ti

-u

Fig. 3 -Projecçào Ls-Fs-Qs de rochas da Ilha de Sào-Tomé.

qz -30,5

-74

Pelos diagramas k-mg (fig. 2) e Ls-Fs-Qs (fig. 3) reconhe- ce-se, também, que o seu quimismo é alcalino-sódico.

O traquidolerito e o basalto do Monte Café aproximam-se pelo seu quimismo, podendo pertencer ao mesmo grupo geo- químico.

A projecção Ls-Fs-Qs (fig. 3) mostra que as rochas erup-

tivas da Ilha de São-Tomé caem no triângulo i o n, lugar dos

magmas das séries alcalinas.

(8)

o diagrama k-mg (fig. 2) permite verificar o caráctel alcalino-sódico desta província.

O diagrama de diferenciação al-fm-c-alk (fig. 4), em funçãe 'M.""

.d. ' ....

,!t.... de si, é típico da

I

sérh

Traquidohr1h

.. "M",

;>_~

...

<~c:'ic_<~~:"

alcalino-sódica. O ponte

lO

=;~:~~:_;~~:. _._ ~t~!!ltii~~. é de característic~

zoo aso

Fig. 4 - Diagrama de diferenciação al-fm- . -c-alk de rochas da Ilha de São-Tomé.

As rochas

eruptiva~

da Ilha de São-Tomé são portanto, de quimisme alcalino-sódico. Formam uma província petrográfica de tipe atlântico.

Cremos que as formações eruptivas da Ilha de São-

Tom~

resultaram da diferenciação de um magma básico fundamental, de natureza basáltica. Supomos que a diferenciação magmática tenha sido controlada, em especial, pela cristalização fraccionada,

P6rto, Janeiro de 1945.

BI B L I O O R A F IA

BOESE

(W.) -

Petrographische Untersuchungen an jungvulkanischen Ergus- sgesteinen von SOo-Tomé und Fernando Poo. «Neu Jahr F. Min.

GeoI. und PaI.

D,

B. B. XXXIV, Stuttgart, 1912, págs. 253 a 320.

CARVALHO (A. FERRAZ DE)-As rochas da Ilha de São-Tomé • • Memórias e Notícias», n.O 1. Coimbra, 1921, págs. 9 a 24.

CAVACO (JOÃO F.) - Análise química da rocha do COo Grande da Ilha de São- Tomé. «Memórias e Notícias

D,

n.O 1. Coimbra, 1921, págs. 24 e 25.

NIGGLI (PAUL) - Gesteins-und Mineralprovinzen. Berlin, 1923 .

PEREIRA (JUDITE S.) - Subsidias geológicos e petrográficos para o conheci- .

mento da Ilha de São-Tomé. BoI. da Soe. Geo1. de Portugal,vol. III,

fase. III, Pôrto, 1944, págs. 125 a 144.

Referências

Documentos relacionados

dois blocos de granito que formam o teto do abrigo e de utensílios de cozinha antigos. Foto 15 – Entrada da Caverna do Rei II. Foto: Nair Fernanda Mochiutti. Foto 16 – Primeiro

O ensino profissionalizante quase não existia, apenas esteve disponível no Centro Politécnico para uma franja reduzido de alunos (40 alunos de 3 em 3 anos), ao nível da

Com relação às comunidades de Malanza e Sundy, que situam-se respectivamente nas zonas tampão do Parque Natural Obô de São Tomé e do Parque Natural de

Por forma a construir a nova carta em WGS84, conforme recomendação da OHI, foi necessário avaliar a metodologia adequada para utilizar a cartografia existente, integrando-a com

Assim, estabeleceram-se no País, em Março de 1993, o Banco Internacional de São Tomé e Príncipe, vocacionado para operações comerciais, cujos accionistas são

O mais antigo estudo das formações da ilha de São-Tomé, de que temos conhecimento, foi realizado por Springer (1), que considera esta parcela do nosso Império Colonial como um

Ainda da lavra de Aristóteles aceitamos a distinção entre aquilo que é demonstrável (satisfaz uma lógica rígida) e o que é arguível (desobrigada de ser

- Dissertação de mestrado em Desenvolvimento Social e Económico em África: Análise e Gestão, Departamento de Ciência Política e Políticas Públicas, Instituto Superior