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Infografia jornalistica um estudo sobre a aplicabilidade do modelo tipológico proposto por tattiane teixeira atraves do jornal correio e folha de são paulo

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE COMUNICAÇÃO

CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - HABILITAÇÃO EM JORNALISMO

THAÍS SANTOS DE JESUS

INFOGRAFIA JORNALÍSTICA: UM ESTUDO SOBRE A APLICABILIDADE DO

MODELO TIPOLÓGICO PROPOSTO POR TATTIANA TEIXEIRA ATRAVÉS DOS

JORNAIS CORREIO* E FOLHA DE S.PAULO

Salvador

2016.2

(2)

1

THAÍS SANTOS DE JESUS

INFOGRAFIA JORNALÍSTICA: UM ESTUDO SOBRE A APLICABILIDADE DO

MODELO TIPOLÓGICO PROPOSTO POR TATTIANA TEIXEIRA ATRAVÉS DOS

JORNAIS CORREIO* E FOLHA DE S.PAULO

Monografia apresentada ao curso de Comunicação

Social – Jornalismo, Faculdade de Comunicação,

Universidade Federal da Bahia (Facom/UFBA),

como requisito para a obtenção do grau de Bacharel

em Comunicação Social – Jornalismo.

Orientador: Profa. Dra. Carla de Araujo Risso

Salvador

2016.2

(3)

2

Não, nunca foi sobre nós

Nem sobre o que podemos fazer

É tudo sobre você

Tudo para você, Jesus [...]

(Nunca foi sobre nós, Ministério Zoe)

(4)

3

AGRADECIMENTOS

A quem me sustentou durante os incontáveis semestres vividos no curso de jornalismo na

Facom: gratidão ao Eterno!

Aos meus pais e a minha irmã, pela paciência e compreensão, principalmente, durante a

construção desta monografia. Aos demais familiares pela confiança e credibilidade.

Aos amigos que surgiram e desertaram da Facom (Daniel, o desertor). Às meninas faconianas

e cheias de graça – Jéssica Alves e Laís Lopes - que surgiram de mansinho e logo fincaram

raízes em meu cotidiano. Aos poucos amigos de fora da Facom que sempre acreditaram na

minha jornada.

À minha orientadora pela imensa, imensa, imensa paciência. Pelas ideias geniais! Pela nova

visão sobre a infografia. Gratidão.

(5)

4

RESUMO

Este projeto estuda a aplicabilidade do modelo tipológico para a infografia proposto por

Tattiana Teixeira. Trata-se de uma abordagem sobre a infografia no jornalismo impresso,

tomando como objetos de estudo, dois diários: o Correio* - diário líder de vendas no

nordeste, sediado em Salvador (BA) - e Folha de S.Paulo - veículo com 95 anos atuação e

muito premiado pela

Society for News Design (SND). Para tanto, foi estipulado um período

que compreende os meses de abril e maio de 2016, em que foram recolhidas, classificadas e

analisadas as infografias encontradas nos objetos de estudo.

Palavras-chave: Infografia; jornalismo; design da informação; design de notícia; jornalismo

visual.

(6)

5

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...

6

2.

INFOGRAFIA: CONCEITOS INICIAIS...

8

2.1 Infográficos versus Recursos Visuais...

10

3.

HISTÓRIA SEM FIM...

12

3.1 A Infografia no Brasil...

19

3.1.1 As reformas gráfico-editoriais...

20

3.1.2 As mudanças em Revistas...

23

3.2 A narrativa infográfica na WEB...

27

4. A PROPOSTA DE TATTIANA TEIXEIRA...

31

5. PROCESSOS DE APLICABILIDADE DO MODELO

DE TATTIANA TEIXEIRA...

36

5.1 Análise e Interpretação dos dados recolhidos...

39

5.2 Por uma nova tipologia...

44

CONSIDERAÇÕES FINAIS...

49

REFERÊNCIAS...

50

ANEXOS...

53

(7)

6

1. INTRODUÇÃO

Nem só de texto vive um veículo jornalístico. Uma imagem é capaz de produzir tanta

informação quanto um texto escrito. Essa conclusão só foi assimilada e aplicada,

especialmente no Brasil, após o advento dos meios eletrônicos e da expansão da convergência

midiática - foi nesse período que os jornais passaram a constatar que era necessário

compreender o veículo como um produto gráfico-editorial, que fazia uso de diversos recursos

visuais com o intuito de informar o leitor adequadamente. Tais transformações que permeiam

os jornais e revistas começaram durante a década de 90. É nesse contexto que a infografia

jornalística ganha notoriedade - os infográficos tornaram-se mais comuns, principalmente por

possuírem a característica de ser um recurso complementar e/ou independente de notícias e

reportagens de diversas editorias. Hoje, o espaço conquistado nos meios de comunicação

revela que os infográficos são instrumentos que tornam a informação jornalística mais

compreensível, interessante e atrativa.

No entanto, apesar de todo o crescimento expressado pela infografia, ainda há algumas

incógnitas não resolvidas, como conceitos e tipologias. Ao que parece, estamos longe de

finalizar um conceito universal para aquilo que consideramos infográficos e mais ainda dos

infográficos jornalísticos. Muitos recursos visuais, por exemplo, são confundidos com

infográficos (gráficos, mapas, organogramas e afins) - mas o que os impede de assim serem

chamados? Há ainda a possibilidade de infográficos aplicados ao jornalismo, não serem

categorizados como jornalísticos - mas qual o critério utilizado para não defini-los como tal?

Muitos pesquisadores tem se empenhado a estudar e compreender tais indagações. A

exemplo de Tattiana Teixeira, a jornalista e doutora em Comunicação pela Universidade

Federal da Bahia (UFBA), iniciou seus estudos sobre a infografia em 2004 e fundou o Núcleo

de Pesquisa em Linguagens do Jornalismo Científico (NUPEJOC)

1

em 2006, onde aborda

temas relativos a infografia e a visualização de dados. Os estudos da pesquisadora

possibilitaram o desenvolvimento de um modelo tipológico para a infografia encontrada na

imprensa.

Diante deste modelo tipológico, esta monografia possui o objetivo de analisar a

aplicabilidade do modelo proposto por Tattiana Teixeira (2010) e compreender os pontos de

1

O núcleo é vinculado ao Departamento de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) – Site

(8)

7

dificuldades, por meio da análise das edições impressas dos veículos Correio* e Folha de

S.Paulo, durante o período de abril e maio de 2016. Os objetivos específicos estão ancorados

no recolhimento, classificação e análise das infografias encontradas nos objetos de estudo. A

hipótese deste trabalho é que o desenvolvimento do modelo tipológico proposto, atualmente,

não condiz com as tipologias existentes no mercado. Não tenho por objetivo finalizar as

questões abordadas anteriormente, mas dar prosseguimento a uma nova compreensão da

infografia jornalística.

A metodologia utilizada na análise que segue se baseia na análise exploratória por

meio de uma mensuração através da abordagem quanti-qualitativa da produção de

infográficos nos veículos já citados, bem como a aplicação de recursos visuais previamente

escolhidos. Para tanto a análise pode ser dividida em cinco fases: Fase 1- Pesquisa

bibliográfica para embasamento e compreensão teórica da produção infográfica jornalística e

da utilização dos recursos visuais existentes - pois estes são objetos de confusão conceitual

quando comparados aos infográficos. Posteriormente, foi de suma importância entender o

modelo tipológico proposto por TEIXEIRA; Fase 2 - Escolha dos objetos de estudo, bem

como de seu período; Fase 3 - Início da coleta de dados a partir do recolhimento e

classificação das infografias e dos recursos visuais que foram encontrados nos jornais; Fase 4

– Aqui inicia a análise e interpretação dos dados recolhidos, bem como a sua documentação

através de gráficos e tabelas; Fase 5 - uma nova proposta de modelo tipológico nasce.

(9)

8

2. INFOGRAFIA: CONCEITOS INICIAIS

A ausência da delimitação de um conceito universal sobre a infografia pode causar

confusões terminológicas - mais ainda quando se trata de infografia na comunicação

jornalística. A começar do significado da palavra infografia, que, devido ao termo info, foi por

muitas vezes associada ao desenvolvimento de imagens, feito, exclusivamente, através da

informática, do computador. Da mesma forma, a construção da palavra original information

graphics trouxe uma dificuldade conceitual ao ser traduzida como gráficos que informam,

logo, o infográfico ganhou sinônimos como gráficos, diagramas e mapas.

No intuito de diminuir tais confusões, a infografia pode ser identificada pelo que

TEIXEIRA(2010) define como simbiose, indissociabilidade, ou seja, a ocorrência da

construção da infografia na narrativa jornalística se dá por meio da relação “indissolúvel entre

texto - que vai além de uma simples legenda ou título - e imagem - que deve ser mais que uma

ilustração de valor essencialmente estético” (2010, p. 33) -, com o único propósito de auxiliar

na compreensão da narrativa. Há então, de forma preponderante, uma relação por meio do

binômio imagem + texto, na qual um não elimina o outro. Essa característica de simbiose

torna a infografia um elemento híbrido, pois congrega ao mesmo tempo a linguagem verbal e

não-verbal, no qual ambos os elementos auxiliam mutuamente a narrativa. É importante

enfatizar que o infográfico de caráter jornalístico também é caracterizado pela presença de

elementos comuns a uma narrativa jornalística (título, texto introdutório - um lead de poucas

linhas, indicação de fontes e assinaturas de autores), aqui caracterizados como elementos

essenciais e/ou obrigatórios.

Ao abordar o binômio citado, deve-se atentar para a minimização da infografia

jornalística a puros traços ilustrativos, elementos ornamentais, estéticos e não informativos.

Destaca-se que infografias e ilustrações jornalísticas não são equivalentes, há uma distinção.

A primeira está ligada ao gênero informativo, caracterizando-se pela “objetividade e

impossibilidade de outras interpretações, posto que apresenta informações complexas”

(MORAES, 2013, p. 20). Enquanto que a ilustração jornalística está associada ao gênero

opinativo, ou seja, aberto a diversas interpretações e opiniões.

Podemos dizer, portanto, que este binômio imagem e texto - compreendido aqui em

sentido amplo -, na infografia jornalística, exerce por princípio uma função explicativa

e não apenas expositiva. O infográfico enquanto discurso, deve passar uma

(10)

9

informação de sentido completo, favorecendo a compreensão de algo, e nem imagem

nem texto devem se sobressair a ponto de tornar um ou outro dispensável. O

infográfico também não pode ser construído de maneira aleatória ou que privilegie a

estética ou os recursos tecnológicos em detrimento da informação jornalística.

(TEIXEIRA, 2010, p. 34)

É preciso lembrar que a função do infográfico não é entreter, mas esclarecer um

assunto complexo para os leitores/usuários/interagentes. Um infográfico tem o papel de

intermediar as informações de quem as edita para aqueles que as receberão (MORAES, p. 81),

não se trata de uma imagem subalterna, mas de um discurso.

A infografia tem a função de facilitar a comunicação, ampliar o potencial de

compreensão pelos leitores, permitir uma visão geral dos acontecimentos e

detalhar informações menos familiares ao público. Percebe-se que os grandes

acontecimentos, como guerras, catástrofes e descobertas da ciência, têm

merecido um tratamento infográfico maior nos meios de comunicação.

(RIBAS, 2004, p. 4)

Destaca-se que a infografia pode ser considerada como uma manifestação do design

da informação, um elemento utilizado no design de notícias e uma das categorias da

iconografia jornalística - classe de elementos gráficos, subordinados ao texto jornalístico,

caracterizada pela representação esquemática/pictórica. Assim sendo, inicialmente, a

infografia aqui abordada, também pode ser compreendida como a interseção entre a área do

design e da informação, dois campos da comunicação visual.

Entende-se, em síntese, por design da informação a área subordinada ao design gráfico

que, de acordo com a Sociedade Brasileira de Design da Informação (SBDI, 2015), se tornou

responsável pela organização e planejamento de dados e que tem como objetivo solucionar

aspectos dos sistemas de informação mediante a “contextualização, planejamento, produção e

interface gráfica da informação junto ao seu público alvo”. O motivo básico da existência da

área é a busca pela otimização do “processo de aquisição da informação efetivado nos

sistemas de comunicação analógicos e digitais”. Já o design de notícias se confunde, por

vezes, com o design de jornais. De acordo com as especificidades gerais levantadas por

MORAES (2015), o design de jornais está ligado e limitado ao objeto em questão (o jornal) e

traz consigo o contexto histórico caracterizado pelo uso da tecnologia da impressão. Enquanto

isso, o design de notícias não possui vínculo com objeto específico, ele se relaciona com a

própria notícia, no intuito de “reportar os fatos - devidamente analisados e contextualizados -

para um determinado público”, ou seja, o objetivo deste último é mediar o entendimento.

(11)

10

2.1 INFOGRÁFICOS VERSUS RECURSOS VISUAIS

Os recursos visuais aqui citados são elementos iconográficos que possuem valor

informativo e que auxiliam na organização de informações, mas que não são considerados,

isoladamente, como infográficos, pois não possuem a relação de simbiose entre imagem e

texto. Como diferenciar um infográfico dos diversos recursos visuais encontrados nos

veículos jornalísticos? Como já explicitado anteriormente, a princípio deve-se atentar para a

relação indissolúvel entre imagem e texto. Mas para compreender a diferença entre recursos

visuais e infográficos torna-se necessário conhecê-los, conceituá-los. De acordo com

MEIRELLES (2012, p. 51), é possível elencar no mínimo oito (8) tipos de recursos visuais

presentes na linha tênue que os distancia do conceito de infografia (Figura 1). São eles:

● Gráficos: utilizam áreas, pontos, linhas para representar dados estatísticos de

forma clara e compreensível. Eles podem ser gráficos de linhas, de barras e/ou

circulares (também conhecidos como gráficos de pizza ou queijo).

● Tabelas: são representações que se apropriam de dados dispostos em colunas e

linhas e que possuem o propósito de passar informações rápidas, organizar,

promover o cruzamento de dados (às vezes em grande quantidade) e a

possibilidade de visualizar as informações.

● Mapas: representações planificadas de espaços tridimensionais que podem ser

adotadas como instrumentos que promovem a localização geográfica (possuem

escalas e posições relativas).

● Organogramas/fluxogramas: representações visuais estruturadas de algo

complexo que apresentam informações por meio de elementos visuais (setas,

linhas, caixas e outros) que proporcionam a ideia de fluxo, direcionamento.

● Escores: destaque gráfico das informações principais do texto.

● Ilustrações: é a utilização da função ilustrativa para representar graficamente

pessoas, animais, coisas, temas e afins. Geralmente são associadas às questões

estéticas e não possuem informações precisas.

● Linhas do tempo: também conhecidos por frisos cronológicos, mostram a

evolução de um fato em relação ao tempo.

(12)

11

● Misto: o exercício do conjunto de recursos visuais para expor e organizar

dados - em sua maioria dados estatísticos.

(13)

12

3. HISTÓRIA SEM FIM

Recontar a história da infografia na imprensa representa um trabalho árduo de

pesquisa e contraposições de especialistas da área. Pesquisadores, como Peltzer (1991) e

Sancho (2001), por exemplo, compreendem que, a primeira infografia a ser publicada data de

1806, intitulada de “Mr. Blight’s House”, veiculada no jornal de Londres The Times - a

suposta infografia trazia informações detalhadas de um homicídio ocorrido em uma

determinada casa (Figura 2). Mas há também quem compreenda que os primeiros gráficos

independentes surgiram, anteriormente, no século XIV. Paul Mijksenaar

2

(1997), por

exemplo, entende que um dos primeiros modelos de representação gráfica, foi a obra atribuída

ao bispo de Lisieux, Nicholas Oresme, que realizou anotações visuais de valores numéricos.

Podemos citar ainda, os diagramas manuscritos de Leonardo da Vinci (Figura 2),

produzidos no final do século XVI, sobre o desenvolvimento de embriões; a publicação The

Commercial & Political Atlas, lançada em 1786, do economista britânico William Playfair,

responsável pelo desenvolvimento de representações gráficas que expressavam dados

estatísticos e que são utilizados até hoje, como o gráfico de barras e o gráfico de pizza; e

Charles Joseph Minard (Figura 3), que elaborou, em 1869, uma peça gráfica (mapa/diagrama)

- considerada clássica e pioneira diante do que era produzido - sobre o desempenho do

exército napoleônico na campanha da Rússia - o trabalho de Minard possibilitou

compreender, com detalhes, o motivo da derrota das tropas francesas (1812-1813).

Minardi articulou com maestria informações distintas numa mesma peça. Usando o

desenho como técnica de representação, trabalhando com uma quantidade mínima

de texto (nomes dos acidentes geográficos, além de números) e valendo-se apenas

de uma cor, o autor conseguiu transmitir as informações que pretendia e ainda

sensibilizar o público quanto à grande perda de vidas humanas ocorrida no episódio

(WIBDUR apud MORAES, 2013, p. 26)

2

Designer de informação visual, é um especialista na criação de sistemas de informação visuais, tais como

sinalização para estações ferroviárias e aeroportos. É professor na faculdade Industrial Design Engineering na

Universidade de Tecnologia de Delft na Holanda.

(14)

13

Figura 2 – A) Mr. Blight’s House e B) Diagramas manuscritos de Leonardo da Vinci

(15)

14

Constata-se que, diante dessas informações, não há uma precisão sobre o período em

que surgiram os infográficos. O que se observa é que os estudos relacionados à infografia

mantém relação com os estudos da comunicação humana. MORAES (2013, p. 22) confirma

isso, ao explicar que as origens e conceitos da infografia tem uma relação tênue com as

transformações ocorridas na imprensa durante os séculos - a história da infografia só passou a

existir, de fato, após o momento em que ela deixou de ser um trabalho puramente intuitivo,

passando a ter a finalidade de esclarecer assuntos que se mostravam complexos (o que

ocorreu em 1980). “O que foi produzido antes disso, mesmo que para cumprir o papel de

explicar, recebeu denominações que variaram de acordo com a sua forma: mapa, gráfico de

curva, gráfico de barra, perspectiva explodida etc”. (MORAES, 2013, p. 23)

Embora 1980 seja um marco, não podemos adentrar na década citada sem analisar as

mudanças que permitiram tal evolução, a exemplo da Revolução Industrial, iniciada na

Inglaterra, durante a segunda metade do século XVIII, caracterizada, principalmente, pelo uso

de máquinas e pela substituição do trabalho artesanal por assalariado. Por meio da Revolução

Industrial, três pontos apresentam as mudanças ocorridas na imprensa, “[...] a mecanização da

imprensa, cujo marco foi a adoção pelo jornal londrino The Times da impressora a vapor

(1814); a introdução do telégrafo na produção jornalística na década de 1830; e o advento da

fotografia nos jornais, por volta de 1880” (MORAES, 2013, p. 28). O alcance dos veículos

midiáticos aumentou devido à ampliação da tiragem proporcionada pela utilização da

impressora a vapor, enquanto que as agências de notícias abasteciam seus jornais com relatos

de fatos que chegavam por meio dos telégrafos. A fotografia entra nessa série de mudanças,

influenciando a forma como a sociedade compreendia a “representatividade” - o campo de

visão do homem, preso apenas nas ilustrações, que representavam a realidade nos jornais -

devido a impossibilidade técnica de impressão de fotos -, foi ampliado.

Dessa forma a revolução industrial conseguiu alcançar as páginas dos jornais a partir

dos impactos provocados pela urbanização e pela modernização tecnológica. Além dessas

mudanças, o século XX foi marcado pelo surgimento de um grupo novo de consumidores. É

nesse período que a infografia ganha notoriedade por sua capacidade de mediar o

entendimento. Não era apenas uma parte elitizada da sociedade que tinha acesso aos jornais -

por meio, por exemplo, das publicações ligadas aos políticos e que eram vendidas para

assinantes da elite comercial; agora a classe trabalhadora tinha um pouco mais de acesso aos

sistemas de comunicação - publicações populares, sem muitos recursos estilísticos. Os jornais

(16)

15

deveriam se dirigir a um público heterogêneo, que se deslocava pelas cidades e que não tinha

o hábito da leitura, o que gerou uma demanda por informações acessíveis.

Diante deste cenário, houve um aumento no uso de mapas, fotografia, gráficos

estatísticos, infografias e afins, nos diversos jornais, pois, supostamente, esses elementos

auxiliariam àqueles que não desenvolveram a prática de leitura, como a sociedade elitizada.

De acordo com essa linha de raciocínio, ilustrações, fotografias e principalmente

infográficos teriam a função de fazer a mediação entre a informação jornalística e o

público, explicando-a para este último. Embora já presente desde os anos 1960 nos

trabalhos desenvolvidos em Londres pelo Diagram Group, por exemplo, ou por

Richard Saul Wurman, nos EUA, esse caráter didático foi acentuado nos anos

seguintes à década de 1980 por causa do aumento da oferta e do acesso a

informações de naturezas distintas: cada vez mais, as pessoas ficavam expostas a

uma grande quantidade de informações que não faziam parte de seu cotidiano, sendo

portanto difíceis de serem entendidas em decorrência das limitações de seu

repertório. Os infográficos teriam surgido nos jornais diários para atender a essa

demanda por entendimento, que se acentuou no último quarto do século XX.

(MORAES, 2013, p. 31)

As mudanças já citadas comprovam que a presença da infografia na imprensa vem de

muito antes do surgimento da tecnologia, todavia, foi a presença das mudanças tecnológicas

que impulsionou a produção de infográficos nas redações. A presença da tecnologia de

impressão offset (1904), da tecnologia em quatro cores (1930) e das fotocopiadoras (1959),

por exemplo, favoreceram a produção de peças gráficas com uma qualidade maior e em

menor tempo. Mas é necessário destacar que foi com o surgimento dos primeiros

computadores pessoais (1980), e com a popularização das televisões, que a produção dos

infográficos se propagou.

Nos anos 80, então, os computadores chegam às redações, oferecendo outro ritmo à

produção jornalística e, principalmente, à utilização da imagem nos jornais, graças

as possibilidades apresentadas pela computação gráfica. (VELHO, 2009, p. 3)

Na década de oitenta, também, começam a se incorporar ao mercado da imprensa

leitores que, durante toda a sua vida, conhecem a televisão. Este fenômeno vai

mobilizar determinados diários a adaptarem sua linguagem aos novos leitores,

“procedentes” do mundo audiovisual. Portanto, surgem periódicos mais visuais, com

o objetivo de imitar o código informativo da televisão. (VELHO, 2009, p. 5)

É nesse panorama que surge o USA Today (1982). O diário norte-americano é um dos

marcos que exemplifica a interferência da tecnologia na produção infográfica. Criado para

atrair o público proveniente da TV, o USA Today investiu na informação visual - impressão a

(17)

16

cores, presença relevante de imagens, textos curtos e objetivos, produção de mapas, gráficos,

infográficos. O diário acabou se diferenciando das demais publicações, sendo copiado por

diários de todo o mundo. O snapshot - gráfico pequeno e de leitura rápida, que representa

estatísticas de forma visual e agradável -, por exemplo, foi um dos recursos mais copiados,

inclusive pela Folha de S.Paulo (Figura 4). “O USA Today teve o mérito de mostrar a

possibilidade de outra forma para os jornais, que não aquela consagrada e estabelecida no

século XVII” (MORAES, 2015, p. 41).

Figura 4 - Snapshot do jornal USA Today

Em 1991, surge o que TEIXEIRA (2010, p. 22) chama de “marco específico da

história da infografia contemporânea”: A cobertura da Guerra do Golfo (Figura 5). Confrontos

bélicos sempre foram pautados pela infografia. Apesar da falta de informações sobre a

temática durante a Primeira Guerra Mundial, o que foi produzido de informação gráfica no

período buscava explicar o poderio bélico que estava envolvido, as baixas nos exércitos e as

frentes de batalha. CAIRO apud TEIXEIRA (2010, p.22), afirma que os jornais buscaram

formas diferenciadas para explicar o que estava acontecendo nos campos de batalha antes

mesmo da Primeira Guerra. Foi o que ocorreu durante a Guerra de Secessão (1861-1865),

(18)

17

quando ilustradores eram enviados aos campos de guerra, para produzir um relato

dramatizado dos confrontos.

Figura 5 - Folha de S.Paulo abordando a Guerra do golfo

Destaca-se que, na Guerra do Golfo, devido a censura por parte dos militares, não

havia fotografias boas o suficiente para agradar a geração de leitores que estavam

acostumados a ter belas imagens pelos aparelhos televisores - era uma cobertura imagética,

foi o primeiro conflito com transmissão ao vivo na televisão, por meio da rede CNN. Essa

falta de registros fotográficos proporcionou, aos infográficos, espaços nas páginas dos jornais.

Apesar da cobertura gráfica ter conseguido notoriedade no contexto, CAIRO (apud

TEIXEIRA, 2010) chama a atenção para os exageros com a preocupação estética - e não

informativa - que atingiam os infográficos e para a “espetacularização da Guerra”:

[...] os gráficos sobre a primeira Guerra do Golfo estavam cheios de meias verdades,

exageros e detalhes completamente inventados. Estilisticamente eram muito

sofisticados: a qualidades das ilustrações alcançou níveis nunca vistos até então.

(CAIRO apud TEIXEIRA, 2010, p. 23)

(19)

18

Nesse quesito jornalístico é interessante citar o Manifesto com os seis princípios

básicos do design de infográficos ou de visualização de dados, proposto, em 2011, por dois

consultores espanhóis - Juan Antonio Giner e o próprio Cairo -, que se preocupavam com a

errônea aplicação da infografia na cultura jornalística. Segundo MORAES (2013, p. 88), o

manifesto possui “princípios pregados pelas consultorias nos anos 1980, quando a infografia

se estabeleceu, e propagados pelos cursos e seminários oferecidos em Navarra, notadamente

os que ocorrem paralelamente aos Prêmios Malofiej.” Veja a seguir

3

:

1) Um infográfico é por definição uma apresentação de fatos e dados. Por esse motivo,

nenhum infográfico pode ser produzido sem informações confiáveis [grifo nosso];

2) Nenhum infográfico deve incluir elementos que não sejam baseados em fatos

conhecidos ou evidências disponíveis;

3) Nenhum infográfico deve ser apresentado como verdadeiro quando for fictício ou se

apoiar em pressupostos não verificados [grifo nosso];

4) Nenhum infográfico deve ser publicado sem que sejam identificadas suas fontes de

informação [grifo nosso];

5) Profissionais envolvidos na produção de infográficos devem se recusar a produzir

qualquer apresentação visual que inclua elementos fictícios ou projetados para

torná-lo “apelativo” ou “espetacular” [grifo nosso]. Editores não devem considerar

pedir gráficos que não sejam baseados em evidências disponíveis;

6) Infográficos não são ilustrações ou arte. Infográficos são jornalismo visual [grifo

nosso] e devem se orientar pelos mesmos padrões éticos que se aplicam a outras áreas

da atividade.

3 Disponível em: < http://www.niemanwatchdog.org/index.cfm?fuseaction=showcase.view&showcaseid=152>.

Acesso em 06 abr 2017.

(20)

19

3.1 A INFOGRAFIA NO BRASIL

O desenvolvimento da infografia brasileira obteve uma determinada lentidão, quando

comparada ao desenvolvimento ocorrido nos países europeus ou nos Estados Unidos - o que

ocorreu no país foi, quase que, uma cópia das mudanças ocorridas nas regiões já citadas. A

imprensa só chegou ao Brasil, definitivamente, 300 anos após o seu descobrimento, em 1808,

com a chegada da Família Real. O contexto do período remetia às guerras que ocorriam na

Europa e à Revolução Industrial.

É importante frisar que, apesar da limitação do parque gráfico nacional da época,

identifica-se que, entre 1820 e 1822, houve um crescimento no volume de publicações

impressas do país, principalmente dos jornais diários (CAMARGO, 2003). Todavia, ao falar

no uso das imagens, há de se perceber que o pioneirismo começou com a presença das

caricaturas no jornalismo de opinião, em 1830. MORAES (2015, p. 55) afirma que, com a

impressão de imagens jornalísticas as revistas começaram a ganhar mais destaques, pois

publicavam não só caricaturas, mas reportagens visuais. Ainda segundo o autor, aqueles que

podem ser considerados como primeiros infográficos brasileiros surgiram como os mesmos

objetivos dos que eram produzidos no exterior, que seria descrever espaços geográficos ou

instalações, utilizando-se das mesmas técnicas para a publicação de imagens em jornais -

litografia, xilografia e tipografia.

Enquanto a ilustração brasileira se desenvolvia acompanhando a modernização das

gráficas, outras formas de iconografia jornalística como gráficos e mapas se

desenvolveram mais lentamente, mantendo-se limitados em relação às outras

modalidades de iconografia jornalística. O uso desses protoinfográficos pela

imprensa brasileira pode ser identificado no material de referente à guerra com o

Paraguai (1864-1870), que desempenhou papel semelhante ao da Guerra de

Secessão nos Estados Unidos (1861-1865) quanto ao desenvolvimento da

iconografia jornalística, ao fornecer material para charges, caricaturas e outras

representações (MORAES, 2013, p. 39)

Há ainda o que foi produzido na cobertura da Segunda Guerra Mundial, os mapas

(1939-1945), além da cobertura de eventos esportivos, que fora agraciada pelo uso dos

gráficos. Os crimes e acidentes também se tornaram pautas de recursos gráficos, como

desenhos e plantas. Tomado conhecimento das considerações históricas sobre a infografia

brasileira, avançamos para o período considerado o marco disseminador da infografia na

(21)

20

imprensa brasileira, o final do século XX - período em que a expressão infografia começou a

ser utilizada no país, mediante aos contatos com trabalhos desenvolvidos pela Society for

News Design (SND)

4

. Época em que ocorreram as reformas gráfico-editoriais.

3.1.1 As reformas gráfico-editoriais

O final do século XX pode ser caracterizado pelas reformas gráfico-editoriais que

ocorreram em jornais impressos, principalmente nos Estados Unidos e na Espanha. Foi nesse

período que a infografia passou a desvincular-se de um conceito intrínseco à produção

vetorial feita, apenas, em computadores. Houve também um investimento maior no

jornalismo digital, consequentemente, a infografia passou a ter sua versão online. Enquanto

isso, os impressos buscavam formas menos icônicas para expressar dados, como mapas

planificados, de curva, barra ou afins (MORAES, 2013, p. 36). É necessário pontuar tais

informações, pois no contexto brasileiro, no final do século XX, as ações da imprensa

norte-americana foram norteadoras para o posicionamento dos jornais que sobreviveram à crise

financeira

5

estabelecida no país durante os anos 1970. Segundo MORAES (2015, p. 66), “dos

22 jornais que circulavam no Rio de Janeiro em 1950, por exemplo, apenas sete chegaram aos

anos 1970. No começo dos anos 1980, somente três jornais concentravam 80% dos leitores

cariocas - O Globo, Jornal do Brasil e O Dia.”

As reformas ocorriam, principalmente, com a presença de consultores internacionais, o

que facilitou a inserção da infografia nas redações dos jornais diários. O jornal popular O Dia,

por exemplo, reformado em 1992 pelo designer cubano Marcio Garcia, criou o primeiro

departamento com foco exclusivo em infografia e ilustração do país (1994) e tornou-se o

primeiro jornal brasileiro a ganhar o prêmio Malofiej (1996) - o mais alto prêmio conferido

aos jornais que se destacaram na produção de infográficos impressos ou digitais no ano -, pelo

infográfico sobre o pugilista Mike Tyson (Figura 6).

4

É uma organização internacional para os profissionais que trabalham com a indústria de mídia , especialmente

aqueles envolvidos com o design gráfico, ilustração, web design e infográficos .

5

As crises políticas ao redor do mundo influenciaram o país. 1964, por exemplo, o país passou pelo golpe

militar e em 1973 houve uma instabilidade econômica devido a crise do petróleo.

(22)

21

Figura 6 - Infográfico sobre Mike Tyson: primeiro trabalho brasileiro a ganhar um Prêmio Malofiej.

Embora o jornal carioca tenha obtido reconhecimento internacional mediante o uso de

infografias, as reformas gráfico-editoriais já haviam começado por volta de 1985-1986 com o

Projeto Folha do jornal Folha de S.Paulo. Já em 1988, a Folha de S. Paulo, passou por uma

mudança mais profunda, trazendo destaque às questões gráficas, como a implantação do

Indifolha - uma versão brasileira dos snapshots aplicados no diário USA Today (Figura 7). Em

1993, foi a vez do veículo O Estado de S.Paulo passar por um projeto de reformulação, que

teve o infografista norte-americano Jeff Goertzen, como consultor e implementador da

infografia no jornal. Todavia, as mudanças aplicadas não alcançaram o propósito de modificar

o diário tradicional que era feito. As mudanças só começaram a ocorrer 10 anos depois, em

uma segunda reforma, que concedeu ao Grupo Estado o reconhecimento no SND por

infografias produzidas. Ainda no eixo Rio-São Paulo, em 1995, O Globo, investiu na

(23)

22

reformulação do diário, principalmente, pelo impulsionamento da infografia. O jornal, que

também foi premiado pelo Malofiej, convidou o infografista da revista Time, Nigel Holmes.

Apesar de todo o desenvolvimento propiciado por essas reformas, a infografia ainda

era algo que não tinha um local específico dentro de nossa cultura - eram poucas as empresas

que se preocupavam em ter ou formar um infografista. Por isso havia dificuldade de

disseminar a prática infográfica no final do século XX

[...] outros jornais também reformulados no processo que se estendeu até a década

de 1990 e teve continuidade na década seguinte, não conseguiram atingir em seus

departamentos de Infografia o mesmo nível de qualidade alcançado por suas páginas

e ilustrações. Foi o caso, por exemplo, de O Povo (CE), Jornal do Commercio (PE),

Diário de Pernambuco (PE), A Tarde (BA), Correio (BA), O Popular (GO), entre

outros tantos que se caracterizam pelo excelente design (MORAES, 2013, p. 59)

(24)

23

3.1.2 As mudanças em Revistas

As mudanças que atingiram os jornais no final do século XX, também perpassaram as

revistas. As publicações da Editora Abril - referência na produção de infografia do Brasil

(MORAES, 2013, p. 61) -, por exemplo, mostram o salto de investimento ocorrido na área da

infografia. Assim como nos jornais, a Abril, recorreu à consultoria internacional (1990),

especificamente aos consultores da Universidad de Navarra, que implantaram o conceito de

infografia premiado mundialmente na Editora. A Veja, por exemplo, foi a primeira revista

brasileira a ser premiada com um Malofiej (1997). Mas foi a Superinteressante que contribuiu

para o estabelecimento da infografia na editora (Figura 8).

Figura 8 - Edição da SUPER de 2012

De acordo com as informações técnicas

6

da editora, a Superinteressante, criada em

1987, é feita “para quem quer entender o mundo além do óbvio” - daí o uso constante da

infografia. A revista passou pela primeira reforma gráfica em 1994, período em que

(25)

24

consolidou a utilização de infográficos em suas matérias, tornando-se sua marca registrada.

Nos anos 2000 a revista passou a ganhar mais autonomia na linguagem gráfica.

O investimento da editora na área deu tão certo que, a partir de 1998, Iria conquistou

30 medalhas no Malofiej, entre as quais merecem destaque as medalhas de prata

conferidas à melhor infografia do mundo em 2002, com a Superinteressante, e 2004,

com a revista Mundo Estranho, o que fez de seu trabalho indiscutivelmente a grande

referência da Infografia nacional. (MORAES, 2013, p.61)

Dados disponibilizados por TEIXEIRA, MANINI e RINALDI apud TEIXEIRA

(2010) mostram que o número de infográficos presentes na publicação era elevado desde a

sua primeira reforma. Em 1994, por exemplo, foram produzidos 177 infográficos; em 1998,

foram produzidos 251; e em 2000, 274. Após mudanças no comando editorial da revista, esses

números se modificaram - houve uma queda. A produção resolveu investir em projetos

especiais, com o intuito de diminuir os exageros.

Até 2000, a média anual de matérias com mais de um infográfico era superior a 43;

a partir de 2001, esta média caiu para quatro matérias/ano. O uso das chamadas

megainfografias (DE PABLOS, 1999, p .148) - também diminuiu com o tempo.

Entre 1995 e 2000, encontramos 31 infográficos que ocupavam mais de quatro

páginas inteiras, enquanto que, de 2001 a 2006, foram apenas nove. Outro dado

importante é a diminuição das infografias nas reportagens principais da revista.

(TEIXEIRA, 2010. p. 72,73)

Outras revistas, como Mundo Estranho (Figura 9) e Saúde! (Figura 10), ambas da

Editora Abril, também passaram a valorizar mais a infografia. Destaca-se que o uso da

infografia em revistas não é exclusividade da Editora Abril. A revista Galileu (Editora

Globo), por exemplo, concorrente da Superinteressante, também passou por uma reforma

gráfico-editorial em 2009, que rendeu mais destaque à infografia. Já a Época (Editora Globo),

fundada em 1998, investiu no que Alberto Cairo disse ser “um dos grandes experimentos da

infografia do Brasil” (VERGOTTI, 2013). Entre 2010 e 2013, a edição impressa da revista,

contou com a presença da Diagrama - seção da revista semanal, na qual a reportagem

infográfica ocupava um espaço fixo de dupla página.

O investimento na Diagrama ainda

concebeu o que a Época chamou de “estilos - classificação das representações gráficas”, são

eles: 1) analítico - gráficos que medem, analisam e comparam dados; 2) enciclopédico -

quando uma ilustração ou fotografia se torna um gráfico; 3) cartográfico - quando utilizam

conceitos da análise de medições feitas sobre mapas. A seção foi premiada com Award of

(26)

25

Excellence do SND (2010) na categoria Portfólio. Além disso, foi medalha de Bronze no

Malofiej (2011), na categoria Reportagem com a matéria: A População Brasileira Cresce Mais

Nos Presídios (Figura 11).

Figura 9 - Infográfico presente na Revista Mundo Estranho na edição de Novembro, 2005

(27)

26

(28)

27

3.2 A NARRATIVA INFOGRÁFICA NA WEB

O surgimento de softwares tornou mais rápida a produção de infográficos. Para além

da velocidade, os jornais tiveram de adaptar suas produções para a web - não era apenas uma

notícia que seria impressa, mas que seria analisada por um grupo de pessoas que já obtinham

acesso às imagens transmitidas pelos aparelhos televisivos ou por fotografias. Diante desse

aspecto, ao passar do tempo, a infografia se adequou ao que MIELNICZUK (2001) chamou

de fases distintas: a transpositiva, a metáfora e a do webjornalismo. A primeira fase

(transpositiva) é a transcrição digital do jornal impresso, ou seja, todo o conteúdo que o

usuário encontrasse no impresso, também seria encontrado no site/portal do veículo, a

infografia que estava nas páginas impressas ocupava espaço na web; a segunda fase

(metáfora) é quando há uma determinada adaptação do que é produzido no impresso para

web, ou seja, há uma disposição de explorar aquilo que o espaço digital oferece. É nesse

período, por exemplo, que surgem os links com chamadas para notícias, fóruns de debates e

outros. Já a terceira fase baseia-se na produção específica para web, ou seja, há um

planejamento do conteúdo que será apresentado no ciberespaço. A infografia passou do papel

para as telas digitais, fruto da convergência.

O cenário começa a modificar-se com o surgimento de iniciativas tanto empresariais

quanto editoriais destinadas exclusivamente para a Internet. São sites jornalísticos

que extrapolam a idéia de uma simples versão para a Web de um jornal impresso e

passam a explorar de forma melhor as potencialidades oferecidas pela rede.

(MIELNICZUK, 2001, p. 2)

Destaca-se que a infografia desenvolvida para o jornalismo na web, perpassa as

características do meio. PALÁCIOS (2002, p. 2), aponta seis características que representam

potencialidades oferecidas pela web - e que podem ser aplicadas na produção infográfica:

Multimidialidade/Convergência (ocorre mediante a convergência dos formatos das mídias

tradicionais, como texto e som, para a plataforma digital na narrativa jornalística);

Interatividade (a narrativa jornalística pode fazer com que o leitor/usuário sinta-se parte do

processo jornalístico, podendo ocorrer de variadas formas, como os fóruns de discussões);

Hipertextualidade (trata-se da conexão entre blocos de textos, som ou imagens, por exemplo,

com links, criando hiperligações com outros sites, arquivos ou outros produtos);

(29)

28

Personalização (também conhecida como customização do conteúdo ou individualização, essa

característica permite que o leitor/usuário configure os produtos jornalísticos, apresentados

pelos veículos na web, de acordo com os seus próprios interesses); Memória (de acordo com o

autor, quando comparada com outras mídias, a acumulação de informações é extremamente

viável para a Web, pois o volume de informação produzida anteriormente pode ficar

disponível à recepção para uso posterior); e a Atualização Contínua (conhecida como

instantaneidade, é uma característica que permite rápido acesso, produção e de

disponibilização de informações, além ágil atualização de notícias nos veículos jornalísticos).

Diante deste conjunto de aspectos presentes no ciberespaço, um momento evidencia as

novas características da infografia na web: a cobertura do 11 de setembro de 2001. Enquanto

a Guerra do Golfo é tida como o divisor de águas na infografia impressa, o ataque às torres

gêmeas do World Trade Center, nos Estados Unidos, traz notoriedade para a produção da

informação gráfica - a infografia surge ao tentar explicar, a uma sociedade imagética, algo

complexo: a tragédia. O evento tornou-se exemplo da expressão visual da notícia, as

informações jornalísticas foram recriadas visualmente, à recepção, para a compreensão dos

fatos. Dez anos após o 11 de setembro, uma outra cobertura ressalta, na infografia da web, os

problemas com a espetacularização do acontecimento: a morte de Osama Bin Laden, em 1º de

maio de 2011 (Figura 12 e 13). Segundo MORAES (2013, p. 88), houve excesso na

“quantidade de supostos infográficos que ilustravam de forma infundada a ação de tropas

americanas”, que teriam perseguido e matado Bin Laden.

Figura 12 - O Portal de notícias R7, elaborou um conjunto de infográficos com informações sobre a

operação que matou o líder da Al Qaeda (maio/2011)

(30)

29

Figura 13 - O UOL resolveu fazer um slideshow (e o considerou como infográfico) com oito imagens

referentes ao acontecimento. Mas a composição não foi bem recebida, pois foi considerada sem

informação visual e sem fatos concretos.

No Brasil, os veículos online tem investido na produção de infografia. Ainda em 2011,

por exemplo, o Estadão levou uma das medalhas de ouro do prêmio Malofiej, com a

infografia, na categoria de reportagem online, intitulada de “Tapuiassauro, o novo dinossauro

do Brasil

7

” - a produção trazia informações referentes a nova espécie de titanossauro do

Brasil, comparando-a com todos os dinossauros conhecidos do País (Figura 14).

7

Disponível

em:

<http://www.estadao.com.br/infograficos/tapuiassauro-o-novo-dinossauro-do-brasil,ciencia,280832> Acesso em: 01 jun 2016.

(31)

30

(32)

31

4. A PROPOSTA DE TATTIANA TEIXEIRA

TEIXEIRA(2010) propõe um modelo tipológico baseado em pesquisas que

identificaram os infográficos que, geralmente, aparecem na imprensa (Figura 15). A autora

afirma que não há pretensão em criar hierarquias ou análises qualitativas entre tipos de

infográficos, mas de propor “uma reflexão e uma perspectiva que possa nortear o trabalho dos

que começam a se aventurar no exercício da infografia” (TEIXEIRA, 2010, p.63). Conforme

organograma reproduzido a seguir, a autora divide os infográficos em dois grupos, que, por

sua vez, se dividem em subgrupos. Inicialmente, TEIXEIRA destaca a presença dos

protoinfográficos - caracterizados pela ausência ou presença inadequada de elementos

essenciais para o infográfico, como texto de entrada, título e até mesmo a relação de

indissociabilidade entre imagem e texto. Destes derivam o infográfico e os primeiros dois

grandes grupos: o enciclopédico e o jornalístico.

De acordo com a autora, o infográfico enciclopédico indentifica-se por possuir

características mais generalistas e universais, ao tentar explicar determinado assunto. São

infográficos que, se retirados de seus locais e contextos originais, podem ser aplicados em

(33)

32

diferentes situações sem perda de compreensão. Assemelham-se bastante aos ‘infos’

encontrados em cartilhas e manuais.

(34)

33

Já o infográfico jornalístico está ligado a abordagem de um fenômeno específico. Ele

aborda a singularidade de um assunto e não se atém as questões generalistas. É bastante

comum encontrá-lo em casos que abordam acidentes, a breaking news. Segundo TEIXEIRA

(2010, p. 48), neste tipo de infográfico “a especificidade, portanto, a singularidade, é a sua

razão de ser, é o cerne da narrativa que ele traz em destaque, mesmo quando acompanha um

texto jornalístico tradicional. Importa, portanto, aquilo que não se repete, que só é idêntico a si

mesmo [...].”

(35)

34

Compreendida a diferença entre os dois grandes grupos, seguimos para entender a

próxima subdivisão: complementar e independente. A primeira diz daquele infográfico que

está associado diretamente a uma reportagem/notícia com o propósito de trazer contexto e

profundidade ao tema abordado mais adequadamente. Por sua vez, os infográficos

independentes não estão vinculados a reportagens/notícias. Os enciclopédicos independentes,

por exemplo, possuem um viés mais generalista e descritivo. Já a produção de infos

jornalísticos independentes estão se tornando mais comuns. Nestes, são usados recursos mais

complexos para “narrar um acontecimento jornalístico”.

É na tipologia do jornalismo independente que pode ser encontrada a reportagem

infográfica (ou megainfográfico), definida como “um tipo de narrativa na qual há um texto

Figura 18 – Infográfico jornalístico encontrado no Jornal Folha de S.Paulo s

obre a morte de Celso

Daniel (prefeito de Santo André, assassinado em 2002)

(36)

35

principal que funcionaria como a introdução/abertura de uma reportagem, seguida por

infográfico ou infográficos” (2010, p. 56).

Figura 19 – Reportagem infográfica que aborda o número reduzido de santos brasileiros,

apesar do país ser o mais católico do mundo

(37)

36

5. PROCESSOS DE APLICABILIDADE DO MODELO DE TATTIANA TEIXEIRA

O processo de aplicabilidade do modelo tipológico proposto por Tattiana Teixeira, se

inicia com a identificação dos dois jornais analisados – veículos que já possuem mais de três

décadas de existência. O jornal Folha de S.Paulo, por exemplo, completa 96 anos em 2017. O

veículo foi fundado em 1921 e recebeu o nome de “Folha da Noite”. Em 1925 nasceu a

versão matutina do jornal, a “Folha da Manhã”, enquanto que a “Folha da Tarde” só surgiu

24 anos depois. É em 1960 que os três jornais se fundem para a criação da “Folha de

S.Paulo”.

Hoje, o jornal é um dos veículos brasileiros mais premiados pela Society for News

Design (SND). Em 2015, por exemplo, a Folha recebeu 32 prêmios e foi indicado como um

dos 17 jornais com melhor design do mundo.

O jornal já tem tradição em investir no jornalismo visual e sempre manteve

preocupação com a informação gráfica disponibilizada ao leitor. Uma das provas disso é a

existência do manual de infografia, desenvolvido em 1998 por Mário Kanno e Renato

Brandão. Nele, podemos encontrar a definição de infografia para o veículo, sua função e o

modo de usá-la. O manual ainda divide as infografias em categorias, explicando-as uma por

uma. Destaca-se que em 2015, a Folha de S.Paulo, era, segundo a Associação Nacional de

Jornais (ANJ

8

), o terceiro maior jornal do país, com uma média de circulação de 157.761,

ficando atrás do O Globo e do veículo mineiro Super Notícia.

Já o Correio* é, atualmente, o jornal diário líder em circulação na Bahia. O veículo,

que é - e sempre foi - integrante da Rede Bahia, ocupou, em 2015, o 23º lugar com uma média

de circulação de 35.497, único representante do nordeste brasileiro entre os primeiros 25

veículos (os dados são da ANJ). Com quase 40 anos de existência, o jornal foi fundado em

dezembro de 1978 como o nome Correio da Bahia. Em 2008, passou por mudanças que o

reposicionaram no cenário jornalístico - o veículo adotou um novo nome, agora é Correio*,

alterou o projeto gráfico, o preço, a linha editorial, e passou a disponibilizar ao público um

novo site (Correio24horas.com).

Essa não foi a primeira vez que o veículo passou por mudanças. O Correio* já havia

passado por duas reformas gráfico-editoriais, a primeira em 1989/1990 e a segunda em 1996.

Destaca-se a primeira reforma, a mesma aconteceu em um contexto político interessante. Pois

8

(38)

37

se sabe que, o então Correio da Bahia, foi criado com o intuito de ser um instrumento político

de Antônio Carlos Magalhães (ACM) - político influente e maior acionista da Rede Bahia.

Por este motivo, o jornal sempre possuiu uma imagem de dependência política, um local de

exposição das demandas do ACM.

O primeiro número do CB circulou no dia 15 de janeiro de 1979, pouco antes do

início do segundo mandato governamental de ACM, inaugurado dois meses depois.

As matérias abordavam os principais problemas da Bahia, com destaque para a

saúde, o transporte e o abastecimento. Denunciou a situação alarmante em que se

encontrava o estado, e afirmou “que a partir de 15 de março a Bahia ingressa numa

fase de trabalho intenso e produtivo”, pois ACM superaria eventuais dificuldades

administrativas, dado o “prestígio indiscutível” que gozava junto ao também

recém-empossado presidente João Figueiredo (1979-1985). Não exagerava. Da Bahia havia

saído a maior votação nacional da Aliança Renovadora Nacional (Arena), posto que

os principais líderes políticos do estado (Luís Viana Filho, Roberto Santos, Lomanto

Jr. e Jutaí Magalhães), além do próprio ACM, estavam filiados ao partido

governista.

(O Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil -

CPDOC9)

Logo, o que ocorreu em 1990 foi a tentativa de mudar esse conceito de dependência política

do jornal - nota-se que a última reforma gráfico-editorial só aconteceu depois do falecimento

do líder político ACM (2007). Mas o que de fato mudou em 2008? O veículo passou por, no

mínimo, quatro (4) mudanças importantes: formato e no projeto gráfico, no preço, nas

seções/editorias e no conceito gráfico.

O Correio* adotou um novo formato que seguia as tendências mundiais e que

propiciava um projeto gráfico dinâmico, moderno e mais portátil - é o chamado formato

berliner (47cmx31,5cm), menor que o formato standart (37,5cmx60cm) e maior que o

tablóide (37,5cmx30cm). De acordo com SANTIAGO (2012, p. 3), a aplicação do formato

berliner “sugere uma diagramação verticalizada, com textos menores e uso de infográficos e

imagens como forma de aperfeiçoar o conteúdo”, pois buscava-se atingir um público que

tinha uma nova forma de leitura. O público também foi importante na hora de definir o novo

preço de venda do impresso. De segunda à sábado o jornal era vendido por R$1,00, aos

domingos por R$1,50 - em 2010 o jornal baixou mais ainda o preço para R$0,50 de segunda a

sábado e R$1,00 aos domingos. As seções/editorias também sofreram impactos

9

(39)

38

As editorias tradicionais do jornal deram lugar a quatro seções: 24 horas, com notícias

rápidas e variadas, sem uma hierarquização formal de assuntos; Mais, com matérias

completas sobre Salvador, Brasil, Economia e Política; Vida, com reportagens sobre

comportamento; e Esportes, destinada à cobertura esportiva, com ênfase no futebol.

Aos domingos tem a seção Bazar & Cia, com matérias sobre moda, TV e variedades.

Os únicos suplementos são o Correio Autos e o Classificados, além de alguns projetos

especiais.

(SANTIAGO, 2012, p. 3)

O novo conceito gráfico do Correio* conversa bastante com a aplicação do formato

berliner. O conceito afirma que no novo Correio* as imagens desempenham um grande

papel, logo, as fotos ganham mais destaque e mais ilustrações e infográficos são utilizados.

Por fim, a reforma gráfico-editorial do jornal obteve um grau de excelência, a ponto de ser

premiado, com a medalha de prata, pela Society for News Design na categoria de melhor

redesenho de jornal, durante sua 30ª edição, em 2009.

(40)

39

5.1. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS RECOLHIDOS

Para a fase de recolhimento, classificação e análise dos dados, fez-se uso de conceitos

discutidos e ilustrados neste trabalho. Os recursos visuais estudados, por exemplo, são citados

no tópico 2.1 e categorizados por MEIRELLES (gráficos, tabelas, mapas, escores,

organogramas/fluxograma, linha do tempo, escore e ilustrações). Já o modelo tipológico

usado é o proposto por Tattiana Teixeira. Do estudo de TEIXEIRA também vem o requisito

aqui denominado de “Elementos Essenciais” - pensando na narrativa jornalística, estes

elementos são indispensáveis para a composição da infografia – título, fonte, por exemplo.

A partir destes conceitos e conteúdos, foram estudadas as 61 edições digitais dos

diários impressos que estão disponibilizadas de forma online. A abordagem recolheu,

classificou e analisou infografias e recursos visuais encontrados durante o período que

compreende os meses de abril e maio de 2016. Para o procedimento, foi criada uma tabela

(Anexo I) que possibilita uma melhor compreensão dos objetos de estudo. A tabela contém

informações detalhadas, conforme o Quadro1.

(41)

40

Os cadernos abordados na Folha de S.Paulo são os diários, ou seja, aqueles que saem

todos os dias da semana (Poder, Mundo, Mercado, Cotidiano, Ciência/Saúde, Esporte e

Ilustrada). No Correio* optou-se por seguir a mesma regra, os cadernos escolhidos foram

Mais*, Esporte e 24h - ambos os veículos tiveram duas editorias/cadernos especiais que

abordavam a temática da crise política brasileira e os jogos olímpicos no Rio de Janeiro.

Destaca-se que foram desconsiderados recursos visuais da rotina dos veículos (mapas do

tempo e do trânsito, tabelas de classificação desportiva, prancheta de escalação de times, por

exemplo).

A análise revelou que há características divergentes na produção de infografia dos dois

periódicos. Na Folha, por exemplo, foram feitas 564 tabulações (32 infográficos e aplicação

de 532 recursos visuais), enquanto que no Correio* foram 319 (7 infográficos e aplicação de

312 recursos visuais). Dos 32 infográficos encontrados na Folha de S.Paulo, 19 estavam nas

edições do mês de abril e 13 em maio. Da totalidade, 18 infográficos continham todos os

elementos essenciais, estes foram classificados como enciclopédicos independentes e tratam,

especificamente, da série Que esporte é esse? (ANEXO II). A série, que ocupava uma página

inteira do veículo - exceto no dia 13 de maio, em que ocupou duas páginas – começou no dia

5 de abril e seguiu até o início de setembro, explicando regras, detalhes e curiosidades das

modalidades olímpicas. Além de citar adequadamente suas fontes e de detalhar a autoria

(geralmente em grupo), a infografia ainda incitava o leitor a colecionar cada “capítulo” da

série, através de um calendário localizado na parte inferior da página. Na Folha de S.Paulo

ainda foram encontrados 8 infográficos enciclopédicos complementares e 6 jornalísticos

complementares.

Enquanto isso, no Correio*, dos 7 infográficos classificados, 6 eram jornalísticos

complementares e apenas um enciclopédico complementar – o tema do impeachment foi

abordado em cinco destes. Nenhum possuía todos os elementos essenciais (Figura 20).

Destaca-se que durante a análise não foi encontrada amostra de reportagem infográfica nos

veículos analisados. Todavia foi possível verificar a presença de diversos recursos visuais e

até mesmo de um infográfico localizado no caderno especial Passado/Adiante na Folha de

S.Paulo – o caderno abordava as mudanças políticas no Brasil relacionando-as ao processo do

(42)

41

(43)

42

Figura 21 – Costuras da Lava Jato (passado/adiante)

É interessante notar que a totalidade dos infográficos encontrados durante a análise de

ambos os veículos era composta por recursos visuais mistos. O alto número de recursos

visuais fica perceptível nos dois jornais (Figura 22). A Folha, por exemplo, mostra que faz

um grande uso dos recursos mistos (203) e de gráficos (171), enquanto o Correio* se apropria

do escore (235).

(44)

43

Figura 22 - Número de recursos visuais encontrados

(45)

44

5.2 POR UMA NOVA TIPOLOGIA

Ao analisar os 39 infográficos elaborados pelos veículos jornalísticos, constatou-se

que existem lacunas na conceituação de infografia e na diferenciação de infográficos

enciclopédicos e jornalísticos. Em primeiro plano, destaca-se que a composição imagem e

texto é mais complexa. Diante da elaboração desse estudo, tornou-se possível afirmar, que a

infografia jornalística é a tradução, simplificação e/ou socialização da informação,

previamente apurada, mediante o desenvolvimento do binômio esquema visual+texto –

caracterizado, primariamente, pela simbiose, ou seja, não há independência de um elemento

em relação ao outro, tornando o binômio um elemento híbrido. Essa afirmativa encaixa, por

exemplo, um recurso visual - desenvolvido e aplicado no meio jornalístico e que possui a

característica de simbiose com o texto - dentro do conceito da infografia. Aqui, ainda perdura

a ideia de que o esquema visual (anteriormente imagem) não é um simples elemento estético –

e não deve ser usado como tal – mas um elemento estruturante que propicia uma comunicação

significante (Figura 23).

Figura 23 - Recurso visual encontrado no jornal Correio* do dia 22 de maio.

Segunda Tattiana Teixeira, este não pode ser considerado um infográfico, pois as imagens

proporcionam apenas valor estético, se retiradas do contexto não impedem a sua compreensão.

Agora, segundo a conceituação aqui proposta, este recurso pode ser considerado infográfico, pois

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