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Memorial Jundiaí: subsídios históricos para a gestão institucional da escola pioneira do ensino profissional agrícola no Rio Grande do Norte

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE PROCESSOS

INSTITUCIONAIS

MARIA ERMÍNIA DO NASCIMENTO

MEMORIAL JUNDIAÍ: SUBSÍDIOS HISTÓRICOS PARA A GESTÃO

INSTITUCIONAL DA ESCOLA PIONEIRA DO ENSINO PROFISSIONAL AGRÍCOLA NO RIO GRANDE DO NORTE

NATAL-RN JUNHO/2020

(2)

MARIA ERMÍNIA DO NASCIMENTO

MEMORIAL JUNDIAÍ: SUBSÍDIOS HISTÓRICOS PARA A GESTÃO

INSTITUCIONAL DA ESCOLA PIONEIRA DO ENSINO PROFISSIONAL AGRÍCOLA NO RIO GRANDE DO NORTE.

Diagnóstico Institucional apresentado à Banca de Defesa junto ao Programa de Pós-Graduação em Gestão de Processos Institucionais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para obtenção do título de Mestre na Linha de Pesquisa: Política e Gestão Institucional.

Orientadora: Profa. Dra. Adriana Carla Silva de Oliveira.

NATAL-RN JUNHO/2020

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MARIA ERMÍNIA DO NASCIMENTO

MEMORIAL JUNDIAÍ:

SUBSÍDIOS HISTÓRICOS PARA A GESTÃO INSTITUCIONAL DA ESCOLA PIONEIRA DO ENSINO PROFISSIONAL AGRÍCOLA NO RIO GRANDE DO NORTE

Diagnóstico Institucional apresentado à Banca de Defesa junto ao Programa de Pós-Graduação em Gestão de Processos Institucionais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para obtenção do título de Mestre na Linha de Pesquisa: Política e Gestão Institucional.

Data da Aprovação: _30 / 06 / 2020_

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________ Profa. Dra. Adriana Carla Silva de Oliveira

Orientadora

_____________________________________________ Profa. Dra. Patrícia Borba Vilar Guimarães

Membro Interno

__________________________________________ Prof. Drª. Edilene Maria da Silva

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte.

UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes - CCHLA Nascimento, Maria Ermínia do.

Memorial Jundiaí: subsídios históricos para a gestão

institucional da escola pioneira do ensino profissional agrícola no Rio Grande do Norte / Maria Ermínia do Nascimento. - 2020. 138f.: il.

Dissertação (mestrado) - Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Programa de Pós-Graduação em Gestão de Processos

Institucionais, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, 2020.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Adriana Carla Silva de Oliveira.

1. História do Ensino Profissional Agrícola - Dissertação. 2. Memória - Dissertação. 3. Patrimônio - Dissertação. 4. Gestão Institucional - Dissertação. I. Oliveira, Adriana Carla Silva de. II. Título.

RN/UF/BS-CCHLA CDU 94:37

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RESUMO

Este trabalho trata sobre a história e a memória do estabelecimento pioneiro de Ensino Profissional Agrícola do Rio Grande do Norte (RN) na perspectiva de contribuição para a gestão institucional do patrimônio histórico edificado. O problema de pesquisa procura entender em que medida algumas edificações da atual Escola Agrícola de Jundiaí (EAJ), originárias do Campo de Demonstração Agrícola (1913) e da Escola Prática de Agricultura (1949), oferecem condições de funcionamento para uma Instituição de Ensino Profissional Agrícola do RN e representam a sua memória histórica? Para responder à esta questão e alcançar os objetivos propostos, esta pesquisa adotou o Método Histórico de Abordagem Hipotético Dedutivo com vista à elaboração do Diagnóstico Institucional da EAJ. Os procedimentos operacionais constituem as referências teóricas sobre memória, história e Administração pública; levantamento de documentos escritos e icnográficos, e depoimentos informais. Constatou-se por meio da pesquisa que os monumentos históricos da EAJ representam valioso patrimônio cultural impregnado de memória e história de Ensino Profissional Agrícola do RN. Diante disto requer a implementação de Gestão Institucional que comtemple a adoção de medidas preservacionistas a fim de garantir acesso às futuras gerações de pesquisadores e cidadãos.

Palavras-chave: História do Ensino Profissional Agrícola. Memória. Patrimônio. Gestão Institucional.

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ABSTRACT

This work deals with the history and memory of the pioneer establishment of Professional Agricultural Education in Rio Grande do Norte (RN) in the perspective of contributing to the institutional management of the built historical heritage. The research problem seeks to understand the extent to which some buildings of the current Jundiaí Agricultural School (EAJ), originating from the Agricultural Demonstration Field (1913) and the Practical School of Agriculture (1949), offer operating conditions for a Professional Education Institution Agrícola do RN and represent its historical memory? To answer this question and achieve the proposed objectives, this research adopted the Historical Method of Deductive Hypothetical Approach with a view to elaborating the EAJ Institutional Diagnosis. The operational procedures constitute the theoretical references on memory, history and public administration; survey of written and iconographic documents and informal statements. It was found through research that EAJ's historical monuments represent a valuable cultural heritage steeped in the memory and history of Agricultural Professional Education in RN. In view of this, it requires the implementation of Institutional Management that includes the adoption of preservationist measures in order to guarantee access to future generations of researchers and citizens.

Keywords: History of Agricultural Professional Education. Memory. Patrimony. Institutional Management.

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais (In memorian), que em minha infância despertou-me à busca pelo conhecimento.

Ao Eterno Deus, Criador do Céu e da Terra que me permitiu saúde para o cumprimento do empenho assumido.

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AGRADECIMENTOS

À minha orientadora Adriana Carla Silva de Oliveira, por me orientar nesta pesquisa com paciência, aconselhamento, com preparo e lucidez intelectual, e também com observações sempre precisas.

Às professoras Patrícia Borba Vilar Guimarães e Edilene Maria da Silva, participantes de minha banca de qualificação e que de forma incisiva direcionaram as correções necessárias ao trabalho em apreciação. À profa. Margarida Maria Dias de Oliveira, que unicamente por amor à profissão deu-me, por mais de uma vez, suporte essencial à construção deste trabalho fazendo indicações de materiais e apontando o núcleo do objeto a ser atingido. À professora Ana Zélia Maria Moreira, irmã-amiga de infância, que sem suas intervenções profissionais não teria sido possível retirar as pedras que por diversas vezes surgiram no caminho dessa construção.

Aos meus amigos que contribuíram de diversas formas para a realização deste trabalho, especialmente Romoaldo Marroque Torres pela amizade e apoio logístico em vários momentos; Valéria Maria Lima da Silva, sempre disponível às correções normativas; Dayse Campos Moreira que me deu suporte nas traduções e, aos Srs. Edilson Pereira Varela e Manoel Paulo da Silva pelas conversas sempre enriquecedoras.

Ao funcionário, Joab da Silva Alves, assistente operacional do Arquivo Público Estadual do RN, que com presteza disponibilizou o material solicitado para a pesquisa.

A meus filhos Douglas, Daves, Danby, Duiene e netos Maryanna, Lís, Laís, Isadora Valentina, Enzo e Maria Laura, que buscaram compreender minhas necessárias ausências expressas até no silêncio, imperativas, entretanto à realização desse trabalho.

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LISTA DE FIGURAS

Fig. 1 - Ilustração dos Planos de ensino de Nóbrega e da Ratio Studiorum 24 Fig. 2 – Sobrado em estilo Florentino Clássico (1911) 70

Fig. 3 – Construção de 1912 71

Fig. 4 – Estábulo 72

Fig. 5 – Aviário 73

Fig. 6 – Casa do Diretor (garagem construída por Dr. Nilo Albuquerque em 1952 74

Fig. 7 – Escola Rudimentar “Dr. Gomes da Silva” 75

Fig. 8 – Escola Isolada de Jundiay 76 Fig. 9 – Prédio do comando da colônia penal “Dr. João Chaves” 78

Fig. 10 – Portal da EPA em 03 de abril de 1949 79

Fig. 11 – Dr. Nilo A. Melo em atividade de ensino à 1ª Turma de Tratorista (1952) 80

Fig. 12 – Núcleo Inicial da Escola (1949) - EPA 81

Fig. 13 – Galpão das Máquinas 82

Fig. 14 – Telegrama informando retirada da Colônia Penal “Dr. João Chaves” 83 Fig. 15 – Professores em Formação de ensino para agricultores Jovens e Adultos 84 Fig. 16 – Prof. Rodolfo Hellinsk com aluno em aula de campo nos anos 50 85

Fig. 17 – 1ª Semana Rural Exposição de Animais/1951 86 Fig. 18 – 1º Curso de Formação de Líderes Rurais – (EPA Janeiro/1952) 86

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01 - Valores contributivos à Economia do RN (1940-1950) 31 Quadro 02 – Escolas de Aprendizes Artífices brasileiras 35 Quadro 03 – Disciplinas do Currículo Escolar do Curso Iniciação Agrícola 54 Quadro 04 – Disciplinas do Currículo Escolar do Curso Mestria Agrícola 54 Quadro 05 – Descrição dos imóveis contidos no inventário 62

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LISTA DE ABREVIATURAS

APG - Administração Pública Gerencial CF – Constituição Federal

EAAs – Escolas de Aprendizes Artífices EAJ – Escola Agrícola de Jundiaí

EBTT – Ensino Brasileiro Técnico e Tecnológico EPA – Escola Prática de Agricultura

IHGRN – Instituto Histórico e Geográfico do RN – IHGRN LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação

RN – Rio Grande do Norte

UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte PDI – Plano de Desenvolvimento Institucional

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO... 12

2. NA TRILHA DE PLANTAR SEMENTES PARA COLHER FRUTOS ... 16

3. A HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES DO ENSINO PROFISSIONAL DO RN, NOS ANOS DE 1910 A 1950 E RESPECTIVOS ESPAÇOS DE FORMAÇÃO E APRENDIZAGEM ... 23

3.1. RETROSPECTIVA HISTÓRICA – OS JESUÍTAS: NOSSOS PRIMEIROS PROFESSORES ... 23

3.2. O MUNICÍPIO DE MACAÍBA PARA A ECONOMIA DO RN ... 29

3.3. BRASIL REPUBLICANO – ENSINO PROFISSIONAL AGRÍCOLA ... 33

3.3.1. Os Primeiros Passos do Ensino Profissional no Brasil ... 33

3.3.2. O Ensino Profissional Agrícola no RN e a Nova Política Educacional para a Escola Prática de Agricultura ... 37

4. AS CARACTERÍSTICAS DAS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS DO RN PARA O ENSINO BÁSICO PROFISSIONAL TÉCNICO AGRÍCOLA NOS ANOS DE 1910 A 1950... 59

4.1. AS ESTRUTURAS DE FUNCIONAMENTO DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO BÁSICO PROFISSIONAL TÉCNICO AGRÍCOLA BRASILEIRO ... 59

4.2. AS EDIFICAÇÕES ORIGINÁRIAS DO CAMPO DE DEMONSTRAÇÃO AGRÍCOLA/MACAÍBA ... 61

5. ADMINISTRAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO DA ESCOLA AGRÍCOLA DE JUNDIAÍ NA PERSPECTIVA DE UMA GESTÃO INSTITUCIONAL ... 64

5.1. ANÁLISE HISTÓRICA: RESGATANDO A MEMÓRIA ... 66

5.1.1. Categoria: Engenho Jundiaí (Sec. XVI) ... 68

5.1.2. Categoria: Fazenda Jundiaí (1909), transformada em Campo de Demonstração Agrícola, com o Status de Fazenda Modelo. ... 70

5.1.3. Categoria: Escola Prática de Agricultura (1949) ... 79

5.2. ADMINISTRAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO DA ESCOLA AGRÍCOLA DE JUNDIAÍ ... 89

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 95

REFERÊNCIAS ... 98

ANEXO A - Ofício Relatório da 1ª Gestão do Dr. Nilo (1949-1952), da EPA... 106

ANEXO B - Relatório do Serviço de Insp. de Defesa Agrícola do RN, de 1914 ... 118

ANEXO C - Lei nº 202: Criação da Escola Prática de Agricultura ... 132

ANEXO D – De infrator nos anos 40 à Servidor da UFRN em 1967 ... 133

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1. INTRODUÇÃO

O reconhecimento dos alicerces do passado para a construção do futuro não passa pela necessidade do desapego ao que um dia já como Fazenda adquirida pelo Estado do Rio Grande do Norte-RN contribuiu para o início de diversas práticas agrícolas, pela implantação da Escola Prática de Agricultura – EPA (1949), atual Escola Agrícola de Jundiaí-EAJ na oferta do Ensino Agrícola não apenas à comunidade de seu entorno.

A implantação do Campo de Demonstração Agrícola (1913), na Fazenda Jundiaí, de propriedade do governo do estado representa a pedra angular de um crescente legado que desde 1967, agregado à Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, amplia a esperança de comunidades da zona rural e urbana, visto que esta modalidade de ensino público federal contempla formação de profissionais voltada para as diversas áreas que hoje formam o conglomerado agropecuário teórico-prático desde a formação médio-técnico até pós-graduações, em um processo de evolução de um ensino que iniciado em 1913 com as práticas agrícolas vem modificando a vida de famílias menos favorecidas.

De fato, tornar público a memória de uma instituição de ensino é corporificar sua cultura escolar registrada em sua história, por sua arquitetura e o cotidiano de suas práticas escolares, bem como pelos documentos por ela produzidos, sem perder de vista suas origens e seu usufruto, os quais culminam na construção de sua identidade reverberando naqueles que por ali passaram, bem como na imagem e reputação da mesma.

Nesse sentido, um estudo sobre a história e a memória de um estabelecimento de Ensino Profissional Agrícola e sua contribuição para a gestão institucional do patrimônio edificado pode considerar como premissa que: a atual Escola Agrícola de Jundiaí originária do Campo de Demonstração Agrícola (1913) e da Escola Prática de Agricultura (1949) – uma proposta de gestão institucional com foco no patrimônio histórico edificado, enquanto monumentos que resgata parte da história e memória do Ensino Profissional Agrícola do Rio Grande do Norte (RN).

O apego, a afeição, a dedicação e outros sinônimos são lembranças transformadas em amorosidade por este espaço singular, não apenas por parte de egressos, mas também por parentes daqueles que conviveram. De pais para filhos, de avós para netos, transmitem com ternura as muitas vivências dos que aqui deixaram suas marcas, tanto em rodas de conversas despejam palavras rebuscadas relembrando causos, quanto àqueles que se derramam em satisfação ao lhe emprestar seus ouvidos.

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Diante da expressiva vontade de resgatar a memória da Escola Agrícola de Jundiaí – EAJ com a representação edificada de seus monumentos, o ponto de partida se dá pela configuração espacial que concretizou a implantação da Escola Prática de Agricultura – EPA, com a seguinte indagação: em que medida algumas edificações da atual EAJ – são originárias do Campo de Demonstração Agrícola(1913) e da Escola Prática de Agricultura criada em 1949 - oferecem condições de funcionamento para uma Instituição de Ensino Profissional Agrícola do RN e representam a sua memória histórica? Para responder tal indagação propõe-se a propõe-seguinte hipótepropõe-se: as edificações originárias do Campo de Demonstração Agrícola, da Escola Prática de Agricultura e da atual Escola Agrícola de Jundiaí-EAJ se constituem em patrimônio de valor histórico, de forma peculiar por sua memória e história de Ensino Profissional Agrícola do Rio Grande do Norte.

Para o desenvolvimento deste trabalho definiu-se como objetivo geral resgatar a memória da Escola Agrícola de Jundiaí a partir das edificações implantadas, quanto a inauguração do Campo de Demonstração Agrícola em Jundiaí na cidade de Macaíba/RN com vista à preservação e conservação do patrimônio histórico do Ensino Profissional Agrícola do Rio Grande do Norte.

Dessa forma, se estabelece os objetivos específicos para atingir o objetivo geral proposto, os quais estão listados a seguir:

a) Descrever a trajetória histórica das Instituições Públicas de Ensino Profissional Agrícola no RN como espaços de formação e de aprendizagem prática profissional, nos anos de 1910 a 1950;

b) Caracterizar as instituições públicas de Ensino Básico profissional técnico agrícola brasileiro, em particular a EPA de Macaíba/RN, enquanto estrutura física de funcionamento, e identificar as edificações originárias do Campo de Demonstração Agrícola, usufruto da EPA;

c) Analisar as edificações da Escola Agrícola de Jundiaí, enquanto patrimônio histórico e monumentos originários da implantação do Campo de Demonstração Agrícola, usufruto da EPA, com vistas à produção de um diagnóstico histórico para implementação de uma gestão institucional do patrimônio.

O acesso a diferentes espaços e vivências do cotidiano escolar nesta instituição de ensino, com efetiva atuação e participação da autora deste trabalho, foi despertada para a necessidade de estudos com intenção à preservação e conservação da memória institucional a partir de um aprofundamento de cunho científico. O objetivo de desenvolver a pesquisa foi

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efetivado ao ingressar em 2018, por meio da seleção do Mestrado Profissional na Linha de Pesquisa Política e Gestão Institucional do Programa de Pós-Graduação em Gestão de Processos Institucionais do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da UFRN.

Decorrente da atuação enquanto servidora no cargo de Secretária Escolar1 na busca constante de informações no arquivo passivo – para atender a solicitações de egressos referentes à sua vida escolar – contribuiu para a necessidade de uma melhoria na organização daquele material permitindo presteza no cumprimento das obrigações assumidas. Motivada pelo desenvolver deste aparelhamento escolar, justifica-se o interesse pessoal plausível e relevante para o desenvolvimento deste estudo.

Entende-se como relevante justificativa institucional o cumprimento do Art. 2º. da Portaria MEC nº 1.224, de 18 de dezembro de 2013: “A IES deve manter permanentemente organizado e em condições adequadas de conservação, fácil acesso e pronta consulta todo o Acervo Acadêmico sob sua guarda”, uma vez que naquele arquivo os referidos documentos não apresentam estar condizentes com a determinação em vigência, a qual trata da preservação do patrimônio documental da instituição.

Preeminentemente, este estudo tem relevância acadêmica pela contribuição à pioneira instituição de Ensino de Profissional Agrícola do Rio Grande do Norte e Unidade Acadêmica da UFRN, mas, sobretudo pelo produto resultante deste trabalho na perspectiva de preservação e conservação da memória da EAJ. Além disto, o referido produto se constitui em um diagnóstico histórico com vistas à implementação de uma gestão institucional em atendimento às exigências legais da linha de pesquisa em Política e Gestão Institucional do Programa de Pós-Graduação em Gestão de Processos Institucionais do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da UFRN.

E por fim, como relevância social deste estudo as contribuições que trará para a História da Educação Profissional no Rio Grande do Norte, em particular ao Ensino Agrícola, no sentido de dar notoriedade à instituição como formação técnica profissional agrícola, atualmente normatizada pelo Ensino Brasileiro Técnico e Tecnológico-EBTT2.

Este trabalho de pesquisa está estruturado da seguinte forma: introdução, considerações finais, referências e anexos, além de quatro capítulos. Sendo o segundo

1 Portaria de nº 041/2004 de 21 de julho de 2004.

2É um curso de nível superior mais compacto, que se caracteriza pela especialização profissional de forma objetiva e focada em um segmento específico de conhecimento. Com duração média de 2 a 3 anos e meio, o curso tecnológico é mais curto que o bacharelado ou a licenciatura. Disponível em: https://www.passeiweb.com/carreiras/artigos/diferencascurso_tecnico_tecnológico. Acesso em: 02 out. 2019.

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capitulo sob o título – Na trilha de plantar sementes para colher frutos; o terceiro capítulo – Descrever a trajetória histórica das Instituições Públicas de Ensino Profissional Agrícola no RN, como espaços de formação e aprendizagem prática profissional agrícola nos anos de 1910 a 1950; o quarto capítulo – Caracterizar as instituições públicas de Ensino Básico profissional técnico agrícola brasileiro, em particular a EPA de Macaíba/RN, enquanto estrutura física de funcionamento, e identificar as edificações originárias do Campo de Demonstração Agrícola, usufruto da EPA; o quinto e último capítulo - Analisar as edificações da EAJ enquanto patrimônio histórico e monumentos originários da implantação do Campo de Demonstração Agrícola, usufruto da EPA com vistas à produção de um diagnóstico histórico para implementação de uma gestão institucional do Patrimônio.

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2. NA TRILHA DE PLANTAR SEMENTES PARA COLHER FRUTOS

Diante do exposto no capítulo da Introdução, este trabalho se constitui em um estudo historiográfico discorrendo sobre eventos do passado da pioneira instituição de ensino profissional agrícola do RN, conforme os objetivos descritos, remetendo à inserção desse objeto de estudo aos domínios do conhecimento histórico. Dessa forma, trata-se de uma pesquisa documental, que utiliza fontes documentais disponíveis no acervo da instituição pesquisada, a atual EAJ-UFRN.

Este capítulo trata de referências teórico-metodológicas utilizadas neste estudo e necessárias ao desenvolvimento da pesquisa.

Inicialmente, toma-se por empréstimo o conceito de história em Waisman (2013, p. 3), nestes termos:

A história nunca é definitiva, reescreve-se continuamente, a partir de cada presente, de cada circunstância cultural, a partir das convicções de cada historiador. Saber desentranhar as motivações, as intenções, as ideologias que, em cada caso, presidem uma obra historiográfica, é o primeiro passo imprescindível para o conhecimento.

Em consonância, portanto, com a autora e entendendo que a história não é terminante, mas evolutiva. Dessa forma, busca-se recontar a construção de um legado histórico através de documentos primordiais, convictos de uma construção em um processo peculiar, mas sem negar seus primórdios, seus primeiros passos, e com isto, vislumbrar tornar público parte da história da EPA.

Alguns autores se posicionam em seus estudos afirmando que esta instituição iniciou suas atividades pedagógicas antes de sua criação em 1949. Contudo, observa-se nestes trabalhos aspectos distintos e divergências de posicionamentos. Dentre eles, D’Oliveira (2009, p. 37) esclarece “[...] que a Escola foi inaugurada antes de oficialmente instituída, pois, a sua criação ocorreu pela publicação da Lei Estadual número 202, de 07 de dezembro de 1949”. Enquanto Silva (2014, p.19) afirma que “[...] nos dados históricos de Dr. Nunzio, com relação ao aprendizado seria de bom grado comemorar-se, no ano de 2013, o Centenário da História do Aprendizado Oficial de Ciências Agrárias no Estado do Rio Grande do Norte”.

Dentre esses e outros aspectos possibilitaram a construção do problema desta pesquisa explorada anteriormente na introdução, que procura categorizar os monumentos originários que serviram de usufruto à EPA criada em 1949. Consequentemente busca ser

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possível determinar os monumentos originários do Campo de Demonstração Agrícola, que certamente foram indispensáveis para a implantação da EPA, constituindo-se em categorias secundárias do estudo.

Para Gil (1999, p. 45), em se tratando do desenvolvimento da pesquisa reforça que deverá ser “mediante o concurso dos conhecimentos disponíveis e a utilização cuidadosa de métodos, técnicas e outros procedimentos científicos”. Assim sendo, “envolve inúmeras fases desde a adequada formulação do problema, até a satisfatória apresentação dos resultados”.

Referente ao uso do método científico, busca-se alcançar objetivos para solucionar questionamentos elaborados neste trabalho, portanto, faz-se uso do Método Histórico, uma vez que o mesmo traz do passado a vida social, as instituições e os costumes. Por sua vez, neste método é importante pesquisar suas raízes, para compreender seu caráter e funcionalidade, relevante para desvendar a referida inquirição (PROST, 2008; LAKATOS, 2010, p. 88). Dessa forma, torna-se necessário a averiguação de acontecimentos do passado que vem suscitar modificações na sociedade presente.

Empregar-se-á o Método de Abordagem Hipotético-Dedutivo, o qual parafraseando Popper (1975, p. 77), o problema brota de conflitos, de onde surge uma nova teoria que o torna passível de falseamento; esta nova teoria ao ser testada pode contestar ou corroborar o experimento. À estes conflitos, Lakatos (2010, p. 89) esclarece que este método:

Consiste em investigar acontecimentos, processos e instituições do passado para verificar a sua influência na sociedade de hoje, pois as instituições alcançaram sua forma atual através de alterações de suas partes componentes, ao longo do tempo, influenciadas pelo contexto cultural particular de cada época. Seu estudo, para uma melhor compreensão do papel que atualmente desempenham na sociedade, deve remontar aos períodos de sua formação e de suas modificações.

De certa forma, este estudo tem por base o Método Histórico, que parte do princípio de que nada foge às suas raízes constitutivas; entretanto, entende-se que na maioria das vezes nem sempre as visíveis modificações provocadas pela ação do homem em espaços monumentais representativos do passado, acontecem para atender às novas necessidades operacionais do trabalho a ser desenvolvido.

Presume-se que as múltiplas construções apresentadas pelo Método de Abordagem Hipotético-dedutivo, abranja a percepção da pesquisadora, alcançando as transformações

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realizadas pela construção de novas realidades do pensar humano e que serão expostos destinando à análise dos documentos produzidos à época.

Reiterando Gil (1999, p. 45), quanto as observações sobre a pesquisa, considera-se as inferências indispensáveis, quando do tratamento dos dados necessários para este estudo, a utilização da pesquisa bibliográfica e documental a partir de fontes primárias e secundárias que vem auxiliar o desvendar a história, conforme preconiza a teoria em Magalhães (2004) e Waisman (2013) que fundamentam o arcabouço teórico.

Dessa forma, utilizar-se-á a referência apontada por Gil (2002, p. 44) quanto à pesquisa bibliográfica a ser desenvolvida “[...] com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”. Além disso, o autor aponta também a utilização de referências que são “obras destinadas ao uso pontual e recorrente, ao contrário de outras, que são destinadas a serem lidas do começo ao fim” (GIL, 2002, p. 65). Aproximando de estudos historiográficos sobre a educação técnica profissional brasileira, os trabalhos de Santos (1994), Cunha (2000) e Ghiraldelli Junior (2009) servem de referências essenciais para contextualizar a evolução econômica do RN, assim como se emprega em D’Oliveira (1999, 2009) e Silva (2014) no que concerne às obras de referência mencionadas por Gil (2002, p. 44).

Em alusão à pesquisa documental, Gil (2002, p.62) destaca algumas vantagens, pois além de “fonte rica e estável de dados”; não implica altos custos; não exige contato com os sujeitos da pesquisa e possibilita uma leitura aprofundada das fontes. Ela é semelhante à pesquisa bibliográfica, segundo esse autor, e o que as diferencia é a natureza das fontes, sendo material que ainda não recebeu tratamento analítico, ou que ainda pode ser reelaborado de acordo com os objetivos da pesquisa.

Na Pesquisa Documental desse trabalho, utilizar-se-á de documentos escritos e icnográficos como fonte primária. Entende-se que tais documentos, enquanto fonte original são de importância histórica inigualável, visto que apresentam características de originalidade e por nunca terem passado pelo processo de apreciação. De tal forma que a partir deste estudo, tornar-se-á público parte da história do Ensino Profissional Agrícola no RN, uma vez que resgatados pela autora deste trabalho de um amontoado de papéis no arquivo; embaralhados à objetos, que iam de madeira à materiais eletrônicos em convivência pacífica com os cupins - que daqueles se alimentavam - sem que houvesse nenhuma preocupação com a conservação e preservação de documentos oficiais. Apesar de em nosso País contar com extensa normatização em defesa do patrimônio público, vem este, portanto, chamar a atenção do Gestor Público para os cuidados inerentes ao cumprimento do dever.

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Da mesma forma, os documentos icnográficos, representações que em toda sua propriedade escultural, apresentam enquanto documentos históricos, edificações que implantadas dentro do recorte temporal de 1910 a 1950, mas que continuam em toda sua imponência prestando-se como laboratórios para o aprendizado do ensino agrícola deste estado.

Isto posto, entende-se que, o Método Histórico possibilita reforçar que as marcas do passado são memórias que devem ser preservadas, pois nelas se inscreve a história do homem e está representada tanto nos monumentos que são exibidos como herança do passado, quanto pelos documentos que serão selecionados pelo historiador em suas pesquisas.

Assim sendo, neste estudo adotar-se-á os conceitos de memória em Le Goff (2003) e memória coletiva em Halbwachs (2003). Tais conceitos estão associados àqueles que vivenciaram o espaço da EPA, tais como o professor Rivaldo D’Oliveira – que lecionou a primeira aula nesta escola, José Humberto da Silva e Paulo Pereira dos Santos – todos, egressos e professor da instituição em estudo. Estes transformaram suas lembranças nas obras Santos (1994), D’Oliveira (1999; 2009) e Silva (2014), as quais serão utilizadas como referências bibliográfica e documental para este estudo.

Utilizar-se-á também, o conceito sobre patrimônio cultural de Françoise Choay (2001, p. 18), a qual define como “bem selecionado pelo valor de rememoração, capaz de manter viva a herança cultural de uma comunidade”. Neste sentido essa autora corrobora com as referências dos autores citados acima.

Também em Le Goff (2003) utiliza-se do conceito de documento/monumento, que para esse teórico representa o despertar da memória coletiva “o que sobrevive não é o conjunto daquilo que existiu no passado, mas uma escolha efetuada quer pelas forças que operam no desenvolvimento temporal do mundo e da humanidade, quer pelos que se dedicam à ciência do passado e do tempo que passa os historiadores” (LE GOFF, 2003, p. 525).

Corroborando com Le Goff, observa-se nas palavras de Halbwachs (1990, p. 25):

Se nossa impressão pode apoiar-se não somente sobre nossa lembrança, mas também sobre a de outros, nossa confiança na exatidão de nossa evocação será maior, como se uma mesma experiência fosse começada, não somente pela mesma pessoa, mas por várias.

Realizadas tais abordagens sobre os conceitos presentes nesta pesquisa segue-se à fase de tratamento de material de pesquisa que para os estudos de Teixeira (2003, p. 15) indicam ser necessário ao pesquisador teorizar “sobre os dados produzindo o confronto entre

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a abordagem teórica anterior e o que a investigação de campo aporta de singular como contribuição”.

Nos termos de Gil (1999, p. 168) aponta-se a análise de pesquisa:

Tem como objetivo organizar e sumariar os dados de tal forma que possibilitem o fornecimento de respostas ao problema proposto para investigação. Já a interpretação tem como objetivo a procura do sentido mais amplo das respostas, o que é feito mediante sua ligação a outros conhecimentos anteriormente obtidos.

Esse autor traz no seu entendimento ser necessário a organização do material a ser analisado na pesquisa, uma vez que sintetizá-lo promove resultados objetivos que venham a refutar ou a referendar a hipótese elaborada. Exposto de outra forma, a pesquisa é o “procedimento relacional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostas” (GIL, 1999, p. 45).

De tal maneira a ciência se utiliza da pesquisa para organizar procedimentos que vem se constituir em um método científico. Em vista disso, Chaumier (1974 apud BARDIN, 1979, p. 45) define análise de documento como “uma operação ou um conjunto de operações visando representar o conteúdo de um documento sob uma forma diferente do original, a fim de facilitar num estado ulterior, a sua consulta e referenciação”.

Na medida em que o objeto de estudo se constitui da análise dos documentos/monumentos que constituem a EPA, tornou-se metodologicamente necessário definir as categorias de análise primária e secundária. Dessa forma, Le Goff (2003) e Halbwachs (2003) dão sustentação teórica para análise de documentos sobre a instituição – Escola Prática de Agricultura, na perspectiva de compreender parte de sua história tendo como fonte os documentos e os monumentos.

Realizadas tais abordagens sobre os conceitos presentes nesta pesquisa, torna-se consequente estabelecer os monumentos construídos em 1913 como categorias primárias e secundárias de análise, já que ao serem incorporados pela EPA permitiu sua constituição, uma vez que para Le Goff (2003, p. 526), “o monumento tem como característica o ligar-se ao poder de perpetuação, voluntária ou involuntária, das sociedades históricas (é um legado à memória coletiva) ”.

Em destaque ao entendimento sobre o processo vivenciado pela instituição de ensino objeto desta pesquisa, adotar-se-á a metodologia recorrente de Lakatos (2010, p. 89) onde “seu estudo, para uma melhor compreensão do papel que atualmente desempenham na sociedade, deve remontar aos períodos de sua formação e de suas modificações”.

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Desta forma, a abordagem histórica enfoca os monumentos arquitetônicos da EAJ, de expressivo significado histórico, e em conformidade com os documentos escritos e icnográficos, além de referências bibliográficas que possibilitam remontar a herança patrimonial e consequentemente o Diagnóstico Histórico.

Para este Diagnóstico Histórico a ser desenvolvido no último capítulo deste trabalho, utilizar-se-á das fontes primárias – Inventário dos Bens Móveis, Imóveis e Semoventes, além de Ofício Relatório de 1952 (Anexo A) elaborados pelo 1º Diretor Dr. Nilo Albuquerque em sua primeira gestão escolar (1949-1952).

Com base nestes documentos, a construção analítica sobre as edificações que constituíram o Engenho Jundiaí, a Fazenda Jundiaí (Campo de Demonstração Agrícola) e a Escola Prática de Agricultura, atribuindo-as como categoria de análise primária em uma narrativa historiográfica destas instituições e respectivas edificações de valor patrimonial, identificadas a três períodos históricos distintos: Engenho Jundiaí (Sec. XVI); Fazenda Jundiaí (1909); Escola Prática de Agricultura (1949).

A construção narrativa deste Diagnóstico Histórico vem se utilizar das ponderações de Choay (2001) sobre a herança cultural viva e presente na memória de pessoas da comunidade de um determinado patrimônio histórico, determinações legais sobre patrimônio histórico cultural no âmbito nacional – Constituintes brasileiras de 1937, 1946, 1967 e 1988, além de Leis e Decretos afins, e no âmbito internacional as deliberações: Carta de Atena (1931) e de Veneza (1964) e da Convenção de Paris (1977).

Quanto às categorias secundárias, utilizar-se-á das fontes bibliográficas produzidas por egressos da instituição – ex-diretores, professores e alunos, tais como Silva (2000), ingressante da 1ª turma do Ensino Médio (1951) no RN, egressos e ex-professores. D’Oliveira (1999, 2009) que ali chegou antes daquela se estabelecer, tendo residido em uma das casas ali construída em 1912 e presenciando os primeiros passos da EPA, além de lecionar a primeira aula daquela escola. Santos (1994) tem sua bibliografia que discorre sobre a evolução econômica do RN. Silva (2014) que levou novos conhecimentos aos alunos quando participante da criação da Cooperativa Escola dos Alunos do Colégio Agrícola de Jundiaí, e juntamente com os discentes desenvolveu os primeiros projetos desta nova forma de administrar. No que concerne às obras de referência mencionadas por Gil (2002, p. 44), esses autores usaram da literatura para expressar suas memórias.

Adotar-se-á ainda neste trabalho, como fontes secundárias as informações colhidas pela autora em contatos informais com moradores da comunidade de Jundiaí, diretor da EAJ, dentre outros.

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Reiterando as fundamentações teórico/metodológica deste estudo, mais uma vez o apoio à Gil (1999, p.45) sobre o entendimento de pesquisa como “procedimento relacional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostas”. Desta forma, o Diagnóstico histórico da EAJ constitui produto que gera proposta e, associando ao objetivo deste estudo, fornece subsídios com vistas à implementação de uma Gestão institucional.

Lima (2006) atualiza o conceito de gestão como a “capacidade de fazer o que precisa ser feito” e direciona a atenção do papel do Gestor Público no que concerne à Preservação da história e conservação das instituições. Contudo, para Bresser Pereira (1995), a Gestão Pública convive com frequentes reformas, a exemplo da Administração Pública Gerencial (APG) que “consiste em um conjunto de normas, leis e funções [...] seguindo o artigo 37 no qual determina os princípios constitucionais da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência” (BRASIL, 2015, p. 38), e demais instrumentos normativos regulatórios da Administração Pública.

Por sua vez, a Administração Pública faz parte de uma determinada estrutura organizacional nos termos de Di Pietro (2015) e Camargo (2016). Contudo, além disso o desempenho necessário às funções administrativas do bem público (SILVA, 2013, p. 5 apud SCHULTZ, 2016, p. 25) vem reforçar que “A administração está relacionada com o alcance [pelo gestor de uma organização] de objetivos por meio dos esforços de outras pessoas”.

Neste contexto teórico, Maiczuk e Andrade Júnior (2013 apud LEITE, 2019) aportam a utilização da ferramenta de gestão estratégica 5W2H, considerada de simples operacionalização, pois se constitui de uma matriz que se apresenta na forma de Check List de atividades específicas, dentre outras ferramentas necessárias a tomada de decisões sobre o importante bem público de valor histórico e cultural.

Enfim, a adoção deste processo gerencial que se utiliza de tecnologias inovadoras e facilitadoras à gestão institucional da EAJ – patrimônio histórico da UFRN e parte da história do ensino e aprendizagem agrícola no RN – e possibilitará a preservação da memória da educação potiguar, enquanto Ensino Profissional Agrícola.

Seguidamente, apresenta-se o capítulo que trata sobre a trajetória histórica das Instituições Públicas de Ensino Profissional Agrícola no RN.

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3. A HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES DO ENSINO PROFISSIONAL DO RN, NOS ANOS DE 1910 A 1950 E RESPECTIVOS ESPAÇOS DE FORMAÇÃO E APRENDIZAGEM

Este capítulo tem como objetivo descrever a trajetória histórica das Instituições Públicas de Ensino Profissional Agrícola no RN, a partir de uma retrospectiva histórica sobre espaços de formação e de aprendizagem prática, trazidos com a chegada dos Jesuítas no Brasil onde se destaca aspectos considerados relevantes do ensino profissional (não oficializado) nos períodos colonial, imperial e republicano no país.

3.1. RETROSPECTIVA HISTÓRICA – OS JESUÍTAS: NOSSOS PRIMEIROS PROFESSORES

Faz-se conveniente trazer uma retrospectiva histórica do ensino profissional (não oficializado) brasileiro com foco no ensino agrícola, partindo do período colonial. Visto que para o estabelecimento da colônia Portuguesa no Brasil foi necessário por parte do rei D. João III definir políticas de convivência com os nativos, que se encontravam distribuídos por toda a costa brasileira, bem como entendermos não ser possível excluir deste trabalho a história do Ensino Profissional no Brasil que em seus primórdios se inicia com a chegada dos jesuítas.

Diante disso a conversão dos índios se daria pela catequese e instrução tanto de profissões indispensáveis ao trabalho como construção de moradias, quanto do ensino agrícola necessária à sustentação básica dos recém-chegado, o que teve início com a chegada de Tomé de Souza, em 1549. Em sua comitiva chegava também, o Pe. Manoel da Nóbrega acompanhado de dois jesuítas que segundo Ghiraldelli Junior (2009, p. 24) “eles foram nossos primeiros professores”.

Parafraseando Fávero (2000, p. 87-102), a norma para a educação na colônia citava claramente a catequese e instrução dos indígenas por parte dos jesuítas, entretanto, a vinda de pessoas próximas da nobreza exigia que para organizar esta empreitada a que se propuseram os jesuítas fosse incluído os filhos dos colonos, já que para o cumprimento da tarefa haveria subsídios para fundar colégios.

Não há como passar despercebida a conivência estabelecida entre governantes, enquanto representantes da nobreza e o papel da igreja, na figura dos jesuítas que assistiriam aos menos favorecidos.

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Entretanto, observa Ribeiro (1988, p. 22 apud FÁVERO, 2000):

Como cedo perceberam a não-adequação do índio para a formação sacerdotal católica, esta percepção não deve ter deixado de exercer influência na proposição de um ensino profissional e agrícola, ensino este que parecia a Nóbrega imprescindível para formar pessoal capacitado em outras funções essenciais à vida da colônia.

Para uma melhor compreensão da citação feita acima pela autora, venho pedir-lhe permissão para apropriar-me do Plano de Ensino (Fig. 1) por ela referenciado que apresenta a diferença entre a base de ensino de Nóbrega e da Ratio Studiorum (FRANÇA, 1952; NEGRAO, 2000) reproduzindo um gráfico que apresenta os mesmos dados e formato do exposto pela autora em seu trabalho:

Figura 1 – Ilustração dos Planos de ensino de Nóbrega e da Ratio Studiorum

Fonte: Fávero (2000, p. 89).

A reprodução deste gráfico criado por Fávero (2000, p. 89) científica que:

O gráfico apresentado por essa autora ilustra bem o plano de Nóbrega cuja execução exigiu muito empenho de seu autor desde 1536, ano das Constituições da Companhia de Jesus, até sua morte em 1570, revelando que ele se chocava com as orientações dos jesuítas, fato comprovado a partir de sua morte, quando foram excluídas as partes iniciais e o aprendizado profissional, agrícola e musical (canto orfeônico e instrumental).

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A Figura 1 demonstra a grade curricular elaborada pelo Pe. Manoel da Nóbrega, em que fica exposto seu desempenho e compromisso com uma educação de qualidade a ser ofertada aos menos favorecidos, e também mostra seu embate com as orientações da Companhia de Jesus, sem deixar de entender suas preocupações com a manutenção do grupo, que recém-chegados tinham a necessidade de morar (construção de casas) e se alimentar (necessário produzir alimentos), daí indispensável o ensinamento agrícola. Dessa forma, necessário se faz apresentar os currículos dos cursos impostos pela Ratio.

Com esta observação expõe-se a composição curricular de cada curso, o qual se encontra em uma reflexão científica intitulada “Algumas Considerações Sobre o Ratio Studiorum e a Organização da Educação nos Colégios Jesuíticos”, (TOYSHIMA; MONTAGNOLI; COSTA, 2012, p. 5) na tentativa de compreender a educação e formação do Método Pedagógico dos Jesuítas aplicado aos integrantes da Companhia de Jesus.

Ainda segundo os autores, este método é organizado em três níveis distintos:

● Currículo Teológico, que comporta as disciplinas Teologia Escolástica, Teologia Moral, Sagrada Escritura e Hebreu;

● Currículo Filosófico, englobando Lógica e introdução às Ciências, Cosmologia, Psicologia, Física Metafísica e Filosofia Moral;

● Currículo Humanista, que segundo os autores corresponde ao moderno curso secundário e aplica os conhecimentos da Retórica, Humanidades, Gramática Superior, Gramática Média e Gramática Inferior.

Não há como deixar no obscurantismo o ensino agrícola ao qual teve acesso comunidades do século XVI, tributado este ensino aos Jesuítas, uma vez que vários autores fazem menção ao mesmo, pois conforme Ghiraldelli Junior (2009, p. 22-25), o Pe. Manoel da Nóbrega, pioneiro desta educação institui a instrução e catequese dos indígenas iniciando com o ensino de Português, a Doutrina Cristã e a Escola de Ler e Escrever. Na sequência era introduzida Música Instrumental e Canto Orfeônico; após esta fase era permitido finalização dos estudos com o ensino profissional na área de agricultura ou aulas de gramática para completar sua formação na Europa.

Ainda segundo o autor estas escolas levaram instrução aos filhos dos colonos brancos e também mestiços por aproximadamente 200 anos.

Nesse contexto, entende-se que o ensinar do trabalho agrícola se fazia necessário tanto para a manutenção do próprio grupo quanto para a humanização dos silvícolas que embora hostis foram aprendendo a se utilizar de novas ferramentas. Além de que, já nesta

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época, buscava-se operários habilitados, como se confirma em carta datada de 12 de junho de 1561, cujo Pe. Manuel da Nóbrega clama ao Pe. Geral Diogo Lainez: “Nesta terra, Padre, temos por diante muito número de gentios, e grande falta de operários” (FONSECA, 1986, p. 19).

Pode-se considerar que o Pe. Manoel da Nóbrega foi muito feliz na referência feita aos gentios – estes, enquanto não cristãos ou selvagens, e operários – aqueles, enquanto pessoas aptas a receberem os ensinamentos da fé cristã e do aprendizado para o trabalho.

No âmbito mais amplo, enquanto Portugal inicia o processo de colonização do Brasil, outros países europeus já se adaptavam ao racionalismo da ciência moderna. Portugal, dissonante se distinguia por suas raízes medievais, sendo daí acometida pela Reforma Pombalina. Esta reforma promove a expulsão dos jesuítas das colônias portuguesas e aqui no Brasil se deu pelo Decreto de 3 de setembro de 1759, apesar do Marquês de Pombal já ter elaborado em 28 de junho de 1759 um alvará para a criação das aulas régias, cujos professores seriam nomeados pelo governo.

Capta-se dessa Lei que destinava à elite a educação propedêutica, preparatória para os estudos de caráter acadêmico; enquanto que por um longo tempo, pela expulsão dos jesuítas, a colônia se torna órfã daquele ensino agrícola e outros ofícios que atendia aos desvalidos, assim como aos filhos de colonos já estabelecidos.

A dualidade do ensino dá os primeiros passos – instituições para os abastados e os desvalidos, visto que na segunda metade do século XVIII – na Bahia e no Pará em 1761 e no Rio de Janeiro em 1763 - foram criados os Centros de Aprendizagem de Ofícios nos Arsenais da Marinha no Brasil, que além de operários especializados trazidos de Portugal também recrutavam pessoas pelas ruas bem como prisioneiros que tivessem alguma condição de produzir, inserindo-os no aprendizado manufatureiro.

Ainda no período colonial, a literatura mostra que para o Brasil o século XVIII foi marcado por restrições ao desenvolvimento da colônia, uma vez que já na primeira década deste século ordens régias suspendiam o funcionamento de qualquer estabelecimento que fosse instalado no ramo industrial a exemplo de tipografias, oficinas de ourives, fundições e etc., visto causar constrangimento à colônia portuguesa aqui já constituída. Com isto, o “ensino de profissões, cuja maior aplicação se encontra justamente na indústria, estava, pois, naturalmente, cerceado no seu desenvolvimento” (FONSECA, 1986, p. 100).

Com a chegada da corte portuguesa para o Rio de Janeiro em 1808, o Brasil passa a ser sede do Governo Português iniciando o Período Imperial que vai até 1821, uma vez que o grito da Independência se deu no ano de 1822.

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Instalado o governo Imperial no Brasil abrem-se as cortinas para o desenvolvimento da nação a partir do Alvará de 1º de abril de 1808 (BRASIL, 1808), que além de revogar o proibitivo Alvará de 1785, permite o livre estabelecimento de fábricas e manufaturas no Estado do Brasil resultando como consequência a instalação do primeiro estabelecimento público no Brasil, o Colégio das Fábricas (BRASIL, 1809) que tem por finalidade a “educação dos artistas e aprendizes, os quais vinham de Portugal, atraídos pelas oportunidades que a permissão de indústrias criara no Brasil” (FONSECA,1986, p. 102).

No Colégio das Fábricas, vários artífices, manufatureiros e aprendizes portugueses trabalhavam e aprendiam à custa da Fazenda Real, esclarecimento que deixa claro que sua criação visou “socorrer à subsistência e educação de alguns artistas e aprendizes vindos de Portugal, enquanto se não empregassem nos trabalhos das fábricas que os particulares exigissem” (BRASIL, 2011).

Em 1811 já se inicia a instalação das primeiras fábricas as quais vem modificar a economia do País, bem como abrir vagas de empregos nos ramos de massas alimentícias, tecidos, chocolate, além de oficinas tais como: caldeiraria, destilaria, ferragens, e etc.

Em 1819, é edificado na Bahia, em ruínas jesuíticas, o primeiro espaço estabelecido para o ensino de Artes e Ofícios Mecânicos - o Seminário dos Órfãos - para onde foram encaminhados os desamparados e órfãos que deixam de perambular pelas ruas e passam a receber instrução, de forma que:

A própria filosofia daquele ramo de ensino foi grandemente influenciada pelo acontecimento e passou daí por diante, a encarar o ensino profissional como devendo ser ministrado aos abandonados, aos infelizes, aos desamparados (FONSECA, 1986, p. 114).

De tal forma que esta edificação se torna pioneira, e outros espaços seriam instituídos no país. Conforme Fonseca (1986, p. 114), “todos os asilos de órfãos, ou de crianças abandonadas, passariam a dar instrução de base manual aos seus abrigados”. Vale ressaltar que no período entre 1840 e 1865, iniciativas voltadas à educação profissional foram concretizadas, a exemplo das Casas de Educandos Artífices.

Quanto a normatização destas instituições, os Decretos de Liceus de Artes e Ofícios, criados em diversas províncias do país tendo como mantenedores a Sociedade Propagadora de Belas Artes, eram voltados para fins beneficentes.

Apesar de ensino agrícola oferecido pelos jesuítas desde que aqui chegaram, vem dar seus primeiros passos enquanto instituição legal através do Decreto de nº 8.910 de 17 de

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março de 1883, que inicia por dar uma nova versão ao regulamento dos asilos acrescentando no curso das letras o ensino de história e geografia do Brasil e, ao aprendizado profissional acrescenta o ensino da agricultura e a prática de exercícios físicos (BRASIL, 1883).

Essa normatização incide aos asilos que se destinavam a meninos desvalidos de 8 a 12 anos. Estipula-se também o número de internos especificando que seriam admitidos os órfãos de pai e mãe; de apenas pai; bem como aqueles que tendo pai e mãe não pudesse ser por eles mantidos ou educados.

E quanto a instrução primária do 1º e 2º grau, onde terão os educandos acesso às disciplinas de Álgebra Elementar, Geometria Plana e Mecânica aplicada às Artes; História e Geografia do Brasil; Música Vocal e Instrumental; Desenho e Escultura, além de Ginástica. Aos ofícios mecânicos se destina os ensinamentos de Alfaiate, Encadernador, Sapateiro, Marceneiro e Empalhador, Carpinteiro e Latoeiro. Aos asilados, deu-se também, na chácara do asilo, o Ensino Agrícola.

Ainda no Decreto de nº 8.910, de 1883, no que diz respeito à disciplina era dado aos professores e mestres, conforme Art. 28. § 3º, a incumbência de admoestar, repreender e castigar seus discípulos, nos termos do art. 44, o qual consiste em:

1. Advertência em particular; 2. Advertência em público; 3. Repreensão em particular; 4. Repreensão em público;

5. Privação simples de recreio ou de passeio; 6. Privação de passeio ou de recreio, com trabalho; 7. Privação de mesa;

8. Prisão até por oito dias, sem prejuízo do estudo e trabalho;

9. Expulsão (Esta última se dá por autorização do Ministro do Império).

Em se tratando de um ensino que advém de uma irmandade religiosa de 1556, e refletindo sobre o que descreve os itens 7 a 9 do Art. acima, há de se compreender o espanto de um olhar que vivencia o século XXI, ao fazer um retorno àquele passado condoer-se ou no mínimo indignar-se pela fria maldade imposta aos menos favorecidos; estas que não se encontram distanciadas das subtendidas palavras atualmente aplicadas na forma de leis e decretos aos que na mesma condição social - acatam por desconhecimento - o que lhes é proposto, ou porque não dizer, imposto.

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Em síntese, considera-se que nessa retrospectiva histórica foram destacados os aspectos relevantes do ensino profissional (não oficializado) nos períodos colonial e imperial brasileiros. Em seguida, o foco será o município de Macaíba no contexto econômico local e do estado, e as interface com o ensino profissional agrícola em Jundiaí.

3.2. O MUNICÍPIO DE MACAÍBA PARA A ECONOMIA DO RN

Como colônia de Portugal desde o século XVI, o Brasil foi convertido em produtor de bens primários para o mercado mundial, uma vez que os produtos enviados à corte deveriam se prestar à comercialização, a exemplo de metais preciosos, sendo assim importante para o processo acumulativo e primitivo que antecedeu o surgimento do capitalismo industrial.

O modelo de economia Europeia ao qual o Brasil teve que se adaptar consistia, segundo Santos (1994, p. 37), em produção de bens coloniais exportáveis, como açúcar, algodão, fumo e metais preciosos, que se destinaria a diversos mercados, além de produzir alimentos para a população local tendo, portanto, que importar manufaturados. Quanto a província do Rio Grande, Santos (1994, p. 37) entende que talvez o documento mais antigo que fala da economia norte rio-grandense seja a “Relação das cousas do Rio Grande. Do sítio e disposição da terra”, relativo ao ano de 1607 o qual foi publicado pelo Padre Serafim Leite. É neste extrato que se encontra o registro da construção de um engenho em andamento que na conformação de nosso território em 1611 pertencia ao vizinho Estado da Paraíba e outro engenho na situação de incompleto na várzea de Curimataú, que era o de Cunhaú em terras do atual estado do RN.

O Engenho Cunhaú que em 1614 já produzia açúcar para o consumo interno, caracterizando o início da agroindústria açucareira, era o único engenho que funcionava na capitania com uma produção de seis a sete mil arrobas do produto que eram transportados para Pernambuco, e com isto, as despesas da capitania eram custeadas pela Fazenda Real, cujo dispêndio em 1615 era direcionado ao funcionalismo e aos que se ocupavam da guerra, que chegava a 3.293$950 (três contos, duzentos e noventa e três réis e novecentos e cinquenta centavos de réis).

Santos (1994) pontua que a partir de 1630 a balança começa a mostrar uma receita positiva resultante da produção açucareira e da pecuária, cuja maior arrecadação vem do dízimo do gado. Com o passar dos anos sob o peso da colonização, a capitania que apresenta uma crescente receita sente-se sufocada tanto pela criação de novos impostos por imposição

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da coroa, quanto pela perda de arrecadação dos mesmos para a Provedoria Real. Com isto, Santos (1994, p 48-49) traz na afirmação de Rocha Pombo que “durante o período colonial, a receita da Província do Rio Grande nunca se elevou a mais de 15 a 20 contos”, ocorrência que se apresenta mesmo depois de 1822 e mantendo um ritmo lento de desenvolvimento. Essa situação econômica do país pouco mudou com o advento da República que continuou agroexportadora e importadora de manufaturas. Já o Rio Grande do Norte, nos anos da primeira República vem cumprir seu papel de fornecedor de braços para outras regiões, enquanto se prestava à exportação do algodão e do açúcar.

Alterações significantes na economia do país vêm apresentar índices diferenciados quando explode a Segunda Guerra Mundial, interrompendo tanto a exportação quanto a importação, fazendo com que os negócios se voltassem para o mercado interno fraco e vulnerável; contexto este que vem apresentar um País de muitas carências: ausência de transporte, baixo nível profissional da população e sem uma indústria de base que viesse fomentar o desenvolvimento.

É no bojo dos entraves que a indústria siderúrgica no Brasil vem cumprir seu papel para o desenvolvimento do País, permitindo uma expansão econômica e desenvolvimentista nas décadas 1946-1955, apesar da crise política. Neste período em que se implantava a indústria siderúrgica no Brasil, já haviam sido disseminados no País os maquinários agrícolas, pela implantação dos Campos de Demonstração Agrícola ou de Experimentação Agrícola, como também as Fazendas Modelo, além de já se contar com profissionais hábeis à sua operacionalização.

Enquanto isto no Rio Grande do Norte, em 1948, “o algodão chegava a 32.846.271 quilograma, valendo comercialmente Cr$ 423.847.833,00, quando no orçamento era prevista Cr$ 56.907.000,00 [...] oscilando entre 17 a 23 milhões de quilos, mas baixando para 10 em 1951” (SANTOS, 1994, p. 109-110). No final da guerra, em um primeiro momento que vai de 1947 a 1953 adentra o Estado à cultura do agave, que serve a fabricação de cordas e sacarias. Ainda nesse período no RN, segundo Santos (1994), o açúcar sofreu oscilações de preço e produção, mas contava ainda com a produção da cera de carnaúba, importante para a fabricação de discos de gravações o que contribuía para a economia do Estado, bem como com a exportação da Xelita, minério que manteve um ritmo ascensional, além do gesso. Observadas as evidencias de dilatação do mercado produtivo pontuadas por esse autor, apresentam-se os valores contributivos à Economia do Estado nas décadas de 1940-1950, Quadro 01.

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Quadro 01 - Valores contributivos à Economia do RN (1940-1950)

Ano Valores Moeda

1940 20.062:591$400 Réis 1941 23.812:557$500 Réis 1942 22.168:575$500 Réis 1943 24.759.274,40 Cruzeiros 1944 32.759.174,40 Cruzeiros 1945 34.281.445,50 Cruzeiros 1946 43.242.035,50 Cruzeiros 1947 51.330.073,10 Cruzeiros 1948 67.944.642,20 Cruzeiros 1949 67.127.860,50 Cruzeiros 1950 71.862.026,900 Cruzeiros

Fonte: Elaborada pela autora com base nos dados de Santos (1994, p.123).

Observa-se que a contribuição da economia no RN em 1950 registou acréscimos, quase três vezes mais em relação ao ano de 1943. Pela impossibilidade de outras apreciações quanto à economia, associa-se às peculiaridades de solos em território potiguar – litoral e interior - as características variadas e peculiares para a cana-de-açúcar como cultura inicial de sua formação agrícola, seguida da pecuária que adentra o território alcançando as terras áridas do sertão para atingir o ápice econômico com a produção do algodão.

Assim, a formatação do território potiguar que teve como base econômica, três importantes culturas tradicionais, produzidos em solos multifacetados, destas apropriou-se para dar sua contribuição na formação econômica do País a partir de sua organização territorial.

A cana-de-açúcar é trazida para o País com a finalidade de dar sustentação às capitanias hereditárias, tendo consideravelmente prosperado nas capitanias de Pernambuco e São Vicente, e fixando-se em outros de forma pontual para assistir às comunidades locais, a exemplo do Engenho Cunhaú que conforme Santos (1994, p. 40) “em 1614 produzia açúcar para o consumo interno [...], em 1630 produzindo seis a sete mil arrobas [...] eram transportadas para Pernambuco”. O que deixa claro que enquanto reforço para a economia da colônia, só no Séc. XVII a cana-de-açúcar veio contribuir com a capitania do Rio Grande. Enquanto isso, em Macaíba – capitania do Rio Grande, em meados do Séc. XVII existia os sítios de “Ferreiro Torto, Uruaçú e Jundiaí que eram habitados por portugueses,

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mestiços e índios que trabalhavam na agricultura rudimentar, exploração de engenho e pecuária”3.

Quanto a economia de Macaíba, conforme Santos (2012, p. 199) se inicia com “a cana-de-açúcar – o ponto de partida; a pecuária – o elemento de expansão; e o algodão um produto de redefinição”, assim sendo é uma economia que se inicia com a Cana-de-açúcar, indo em seguida para a pecuária e partindo depois para o algodão, à proporção do definhar de cada economia.

Os improdutivos solos resultantes do clima seco na maioria dos municípios do Rio Grande do Norte vêm desenvolver uma economia que gira em torno da produção do sal marinho e da criação do gado utilizando de forma consorciada o bagaço da cana de açúcar para sua alimentação. A consorciação entre o bagaço da cana de açúcar e o gado foi de extrema importância para as famílias Norte-Rio-grandense que se utilizava do leite e da carne bovina essencial para alimentação das famílias.

É neste panorama social e econômico, final do século XIX, em 27 de outubro de 1877, através da Lei 801 que a antiga Vila Cuité é elevada à categoria de município com o nome de Macaíba. Contemporâneo à essa transformação em Município ao atributo qualitativo da cotonicultura potiguar que lhe deu a alcunha de ouro branco, se revela sua importância econômica para o Estado desfraldando o desenvolvimento têxtil decorrente da produção gerada no sertão do Seridó.

A força dessa produção aponta que no início do século XX ocorre uma expansão econômica que eleva os níveis de produção, comercialização e financiamento no setor agrícola do RN e com isso a fibra longa do ouro branco provoca o desenvolvimento da indústria têxtil nos Estados cafeicultores promovendo uma diversificação da riqueza nos Estados do Sudeste brasileiro.

É nesse contexto que no espaço antes Engenho Jundiaí, posteriormente transformada em Fazenda Jundiaí é implantada a Escola Prática de Agricultura que tem como pretensão habilitar Técnicos Agrícolas para o desenvolvimento do município, do estado e consequentemente do país. Esta instituição de ensino agrícola abre suas portas e passa a receber crianças que aqui chegaram aos treze anos de idade deixando para trás um rastro de saudades, pois em busca de certificados dos cursos: Práticos Rurais, Operário Agrícola e Mestria Agrícola, na certeza de melhores dias. Tais cursos serão detalhados mais adiante.

3 História de Macaíba, escrita no site da Prefeitura, Disponível em: https://www.macaiba.rn.gov.br/p/historia-de-macaiba. Acesso em: 14 dez.2019

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Dando prosseguimento, tratar-se-á do Ensino Profissional Agrícola brasileiro e potiguar nos novos rumos da República.

3.3. BRASIL REPUBLICANO – ENSINO PROFISSIONAL AGRÍCOLA

Descreve-se neste tópico o marco do Ensino Profissional Industrial no regime republicano brasileiro nas primeiras décadas do século XX – a criação das Escolas de Aprendizes Artífices em 1910, e as tentativas de implantação do ensino agrícola nas décadas de 1920 e 1930; a nova política de Ensino Profissional inserida no contexto social, econômico e político do país, nos anos 1940 a 1950, e com destaque a implantação em Jundiaí, município de Macaíba, do Ensino Médio Agrícola no RN, enfatizando os aspectos normativos e pedagógicos.

3.3.1. Os Primeiros Passos do Ensino Profissional no Brasil

A tão almejada mudança de governo de Império para República renova a esperança de um povo que por quase quatrocentos anos viveu sob o jugo colonial português impedindo o desenvolvimento de uma rica nação. Visto que durante todo este período a educação oferecida aos nativos não passava de uma escolarização que dava sustentação ao analfabetismo, pois a fonte do conhecimento se encontrava na corte, para onde eram enviados os filhos da elite, cuja composição era formada por colonizadores que buscavam o controle político.

Com a Proclamação da República no ano de 1889 – as províncias se transformaram em estados e em alguns destes deliberam pela manutenção do ensino das artes e ofícios, o que mais tarde leva a construção de uma rede de escolas profissionalizantes.

Em 1889, após a abolição legal do trabalho escravo no país, o número total de fábricas instaladas no país era de 636 estabelecimentos, com um total de aproximadamente 54 mil trabalhadores para uma população total de 14 milhões de habitantes, com uma economia acentuadamente agrário-exportadora, com predominância de relações de trabalho rurais pré-capitalistas (BRASIL, 2009, p. 2).

Adentramos, o período entre 1889 e 1930 – denominado de 1ª República, que nasce da junção de um movimento militar com o setor econômico da cafeicultura, os quais ruminavam insatisfeitos com a política econômica do Imperador e as mudanças ocorridas no

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período envolvendo a expansão cafeeira, fim do regime escravocrata e adoção do trabalho assalariado.

Associando este contexto ao Ensino Profissional, por meio do Decreto n.º 787, de 11 de setembro de 1906, no Rio de Janeiro – capital do país, Nilo Peçanha que governava o Estado do Rio de Janeiro, sendo também Vice-Presidente da República, instituiu o ensino técnico no Brasil, criando quatro escolas profissionais nas cidades de Campos, Petrópolis, Niterói e Paraíba do Sul, destas as três primeiras destinadas ao ensino de ofícios e a última à aprendizagem agrícola (BRASIL, 2009).

Essa Lei organiza a Educação Profissional brasileira uma vez que o ensino técnico-industrial, agrícola e comercial no Brasil à época vem ser consolidado por uma série de eventos ou ações, dentre elas:

Realização do “Congresso de Instrução” que apresentou ao Congresso Nacional um projeto de promoção do ensino prático industrial, agrícola e comercial, a ser mantido com o apoio conjunto do Governo da União e dos Estados. O projeto previa a criação de campos e oficinas escolares onde aos alunos dos ginásios seriam habilitados, como aprendizes, no manuseio de instrumentos de trabalho.

A Comissão de Finanças do Senado apresentou proposta de aumento de dotação orçamentária para os Estados instituírem escolas técnicas e profissionais elementares sendo criada, na Estrada de Ferro Central do Brasil, a Escola Prática de Aprendizes das Oficinas do Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro.

Declaração do Presidente da República, Afonso Pena, em seu discurso de posse, no dia 15 de novembro de 1906: “A criação e multiplicação de institutos de ensino técnico e profissional muito podem contribuir também para o progresso das indústrias, proporcionando-lhes mestres e operários instruídos e hábeis” (BRASIL, 1906).

Compondo a estrutura ministerial do governo de Affonso Augusto Moreira Penna, a Secretaria de Estado com a denominação de Ministério dos Negócios da Agricultura, Indústria e Comércio foi criada pelo Decreto 1.606, de 29 de dezembro de 1906, e em seu Artigo 2º determina que:

Este Ministério terá a seu cargo o estudo e despacho de todos os assuntos relativos: 1º) A agricultura e à indústria animal: a) ensino agrícola, estações agronômicas, mecânica agrícola, campos de experimentação e institutos de biologia agrícola; [...] f) estudo econômico das vias férreas [...] fretes e tarifas (BRASIL, 1906).

Entretanto, a Educação Profissional no País é oficializada no ano de 1909, nestes termos:

Referências

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