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Investigação sobre processos de criação e execução da iluminação cênica no DEART - UFRN: a experiência acadêmica como formação de um professor de teatro-iluminador

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARTES CÊNICAS

ADRIANO MARINHO DOS SANTOS

INVESTIGAÇÃO SOBRE PROCESSOS DE CRIAÇÃO E

EXECUÇÃO DA ILUMINAÇÃO CÊNICA NO DEART –

UFRN:

A

EXPERIÊNCIA

ACADÊMICA

COMO

FORMAÇÃO DE UM PROFESSOR DE

TEATRO-ILUMINADOR

NATAL/RN

2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES – CCHLA

DEPARTAMENTO DE ARTES – DEART

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARTES CÊNICAS

ADRIANO MARINHO DOS SANTOS

INVESTIGAÇÃO SOBRE PROCESSOS DE CRIAÇÃO E EXECUÇÃO

DA ILUMINAÇÃO NO DEART – UFRN: A EXPERIÊNCIA

ACADÊMICA COMO FORMAÇÃO DE UM PROFESSOR DE

TEATRO-ILUMINADOR

NATAL/RN 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES – CCHLA

DEPARTAMENTO DE ARTES – DEART

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARTES CÊNICAS

ADRIANO MARINHO DOS SANTOS

INVESTIGAÇÃO SOBRE PROCESSOS DE CRIAÇÃO E EXECUÇÃO

DA ILUMINAÇÃO NO DEART – UFRN: A EXPERIÊNCIA

ACADÊMICA COMO FORMAÇÃO DE UM PROFESSOR DE

TEATRO-ILUMINADOR

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte para a obtenção do título de Mestre em Artes Cênicas.

Orientadora Professora Drª. Nara Graça Salles.

NATAL/RN 2019

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN Sistema de Bibliotecas – SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN – Biblioteca Setorial do Departamento de Artes - DEART

Santos, Adriano Marinho dos.

Investigação sobre processos de criação e execução da

iluminação cênica no DEART - UFRN : a experiência acadêmica como formação de um professor de teatro-iluminador / Adriano Marinho dos Santos. - 2019.

120 f.: il.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas, Natal, 2019.

Orientadora: Prof.ª Drª Nara Graça Salles.

1. Processo de criação. 2. Iluminação cênica. 3. Mapa de luz. I. Salles, Nara Graça. II. Título.

RN/UF/BS-DEART CDU 792.022

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À Rhaquel, minha esposa, que foi meu suporte em cada momento que precisei. Obrigado pelo companheirismo nas horas em que me senti só, pela paciência nos momentos estressantes, pelo ombro todas as vezes que me senti triste e pelo colo todas as vezes em que me senti fraco. Sou-lhe grato por tudo.

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AGRADECIMENTOS

À Nara Salles pelo incentivo e acompanhamento nessa jornada acadêmica.

Aos Professores Dra. Urânia Maia e Dr. Adriano Moraes por contribuir com a construção desse trabalho.

Ao amigo Ronaldo Costa pela oportunidade de aprender sempre e pela parceria na realização dessa empreitada.

Aos Técnicos Administrativos do DEART pelo apoio e incentivo para que me lançasse nesse trabalho.

À Marineide Furtado pela amizade e disponibilidade em me ajudar sempre que precisei revisar o texto.

Aos Colegas Professores, pelas contribuições durante as aulas. Ao PPGArC pela oportunidade fazer parte desse programa. Aos Colegas de turma pela troca de experiências.

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RESUMO

A dissertação versa sobre uma investigação dos processos de criação e execução da iluminação cênica nos grupos Cruor Arte Contemporânea, Arkhétypos Grupo de Teatro e Gaya Cia de Dança. Essa pesquisa pretendeu compreender como ocorre o processo de criação nos grupos e a participação dos discentes que o integram relacionando suas práticas nos grupos às disciplinas de iluminação, as quais cursaram; por entender que esses integrantes são parte fundamental na criação dos espetáculos dos referidos grupos. Escolhemos um trabalho artístico de cada um, a saber: Carmim (Cruor), Santa Cruz do Não Sei (Arkhétypos) e Almar (Gaya) para analisar de forma descritiva o processo de criação da luz e como se deu esse processo do ponto de vista participativo. Para essa discussão, nos fundamentamos principalmente nos textos dos seguintes autores: Fayga Ostrower (2014), Ronaldo Costa (2009), Valmir Perez (2007). Este estudo tem relação direta com a prática de trabalho do autor. Assim, se faz necessária uma explanação sobre minha formação na área para uma melhor compreensão do desejo por este objeto de estudo e o recorte dado. Portanto, introduziremos a pesquisa falando sobre a metodologia utilizada na pesquisa e apresentaremos o Laboratório de Iluminação Cênica do Departamento de Artes, após isso, faremos um relato sobre a prática discente e apresentaremos os grupos investigados e o processo de criação utilizado por cada um no trabalho selecionado, por fim, enfatizamos a importância da formação dos discentes através de sua participação nos grupos. Apesar de a ênfase ser no processo de criação da luz, o mesmo vale para os demais elementos cênicos, pois a carência de formação profissional nessas áreas ainda é acentuada. Destacamos que os grupos de acadêmicos no DEART são importantes espaços de formação complementar dos discentes das graduações.

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ABSTRACT

The dissertation focuses on an investigation of the processes of creation and execution of scenic lighting in the groups contemporary art Cruor, Arkhétypos Theater group and Gaya Cia of Dance. This research intends to understand how the process of creation in the groups and the participation of the students who integrate it relate their practices in the groups to the lighting disciplines they have attended; To understand that these Members are fundamental parts in the creation of the spectacles of these groups. We chose an artistic work of each group, namely: Carmim (Cruor), Holy Cross of don‟t know (Arkhétypos) and Almar (Gaya) to analyze in a descriptive way the process of creating the light and how this process was given from a participative point of view. For this discussion we were based mainly on the texts of the following authors: Fayga Ostrower (2014), Ronaldo Costa (2009), Valmir Perez (2007). This study has a direct relationship with the author's work practice, if it is necessary an explanation about my training in the area for a better understanding of the desire for this object of study and the cut-off given. Therefore, we will introduce the research talking about the methodology used in the research and present the stage lighting Laboratory of the Department of Arts, after that we report on the student practice and will present the groups investigated and the creation process used by each one in the selected work, finally, we emphasize the importance of training students through their participation in the groups. Although the emphasis is on the process of creating light, the same goes for the other scenic elements, because the lack of professional training in these areas is still accentuated. We emphasize that the groups of academics at DEART are important spaces for complementary training of students of graduations.

Keywords: Creation process. Scenic lighting. Light map. Theater.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Palco da Sala Preta...23

Figura 2: Plateia da Sala Preta...24

Figura 3: Adriano Marinho operando a luz de “Apocalipse”...26

Figura 4: Planta baixa do Teatro Laboratório Jesiel Figueiredo...37

Figura 5: Foto de oficina de iluminação realizada pelo Ronaldo no Barracão Clowns...40

Figura 6: Tela inicial do LabLux...43

Figura 7: Tela de criação do projeto...44

Figura 8: Tela de impressão do projeto pronto...45

Figura 9: Oficina básica de iluminação cênica ministrada pelo iluminador Ronaldo Costa...49

Figura 10: Mesa analógica de iluminação do TLJF...50

Figura 11: Montagem da peça “Tombo da Rainha” em Macaíba – RN, 2015...52

Figura 12: Discentes manipulando a mesa de luz durante um exercício cênico...57

Figura 13: Performer em frente a tv...86

Figura 14: Entrada – Pisando no gelo ...88

Figura 15: Espaço da cena de “Segredo”...89

Figura 16: Espaço da cena de “Peitos”...89

Figura 17: Espaço da cena de “Frida na cama”...90

Figura 18: Espaço da cena de “Água”...90

Figura 19: Cena do espetáculo no Teatro Jesiel Figueiredo do Departamento de Artes...96

Figura 20: Mapa de palco do “Santa Cruz do Não Sei”...98

Figura 21: Interação entre personagem e plateia. Em foco a atriz Paulinha Medeiros...99

Figura 22: Mapa de luz de “Santa Cruz do Não Sei”...100

Figura 23: Cena da onda gigante...101

Figura 24: Apresentação de um fragmento do espetáculo “Almar” na galeria do Deart – UFRN...105

Figura 25: Processo de criação/inspiração de “Almar”...108

Figura 26: Cena do espetáculo “Almar”...109

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ROTEIRO DE OPERAÇÃO

PROLOGO 12

PRIMEIRO ATO – REVELANDO A CAIXA CÊNCA 19 Cena 1 – O monólogo: Prática discente em iluminação cênica 20

Cena 2 - Conhecendo o equipamento 30

Cena 3 - A ideia 33

Cena 4 - O projeto 37

Cena 5 - Acendendo uma luz 46

Cena 6 - Operação de luz 47

Cena 7 – Uso dos equipamentos pelos discentes 53

SEGUNDO ATO – CARACTERIZAÇÃODOS PERSONAGENS 59

Cena 8 - Os personagens nos processos de criação 60

TERCEIRO ATO - PROCESSO DE CRIAÇÃO DA LUZ NOS GRUPOS 82

Cena 9 – CRUOR Arte Contemporânea 84

Cena 10 – Arkhetypos 94

Cena 11– Gaya 104

BLACKOUT 112

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PRÓLOGO

A presente pesquisa é fruto de um longo processo de observação e desejo imanente de concretização em forma de uma dissertação, portanto os dados coletados antecedem em muito a minha aprovação no programa de pós-graduação. Foi pensada dentro do Departamento de Artes da UFRN, durante a realização das apresentações cênicas dos alunos e alunas dos cursos de licenciatura em Teatro e Dança, durante os anos de 2011 a 2016 e em relação à forma como os alunos e alunas executavam o projeto de luz nos seus espetáculos de finalização de disciplinas e das provocações que eu incitava neles. Assim, esses projetos de luz cênica, que me eram apresentados, me levaram a ter o desejo de aprofundar estas questões de estudo que norteiam essa escrita dissertativa.

Dessa experiência, surgiram os seguintes questionamentos: Como esses alunos participaram da criação da iluminação cênica no grupo? Existe alguém responsável por criar a luz? Como se dá o processo criativo dos trabalhos no grupo? Para responder essas questões é que essa pesquisa foi executada. Nossa intenção foi lançar o olhar sobre o processo de criação nos grupos e tentar identificar a participação dos discentes nesse processo, no recorte temporal informado anteriormente, período em que estivemos cuidando da parte técnica da iluminação cênica do Teatro Laboratório Jesiel Figueiredo, do Departamento de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

É corriqueiro ver como o processo de criação de uma composição de coreografia ou espetáculo teatral acontece sem que nenhuma referência à iluminação seja apontada. Tais processos criativos pensam nos elementos como maquiagem, figurino e sonoplastia, elementos que fazem parte da composição e, no último momento, a proposta de luz é pensada. Não sei se “pensada” seria a palavra correta, pois, na maioria dos casos, o responsável pela composição cênica chega propondo a iluminação momentos antes do início da apresentação, sem ter uma pesquisa realizada sobre este aspecto da encenação, mesmo que todos entendam que a iluminação é importante; observei, ao longo dos anos, que, na prática, não é dada a importância devida.

Assim, a pergunta central que me norteou a chegar a esta dissertação foi: Porque ocorre essa atitude de deixar para último caso a construção de um elemento estético de tal importância na composição do espetáculo que é a “iluminação”? Dessa maneira, para compreender e explicar esse problema buscou-se referencias no estado da arte em autores que já pesquisam sobre esse tema ou se aproximam dessa escrita dissertativa.

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Já faz algum tempo que o processo criativo em iluminação cênica vem fazendo parte do universo ao qual este pesquisador está inserido, precisamente, desde o ano de 2006, em Maceió, Alagoas. E, neste caso, em específico, do trabalho dissertativo, o processo criativo nos grupos já apontados, por acompanhar alguns desses trabalhos, desde o início de sua criação. A escolha desses grupos ocorreu pelo fato de muitos alunos e alunas dos cursos de Teatro e Dança, sejam eles ativos ou egressos, fazerem parte dos grupos; o que me proporciona fazer observações sobre a participação desses integrantes no processo de criação dos trabalhos artísticos.

Dentro do Departamento de Artes da UFRN, onde atuam os grupos que são objetos desta pesquisa, existe um Teatro, o Teatro Laboratório Jesiel Figueiredo, comumente conhecido na comunidade acadêmica como “teatrinho”; fato este que já parece denotar a pouca importância dada ao Teatro Laboratório como espaço de uma formação profissional dos licenciados em Teatro e Dança. Esse espaço é destinado não apenas a apresentações de teatro e dança, como também, palestras e outras atividades que necessitem de um local com essas especificidades.

Como já mencionei anteriormente, o que me motivou a fazer a pesquisa foi o fato de muitas das vezes, os trabalhos cênicos, elaborados pelos alunos das artes cênicas, chegarem ao teatro para realizar a apresentação, sem ter algo essencial para que a obra cênica fosse executada de forma adequada, no seu projeto de luz. Entendemos como projeto de luz tudo que faz parte da composição da iluminação cênica. Desde o primeiro esboço, passando pelos equipamentos, mapa de luz, até a montagem da iluminação. Supomos que as composições artísticas, dentro do Departamento de Artes, ocorrem muitas das vezes de forma direcionada por alguém que dirige o processo criativo. Supomos também que essa pessoa chegue com um projeto de luz pronto para entregar ao técnico do teatro. A execução do projeto de luz deve ser acompanhada pelo iluminador que o criou ou que, de forma colaborativa, participou da criação e que vai acompanhar a montagem, sendo ele o responsável pela operação ou não.

É de nosso entendimento que, a realização de uma obra cênica em um teatro necessite de um projeto de luz, a não ser que a não existência do mesmo seja uma proposta do diretor ou encenador da obra, ou que não se faça necessária por ser apresentada à luz do dia. Trazendo essa discussão para o nosso campo de atuação, a academia, somos partícipes desse processo de construção de conhecimento a respeito da formação discente e a preparação dele para o meio profissional, neste caso, professores e professoras de teatro. Na academia, é o lugar onde o discente irá experimentar e experienciar diversas possibilidades teórico-práticas de como elaborar seus trabalhos e apresentá-los dentro do contexto teatral e, o intuito dessa

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pesquisa, além de investigar o processo de criação e execução da iluminação nos grupos de Teatro e Dança, foi compreender como acontece a participação desses discentes nesse processo e se os mesmos se preocupam com a iluminação cênica nos trabalhos, como parte importante dos componentes da encenação.

Veremos mais adiante, no desenrolar dessa pesquisa, como acontece esse processo de criação nos grupos, pois o objetivo desse trabalho foi compreender como os alunos dos cursos de Teatro e Dança atuantes nos grupos, aplicam seus conhecimentos em iluminação cênica nas apresentações dos grupos, os quais fazem parte; bem como, descrever como se desenvolve o processo de concepção de iluminação para as apresentações do grupo; compreender como acontece a relação de escolha da iluminação, dos integrantes do grupo quanto à execução do projeto de luz para as peças de teatro ou dança; em cada grupo escolhido.

Esses grupos, em sua maioria, são formados por alunos e alunas das graduações, então, fomos investigar o processo criativo dentro desses grupos e como as produções são pensadas dentro da coletividade, mesmo que haja apenas uma pessoa designada para tal tarefa. Para esse procedimento investigativo, se fez necessário observar os ensaios dos grupos e conversar com seus coordenadores para saber se, dentre os componentes, havia alguém que tivesse cursado a disciplina de iluminação cênica durante a graduação.

O processo de criação requer que haja o conhecimento sobre o que se quer criar para que o resultado seja satisfatório. O processo criativo ocorre de várias formas nos indivíduos e uma delas é como o indivíduo percebe o mundo a sua volta. Dessa maneira, Ostrower (2014) afirma que “a percepção é a elaboração mental das sensações”. As sensações nos permitem idealizar o resultado do que pretendemos fazer e construir mecanismos que auxiliem na obtenção do resultado almejado. Dentro do processo de criação, a sensibilidade é um elemento primordial, de acordo com a autora:

Representa uma abertura constante ao mundo e nos liga de modo imediato ao acontecer em torno de nós. Na verdade, esse fenômeno não ocorre unicamente com o ser humano. É essencial a qualquer forma de vida inerente à própria condição de vida. Todas as formas vivas têm que estar “abertas” ao seu meio ambiente a fim de sobreviverem, tem que poder receber e reconhecer estímulos e reagir adequadamente para que se processem as funções vitais do metabolismo, numa troca de energia. (OSTROWER, 2014, p. 12).

Quando nos abrimos para receber novos estímulos, sejam externos ou internos, as ideias surgem como se fossem lampejos de memória, que se somam com os conhecimentos adquiridos ao longo da vida, fazendo com que o processo criativo se torne algo fluente e prazeroso para quem está criando. Algo que acontece bastante, quando se está criando algo

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são as associações, elas nos permitem relacionar o que estamos pensando com o que vimos de concreto e, assim, criar algo novo. “Espontâneas, as associações afluem em nossa mente com uma velocidade extraordinária. São tão velozes que não se pode fazer um controle consciente delas” (OSTROWER, 2014, p. 20).

A criação de uma obra artística pode ser fácil ou pode ser difícil, dependendo do grau de conhecimento e sensibilidade de quem está criando. Embora, nem sempre possamos considerar o artista um ser sensível, precisamos reconhecer que se faz necessário ter conhecimento e percepção aguçada para criar uma obra. Cada linguagem artística tem sua especificidade e cada artista tem sua maneira de criar. “O processo criativo na linguagem teatral é uma busca em que todos os artistas constroem o encontro com o espetáculo. A partir do momento que passam a colocar suas ideias, e com isso, as experiências, as formações de todos se ampliam” (MOURA, 2014, p. 15). No teatro e na dança, esse processo, segue a mesma linha.

Em nosso percurso metodológico, definimos que a abordagem da pesquisa seria qualitativa descritiva e optamos pela observação participante juntamente com análise da bibliografia como viés metodológico; por entendermos que esse tipo de abordagem poderia ter melhor relação com a natureza da pesquisa que desenvolvemos. Optamos por esse tipo de pesquisa, por acreditarmos também, que a natureza do objeto requer interpretação por parte do pesquisador sobre a situação problema apresentada pelo objeto. Nesse sentido, Adilson Florentino (2012) afirma que “A pesquisa qualitativa pode ser encarada como a intenção de obter uma profunda compreensão dos significados e das situações-problemas apresentadas pelos sujeitos, mais do que uma medida quantitativa de suas características básicas”. (FLORENTINO, 2012, p. 124).

Com base nesses preceitos, saímos a busca de respostas que nos levassem a solução do problema proposto, com a intenção de participar como observador junto aos demais membros do grupo e Roberto Gil Camargo (2008) aponta que:

A observação participante, ou observação ativa, consiste na participação real do conhecimento na vida da comunidade, do grupo ou de uma situação determinada. Nesse caso, o observador assume, pelo menos até certo ponto, o papel de um membro do grupo. Daí que se pode definir observação participante como a técnica pela qual se chega ao conhecimento da vida de um grupo a partir do interior dele mesmo. (CAMARGO, 2008, p. 103). Dessa maneira, estive em ensaios e montagens dos grupos e seus processos de concepção da criação e execução de iluminação dos trabalhos que iremos analisar, no decorrer do texto dissertativo. Consideramos que nesse tipo de trabalho o contato do pesquisador com

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o objeto de estudo é de fundamental importância para se alcançar o êxito almejado. Elaboramos um questionário com perguntas semiestruturadas e abertas para nos dar maiores possibilidades de interpretação e maior amplitude de respostas para o entrevistado, de modo que esse material nos foi muito útil para entendermos o processo de concepção de iluminação e como os integrantes fazem para executar o projeto de luz. Quanto a esse tipo de pesquisa Duarte (2002) alerta que:

Aprender a realizar entrevistas é algo que depende fundamentalmente da experiência no campo. Por mais que se saiba, hipoteticamente, aquilo que se está buscando, adquirir uma postura adequada à realização de entrevistas semiestruturadas, encontrar a melhor maneira de formular as perguntas, ser capaz de avaliar o grau de indução da resposta contido numa dada questão, ter algum controle das expressões corporais (evitando o máximo possível gestos de aprovação, rejeição, desconfiança, dúvida, entre outros), são competências que só se constroem na reflexão suscitada pelas leituras e pelo exercício de trabalhos dessa natureza. (DUARTE, 2002, p. 146).

Além das entrevistas, utilizamos recursos de captura de imagens para documentar ensaios e montagens, as quais serviram de base para fazer análise do projeto de luz elaborado por cada grupo. Fizemos um levantamento de bibliografia sobre o tema pesquisado para nos orientar no percurso metodológico.

Durante todo o percurso metodológico, fizemos análise documental a respeito de artigos e trabalhos relacionados com o tema do projeto para dar suporte no desenvolvimento do mesmo. Desse modo, fizemos buscas em teses, dissertações e artigos em plataformas, a exemplo de CAPES, Scielo, Google Acadêmico e encontramos um arcabouço referencial que dialogam com nossa pesquisa. Dentre os primeiros autores que nos deram embasamento para essa pesquisa destacamos: Fayga Ostrower (2014), Ronaldo Costa (2009), Valmir Perez (2007), Roberto Gill Camargo (200).

Quanto à justificativa, acreditamos que a pesquisa desenvolvida tenha relevância no meio acadêmico por abordar uma questão fundamental nas Artes Cênicas que é a concepção e execução da iluminação. Lançando mão dos conhecimentos adquiridos, ao longo do curso, o aluno/aluna poderá contribuir na concepção da luz do espetáculo apresentado pelo grupo; assim como, estará apto a como professor/a, sendo o curso de licenciatura, orientar seus alunos/as na concepção da iluminação em encenações. Investigar sobre processo criativo em grupos artísticos não é algo inovador, mas quando trazemos essa investigação para dentro da universidade com os grupos que atuam, no âmbito da instituição, vemos como algo instigante, ainda mais quando o objeto de estudo está inserido no mesmo ambiente em que a pesquisa se

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desenvolve. Essa pesquisa pretendeu manter um diálogo com os alunos e alunas a fim de proporcionar uma reflexão sobre como esses conhecimentos estão sendo aproveitados.

Grande parte das produções feitas por alunos e alunas dos cursos leva em consideração a direção e a atuação no palco, e como já mencionado, um dos, senão o último elemento a ser pensado, é a iluminação. Costumamos assistir a exercícios de finalização de disciplina tanto em teatro quanto em dança que os alunos e alunas chegam para apresentar seus trabalhos e dizem o que querem de iluminação. No entanto, muitas vezes, não sabem nem o que querem, sendo preciso improvisar, o que compromete a estética do trabalho, caso haja erro na operação. Porém, nos atemos aos grupos, e não aos trabalhos de finalização de disciplina, mas este fato foi o instigador para a proposta e recorte da pesquisa e, por este motivo, se faz importante mencioná-lo.

Um trabalho de composição cênica, seja ele teatro ou dança, no caso do Departamento de Artes, da UFRN, precisa que todos os elementos funcionem em sincronia. Pois, são as partes desse “todo” que precisam se encaixar para dar vida à mágica do espetáculo. Se há recurso disponível para ser usado e o mesmo não é, o que está faltando? Pensemos nisso como uma oportunidade para entender como os alunos e alunas estão assimilando o conhecimento e aplicando em suas atividades. Devo ainda adverter o leitor que, para a composição desse trabalho, resolvemos estruturá-lo em atos para relacioná-lo melhor com a identidade da pesquisa.

No PRIMEIRO ATO, iniciamos com a apresentação do autor, relatando sobre sua prática discente e, em seguida, apresentamos o laboratório1 onde tudo começa, desde os primeiros experimentos até o resultado final. Mostramos os recursos que dão suporte à criação dos projetos de iluminação criados a partir deles, além do seu funcionamento dentro do espaço do laboratório. Neste capítulo, falamos sobre as ferramentas digitais disponíveis para auxiliar na criação dos projetos de iluminação dos discentes, com ênfase no mais utilizado por eles. Dentro dessa perspectiva, procuramos reconhecer esse espaço cênico e vê-lo, como afirma Ronaldo Costa (2010), como um

[...] excelente espaço para o desenvolvimento de práticas que se direcionam para o conhecimento de técnicas e tecnologias em iluminar espetáculos cênicos por causa da sua baixa altura (cerca de 3 metros), que traz para os alunos iniciantes a possibilidade de trabalhar certos aspectos da iluminação cênica com maior segurança e rapidez, sem que sejam sujeitados a subirem escadas altas, muito embora essa arquitetura também prejudique trabalhar

1 O laboratório aqui referido é o Teatro Laboratório Jesiel Figueiredo. Espaço de aulas, palestras, experimentos,

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diferentes características luminotécnicas em função de diferentes alturas. (COSTA, 2010, p. 29).

As especificidades do espaço propõem desafios e possibilidades no momento de criação, mesmo com as limitações encontradas. Acreditamos que quando nos deparamos com desafios, isso nos move a querer criar mecanismos que nos possibilitem chegar onde queremos. As dificuldades nos tornam seres capazes de agir e reagir diante das adversidades que encontramos, ao longo de nosso caminho, seja ele no âmbito pessoal ou profissional. Esse espaço é desafiante.

O SEGUNDO ATO é reservado à apresentação dos agentes participantes da pesquisa. Falamos sobre o histórico deles, sua importância no âmbito da Universidade e os trabalhos desenvolvidos por cada um. Dentro desse capítulo, fazemos referência sobre os principais processos de criação de alguns coletivos artísticos no país.

No TERCEIRO ATO, nos atemos ao tipo de processo adotado por cada agente e explanamos sobre o processo de montagem e execução do projeto de iluminação, juntamente com o responsável pela criação. Aqui selecionamos um trabalho de cada grupo, na intenção de discutirmos o processo de criação da iluminação, levando em conta a participação de seus integrantes, pois acreditamos que,

O potencial criador elabora-se nos múltiplos níveis do ser sensível-cultural-consciente do homem, se faz presente nos múltiplos caminhos da vida. Os caminhos podem cristalizar-se e as vivências podem integrar-se em formas de comunicação, em ordenações concluídas, mas a criatividade como potência se refaz sempre. A produtividade do homem, em vez de se esgotar, liberando-se, amplia-se. (OSTROWER, 2014, p. 27).

Sendo assim, nossa intenção é compreender como esses discentes participantes dos grupos contribuem com o processo de criação dos trabalhos e usam seu potencial criativo para desenvolver as habilidades adquiridas durante o curso. No Black out, traremos considerações sobre o processo de criação nos grupos a respeito da responsabilidade sobre a criação do projeto de luz, durante o processo criativo, além da formação do discente, durante curso e sobre a disciplina de iluminação cênica na matriz curricular do curso.

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PRIMEIRO ATO

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Cena 1 – O monólogo: Prática discente em iluminação cênica

O exercício prático de qualquer atividade requer o conhecimento sobre o que se pretende fazer. É comum lermos manuais que explicam como montar ou realizar algo que não temos conhecimento ou sobre como executar determinada tarefa. Isso acontece porque não faz parte dos nossos hábitos lidar com determinadas situações. Quando estamos acostumados a realizar uma atividade, qualquer que seja, deveríamos ter total segurança e domínio daquilo que nos propomos a fazer.

Para ser um bom profissional, fazer um curso é importante para se ter um suporte e conhecimento da profissão escolhida. Algumas pessoas aprendem os segredos da profissão sem nunca ter passado por algum curso de instrução, são os chamados autodidatas2, o conhecimento, nesse caso, é algo que não tem limite e ocorre a partir da prática. Sempre surgem novas formas de realizar algo e as novas tecnologias aparecem, sendo necessário acompanhá-las para não ficar para trás.

No ramo das Artes Cênicas, temos vários profissionais, mas iremos nos ater ao iluminador, por ter sido essa a nossa escolha para este trabalho. Inicialmente, fazemos algumas perguntas: Quem é o iluminador? O que esse profissional faz? Para imediatamente respondê-las: Ele é o responsável pela concepção do projeto da iluminação do espetáculo. Esse profissional trabalha em conjunto com o diretor e os demais profissionais do espetáculo para conceber a iluminação, além de orientar na montagem e operação.

Nem sempre o iluminador estará presente em um grupo, coletivo ou coligação de teatro, ficando a iluminação, quase sempre, a cargo do diretor(a) ou encenador(a) que irá explicar a montagem da luz para o técnico do teatro; e o diretor, ou diretora executará a operação da luz.

Há casos em que o próprio grupo assume a elaboração do projeto de iluminação, ficando, também, a cargo de alguns componentes a execução e operação da luz. Para uma melhor otimização do espaço e tempo de trabalho, a função de cada componente do grupo deve estar bem definida, sendo que cada um assume determinada atividade, mas isso não impede a participação de outro membro para auxiliar na tarefa, tornando o trabalho individual mais fácil e até mais preciso, em termos de decisão.

Voltemos nossa atenção à minha formação e prática discente em iluminação cênica, pois se faz importante o leitor compreender como aconteceu meu interesse por tal pesquisa. Desde a minha graduação em Teatro na Universidade Federal de Alagoas – UFAL, cursada

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entre 2003-2009, tive um contato teórico com o universo da iluminação cênica. A grade curricular da época não englobava a Iluminação, sendo essa linguagem, estudada de maneira superficial, apenas um esboço dentro da disciplina de Fundamentos da Cenografia, oferecida no ano de 2004, com uma carga horária anual de 80 horas/aula, não havendo o sistema de crédito nessa Instituição de ensino.

A iluminação não era item do currículo, mas as instruções eram dadas através da teoria como parte da disciplina já citada e os alunos e alunas deveriam buscar o aprofundamento teórico e prático fora do contexto da universidade. Na época, era uma realidade da Universidade Federal de Alagoas, pois o que havia disponível no Teatro, denominado Sala Preta3, do Espaço Cultural, onde os cursos de Artes funcionam, era refletores sem condições de uso e uma mesa controladora confeccionada em madeira com um emaranhado de fios sem identificação das vias elétricas. Também não havia alguém responsável pelo Teatro.

Logo, os nossos primeiros contatos práticos ocorridos com a iluminação se deram durante a montagem de luz das apresentações dos trabalhos dos concluintes do Curso Técnico de Formação do Ator e da Atriz, no ano de 2004, que era oferecido em módulos de 60 horas/aula, em cinco semestres, que aconteciam no turno noturno da UFAL, ocasião em que os alunos da graduação em Teatro, como eu, eram convidados a assistir o evento, que acontecia na Sala Preta.

Enquanto aluno do curso de graduação, a única forma de ter contato com a iluminação era através de oficinas que aconteciam na cidade de Maceió no estado de Alagoas. Essas oficinas, geralmente, eram ministradas no SESC-CENTRO - Maceió por integrantes de grupos de teatro, das quais, eu participei de duas como: “Direção de Espetáculos” ministrada pelo Professor Ricardo Araújo, com duração de 20 horas, além da oficina de “Análise de Texto Dramático”, ministrada pelo Professor André Gracindo, com duração de 12 horas, entre os meses de junho e agosto de 2006.

As oportunidades relacionadas à iluminação eram escassas, uma vez que os elementos como iluminação, sonoplastia, cenografia, figurino e maquiagem não eram trazidos à discussão em oficinas e/ou cursos, até o ano de 2006, quando a orientadora desta dissertação implantou o laboratório de Figurino no Espaço Cultural da UFAL pela Escola Técnica de Artes, a qual fundou a partir do curso de Formação do Ator e Atriz. As formações, que ocorriam de maneira regular, tratavam apenas do texto, da atuação e da direção teatral.

3 Sala de espetáculos do Espaço Cultural da Universidade Federal de Alagoas, onde se realizam as apresentações

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Compreendo que os currículos dos cursos de graduação em Teatro, mesmo sendo voltado para a licenciatura, como foi meu caso, precisam abordar, de forma mais ampla, o ensino dos elementos do teatro, oportunizando que o discente tenha a possibilidade de se aprofundar em qualquer um dos elementos que compõem a cena, no decorrer do curso ou na sua conclusão.

Durante a minha graduação, a cenografia fez parte, em um caminho paralelo, da formação como licenciando em Teatro e tudo aconteceu com a prática. O conhecimento em cenografia era para poucos, porque não havia cursos de formação para esse fim, assim como, para a iluminação.

Foi através da participação em projetos cenográficos fora da universidade, que conheci esta arte e passei algum tempo trabalhando na construção prática de cenários da cidade cenográfica de uma festa popular, denominada Maceió Forró e Folia, no ano de 2006, em Maceió, pois a única forma de aprendizado que tinha disponível era o fazer.

Com a luz cênica, não foi diferente. Depois de ter participado da montagem da iluminação dos trabalhos de conclusão dos alunos do curso de formação de ator e atriz (2004-2005), comecei a procurar o aprendizado dentro da área. Para me inteirar mais, procurei assistir com frequência as peças com temporada no Teatro Deodoro4.

No ano de 2006, estava acontecendo uma temporada do “Projeto Teatro Deodoro é o Maior Barato5” que possibilitava aos grupos teatrais selecionados por edital apresentarem seus trabalhos ao público com preços popular, dando acesso a quem não dispunha de um poder aquisitivo maior para dispor de ingressos para assistir teatro. Nesse ambiente, comecei a ver a luz como algo que eu queria fazer ao terminar a graduação e seria preciso complementar os meus conhecimentos. Pois, como nos diz o Professor Dr. Sávio Araújo (2005) em sua Tese do Doutoramento,

[...] os alunos mais interessados no tema devem procurar dar continuidade ao seu aprendizado fazendo oficinas específicas de iluminação e, principalmente procurar acompanhar de perto o trabalho de criação e montagem de luz feita por profissionais do ramo. (ARAÚJO, 2005, p. 150). Ao final da graduação, incentivado pela orientadora desta dissertação, então professora na UFAL, fui fazer um Curso de Formação em Iluminação. Como não existia esse curso na cidade de Maceió, fiz um curso de iluminação cênica na dança à distância, oferecido pela Universidade Livre da Dança com sede em Joinville - SC, no ano de 2007, com carga horária de 1.775 horas anuais, o que me possibilitou os primeiros contatos teóricos com o universo da

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Teatro do Governo do Estado de Alagoas.

5 Projeto realizado pela Diretoria de Teatros de Alagoas – DITEAL, com o objetivo de trabalhar a formação de

plateia para espetáculos de cunho artístico cultural, promover a democratização do palco oficial do estado, valorizar a produção artístico-cultural do estado através das categorias de artes cênicas e música. Edital: (https://prosas.com.br/system/arquivos/arquivos/000/023/253/original/edital-teomb-2017.pdf?1490386554).

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luz. A partir daí, consegui uma bolsa de apoio técnico na UFAL, passando a trabalhar na Sala Preta e pude pôr em prática o que aprendi na forma conceitual.

A Sala Preta tinha uma estrutura italiana e o público ficava muito próximo ao palco, pela estrutura, cabia não mais que 50 pessoas sentadas, contando com o palco e a plateia, o tamanho da sala era de 10,65 metros de largura por 6,70 metros de comprimento e 3 metros de altura, como podemos observar na figura abaixo:

Fonte: Arquivo pessoal do Professor David Farias– UFAL/AL, 2017.

Esse é o espaço, no qual, os alunos e alunas do curso de Graduação em Teatro (2004-2009) da UFAL podiam ensaiar e pôr em prática o que aprenderam. O espaço era precário em todos os sentidos. Havia uma cabine de luz, que ficava no meio da plateia, para isolar o iluminador do restante do público. A mesa de luz era uma caixa de madeira com alguns botões de comando feitos com interruptores usados em instalação elétrica residencial e não oferecia possibilidade de controlar a intensidade da luz projetada no espaço. Isso impossibilitava que o operador pudesse perceber se o ator estava na marcação certa do espaço de cena.

O processo de montagem da luz nesse espaço não era difícil em termos práticos, exceto pelo emaranhado de fios enrolados e sem marcação correta que atrapalhava na hora de ligar o refletor. Por outro lado, não tinha muitos pontos de energia disponíveis nas varas de luz nem refletores suficientes para uso, facilitando a prática da montagem. No entanto a estética da cena quase sempre era prejudicada, mas isso não impossibilitava que o espaço deixasse de ser usado. O público ficava numa arquibancada, parecida com as de um circo. Observe a figura a seguir:

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Fonte: Arquivo pessoal do Professor David Farias – UFAL/AL, 2017

As varas de luz eram fixas no teto e dispunham de alguns pontos de energia para conectar os refletores. O espaço também contava com cinco carcaças de refletores do tipo PC, que “(...) leva esse nome porque utiliza uma lente plano-convexa para fazer com que os raios luminosos tenham uma incidência focalizada em determinado campo e produza uma fonte luminosa bastante definida” (PEREZ, 2007, p.120). Além de quatro carcaças de Fresnel:

O fresnel leva esse nome devido a sua lente, inventada pelo físico francês Augustin Fresnel (1788 - 1827). Como o plano-convexo, o fresnel é um equipamento cuja luz pode ser considerada "dura", porém, devido às características difusoras de sua lente, o equipamento fornece um detalhamento focal menos acentuado, diluindo a iluminação do centro à periferia (Perez, 2007, p.120).

Apesar da precariedade, esses equipamentos eram a única referência a refletores específicos para uso em teatros o que nos fez pensar na possibilidade de usá-los, mesmo sabendo que o efeito estético não seria obtido de forma satisfatória, já que foram adaptados com soquetes e luzes incandescentes iguais às que antes eram usadas nas residências.

A prática aqui mencionada está muito relacionada com o aprender fazendo, defendido por Dewey (1959) e que Araújo (2005) reforça, dizendo que,

[...] cada sujeito, ao desenvolver suas aprendizagens, deve ser estimulado a refletir, articular e reinventar os saberes com os quais estará lidando para, assim, desenvolver suas potencialidades criativas, seu discernimento crítico, suas habilidades de socialização e seu crescimento pessoal, instrumentalizando-se para as ações que pode exercer como agente transformador de sua própria história. (ARAÚJO, 2005, p. 122).

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Enquanto discente, a preocupação era constante com o que faria depois que terminasse os estudos acadêmicos e isso me inquietava, porque não me sentia pronto para encarar o mundo fora da Universidade. Sentia que ainda havia muito que aprender, antes de começar a me arriscar fora desse universo acadêmico. A Sala Preta, por mais precária que fosse, nessa época, era o único ambiente, na UFAL, acessível aos estudantes que quisessem manipular ou usar os equipamentos de iluminação, de modo que entendessem o princípio básico de um acionamento de luz, dentro do contexto da iluminação cênica.

Era necessário construir conhecimento e desenvolver a criatividade, utilizando os instrumentos disponíveis para a iluminação cênica. Neste ponto, devemos lembrar que, a criatividade, segundo Ostrower (2014) se torna algo inerente à condição humana, a partir do momento em que o sujeito se dispõe a desenvolver as tarefas a ele atribuídas.

Nesse aspecto, Boden (1999, p. 81) nos diz que a criatividade é “a combinação original de ideias conhecidas” no sentido de aprender a fazer fazendo (apud Dewey, 1959). Logo, o que se vem produzindo, desde o início da História da Humanidade até nossos dias, é fruto da construção dos conhecimentos dos indivíduos, que acompanham a necessidade de cada um.

Isso nos faz pensar que, de alguma forma, é possível se resolver determinado problema ou situação, usando a criatividade como recurso em muitas situações. Pois,

Criar é, basicamente, formar. É poder dar forma a algo novo. Em qualquer que seja o campo da atividade, trata-se, nesse „novo‟, de novas coerências que se estabelecem para a mente humana, fenômenos relacionados de modo novo e compreendidos em termos novos. O ato criador abrange, portanto, a capacidade de compreender, e esta, por sua vez, a de relacionar, ordenar, configurar, significar. (OSTROWER, 2014, p. 9).

Pensando pelo viés da iluminação cênica, no caso da UFAL, onde estive como aluno, entre os anos de 2003 a 2009, o recurso da criatividade se tornava um processo fundamental, pois diante da dificuldade de não se ter como experimentar as criações artísticas na Sala Preta, por falta de equipamentos, para viabilizar esse procedimento, alguns discentes colocavam a criatividade em cena, assim construíram uma mesa controladora de luz com cinco interruptores comuns e um dimerizador para operação de luz, juntamente com osdimmers, que são dispositivos que possuem a capacidade de regular gradativamente a intensidade do brilho emitido pelas lâmpadas, através do controle da intensidade da corrente elétrica. Dessa forma, alterando a aparência visual e o clima de determinados ambientes.

Além dos reguladores de intensidade luminosa, citados anteriormente, existem outros modelos que são utilizados em equipamentos de até 1000 watts, onde seriam conectados os

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refletores, sendo essa a única saída possível. A saber, o equipamento em questão foi construído em madeira. A imagem abaixo mostra o equipamento em uso durante a apresentação de “Apocalipse” dirigida pelo professor Jonatha Albuquerque, no Espaço Cultural da UFAL, em Maceió no ano de 2007, sob orientação da professora Dra. Nara Salles.

Figura 3: Adriano Marinho operando a luz de “Apocalipse”.

Fonte: Arquivo pessoal do autor.

Retornando a questão da criatividade, Torrance (1974) a define como:

[...] um processo natural de todas as pessoas, através do qual elas se conscientizam de um problema, de uma lacuna nas informações, para a qual ainda não aprendeu a solução; procura então as soluções em suas experiências ou nas dos outros; formula a hipótese de todas as soluções possíveis, avalia e testa estas soluções e comunica resultados. (TORRANCE E TORRANCE, 1974, p. 2).

Sendo, portanto, a teoria de Torrance (1974) um aporte à prática que nos levava a buscar a resolução para o problema de falta de equipamento para a Iluminação Cênica, caso esse apontado anteriormente, sendo a criatividade dos alunos e alunas um processo natural, que consoante Gomes (2011, p. 1) “é regido por leis e fenômenos imprevisíveis”, que, podem ser enfatizados e estimulados para o estímulo à experimentação e engenhosidade dos indivíduos.

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A experimentação faz parte do processo de aprendizado, sendo essa uma forma de assimilação do conhecimento adquirido enquanto teoria, através da qual se torna possível testar a viabilidade do projeto, para então ver se pode ou não dar certo em sua execução. É, dessa forma, que ocorre o processo criativo em qualquer área.

Todo processo se constrói de forma contínua e o aprendizado não ocorre imediatamente como no acender de uma luz. Logo, o discente vai construindo o conhecimento naquilo que está fazendo e busca as possibilidades de apreender mais sobre sua profissão também em oficinas de formação em Iluminação Cênica.

Essas oficinas de formação em Iluminação Cênica permitem que o discente, na condição de aprendiz, possa trocar experiência com outros participantes da área, além de aprender sobre o que acontece fora do seu ambiente acadêmico. Não significa dizer que no ambiente acadêmico não se possa aprender sobre o conteúdo que é ministrado numa oficina de Iluminação, porém, essas oficinas têm uma direção mais prática.

O conteúdo é mais definido e sintetizado, voltado a uma visão específica do tema abordado, cabendo ao participante buscar outras maneiras de aperfeiçoar o que aprendi nas oficinas, que eram oferecidas, como já mencionadas, por instituições como o SESC Alagoas, também no evento intitulado Palco Giratório, em 2006, sob a Coordenação Artística e Cultural – CARC, do ator e diretor Thiago Sampaio, em Maceió/AL.

NO SESC/Maceió, tive contato com os equipamentos de iluminação e conheci os bastidores do Teatro SESC Jofre Soares, que possuía mesa de iluminação digital, refletores do tipo PC, fresnel, setlight, elipsoidal. Participei da montagem de luz do espetáculo As Aventuras de Peter Pan, sob a direção de Magnum Ângelo, em março de 2006, sendo responsável técnico pela concepção e operação da iluminação, uma vez que já havia adquirido o conhecimento técnico na área e desde então, venho trilhando esse caminho e me aperfeiçoando cada vez mais nessa formação.

Em busca de qualificação profissional e oportunidades, me mudei para Natal - Rio Grande do Norte, no ano de 2007. Deparei-me com uma cidade em que as produções artísticas estavam acontecendo de forma mais acentuada, voltadas à dança e ao teatro. Senti que seria a oportunidade de aperfeiçoar meus conhecimentos e aprender mais sobre a técnica da iluminação cênica.

Mesmo com as produções acontecendo, as oportunidades não apareciam, pois, o mercado artístico é muito competitivo e conhecer os profissionais atuantes nesse mercado é muito importante para quem está iniciando a carreira nessa área. Depois de um tempo, percebi que a formação teórica estava muito relacionada à prática profissional, ou seja, o aprendizado

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acontecia durante a execução do trabalho. O iluminador ou técnico experiente orienta o aprendiz e assim acontece o aprendizado. Tudo aquilo que aprendi até hoje se deu, em grande parte, de forma prática e nem sempre podemos ter o conhecimento adequado sobre todas as funcionalidades dos equipamentos ou sobre a plasticidade criada pela iluminação.

Como aprendi de forma prática, na maioria das vezes, reproduzia aquilo que me pediam para fazer. Não questionava o porquê daquilo, talvez pela necessidade e urgência que se tinha numa montagem de projeto de iluminação. O que ocorre, de forma diferente, quando há a oportunidade de fazer um curso de formação ou uma oficina.

Conheci poucos profissionais na área de iluminação, no Rio Grande do Norte, e que realmente se pode designar como iluminadores atuantes na cidade, um deles foi Ronaldo

Costa,6 com quem tive a honra de trabalhar em 2013 e participar de oficinas de formação com ele, que além de um excelente profissional, também era o único professor de iluminação do Rio Grande do Norte à época.

Conforme Costa (2010), a formação do profissional de iluminação cênica no cenário brasileiro acontece, frequentemente, através da atividade prática, sendo uma delas a oficina, muito embora possamos observar que:

Em se tratando das oficinas de iluminação cênica, podemos ainda considerar que essa tendência tecnicista perpetua um modelo de ensino que se reduz à função de instituir um conjunto de habilidades e competências baseadas em um determinado volume de conhecimentos que alicerçam uma capacidade eminentemente técnica de trabalho e produção. Além disso, verifica-se, em sua maioria, um ensino restrito a uma forma de instrução centrada na transmissão de conhecimentos que não busca promover a autonomia do educando, muito menos desenvolver a capacidade crítica dos sujeitos do processo educativo. (COSTA, 2010, p. 14).

Considerando a abordagem feita por Costa (2009), devo dizer que concordo com a posição do autor, uma vez que foram as oficinas que me deram suporte técnico para desenvolver trabalhos na área de Iluminação, mas o aprendizado ocorreu com as minhas próprias experiências. As oficinas são um meio de construção de conhecimento enquanto ensino, no entanto, a autonomia do profissional vai depender de sua postura enquanto sujeito pensante e agente do seu campo de atuação.

6 Iluminador Cênico. Em 2004 tornou-se especialista em Ensino de Teatro pelo Departamento de Artes da UFRN

desenvolvendo a monografia intitulada: “Diálogos com a Iluminação: uma proposta de ensino”. Em 2010 tornou-se mestre em Artes Cênicas pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte desenvolvendo a dissertação de Mestrado intitulada: “A Oficina de Iluminação e a Construção do Espetáculo: Anotações para uma Proposta Pedagógica”. Membro do CENOTEC/UFRN (Laboratório de Estudos Cenográficos e Tecnologias da Cena). Foi professor substituto da cadeira de Iluminação Cênica do curso de Teatro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (DEART/UFRN) nos anos de 2012 e 2013.

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Hoje, tenho conhecimento como técnico de luz e cenário através da prática como discente. Grande parte do que aprendi foi através de oficinas e trabalhando “[...] diretamente na assistência técnica de um iluminador, aprendendo na prática cotidiana” (COSTA, 2010, p. 13). Esse tipo de aprendizado é comum, principalmente, em áreas como a iluminação e cenografia cuja prática serve como maneira de consolidar o conhecimento teórico.

Acredito, pois, que estarei sempre aprendendo à medida que me disponho a querer receber os ensinamentos e instruções de alguém que saiba sobre os segredos da profissão que desempenha. A construção de uma prática pedagógica voltada para o ensino em iluminação cênica é uma bandeira levantada pelo pesquisador anteriormente referenciado e por outros que estão iniciando pesquisas nesse viés, como Camila Tiago (2015) que defende, como tantos outros autores, uma ênfase na ideia de que a luz é entendida como linguagem artística e depois como área técnica e tecnológica.

E, ainda, complementa:

O desafio não é pensar uma prática pedagógica em iluminação cênica para a formação de iluminadores, instruir os discentes sobre os modos de funcionamento dos equipamentos, o manuseio e manutenção deles, a pretensão não é uma formação voltada para o tecnônimo. A proposta é refletir sobre uma forma de ensino/aprendizagem que dialogue com a tomada de consciência dos discentes de como a iluminação pode compor com os elementos cênicos selecionados por ele e como ela colabora na construção de um discurso cênico dentro de sua prática, seja ela artística ou pedagógica. Partir da percepção da luz para que seja entendida primeiramente, como linguagem artística, e depois, ser estudada como área técnica e tecnológica. (TIAGO, 2015, p. 63).

Inevitavelmente, a iluminação é ainda tratada como área tecnológica, porque essa é a sua essência. O ensino de iluminação ainda tende a reproduzir essa ideia num modelo contínuo, no qual, o indivíduo aprenderá de forma mecânica, sem se dar conta das possibilidades artísticas que a iluminação faz parte.

Muitas vezes, o aprendizado se dá através do autodidatismo, ou seja, “sem a presença de um instrutor” (COSTA, 2010, p. 13). Essa forma de aprendizado não está equivocada, tendo em vista que, tanto as oficinas quanto os cursos de formação, ainda são pouco difundidos nas diversas localidades, principalmente na Região Norte e Nordeste do país, tornando o acesso ao conhecimento restrito nessas regiões.

Sendo assim, o discente, na maioria das vezes, acaba aprendendo na prática, observando a prerrogativa de que,

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Aprender por conta própria tem a vantagem da liberdade – liberdade para experimentar sem os limites das visões recebidas dos outros. Mas também oferece a desvantagem de exigir que cada aluno reinvente a roda, ganhando pouco ou nada de experiência acumulada pelos outros. (SCHÖN, 2000, p. 39).

De certa forma, há uma desvantagem no aprendizado por conta própria, pois a construção do conhecimento através da troca de saberes entre os indivíduos é mais ampla, envolvendo o que cada um aprendeu sob sua ótica, transformando o conhecimento individual em coletivo.

Como discente, sinto que ainda não aprendi o necessário para complementar minha formação, mas como profissional das artes cênicas, vejo que a formação nessa área também é muito escassa, cabendo ao profissional buscar cursos de formação fora da sua região, tendo nas oficinas de formação, que ocorrem sazonalmente, a única alternativa de atualizar o que aprendeu ou, ainda, em certos casos, a oportunidade de conhecer novas formas de uso da iluminação como linguagem artística.

Cena 2 - Conhecendo o equipamento

A execução de uma tarefa, seja ela simples ou complexa, necessita de um conhecimento prévio por parte de quem a executará. Cada tarefa tem seus modos de execução e ferramentas adequadas para esse fim. Antes de começar a execução de um trabalho, precisamos conhecer o local em que ocorrerá o trabalho e as ferramentas necessárias para isso. A escolha das ferramentas ocorre de acordo com a finalidade do uso. Sendo assim, precisamos conhecer as especificidades de cada tarefa e quais ferramentas usar.

O equipamento7 em questão é o Teatro Laboratório Jesiel Figueiredo. Esse espaço foi inaugurado em 1991 para atender a demanda de um ambiente adequado para a realização de experimentos cênicos do curso de Teatro da UFRN. O espaço não foi construído inicialmente para ser um Teatro, tendo em vista que o prédio do Departamento de Artes é um dos mais antigos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, de forma que esse espaço foi adaptado para ser tornar um equipamento teatral, fundindo duas salas em uma com a intenção de estender o espaço e comportar cabine de iluminação e sonoplastia e o camarim.

7 Referência a equipamento cultural, tais teatros, cinemas, bibliotecas, galerias, centros culturais, salas de

concerto, museus, etc. Disponível em:

<http://anpur.org.br/xviienanpur/principal/publicacoes/XVII.ENANPUR_Anais/ST_Sessoes_Tematicas/ST%206/ ST%206.5/ST%206.5-01.pdf>. Acesso em 28/08/2019.

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A adaptação do espaço foi uma alternativa viável ao curso e ao Departamento, pois seria possível aos alunos e alunas fazer seus experimentos cênicos, bem como, mostrar o resultado proveniente dos mesmos. O fato de o Teatro ter sido projetado a partir de uma estrutura já existente, fez com que a obra ocorresse de forma rápida. A altura do teto até favorece a montagem de plano de luz, mas dificulta na execução. Para se iluminar uma cena é necessário empregar mais refletores do que o necessário para desempenhar a tarefa. A baixa altitude faz com que, o ângulo do feixe de luz gerado pelo refletor atinja algumas áreas da cena, deixando outras no escuro. A solução é usar mais refletores para compensar a luz que faltou.

A distribuição das varas de luz contribui muito para que se possa corrigir o ângulo de iluminação do refletor devido à proximidade delas. Além do mais, cada vara tem cerca de 17 pontos de energia, o que facilita, na hora da montagem do plano de luz. Ao todo, são 06 varas horizontais (V0 a V5), 02 varas de palco e 10 varas verticais. Devido ao teto baixo, é possível instalar os refletores com o uso de uma escada 06 degraus, o que facilita executar a montagem do projeto de iluminação com rapidez.

Em termos de acervo de materiais para compor a cena, o Teatro Laboratório conta com refletores do tipo PC (22 de 1.000 wats e 15 de 500 wats) , Fresnel (08 de 1.000 wats e 15 de 500 wats), Micropar (07), Set light (18) e Elipsoidal (02), Barn doors (30), mesa controladora de luz analógica GCB de 24 canais, dimmers analógicos de 06 canais (04), mesa controladora de luz digital ETC SmartFader de 96 canais, dimmer digital de 12 canais (02), mesa controladora de som Wattson de 12 canais e caixas de som ativas (02) e passivas (02). Além de microfones, projetor multimídia e tela de projeção.

Esse material fica disponível para uso dentro do espaço, sendo vedado o empréstimo. Com um formato aberto, o Teatro Laboratório permite ao usuário diversas formas de experimentação cênica, podendo o aluno e aluna dispor de liberdade para modificar o espaço, de acordo com a proposta da cena. As cadeiras (70) e os tablados (15) são móveis, permitindo que a plateia e o palco sejam modificados de diversas formas. Esse tipo de espaço é o mais adequado à proposta de ensino de Teatro, sendo possível experimentar diversas possibilidades de execução de uma obra cênica. Esse espaço é o único do departamento com equipamentos de iluminação onde se podem pôr em prática os conhecimentos adquiridos, durante o curso, sendo assim, um espaço de grande relevância na formação do discente.

Apesar dos contratempos na hora de montar um projeto de luz, o espaço designado aos alunos e alunas para suas práticas condiz com a proposta de sua designação, pois o Teatro é um excelente laboratório. Tudo pode ser modificado em favor da construção cênica ou

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adaptado, quando não se permite modificar. Além de abrigar aulas práticas dos cursos de Teatro e Dança, também é utilizado, não só pela comunidade acadêmica do Departamento de Artes, inclusive, o Cruor Arte Contemporânea desenvolveu durante os anos 2012 e 2013 neste espaço, o projeto de extensão denominado “Terças de Almodovar” que consistia em exibir filmes do cineasta Pedro Almodovar, seguidas de palestras do especialista neste tema, Prof. Dr. Gilmar Santana. Este espaço também é usado pela Universidade como um todo, por ser um ótimo espaço para palestras e seminários, assim como, para gravação de entrevistas e outras atividades que demandem um ambiente com características de estúdio de tv.

Desde sua inauguração até os dias atuais, o laboratório passou por algumas reformas. A última melhorou o espaço significativamente com a troca de mobiliários empilháveis, um novo isolamento acústico, instalação de um novo quadro de energia para receber a mesa de iluminação e dimmers digitais para otimizar a montagem e operação de iluminação cênica do espaço. Apesar da implantação da mesa digital, a analógica ainda continua disponível para uso, em caso de problemas com a nova, permitindo que se tenha uma segunda opção, uma vez que a demanda de uso do espaço é grande e precisa atender, como já mencionado, não só aos alunos dos cursos de Teatro, mas os de Dança também. Essa demanda aumenta, ao final dos semestres, com as apresentações dos trabalhos desenvolvidos pelos alunos e alunas nas disciplinas, chegando à média de nove apresentações por turno, o que requer disponibilidade de equipamento e pessoal para dar conta dessa demanda.

Pensado para ser um laboratório, o TLJF, cumpre esse requisito. Os discentes têm um equipamento teatral que supre a demanda com relação à liberdade criativa. Apesar da limitação em termos de recursos tecnológicos, muitas vezes, a criatividade é testada ocasionando em trabalhos de boa qualidade. Em se tratando de um laboratório, esse espaço permite ao discente um exercício de prática teatral em que se pode experimentar alguns dos elementos que compõem a linguagem cenográfica. Isso permitirá que ele saia com uma formação mais abrangente em termos acadêmicos, pois nem sempre ele irá, em sua carreira profissional, se deparar com os recursos aos quais teve acesso durante sua formação.

A criatividade é um recurso que estará em uso, tanto na vida acadêmica quanto na vida profissional dos discentes. Mesmo com alguns recursos tecnológicos disponibilizados pela Universidade no teatro laboratório, nem sempre é possível atender a demanda de execução dos projetos dos discentes por causa da limitação de equipamentos. É nessa hora que a criatividade se torna a principal ferramenta nesse processo.

Algumas das apresentações dos discentes como exercício prático ocorrem fora do laboratório como alternativa à falta de espaço para apresentação e, às vezes, por escolha dos

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próprios discentes. Espaços como as salas de aulas práticas do Departamento de Artes são geralmente usadas pelos cursos de Teatro e Dança, são elas: salas 01 e 22, no prédio principal, e Salas A, B e C no prédio anexo; são também utilizadas como espaço para apresentações, assim como, o Laboratório de Criação Execução e Manutenção de Trajes Para a Cena. Por não contar com estrutura para comportar equipamentos de iluminação de teatro, as apresentações requerem criatividade dos discentes para transmitir sua intencionalidade para os espectadores.

Algumas das vezes, as apresentações, não usam iluminação artificial. São casos em que os discentes usam a área externa para mostrar seu trabalho, que chamam também de experimento. Isso geralmente ocorre quando não há horário disponível para que esse discente possa mostrar seu trabalho, utilizando recursos de som e luz disponíveis no Teatro. Sabemos que no Laboratório Jesiel Figueiredo existe equipamentos de iluminação para ser usado, mas cabe a cada discente solicitar o uso ou não. No entanto, como já mencionei, a maioria sempre solicita o uso de iluminação em seus trabalhos, sem sequer ter ideia do que pensou em termos de luz para seu trabalho, improvisando momentos antes de se apresentar. Algumas exceções são raras, nesse sentido, pois alguns pesquisam, elaborando um projeto de luz e vem com a ideia pronta.

Cena 3 - A ideia

Quando trabalhamos prestando serviços, somos realizadores dos desejos de quem nos contrata. Qualquer profissional, que presta serviço, executa a ideia do seu cliente. Não é o profissional que cria a ideia, ele auxilia o cliente na viabilidade da concretização do seu desejo. Nem sempre o que acontece no campo da ideia é fielmente traduzido para o campo da realidade. Em nosso trabalho, no teatro laboratório, passamos por várias situações em que precisamos participar da criação de luz para os trabalhos dos discentes.

Em um teatro, os técnicos que trabalham nele, necessitam que o responsável pela iluminação mostre seu projeto de iluminação para que os mesmos possam executar, da maneira mais fiel possível, o serviço, dadas as circunstâncias do teatro. Falamos isso porque nem sempre o projeto de luz condiz com o que o teatro oferece. No Teatro Laboratório, as possibilidades de execução de projeto de luz são limitadas em relação a estética, mas no que tange ao processo de montagem, o pé direito baixo facilita o posicionamento e afinação da luz.

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O questionamento, que fazemos sempre aos discentes, é se eles têm ideia do que querem. Nem sempre eles sabem o que querem e acabamos estimulando os mesmos na criação de ideias para seu trabalho. Esse estímulo se dá através de questionamentos e demonstrações de possibilidades de iluminação para os trabalhos deles. Nesse ponto, notamos que o processo de criação da luz do trabalho do discente começa naquele momento, pois, por um momento, ele deixou de lado a atuação para pensar nas possibilidades do uso da iluminação em seu trabalho.

A ideia no processo criativo é de fundamental importância, pois acreditamos que criar é um processo que se inicia com a ideia. Essa acaba sendo o ponto de partida dos processos de criação. Estimulamos os discentes a terem ideias sobre o que querem, posto que assim terão possibilidades de criarem a iluminação de seu trabalho de forma mais consciente e não deixar a cargo de qualquer pessoa. Cada um sabe como é seu trabalho, e sobre o que vai falar, qual figurino vai usar, assim como, qual música acompanhará sua encenação ou sua coreografia, mas negligencia a luz. Consideramos que esse elemento, algumas vezes negligenciado, faz parte de todo o processo de criação de um espetáculo, mas também temos consciência que os discentes nem sempre conseguem dar conta de todos os detalhes de seus trabalhos. Além de decorar seu texto ou sua peça coreográfica, vem a escolha da sonoplastia, figurino, maquiagem e cenário. Essa quantidade de tarefas necessita de muita atenção e organização para uma pessoa apenas. Quando o discente não consegue se organizar, passa a dar mais prioridade a atuação e a coreografia por serem as atividades focos das avaliações.

Entendemos, porém, que não basta apenas se preocupar com a atuação ou com a coreografia pronta, mesmo sabendo que são essas atividades consideradas mais importantes no processo de avaliação do discente. Se fôssemos fazer uma comparação seria com um refletor fresnel, pois a lâmpada por si só já é a própria fonte luminosa, mas para ser eficiente e cumprir com a função estética precisa de outros aparatos como espelho rebatedor, carcaça, carrinho e lente. Esses aparatos conferem ao refletor, características como abertura e fechamento do feixe de luz, direcionamento do feixe de luz e qualidade da luz projetada. Sem isso, seria apenas uma lâmpada qualquer que emite luz.

Essa comparação é apenas para mostrar que não basta saber o que vai falar ou dançar, mas como isso será mostrado ao público, pois sabemos que um trabalho artístico é elaborado com a finalidade de expressar a ideia do artista ou do coletivo para que pessoas apreciem ou questionem a proposta da obra enquanto arte viva. Pessoas criativas conseguem desenvolver um raciocínio rápido para solucionar problemas e toda solução vem através de esforço mental,

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