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Ipeamarelo Treinamento Budista para a vida moderna. Introdução a Mente. Conceitos básicos de Epistemologia e Psicologia Budista

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Introdução a Mente

Introdução a Mente

Introdução a Mente

Introdução à

Mente

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Introdução à Mente

Conceitos básicos de Epistemologia e Psicologia Budista

©

Ipeamarelo - 2010

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ÍNDICE

Apresentação 08

1. A Origem e Importância destes conhecimentos 10

2. A natureza da mente e sua importância no caminho Budista 07

3. Primeira Parte: Uma Epistemologia da Mente

3.1. Sujeito e Objeto 12

3.2 A Divisão tripla: Percepção e Concepção, Conceitual e Não Conceitual e

Válida e Não Válida 17

3.3 A Divisão Sétupla: Os sete tipos de mentes discriminadoras 22 4. Segunda Parte: Uma Psicologia da Mente

4.1 Introdução: Mentes primárias e Fatores mentais 33

4.2 Os 51 fatores mentais e seus seis grupos 34

4.2.1 Os Cinco Fatores Mentais Onipresentes 34

4.2.2 Os Cinco Fatores Mentais Determinadores de Objeto 35

4.2.3 Os Onze Fatores Mentais Virtuosos 38

4.2.4 Os Quatro Fatores Mentais Variáveis 41

4.2.5 As Seis Aflições Raízes e as Vinte Aflições derivadas 42

Anexo 1 Bibliografia 55

Anexo 2 Epistemologia na Filosofia Ocidental 56

Figura 1: Visão geral da Epistemologia 16

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APRESENTAÇÃO

Este trabalho sobre a mente reúne os principais conceitos utilizados nas Universidades Budistas da Índia antiga e do Tibet. É composto de dois grandes tópicos de estudo: Pramãna (Epistemologia) e

Abhidharma (Psicologia). Estes dois tópicos foram estudados por nossa instituição no ano de 2007. Para

este estudo foi traduzido do inglês o livro A Mente e suas Funções do Geshe Rabten e para que

tivéssemos uma compreensão clara destes conceitos foram consultadas outras obras do inglês, espanhol e até mesmo do português como citado na bibliografia. Fizemos um retiro de fechamento do estudo onde diversos membros da instituição prepararam um resumo destes conceitos que hoje compõem esta publicação. No ano de 2008, para encerrar este ciclo de estudos sobre a mente, tivemos ensinamentos com Geshe Nagwang Sherap sobre o tema.

Incluímos ao longo do texto diversos conceitos de dicionários visando estabelecer uma conexão com os mesmos temas tratados no ocidente.

A mente é um tema chave na filosofia Budista, a essência do caminho Budista é a sua

transformação, o despertar do seu potencial interior. Por essa razão, compreender seu funcionamento é essencial para evoluirmos neste caminho de transformação interior. Esperamos que esta pequena contribuição possa trazer algum benefício àqueles que desejam de alguma forma ampliar sua autoconsciência.

Porto Alegre, 10 de março de 2010.

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1. A ORIGEM E IMPORTÂNCIA DESTES CONHECIMENTOS

1.1. A primeira parte: Uma Epistemologia da Mente

A epistemologia é o ramo da filosofia que estuda a origem, a estrutura, os métodos e a validade do conhecimento, daí também se designar por filosofia do conhecimento.

Dicionário Houaiss: Epistemologia: reflexão geral em torno da natureza, etapas e limites do

conhecimento humano, especialmente nas relações que se estabelecem entre o sujeito indagativo e o objeto inerte, as duas polaridades tradicionais do processo cognitivo; teoria do conhecimento.

Dicionário de Filosofia: O nome deriva de epistêmê, termo do antigo grego que significa

CONHECIMENTO. A esse termo opunha-se o termo doxa, que significa opinião. Isto porque, como PLATÃO começou por sublinhar, não é possível conhecer falsidades, sendo, contudo possível - e até freqüente - ter opiniões falsas. Veja mais no anexo 2.

Este tópico sobre as funções de aprendizagem da mente recebe o nome de Pramãna em sânscrito e

Blo-rig em tibetano.

Etimologia:

Sânscrito: Pramãna significa Cognição válida: Pra: incial, fresca, principal ou melhor no sentido de válida e

mãna significa cognição ou consciência mental, muitas vezes também recebe o nome de conhecedor no

sentido de apreender. O termo “válida” é empregado no sentido de apresentar uma certeza sobre o objeto apreendido, tornando-o confiável.

Tibetano: Blo-rig ou Lo-rig: Blo significa mente ou consciência e Rig pa cognição no sentido de consciência discriminadora. O correspondente a Blo em Sânscrito é buddhi que significa a força de formar e reter concepções e noções gerais e Rig em sânscrito é samvedana que é a ação de perceber ou sentir, fazer conhecer.

Origem na Índia – Dignaga (480-540 dC) e Dharmakirt (600-660 dC)

Dignaga e Dharmakirt foram os criadores da escola Epistemológica na Universidade de Nalanda na Índia. As obras clássicas são: Compêndio da Cognição Válida de Dignaga e Comentário de Dharmakirt ao

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Este tópico recebeu o nome de Abhidharma em sânscrito e esta denominação foi também amplamente utilizada nas Universidades Budistas do Tibet.

Etimologia:

Abhidharma uma palavra sânscrita que significa: abhi- a mais alta ou especial e dharma- ensinamento,

então ela significa o mais alto ensinamento.

No ocidente, o Abhidharma tem sido geralmente considerado a essência do que é referido como uma Psicologia Budista. O Abhidharma é uma coleção das escrituras Budistas (Abhidharma Pitaka) que investiga o trabalho ou funcionamento da mente e os estados da consciência humana.

Origem na Índia: Asanga (300-370 d.C) e Vasubandhu (320-400 d.C)

Tendo também a Universidade de Nalanda como fonte do seu desenvolvimento, o Abhidharma foi comentando principalmente por Asanga em seu Abhidharma Samuccaya (Compendium of Higher

Knowledge), o qual é a base do trabalho apresentado abaixo e Vasubandhu em seu Abhidharma Koshasastra (Treasury of Abhidharma).

1.3 No Tibet a formação do currículo nas universidades

No Tibete,o tópico Pramãna é estudado nos currículos das Universidades Budistas de várias escolas. Nas Universidades Gelupas é o segundo tópico em importância dentre os cinco conjuntos de temas, vindo somente depois do tema da Perfeição da Sabedoria. É também o primeiro tópico no estudo sobre a mente e segue por todo o currículo até as visões mais avançadas das escolas da sabedoria. Como o tópico Pramãna, o Abhidharma consiste em uma das cinco matérias de estudo nas Universidades Budistas Tibetanas.

1.4 A Relação destes dois tópicos com os Cinco Agregados

Para entendermos a aplicação concreta destes tópicos, precisamos antes, entendê-los dentro do contexto dos cinco agregados, uma abordagem da formação da nossa personalidade ou “eu”, eles são: a)Agregado do Nome e Forma: Este agregado é composto por esta noção de “identidade” ou “eu, meu” e o corpo físico.

b) Agregado da Consciência: Aqui no nosso estudo, este agregado, também será chamado de Mente Primária. É a nossa consciência básica, um acúmulo dinâmico das nossas experiências e marcas das nossas ações prévias. Dessa consciência brotarão todas as atividades ou fatores mentais.

c) Agregado da Sensação: Sensação é o resultado do contato da nossa Mente Primária com um objeto. Este resultado será agradável, desagradável ou neutro. Este fator mental acompanha todas as nossas atividades mentais, por isso será estudado mais atentamente na segunda parte deste trabalho como um dos cinco fatores acompanhantes ou onipresentes em todas as atividades ou fatores mentais.

d) Agregado da Discriminação: Discriminação é uma atividade inerente à mente. Por isso ele é o alvo principal de estudo nesta primeira parte do trabalho. Os setes tipos de mentes, são em resumo, um

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detalhado funcionamento do processo de discriminação e de como a consciência (ou mente primária) apreende objetos. O conhecimento deste processo em muito facilitará não só o nosso aprendizado do caminho Budista, mas também será útil para o aprendizado de qualquer tema.

e) Agregado da Ação: Ação ou fatores que compõem o carma é estudado detalhadamente na segunda parte deste trabalho. Os 51 fatores mentais compõem um mapa do funcionamento da nossa mente apresentando as suas variadas funções e os correspondentes resultados experimentados quando se relaciona com objetos.

1.4 Como podemos nos beneficiar com este conhecimento

O objetivo com a compreensão destes tópicos é conhecer como percebemos e concebemos o mundo a nossa volta, como nossa mente apreende os objetos, e como todas estas formas

discriminadoras, representadas principalmente pelos sete tipos de mente, podem contribuir para o nosso desenvolvimento dentro do caminho espiritual. Através deste tópico poderemos saber como apreender objetos de forma confiável para o pleno desenvolvimento do nosso potencial interior.

Em resumo, este estudo, é um esforço para começar a compreender o funcionamento da mente e como podemos conseguir os resultados de paz, harmonia, felicidade e contentamento e como podemos evitar todo o infortúnio, dor e sofrimento.

Visto que o objetivo principal do caminho budista é revelar o potencial interior da nossa mente, este estudo torna-se uma ferramenta básica e fundamental para começarmos este trabalho de mudança interior.

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Conceito de Mente: Mente é clareza e cognição.

Etimologia: Em Tibetano Mente é Blo, significa clareza e cognição.

No estudo da terminologia tibetana, Elisabeth Napper, na introdução do livro Mind in Tibetan Buddhism de Lati Rinpoche, afirma que Estado de Consciência (Sânscrito jnana, tibetano shes pa), Mente (com o sentido de consciência) (buddhi, blo) e Conhecedor no sentido de cognição que apreende

(samvedana, rig pa) são sinônimos. O trabalho apresentado conduzirá a um entendimento desta afirmação, estas variações na terminologia, são apenas características e funções diferentes de uma mesma mente, a mente primária. Como metáfora podemos dizer que a mente primária (blo)

corresponderia ao oceano, os fatores mentais ou cognição (rig pa) às ondas deste oceano e o estado de consciência (shes pa) à qualidade dessas ondas, se forte, fria, etc.

Clareza: Aqui o termo clareza pode ter duas conotações, a sua natureza essencial de pureza e onisciência e a conotação de iluminar a aparição do objeto. Então, apreender, conhecer ou até mesmo compreender através do processo de discriminação são funções da mente. A literatura também afirma que clareza se refere à natureza da mente e a palavra cognição a sua função.

Cognição é a faculdade de apreensão da consciência que funciona ao ver formas, ouvir sons, tanto quanto em todos os tipos de reflexão, inferência e compreensão. É um fenômeno momentâneo que mantem seu próprio continuo causal.

Dicionário Houaiss:

Mente é o sistema organizado no ser humano referente ao conjunto de seus processos cognitivos e atividades psicológicas, parte incorpórea, inteligente ou sensível do ser humano; espírito, pensamento, entendimento, memória, lembrança, faculdade, ato ou modo de compreender algo ou de criar na imaginação; concepção, imaginação, percepção. Etimologia: lat. mens,méntis 'faculdade intelectual, inteligência, espírito, alma, razão, sabedoria, juízo, discernimento, caráter, índole.

Cognição é o ato ou efeito de conhecer, processo ou faculdade de adquirir um conhecimento, percepção, conhecimento. Na psicologia: conjunto de unidades de saber da consciência que se baseiam em

experiências sensoriais, representações, pensamentos e lembranças. Série de características funcionais e estruturais da representação ligadas a um saber referente a um dado objeto.

O nível de conhecimento, ou capacidade de apreensão, varia de acordo com o alcance desta consciência. O estado mental de onisciência ou iluminação é a consumação ou estado de perfeição pleno desta capacidade conhecedora da mente.

A questão é como essa consciência pode crescer e se expandir em direção a um alcance ilimitado. A habilidade de perceber objetos é inata à consciência, mas existem obstruções que impedem a mente de se abrir ao estado de completo conhecimento.

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2.1 O papel chave da Mente no Budismo

Compreender a mente é essencial para compreender o Budismo em seus aspectos teóricos a práticos, para o processo de atingir a iluminação precisamos purificar e desenvolver sistematicamente a nossa mente.

Para ilustrar a posição central da mente no Budismo, uma das mais conhecidas escrituras Budistas, o Dhammapada, abre com o seguinte verso.

“Mente é o precursor de (todas más) condições. Mente é o comandante; e elas são mentes produzidas. Se, com uma Mente impura, alguém fala ou age, então dor segue alguém exatamente como uma roda, (segue) o casco do boi. Mente é o precursor de (todas as boas) condições. Mente é comandante; e elas são mentes produzidas. Se, com uma mente pura, alguém fala ou age, então felicidade segue alguém exatamente como a sombra que jamais se retira.”

Nas escrituras do Sutra mahamudra está dito:

Se realizares tua própria mente, tornar-te-ás um Buda; Não deves procurar a budeidade em nenhum outro lugar.

Buda significa desperto, ou aquele que despertou do sonho da ignorância, neste sentido o caminho Budista é, essencialmente, um caminho que trilhamos para desenvolver o nosso próprio potencial interior. Buda ensinou que a mente tem o poder de criar todos os objetos agradáveis e desagradáveis. Não há outro criador além da mente. Somos escravos da nossa mente, o autêntico criador. O ponto essencial de todas essas visões é que a libertação do sofrimento não pode ser encontrada fora da mente, então se quisermos nos livrar de problemas e atingir paz e felicidade duradouras, temos que aumentar nosso conhecimento e compreensão da mente.

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PRIMEIRA PARTE:

UMA EPISTEMOLOGIA DA MENTE

3.1. Sujeito e Objeto

17

3.2 A Divisão tripla: Percepção e Concepção, Conceitual e

Não Conceitual e Válida e Não Válida

19

3.3 A Divisão Sétupla: Os sete tipos de mentes discriminadoras

22

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Figura 1

Percepção Direta

Inferência

Reconhecedores

Crenças Corretas

Percepção não

determinadora

Dúvida

Cognições Errôneas

Cognições Não Válidas

Cognições Válidas

Realizam o objeto de forma confiável

Cognições Não Válidas

Não realizam o objeto de forma confiável

Cognições Não Conceituais ou

Percepção

Apreendem objetos sem a intermediação de uma

imagem mental

Cognições Conceituais ou Concepção

Apreendem objetos com a intermediação de uma

imagem mental genérica

Epistemologia

Filosofia do conhecimento válido; Funções de aprendizagem; Sujeito-Objeto

Sete tipos de Mente e suas

classificações

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3.1. SUJEITO E OBJETO

3.1.1. Sujeito: Conceitos e principais características.

Sujeito: (tib.: yul.can literalmente: possuidor de objetos) é definido como uma entidade efetiva que tem como função apreender objetos.

Dicionário Houaiss: Sujeito: Rubrica: filosofia.em epistemologia, especialmente. a partir do cartesianismo e do pensamento moderno, o eu pensante, consciência, espírito ou mente enquanto faculdade

cognoscente e princípio fundador do conhecimento. Obs.: por. oposição. a objeto. Principais características:

Sujeito e Objeto são entidades mutuamente dependentes, não podemos considerar um sem referir-se ao outro. Todos os estados mentais, sejam eles intelectual, tal como discriminação e

conhecimento, ou emocional, tal como desejo e aversão são necessariamente sujeitos. Todos os sujeitos, em virtudes deles serem fenômenos existentes, são necessariamente objetos de outro sujeito.

Classificação de Sujeito: Sentenças articuladas, Pessoas e Mentes a) Sentenças Articuladas:

São sentenças coerentes e articuladas, definidas como um objeto de audição que torna compreensível o objeto expresso e denotam que articulam por meio de um sinal. É necessariamente a fala de uma pessoa, produzida pelo poder de sua motivação.

Sentenças são sujeitos no sentido de denotarem objetos, mentes são sujeitos no sentido de apreenderem objetos.

As sentenças articuladas são divididas em: Fonemas, Nomes e Frases: Fonema é uma vocalização que serve para a composição de nomes e frases;

Nome é um objeto de audição que, principalmente, expressa a designação de um fenômeno.

Existem dois tipos: originais (ex. Edison) e subseqüentes (seu nome secundário Ex. Pelé) divide-se em dois tipos: baseado na similaridade e baseado na relação;

O nome do objeto não é uma característica natural do objeto, mas algo imputado a ele de acordo com as convenções. Todos os objetos são meramente imputados na dependência dos seus nomes, portanto não existem inerentemente. Ex. uma pessoa chamada Pedro.

Se estudarmos esse assunto de forma aprofundada, desenvolveremos um conhecimento válido sobre as duas verdades, a convencional e a última.

Frase é um objeto de audição que revela um sentido ao ligar um nome a um predicado. Ex. O cão é preto. Geração: Todas as sentenças articuladas são produzidas pela motivação de um falante, portanto, se originam na mente.

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Sentenças articuladas são muito úteis porque constituem os principais meios de comunicação. Além disto, já que a palavra escrita se baseia na linguagem falada, tudo aquilo que lemos depende de sentenças articuladas.

b) Pessoas

A pessoa ou personalidade é simplesmente o “eu” imputado na dependência de qualquer dos cinco agregados psicológicos.

Dicionário Houaiss: Etimologia:Pessoa do lat. Persóna 'máscara de teatro; p.ext., papel atribuído a essa máscara, caráter, personagem.

A função de uma pessoa é realizar ações e experienciar seus resultados. Esta função depende dos agregados sensação (experienciar), discriminação (forma de apreensão) e ações. A pessoa é um sujeito porque todos os seres individuais apreendem objetos. Uma pessoa possui uma certa auto-identidade, um senso dominante de “eu”. Na psicologia budista, em todos os seus estágios de compreensão, é realizada uma análise para compreender a natureza deste fenômeno “eu”. Precisamos compreender a natureza convencional (ações e resultados) e última da pessoa (eu), assim evitaremos ações que trazem

sofrimento e realizaremos ações que trazem felicidade.

Geração de Pessoas: Uma pessoa é gerada no momento da concepção quando a consciência penetra no útero, o corpo denso dessa vida começa a se desenvolver. Ao nascer, recebemos um nome, com o qual nos identificamos..

Divisão Quintupla: Budas, Bodhisatvas, Conquistadores Solitários e Ouvintes e seres migrantes. c) Mente

Por confundir a mente com o corpo, com o cérebro, com a força vital, com os órgãos sensoriais, ou como algo físico dentro do corpo, terminamos por considerar seu tempo de vida igual ao corpo, esse entendimento dificulta compreender a continuidade da mente e a existência de vidas passadas e futuras.

A raiz de todas estas concepções errôneas e problemas pode ser delineada pela falsa apreensão da natureza da mente. Devido a essa falsa apreensão continuaremos neste circulo de nascimento até que um esforço seja feito para alterar seu curso. Conseqüentemente, com tal compreensão, a maneira pela qual nós, presentemente, concebemos a nossa auto-existência e o nosso estado de existência será drasticamente alterado e uma nova e mais expansiva visão da vida se tornará acessível para nós. Classificação e Geração das Cognições Mentais:

De acordo com a sua geração existem duas divisões duplas: Mentes conceituais e não conceituais e Percepção e Concepção.

Mais duas divisões duplas: Cognições válidas e não válidas e Mentes primárias e Fatores Mentais. Outra divisão em sete tipos de cognições: Percebedores Diretos, Inferências, Reconhecedores, Crenças corretas, Percebedores não determinadores, Dúvidas, Cognições errôneas.

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3. 1.2 Objeto

Conceito: Objeto (Sânscrito vishaya e tibetano yul) é qualquer entidade material ou fenômeno apreendido pela mente.

É algo da natureza na qual torna-se mais e mais claro enquanto for analisado pela mente, algo que possa ser corretamente conhecido e compreendido pela mente.

Objeto existente, entidade conhecível, e fenômenos são sinônimos.

Dicionário Houaiss: Objeto: coisa material que pode ser percebida pelos sentidos, coisa mental ou física para a qual converge o pensamento, um sentimento ou uma ação. Rubrica: filosofia.: qualquer realidade investigada em um ato cognitivo, apreendida pela percepção e/ou pelo pensamento, que está situada em uma dimensão exterior à subjetividade cognoscente. Obs.: por.oposição. a sujeito.

Divisões de objeto: Quatrupla:

a) Objeto aparecido: é o objeto que aparece para uma cognição, para concepções a imagem mental é considerada o objeto apareceido.

b) Objeto Principal: objeto em que a mente demonstra primeiramente seu interesse, um aspecto particular em um campo inteiro, qualquer objeto apreendido é também principal. Objeto aparecido e principal de uma mente conceitual são fenômenos exclusivos.

c) Objeto concebido: Somente uma mente conceitual é dotada de um objeto concebido.

d) Objeto referente: é o objeto base na qual a mente refere-se enquanto apreende certos aspectos. Outras divisões::

Objeto direto é o que aparece para uma cognição que o compreende, seu aspecto principal aparece para a mente que o apreende.

Objeto Indireto: é também um objeto principal, mas que o seu aspecto não aparece Objeto Evidente: pode ser percebido imediatamente pelos sentidos;

Objeto levemente oculto: pode ser inferido por raciocínio lógico.

Objeto extremamente oculto: somente por crença e fé. Ex. um carma específico.

3.2 A DIVISÃO TRIPLA:

PERCEPÇÃO E CONCEPÇÃO, CONCEITUAL E NÃO CONCEITUAL E VÁLIDA E NÃO VÁLIDA.

As cognições são divididas em como são geradas (Conceitual e não conceitual), de como se ligam a seus objetos (Percepção e concepção), e se o objeto é enganoso ou não (Válida e não válida).

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Toda a mente conceitual é uma concepção, ou seja, um conceito ou imagem genérica é apreendido. Enquanto que toda a percepção é uma mente não conceitual, visto que ela apreende o objeto de forma direta sem a intermediação de um conceito ou imagem genérica. Desse modo as duas primeiras serão explicadas conjuntamente.

3.2.1 Percepção e concepção, conceitual e não conceitual 3.2.1.1 Percepção

Conceito: É uma cognição não conceitual que apreende seu objeto de forma direta, sem a intermediação de uma imagem mental. Percepção é, essencialmente, uma forma de cognição receptiva e não refletiva, enquanto que concepção é responsiva e refletiva.

Divisão:

a) Percepção sensorial: um objeto apreendido por um dos cinco sentidos.

b) Percepção mental: percepção direta mental (clarividência), percepção yóguica (apreensão direta de um objeto de meditação) e Outras percepções mentais (apreensões realizadas em um sonho).

c) Correta: objeto apreendido existe.

d) Errônea: Objeto apreendido não existe (ex. do pano que parece uma cobra) ou o órgão sensorial está com problema.

Dicionário Houaiss: Percepção: faculdade de apreender por meio dos sentidos ou da mente, função ou efeito mental de representação dos objetos; sensação, senso, ato, operação ou representação intelectual instantânea, aguda, intuitiva.

Mentes não conceituais: É uma cognição para a qual o objeto aparece claramente, sem se misturar com uma imagem genérica. Embora nas Mentes não conceituais o objeto apareça claramente em algumas mentes conceituais com concentrações claras e fortes seus objetos também aparecem claramente. Geração:

As cinco Percepções Sensoriais são geradas a partir do contínuo anterior e do encontro das suas Funções Sensoriais com o objeto sensorial correspondente.

Percepções Mentais são geradas a partir do seu próprio contínuo e de sua condição dominante, a faculdade mental.

3.1.2.2 Concepção

Conceito: É uma cognição conceitual que apreende objetos por intermédio de uma imagem mental genérica. É por meio de pensamento e concepções que, conscientemente, respondemos aos objetos percebidos pelos sentidos. Todas as respostas emocionais internas de nossas experiências e fluxos de pensamentos são concepções. É através de processos conceituais que o homem tem construído sistemas filosóficos e psicológicos, invenções tecnológicas e a própria ciência.

Divisão:

a) Concepções errôneas ou não virtuosas: todos os estados mentais aflitivos e visões errôneas, veja as seis aflições raízes e as vinte derivadas.

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seu potencial interior, impermanência, a ausência de existência inerente do eu e dos fenômenos. etc. Dicionário Houaiss: Conceito: produto da faculdade de conceber , compreensão que alguém tem de uma palavra; noção, concepção, idéia, opinião, ponto de vista, convicção.

Dicionário de Filosofia: Representação mental de um objeto abstrato ou concreto, que se mostra como um instrumento fundamental do pensamento em sua tarefa de identificar, descrever e classificar os diferentes elementos e aspectos da realidade, segundo a tradição racionalista da filosofia ocidental, de Platão (427-348 a.C.) a Hegel (1770-1831), a manifestação da essência ou substância do mundo real, segundo uma tradição que atravessa o estoicismo grego, o nominalismo medieval e o empirismo

moderno, um signo ou representação lingüística que mantém uma relação significacional - não ontológica - com os objetos do conhecimento. Noção abstrata contida nas palavras de uma língua para designar, de modo generalizado e, de certa forma, estável, as propriedades e características de uma classe de seres, objetos ou entidades abstratas.

Imagem Mental:

O elemento mais característico de uma cognição conceitual é a sua apreensão de um objeto através de uma mistura dele com uma imagem mental. A cognição conceitual é incapaz de distinguir entre o objeto com sua objetividade existente e a sua própria imagem mental subjetivamente projetada. O exemplo de alguém que precisa de um óculos para enxergar e não consegue distinguir a lente do objeto visto. Por essa razão ela é chamada de enganosa no modo como aparece.

Mentes Conceituais:

Mentes conceituais conectam seus objetos por meio de uma imagem genérica.

Função: Uma das funções da MC é de lembrar coisas, imputar nomes, fixar o objeto de meditação e são fundamentais para desenvolver Percebedores diretos Yóguicos

Todos os fenômenos são imputados pela mente conceitual. A primeira vez que realizarmos a vacuidade será através de uma MC, se meditarmos continuamente realizaremos a vacuidade de forma direta, neste momento nossa realização conceitual se transformará em um percebedor direto yóguico.

Classificações e a forma como são geradas:

a) Mentes Conceituais que percebem a imagem genérica pela força de ouvir, ler; b) Pela força de contemplar e

c) Pela força das marcas anteriores.

3.2.2 Cognições Válidas e Não válidas 3.2.2.1 Cognições Válidas ou Mentes Válidas

Definição: é uma apreensão não-enganosa ou completamente confiável em relação ao objeto conectado, compreende seu objeto verdadeiramente, pois é capaz de determinar corretamente o objeto e eliminar concepções errôneas em relação a ele.

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Como vimos antes o termo para Cognição ou Mente Válida em Sânscrito é pramãna. Crenças corretas, percepções desatentas, dúvida e Cognições errôneas são enganosas.

Crenças corretas não penetram seu objeto com profundidade suficiente para eliminar todos os enganos ao seu respeito, deixando-nos vulneráveis a dúvidas e concepções errôneas.

Percebedores diretos, Inferência e reconhecedores são cognições válidas, por isso não enganosas. Eles serão vistos de forma mais detalhadas a seguir.

No início, a maior parte da nossa compreensão do Darma é constituída de crenças corretas.

Devemos distinguir Crenças corretas de conhecimentos válidos, caso contrário podemos desenvolver presunção.

Classificação das Cognições válidas:

a) Cognições válidas diretas: realizam objetos manifestos (independe de razões lógicas); ex. percebedores diretos sensoriais, mentais e yóguicos

b) Cognições válidas inferidas: realizam objetos ocultos depende de raciocínios lógicos corretos que dão sustentação, existem três, por meio de um fato, crença e costume.

3.2.2.2 Cognições ou Mentes não válidas:

Conceito: é uma cognição que apreende seu objeto de forma enganosa. a) Classificação: Existem dois tipos:

b) Não conceituais: percepções sensoriais errôneas, percebedores sensoriais não determinadores. Conceituais: Concepções mentais errôneas (aflições); Crenças corretas e dúvidas.

3.3 A DIVISÃO SÉTUPLA: OS SETE TIPOS DE MENTES DISCRIMINADORAS

Com a finalidade de aprendermos a distinguir entre mentes válidas e não-válidas, e conhecer as etapas que devem ser seguidas para atingirmos realizações do Darma, a mente foi divida em sete tipos: 1. Percebedores Diretos 2. Inferências 3. Reconhecedores 4. Crenças Corretas 5. Percebedores não-determinadores 6. Dúvidas 7. Cognições Errôneas

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1. Percebedores Diretos ou Percepção Válida

É um fator mental que apreende um objeto manifesto (por meio de experiência). São mentes não conceituais que percebem seus objetos diretamente sem se apoiarem em razões.

Classificação: Percebedores Diretos Sensoriais e Percebedores Diretos Mentais

a) Percebedores Diretos Sensoriais: é um percebedor direto gerado na dependência de um órgão sensorial físico (cinco sentidos). Divide-se em duas categorias:

1) Divisão em cinco : por que são cinco sentidos: percebedor direto sensorial visual, auditivo e assim por diante.;

2) Divisão em três: a. são conhecedores válidos, mas não reconhecedores (ex. qualquer percepção sensorial); b. são ambos conhecedores válidos e reconhecedores, (ex. o segundo momento de uma percepção sensorial); c. são percebedores não determinadores, (ex. o olhar na multidão).

Geração: Todos os fenômenos estão incluídos nas doze fontes (seis objetos fontes e as seis faculdades fonte) e nos dezoito elementos (doze fontes mais os seus efeitos, as seis consciências).

O desenvolvimento de um percebedor direto sensorial pressupõe o encontro de uma faculdade sensorial não defectiva com um objeto sensorial não enganoso.

b) Percebedores Diretos Mentais – é um percebedor direto gerado na dependência de um órgão mental como condição dominante.

Existem três tipos:

1. Induzidos por percebedores diretos sensoriais: Após ver uma cor pensamos isto é azul;

2. Induzidos por meditação: treinando a mente em meditação, obteremos experiências profundas das realizações do sutra e do tantra.

3. não induzidos pelos percebedores diretos sensoriais nem por meditação: lembrança, sem se fiar em razão, de um objeto anteriormente compreendido.

Geração: por ver, por ouvir, por meditação, por lembrar, sem recorrer a análise, de um objeto que tenhamos anteriormente compreendido.

c) Percebedores Diretos Ióguicos – é um percebedor direto que realiza um objeto sutil diretamente na dependência de sua condição dominante particular, uma concentração que é a união do tranqüilo permanecer e visão superior.

Divisão Quádrupla: que são caminhos da preparação; visão; meditação; não-mais-aprender.

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Geração: Primeiro ouvimos ensinamentos, depois contemplamos e meditamos, até atingirmos a união do tranqüilo permanecer e da visão superior.

2. Inferências

Conceito: Cognição inteiramente confiável, cujo objeto é realizado na dependência direta de uma razão conclusiva.

Dicionário Houaiss – Inferência: ação ou efeito de inferir; conclusão, indução. Rubrica: lógica: operação intelectual por meio da qual se afirma a verdade de uma proposição em decorrência de sua ligação com outras já reconhecidas como verdadeiras.

Três tipos de objetos:

Manifestos: formas visuais, sons, fenômenos que podem ser percebidos diretamente por seres comuns. Ligeiramente ocultos, são aqueles objetos que, incialmente, só podem ser conhecidos através de razões conclusivas, como exemplo a impermanência e a vacuidade. Os profundamente ocultos, por exemplo, o funcionamento exato da lei do carma que só pode ser percebido por um Buda.

São muito importantes na nossa prática do Darma, pois muitos tópicos são ocultos. Com a prática constante de meditação poderemos ver estes objetos diretamente através de percebedores diretos ioguicos e então se tornará um objeto manifesto.

Conhecedores inferidos são muito comum no dia a dia. Sempre que compreendemos algo através de razões conclusivas, estamos empregando uma forma especial de raciocínio chamada Silogismo.Silogismo tem três partes: sujeito, predicação e razão.

Ex. “Existe fogo na casa porque há fumaça” Sujeito é “casa”, predicado é “existe fogo” e a razão é “porque há fumaça”. A combinação entre o sujeito e o predicado é chamado de probandum, ou conclusão. Nesse caso: “Existe fogo na casa”. Razão conclusiva é um argumento capaz de demonstrar um probandum (prova) de maneira incontroversa

Possui três propriedades:

Propriedade do sujeito - a razão tem que ser aplicável ao sujeito. Implicação direta: razão tem que estar implicada ou subentendida.

Implicação inversa: se o predicado não se aplicar, a razão também não se aplicará, se não houver fogo não haverá fumaça.

Dois tipos de relações e dois tipos de razões: natural (cachorro e animal) e causal (há fogo na casa porque há fumaça).

Há uma relação natural entre reconhecedores e conhecedores válidos.

Classificação: pelo poder de um fato: realiza objetos ligeiramente ocultos (o corpo é impermanente porque se desintegra); por meio de crença: realiza objetos profundamente ocultos (lei do carma) precisamos confiar nas escrituras; por meio do costume (convenção, a roda branca no céu é a Lua)

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os casos (pela audição e contemplação), para se caracterizar como uma inferência é necessários realizar as três propriedades de uma razão conclusiva vista acima.

Aplicação ao Darma:

Os objetos de meditação mencionados no sutra ou no tantra são ligeira ou profundamente ocultos, logo, temos que realizá-los incialmente por meio de inferências. Esse conhecimento inicial é como uma

plantação que, mais tarde, dará origem a uma abundante colheita de realizações de Darma.

3. Reconhecedores

Reconhecedor é um conhecedor que compreende o que já havia sido apreendido pela força de uma cognição válida anterior. A função dos reconhecedores é manter o continuum de uma compreensão obtida inicialmente por uma cognição válida.

Classificação:

Não conceituais: Reconhecedores que são percebedores diretos sensoriais – ex.: segundo momento de uma percepção visual que realiza uma forma. Reconhecedores que são percebedores mentais não conceituais,- ex. segundo momento de uma clarividência. Reconhecedores que são percebedores direto ióguicos – ex.: segundo momento de uma realização direta da impermanência sutil.

Conceituais: Dois tipos:os induzidos por percebedores diretos (relembrar algo percebido por clarividência) e os induzidos por inferências.

Geração:

É preciso sustentar continuamente, sem esquecimento, todo conhecimento perfeito dos temas do Darma que tenhamos obtido por meio de estudo sincero; para isso, devemos gerar e manter reconhecedores, o que requer a manutenção da contínua lembrança. Manter a contínua lembrança é o melhor método para aperfeiçoarmos nosso conhecimento e experiência de Darma, e é a raiz de todas as práticas de

meditação.

Aplicação à prática do Darma:

Se contemplarmos sinceramente as razões conclusivas vamos gerar um conhecedor inferido, ao meditar neste conhecedor inferido, cuja natureza é um reconhecedor, vamos atingir a realização última deste objeto. No caso de objetos virtuosos, a prática de reconhecedores é da maior importância, porque é por seu intermédio que mantemos e aumentamos todas as nossas experiências espirituais.

4 Crença Correta

Conceito: É definida como uma cognição não-válida que realiza um objeto concebido ou como uma cognição concebida em conformidade com a realidade que concebe seu objeto de uma maneira falível. Ela é uma concepção falível uma vez que é incapaz de induzir acertadamente ou eliminar qualquer

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concepção errônea sobre seu objeto. Mas ela é uma concepção conceitual verdadeira uma vez que seu objeto principal é existente.

Dicionário Houaiss – Crença: ato ou efeito de crer, estado ou processo mental de quem acredita em pessoa ou coisa. Filosofia: no empirismo moderno, disposição meramente subjetiva a considerar algo certo ou verdadeiro, por força do hábito ou da vivacidade das impressões sensíveis

Apesar de uma Crença Correta não ser uma compreensão genuína do seu objeto ela, contudo,

“compreende” seu objeto meramente por meio de uma imagem mental nominal (acreditar no que está sendo dito por alguém) ou experimental (concebida por meio de uma experiência própria). Crença correta é importante porque ela nos dá uma base firme na qual estabelecemos um raciocínio perfeito para o que acreditamos e, então, podemos produzir uma inferência. Apesar de ser uma cognição

“falível”, ela é, ainda, um estado mental benéfico que deve ser desenvolvido, pois, para muitos de nós, é a natureza de nossa fé na existência de vidas passadas e futuras, liberação, onisciência e vacuidade. Divisão dupla:

-Crença Correta que não depende de razões – É uma crença em algo existente (como impermanência, p.e.) que se desenvolve só de ouvir as instruções sobre este tema.

-Crença Correta que depende de razões – É uma crença que se desenvolve a partir da contemplação de premissas corretas ou incorretas. Se contemplarmos que “meu corpo é impermanente porque vai finalmente morrer”, poderemos desenvolver um entendimento rudimentar de que nosso corpo é impermanente. Este conhecimento é uma crença correta desenvolvida a partir da contemplação de uma premissa correta. Tal crença correta poderá se transformar mais tarde em uma inferência que realiza perfeitamente a impermanência do corpo.

Divisão quíntupla:

-Crença correta irracional: não é baseada em qualquer raciocínio- Ex. Se alguém diz para você, “som é impermanente”, e você aceita.

-Crença Correta baseada em um raciocínio contraditório- Ex. A afirmação de que o som é impermanente porque ele é um fenômeno não efetivo (um fenômeno não efetivo é aquele incapaz de produzir qualquer resultado e é, deste modo, o mesmo que um fenômeno permanente).

-Crença Correta baseada em um raciocínio inconcluso- Ex.: Acreditar que som é impermanente por que ele é um fenômeno existente.

-Crença Correta baseada em um raciocínio inaplicável- Ex.: A acreditar que som é impermanente por que é um objeto da percepção visual.

-Crença Correta baseada em um raciocínio perfeito mas não estabelecido- Ex.: Alguém afirmar que o som é impermanente porque é criado, mas a própria pessoa não entende esta afirmação.

Geração de Crenças Corretas:

De modo geral a mente que se limita a acreditar em algo que existe é uma crença correta. É fácil gerar Crença Correta, uma vez que ela pode ser desenvolvida por meio de ouvir e contemplar. Há outros tipos de Crenças Correta que podem ser geradas depois de termos recebido uma iniciação tântrica. Nos

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como uma deidade e percebemos todas as coisas como completamente puras. Aplicação das Crenças Corretas à prática do Darma:

Todos os objetos de conhecimento são objetos de Crenças Corretas. Ouvindo e contemplando os ensinamentos primeiro obteremos um entendimento aproximado do seu significado. Esta compreensão terá a natureza de uma Crença Correta.

5. Percepção Desatenta ou Não Determinadora

É definida como uma cognição para a qual um fenômeno, seu objeto conectado, aparece claramente, mas não é identificado ou é incapaz de induzir a uma certeza com relação a ele. É uma

percepção direta que apreende seu objeto conectado, mas não com a força necessária para realizá-lo. Um exemplo é a percepção visual de um bebê recém-nascido que apreende o rosto de seu pai. Outro, é uma percepção auditiva que ocorre enquanto estamos absortos olhando para uma forma atraente.

Geração de Percepção Desatenta:

Uma percepção desatenta se desenvolve quando as condições para que um fenômeno apareça estão reunidas, mas as condições para que sua natureza seja realizada não.

Divisão:

Cinco tipos principais do ponto de vista de suas causas:

1) Quando, devido às condições externas a mente é incapaz de determinar a natureza do objeto. Ex.: Não reconhecer o que vê quando a luz está fraca.

2) Relacionado à natureza ou ao poder da mente, tornando nossa discriminação obscura, como exemplo no processo de morte ou sono, utilização de álcool e outras drogas e exaustão.

3) Quando tomamos a decisão de ignorar certos estímulos ou quando aprendemos a agir dessa maneira. Ex.: Morar em frente a uma rua movimentada e ignorar o ruído do trânsito.

4) O estímulo é ignorado devido à distração por um objeto de delusão. Ex. “cegos pela raiva”. 5) Quando não entendemos a natureza do objeto: Ex.: Numa feira em um país estrangeiro não reconhecermos muitas frutas.

Aplicação de Percepção Desatenta à prática do Darma:

Devemos praticar para desenvolver percepções desatentas em relação aos objetos da delusão, que causam atração ou repulsão. Esse treino é a prática de conter as portas das faculdades sensoriais. Para desenvolver a calma mental é muito importante praticar a percepção desatenta em relação aos objetos de distração durante a sessão meditativa, de modo que possamos prestar plena atenção no objeto interior sobre o qual estamos meditando.

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6. Dúvida

Conceito: Dúvida é um fator mental que oscila a respeito de seu objeto.

Quando uma mente primária está associada com dúvida, a própria mente primária e todos os seus fatores, tais como sensação, discriminação e intenção, também assumem a qualidade bifocal da dúvida. Firme fé e confiança são pré-requisitos essenciais para uma prática espiritual bem sucedida, portanto, é necessário eliminarmos as dúvidas que interferem com o desenvolvimento de pura fé.

Classificação: Divisão dupla:

1) Dúvidas aflitivas: Causam perturbações em nossa mente.

2) Dúvidas não aflitivas: Não causam perturbação na mente. Surgem durante o estudo do Darma ao não entendermos algum tópico de estudo.

Divisão tripla:

1) Dúvidas que tendem a verdade. Ex.: Pensar que vidas passadas e futuras provavelmente existem. 2) Dúvidas que tendem a se afastar da verdade. Ex.: Pensar que vidas passadas e futuras provavelmente não existem.

3) Dúvidas equilibradas. Ex.: Nos perguntarmos se elas existem ou não. Divisão tripla:

1) Dúvidas virtuosas. Ex: Ao estudarmos temas profundos com motivação virtuosa. 2) Dúvidas não virtuosas. Ex: Estudar um tema de Darma com motivação não virtuosa. 3) Dúvidas neutras. Ex.: Motivação neutra (o que comer no café?).

Geração da dúvida:

As dúvidas, em geral, surgem devido à ignorância ou as suas marcas. Percepções desatentas, crenças corretas e cognições errôneas podem levar a dúvidas. As causas mais comuns de dúvidas aflitivas são as visões errôneas ou as marcas dessas visões. Outras causas de dúvidas são as investigações e análises incorretas. Pessoas que tem formação científica podem achar difícil acreditar em objetos ocultos, uma vez que não podem ser comprovados pelo método científico comum. Dúvidas virtuosas são, em geral, causadas por razões opostas. No processo de tentar entender os ensinamentos de Buda desenvolvemos muitas dúvidas. Se tivermos fé, esta nos encorajará a estudar profundamente para captar o significado profundo do Darma.

Aplicação da Dúvida à prática do Darma:

Enquanto tivermos dúvidas aflitivas e hesitações, nossa prática não será muito efetiva. Para superar dúvidas sobre nossa prática espiritual, devemos compreendê-la perfeitamente por meio de estudo, discussão e confiança em um Guia espiritual qualificado.

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Conceito: Cognição errônea é aquela que está equivocada a respeito de seu objeto conectado, ou seja, apreende seu objeto de uma maneira errônea. Uma percepção equivocada engana-se a respeito do seu objeto aparecedor enquanto que uma concepção errônea engana-se a respeito do seu objeto conectado ou de seu objeto concebido.

Divisão:

1. Cognições errôneas não conceituais:

1.1 Percepções sensoriais errôneas: Uma percepção sensorial errônea pode estar equivocada acerca do seu objeto (no todo ou de algum aspecto) de sete maneiras: acerca do seu feitio (vê uma cobra de brinquedo como verdadeira), cor, atividade (carro ao lado se movimenta e parece que aquele em que estamos que está se movimentando), número, tempo, medida ou entidade.

1.2 Percepções mentais não conceituais errôneas: apreende aspectos do sonho como real. 2. Cognições errôneas conceituais:

2.1 Concepções errôneas intelectualmente formadas: Desenvolvem-se a partir de visões filosóficas errôneas ou premissas incorretas. Ex.: visão que concebe o ‘eu’ como existente inerentemente.

2.2 Concepções errôneas inatas: Marcas mentais trazidas de vidas passadas. Ex.: auto-agarramento inato. Geração da cognição errônea: As cognições errôneas podem ter causas últimas (ignorância) e

temporárias, como segue:

-Causas temporárias para as percepções sensoriais errôneas: a) Uma qualidade enganosa do objeto: objetos muito parecidos.

b) Uma situação enganosa: certas situações que dificultam a identificação do objeto, como falta de luminosidade.

c) Uma faculdade sensorial defectiva: doenças que enfraquecem nossas faculdades sensoriais.

d) Um defeito na percepção antecedente: quando estamos muito perturbados, p.ex., ‘com raiva vemos tudo vermelho’.

-Causas temporárias para as percepções mentais errôneas:

a) Induzidas por percepções sensoriais errôneas: tomar uma corda por uma cobra.

b) Concentração interior dos ventos: durante o sono ou a morte os ventos se reúnem e a mente se sutiliza, por isso, nossa contínua lembrança vai se deteriorando e não somos capazes de usar a mente adequadamente.

-Causas temporárias para as concepções errôneas (conceituais): a) Para as inatas - das marcas mentais das aflições.

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Aplicação das Cognições Errôneas à prática do Darma:

A prática do Darma tem duas finalidades principais: eliminar concepções errôneas e cultivar concepções corretas. Concepção errônea é fonte de sofrimento, e concepção correta, fonte de felicidade. Se as distinguirmos claramente, nos empenharemos em abandonar todas as concepções errôneas, em particular, o auto-agarramento. Para eliminarmos esses pensamentos errôneos, precisamos primeiramente identificá-los, entender como surgem e reconhecer seus defeitos.

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SEGUNDA PARTE:

UMA PSICOLOGIA DA MENTE

4.1 Introdução: Mentes primárias e Fatores mentais

33

4.2 Os 51 fatores mentais e seus seis grupos

34

4.2.1 Os Cinco Fatores Mentais Acompanhantes

34

4.2.2 Os Cinco Fatores Mentais Determinadores de Objeto

35

4.2.3 Os Onze Fatores Mentais Virtuosos

38

4.2.4 Os Quatro Fatores Mentais Mutáveis

41

4.2.5 As Seis Aflições Raízes e as Vinte Aflições derivadas

42

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Figura 2

Mente

Primária

5 Fatores

Onipresentes

5 Fatores

Determinadores

de Objeto

4 Fatores

Variáveis

11 Fatores

Virtuosos

21 Fatores

Negativos

Derivativos

06 Fatores

Negativos

Raizes

Sensação, Discriminação, Intenção; Contato e Atenção. Aspiração, Firme apreensão; Continua lembrança; Concentração e Sabedoria Apego, Raiva, Orgulho,

Ignorância, Dúvida aflitiva e Visão errônea

Sono, Arrependimento;

Investigação e Análise

Fé, Vergonha, Consideração pelos outros; Desapego; Antiódio; Antiignorância; Entusiasmo; Flexibilidade Mental; Consciência.

Equanimidade e Antinocividade.

Raiva: Fúria, Vingança, Rancor, Cobiça e Crueldade. Apego: Avareza, Auto apego, Excitação Mental. Ignorância: Dissimulação, Obtusidade, Descrença,

Preguiça, Esquecimento, Desatenção.

Apego e Ignorância: Pretensão, Desonestidade. Derivada das três: Desconsideração pelos outros,

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4.1.1 Mente Primária

Definição: Uma cognição primária é estabelecida por meio da apreensão da presença fundamental do objeto, é a mera consciência das condições apresentadas para ela. Denota a totalidade de um estado mental ou sensorial composto por uma variedade de fatores mentais. Há apenas uma mente primária, mas muitos fatores mentais. O relacionamento entre a mente primária com seus fatores mentais é algo similar a um supervisor e seu grupo de trabalhadores.

Função: Apreender o objeto.

Classificação: Consciência em visual, auditiva, olfativa, gustativa, tátil e mental. Se uma mente primária é uma mente válida, então seus fatores mentais acompanhantes serão, também mentes válidas.

4.1.2 Fatores Mentais

Definição: Uma cognição que apreende um determinado atributo de um objeto. Função: Apreender atributos particulares do objeto.

Classificação: Há inumeráveis fatores mentais.

Fatores mentais onipresentes são aqueles sem os quais a mente primária não pode funcionar. Os fatores mentais determinadores de objetos são moralmente neutros e determinam ou estabelecem aspectos individuais dentro do campo objetivo. Fatores mentais variáveis têm características que variam de acordo com a influência, se benéfica ou maléfica. Há ainda onze fatores mentais benéficos, seis aflições raízes e vinte aflições secundárias. Cada grupo será visto detalhadamente a seguir.

4.1.3 As Cinco Similaridades

A mente primária e seus fatores mentais compartilham 5 similaridades: base, duração, aspecto, tempo e substância.

Base: mesma condição dominante. Objeto: o objeto observado é o mesmo. Aspecto: o objeto conectado é o mesmo.

Tempo: surgem, permanecem e cessam simultaneamente.

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4.2 OS 51 FATORES MENTAIS E SEUS SEIS GRUPOS: 4.2.1 Os Cinco Fatores Mentais Onipresentes 1. Sensação

Definição: Cognição distinta que é uma experiência de prazer, dor ou indiferença. Os objetos de sensação não são prazerosos ou doloridos, mas as próprias experiências.

Função: Preencher a experiência com os efeitos amadurecidos de nossas ações prévias, com a função específica de conduzir para reações de apego, aversão, confusão e espanto.

Classificação: Sensações prazerosas, dolorosas e indiferentes. Sensações físicas e mentais. Sensações contaminadas e não contaminadas.

2. Discriminação

Definição: É o fator mental cuja função é apreender os sinais particulares de um objeto.

Função: Identificar o objeto como algo oposto a outro por meio da diferenciação. Tem papel essencial no pensamento abstrato e na imaginação, bem como nas percepções. Serve para imputar, rotular e nomear objetos. As características dos objetos não existem do lado do próprio objeto, mas são imputadas pela mente.

Classificação: Dependente da condição dominante particular: visual, auditiva etc. Discriminações equivocadas e não-equivocadas. Discriminações claras e obscuras.

3. Intenção

Definição: É o fator mental distinto que move a mente primária para o objeto.

Função: Criar carma. Ela é o princípio da atividade. Havendo uma ação de mente, corpo ou fala, a intenção é o elemento formativo primariamente responsável e que acumula tendências e impressões na mente. Classificação: Virtuosa, não virtuosa ou neutra.

4. Contato

Definição: É o fator mental que, por conexão com o objeto, o órgão e a consciência primária, ativa o órgão. O órgão é transformado em uma entidade com a habilidade de agir como a base para sensações de prazer, dor e indiferença.

Função: Serve para originar sensações.

Classificação: Contato associado à consciência visual, auditiva, etc. 5. Atenção

Definição: É o fator mental cuja função é pôr em foco um atributo específico do objeto.

Função: Fazer com que a mente enfoque um determinado objeto, fixar a mente naquele objeto, impedir a mente de se desviar do objeto, servir de base para a contínua-lembrança e concentração.

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Introdução:

Os cinco fatores mentais determinadores de objeto são assim chamados porque cada um deles realiza um objeto em particular. Distinguindo uma característica específica do campo objetivo. Por exemplo, aspiração determina o que é desejável dentro de um campo objetivo; firme apreensão, aquele no qual é compreendido como sendo um objeto de valor; e continua lembrança é aquilo que tem que ser nascido na mente pela firme apreensão. Quando a mente está ativamente engajada em uma tarefa, seja ela benéfica ou maléfica, todos estes fatores mentais estão constantemente ocupados, dando direção, coerência e significado para a seqüência de pensamentos e comportamento.

Os cinco fatores determinadores de objeto são: Aspiração, Firme apreensão, Contínua lembrança, Concentração e Sabedoria.

1 Aspiração

Definição: é o fator mental que focaliza um objeto desejado e se interessa por ele. Aspiração, desejo e vontade são sinônimos.

Função da Aspiração: A principal função desse fator mental é induzir à dedicação e ao entusiasmo. O sucesso de nossas ações depende da dedicação investida e quanto maior a aspiração, maior será nossa dedicação. Todas as tarefas, quer mundanas ou espirituais, precisam ser precedidas de aspiração. Classificação da Aspiração:

Existem quatro tipos:

1. Desejo de encontrar um objeto;

2. Desejo de não se separar de um objeto; 3. Desejo de obter um objeto;

4. Desejo de se livrar de um objeto.

Cada um desses quatro podem ser virtuoso, não virtuoso ou neutro, dependendo da motivação envolvida. O desejo mais comum: ter felicidade e se livrar do sofrimento.

Divisão Dupla:

1. Aspirações equivocadas; 2. Aspirações não equivocadas.

Por isso, ao buscarmos felicidade acabamos, freqüentemente, atraindo sofrimento. Não ter bons desejos significa não ter verdadeira sabedoria. A Aspiração suprema é a mente que deseja se iluminar para o benefício dos outros, com essa aspiração, todas as nossas ações se transformam em causas para a iluminação.

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2 Firme apreensão

Conceito: Firme apreensão é o fator mental que faz a mente primária apreender seu objeto com firmeza. No contexto de uma meditação unifocada é através da apreciação de um objeto previamente

estabelecido que este fator mental estabiliza a sua apreensão e a mente não se deixa distrair-se por nada mais.

Firme Apreensão de um objeto somente segue após as qualidades do objeto terem sido determinadas como sendo vantajosas ou valiosas. Uma vez apreciado desta maneira a mente estará muito mais inclinada para perseguir um determinado comportamento a fim de obter o objeto ou atingir uma meta corporificada no ou relacionada com ele.

Função da Firme apreensão: A principal função da Firme apreensão é fazer com que a sua mente primária apreenda com firmeza seu objeto. Atuando deste modo como causa de continua lembrança e

concentração. Sem entender do objeto, será difícil manter nossa mente nele por muito tempo. Classificação:

Firme apreensão correta e equivocada. Objetos conectados existem (por ex. impermanência) e não existem. Existem, também, três tipos especiais de firme apreensão que observam a vacuidade: os caminhos de acumulação, preparação, e visão.

3 Continua lembrança

Conceito: Continua lembrança é o fator mental que serve para não esquecer um objeto que foi realizado pela mente primária. Sem continua lembrança nossa mente é como um pote furado, por mais que estudemos, não somos capazes de reter coisa alguma. É a força vital da prática do Darma.

Função da continua lembrança:

Ela tem a função de não permitir que a mente seja distraída do seu objeto. Ela age como a base para concentração. Lembrança opera dentro de uma extensa variedade de atividades. Durante a meditação unifocada ela é o fator responsável por constantemente trazer o objeto para a mente e segurá-lo lá. Na prática da disciplina moral ela é comparada com o vigia na porta de saída da mente que tem a tarefa de estar constantemente atenta aos vários fatores mentais – em particular as aflições – que surgem. Durante o estudo, lembrança capacita alguém a relembrar o que tem aprendido previamente e deste modo permite uma grande quantidade de conhecimento ser construído. No dia a dia ela dá seqüência às atividades diárias, capacitando alguém a lembrar o que tem que ser feito em momentos particulares e assim por diante. Em resumo, lembrança é comparada a uma casa de tesouro que pode acumular muitas qualidades benéficas sem permitir que elas pereçam. Neste momento podemos utilizar somente os níveis densos de continua lembrança, ainda não temos capacidade de atingir os níveis sutis. (pensar claramente, meditar durante o sono).

Classificação da continua lembrança:

Existe, basicamente, uma classificação dupla de lembrança:

Lembranças e memórias que provocam distúrbios na mente e lembranças e memórias que provocam tranqüilidade.

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Definição: Concentração é o fator mental que faz sua mente primária ficar unifocadamente num objeto. Ela só pode se desenvolver se o objeto está sendo retido firmemente pela contínua lembrança.

Concentração pura possui quatro qualidades: lucidez significa que a mente se tornou clara , livre das nuvens de concepções distrativas; a clareza indica que o objeto aparece claramente e com vivacidade; a força indica que o objeto é firmemente retido por forte continua lembrança; e a estabilidade, que a mente permanece unifocada em seu objeto.

Função da concentração: A principal função da concentração é tornar a mente serena.

Ela age como a base para o aumento da sabedoria e mantem todos os fenômenos mundanos e

supramundanos sob controle. Concentração existe em algum grau nas mentes de todos nós. No presente momento esta faculdade pode não estar desenvolvida e somente ser capaz de lembrar um objeto por um tempo de limitada duração. Mas, com o esforço continuo e prática sua habilidade para permanecer unifocadamente em um único objeto pode ser desenvolvida até que, em estado mental de total quietude, alguém pode ficar por dias concentrado em um objeto particular. Concentração é também um

importante fator na elevação da sabedoria. Quando estamos tirando uma fotografia, a firmeza que seguramos a câmera fará com que a fotografia fique nítida. Similarmente, quanto mais firme e mais intensa for a nossa concentração, mais nítida e acurada tornar-se-á nossa sabedoria.

Classificação: Concentrações mundanas e supramundanas; Concentrações que observam objetos convencionais e objetos últimos.

Para se atingir a concentração especial, a quietude mental, nosso desenvolvimento em concentração é dividido em nove níveis:

1) Posicionamento da mente; 2) Contínuo posicionamento; 3) Reposicionamento; 4) Posicionamento estreito; 5) Controle; 6) Pacificação; 7) Pacificação completa; 8) Unifocalização; 9) Posicionamento equilibrado. 5. Sabedoria

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Função: A sabedoria serve para eliminar dúvidas, mal entendidos e, principalmente, para eliminar a ignorância. Nada nos prejudica mais que a ignorância, ela é a fonte de todos os nossos problemas e a causa raiz de todas as nossas ações negativas.

Classificação: Sabedoria nascida de ouvir, sabedoria nascida de contemplar e sabedoria nascida de meditar.

4.2.3 Os Onze Fatores Mentais Virtuosos

Todas as mentes virtuosas nascem de quatro causas: as marcas, o objeto (Três Jóias, Mestre e amigos espirituais), a atenção apropriada e as bênçãos inspiradoras dos Budas.

1. Fé

Definição: É o fator mental que atua, principalmente, para eliminar a antifé. Se temos convicção na confiabilidade de uma pessoa, então não hesitaremos em seguir seus conselhos. Não significa apenas uma atitude de reverência, mas deveria ser compreendida como um fator mental capaz de alargar e expandir a compreensão de alguém.

Função: Induzir aspirações virtuosas em nossa mente. É a raiz de todas as aquisições virtuosas. Dissipa dúvidas e hesitações sobre as práticas do Darma. Afasta defeitos tais como ter uma má motivação, desfaz nosso orgulho.

Classificação:

Fé de acreditar é uma crença em qualquer objeto conducente ao nosso desenvolvimento espiritual. Fé de admirar um estado mental tranqüilo, livre de concepções negativas, que surge quando contemplamos as boas qualidades dos objetos virtuosos.

Fé de almejar um desejo de seguir qualquer caminho do Darma.

2. Auto-Respeito ou Senso de Vergonha

Definição: É um fator mental que evita o nocivo por razões de consciência pessoal. Função: Sustenta a prática da disciplina moral.

Classificação: Senso de vergonha que refreia de ações corporais, verbais e mentais impróprias. Auto-respeito que evita prejudicar alguém pelo motivo de si próprio e pelo motivo de uma tradição espiritual.

3. Consideração pelos Outros

Definição: É um fator mental que evita prejudicar por causa dos outros.

Função: Idem ao auto-respeito. Uma pessoa é boa ou má na dependência de ter ou não os fatores mentais senso de vergonha e consideração.

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tradição espiritual dos outros.

4. Desapego ou Antiapego

Definição: É um fator mental que age como antídoto ao apego em relação a um objeto.

Função: É a porta à libertação, ao passo que o apego é a corda que nos amarra a existência cíclica. Não significa evitar todos os objetos de apego, mas reconhecer as falhas do apego e tentar abandoná-las. Com desapego, somos capazes de ver mais clara e objetivamente e deste modo focar nossa atenção e energia na realização das metas que verdadeiramente valem à pena.

Classificação: Antiapego por esta vida, pela existência cíclica e pela paz solitária. Antiapego por lugares, prazeres e corpos da existência cíclica.

5. Antiódio

Conceito: É o fator mental que tem as características de amor bondoso e atua como oponente direto ao ódio, supera a irritação e frustração, nos capacitando a reagir às condições adversas com uma mente calma e positiva. Constitui a base de todas as realizações mahayanas. Age como base para evitar o ódio, aumento do amor e paciente aceitação.

Classificação em três tipos:

1. Antiódio por aqueles que nos prejudicam;

2. Por objetos inanimados que nos causam sofrimentos 3. Pelo sofrimento resultante.

6. Antiignorância

Conceito: É uma claridade e perspicácia da mente que dispersa confusão. Possui um relacionamento de similaridade com entusiasmo e concentração. É desenvolvida, primeiramente, através do aprendizado e estudo, depois da reflexão e meditação. Tem a função de evitar a confusão, aumentar as quatro

inteligências e efetivar as qualidades benéficas. Classificação:

1. Antiignorância advinda de ouvir; 2. Advinda de contemplar;

3. Advinda de meditar;

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7. Entusiasmo:

Conceito: Fator mental que se opõe a preguiça, engaja-se alegremente em atividades benéficas, é uma qualidade dinâmica da mente necessária ao crescimento espiritual e compreensão.

Função: Estimula as virtudes, protege-as de se degenerar, aumenta as qualidades virtuosas, leva as práticas virtuosas a consumação, causa maleabilidade física e mental, tornando nosso corpo e mente apaziguados.

Classificação:

1. Entusiasmo diligente

2. Entusiasmo que é uma perseverança benéfica

3. Entusiasmo que encontra alegria com o que é benéfico. Há também uma classificação quíntupla do entusiasmo: 1. Entusiasmo tipo armadura

2. Entusiasmo aplicado; 3. Entusiasmo indestrutivo; 4. Entusiasmo irreversível; 5. Entusiasmo descontente.

8. Consciência

Conceito: É um fator mental que aprecia a acumulação do que é benéfico e protege a mente contra aquilo que faz as aflições surgirem. É uma qualidade que designa um estado mental no qual desapego, antiódio, antiignorância e entusiasmo estão presentes.

Função e aplicação no Darma: Capacita-nos a guardar disciplina moral pura, aperfeiçoar nossa concentração e conquistar sabedoria.

Classificação:

1. Consciência em acumulação de mérito 2. Consciência na realização da liberação 3. Consciência no desenvolvimento da renúncia 4. Consciência em cultivar virtudes não contaminadas

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Conceito: É um fator mental distinto, induzido por concentração virtuosa que capacita a mente a aplicar o objeto benéfico de qualquer maneira que ela deseje.

Função e aplicação na prática do Darma: Purifica a rigidez mental e física e age como base para todas as meditações associadas a quietude mental e insight penetrativo. Capacita a mente para resolver um problema intelectual ou se concentrar em objeto de meditação. Remove a inflexibilidade, lentidão e peso da mente. A rigidez mental dissipada pela flexibilidade é a base de muitas aflições, por exemplo, a

preguiça, resistência e antipatia por atividades virtuosas. É desenvolvida pela meditação.

Classificação: Flexibilidade mental sutil, flexibilidade mental densa, Flexibilidade do corpo e da mente. 10. Equanimidade

Conceito: É um fator mental que, sem necessitar grande esforço, evita excitação e afundamento mental. Função e aplicação na prática do Darma: Sua função é deixar a mente apoiada sobre objetos virtuosos. Age como base para aquisição do conhecimento da realidade última. Mantém a mente equilibrada e calma, livre de distrações e obtusidade.

Classificação: Existem três tipos, equanimidade que é um sentimento, equanimidade ilimitada e a que é um elemento formativo. Esta última é subdividida em três: De uma mente equilibrada; De uma mente em repouso; De uma mente espontânea.

11. Antiviolência:

Conceito: É um fator mental que deseja que os seres sejam separados do sofrimento. Equivale a compaixão.

Função e aplicação na prática do Darma: Sua principal função é nos impedir de prejudicar os seres sencientes, e atuar como causa para a conquista da iluminação. Aperfeiçoada ela se transformará na sabedoria onisciente de um Buda.

Classificação: Compaixão que deseja que os seres se libertem do sofrimento. Compaixão que deseja que os seres se libertem das causas do sofrimento.

4.2.4 Fatores Mentais Variáveis 1. Sono

Conceito: Fator mental desenvolvido por meio da obtusidade ou de suas marcas cuja função é recolher as percepções sensoriais interiormente. É uma mente sutil, que quando manifesta torna as mentes densas não-manifestas.

Função e aplicação na prática do Darma: Faz com que as percepções sensoriais se concentrem interiormente. Restaura a energia corporal dos seres comuns, e harmoniza seus elementos, proporcionando conforto e prolongamento de suas vidas. É usado por praticantes de tantra para desenvolver a clara luz. Aos apegados a dormir causa o aumento da preguiça.

Referências

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