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DIREITO CONSTITUCIONAL Módulo Geral

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Academic year: 2021

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DIREITO CONSTITUCIONAL

Módulo Geral

CONCURSO: Ministério do Trabalho e Emprego CARGO: Auditor-Fiscal do Trabalho

PROFESSOR: Daniel Ârea

Este curso é protegido por direitos autorais (copyright), nos termos da Lei n.º 9.610/1998, que altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências.

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AULA INAUGURAL

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ... 3

2. CRONOGRAMA DAS AULAS ... 4

3. ORIGEM E CONTEÚDO DO DIREITO CONSTITUCIONAL ... 5

4. CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO ... 7

5. CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES ... 12

6. ENTRADA EM VIGOR DE UMA NOVA CONSTITUIÇÃO ... 17

7. INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO ... 21

8. PODER CONSTITUINTE ... 26

9. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS ... 33

10. APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS ... 46

11. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 51

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1. Considerações Iniciais

Olá, amigos concurseiros 24 horas!

Primeiramente, vou fazer uma rápida apresentação para que vocês me conheçam um pouco melhor. Meu nome é Daniel Arêa, sou Auditor-Fiscal do Trabalho aprovado o concurso de 2013. Tenho graduação em Ciências Atuariais (2010) e em Direito (2014). Antes de ingressar no atual cargo que estou de Auditor, estive na Assessoria Jurídica da Controladoria Geral de Disciplina do Ceará (CGD-CE).

O cargo de Auditor-Fiscal do Trabalho é almejado por muitos não só pela possibilidade de adquirir estabilidade financeira (salário inicial R$14.960,00 – referente à Janeiro/2014), mas também por ser um cargo que enobrece a vida de cada um ao tentar trazer uma justiça social para os trabalhadores.

Antes de apresentar o curso de Direito Constitucional do C24H, é muito importante destacar que estaremos organizando esse curso com base nas duas bancas que já organizaram esse concurso: Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (CESPE) e Escola de Administração Fazendária (ESAF).

Nosso curso de Direito Constitucional não exige que os candidatos tenham conhecimentos prévios de tal disciplina. O objetivo de cada um não é se tornar mestre em Direito Constitucional, mas passar no concurso de Técnico Judiciário do TRT.

Dentro do curso, no desenvolvimento do material elaborado, utilizei uma linguagem mais acessível para o entendimento do aluno acerca da disciplina de Direito Constitucional. Porém, tenha consciência de que a linguagem jurídica é importante, pois é ela que provavelmente estará na sua prova.

Nosso material do C24H foi elaborado para que o entendimento e a leitura fluam na melhor maneira possível. Todas as aulas estarão divididas basicamente em teoria e exercícios. Além disso, apresentarei tabelas, gráficos e bizús que forem pertinentes ao aprendizado de todos.

Desta forma, todos poderão ter um estudo mais eficiente e, assim, conseguirão obter êxito na tão desejada aprovação nesse concurso público.

Caso necessário, enviem suas dúvidas, comentários, sugestões para o e-mail

danielalb87@gmail.com

Sintam-se à vontade, estarei à disposição de vocês e responderei a todos os questionamentos no tempo mais breve possível.

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2. Cronograma das Aulas

AULA DATA Assunto

01 07/11/2014

1 - Constituição: conceito, classificação, princípios fundamentais, aplicabilidade e interpretação das normas constitucionais. 2 – Poder Constituinte: conceito, finalidade, titularidade e espécies, reforma da constituição, cláusulas pétreas.

02 21/11/2014

3 – Dos direitos e garantias fundamentais: dos direitos e deveres individuais e coletivos; dos direitos sociais; dos direitos de nacionalidade; dos direitos políticos.

03 05/12/2014 4 – Da organização político-administrativa: das competências da União, Estados e Munícipios.

04 19/12/2014 5 – Da Administração Pública: disposições gerais; dos servidores públicos.

05 02/01/2015 6 – Do Poder Executivo.

06 16/01/2015 7 – Do Poder Legislativo.

07 30/01/2015 8 – Do Processo Legislativo

08 06/02/2015 9 – Do Poder Judiciário.

09 20/02/2015 10 – Controle de Constitucionalidade.

10 06/03/2014 11 – Das funções essenciais à Justiça: do Ministério Público; da Advocacia Pública; da Advocacia e da Defensoria Pública.

11 20/03/2015 12 – Da Ordem Econômica e Financeira. 13- Da Ordem Social

12 03/04/2015 Simulado Final

Inicialmente, seguiremos a cronograma com fidelidade. No entanto, poderá ser antecipado as aulas conforme a evolução da turma e da elaboração das aulas antes do prazo previsto acima.

Não deixem acumular o conteúdo, pois como vocês podem ver o conteúdo é extenso e precisamos de tempo para podermos assimilar, exercitar e revisar alguns pontos importantes. Chega de papo. Agora, vamos fazer o máximo de horas bunda cadeira (HBC) possível.

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3. Origem e Conteúdo do Direito Constitucional

Vamos dar o pontapé inicial na nossa conversa. Seguindo a cronologia das nossas aulas, iniciaremos vendo a Origem e o Conteúdo do Direito Constitucional. Dessa forma, vamos ver repassar alguns conceitos para você.

Todo Estado tem uma Constituição, em sentido amplo conforme foi acima conceituado. Nessa acepção ampla, a Constituição é simplesmente a forma de organização do Estado. Trata-se, portanto, de um conceito de Constituição que independe da existência de um texto escrito.

O Direto Constitucional, segundo José Afonso da Silva, estabelece a estrutura do Estado, a organização de suas instituições e órgãos, o modo de aquisição e exercício do poder bem como a limitação desse poder, por meio, especialmente, da previsão dos direitos e garantias.

Quanto a origem do constitucionalismo, identifica-se na Constituição dos Estados Unidos, de 1787, e na Constituição da França, de 1791. Ambas as

•Organização de um povo soberano sobre determinado território. Estado

•Capacidade do povo em tornar efetivas as suas decisões e a reger a sua vida interna sem a interferência de fatores externos.

•Poder supremo que um Estado exerce dentro de seu território não reconhecendo qualquer outro equivalente ou superior

Soberania

•União de pessoas que possuem os mesmos hábitos, tradições, religião, língua e consciência nacional.

•O conceito de nação não depende de território e sim do sentimento de unidade que as pessoas possuem

Nação

•Organização de um povo dentro de um território.

•É a maneira pela qual um povo se estrutura, interage e se organiza em seu espaço territorial.

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Constituições são rígidas e escritas, inspiradas nos ideais do Iluminismo do século XVIII.

1- (CESPE/Analista-SERPRO/2008) O conceito de Estado possui

basicamente quatro elementos: nação, território, governo e soberania. Assim, não é possível que haja mais de uma nação em um determinado Estado, ou mais de um Estado para a mesma nação.

Comentários:

A nação é caracterizada pelo sentimento de união entre seus membros, ou seja, pela consciência nacional. Além disso, o conceito de nação não está ligado a um território. Podemos ter um Estado com mais de uma nação, por exemplo, a Rússia. Pode haver também, uma nação sem território, como os bascos.

Gabarito da Questão: ERRADO

2- (CESPE/Promotor MPE-AM/2008) Os tradicionais elementos apontados

como constitutivos do Estado são: o povo, a uniformidade linguística e o governo.

Comentários:

Os elementos tradicionais constitutivos do Estado são: povo, território e soberania.

Gabarito da Questão: ERRADO.

3- (CESPE/Promotor MPE-AM/2008) A soberania do Estado, no plano

interno, traduz-se no monopólio da edição do direito positivo pelo Estado e no monopólio da coação física legítima, para impor a efetividade das suas regulações e dos seus comandos.

Comentários:

A soberania é a capacidade do povo em tornar efetivas as suas decisões e a reger a sua vida interna sem a interferência de fatores externos. É o poder supremo que um Estado exerce dentro de seu território não reconhecendo

Origem do Constitucionalismo Constituição dos EUA (1787) Constituição da França (1791)

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Assim, a soberania poderá ser exercida inclusive através da coação física legítima, como o poder de polícia. Quando a questão fala em “monopólio do direito positivo” significa que somente o Estado pode criar as leis, que deverão ser obedecidas por todos.

Gabarito da Questão: CERTO.

4. Conceito de Constituição 4.1. Conceito Material

Constituição em sentido material (ou substancial) é o conjunto de normas, escritas ou não, cujo conteúdo seja considerado propriamente

constitucional. Ou seja, essencial à estruturação do Estado, à regulação do

exercício do poder e ao reconhecimento de direitos fundamentais aos indivíduos.

Portanto, sob o ponto de vista material, o que possui relevância para a

caracterização de uma norma constitucional é o seu conteúdo, pouco

importando a forma pela qual tenha sido inserida no ordenamento jurídico.

4.2. Conceito Formal

Constituição em sentido formal diz a respeito à existência, em um determinado Estado, de um documento único, escrito por um órgão soberano instituído com essa finalidade, que contém, entre outras, as normas de organização da política da comunidade e, sobretudo, que só pode ser alterado mediante processo legislativo mais rígido, e com maiores restrições, do que o necessário para a aprovação das normas não constitucionais.

Constituiçã o Material Organização do Estado Aquisição, exercício e transmissão de poder Limitações ao poder do Estado (Direitos e Garantias Fundamentais)

(8)

Ressalte-se que todas as normas em uma Constituição formal tem a mesma

hierarquia. Ou seja, se uma norma está na Constituição, então ela tem a mesma validade de qualquer outra norma, independentemente se é materialmente constitucional ou não.

Portanto, o que define uma norma como constitucional é a forma pela qual

ela foi introduzida no ordenamento jurídico, e não pelo seu conteúdo.

Por isso, somente faz sentido falar em Constituição formal nos Estados dotados de Constituição escrita e rígida como é o caso do Brasil.

4.3. Conceito Sociológico

Segundo Ferdinand Lassale (concepção sociológica), a Constituição é conhecida como fato social, e não propriamente como norma. O texto positivo da Constituição, seria o resultado da realidade social do País, das forças sociais que imperam na sociedade, em determinada conjuntura histórica. Portanto, a Constituição de um país é a soma dos fatores reais de poder que nele atuam. Assim, a Constituição escrita só teria validade se

correspondesse à Constituição que tivesse suas raízes nos fatores reais de poder.

4.4. Conceito Político

Conforme entendimento de Carl Schmitt (concepção política), a Constituição é uma decisão política fundamental, qual seja, a decisão política do titular do poder constituinte.

Portanto, a Constituição surge, a partir de um ato constituinte, fruto de uma

vontade e política fundamental de produzir uma decisão eficaz sobre modo e forma de existência política de um Estado.

Podemos, então, estabelecer uma distinção entre Constituição e leis constitucionais:

Constituição Formal Norma com ou sem conteúdo

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Constituição Dispõe somente de matérias de grande relevância jurídica, sobre decisões políticas fundamentais (organização do Estado, princípio democrático e direitos fundamentais)

Leis

constitucionais São as demais normas integrantes no texto constitucional. 4.5. Conceito Jurídico

Para Hans Kelsen (concepção jurídica), a Constituição compreende uma perspectiva estritamente formal, apresentando-se como pura norma

jurídica, como norma fundamental do Estado e da vida jurídica de um país, paradigma de validade de todo o ordenamento jurídico e instituidora da

estrutura do Estado. A Constituição é, portanto, um sistema de normas jurídicas.

Dessa forma, a Constituição não tem qualquer cunho sociológico, político

ou filosófico. Trata-se de uma norma pura. Assim, a validade de uma

norma jurídica positivada é completamente independente de sua aceitação pelo sistema de valores sociais vigentes em uma comunidade, tampouco guarda relação com a ordem moral, pelo que não existiria a obrigatoriedade de o Direito seguir aos ditames desta ordem moral.

Podemos, ainda, propor dois sentidos para a Constituição:

Sentido Lógico-jurídico

A norma fundamental hipotética, cuja função é servir de fundamento lógico transcendental da validade da Constituição em sentido jurídico-positivo.

Sentido Jurídico-positivo

Norma positiva suprema, ou seja, um conjunto de normas que regulam a criação de outras normas, lei nacional no seu mais alto grau.

Documento solene que contém um conjunto de normas jurídicas que somente podem ser alteradas observando-se certas restrições.

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Para facilitar o entendimento desses três pensadores, vamos elaborar um quadro:

Sentido Sociológico Sentido Político Sentido Jurídico

A Constituição é a soma de fatores reais de

poder que regem uma nação, de forma que a

Constituição escrita só terá eficácia quando em conformidade com tais fatores.

A Constituição é uma

decisão política fundamental sobre a

definição do perfil primordial do Estado que teria por objeto a forma e o regime de governo, a forma de Estado e a matriz ideológica da nação. A Constituição é compreendida de uma perspectiva estritamente formal, consistindo na norma fundamental do Estado, paradigma de validade de todo o ordenamento jurídico. A Constituição é considerada norma pura. Não possui

qualquer cunho

sociológico, político ou filosófico.

4- (CESPE/MMA/2009) No sentido sociológico defendido por Ferdinand

Lassale, a Constituição é fruto de uma decisão política.

Comentários: O conceito sociológico realmente era defendido por Lassale. No

entanto, a questão deu o conceito político, proposto por Carl Schmitt. O sentido

• SoSSiológico = LaSSale

• PolíTTico = SchmiTT

• JuridiKo = Kelsen

MNEMÔNICO

• Guarde os nomes dos três pensadores (LASSALE; SCHIMTT;

KELSEN), pois eles caem em prova.

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defendido por Lassale dizia que a Constituição deve refletir a soma dos reais fatores de poder.

Gabarito da Questão: ERRADO.

5- (CESPE/Juiz Federal Substituto - TRF 1ª/2009) No sentido sociológico,

a constituição seria distinta da lei constitucional, pois refletiria a decisão política fundamental do titular do poder constituinte, quanto à estrutura e aos órgãos do Estado, aos direitos individuais e à atuação democrática, enquanto leis constitucionais seriam todos os demais preceitos inseridos no documento, destituídos de decisão política fundamental.

Comentários: Esse é o conceito político defendido por Carl Schmitt. Para ele,

existe a Constituição, que é formada pelas normas que organizam o Estado e limitam o poder estatal, e as "leis constitucionais", que são dispositivos inseridos no texto constitucional, mas que não trazem normas sobre a decisão política fundamental.

Gabarito da Questão: ERRADO.

6- (CESPE/MMA/2009) No sentido jurídico, a Constituição não tem qualquer

fundamentação sociológica, política ou filosófica.

Comentários: No conceito jurídico, defendido por Hans Kelsen, a Constituição

é uma norma “pura” e o que importa é a formalidade, a rigidez e a supremacia constitucional. Para ele, realmente, a validade da Constituição não depende de sua aceitação ou da moral.

Gabarito da Questão: CERTO.

7- (CESPE/ANAC/2009) Concebido por Ferdinand Lassale, o princípio da

força normativa da CF é aquele segundo o qual os aplicadores e intérpretes da Carta, na solução das questões jurídico-constitucionais, devem procurar a máxima eficácia do texto constitucional.

Comentários: O sentido de constituição defendido por Lassale era o

sociológico, onde a Carta Maior deveria ser um retrato dos fatores reais de poder. O princípio da força normativa da CF foi desenvolvido por Konrad Hesse, um positivista que defendia o sentido jurídico da constituição, muito mais próximo, portanto, ao conceito proposto por Kelsen.

Além disso, o princípio descrito na assertiva é um princípio de interpretação constitucional chamado “princípio da máxima efetividade”.

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5. Classificação das Constituições 5.1. Quanto à Origem

Podem ser classificadas em OUTOGARDAS, POPULARES ou CESARISTAS.

Outorgadas São impostas, ou seja, nascem sem a participação popular. Criada por um soberano, ditador ou monarca. Populares ou

Promulgadas ou Votadas

São produzidas com a participação popular, em regime de democracia, mediante a escolha do povo.

Cesaristas ou

Bonapartistas São unilateralmente elaboradas pelo detento do poder, mas dependem de ratificação popular por meio de referendo

5.2. Quanto à Forma

Podem ser classificadas em ESCRITAS ou NÃO ESCRITAS.

Escritas ou Instrumental

Formada por um conjunto de regras sistematizadas e

formalizadas por um órgão constituinte, em documento escritos.

Podendo ser codificada = sistematizada em um único documento; ou legal = formado por inúmeras leis esparsas ou fragmentadas

Não Escritas ou Costumeiras ou Consuetudinárias

Não são elaboradas por um órgão especialmente encarregado dessa tarefa, tampouco estão codificadas em documentos formais.

Tais normas se consolidam a partir dos usos e

costumes, das leis esparsas comuns, das convenções e

da jurisprudência.

5.3. Quanto ao Modo de Elaboração

Podem ser classificadas em DOGMÁTICAS OU HISTÓRICAS.

Dogmáticas Sempre escritas. São elaborados segundo os dogmas ou ideias fundamentais da teoria política e do Direito imperantes

em um determinado momento.

Históricas ou

Costumeiras

Não escritas. Resultam da formação histórica dos valores consolidados pela própria sociedade.

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5.4. Quanto ao Conteúdo

Podem ser classificadas em CONSTITUIÇÃO MATERIAL OU CONSTITUIÇÃO

FORMAL

Constituição Material ou Substancial

Consideram-se constitucionais somente as normas que cuidam de assuntos essenciais à organização e ao funcionamento

do Estado e estabelecem os direitos fundamentais.

Leva-se em consideração o conteúdo da norma, não

importando o processo de elaboração de tal norma ou se

está inserida ou não em uma Constituição escrita.

Assim, em uma Constituição não escrita e flexível, não há supremacia formal, pois não há distinção entre os processos legislativos de elaboração das normas. Nesse sentido, as normas constitucionais possuem apenas supremacia material.

Constituição Formal

São constitucionais todas as normas que integram a Constituição escrita, elaborada por um processo especial,

independentemente de seu conteúdo.

Não importa o conteúdo da norma constitucional, todas as

normas integrantes da Constituição serão constitucionais.

Portanto, podemos afirmar que, em uma Constituição escrita

e rígida, todas as normas constitucionais possuem a mesma hierarquia e são dotadas de supremacia formal em relação

às demais leis.

5.5. Quanto à Alterabilidade

Podem ser classificadas em IMUTÁVEIS, RÍGIDAS, FLEXÍVEIS OU

SEMIRRÍGIDAS. Imutáveis ou

Permanente Não admite modificação do texto constitucional. Rígidas

Exige um processo legislativo especial para a modificação

do seu texto constitucional. Sendo, portanto, mais árduo do que o processo de elaboração das demais leis do ordenamento jurídico.

Flexíveis Permite a modificação do texto constitucional pelo mesmo processo legislativo das demais leis do ordenamento

jurídico.

Semirrígidas

Exige um processo legislativo mais difícil para a

modificação de parte de seus dispositivos constitucionais e

permite a mudança de outros dispositivos constitucionais

(14)

5.6. Quanto à Correspondência com a Realidade

Podem ser classificadas em NORMATIVAS, NOMINATIVAS OU SEMÂNTICAS.

Normativas São as que efetivamente conseguem, por estarem em consonância com a realidade social, regular a vida políticas

do Estado

Nominativas São aquelas que, embora tenham sido elaboradas com o intuito de regular a vida políticas do Estado, ainda não conseguem efetivamente cumprir esse papel.

Semânticas

Não tem o fim de regular a vida política do Estado, de

orientar e limitar o exercício do poder, mas sim o de beneficiar

os detentores do poder de fato, que dispõem de meios para

coagir os governados.

5.6. Quanto à Extensão

Podem ser classificadas em ANALÍTICAS OU SINTÉTICAS.

Analíticas Com conteúdo extenso, que versa sobre matérias outras que não a organização básica do Estado. Ou seja, sobre assuntos

fora do Direito Constitucional propriamente dito.

Sintéticas

Possui conteúdo abreviado e que versa somente sobre os

princípios gerais ou regras básicas de organização e

funcionamento do sistema jurídico estatal. Ou seja, sobre assuntos substancialmente constitucionais, deixando o restante para a legislação infraconstitucional.

5.7. Quanto à Finalidade

Podem ser classificadas em GARANTIA,

CONSTITUIÇÃO-BALANÇO OU CONSTITUIÇÃO DIRIGENTE.

Constituição-garantia

Modelo clássico da Constituição. Restringem-se a dispor sobre a organização do Estado e imposição de limites à

sua atuação, mediante a outorga dos direitos fundamentais ao indivíduo.

Constituição-balanço

Disciplinar a realidade do Estado em um determinado período político, retratando o arranjo das forças sociais que

estruturam o poder.

Constituição Dirigente

Define fins, programas, planos e diretrizes para a atuação futura dos órgãos estatais. Um programa para dirigir a

evolução política do Estado, um ideal social a ser futuramente concretizado pelos órgãos do Estado.

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8- (CESPE/MMA/2009) A CF de 1988, quanto à origem, é promulgada,

quanto à extensão, é analítica e quanto ao modo de elaboração, é dogmática.

Comentários: A constituição do Brasil é Formal (quanto ao conteúdo), Rígida

(quanto à alterabilidade), Escrita (quanto à forma), Analítica (quanto à extensão), Dogmática (quanto ao modo de elaboração) e Promulgada (quanto à origem)

Gabarito da Questão: CERTO.

9- (CESPE/Procurador-TCE-ES/2009) Quanto ao modo de elaboração, a

constituição dogmática decorre do lento processo de absorção de ideias, da contínua síntese da história e das tradições de determinado povo.

Comentários: Esse é o conceito de constituição histórica.

A constituição dogmática é elaborada em um dado momento do tempo e, por isso, reflete os anseios e os valores de uma sociedade nesse dado período de tempo.

Gabarito da Questão: ERRADO.

10- (ESAF/MDIC/2012) Sabe-se que a doutrina constitucionalista classifica

as constituições. Quanto às classificações existentes, é correto afirmar que: I. quanto ao modo de elaboração, pode ser escrita e não escrita.

• A Constituição do Brasil é classificada em FORMAL (conteúdo),

RÍGIDA (alterabilidade), ESCRITA (forma), ANALÍTICA (extensão),

DOGMÁTICA

(modo

de

elaboração),

POPULAR

(origem),

NOMINATIVA (correspondência com a realidade) e

DIRIGENTE

(finalidade) .

ATENÇÃO

• CAFExMO ou "cafex mocaccino"

• Esse mnemônico é formado pelas iniciais de cada classificação:

Conteúdo, Alterabilidade,

Forma, Extensão, Modo de

Elaboração e Origem.

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II. quanto à forma, pode ser dogmática e histórica. III. quanto à origem, pode ser promulgada e outorgada. IV. quanto ao conteúdo, pode ser analítica e sintética.

Assinale a opção verdadeira.

a) II, III e IV estão corretas. b) I, II e IV estão incorretas. c) I, III e IV estão corretas. d) I, II e III estão corretas. e) II e III estão incorretas.

Comentários: I – Errado. Quanto à elaboração as constituições podem ser

dogmáticas (elaboradas em um texto formal, em um determinado momento da história de um Estado), ou então históricas (se consolidaram ao longo dos tempos) a classificação que divide as Constituições em escritas ou não-escritas seria quanto à “forma”, ou seja, a formalidade em que ela se encontra no mundo jurídico.

II- Errado. Motivo dito no item anterior: dogmática e histórica é modo de elaboração. Forma = escrita ou não-escrita.

III- Correto.

IV- Errado. Quanto ao conteúdo, as Constituições se classificam em material ou formal. A Classificação como sintética ou analítica se refere à “extensão”.

Gabarito da Questão: Letra B.

11- (ESAF/AFRFB/2012) O Estudo da Teoria Geral da Constituição revela

que a Constituição dos Estados Unidos se ocupa da definição da estrutura do Estado, funcionamento e relação entre os Poderes, entre outros dispositivos. Por sua vez, a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é detalhista e minuciosa. Ambas, entretanto, se submetem a processo mais dificultoso de emenda constitucional. Considerando a classificação das constituições e tomando-se como verdadeiras essas observações, sobre uma e outra Constituição, é possível afirmar que

a) a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é escrita, analítica e rígida, a dos Estados Unidos, rígida, sintética e negativa.

b) a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é do tipo histórica, rígida, outorgada e a dos Estados Unidos rígida, sintética.

c) a Constituição dos Estados Unidos é do tipo consuetudinária, flexível e a da República Federativa do Brasil de 1988 é escrita, rígida e detalhista.

d) a Constituição dos Estados Unidos é analítica, rígida e a da República Federativa do Brasil de 1988 é histórica e consuetudinária.

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e) a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é democrática, promulgada e flexível, a dos Estados Unidos, rígida, sintética e democrática.

Comentários: Letra A - Item correto, exigindo conhecimento da Constituição

dos EUA do candidato... a título de informação, a constituição negativa é sinônimo de Garantia, que é aquela que se limita a trazer elementos limitativos do poder do Estado.

Letra B - Errado. O erro está em afirmar que a CF-88 é histórica, na verdade ela é dogmática, pois foi elaborada por um órgão Constituinte, consolidando o pensamento que determinada sociedade possui naquele momento.

Letra C - Errado. A constituição dos Estados Unidos não é consuetudinária (costumeira) ela é escrita, inclusive sabemos que foi a primeira constituição escrita da história, diferentemente do que diz o item. A classificação da Constituição de 88 está correta.

Letra D - Errado. O item inverteu características das constituições do Brasil e dos EUA.

Letra E - Errado. A do Brasil não é flexível, é rígida, pois somente pode ser alterada por procedimento especial.

Gabarito da Questão: Letra A

6. Entrada em Vigor de uma Nova Constituição

As normas de uma nova Constituição projetam-se sobre todo o ordenamento jurídico, revogando o que for incompatível; conferindo validade às disposições infraconstitucionais; e orientando todas as instâncias de poder.

Por isso, quando uma nova Constituição entra em vigor, as leis que são materialmente compatíveis com a nova Constituição serão aproveitadas. Enquanto as leis que são materialmente incompatíveis serão descartadas.

Essa verificação acerca da compatibilidade é feita pelo controle de compatibilidade que é subdividido em Controle de Constitucionalidade,

Controle de Legalidade e Juízo de Recepção.

Controle de Constitucionalidade

Compatibilidade da norma em face da Constituição Federal vigente à época de sua elaboração. Acarretando, assim, na constitucionalidade ou na

inconstitucionalidade da norma.

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Controle de

Legalidade Compatibilidade da norma infralegal em face da Lei.

Juízo de Recepção

Compatibilidade material da norma elaborada sob a

Constituição Federal antiga em face da Constituição

Federal nova. Acarretando, assim, na recepção ou na revogação da norma.

Deve-se ressaltar que a compatibilidade refere-se ao

conteúdo da norma, não importando a forma como

ela foi inserida no ordenamento jurídico na época da Constituição anterior.

Norma infraconstitucional vs. CF posterior

6.1. Juízo de Recepção

Como já vimos acima, o Juízo de Recepção ocorre quando comparamos a

nova Constituição Federal com uma norma editada sob a vigência de Constituições anteriores. Através desse controle de compatibilidade

saberemos se a norma pretérita a nova Constituição será recepcionada ou revogada.

Considerações sobre o Juízo de Recepção

Só se pode recepcionar as normas infraconstitucionais. A CF anterior é

totalmente revogada, salvo por disposição expressa da nova Constituição.

As normas infraconstitucionais anteriores à nova CF que forem materialmente

compatíveis com a nova Carta Magna são recepcionadas.

As normas infraconstitucionais anteriores à nova CF que forem materialmente

incompatíveis são revogadas.

Lei editada em desacordo com a CF vigente à época de sua elaboração, mas materialmente compatível com a nova CF.

Norma infraconstitucional

Constituição Atual Constitucionalidade ou Inconstitucionalidade

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Uma lei inconstitucional, ou seja, que não foi editada de acordo com a Constituição vigente à época de sua elaboração, jamais deveria ter entrado no ordenamento jurídico e, em regra, não pode produzir efeitos.

Dessa forma, ela será inválida, ainda que seja compatível com a nova CF. No juízo de recepção, não interessa o aspecto formal, somente o aspecto

material (conteúdo).

6.2. Inconstitucionalidade Superveniente

Inconstitucionalidade Superveniente é o fenômeno jurídico pelo qual uma norma tornar-se-ia inconstitucional em um momento futuro, depois de sua entrada em vigor, em razão da promulgação de um novo texto constitucional, com ela conflitante.

Dessa forma, podemos tirar as seguintes conclusões.

 Uma lei só pode ser considerada inconstitucional ou constitucional, em confronto com a Constituição de sua época.

 O confronto entre uma lei e Constituição futura não s resolve pelo juízo de constitucionalidade, mas sim pela revogação (lei materialmente incompatível) ou pela recepção (lei materialmente compatível)

6.3. Desconstitucionalização

A promulgação de uma Constituição não acarretaria, obrigatoriamente, a revogação global da Constituição passada. Seria necessário analisar cada dispositivo da Constituição antiga, a fim de verificar quais conflitariam com a nova Constituição, e quais seriam compatíveis com ela.

Portanto, os dispositivos da Constituição antiga, compatíveis com a nova, ao serem recepcionados, ingressariam e se comportariam no novo ordenamento como se fossem meras normas infraconstitucionais.

• Não existe no Brasil.

• Uma lei não fica inconstitucional ao longo do tempo, ou ela já nasce

inconstitucional ou ela é revogada por uma eventual alteração na CF.

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6.4. Repristinação

A nova Constituição não restaura, automaticamente, tacitamente, a vigência das leis que não mais estejam em vigor no momento da sua promulgação.

Por isso, a vigência das leis só poderá ser restaurada pela nova

Constituição, mediante disposição expressa no seu texto. Ocorrerá, nesse

caso, o fenômeno denominado REPRISTINAÇÃO.

Recepção Repristinação

Direito pré-constitucional em vigor no momento da promulgação da nova Constituição.

Direito pré-constitucional não mais vigente no momento da promulgação da nova Constituição.

Fenômeno tácito, que ocorre independemente de disposição expressa na nova Constituição.

Fenômeno que só ocorre se houver disposição expressa na nova Constituição

12- (CESPE/Procurador-TCE-ES/2009) No fenômeno da recepção, são

analisadas as compatibilidades formais e materiais da lei em face da nova constituição.

Comentários: No juízo de recepção, são analisados somente os aspectos

materiais da norma a ser recepcionada, ou seja, analisa-se somente se o conteúdo da norma é compatível com a nova CF, independente da forma.

• Não pode ocorrer a descontitucionalização no Brasil, pois

não existe nenhuma disposição expressa quanto a esse

instituto.

ATENÇÃO

• Não existe repristinação tácita no Brasil. Só existe a repristinação

expressa.

(21)

Gabarito da Questão: ERRADO.

13- (CESPE/TRT-17ª/2009) Segundo o princípio da unidade da constituição,

cada país só pode ter uma constituição em vigor, de modo que a aprovação de nova constituição implica a automática revogação da anterior.

Comentários:

Realmente, quando da promulgação de uma nova constituição, a Carta anterior é totalmente revogada, não havendo possibilidade de ser recebida, nem com status constitucional e nem com status infraconstitucional, salvo expressa disposição da nova CF.

No entanto, isso não tem nenhuma relação com o princípio da unidade da constituição, que diz que a CF é una, não havendo contradições em seu texto. Gabarito da Questão: ERRADO.

6.

7. Interpretação da Constituição

7.1. Princípios e Métodos de Interpretação

A Constituição Federal de 1988 foi elaborada seguindo diversos princípios que norteiam os operadores do Direito a seguir os ideais pretendidos pelo Poder Constituinte Originário. Este é responsável pela elaboração da Constituição do qual abordaremos nessa aula ainda.

Portanto, quando houver aparentemente uma contradição dentro do

texto constitucional deve-se sempre utilizar dos princípios e métodos de interpretação para sanar tais contradições aparentes.

Dessa forma, podemos dizer que cabe, aos operadores do Direito e, em último instância, ao STF, interpretar a Constituição para que não haja contradições entre as normas constitucionais.

Agora, vamos apresentar o seguinte princípios adotado pelo doutrinador Constitucionalista CANOTILHO.

PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO Unidade da

Constituição

A Constituição deve ser vista como um todo e, assim, procurar harmonizar todos os dispositivos constitucionais existentes.

(22)

constitucionais tem igual hierarquia; que não existem normas constitucionais originárias inconstitucionais; e que não existem antinomias normativas verdadeiras entre os dispositivos constitucionais.

Efeito

Integrador

Deve-se dar prioridade aos critérios que favoreçam a

integração política e social e o reforço da unidade política.

Máxima

Efetividade Deve-se atribuir à norma constitucional o sentido que lhe dê maior eficácia, mais ampla efetividade social. Justeza

O órgão encarregado de interpretar a Constituição não pode chegar a um resultado que perturbe a estrutura de

repartição de poderes e exercício das competências constitucionais estabelecidas pelo poder constituinte

originário.

Harmonização ou

Concordância Prática

Coordenação e combinação dos bens jurídicos, quando

se verifique conflito entre eles, de forma a evitar o

sacrifício de total de uns em relação aos outros.

Os bens jurídicos constitucionalmente protegidos devem

coexistir harmoniosamente, sem predomínio de uns sobre

os outros.

Força

Normativa da Constituição

Deve-se valorizar as soluções que possibilitem a atuação normativa, a eficácia e a permanência da Constituição.

Não se deve negar eficácia ao texto constitucional, mas sim lhe conferir a máxima aplicabilidade.

Conforme a Constituição

No caso de normas com mais de uma interpretação, deve-se dar preferência à interpretação que seja compatível com

o conteúdo da Constituição.

Não se deve escolher a interpretação que seja contrária ao texto da Constituição.

A regra é a conservação da validade da lei. Uma lei não

deve ser declarada inconstitucional se for possível conferir uma interpretação em conformidade com a Constituição. A interpretação conforme também pode ser feita sem

redução de texto, ou seja, quando o texto da norma

permanece intacto, alterando-se apenas a forma como se interpreta a norma ou com redução de texto, ou seja, quando parte do texto da norma é declarado inválido

Supremacia da

(23)

Além dos princípios, quando se faz a interpretação constitucional, também são utilizados os métodos de interpretação, quais sejam:

MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO

Jurídico

(Hermenêutico Clássico)

A Constituição é, para todos os efeitos, uma lei. Para

interpretar o sentido da lei constitucional devem ser utilizado as regras tradicionais da hermenêutica.

Interpretação teleológica: busca da finalidade para a qual foi criada, levando-se em conta o seu fundamento racional. Utiliza-se os princípios constitucionais.

Interpretação filológico (literal): literalidade da lei. Deve ser usado apenas como ponto de partida, pois a tal interpretação pode chegar a conclusões injustas.

Interpretação histórica: fazer a melhor interpretação através de um olhar sobre os precedentes históricos

Interpretação sistemática: harmonizar as normas dando uma unidade ao ordenamento jurídico, analisando a Constituição como um todo.

Interpretação autêntica: o próprio órgão que editou uma norma edita outra norma, com o fim de esclarecer pontos lacunosos.

Tópico

Problemático

Interpretação da Constituição mediante um processo aberto de argumentação entre vários participantes, tentando

adequar a norma constitucional ao problema concreto. PRIMAZIA DO PROBLEMA SOBRE A NORMA.

Hermenêutico Concretizador

O intérprete possui uma pré-compreensão acerca dos

elementos envolvidos no texto a ser interpretado por ele.

Dessa forma, o intérprete extrai do texto constitucional um determinado conteúdo que deve ser comparado com a

realidade.

A partir dessa comparação, resulta a reformulação da sua

pré-compreensão, com o intuito de harmonizar os

conceitos por ele preconcebidos.

Essa reformulação deve-se repetir sucessivamente até que se encontre uma solução harmoniosa para o problema.

PRIMAZIA DA NORMA SOBRE O CASO CONCRETO. Científico

(24)

integração da Constituição com a realidade social.

Normativo Estruturante

Identifica-se o conteúdo da norma mediante a interpretação do texto da norma e mediante a análise de sua concretização normativa na realidade social.

Interpretação Comparativa

Captar a evolução de institutos jurídicos nos vários

ordenamentos jurídicos, identificando semelhanças e

diferenças, com o intuito de esclarecer o significado que deve ser atribuído a determinados enunciados linguísticos utilizados na formulação de normas constitucionais.

Essa comparação permite estabelecer uma comunicação entre várias Constituições e descobrir critérios aplicáveis na busca de uma melhor solução para determinados problemas.

7.2. Correntes Interpretativas e não Interpretativas

Essas correntes debatem sobre a liberdade, a margem de atuação dos juízes ao se interpretar as normas constitucionais.

Corrente Interpretativista

Consideram que os juízes, ao interpretarem a Constituição, devem limitar-se a captar o sentido dos preceitos expressos na Constituição, ou pelo menos, estejam claramente implícitos.

Assim, a liberdade do Juiz está bastante limitada. Não significa que o juiz deve se ater à literalidade do texto, mas sim que ele não pode estender muito a interpretação.

Corrente Não Interpretativista

Defendem a possibilidade e a necessidade de os juízes invocarem e aplicarem os valores e os princípios contra

atos da responsabilidade do Legislativo em desconformidade com a Constituição

14- (CESPE/Auditor-TCU/2009) Pelo princípio da supremacia da

Constituição, constata-se que as normas constitucionais estão no vértice do

• Na corrente interpretativista, o Juiz tem pouca liberdade, já na

nãointerpretativista, ele tem maior autonomia.

(25)

sistema jurídico nacional, e que a elas compete, entre outras matérias, disciplinar a estrutura e a organização dos órgãos do Estado.

Comentários: O princípio da supremacia da constituição diz que as normas da

CF estão no topo do ordenamento jurídico e que nenhuma outra norma infraconstitucional pode contrariá-las. Também está correta a segunda parte da questão. Dentre as normas essencialmente constitucionais estão aquelas sobre a organização do Estado.

Gabarito da Questão: CERTO.

15- (CESPE/TRT-17ª/2009) O princípio do efeito integrador estabelece que,

havendo lacuna na CF, o juiz deve recorrer a outras normas do ordenamento jurídico para integrar o vácuo normativo.

Comentários: O princípio do efeito integrador diz que havendo confronto entre

normas constitucionais, deve-se prestigiar as interpretações que favoreçam a integração política e social e reforce a unidade política. O que está descrito no enunciado é o uso da técnica da integração.

Gabarito da Questão: ERRADO.

16- (ESAF/AFT/2010) Praticamente toda a doutrina constitucionalista cita os

princípios e regras de interpretações enumeradas por Canotilho. Entre os princípios e as regras de interpretação abaixo, assinale aquele(a) que não foi elencado por Canotilho.

a) Unidade da constituição.

b) Da máxima efetividade ou da eficiência. c) Da supremacia eficaz.

d) Do efeito integrador.

e) Da concordância prática ou da harmonização.

Comentários: O tema interpretação constitucional trata basicamente de um

estudo doutrinário pautado nas lições do Prof. Canotilho. Em nenhum momento falamos de princípio da supremacia eficaz.

Gabarito da Questão: Letra C

17- (ESAF/Advogado-IRB/2004 - Adaptada) Assinale a opção correta.

a) O princípio da unidade da Constituição postula que, na interpretação das normas constitucionais, seja-lhes atribuído o sentido que lhes empreste maior eficácia ou efetividade.

(26)

b) O princípio de interpretação constitucional do "efeito integrador" estabelece uma nítida hierarquia entre as normas da parte dogmática da Constituição e as normas da parte meramente organizatória.

c) Mesmo que, num caso concreto, se verifique a colisão entre princípios constitucionais, um princípio não invalida o outro, já que podem e devem ser aplicados na medida do possível e com diferentes graus de efetivação.

d) No sistema jurídico brasileiro, cabe, com exclusividade, ao Poder Judiciário a prerrogativa de interpretar a Constituição, sendo do Supremo Tribunal Federal a palavra decisiva a esse respeito.

Comentários: Letra A - Errado. Segundo a doutrina, o princípio da unidade da

Constituição pressupõe a dissipação das antinomias e contradições. Este princípio acima deveria ser descrito como o princípio da máxima efetividade. Letra B - Errado. Segundo a doutrina, o efeito integrador pressupõe a busca pelo sentido que fortaleça a unidade política e a integração social. Importante é dizer que pelo princípio da unidade da Constituição, não há qualquer hierarquia entre normas presentes no corpo da Lei Maior, já que ela se manifesta como única.

Letra C - Correto. É o princípio da harmonização ou da concordância prática. Veja que quando se fala de princípios, não se fala em exclusão, já que eles podem ser ponderados no caso concreto e assim ser concretizados em graus diferentes. Isto faz com que os chamem de "mandados de otimização". Quando estamos diante de regras constitucionais, ou seja, normas que estabelecem uma conduta específica sem margem para abstrações, pode acontecer de uma excluir a outra, pois não existe cumprimento parcial de regras, ou são cumpridas integralmente ou não são cumpridas.

Letra D - Errado. Podemos citar, por exemplo, a interpretação autêntica que é proferida geralmente pelo poder legislativo, editando leis interpretativas.

Gabarito da Questão: Letra C.

8. Poder Constituinte

O Poder Constituinte é o poder de elaborar e modificar normas constitucionais. No Brasil, a titularidade do Poder Constituinte é o POVO,

pois só este tem legitimidade para determinar quando e como deve ser elaborada uma nova Constituição, ou modificada a já existente. A soberania popular, que é o Poder Constituinte do povo, é a fonte única de que procedem todos os poderes públicos do Estado.

Poremos extrair tal entendimento da titularidade do povo do art.1º, parágrafo único da CF, in verbis:

(27)

Art.1º (...)

Parágrafo único - Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.”

Embora o Poder Constituinte seja de titularidade do povo, o seu exercício pode ser exercido de duas formas: democrática (poder constituinte legítimo) ou

autocrática (poder constituinte usurpado).

Democrático

Poder Constituinte ocorre pela Assembleia Constituinte. O povo

escolhe seus representantes, que formam o órgão

constituinte, incumbido de elaborar a Constituição do tipo promulgada (democracia representativa).

O povo pode ainda participar diretamente no processo de elaboração ou de aprovação da Constituição, por meio de

plebiscito ou referendo, ou mediante apresentação, ao órgão constituinte, de propostas populares de dispositivos

constitucionais para serem apreciadas e, se aprovadas, incorporadas ao texto da Constituição (democracia participativa).

Autocrático

Caracteriza-se pela outorga que é o estabelecimento da

Constituição por um líder do movimento que alçou o poder, sem a participação popular.

É um ato unilateral do governante, que autolimita o seu poder e impõe as normas constitucionais ao povo. Também é chamado de Poder Constituinte Usurpado.

8.1. Poder Constituinte Originário

Poder Constituinte Originário é o poder de elaborar uma Constituição, fazendo, assim, instaurar uma nova ordem jurídica.

Poder Constituinte

Conceito: Poder de

elaborar e modificar

normas constitucionais

(28)

Possui 5 características tradicionais apontadas pela doutrina, quais sejam:

poder político, inicial, incondicionado, permanente e ilimitado.

Político

Faz nascer a ordem jurídica. Ou seja, a ordem jurídica começa com ele, e não antes dele.

É o poder de criar uma Constituição quando o Estado é novo (Poder Constituinte Histórico), ou quando uma Constituição é substituída pela outra, em um Estado já existente (Poder Constituinte Revolucionário).

Inicial É a base da ordem jurídica, pois cria um novo Estado, rompendo completamente com a ordem anterior. Incondicionado Não está sujeito a qualquer forma prefixada para manifestar sua vontade. Não está obrigado a seguir qualquer

procedimento predeterminado para realizar a sua obra.

Permanente

Não se esgota no momento do seu exercício, ou seja, na elaboração da Constituição. Ela subsiste fora da Constituição e está apto a manifestar-se novamente a qualquer tempo, quando convocado pelo povo.

Ilimitado ou Autônomo

Não tem que respeitar limites postos pelo direito anterior. A ordem jurídica anterior não limita a sua atividade de criar uma nova Constituição.

O Poder Constituinte Originário pode manifestar-se na criação de um novo Estado, denominado Poder Constituinte histórico. Ou, ainda, pode ser na refundação de um Estado, com a substituição de uma Constituição por outra, denominado Poder Constituinte revolucionário.

• Pode ser chamado ainda de: primário, inaugural, fundacional,

primogênito, genuíno, de primeiro grau ou inicial.

ATENÇÃO

Poder Consituinte Originário

Histórico Criação de um novo Estado

Revolucionário uma Constituição Substituição de por outra.

(29)

8.2. Poder Constituinte Derivado

O Poder Constituinte derivado é o poder de modificar a Constituição

Federal e, também, de elaborar as Constituições Estaduais.

Esse poder é criado pelo Poder Constituinte Originário, estando prevista e regulamentado no texto da Constituição. Além disso, conhece limitações constitucionais expressas e implícitas e, por isso, é passível do controle de constitucionalidade.

Possui 5 características tradicionais apontadas pela doutrina, quais sejam:

poder jurídico, derivado, limitado e condicionado.

Jurídico Integra o Direito, está presente e regulado no texto da Constituição Federal. Derivado É instituído pelo Poder Constituinte Originário, para modificar e complementar sua obra. Limitado ou

Subordinado Possui limitações constitucionais expressas e implícitas, não podendo desrespeitá-las, sob pena de inconstitucionalidade.

Condicionado Sua atuação deve observar as regras predeterminadas pelo texto constitucional.

O Poder Constituinte Derivado ainda subdivide-se em Poder Constituinte

Derivado Reformador e Poder Constituinte Derivado Decorrente.

8.2.1. Poder Constituinte Reformador

É o poder de modificar a Constituição Federal de 1988, desde que respeitadas as regras e limitações impostas pelo Poder Constituinte Originário. Esse poder de modificação do texto constitucional baseia-se na ideia de que o povo tem sempre o direito de rever e reformar a Constituição.

•Pode ser chamada ainda de: instituído, constituído, secundário, de segundo grau. ATENÇÃO Poder Constituinte Derivado Reformador Decorrente

(30)

Dessa forma, a Constituição Federal de 1988 pode ser modificada através de dois procedimentos: Emenda Constitucional ou Revisão Constitucional.

Emenda Constitucional

É a modificação do texto da CF através do procedimento previsto no art. 60, § 2º, ou seja, 2 turnos de votação e aprovação por 3/5 dos votos em cada Casa do Congresso Nacional. Este tipo de reforma pode ser feita a qualquer tempo.

Revisão Constitucional

É a modificação do texto da CF através do procedimento previsto no art. 3º do ADCT (Ato Das Disposições Constitucionais Transitórias). A Revisão Constitucional é um procedimento mais simplificado de alteração da CF e só pode ser feito uma ÚNICA vez: 5 anos após a promulgação da CF. Dessa forma, este tipo de reforma não pode mais ser feito.

8.2.2. Poder Constituinte Derivado Decorrente

É o poder que a Constituição Federal de 1988 atribui aos Estados-membros para se auto-organizarem, por meio da elaboração de suas próprias Constituições. Portanto, é a competência atribuída pelo Poder

Constituinte Originário aos Estados-membros para criarem suas próprias Constituições, desde que observadas as regras e limitações pela Constituição Federal.

O mesmo não podemos dizer para os Municípios, pois, embora dotados de

autonomia política, administrativa e financeira, com competência para elaborar suas próprias Leis Orgânicas, não dispõem de Poder Constituinte Derivado

Decorrente. Poder Constituinte Derivado Reformador Emenda Constitucional Revisão Constitucional

•STF: A Lei Orgânica do Distrito Federal é a norma equiparada à COnstituição Estadual, possuindo natureza de verdadeira Constituição local.

(31)

8.3. Poder Constituinte Difuso

É o poder de fato que atua na etapa de mutação constitucional, meio informal de alteração da Constituição. Portanto, cabe a ele alterar o

conteúdo, o alcance e o sentido das normas constitucionais, mas de modo informal, sem qualquer modificação na literalidade do texto da Constituição. Podemos sintetizar as características do Poder Constituinte Difuso da seguinte maneira:

Difuso Não vem positivado no texto das Constituições.

De Fato Nascido do fato social, político e econômico.

Informal Manifesta-se por intermédio das mutações constitucionais, modificando o sentido das Constituições, mas sem nenhuma alteração do seu texto expresso.

18- (CESPE/Juiz Federal Substituto - TRF 1ª/2009) Pelo critério

jurídico-formal, a manifestação do poder constituinte derivado decorrente mantém-se adstrita à atuação dos estados-membros para a elaboração de suas respectivas constituições, não se estendendo ao DF e aos municípios, que se organizam mediante lei orgânica.

Comentários: O DF possui uma Lei Orgânica. No entanto a LODF possui status

de constituição estadual, sendo fruto, portanto, do poder constituinte derivado decorrente. Já as leis orgânicas municipais realmente não possuem status de constituição municipal. Assim, os municípios não possuem o poder constituinte derivado decorrente.

Gabarito da Questão: ERRADO.

19- (CESPE/Procurador-TCE-ES/2009) A CF pode ser alterada, a qualquer

momento, por intermédio do chamado poder constituinte derivado reformador e também pelo derivado revisor.

Comentários: De fato, a CF pode ser alterada a qualquer momento pelo poder

constituinte derivado reformador. No entanto, o poder constituinte derivado revisor só pôde ser usado uma única vez, 5 anos após a promulgação da CF. Assim, não cabe mais esse tipo de reforma constitucional.

Gabarito da Questão: ERRADO.

20- (ESAF/PFN/2012) Sobre o poder constituinte, é incorreto afirmar que

a) o poder constituinte originário é inicial, ilimitado e incondicionado. b) o poder constituinte derivado é limitado e condicionado.

(32)

c) o poder constituinte decorrente, típico aos Estados Nacionais unitários, é limitado, porém incondicionado.

d) os limites do poder constituinte derivado são temporais, circunstanciais ou materiais.

e) a soberania é atributo inerente ao poder constituinte originário.

Comentários: Letra A - Correto. O PCO realmente é inicial, por ser a base da

nova ordem jurídica, ilimitado por não possuir conteúdos que não possa tratar e incondicionado, por não se sujeitar a nenhum procedimento pré-estabelecido. Letra B - Correto. O PCD possui limitações de conteúdo, por isso é limitado e também limitações procedimentais, por isso é incondicionado.

Letra C - Errado. Poder Derivado Decorrente é típico de Federações e não de Estados Unitários, já que se trata do Poder dos Estados membros em editar suas próprias constituições. Por ser derivado, também é limitado e condicionado.

Letra D - Correto. Trata-se de assertiva doutrinária. No Brasil, não há limitações temporais ao Poder de Reforma, mas doutrinariamente elas existem. Assim, as limitações temporais seriam aquele lapso temporal, antes do qual o Poder Derivado não poderia ser exercido, por expressa previsão do Poder Originário. As circunstanciais seriam impedimentos para o exercício do Poder Derivado quando fossem observadas certas circunstâncias (no Brasil: intervenção federal, estado de sítio e estado de defesa) e as materiais seriam as limitações de conteúdo a ser tratado, as famosas "cláusulas pétreas".

Letra E - Correto. O Poder Constituinte Originário é Soberano, pois é um Poder Político que expressa a vontade do Povo em organizar o Estado, através da elaboração de sua Constituição.

Gabarito da Questão: Letra C.

21- (ESAF/MDIC/2012) O Poder Constituinte é a manifestação soberana da

suprema vontade política de um povo, social e juridicamente organizado. A respeito do Poder Constituinte, é correto afirmar que

a) no Poder Constituinte Derivado Reformador, não há observação a regulamentações especiais estabelecidas na própria Constituição, vez que com essas limitações não seria possível atingir o objetivo de reformar.

b) o Poder Constituinte Originário é condicionado à forma prefixada para manifestar sua vontade, tendo que seguir procedimento determinado para realizar sua constitucionalização.

c) no Poder Constituinte Derivado Decorrente, há a possibilidade de alteração do texto constitucional, respeitando-se a regulamentação especial prevista na própria Constituição. No Brasil é exercitado pelo Congresso Nacional.

(33)

d) as formas básicas de expressão do Poder Constituinte são outorga e convenção.

e) o Poder Constituinte Originário não é totalmente autônomo, tendo em vista ser necessária a observância do procedimento imposto pelo ordenamento então vigente para sua implantação.

Comentários: Letra A - Errado. O Poder Constituinte Derivado Reformador

(PCD Reformador) é o poder de se modificar o texto constitucional através de emendas constitucionais, alterando aquilo que está escrito na Constituição. Como se trata de um procedimento bastante peculiar, não pode ser usado de forma indiscriminada, tendo a Constituição estabelecido expressamente, em seu art. 60 (e seus parágrafos) procedimentos e limitações especiais para que se consiga efetivar as respostas. Destacamos a impossibilidade de suprimir as cláusulas pétreas (CF, art. 60 §4º) que são as chamadas "limitações materiais", além de diversas limitações chamadas de "circunstanciais", "procedimentais" e "formais".

Letra B - Errado. O Poder Constituinte Originário (PCO) é o poder inicial, político, que é responsável por concretizar no texto constitucional a vontade suprema do Povo, por este motivo, é um poder incondicionado (não possui nenhuma limitação procedimental) e também ilimitado (não possui nenhuma limitação quanto ao conteúdo que será tratado)

Letra C - Errado. Esta seria a definição do PCD Reformador. O PCD Decorrente é o poder que os Estados-membros de nossa federação (Rio de Janeiro, São Paulo, Goiás...) possuem para elaborar suas próprias constituições estaduais. Letra D - Correto. É isso aí. Basicamente a Constituição pode ter origem em uma "outorga" (imposição unilateral da vontade) ou em uma "convenção" (formação da assembleia constituinte para manifestar a vontade do povo)

Letra E - Errado. O PCO é um poder supremo, por este motivo é inicial, autônomo, incondicionado, ilimitado.

Gabarito da Questão: Letra D.

9. Princípios Fundamentais

Agora, vamos entender o que são princípios. Princípios são os alicerces pelos quais são construído a ciência estudada, no nosso caso a ciência jurídica. Portanto, os princípios fundamentais da CF/88 são as diretrizes que guiam sua estruturação e organização do Estado e do seu Poder Político.

Os princípios fundamentais estão dispostos na CF/88 de maneira explícita, ou seja, estão escritos na Constituição. Ou de maneira implícita, podendo ser interpretados a partir da leitura do texto constitucional. Esses princípios estão dispostos na Constituição Federal logo no inicio do seu texto: art.1º ao art.4º.

(34)

Não podemos confundir de forma alguma os princípios fundamentais com os princípios gerais do Direito. Enquanto estes são aplicáveis a vários ordenamentos jurídicos, aqueles estão positivados na Constituição.

3.1. Forma de Estado e a Forma de Governo

No art. 1°, em seu caput, a CF estabelece as características essenciais do Estado brasileiro. Podemos extrair de seu texto a forma de Estado (Federação) e a forma de Governo (República), além de enunciar a ideia de soberania depositada no povo (Estado Democrático de Direito). Vale destacar que o Brasil possui, como Sistema de Governo, o presidencialismo.

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito...

...

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

Vamos analisar cada característica de forma organizada a seguir:

3.1.1. Forma de Estado

A forma de Estado relaciona-se com o exercício do poder político dentro de um território. Trata-se de como o Estado se divide. Podendo ser classificado, basicamente, em Federação, em Estado Unitário ou em Confederação.

A Federação pressupõe a união indissolúvel de entidades regionais dotadas de autonomia política dentro do mesmo território. Isto é, possuem capacidade de autogoverno, auto legislação e autoadministração.

O Brasil adota esse modelo de Estado Federal, porque é formado pela união indissolúvel da União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Todos dotados de autonomia política estabelecida na Constituição Federal.

Além disso, a República Federativa do Brasil tem uma peculiaridade de incluir os municípios como entes federados. Ao contrário do modelo tradicional, que é restrito à União e aos Estados.

(35)

Deve-se destacar que a forma federativa de Estado no Brasil é cláusula pétrea. Ou seja, em nenhuma hipótese pode ser objeto de proposta de emenda constitucional tendente a aboli-la pelo Poder Constituinte Derivado.

Já o Estado Unitário é aquele em que não há divisão espacial e política do poder, sendo todas as competências políticas centralizadas no poder central. Possui as competências do Estado centralizadas em um único ente, não havendo unidades autônomas. Podem até haver subdivisões territoriais, porém, com efeitos meramente administrativos.

Por fim, a Confederação também apresenta mais de um poder político no território. No entanto, esses poderes políticos são organizados no texto de um tratado internacional, são dotados de soberania. Portanto, podem se separar quando entenderem ser conveniente.

3.1.2. Forma de Governo

A forma de governo trata-se de como se dá a relação entre governantes e governados no tocante à aquisição e ao exercício do poder. Podendo ser classificado, basicamente, em República e Monarquia.

A República que vem do latim res publica(coisa pública), significa que o governo é feito para o povo através da escolha de representantes para a gestão da coisa pública. Estes representantes, no entanto, não se apoderam da coisa pública para fins particulares. O Brasil adota a República como forma de governo.

Forma de Estado

Federação (adotado pelo Brasil) Unitário Confederação Forma de Governo República Monarquia

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