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O idoso e a internet : uma relação possível

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Academic year: 2017

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Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa

Stricto Sensu em Gerontologia

Trabalho de Conclusão de Curso

O IDOSO E A INTERNET: UMA RELAÇÃO POSSÍVEL

Brasília - DF

2010

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MARIA APARECIDA SANTANA FERREIRA

O IDOSO E A INTERNET: UMA RELAÇÃO POSSÍVEL

.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Gerontologia.

Orientador: Prof. Dr. Vicente Paulo Alves

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Ficha elaborada pela Biblioteca Pós-Graduação da UCB

F383i Ferreira, Maria Aparecida Santana

O idoso e a internet: uma relação possível. / Maria Aparecida Santana Ferreira. – 2010.

90f.: il. ; 30 cm.

Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2010. Orientação: Vicente Paulo Alves

1. Idosos. 2.Internet. 3. Qualidade de vida. 4. Socialização. I. Alves, Vicente Paulo, orient. II. Título.

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AGRADECIMENTOS

À Deus, pela sua graça em minha vida.

A minha família, pelo apoio, incentivo e compreensão pela ausência e distanciamento que esse período exigiu.

A minha mãe (in memorian) que mesmo ausente fisicamente, continua presente em minha vida.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Vicente Paulo Alves que com sabedoria, respeito e dedicação orientou-me cuidadosamente no meu caminhar.

Aos professores doutores do Mestrado em Gerontologia pela experiência e conhecimento transmitidos.

A Prof. Dr. Carmen Jansen de Cárdenas por ser minha sábia amiga dedicada, minha defensora implacável.

Ao Prof. Dr. Vicente de Paula Faleiros pela amizade e apoio incondicional. A Prof. Dr. Tânia Mara por sua dedicação, respeito e empatia.

Ao Prof. Dr. Ricardo Moreno Lima por acreditar em meu crescimento acadêmico. Ao Danilo de Sousa Missias pelo apoio incondicional.

À Vitória Kachar pelo incentivo e entusiasmo.

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A velhice e concomitantemente o processo de envelhecimento não podem ser tratados mais como um evento vazio de significado (Suzana A. Rocha Medeiros)

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SUMÁRIO

TERMO DE APROVAÇÃO iii

DEDICATÓRIA iv

AGRADECIMENTOS v

EPÍGRAFE vi

SUMÁRIO vii

LISTA DE TABELAS E FIGURAS ix

RESUMO x

ABSTRACT xi

1 INTRODUÇÃO 12

2 CAPÍTULO I: O IDOSO NA SOCIEDADE TECNOLÓGICA

INFORMACIONAL E DE COMUNICAÇÃO (TIC) 18

2.1 O Processo de Globalização e a Revolução Tecnológica Informacional

e Comunicação (TIC) 18

2.1.1 O Processo de Globalização 18

2.1.2 Revolução Informacional 21

2.1.3 A Internet 21

2.2 Reinventando a Terceira Idade 22

2.3 O Idoso e a Internet 25

2.3.1 A Cidadania Digital do Idoso 29

3 CAPÍTULO II: ASREPRESENTAÇÕES SOCIAIS DOS IDOSOS 31

3.1 A Teoria das Representações Sociais 31

3.2 Conceito de Ancoragem e Objetivação 32

3.2.1 Objetivação 32

3.2.2 Ancoragem 33

4 CAPÍTULO III: O MÉTODO 35

4.1 Metodologia 35

4.2 Procedimentos de coleta de dados 36

4.2.1 Observação 36

4.2.2 Entrevista 36

4.2.3 Inventário Sociodemográfico 37

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4.3.1 Análise de Conteúdo 38

4.3.2 Programa ALCESTE 41

4.3.3 Observação 44

4.3.4 Entrevista 44

4.4 Procedimento Ético 44

4.5 Caracterização do Distrito Federal 44

5 CAPÍTULO IV: RESULTADOS E DISCUSSÃO TEÓRICA 46

5.1 Análise de Conteúdo dos Sujeitos pelo Programa ALCESTE 46

5.2 O Perfil do Idoso do Distrito Federal 55

5.3 Apresentação da Análise de Conteúdo 61

5.3.1 Categorias e Subcategorias 62

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 71

7 REFERÊNCIAS 74

8 APENDICES E ANEXOS 86

APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 87

APÊNDICE B – Roteiro de Entrevista Semi-estruturada 88

ANEXO A - Termo de aprovação do projeto no Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Católica de Brasília

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Eixos, Classes e Percentual de UCE por Classe 47 Tabela 2 Número e Porcentagem dos Idosos Entrevistados 55

Tabela 3 Estado Civil dos Idosos Participantes 55

Tabela 4 Distribuição das pessoas que residem com os idosos 56 Tabela 5 Distribuição do número de filhos dos idosos 56

Tabela 6 Distribuição de idosos por Renda Familiar 57

Tabela 7 Distribuição por escolaridade dos idosos 57

Tabela 8 Distribuição dos idosos que realizam tratamento de saúde 58 Tabela 9 Distribuição do número de doenças por participante 58 Tabela 10 Distribuição dos problemas de saúde citados pelos idosos 59

Tabela 11 Distribuição de medicamentos por idoso 60

Tabela 12 Distribuição do número de idosos entrevistados que usam a internet 60

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Classificação Descendente Hierárquica - Dendrograma das Classes 47

Figura 2 Distribuição das UCEs por Classe 48

Figura 3 Análise Fatorial das Correspondências 52

Figura 4 Representação em Coordenadas 53

LISTA DE QUADROS

Quadro I Primeiro Formulário 40

Quadro II Segundo Formulário 40

Quadro III Terceiro Formulário – Categorias e Subcategorias 41 Quadro IV Exemplo de Unidade de Contexto Inicial (UCI) 42 Quadro V Classificação Hierárquica Descendente das Classes 49

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RESUMO

O estudo sobre o uso da internet pelos idosos é um tema relativamente recente, dentro das pesquisas gerontológicas, que evoluiu a partir das investigações anteriores de estudiosos como Kachar (2001, 2003), Christ et al (2002) e Garcia (2008). Mesmo que driblando os impedimentos e constrangimentos de ordem física (limites do corpo), social (aposentadoria), saúde (depressão e solidão), as pessoas idosas podem beneficiar-se dela como uma ferramenta de divulgação de informações relevantes à conquista e manutenção da qualidade de vida, da cidadania e da inclusão digital e social. Nessa perspectiva, a presente dissertação objetiva estudar a representação social do idoso residente no Distrito Federal sobre a internet, por um grupo de sujeitos idosos que acessam a internet. A pesquisa foi elaborada em três momentos distintos (revisão de literatura, coleta de dados e análise e discussão dos resultados), norteada pela Teoria das Representações Sociais (TRS). Na coleta de dados utilizou-se por meio da metodologia qualitativa a observação, o inventário sócio-demográfico e a entrevista semi-estruturada após aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa. Os dados receberam um tratamento de análise de conteúdo na perspectiva de Laurence Bardin e pelo programa ALCESTE (Analyse Lexicale par Contexte d’um Ensemble de Segments de Texte), um programa de análises textuais. Na análise foram construídas três categorias e suas respectivas subcategorias, a saber: I – Benefícios (contribuições da internet na melhoria de sua qualidade de vida): Subcategorias: A - Potencial Intelectual; B – Socialização; C – Qualidade de Vida; II – Sentimentos (informações que os seres biológicos são capazes de sentir nas situações por eles vivenciadas). Subcategorias: A – Satisfação; B – Gratidão; C – Alegria; D - Empatia e III – Significados (o idoso enquanto ser singular se faz presente re-significando atos, ações, eventos e acontecimentos), tendo como subcategorias: A – Companhia; B – Competência e C – Inserção Digital e Social. A partir da análise de conteúdo percebe-se que a internet na concepção dos idosos está ancorada em uma constelação de sentidos que vão desde a simples curiosidade até a busca por uma qualidade de vida. O uso do programa Alceste permitiu confirmar ancoragens da internet nas tipologias preconizadas no senso comum e na literatura científica. Diante dessa premissa considera-se que os resultados podem contribuir para pesquisas futuras.

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ABSTRACT

The study on Internet use by elderly people is a relatively recent issue, in the geriatric research, which evolved from earlier research by scholars like Kachar (2001, 2003), Christ et al (2002) and Garcia (2008). Even overcoming the obstacles and constraints related to physical (body limitations), social (retirement), and health (depression and loneliness) impediments, elderly can benefit from internet as a tool to disseminate relevant information to the achievement and maintenance of quality life, citizenship and social and digital inclusion. From this perspective, this thesis aims to study the social representation of elderly people resident in Distrito Federal on the Internet by a group of elderly individuals who access the Internet. The research was compiled in three different moments (literature review, data collection and analysis and discussion of results), based on the Theory of Social Representations (TRS). For Data collection, through qualitative research observation, a socio-demographic inventory and a semi-structured interview were used, after the approval of the Committee of Ethic and Research. The data received treatment by content analysis from the perspective of Laurence Bardin and the program ALCESTE (Analyse Lexicale par Contexte d’um Ensemble de Segments de Texte), a program for textual analysis. During the analysis three categories and their subcategories were constructed, namely: I - Benefits (contributions from the Internet to improve their quality of life): Subcategories: A – Intellectual Potential B - Socialization; C - Quality of Life II - Feelings (information that biological beings are capable of feeling in situations they experience). Subcategories: A – Satisfaction; B – Gratitude; C – Joy; D – Empathy and III – Sense (old people are considered as unique beings due to the capacity of giving different meanings to acts, actions, and events), having as subcategories: A – Company; B - Proficiency and C - Digital and Social Inclusion. From the content analysis it was possible to notice that the use of internet by elderly is anchored in a constellation of meanings that range from the simple curiosity, to the search of quality of life. The use of Alceste, confirmed the Internet anchors in the typologies outlined in the common sense and scientific literature. Given this premise it is considered that the results may contribute to future research.

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1. INTRODUÇÃO

Em uma realidade em que o processo de envelhecimento se apresenta de forma acelerada e a introdução das novas tecnologias sinaliza o surgimento de um tempo histórico, a mobilização em prol da inclusão digital do idoso se torna uma necessidade premente. Centrado na questão da inserção digital dos idosos, esse trabalho busca discutir e analisar a construção das representações sociais dos idosos residentes no Distrito Federal sobre a internet com o objetivo de verificar se os longevos estão acompanhando as profundas transformações da sociedade das tecnologias informacionais e comunicacionais (TIC’s) que impactaram suas vidas (KACHAR, 2001, 2003) de forma a ultrapassar fronteiras e transformar a tecnologia em uma alavanca para a inclusão social dos mesmos.

O estudo é um tema relativamente recente da pesquisa gerontológica que evoluiu a partir de pesquisas anteriores de estudiosos como Kachar (2001, 2003), Christ

et al (2002) e Garcia (2001). As pessoas idosas podem beneficiar-se dela como uma ferramenta de divulgação de informações relevantes à conquista e manutenção da qualidade de vida, da cidadania e da inclusão digital e social. Mesmo que driblando os impedimentos e constrangimentos de ordem física (limites do corpo), social (aposentadoria), saúde (depressão e solidão) ou mesmo deixando-se transformar em modelo ideal de sujeito polivalente e multifuncional da era informacional.

Cabe ressaltar que no contexto do envelhecimento populacional, inúmeros fatores se interrelacionam. O estudo sobre “o idoso e a internet: uma relação possível” pode ser relevante social e academicamente por suscitar uma mudança na visão de mundo em relação ao processo de envelhecimento e fomentar nos idosos a busca na internet por caminhos e/ou possibilidades de continuar a aprender (OSÓRIO, 2003; VALENTE, 2001), melhorar a qualidade de vida, o pertencimento (LOUREIRO, 2004) e o empoderamento (FALEIROS, 2003), levando-os a enfrentar e derrubar os preconceitos sociais, políticos e culturais existentes na sociedade atual (KACHAR, 2001).

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diversos segmentos que compreendem o seu mundo, oferecendo uma nova dimensão

(CHRIST et al, 2002). Isso sem mencionar, que o processo de envelhecimento e a

generalização desta tendência sob o capitalismo contemporâneo influenciam diretamente na vida de muitos idosos, deixando-os inoperantes, desolados e fragilizados.

O fato se agrava no momento em que o processo de envelhecimento é marcado por uma aposentadoria irrisória, um declínio gradual das aptidões físicas e mentais, redução na função motora e cognitiva, desvalorização da auto-imagem, apatia, insegurança, perda da motivação, isolamento social e baixa auto-estima ou pela incapacidade de integralização do processo de acumulação de capital, que requer o despertar de acadêmicos e estudiosos para esse assunto (SMELTZER BARE, 2002; GUEDES & CÁRDENAS, 2007).

A contemporaneidade tornou-se sinônimo de sociedade dos gerontos no mundo da informação, visto que ambos tomaram proporções nunca imaginadas. E a mistura em ebulição desses dois fatores torna-se relevante no contexto atual por refletir um conjunto de fenômenos próprios da pós-modernidade e por possibilitar o desenvolvimento de estratégias que venham garantir um envelhecimento ativo, bem sucedido e inclusivo (GUEDEA, 2006).

As taxas elevadas de natalidade ocorridas no século passado, somada à redução da mortalidade e fecundidade nos tempos atuais, devido aos avanços tecnológicos, científicos e médicos, e o conseqüente aumento da expectativa de vida contribuíram para o fenômeno do envelhecimento populacional (GUEDES & CÁRDENAS, 2007). Esse fenômeno mudou completamente o cenário demográfico mundial e em especial o brasileiro (BRITO & FALEIROS, 2007), alterando fundamentalmente percepções e crenças.

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No Brasil, em 1991, eles eram 2,4 milhões passando para 3,6 milhões em 2000 e 15 milhões de pessoas em 2002 (IBGE, 2002). Leme (2000) reforça tal fato, acrescentando que se a população, acima de 60 anos, continuar crescendo aceleradamente, estima-se que em 2025 serão mais de 32 milhões de idoso fazendo com que o Brasil ocupe o 6º lugar em número de pessoas idosas no mundo.

Nessa perspectiva, Câmara (2006) relata que a população de longevos cresce em contínua formação, necessitando ser inserida socialmente a fim de acompanhar as mudanças e inovações que ocorrem na sociedade atual. Paz (2001) e Néri (2000) completam enfatizando que o processo de envelhecimento envolve múltiplos fatores e dimensões como o biológico, psicológico, existencial, cultural, social, econômico e político.

Lojkine (1995) tenta desvendar o mundo inusitado do idoso em meio a profundas transformações informacionais e tecnológicas, com o desenvolvimento dos meios de comunicação entrelaçados de maneira complexa a outros inúmeros processos, sendo a internet o modelo exemplar dessas transformações, que apesar de parecer pertencer à esfera do superficial e do efêmero, contribui significativamente para os largos contornos de desenvolvimento da sociedade atual.

O que de antemão é contra-argumentado por Neri (1991) e Guedes e Cárdenas (2007) quando relatam que infelizmente, são poucas as pessoas que encontram no processo de envelhecimento condições econômicas, sociais, relacionais, psicológicas favoráveis para se viver dignamente. As autoras complementam ainda que para maior parte da população dessa faixa etária, envelhecer é cercar-se de impedimentos e constrangimentos de ordem física (limites do corpo), social (aposentadoria), saúde (depressão e solidão). Kachar (2001) reitera essas afirmações ao citar que a sociedade atual despreza a experiência dos mais velhos, não os inserindo social, política e culturalmente, reduzindo-os apenas a uma mera soma de idades e de acontecimentos.

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essas correntes, resgatando pontos de intersecções de forma a oferecer ao idoso uma janela para outro mundo: “um mundo em que ele poderia entrar temporariamente e do qual poderia ver – com o tipo de inquietação que quase sempre acompanha a descoberta de alternativas – o seu mundo cotidiano...” (THOMPSON, 1998 p. 11).

Por acreditar que os nossos idosos não podem e nem querem ser excluídos da luta pela construção de uma nova sociedade, mas querem reinventar um novo tempo, cujas “...vidas continuam e suas histórias pessoais se cruzam com histórias coletivas” (MEDEIROS, 2001 p. 08), optou-se aqui por conhecer as representações sociais dos idosos residentes no Distrito Federal sobre internet e sua influência na melhoria da qualidade de vida. O trabalho em si torna-se um desafio em uma sociedade de consumo,

em que a priori os idosos parecem estar dizimados pela diminuição de sua capacidade

de consumir, num evento vazio de significação e mudanças (ALMEIDA, 2001).

A longevidade que mudou radicalmente a pirâmide populacional passa a exigir da sociedade uma nova forma de pensá-la. O velho aqui se torna o novo conhecedor, o novo leitor, o novo ensinante, o novo pulsar de vida, o novo internauta, o novo velho aprendiz (LOUREIRO, 2004) que ambiguamente carrega não só anos de saber, como também a ânsia de aprender a apreender o mundo (MEDEIROS, 2001).

Dar visibilidade à idéia de experiência em projetos de vida e dar acesso aos mundos desvelados pela internet são pontos inerentes e característicos da revolução dos idosos (SCHIRRMACHER, 2005) que em meio à revolução informacional e tecnológica (LOJKINE, 1995) se sentem totalmente desamparado. Daí que se insere esse trabalho, na tentativa de reconstruir a identidade existencial, social e digital do sujeito idoso que se encontra neste espaço de tempo (BOTH, 2000).

Por mais que pareça estranho, acredita-se que o idoso, por meio do acesso a internet, pode incluir-se social e digitalmente (KACHAR, 2001, 2003) liberando sentimentos e emoções há muito recalcadas, aumentando a sua auto-estima (GUEDES & CÁRDENAS, 2007) e ativando redes sociais e de comunicação (CASTELLS, 2008).

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mesmos, seja por parte da sociedade ou dos próprios idosos. Dessa forma, quer-se colocar em foco o conhecimento elaborado por esse grupo social, utilizando-o para compreender e lidar com suas representações sociais.

Pensar as representações sociais idealizadas por Moscovici (1978), pressupõe

considerá-la enquanto um corpus organizado de conhecimentos e uma das atividades

psíquicas graças às quais os homens tornam inteligível a realidade física e social inserida num cotidiano de trocas. Para Lopes & Park (2007) é como uma forma de conhecimento elaborada por determinado grupo sobre um objeto social relevante, assumindo importância ao exercer as funções de direcionar comportamentos e facilitar a comunicação entre os membros do grupo que a compartilha.

Considerada como algo moderno e não-primitivo, de origem parcial da ciência ou do universo reificado, a representação social ganha lugar no universo consensual. Sendo assim, a novidade que se apresenta no universo reificado, gera desconforto no universo consensual (des/re)construído por códigos sociais e mobilizando indivíduos intelectualmente em suas interações cotidianas, com vistas a restabelecer a ordem perdida.

Lopes & Park (2007) reforça que a criação de uma representação social dá-se no momento em que o novo, usualmente trazido por divulgadores científicos, é incorporado ao conhecimento comum, de posse dos indivíduos e grupos e que, por meio da arte de conversação, diálogos, pensam juntos sobre as imagens criadas e propagadas.

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melhoria de sua qualidade de vida, e no leitor pesquisador, a necessidade de pesquisar continuamente o assunto aqui proposto.

Atendendo a essa proposta, a dissertação encontra-se dividida em quatro capítulos, sendo a introdução uma breve descrição dos objetivos, justificativa do trabalho e referencial teórico. O primeiro capítulo, intitulado “O Idoso na Sociedade Tecnológica Informacional e de Comunicação (TIC)” tem o propósito de compreender as mudanças ocorridas e como os idosos percebem e se percebem nelas. O segundo capítulo denominado “Os Idosos e suas Representações Sociais (RS)” coloca em pauta as imagens criadas pelos idosos.

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2. CAPÍTULO I – O IDOSO NA SOCIEDADE TECNOLÓGICA INFORMACIONAL E DE COMUNICAÇÃO (TIC)

Ultimamente, o mundo vivenciou duas revoluções, uma revolução da terceira idade (SALES, MARIANI e ALVAREZ, 2009) e outra tecnológica informacional (LOJKINE, 1995). Para falar dessas novas configurações torna-se necessário destacar a grande complexidade desses fenômenos, uma vez que, abarcam mutações intensas, diferenciadas e que, no seu conjunto, acabam por acarretar fortes conseqüências na contemporaneidade. Sua intensidade é tão profunda que levou a academia a desenvolver estudos, e pesquisas cada vez mais abrangentes (NERI, 2000; KACHAR, 2001).

2.1. O Processo de Globalização e a Revolução Tecnológica Informacional e Comunicação (TIC)

A Globalização, enquanto resultado de uma expansão do capitalismo, como

modo de produção e processo civilizatório de proporções mundiais, envolve nações e nacionalidades, regimes políticos e projetos nacionais, grupos e classes sociais, economias e sociedades, culturas e civilizações. Uma realidade abrangente, complexa, contraditória e pouco conhecida que desafia práticas e ideais, situações consolidadas e

interpretações sedimentadas, e formas de pensamentos (IANNI et al, 2007). Enquanto

fenômeno da economia capitalista mundial é resultado da evolução técnica e científica, da eficiência dos meios de transportes e de comunicações e da construção de

instituições supranacionais que lhe dão sustentação (LUCCI et al, 2005).

Podemos destacar a partir do exposto acima, que a Globalização é um novo processo e estágio do Capitalismo, possibilitado pela evolução das tecnologias da informação e da comunicação (TIC’s), em especial a internet, permitindo-nos um encurtamento das distâncias e a relativização do tempo.

2.1.1. O Processo de Globalização

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estagnação desse processo, re-estabelecendo fundamentalmente na época das grandes navegações, os descobrimentos, a colonização (séculos XV e XVI). A construção de navios equipados abriu aos conquistadores europeus as terras do Novo Mundo (HIRST & THOMPSON, 1998).

Para assegurar o domínio das novas terras, os territórios conquistados foram transformados em colônias: as de exploração, que traficou 11 milhões de negros, sendo 40% destinados ao Brasil, para trabalhar nas minas e na exploração de madeira nobre. As colônias de povoamento, estabelecidas majoritariamente na América do Norte, baseadas na pequena e média propriedade de exploração familiar (século XVII) deveu-se, fundamentalmente, ao fato de a Inglaterra contar com uma excedente de mão-de-obra barata, o que não ocorreu com a Espanha e Portugal quando iniciaram a ocupação de seus territórios (FIORI, 1998).

A primeira Revolução Industrial (era do carvão e do ferro), iniciada na Grã-Bretanha a partir do século XVIII, expandiu-se pelo mundo em meados do século XIX e deu início a uma nova era para o desenvolvimento tecnológico. A segunda Revolução Industrial (era do aço e da eletricidade) permaneceu até o advento da 1ª Guerra Mundial (1914-1918). Nesse período novas fontes de energia começavam a ser utilizadas em maior escala. A extração de petróleo e a energia elétrica substituíram o carvão, passando a mover motores, iluminar cidades e proporcionar comunicação entre as pessoas (KOSHIBA & FRAYZE, 2004).

Durante o conflito, deu-se continuidade às pesquisas e experiências com máquinas e armamento bélico. Iniciara-se a corrida armamentista e a luta pela hegemonia mundial. Como resultado, os quatro anos de conflito causaram um colapso nos quatro impérios da Tríplice Aliança (Império Alemão, Império Austro-Húngaro e o Império Turco-Otomano), mudando de forma radical o mapa geopolítico (SANTOS, 2000).

Para acompanhar as invenções da segunda Revolução Industrial foram criados

mecanismos usados por Henry Ford (fordismo)1 e Frederick W. Taylor (taylorismo)2,

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tendo como características específicas a diferenciação do trabalho intelectual do manual; o controle sobre o tempo gasto em cada tarefa e um constante esforço de racionalização, para que seja executada num prazo mínimo, desenvolvimento do sistema de exploração do trabalho para obtenção do capital (SANTOS, 2004).

Havia uma concorrência acirrada entre a Grã-Bretanha e a Alemanha por mercados internacionais, já que não conseguiam mais escoar toda a produção de suas fábricas. A França por sua derrota na guerra Franco-Prussiana de 1870-71 perde a região da Alsácia-Lorena, e deseja recuperá-la. A Itália busca incorporar as cidades de Trento e Trieste em poder da Áustria-Hungria. Esses e outros fatos históricos desencadearam a 2ª Guerra Mundial (MOREIRA E SENE, 2004).

Após a fim do conflito e a derrota das Forças do Eixo, o mundo ficou dividido em dois blocos econômicos: o capitalista liderado pelos Estados Unidos e o socialista liderado pela extinta União Soviética. Em conseqüência dessa divisão econômica do pós-guerra, os países foram classificados de acordo com sua situação econômica e com o regime político neles vigente: Primeiro Mundo (países capitalistas como Estados Unidos, Canadá, Japão e outros), Segundo Mundo (países socialistas como Rússia, China e outros) e Terceiro Mundo (países formados em decorrência da descolonização e da industrialização tardia, atualmente todos chamados de “países em desenvolvimento ou emergentes”).

2.1.2. Revolução Informacional

A partir da década de 90, o desenvolvimento acelerado dos transportes, da tecnologia, da informação e da comunicação atinge sua fase informacional-global. A terceira Revolução Industrial (era do conhecimento), também conhecida como Revolução Técnico-científica ou Revolução Informacional, foi acompanhada de disseminadas empresas, instituições e diversas tecnologias responsáveis pelo crescente

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aumento da produtividade econômica e pela aceleração dos fluxos de capitais, de mercadorias, de informações – robôs, computadores, satélites, aviões a jato, cabos de fibras óticas, telefones digitais, micro-ondas, notebooks, fibra ótica, nano chips usados na reabilitação física, internet etc. Tais inventos foram desenvolvidos pela inteligência humana, portanto, criações do homem e para o homem como ser social e político (MOREIRA & SENE, 2004).

No capitalismo cada vez mais informacional e global, a globalização, no atual momento da expansão capitalista, é o conjunto de transformações na ordem política e econômica mundial que vem acontecendo nas últimas décadas. Ela está marcada pela expansão mundial das grandes corporações internacionais. Nesse processo há a homogeneização dos centros urbanos, expansão das corporações para regiões fora de seus núcleos geopolíticos, revolução tecnológica informacional nas comunicações, nos transportes, nas ciências médicas e tecnológicas, reorganização geopolítica do mundo em blocos comerciais, união das culturas populares locais em uma cultura de massa

universal, entre outros (IANNI et al, 2000).

As tecnologias da informação e da comunicação são frutos de interesses econômicos e políticos. A internet, por exemplo, surgiu em tempos de guerra, como forma de manter a comunicação entre as bases militares.

2.1.3. A Internet

No mundo globalizado, onde as informações são na maioria digital, a rápida evolução e a popularização das tecnologias facilitam a integração em escala mundial por meio da internet. A internet aumentou as possibilidades de acesso aos serviços (como troca de e-mails, pesquisas em bancos de dados e compra de produtos), às informações, assim como o aumento das interações humanas, mudando até mesmo as concepções de tempo e espaço fundamentais para viabilizar o comércio e as transações financeiras entre países (ALDÉ, 2009; SÊGA, 2008).

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estavam em conquistar o espaço, na segunda metade, houve preocupação em conquistar o tempo. No século XXI, há constatação de que existe um crescimento constante no número de pessoas que acessam as informações disponíveis na rede e conectadas à internet.

Apesar desse processo de desenvolvimento ser desigual, o espaço virtual se abre aos internautas (pessoas conectadas à rede) em tempo real. Não há tempo nem espaço separando aqueles que estão ligados à internet. Segundo Moreira e Sene (2004) uma pessoa pode de um computador instalado em qualquer parte do mundo, acessar o site da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, do Banco Mundial, em Washington, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Rio de Janeiro, e em seguida o site do Museu do Índio, no Rio de Janeiro. Comprar livros na Amazon Books ou na Livraria Cultura ou mesmo copiar livros virtuais, músicas em

MP33 e/ou se comunicar com diversas pessoas pelo ICQ4.

2.2. Reinventando a Terceira Idade

O inquietante fenômeno do envelhecimento demonstra um crescimento acelerado e contínuo da população de idosos no Brasil. Em 2002, cerca de 14,5 milhões de pessoas tinham mais de 60 anos (IBGE, 2002). Somado ao aumento da expectativa de vida que se ampliou de 50 para 80/90 anos e atualmente para 100 anos.

Nessa perspectiva, Garcia (2001) corrobora com o aumento do número de idosos no mundo sendo que a faixa que mais cresce é a dos centenários. Para tanto, aponta para a necessidade de se refletir sobre os fatores que interferem na condição biopsicossocial da pessoa idosa. Para Paschoal (2002), o bem-estar do idoso depende muito das condições nas quais ele está inserido. Salgado (1980) endossa tal conduta ao afirmar que o processo de desenvolvimento brasileiro ao transpor os padrões constituídos de uma sociedade rural para os de uma sociedade urbana, abandona modelos culturais herdados que compreendiam o velho e a velhice dentro das concepções e realidades particulares.

3 MP3 - A sigla MP3 vem de MPEG Audio Layer-3, um formato de arquivo que permite ouvir músicas no

computador com ótima qualidade. Assim como os antigos LP, K7 e o nem tão antigo CD, o MP3 vem se destacando como o principal formato de arquivos musicais e áudio em geral (SACRISTÁN, 2009). 4 ICQ é um programa de comunicação instantânea pela Internet. A sigla é um acrónimo feito baseado na pronúncia das letras em inglês (I Seek You), em português, "Eu procuro você" (SACRISTÁN, 2009).

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Para Garcia et al (2001) o envelhecimento é um processo natural de todos os seres vivos e é percebido diferentemente em cada cultura, dependendo da expectativa de vida ao nascer como também dos costumes e tradições.

Pujalon & Trincaz (1999) corroboram ao citar que certas culturas conferiram uma imagem positiva à velhice fazendo do crescimento do ser humano um processo permanente, no qual o indivíduo que envelhece acumula qualidades e experiências. O saber é uma das características dos mais antigos, pois são detentores do segredo dos mitos e dos relatos sagrados. Paradoxalmente a isso, as sociedades ocidentais acreditam que após a maturidade, vem o declínio, o desgaste físico e mental, a morte.

Néri (1993), Veras (1994), Barros (1999) e Garcia (2001) convidam-nos a inferirmos que o envelhecimento aparece de forma diferente em cada grupo social, em cada tempo e espaço. Para Kachar (2000) o conceito de velhice se insere em um quadro complexo de relações, não apenas biológicas, mas considera a determinação de vários aspectos, como o social, físico, psíquico, histórico e cultural. Fraiman (1995) resgata a velhice enquanto idade cronológica, biológica, social e existencial. Idade cronológica refere-se a condições individuais. A biológica pode não estar relacionada com a cronológica. A social vincula-se aos direitos e deveres. A existencial é o conjunto de experiências vividas. Magalhães (1987) acrescenta à velhice a análise econômica, demográfica, cultural, psicológica, ideológica e política.

Nessa dimensão, parece-nos que a longevidade deve estar atrelada à melhoria da qualidade das condições econômicas, políticas, educacionais, psicológicas, culturais e sociais e ao aumento dos níveis gerais de higiene e saúde.

O país-estado precisa urgentemente rever a sua postura com este ex-jovem participativo na engrenagem social. Para esse, a imagem da velhice ainda associada ao sofrimento, à decadência, às doenças e às filas do INSS passa por profundas mudanças na política, na assistência social, médica e da previdência.

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abandono. Com mais energia e disposição participam de pequenos grupos da vida familiar, da comunidade na tentativa de forçosamente derrubar a cegueira política e rever esta relação.

Podemos observar que a sociedade, timidamente, se abre para esta nova demanda. Por exemplo, a mídia começa a utilizar o idoso como parte atuante de seu

merchandising, o turismo descobre uma população com recurso econômico e tempo disponível em busca de diversão. As telenovelas começam a usar homens e mulheres maduras como símbolo de sensualidade; a mostrar núcleos familiares com modelos de idosos centrados, equilibrados e participativos na dinâmica familiar, profissional e pessoal. Inseridos social, econômica e digitalmente.

Na publicidade e na moda surgem modelos de 3ª idade como integrantes em seus books. Os clubes, bingos, salão de baile direcionam-se para esta faixa etária. As universidades abrem suas portas para a universidade aberta para a terceira idade. Psicólogos, fisioterapeutas, nutricionistas, médicos, críticos de cinema e arte, professores, academias oferecem conhecimento para os mesmos.

Cada vez mais encontramos bibliografias especializadas, revistas e jornais dando destaque e espaço para matérias referentes a esta faixa. O processo iniciou-se. O idoso no século XXI encara a velhice como mais uma etapa da vida, assim como a infância, a adolescência e a fase adulta e, quebrando o mito - declínio fisiológico e neurológico - não mais necessita esperar depressivamente a morte (PAPALEO NETTO

et al 2002), mas adquiriu a conscientização de seus direitos, reconquistando seu espaço e seu exercício da cidadania (FALEIROS, 2008).

Tais pessoas não mais abrem mão de escolher o seu representante político, apesar de terem autorização de não fazê-lo. Tem a consciência de que a educação e a internet estimulam, mantêm seu tônus de raciocínio e os mantêm atualizados. Sabem que a prática de exercícios físicos e a alimentação adequada, embora não retardem a senescência dos órgãos, favorecem o bom funcionamento de seu organismo.

Para Garcia et al (2001) essa preocupação deve estar voltada especialmente para

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saúde, transporte, lazer e também à internet. A autora lamenta tal fato por acreditar que a internet de uma maneira mais atraente, estabelece contato com as informações que estão disponíveis no momento em que os fatos ocorrem sem limitações de espaço e tempo.

2.3. O Idoso e a Internet

Garcia (2001) cita que os recursos oferecidos pelas novas tecnologias de informação e comunicação, em especial a internet, propiciam o avanço da informação em todas as áreas de conhecimento, do setor produtivo ao do mercado informacional.

A www5, sites6, e-mal7, orkut8, webcam9, computador, vídeos e tantos outros

produtos, acessórios e instrumentos que fazem parte do sistema de informação mundial, abrem janelas para outros mundos. Kachar (2003) concorda que nesse ambiente virtual e real concomitantemente, o idoso absorve e é absorvido por esse fenômeno muito mais depressa do que se imagina. Pereira (2008) observa que no acesso à internet, via computador, é que se busca reduzir exclusões. Nielsen (2000) expõe que usuários são estimulados pelos computadores a realizar tarefas que seriam difíceis com a tecnologia tradicional. Na utilização do computador por usuários idosos, Czaga (1997) confirma a boa receptividade dos idosos à utilização desse recurso tecnológico.

Christ et al (2002) acreditam ser o ensino da informática, assim como o uso do

computador e da internet algo novo para os idosos. No entanto, com planejamento, conhecimento e implementação de atividades destinadas a esse público, a informática torna-se aceitável. Godinho (2002) ressalta a necessidade de uma abordagem interdisciplinar para que se desenvolvam comunidades aptas a orientar o uso e a

5World Wide Web que em português significa "Rede de alcance mundial"; também conhecida como Web e www (MATTAR, 2009).

6Website ou websítio (também conhecido simplesmente como site ou sítio) é um conjunto de páginas web, isto é, de hipertextos acessíveis geralmente pelo protocolo HTTP na Internet (SACRISTÁN, 2009). 7E-mail, correio-e (em Portugal, correio electrónico), ou ainda email é um método que permite compor, enviar e receber mensagens através de sistemas eletrônicos de comunicação (SACRISTÁN, 2009). 8 Orkut é uma rede social filiada ao Google, criada em 24 de Janeiro de 2004 com o objetivo de ajudar seus membros a criar novas amizades e manter relacionamentos (MATTAR, 2009)

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conscientização das possibilidades das ferramentas da internet frente aos grandes desafios contemporâneos.

O World Wide Web Consortium W3C (2001) alerta-nos sobre a importância da temática da acessibilidade associada à concepção de páginas da Web, visto que existem diversos usuários que apresentam dificuldades físicas, motoras, visuais, auditivas, de

leitura, interpretação e compreensão de textos, dentre outras. Bello (2009) e Christ et al

(2001) completam citando que apesar da grande desinformação sobre o idoso, particularidades do envelhecimento, e dos instrumentos e mecanismos de acesso, a internet favorece a comunicação, a vivência de experiências novas e a partilha das mesmas. Confirmam, ainda que atraídos pela internet, idosos descobrem que só tem a ganhar com ela.

A questão principal não é saber a técnica na utilização das ferramentas, mas sim aproveitá-las de forma crítica para o crescimento pessoal e a construção de conhecimento: o conhecimento não é medido pela quantidade de informações pesquisadas, mas sim pela reflexão da qualidade destas informações (MORAN, 2008). A ferramenta por si só não ensina, ela apenas transmitirá informações, ficando evidente a importância de haver um processo de interação digital e social e ensino-aprendizagem dessas ferramentas.

Segundo Aldé (2009) a internet é um espaço que disponibiliza recursos diversificados de ensino-aprendizagem, sendo esse o aspecto democratizador do conhecimento, já que possui público diversificado, apesar do seu acesso ser ainda restrito a classes mais favorecidas. Daí a necessidade de inclusão do idoso neste espaço, por contribuir para o enriquecimento pessoal e profissional do usuário.

Para Teixeira (2002) é importante que as pessoas estejam preparadas e com condições para um crescimento pessoal, para lidar com os novos conhecimentos que as tecnologias trazem, capacitando-se para uma integral cidadania, para sua emancipação e superação das desigualdades sociais.

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se mantém com o pensamento “jovem” pela busca constante de conhecimento, não importando a sua idade cronológica e sim a troca de experiências, conhecimentos e vivências disponíveis nas comunidades virtuais e e-mail.

Para Machado & Azevedo (2009) o “analfabetismo digital” ou “e-analfabetismo” na população idosa precisa ceder espaço à inclusão digital. Os idosos ao interagirem com a rede mundial de computadores podem realizar tarefas diárias como: operações bancárias, compras, correio eletrônico para se comunicar com amigos, fazer novas amizades, procurar informações sobre saúde, entretenimentos, participar de comunidades virtuais, ampliarem o conhecimento educacional, dentre outras tarefas. Os mesmos autores ilustram essa inclusão digital ao citar uma efetiva oficina com dez idosos, membros do Núcleo de Estudos da Terceira Idade – NETI vinculado à Universidade Federal de Santa Catarina, com o objetivo de facilitar a interação do idoso com o computador. Com o objetivo de proporcionar aos usuários idosos uma idéia do funcionamento da internet, informa que hoje é impossível descartar a idéia de que o mundo da comunicação está criando espaços mais acessíveis para os idosos.

A utilização de computadores e de tecnologias de informação e comunicação a eles agregados, abre uma nova perspectiva de resgate e inclusão social, por contribuir para o aumento da auto-estima das pessoas idosas já que, além de ampliar os horizontes da comunicação e interação social on-line, também constroem conhecimento, criam independência e legitimam-nos como cidadãos críticos e reflexivos (GARCIA, 2001;

CHRIST et al, 2002; SÊGA, 2002; MACHADO & AZEVEDO, 2009).

Por ser a internet mais que um canal de conhecimento, de trocas e buscas, ela facilita e aprimora as relações humanas para pessoas da terceira idade, provoca novas formas de produção, libera tempo, une povos e culturas, enfim, gera uma nova sociedade provocando a composição de uma cultura e cidadania digitais (GARCIA, 2001; SÊGA, 2008).

As ferramentas de comunicação como o chat10, fóruns11, o e-mail, dentre outras,

devem ser utilizadas de forma crítica para o crescimento pessoal e profissional do idoso

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não só na construção de conhecimento e informações pesquisadas, mas também na reflexão da qualidade destas informações (KACHAR, 2003).

A diminuição de tempo e espaço entre os indivíduos é uma das vantagens da internet, possibilitando: “selecionar, receber, tratar e enviar qualquer tipo de informação, através de ambientes propícios e extremamente favoráveis à circulação dessas em uma dimensão jamais vista” (TEIXEIRA, 2002 p 63).

Por ser o computador, mais especificamente a internet, um meio que permite que os idosos acompanhem as novas mudanças, troquem informações, ela pode ser utilizada como fonte de atualização pessoal e profissional, incorporando novas formas de

linguagem e facilitando o diálogo intergeracional12.

Kachar (2003) sensibiliza para a importância de se resgatar o potencial intelectual dos idosos, mostrando como a informática pode criar condições para que eles se desvelem para a vida, ao invés de ficarem reclusos no passado. Para a autora, o nosso protagonista, ao se apropriar da tecnologia, revela o que pensa, sente e gosta. E com isso, um mundo de possibilidades se desvela para ele, tornando-o capaz de realizar atividades de cunho intelectual.

Christ et al (2002) e Sêga (2008) consagram a internet como suporte tecnológico

comunicacional surpreendente. Assimilado por pessoas da terceira idade, tende a aumentar indiscutivelmente os usuários da rede digital, chamando a atenção desse público para mudanças fisiológicas, psicológicas e cognitivas do processo de envelhecimento, podendo, dessa forma buscar informações na internet ou em qualquer outro meio de comunicação de forma alienada, sem haver uma reflexão crítica e comentar o que aprendeu ou ouviu com os seus familiares, amigos, tomando novas atitudes e novos hábitos.

Como não se pode conceber mais um idoso estagnado na sua casa, Christ et al

(2002) corroboram que “formar teias de relações pessoais em ambientes virtuais, altera

11 Fórum de discussão é uma ferramenta para páginas de Internet destinada a promover debates através de mensagens publicadas abordando uma mesma questão (SACRISTÁN, 2009).

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de algum modo o “eu” dos que nele participam, implicando uma nova forma de ligação que passa a existir no meio de comunidades virtuais ou reais” (p. 04), alargando contatos interativos e relações solidárias.

A internet tornou-se para os idosos mais uma alternativa de entretenimento, uma possibilidade de relacionamento com os outros, aumentando sua auto-estima, mantendo-os atualizadmantendo-os e na ativa, estimulando-mantendo-os ao raciocínio e ao uso da memória, fazendo-mantendo-os

pensar, ler e se concentrar (CHRIST et al, 2002).

Para Sêga (2008) o uso da internet tanto pode beneficiar a auto-estima do idoso, quanto desvelar coisas novas, fazendo-o interagir com o que está a sua volta. Além de permitir o uso do raciocínio, memória, criatividade ou transformando as oportunidades em lazer.

Nesse sentido, Christ et al (2002) afirmam que a capacidade do idoso de

aprender a acessar a internet é similar a de qualquer outra pessoa independente da idade. Daí a necessidade de se ensinar o idoso a lidar não só com as ferramentas da internet como também a empregá-la no seu cotidiano (MACHADO & AZEVEDO, 2009). Utilizar a internet é transformar informações em conhecimento, é utilizá-la para a comunicação, no seu enriquecimento pessoal e profissional (ZIMERMAN, 2000).

Para que se possa demandar maiores informações, e concomitantemente a isso construir uma base teórica e metodológica que permita olhar o fenômeno internet na perspectiva do sujeito idoso residente no Distrito Federal que o vivencia, optou-se pela Teoria das Representações Sociais (TRS) por se acreditar que este referencial abarca o objeto de estudo em questão.

2.3.1. A Cidadania Digital do Idoso

A partir de 1995 a internet adentrou o Brasil. Com ela as portas se abriram para o fascinante mundo digital. Uma revolução nos conceitos e nos comportamentos indicava profundos reflexos na cultura, educação, economia, política e no mercado de

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Assim, se por um lado, a tecnologia trouxe benefícios significativos, aproximando realidades distantes ou ampliando a troca de conhecimentos e informações, de outro, milhões de idosos não desfrutam dessas novas ferramentas de comunicação, privados de sonhar com o futuro e alimentar expectativas.

A identidade do idoso no século XXI começou a se formar como resultado de processos que articulavam questões de tamanha dimensão. O primeiro processo estava relacionado à velocidade de implantação das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC’s). O conhecimento tecnológico despontava, mais do que nunca, como condição de desenvolvimento econômico em uma época marcada pelo aumento do consumo de computadores domésticos e pela chegada da internet.

O segundo processo dizia respeito ao processo acelerado de envelhecimento populacional, e ao crescimento da exclusão social que a introdução das novas tecnologias ameaçava aumentar.

Por fim, o terceiro processo surgia como possibilidade de solução para os dois primeiros, remetendo à intervenção nesse cenário, não só democratizando a informática como consolidando-a, enquanto papel estratégico na luta por direitos de cidadania digital e social do idoso. Desenvolver uma campanha de arrecadação e reciclagem de computadores para a criação de escolas de informática e cidadania para a terceira idade parecia (e continua parecer) ser o grande desafio.

Mais do que prover capacitação em informática e fomentar oportunidades pessoais e profissionais, a iniciativa pode gerar uma rede social de solidariedade. Diversos parceiros poderiam aderir à causa, como empresas, institutos, fundações, Organizações Não Governamentais (ONG’s), Estado, dentre outros.

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3. CAPÍTULO 2ASREPRESENTAÇÕES SOCIAIS DOS IDOSOS

3.1. A Teoria das Representações Sociais (TRS)

Centrado na questão da inserção digital e social dos idosos residentes no Distrito Federal, esse capítulo discute e analisa a construção do referencial teórico-metodológico da Teoria das Representações Sociais (TRS) em investigações acadêmicas. Na obra

intitulada “La psysichanalyse, son image et son public”, Moscovici (1961) descreve o

estudo sobre a representação social da psicanálise para grupos específicos de Paris com o objetivo de compreender como a teoria psicanalítica era disseminada.

Para Moscovici (1961, 2003) as representações sociais constituem-se como uma série de opiniões, explicações e afirmações que são produzidas a partir do cotidiano dos grupos, sendo a comunicação elemento primordial neste processo. As representações sociais são consideradas como uma forma de conhecimento, criadas pelos grupos como forma de explicação da realidade. A representação social formaliza uma “(...) modalidade de conhecimento particular que tem por função a elaboração de comportamentos e a comunicação entre indivíduos” (p 26).

Pensar as representações sociais para Almeida (2009) pressupõe, antes de tudo, considerar as próprias representações sociais como forma de conhecimento social. Dentre as definições formuladas por pesquisadores destaca-se a de Jodelet (2005, p. 22) como: “As representações sociais são uma forma de conhecimento socialmente elaborado e compartilhado, com um objetivo prático, e que contribui para a construção de uma realidade comum a um conjunto social”. A mediação que faz com que isso aconteça se dá nos contextos concretos onde as pessoas e grupos vivem, por meio da cultura construída ao longo da história, e dos valores, códigos e idéias compartilhadas no meio no qual estão inseridos.

Almeida & Cunha (2003) ressaltam as finalidades próprias das representações sociais sistematizadas por Abric (2001) da seguinte forma:

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elaboração de uma identidade social e pessoal gratificante (função identitária). Ainda, elas orientam os comportamentos ou de práticas “obrigatórias”, na medida em que definem o que é aceitável em um dado contexto social (função de orientação). Por fim, as representações sociais permitem justificar a posteriori, os comportamentos e as tomadas de posição (...) preservando e mantendo a distância social entre grupos (função justificadora) (p 123).

Os processos fundamentais para a estruturação das representações sociais por um grupo foram identificados por Moscovici (1978) na formulação dos conceitos: ancoragem e objetivação.

3.2. Conceito de Ancoragem e Objetivação

As representações sociais têm um status transversal, ou seja, uma penetração em todas as ciências, o que as torna um conceito articulador dos diversos pontos de vista próprios de diferentes campos de conhecimento. Segundo Moscovici (2003), tais representações sociais são construídas a partir de dois processos básicos como objetivação e ancoragem.

3.1.1. Objetivação

De acordo com Andrade (1999) a objetivação se desenvolve em dois momentos: seleção e formação. Na etapa de seleção “as informações sobre o objeto, no caso de serem científicas, são desvinculadas de seu campo específico, para serem apropriadas pelo público, que assim pode dominá-las para seu uso cotidiano” (ANDRADE, 1999, p.101), a qual é realizada, tomando como referência os valores do grupo.

Na etapa de formação “a estrutura conceitual é reproduzida sob forma de imagem” (ANDRADE, 1999 p. 101), a qual Moscovici (2003) prefere chamar de figurativa, por acreditar que as representações sociais não constituem um reflexo ou reprodução de uma realidade dada, mas, uma construção do sujeito.

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sempre uma simplificação, necessariamente deformada, do conceito que lhe deu origem (MOSCOVICI, 2003).

3.1.2. Ancoragem

Sua função é realizar a integração cognitiva do objeto representado num sistema de pensamento preexistente. Dessa maneira, os novos elementos de conhecimento são colocados numa rede de categorias mais familiares. O sistema de classificação utilizado supõe uma base de representação partilhada coletivamente (JODELET, 1992, p. 377). Assim, a ancoragem se refere às significações distintas daquelas internas ao conteúdo de uma representação. São as significações que intervêm nas relações simbólicas existentes no grupo social que representa o objeto.

Doise (1992, p. 189) propõe uma análise da ancoragem das representações sociais a partir de uma classificação em três modalidades: 1. A ancoragem do tipo psicológico, que diz respeito às crenças ou valores gerais que podem organizar as relações simbólicas com o outro; 2. A ancoragem do tipo psicossociológico, que inscreve os conteúdos das representações sociais na maneira como os indivíduos se situam simbolicamente nas relações sociais e nas divisões posicionais e categoriais próprias a um campo social definido; 3. A ancoragem do tipo sociológico, que se refere à maneira como as relações simbólicas entre grupos intervêm na apropriação do objeto.

Esses dois processos, objetivação e ancoragem, são complementares, ainda que aparentemente opostos: enquanto um busca criar verdades óbvias para todos e independentes de todo determinismo social e psicológico, o outro, ao contrário, refere-se à intervenção de tais determinismos na gênerefere-se e transformação dessas verdades. O primeiro cria a realidade em si, o segundo lhe dá significação.

A representação social estabelecida por esses processos garante certa coerência epistemológica ao objeto representado. O mundo se modifica mais depressa do que a idéia que fazemos dele. Transformando o complexo em simples (objetivação) e o estranho em familiar (ancoragem), ela permite uma integração “suave” do novo e do desconhecido.

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realidade, proporcionando os elementos necessários para que os idosos se posicionem diante da internet e permitem aos mesmos se situar no mundo e dominá-lo. Como saber do senso comum, as representações sociais permitem aos idosos entrevistados compreender e explicar a realidade na qual estão inseridos e integrados a saberes anteriores, transformada em algo assimilável e compreensível (ALMEIDA, 2009).

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4. CAPÍTULO III – O MÉTODO

As representações sociais dos idosos residentes no Distrito Federal sobre a internet podem ser compreendidas e analisadas por meio da abordagem qualitativa e estudos exploratórios que nos dão informações sobre a dimensão e a possibilidade de

conhecer tal fenômeno (RICHARDSON et al 1999; BOGDAN & BIKLEN, 1994).

4.1. Metodologia

Assim, a abordagem qualitativa aqui utilizada permite que os sujeitos pesquisados possam ser observados quanto ao comportamento, à emoção, suposições e outros aspectos que podem influenciar na compreensão do tema objeto da pesquisa. Ludcke e André (1986) ressaltam a necessidade de se buscar instrumentos para pesquisar aspectos novos no fenômeno, em especial naquelas situações em que não existe uma base teórica sólida que oriente a coleta de dados. A pesquisa qualitativa por

abordar um multimétodo se desvela por variadas fontes de informação (GODOI et al,

2006).

A coleta de dados se dá a partir da observação, entrevista semi-estruturada e dos dados quantitativos (Programa Alceste) para esclarecimento de algum aspecto da questão que está sendo investigada (YIN, 2001).

Com base nisso, buscou-se nessa pesquisa desenvolver uma abordagem exploratória e qualitativa. A coleta de dados consistiu na realização de observações participantes e entrevistas semi-estruturadas junto aos idosos que usam ou não a internet. A escolha dos componentes obedeceu a critérios como: não ser analfabeto, ter acima de 60 anos, residir no Distrito Federal e estar em condições de ensino-aprendizagem.

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4.2. Procedimentos de coleta de dados

O processo de coleta de dados realizou-se por meio de observação, entrevista semi-estruturada e inventário sócio-demográfico.

4.2.1. Observação

A observação direta, na abordagem qualitativa, enquanto instrumento foi

essencial por permitir apreender aparências, eventos e comportamentos (GODOI et al,

2006). Esse instrumento contribuiu para a obtenção de informações, o entendimento da realidade que cerca o idoso, além de proporcionar uma reflexão sob diferentes olhares e representações sociais (SATO & CAMARA, 2008).

Partindo do principio de que “é provável que, ao olhar para um mesmo objeto ou situação, duas pessoas enxerguem diferentes coisas” (LUDCKE & ANDRÉ, 1986, p. 25) torna-se evidente que os pesquisadores selecionem itens a serem verificados na estrutura da observação como: a) a delimitação do objeto de estudo ou configuração clara do que será observado para a distinção dos aspectos relevantes dos não-relevantes para o trabalho; b) os aspectos que ficaram cobertos, a observação é a melhor maneira de captá-los.

Baseado nos objetivos da pesquisa procurou-se ver e registrar o máximo de ocorrências interessantes ao trabalho. Incluem-se aqui observações não-participantes feitas desde o primeiro contato até a ocasião da realização da última entrevista (GODOI

et al, 2006).

4.2.2. Entrevista

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social na experiência pessoalmente vivida e na reflexão relatada (GUEDES & CÁRDENAS, 2007).

Os idosos entrevistados falaram sobre a internet, sobre as tensões dessa prática na dimensão de produção e de serviços, suas repercussões na dimensão técnica do trabalho, mostrando formas encontradas historicamente para a preservação do exercício autônomo e cidadão do mesmo. Simultaneamente, expressam concepções acerca do movimento de mudanças que experimentaram.

As entrevistas semi-estruturadas descritas no trabalho, tidas como atendimentos diferenciados, foram desenvolvidos numa seqüência com intervalos variados de acordo com a disponibilidade dos sujeitos. Foram realizados dois encontros, com uma duração média de 50 minutos cada um, os quais foram gravados em fitas, com autorização prévia dos participantes, conforme está no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice A). Todos os encontros foram marcados com antecedência no domicílio de cada um dos idosos.

Sendo assim, no primeiro encontro houve acolhimento, apresentação e explicação dos objetivos de pesquisa e assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. O segundo encontro se deu a partir do resumo da análise do encontro anterior. Depois desse mapeamento inicial, deu-se inicio a entrevista semi-estruturada até a saturação de dados (GUEDES & CÁRDENAS, 2007).

Com o objetivo de verificar a tomada de consciência do conteúdo expresso, e compreender os significados que os entrevistados atribuem às questões, situações e experiências vividas (representações sociais) cada entrevista transcrita na íntegra traduz as (des/res/transformações) das representações sociais dos idosos residentes no Distrito Federal sobre a internet.

4.2.3. Inventário Sociodemográfico

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4.3. Procedimento de Análise de Dados

As transcrições, obtidas segundo o procedimento descrito anteriormente, foram submetidas à análise de conteúdo de acordo com o teste de Bardin (2004) por garantir rigor e fidedignidade na exploração e interpretação dos dados coletados e ao programa informatizado ALCESTE de Análise Lexical, que proporcionou maior fidedignidade à análise dos dados lexicais por meio da entrevista semi-estruturada.

Os resultados foram estruturados em tabelas divididas em quatro colunas. Na primeira coluna transcreveram-se literalmente as interlocuções produzidas nos questionários. Na segunda coluna, apresentaram-se as preposições. Na terceira, acrescentou-se a categorização dos atos da fala (interlocuções) e finalmente, na quarta e última coluna, concluiu-se a categorização de tais atos. Essa pesquisa longitudinal abrangeu o período de agosto de 2008 a agosto de 2009.

4.3.1. Análise de Conteúdo

Bardin (2004) considera a análise de conteúdo como a melhor forma de se compreender as comunicações do ser humano além dos significados imediatos. Bauer (2005) complementa considerando que a mesma é uma construção social que considera uma realidade. Brito & Faleiros (2007) reforçam que tais posicionamentos se consolidam na análise de conteúdo, enquanto técnicas de análise das comunicações, com vistas a obter, por meio de procedimentos e objetivos de descrição, o conteúdo das mensagens. Nesse contexto, indicadores (quantitativos ou não) entrelaçados com a busca de interpretar as ações humanas, bem como as vivências oníricas, tais como os devaneios, sonhos e desenhos do homem desde a Antiguidade.

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Para Bardin (2004) aanálise de conteúdo é um método que possui uma função heurística e uma função administrativa da prova. A função heurística enriquece a tentativa exploratória e aumenta a propensão à descoberta. A função de administração da prova refere-se à hipótese sob a forma de questão ou afirmações provisórias, servindo de diretrizes que apelarão para o método de análise sistemática para serem verificadas no sentido de uma confirmação ou de uma informação.

Ainda na perspectiva de Bardin (2004), a análise de conteúdo utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens. Entretanto, o seu interesse não reside na descrição dos conteúdos das mensagens, mas no que eles podem dizer. Nesse sentido, esses conteúdos podem ser de natureza diversa, tais como psicológicos, sociológicos, históricos, entre outros (BRITO & FALEIROS, 2007).

A análise de conteúdo se organiza tematicamente em três fases que se relacionam como: pré-análise, exploração, tratamento e interpretação do material coletado (BARDIN, 2004; MINAYO, 2004).

Na pré-análise há uma organização dos dados que serão submetidos à análise, caracterizada por um período de intuição, objetivando operacionalizar e sistematizar as idéias iniciais de maneira a construir um plano de análise, formulação de hipóteses e dos objetivos e a elaboração dos indicadores que fundamentarão a interpretação final.

Bardin (2004) ressalta nessa pré-análise a importância de fazer leitura flutuante (para estabelecer contato com o texto a ser analisado), constituição do corpus (após o contato e definição do material a ser analisado, procede-se a constituição do corpus seguindo regras de exaustividade, representatividade, homogeneidade e pertinência) e formulação de hipóteses.

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Brito & Faleiros (2007) referenciam um primeiro formulário destinado a analisar em separado o discurso de cada um dos sujeitos e localizar os temas que comparecem nas entrevistas. Nesse formulário, a primeira coluna destinava-se ao discurso literal, a segunda ao tema inscrito no discurso e a terceira ao registro da freqüência do tema no discurso de cada sujeito do estudo (Quadro I):

Quadro I - Primeiro Formulário

Sujeito Idoso

Discurso Tema Frequência

Fonte: Brito & Faleiros (2007 p 139).

Em outro formulário contendo tema, discurso e impressões para que o pesquisador possa mergulhar na fala dos sujeitos registrando suas impressões iniciais, despertadas pelos conteúdos dos discursos de cada sujeito (Quadro II):

Quadro II – Segundo Formulário:

Tema:

Discurso Impressões

Fonte: Brito & Faleiros (2007 p 139)

Durante o processo de sistematização dos dados coletados, Bardin (2004) recomenda a construção de categorias e subcategorias, organizadas em um formulário próprio, segundo o padrão de cores diferentes por sujeito, de maneira que ao identificá-los verificam-se consensos e dissensos em seus discursos.

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Quadro III – Terceiro Formulário - Categorias e Subcategorias:

Categoria:

Subcategoria Elementos de Análise Análise

Fonte: Brito & Faleiros (2007 p 139).

Esse protocolo facilitou reunir e consolidar em categorias e subcategorias, além de possibilitar uma maior coleta de informações explícitas e implícitas nas entrevistas.

4.3.2 – Programa ALCESTE

Na década de 70, na França, Max Reinert desenvolveu um método informatizado

intitulado ALCESTE (Analyse Lexicale par Contexte d’um Ensemble de Segments de

Texte). Considerado um dos marcos no desenvolvimento de métodos de análise lingüística, na análise de conteúdo no campo da psicologia social (CAMARGO, 2005).

O programa desenvolvido pautou-se no ato de amenizar as dificuldades e necessidades dos pesquisadores da área social, envoltos com dados lingüísticos consubstanciados por instrumentos como questionários, entrevistas, técnicas projetivas dentre outras linguagens escritas e verbais, textos literários, artigos de impressa, relatórios e outros (BRITO & FALEIROS, 2007).

O método estatístico textual procura identificar a organização típica do discurso

e não as diferenças estatísticas entre os textos que compõem um corpus, o ALCESTE é

um software que requer um texto digitado em formato Word, fonte courier 10 e

espaçamento simples. Contendo em torno de 1.000 linhas de 70 caracteres totalizando

70.000 caracteres ou 20 páginas de textos (OLIVEIRA et al, 2005).

Brito & Faleiros (2007), Camargo (2005) e Oliveira et al (2005) citam que o

programa ALCESTE é executado em etapas como: 1) preparação do corpus; 2)

(43)

Nesse sentido, cada entrevista da pesquisa foi considerada uma Unidade de

Contexto Inicial (UCI) e o conjunto de UCI constituíram o corpus de análise processado

pelo ALCESTE. Em seus esclarecimentos, Camargo (2005) demonstra a primeira etapa ou etapa A como aquela destinada à leitura do texto e cálculo dos dicionários. É aqui que ocorre a primeira divisão do texto e agrupamento das ocorrências das palavras (suas raízes) e cálculos de freqüência das formas reduzidas.

As operações da primeira etapa ou etapa A:

A1 – Re-formulação e divisão do texto em Unidades de Contexto Elementares – (UCE);

A2 – Pesquisa do vocabulário e redução das palavras considerando suas raízes; A3 – Criação do dicionário de formas reduzidas.

Na preparação do corpus as UCI’s são iniciadas por linhas de asteriscos (*) separando uma das outras, além de identificar o entrevistado e as suas respectivas variáveis como idade, escolaridade, renda, estado civil, sexo, internet (quadro IV):

Quadro IV – Exemplo de Unidade de Contexto Inicial (UCI):

Exemplo de Unidade de Contexto Inicial (UCI) **** *suj_1 *id_3 *sx_2 *es_4 *rd_2 *ec_3 *ui_1

Fonte: Dados da Pesquisa

Imagem

Tabela 1 – Eixos, Classes e percentual de UCE por Classe:
Figura II – Distribuição das UCEs por classe:
Figura III - Análise Fatorial das Correspondências
Figura IV – Representação em Coordenadas:   +-----|---------|---------|---------+---------|---------|---------|----------------------------------------+  19 |                              *id_4                                         |
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Referências

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