• Nenhum resultado encontrado

Arq Bras Endocrinol Metab vol.49 número1

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2018

Share "Arq Bras Endocrinol Metab vol.49 número1"

Copied!
2
0
0

Texto

(1)

5 Arq Bras Endocrinol Metab vol 49 nº 1 Fevereiro 2005

A

DISTINÇÃO ENTRE HOMENS E MULHERES é considerada absoluta na

maioria das circunstâncias.

Do ponto de vista popular, não há ninguém como os homens para localizar ruas e estradas em mapas de um país estrangeiro. Eles sempre sabem o preço da gasolina e, no instante em que ligam o motor de um carro, reco-nhecem o botão dos faróis, do ar-condicionado, do aquecimento e até mesmo do limpador de pára-brisas do vidro traseiro, aquele que as mulheres jamais conseguem aprender, mesmo cinco anos depois de terem comprado o carro.

Já as mulheres, são capazes de dividir sua atenção entre o programa favorito de televisão, os cuidados com as crianças e uma ou mais atividades domésticas básicas. Diferentemente do homem, que quando assiste futebol fica totalmente absorvido e incomunicável. Estas diferenças podem, even-tualmente, ocasionar conflitos de relacionamento, e até mesmo uma guer-ra, a famosa guerra dos sexos.

Alguns títulos literários bem humorados refletem tais diferenças de comportamento: “Por que os homens mentem e as mulheres choram” (1), “Por que homens fazem sexo e as mulheres fazem amor” (2), “Homens são de Marte, Mulheres de Vênus” (3), “As mentiras que os homens contam” (4), e o mais dramático deles “Quanto mais entendo os homens, mais eu gosto do meu gato” (5), este último logicamente de autoria feminina.

Na visão científica, igualmente interessante, a maioria das caracterís-ticas sexuais emerge a partir de precursores bipotenciais no embrião. A determinação e a diferenciação sexual representam processos seqüenciais caracterizados pelo estabelecimento do sexo genético, dependente da pre-sença dos cromossomos sexuais no zigoto no momento da concepção, do sexo gonadal (característica sexual primária), dependente por sua vez do sexo genético, da regulação da diferenciação da genitália externa pelo sexo gonadal e, finalmente, pela determinação do sexo fenotípico.

Na puberdade o desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários gera manifestações fenotípicas mais visíveis, intensificando o dimorfismo sexual. Estes processos são regulados por pelo menos 50 genes localizados nos cromossomos sexuais e autossomos que codificam fatores com meca-nismos diversos, tais como fatores de transcrição, hormônios e receptores. Embriões de ambos os sexos apresentam células primordiais comuns e indiferenciadas que possuem uma tendência inerente para feminizar, exce-to se houver uma interferência ativa dos faexce-tores masculinizantes.

A falência em qualquer fase do desenvolvimento sexual seqüencial, de causa genética ou ambiental, pode ter profundos efeitos no fenótipo, resultando em sexo reverso completo, graus variáveis de ambigüidade se-xual ou, nos defeitos mais leves, em uma função sese-xual anômala que se torna aparente apenas após a maturidade sexual. Anormalidades do desen-volvimento sexual podem ser classificadas em dois grandes grupos:

1. Doenças da determinação, que freqüentemente são causadas por alterações nos cromossomos sexuais ou por anormalidades gênicas que afe-tam a gênese gonadal,

editorial

PorQue os Homens São Tão Diferentes

das Mulheres?

Ana Claudia Latronico

Professora Livre-Docente, Disciplina de Endocrinologia e

Metabologia, Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP,

(2)

Porque os Homens São Tão Diferentes das Mulheres Latronico

6 Arq Bras Endocrinol Metab vol 49 nº 1 Fevereiro 2005

2. Doenças da diferenciação sexual, que fre-qüentemente também são causadas por defeitos genéticos e, menos freqüentemente, por fatores adver-sos no ambiente intra-uterino.

O acúmulo extraordinário de conhecimento nas últimas décadas e as novas e constantes descobertas neste campo da determinação e diferenciação sexual, representam um marco na ciência médica moderna. Nenhum aspecto do desenvolvimento pré-natal humano é tão conhecido. Avanços nas áreas de embri-ologia, bioquímica, biologia molecular e celular, cito-genética, endocrinologia e ciência do comportamento, é claro, têm contribuído para a compreensão das doenças sexuais humanas, com impacto no diagnósti-co e tratamento destas diagnósti-condições. Importantes diagnósti- co-nhecimentos têm surgido a partir de estudos de pa-cientes com alterações da diferenciação sexual, espe-cialmente a partir da aplicação das técnicas de biologia molecular.

Esta primeira Edição Especial dos ABE&M de 2005 foi coordenada pelos editores convidados, Andréa T. Maciel Guerra e Gil Guerra Junior, que reúnem de forma muito habilidosa artigos de revisão e atualização e artigos originais de pesquisadores estran-geiros e brasileiros experientes no campo da determi-nação e diferenciação sexual. As diferenças de compor-tamento sexual mencionadas no início podem, oca-sionalmente, trazer problemas; entretanto, quando tais

diferenças se completam, levam freqüentemente a rela-cionamentos harmoniosos, duradouros e trabalhos produtivos, como esta valiosa edição organizada por um homem e uma mulher, diferentes e ambos muito competentes.

REFERÊNCIAS

1. Pease A, Pease B. Por que os homens mentem, e as mulheres choram. Sextante:Rio de Janeiro; 2003. 2. Pease A, Pease B. Por que homens fazem sexo, e as

mulheres fazem amor. Sextante:Rio de Janeiro; 2000. 3. Gray J. Homens são de Marte, mulheres de Vênus.

Rocco:São Paulo; 1997

4. Veríssimo LF. As mentiras que os homens contam. Objetiva:São Paulo; 2000.

5. Hay D. Quanto mais entendo os homens, mais eu gosto do meu gato. Publifolha:São Paulo; 2004.

Endereço para correspondência:

Ana Claudia Latronico

Disciplina de Endocrinologia e Metabologia

Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP Av. Enéas Carvalho de Aguiar, 255

Referências

Documentos relacionados

Vestindo-se de atitudes pró-ativas em busca de conquistas e maior participação da SBEM e de seus associados, o comitê que na estrutura organiza- cional da SBEM tinha apenas a função

Estiveram comigo na “empreitada” os colegas Paulo Cesar Alves da Silva, Mara Eda Kowalski, O svino Koch, João José Schcae- fer, Sergio de Carvalho, Luiz Alberto Susin, N ilton César

Cell survival under GC therapy with a progres- sive molar concentration was expressed in percentage as a function of the maximum number of cells observed for each plate....

It were analyzed: correlation coefficient (%); mean absolute difference (MAD ); number of sensor’s readings; duration of exam (h); mean capillary glycemia (CG) and mean CGMS

Radiolabelled agonists and antagonists of peptide receptors other than the somatostatin receptors [like: vasoactive intestinal polypeptide (VIP) receptor subtype VPAC1,

Professora Titular e Chefe do Departamento de Genética Médica da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP - CAMPINAS (SP) - Brasil; Membro do

The study of human and other mam- malian chromosomes during the third quarter of the century, and the discovery of sex-chromosome abnormalities, emphasized the impor- tance of the

Pacientes com Carcinoma D iferenciado de Tireóide: U so na Prática Clíni- ca”, de autoria de Rosário PWS, Fagundes TA, Purisch S, Padrão EL, Rezende LL, Barroso AL, publicado