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CGU Controladoria-Geral da União OGU Ouvidoria-Geral da União Coordenação-Geral de Recursos de Acesso à Informação

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CGU

Controladoria-Geral da União

OGU – Ouvidoria-Geral da União

Coordenação-Geral de Recursos de Acesso à Informação

PARECER

Referência: 99909.000110/2015-08

Assunto: Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação. Restrição de

acesso: Não há restrição de acesso.

Ementa: Cidadão solicita informações sobre a prova de seleção de estagiários da PETROBRAS - Tutela Judicial ou Administrativa de Direitos Fundamentais. Interesse pessoal. A regra é a publicidade, o sigilo é exceção. – Informação privada. Propriedade intelectual – Acata-se a argumentação do recorrente – Recurso conhecido e provido – Recomendação: garantir que a autoridade responsável por julgar o recurso de segunda instância seja a autoridade máxima da instituição pública.

Órgão ou entidade

recorrido (a):

Petróleo Brasileiro S. A. - PETROBRAS

Recorrente:

F. C. G.

Senhor Ouvidor-Geral da União,

1. O presente parecer trata de solicitação de acesso à informação pública, com base na Lei nº 12.527/2011, conforme resumo descritivo abaixo apresentado:

RELATÓRIO Data Teor

Pedido 10/03/2015 O cidadão pede acesso às questões que compuseram sua prova on-line no Processo de Seleção de Estagiários/2015 para a PETROBRAS, ao gabarito oficial, ao gabarito individual com as opções por ele assinaladas, e ao comprovante da pontuação por ele obtida.

Resposta Inicial 10/04/2015

O SIC/PETROBRAS enviou a seguinte resposta:

“A Petrobras contratou o CIEE para a realização da seleção online de candidatos. A metodologia escolhida para realização das provas consistiu na utilização de um banco de questões que, via sistema eletrônico, gerou uma prova diferente para cada candidato, de

forma aleatória.

O contrato não determinou que o CIEE fornecesse à Petrobras a prova de cada aluno e seu gabarito, portanto a Petrobras não é proprietária ou possuidora desta informação. Também não é de propriedade ou posse da Petrobras, e sim do CIEE, o conteúdo

intelectual das questões.

Vale salientar que o edital de abertura do processo de recrutamento e seleção de estagiários não prevê a divulgação individual de prova

ou gabarito.

Por estes motivos, não é possível a Petrobras fornecer estas informações.”

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Sendo assim, negar a informação requerida sob a infundada justificativa de que não há previsão no contrato firmado entre a Petrobrás e o CIEE demonstra maior descaso ainda com a publicidade e a lisura da seleção pública realizada.

Ainda mais quando as informações pleiteadas constituem-se em elemento fundamental para que eu possa buscar a tutela jurisdicional na defesa dos meus direitos.

Diante de tudo isso, na esperança de maior boa vontade dessa Empresa na busca pela transparência e lisura da seleção de estagiários em questão, reitero o pedido de acesso às informações já mencionadas na inicial.”

Resposta do Recurso à

Autoridade Superior 22/04/2015

“Em respeito ao recurso interposto no âmbito do protocolo SIC Petrobras nº 1414/2015, a Petrobras se vê impossibilitada de atender sua demanda, motivo pelo qual nega provimento ao recurso, com base no inciso III, do art. 11, da Lei nº 12.527/2011 c/c a parte final do inciso III, do art. 13, do Decreto nº 7.724/2012, consoante às razões expostas na resposta inicial.

Isso porque, conforme já explicado anteriormente, a Petrobras contratou o CIEE para a realização da seleção online de candidatos, sendo certo que os dados relativos ao referido processo de seleção são de responsabilidade daquela instituição e, por conseguinte, esta Companhia não detém as informações solicitadas por V.Sa.”

Recurso à Autoridade

Máxima 25/04/2015

“Fui sumariamente eliminado da seleção para estágio devido à inoperância do sistema de aplicação de prova online da instituição por vocês contratada (CIEE) Dessa forma, somente foi possível responder a 24 das 60 questões que compunham a prova, conforme comprovam os arquivos em anexo.

Relatei tempestivamente o incidente ao CIEE, através do e-mail petrobras2015@cieerj.org.br, bem como à Ouvidoria Geral da Petrobrás (protocolo nº 01748/2015), respondendo a contratada que "não houve falhas no sistema de aplicação das provas."

Já a Ouvidoria dessa Empresa respondeu que não pode fornecer as informações requeridas sob a infundada justificativa de que “não há previsão no contrato firmado com o CIEE”.

O fato é que a empresa contratada em nenhum momento enveredou esforços para sanar o incidente, uma vez que, ocorrendo inoperância no sistema online de aplicação de provas, a solução mais adequada e razoável seria a disponibilidade de um sistema de prova escrita presencial a ser realizada nas instalações do próprio CIEE, como tantas outras das quais já participei.

A PETROBRÁS, por sua vez, mostrou-se negligente na escolha da empresa contratada, haja vista não ter previsão contratual de aplicação de provas escritas em caso de pane do sistema online, bem como o não armazenamento das respostas dos candidatos e de seus gabaritos individuais.

Portanto, como pode o CIEE afirmar que o sistema de aplicação de provas funcionou a contento se nem sequer possuem armazenadas as respostas individuais do candidato e a sua pontuação atingida? Sendo assim, considerando que a PETROBRÁS integra a administração pública indireta, estando, por isso, adstrita aos princípios constitucionais previstos no art. 37 da Constituição Federal; considerando ainda que a irrestrita publicidade é requisito essencial para a efetiva promoção da lisura nos certames públicos, reitero acesso às seguintes informações:

- contrato firmado entre o CIEE e a PETROBRÁS para a execução da seleção pública para estagiários 2015;

- questões da prova por mim realizada com respectivos gabaritos - gabarito individual com as opções de resposta por mim assinaladas;

- comprovante da pontuação por mim obtida.” Resposta do Recurso à

Autoridade Máxima

30/04/2015

A senhora Silvana Vichnevscki Telles, Ouvidora-Geral da PETROBRAS, não conheceu do recurso. Ela considerou que as informações prestadas não são passíveis de impugnação, já que não se trata de informação de propriedade da PETROBRAS. Reiterou as respostas anteriores e não conheceu o pedido relativo ao contrato com o CIEE, por entender que é uma inovação em relação ao pedido inicial. Esclarece que novos pedidos devem ser remetidos ao gestor da

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informação, e não à autoridade hierárquica superior. Com relação à reclamação sobre a suposta falha ocorrida durante a aplicação da prova on-line, esclareceu que o SIC não é o canal adequado para o recebimento desse tipo de manifestação e indicou os canais específicos para tal.

Recurso à CGU 30/04/2015 O cidadão repetiu o mesmo texto do recurso de segunda instância.

Informações Adicionais e Negociações

15/06/2015 a 30/07/2015

Foi enviada correspondência eletrônica ao SIC/PETROBRAS solicitando cópia do contrato firmado com o CIEE para a seleção de estágio da qual o requerente participou, e cópia das mensagens eletrônicas a ele enviadas nos dias 09/04/2015 e 22/04/2015, como respostas ao pedido inicial e ao recurso em primeira instância, respectivamente. Após a análise desses documentos, foi enviada nova solicitação de esclarecimentos, com o seguinte conteúdo:

“Apesar de a Petrobras não ter a propriedade da informação solicitada, por força do artigo 33 da Lei de Acesso a Informação, combinada com o art. 7º, III, a contratada tem o dever de repassar a informação mediante solicitação da Petrobras.

“Art. 7o O acesso à informação de que trata esta Lei compreende, entre outros, os direitos de obter:

(...)

III - informação produzida ou custodiada por pessoa física ou entidade privada decorrente de qualquer vínculo com seus órgãos ou entidades, mesmo que esse vínculo já tenha cessado;

(...)

A senhora Silvana Telles reiterou os esclarecimentos anteriores no sentido de que a PETROBRAS sequer custodia as informações objeto deste pedido. Segundo ela, trata-se de informações de natureza privada e de propriedade intelectual do CIEE, que pode, inclusive, utilizá-las em futuros processos seletivos de outras empresas.

Diante de tal resposta, foram enviados à PETROBRAS dois precedentes de casos similares em que as instituições demandadas também haviam negado o acesso às informações solicitadas. Além disso, foram reiterados os argumentos legais sobre a obrigação do ente contratado fornecer as informações, conforme já haviam sido apresentados anteriormente. Não houve resposta do recorrido.

É o relatório. Análise

2. Registre-se que o Recurso foi apresentado perante a CGU de forma tempestiva e recebido na esteira do disposto no caput e §1º do art. 16 da Lei nº 12.527/2011, bem como em respeito ao prazo de 10 (dez) dias previsto no art. 23 do Decreto nº 7.724/2012, in verbis:

Lei nº 12.527/2011

Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou entidades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à Controladoria-Geral da União, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias se: (...)

§ 1o O recurso previsto neste artigo somente poderá ser dirigido à Controladoria Geral da União depois de submetido à apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior àquela que exarou a decisão impugnada, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias.

Decreto nº 7.724/2012

Art. 23. Desprovido o recurso de que trata o parágrafo único do art. 21 ou infrutífera a reclamação de que trata o art. 22, poderá o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à Controladoria-Geral da União, que deverá se manifestar no prazo de cinco dias, contado do recebimento do recurso.

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3. Faz-se importante registrar que a autoridade que julgou o recurso de segunda instância foi a mesma que julgou o recurso de primeira instância. As diferentes instâncias recursais têm o objetivo de permitir que a decisão anterior possa ser analisada e revista, se necessário, por uma autoridade diferente da que decidiu anteriormente. Esse direito do recorrente não foi respeitado.

“Art. 21. No caso de negativa de acesso à informação ou de não fornecimento das razões da negativa do acesso, poderá o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à autoridade hierarquicamente superior à que adotou a decisão, que deverá apreciá-lo no prazo de cinco dias, contado da sua apresentação.

Parágrafo único. Desprovido o recurso de que trata o caput, poderá o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à autoridade máxima do órgão ou entidade, que deverá se manifestar em cinco dias contados do recebimento do recurso.”

4. O objeto do pedido é o acesso a informações sobre a prova de seleção para estagiário da PETROBRAS realizada pelo requerente, como as questões que compuseram sua prova, gabaritos e comprovante da pontuação por ele obtida.

5. A Lei nº 11.788/2008, que dispõe sobre o estágio de estudantes, prevê em seu capítulo IV que pode haver contraprestação pelo estágio, sem que venha a ser caracterizado vínculo empregatício. Também são apresentados nesse capítulo outros direitos dos estagiários.

“Art. 12. O estagiário poderá receber bolsa ou outra forma de contraprestação que venha a ser acordada, sendo compulsória a sua concessão, bem como a do auxílio-transporte, na hipótese de estágio não obrigatório.

§ 1o A eventual concessão de benefícios relacionados a transporte,

alimentação e saúde, entre outros, não caracteriza vínculo empregatício. § 2o Poderá o educando inscrever-se e contribuir como segurado facultativo

do Regime Geral de Previdência Social.

Art. 13. É assegurado ao estagiário, sempre que o estágio tenha duração igual ou superior a 1 (um) ano, período de recesso de 30 (trinta) dias, a ser gozado preferencialmente durante suas férias escolares.

§ 1o O recesso de que trata este artigo deverá ser remunerado quando o

estagiário receber bolsa ou outra forma de contraprestação.

§ 2o Os dias de recesso previstos neste artigo serão concedidos de maneira

proporcional, nos casos de o estágio ter duração inferior a 1 (um) ano. Art. 14. Aplica-se ao estagiário a legislação relacionada à saúde e segurança no trabalho, sendo sua implementação de responsabilidade da parte concedente do estágio.”

6. Diferentemente da seleção de servidores públicos, que requer obrigatoriamente a realização de concurso público, os critérios para a seleção de estagiários podem ser definidos pelo próprio órgão ou entidade pública, segundo algumas regras. Ainda assim, devem ser obedecidos todos os princípios que regem os atos da Administração pública, tais como o princípio da impessoalidade, como forma de garantir sempre o interesse público e a isonomia entre os candidatos, e o princípio da eficiência, com a escolha dos candidatos mais bem preparados. Uma das formas de garantir a obediência a esses princípios é com a realização de uma seleção pública.

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7. Tanto é o caso que merece ser citado importante precedente, que não trata de pedido de acesso a informação. No ano de 2012, no âmbito do Inquérito Civil Público nº 1.22.000.001704/2012-29, o Ministério Público Federal apurou que os processos de seleção de estagiários da Universidade Federal de Minas Gerais vinham sendo realizados de forma contrária aos princípios norteadores da Administração Pública, em especial os da impessoalidade, moralidade, publicidade e isonomia. Em 2013, já no decurso do processo judicial nº 0008407-22.2013.4.01.3800, foi firmado acordo a UFMG. Nesse acordo a Universidade comprometeu-se a adotar, nos casos de estágio obrigatório, processo seletivo constituído por provas objetivas e/ou subjetivas, e a gravar as entrevistas em áudio, quando ocorrerem, para permitir o acesso às partes interessadas. Também foi garantida a interposição de recursos em todas as fases do processo, com a possibilidade de impugnação do gabarito de resposta, da correção da prova subjetiva ou do resultado da entrevista. Essa medida visou a preservar a isonomia do processo, que era realizado de forma muito subjetiva, evitando-se, assim, qualquer tipo de direcionamento das vagas.1

8. O item nº 11 do Edital nº 1 – PETROBRAS/PRSE RH 2015.1, DE 29 de janeiro de 2015, estabeleceu que a PETROBRAS pagaria uma bolsa estágio, auxílio transporte e auxílio alimentação para todos os estagiários, além de contratar um seguro contra acidentes pessoais. O mesmo item deixa expresso que o estágio não cria vínculo empregatício de qualquer natureza com a estatal.

9. O pagamento da bolsa estágio pela Estatal faz com que o número de candidatos ao estágio seja significativamente maior do que seria se tal contrapartida não fosse oferecida. Com o número elevado de estudantes inscritos, é necessário que o método de seleção adotado seja adequado, com provas que permitam selecionar os candidatos mais capacitados. Sendo assim, é necessário que haja o máximo de transparência no processo de seleção para que se possa auferir sua correta aplicação.

10. A seleção de estagiários da PETROBRAS foi realizada pela empresa Centro de Integração Empresa-Escola – CIEE, e não diretamente pela estatal. A ausência de previsão editalícia da divulgação do gabarito não é óbice para que o mesmo seja divulgado. Haja vista a obrigação prevista no artigo 7º da Lei nº 12.527, não há argumento para a negativa de fornecimento da informação pelo ente contratado.

“Art. 7o O acesso à informação de que trata esta Lei compreende, entre

outros, os direitos de obter:

(...)III - informação produzida ou custodiada por pessoa física ou entidade privada decorrente de qualquer vínculo com seus órgãos ou entidades, mesmo que esse vínculo já tenha cessado;“

1 http://www.prmg.mpf.mp.br/imprensa/noticias/patrimonio-publico/ufmg-vai-realizar-selecao-publica-para-a-escolha-de-seus-estagiarios

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11. Suponha-se que a seleção de estagiários fosse feita pela própria PETROBRAS: seria possível a estatal negar acesso às informações solicitadas? Sabe-se que, após o início da vigência da Lei de Acesso a Informação, restaram as seguintes possibilidades de negativa de acesso:

a.

quando as informações solicitadas forem de caráter pessoal sensível de terceiros;

b.

cobertas por sigilo legal; ou

c.

classificadas segundo os critérios estabelecidos pela própria Lei.

12. Não é possível dizer que as informações solicitadas no pedido em análise se encaixam em algum dos critérios supramencionados.

13. Outras hipóteses de negativa são apresentadas no artigo nº 13 do Decreto nº 7.724/2012.

“Art. 13. Não serão atendidos pedidos de acesso à informação: I - genéricos;

II - desproporcionais ou desarrazoados; ou

III - que exijam trabalhos adicionais de análise, interpretação ou consolidação de dados e informações, ou serviço de produção ou tratamento de dados que não seja de competência do órgão ou entidade. “

14. Da mesma forma, tais hipóteses não podem ser aplicadas ao presente caso. O pedido é bastante específico e sucinto. Também não é desarrazoado. E em nenhum momento a PETROBRAS mencionou a exigência de trabalho adicional para a obtenção das informações. 15. Portanto, se o CIEE foi contratado pela PETROBRAS para realizar uma seleção que ela própria poderia ter realizado, e, nesta hipótese, não teria argumentos para negar o acesso, entende-se que a mesma não tem caráter privado, ainda que não haja previsão contratual ou editalícia de fornecimento de tais informações pela contratada. O artigo 7º da Lei nº 12.527/2011 supre esta necessidade, já que a Lei é bastante explícita ao determinar o direito de acesso a informações decorrentes de qualquer vínculo entre uma entidade privada e um ente público, como é o presente caso. Ademais, não há qualquer cláusula no contrato entre a PETROBRAS e o CIEE que preveja algum sigilo relacionado ao gabarito ou às questões da referida prova de seleção de estagiários. Antes o contrário. O item 2.1.4.6 do anexo ao contrato entre a PETROBRAS e o CIEE, denominado “Especificação de Serviços – Programa de Estágio de Estudantes PETROBRAS”, possui a seguinte redação:

“A CONTRATADA deverá disponibilizar para o candidato uma página com suas informações cadastrais e a pontuação obtida nos testes. O gabarito da

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prova não deve ser revelado ao estudante antes da data definida pela PETROBRAS.”

16. Desta forma, em decorrência dessa cláusula, entende-se que existe previsão contratual para a divulgação do gabarito aos candidatos, sendo que a data para tal deve ser definida pela PETROBRAS. Ou seja, além de não impedir a divulgação do gabarito, o próprio contrato já possui uma cláusula que permite essa divulgação.

17. Não cabe alegação de sigilo neste caso. Não apenas em decorrência da ausência de previsão contratual desse sigilo, mas também pelo fato de que as próprias questões elaboradas pelo CIEE são conhecidas pelos candidatos no momento da realização da prova, que já ocorreu. 18. Visto que as informações pessoais solicitadas se referem a dados do próprio recorrente – as respostas por ele assinaladas e o comprovante da pontuação por ele obtida, ele possui o direito de obtê-las. É uma forma de comprovar o resultado e a colocação do candidato no exame prestado, ou de justificar sua eliminação. Em um processo de seleção pública deve sempre ser garantida a máxima transparência aos candidatos.

19. O edital do certame foi publicado no site da estatal e assinado pelo seu Gerente Executivo de Recursos Humanos, o senhor Antônio Sérgio Oliveira Santana. O cabeçalho do edital apresenta o seguinte texto:

“PETRÓLEO BRASILEIRO S.A. – PETROBRAS realizará processo de recrutamento e seleção para formação de cadastro reserva para fins de estágio, mediante condições estabelecidas neste edital.”

20. Resta bastante evidente que a seleção, apesar de ter sido realizada em conjunto com o CIEE, foi específica para a PETROBRAS. Os candidatos se inscreveram para concorrer a um estágio na PETROBRAS, e não para uma seleção aleatória do CIEE. Portanto, pode-se dizer que tais candidatos foram submetidos a uma seleção pública para estágio na PETROBRAS, e não para um emprego privado no CIEE, que poderia alocá-los segundo seus próprios critérios. Desta forma, devem obedecidas a Lei nº 12.527/2011 e o Decreto nº 7.724/2012.

21. O contrato determinou que as questões da prova deveriam ser elaboradas pelo CIEE, de acordo com as orientações da PETROBRAS. De forma análoga à que ocorre em muitos concursos públicos, esse não é um motivo para que o acesso às questões, ao gabarito ou às respostas seja negado aos candidatos.

22. Em um caso semelhante analisado pela CGU, apresentado no pedido de acesso a informação nº 99901.000340/2015-39, um cidadão solicitou ao Banco do Brasil a resposta aos recursos impetrados por ele contra o gabarito de um concurso do Banco. Nesse caso, o recorrido

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declarou-se incompetente para prestar as informações justificando que a análise dos recursos pertinentes ao concurso público foi terceirizada à empresa organizadora do certame. Também alegou que não constava no Edital do concurso nenhuma previsão acerca da disponibilização de respostas individuais aos recursos dos candidatos. O recurso foi conhecido e provido, segundo os seguintes termos:

“(...) entende-se que o presente recurso seja conhecido e provido, cabendo à entidade recorrida promover a entrega das informações requeridas pelo cidadão, observados os procedimentos do art. 60 do Decreto nº 7.724/2012, tendo em conta que os documentos em questão contêm informações pessoais.

Ademais, saliente-se serem compreensíveis as preocupações das entidades em relação à segurança jurídica do concurso público. Todavia, há de ser ponderado que as regras constantes do Edital não podem se contrapor ao direito fundamental de acesso à informação ou a qualquer outro, sendo recomendável que os órgãos e entidades adequem suas metodologias ao arcabouço legal vigente.”

23. Da forma análoga, pelo fato do CIEE ter sido contratado para realizar uma seleção pública, a PETROBRAS deve solicitar a informação à sua contratada e entregá-la ao requerente. Visto que a obrigação de fornecer a informação está prevista no art. 7º, III, da Lei de Acesso a Informação, e que não está coberta por nenhum tipo de sigilo legal ou sequer contratual, o CIEE não pode se furtar de prestá-la.

24. No pedido de acesso a informação nº 23480.009336/2015-72, no qual um cidadão solicitou à UnB a nota sem arredondamentos de todos os candidatos classificados no concurso TRE GO 2014 para o cargo de técnico administrativo, realizado pelo CEBRASPE.

“ (...) os documentos produzidos e custodiados pela entidade privada em decorrência de qualquer vínculo com a Administração Pública, mesmo que esse vínculo tenha cessado, são passíveis de acesso via LAI, por força do inciso III do art. 7º. (...) O artigo acima retrata justamente o caso do CEBRASPE que, quando contratado por órgão ou entidade pública, produz e custodia as informações referentes aos eventos que promove. O CEBRASPE não é o proprietário da informação que produziu. Ela pertence ao contratante do CEBRASPE e este se assemelharia a um repositório ou guardião da informação pública. Além disso, o objeto do pedido - as notas sem arredondamentos de todos os candidatos classificados - não é informação sigilosa. Embora não exista previsão no edital do concurso de publicar as notas no formato aqui em análise, não significa que as mesmas não possam ser requisitadas nas vias regulamentadas para transparência passiva”

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Conclusão

25. De todo o exposto, opina-se pelo conhecimento e provimento do recurso ora interposto à CGU.

26. Por fim, observamos que o recorrido descumpriu procedimentos básicos da Lei de Acesso a Informação. Nesse sentido, recomenda-se orientar a autoridade de monitoramento competente que reavalie os fluxos internos para assegurar o cumprimento das normas relativas ao acesso à informação, de forma eficiente e adequada aos objetivos legais, em especial, zelar para que seja respeitada a hierarquia recursal definida no art. 21 do Decreto nº 7.724/2012.

ISABELLA BRAUN SANDER Servidora Requisitada

DESPACHO

Senhor Ouvidor-Geral,

Trata-se de processo onde o requerente solicita acesso

às questões que

compuseram sua prova on-line no Processo de Seleção de Estagiários/2015 para

a PETROBRAS, ao gabarito oficial, ao gabarito individual com as opções por ele

assinaladas, e ao comprovante da pontuação por ele obtida.

Todavia, a Petrobras visando seleção de estagiários contratou a empresa CIEE

para realizar a seleção, possibilitando para tanto, que o candidato respondesse

a questões selecionadas aleatoriamente em sistema computadorizado.

O acesso do requerente ao banco de questões e gabaritos seria o mesmo que

inviabilizar a existência de um banco de dados, devendo a cada certame serem

feitas novas perguntas.

Além do mais, a situação de um contrato com o CIEE é bem diferente de um

contrato feito com a Esaf ou CESPE, órgãos públicos que também estão sob a

égide da LAI.

Assim sendo, como afirmado anteriormente pela Petrobras, a estatal não dispõe

da informação, assim sendo, forçosa a aplicação da Sumula 6 da CMRI

INEXISTÊNCIA DE INFORMAÇÃO – A declaração de inexistência de informação objeto de

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da informação ou a possibilidade de sua recuperação ou reconstituição, deverá solicitar a recuperação

e a consolidação da informação ou reconstituição dos autos objeto de solicitação, sem prejuízo de

eventuais medidas de apuração de responsabilidade no âmbito do órgão ou da entidade em que tenha

se verificado sua eliminação irregular ou seu descaminho.”

No mais o pedido de acesso reveste-se de denúncia informando que o sistema não

estava em pleno funcionamento o que impossibilitou a conclusão de seu teste, razão

pela qual sugiro o encaminhamento à CGCID.

Gilberto Waller Júnior

Ouvidor - Adjunto

D E C I S Ã O

No exercício das atribuições a mim conferidas pela Portaria n. 1.567 da Controladoria-Geral da União, de 22 de agosto de 2013, adoto, como fundamento deste ato, o despacho do Ouvidor-Adjunto para decidir pelo não conhecimento do recurso interposto, nos termos do art. 23 do referido Decreto, no âmbito do pedido de informação nº 99909.000110/2015-08, direcionado à Petróleo Brasileiro S. A. - PETROBRAS.

Luis Henrique Fanan

Ouvidor-Geral da União

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PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

Controladoria-Geral da União

Folha de Assinaturas

Referência: PROCESSO nº 99909.000110/2015-08

Documento: PARECER nº 2965 de 31/08/2015

Assunto: Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação.

Ouvidor

Assinado Digitalmente em 31/08/2015 GILBERTO WALLER JUNIOR

Signatário(s):

aprovo.

Relação de Despachos:

Assinado Digitalmente em 31/08/2015 Ouvidor

GILBERTO WALLER JUNIOR

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