• Nenhum resultado encontrado

Download/Open

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Download/Open"

Copied!
167
0
0

Texto

(1)182. Ao falar sobre as fontes, JiEun Kim, a designer da Samsung demonstra sua preocupação em abraçar todos os conflitos que possam existir e vir a existir quando na relação do cliente Samsung com seus produtos. Na minha opinião, uma boa fonte deve ser claramente legível, mesmo depois de longas horas de leitura. Mas isso não significa que há uma fonte universal que é melhor para todos os dispositivos; dependendo das diferenças de resolução de tela, tamanho de tela, proporção e até mesmo cores de fundo, a mesma fonte pode parecer bastante diferente em dispositivos diferentes ", explicou Kim (SAMSUNG, 201596).. Neste capítulo apresentamos conceitos e características da tipografia digital. São referências que consideramos fundamentais para que possamos prosseguir de acordo com os nossos estudos. No próximo capítulo trataremos especificamente do meio revista e do veículo Elle.. Disponível em: https://news.samsung.com/global/create-the-face-of-galaxy-devices-font-designer-jieun-kim. Acesso em 01 fev. 2017. 96 Disponível em: https://news.samsung.com/global/create-the-face-of-galaxy-devices-font-designer-jieun-kim. Acesso em 18 fev. 2017. 95.

(2) 183. Capítulo IV - REVISTA, UM MEIO QUE SE RENOVA. Do elenco dos meios de comunicação nacionais sobre os quais poderíamos optar para ser aquele sobre o qual trataríamos, a revista foi escolhida por que é onde o estilo prevalece. A revista “apresenta estética particular em que arte e texto são percebidos como unidade”, diz Benetti (20013, p. 44), e concordamos com a autora. Sendo assim a Elle combinaria com outro meio de comunicação ou ela foi feita para ser revista? Sim, evidentemente sabemos que foi concebida para ser revista, porém o projeto gráfico que possui é tão particular que a análise do meio tornou-se prazerosa e instigante, dia após dia, porque a revista revela uma série de características que até então não tínhamos conhecimento profundo. No caso da revista Elle, a exploração da diagramação e o caráter de impacto das imagens, faz do uso da tipografia uma forma de expressão específica: na Elle as fontes não se escondem, são estilo, são identidade, são atitude, pois ficam em evidência. Este quarto capítulo de nosso estudo trata especificamente da comunicação voltada a um meio específico - como se sabe: a revista - e, particularmente, um veículo: a revista Elle Brasil. Num primeiro momento, e de maneira muito breve - uma vez que autores já consagrados abordaram o tema -, tratamos do conceito de revista e das revistas femininas: quais são as suas especificidades, a segmentação de público e também da evolução das revistas impressas para o ambiente digital - questão importante por conta da evolução tecnológica a qual trouxe não somente mudanças para as revistas femininas como também para as revistas como um todo. Adiante, no segundo item do capítulo, tratamos do design para a revista, focalizando nossas observações nas capas - que são o carro-chefe destes veículos quando publicados. Abordamos as capas e a importância que as mesmas possuem num contexto amplo, como sua força enquanto elemento que identifica o título e seu potencial de atração do leitor - seja por chamadas de capa, seja por impacto por meio de uma foto de capa etc. Além disso, os tipos de capa que existem para as revistas e, por fim, ainda dentro do aspecto do design, tratamos dos elementos da composição de uma capa: cor, imagens, textura, o grid, os formatos e principalmente a tipografia, que é objeto do nosso estudo. Por fim abordamos a revista Elle Brasil. Isto no terceiro e último item deste capítulo e sobre a qual apresentamos também uma breve história, com sua trajetória ao longo do.

(3) 184. tempo. Tratamos, na sequência, especificamente da Elle Brasil - a qual foi lançada em nosso país apenas em 1988, bastante tempo após o seu surgimento em 1945 na França. Mesmo assim ela permanece até hoje fazendo parte do grande elenco dos títulos de sua Editora. Para finalizar, trataremos da Elle Brasil em versão digital, cuidando das suas nuances e ajustes tanto para as plataformas digitais quanto para o meio impresso - já que a partir do ano 2000 a revista Elle Brasil trabalha para também estar presente nas plataformas digitais.. 1. Revista e revista feminina: conceitos e breve contextualização 1.1. Alguns conceitos sobre revista Dentre as características e conceitos encontrados sobre “revista”, destacamos algumas perspectivas que vão da prática à teoria, porém, sem a pretensão de sermos definitivos, uma vez que não há consenso sobre uma definição para revista, visto a sua complexidade. Comecemos com a definição de Fátima Ali97, que foi publisher e editora na Editora Abril, maior empresa editora de revistas de nosso país, em algumas das quais Ali trabalhou efetivamente. No livro lançado no ano de 2009, ela diz logo na introdução: “não tenho nenhuma pretensão de ensinar nada, mas apenas transmitir o que aprendi e funcionou ao longo da minha experiência. E, se possível, passar um pouco do meu entusiasmo...”. É por conta desta experiência que trazemos aqui as colocações desta editora corporativa, pois o design gráfico é práxis e está sob o comando, na maioria das vezes, de quem não é designer mas tem a visão ampla e geral de todas as influências, conflitos, facilidades etc. a que está sujeita a produção visual (ou ao menos deve ter). A revista é um meio de comunicação com algumas vantagens sobre os outros: é portátil, fácil de usar e oferece grande oportunidade de informação por um custo pequeno. Entra na nossa casa, amplia nosso conhecimento, nos ajuda a refletir sobre nós mesmos e, principalmente, nos dá referências para formarmos nossa opinião (ALI, 2009, p. 18).. Evidente que algumas dessas características podem ser aplicadas hoje a outros meios, como o jornal, o rádio, a televisão, devido aos dispositivos móveis (smartphones, tablets, Fátima Ali tem mais de 30 anos de experiência na criação, direção e edição de revistas. Foi diretora de redação e publisher de várias delas, entre as quais Nova, em que foi diretora-fundadora; diretora editorial de Nova, que durante sua gestão saltou de uma circulação de 150.000 para 700.000 exemplares mensais. Desenvolveu o projeto da edição brasileira da revista Estilo; criou o primeiro CD-Rom brasileiro, o Almanaque Abril. Foi ainda diretora-fundadora da MTV no Brasil e vice-presidente do Grupo Abril. 97.

(4) 185. notebooks, tablets). Porém, quando se trata da versão impressa da revista, consideramos que a definição da publisher abarca algumas das características do veículo. Temos também as considerações sobre a origem da palavra revista, as quais a autora trata sob dois vocábulos: review e magazine. Vejamos A origem da palavra revista: a palavra revista vem do inglês review, que quer dizer, entre outras coisas, revista, resenha e crítica literária. A palavra review era comum em várias revistas literárias inglesas, que eram os modelos imitados em todo mundo nos séculos 17 e 18. Daí a origem da palavra revista na Língua Portuguesa. Entretanto, na Inglaterra, EUA e outros países de língua inglesa, revista é chamada de magazine, que vem da palavra árabe al-mahazen, que significa armazém ou depósito de mercadorias variadas. Isso porque, diferente do livro que é geralmente monotemático, a revista apresenta uma variedade de assuntos. De mesma origem é a palavra francesa magazine, que, além de revista, significa loja de departamentos (ALI, 2009, p. 18).. Por sua vez, Marília Scalzo (2016), em seu livro Jornalismo de Revista, define as diversas facetas da revista que convergem para jornalismo e entretenimento: Uma revista é um veículo de comunicação, um produto, um negócio, uma marca, um objeto, um conjunto de serviços, uma mistura de jornalismo e entretenimento. Nenhuma dessas definições está errada, mas também nenhuma delas abrange completamente o universo quem envolve uma revista e seus leitores. A propósito, o editor espanhol Juan Caño define revista como uma história de amor com o leitor. Como toda relação, esta também é feita de confiança, credibilidade, expectativas, idealizações, erros, pedidos de desculpas, acertos, elogios, brigas, reconciliações [...]. Revista também é um encontro entre um editor e um leitor, um contrato que se estabelece por um fio invisível que une um grupo de pessoas e, nesse sentido, ajuda a compor a personalidade, isto é, estabelece identificações, dando a sensação de pertencer a um determinado grupo (SCALZO, 2016, pp. 11 e 12).. Marcia Benetti, em outra perspectiva, apresenta uma reflexão mais profunda e teórica, mas focalizando o jornalismo de revista, sem mesclá-lo ao entretenimento. A autora relaciona primeiro o jornalismo como campo de conhecimento, referindo-se a Adelmo Genro Filho, que no livro O Segredo da Pirâmide, apresenta o jornalismo como forma de conhecimento do mundo, ao lado da ciência e das artes (1987); depois a revista como materialidade do jornalismo. Benetti parte de várias premissas para estabelecer essa relação, primeiro apontando as premissas do jornalismo. Entre elas destacamos “o jornalismo como forma de conhecimento que trata do presente e dos eventos que dizem respeito ao homem”;.

(5) 186. seu papel na consolidação de “normas, práticas, quadros interpretativos e supostos consensos”; e a sua estruturação “a partir das noções de verdade e de credibilidade” (2013, p. 44). Já a revista é definida por Benetti como: 1. É uma materialidade com características singulares; 2. Está subordinada interesses econômicos e institucionais; 3. É segmentada por público e por interesses; 4. É periódica; 5. É durável e colecionável; 6. Apresenta-se como repositório diversificado de temas da atualidade; 7. Trabalhar com a reiteração de grandes temáticas; 8. Contribui para formar opinião e o gosto; 9. Permitir o exercício de diferentes estilos de texto; 10. Utiliza critérios de seleção específicos para definir a capa; 11. Apresenta uma estética particular, em que a arte textos são percebidos como unidade; 12. Compreender a leitura com o processo de fruição estética; e 13. Estabelece uma relação direta emocional com leitor. (BENETTI, 2013, p. 44-45).. Portanto, na prática jornalística da revista, as premissas do jornalismo se relacionam e se materializam no formato revista - diferentemente do jornal, uma vez que o meio oferece possibilidades estéticas no exercício de estilos (no aspecto gráfico e de texto) -, aprofundamento e segmentação, que devem ser considerados pelos profissionais que atuam em revistas (obviamente, nem sempre isso acontece). Conforme comentamos anteriormente, torna-se delicado apresentar um conceito sobre revista, justamente porque a definição pode estar inscrita em quadros teóricos diferentes, em perspectivas práticas como as de Ali e Scalzo, mas também no âmbito do discurso, das teorias da linguagem, como trata de esclarecer Benetti. Portanto, em nosso estudo, consideramos as características mencionadas por essas autoras complementares nos aspectos mencionados, como síntese do fenômeno revista,. que. apresenta. segmentação. por. público. e. interesse,. durabilidade. e. contemporaneidade, riqueza temática, emotividade com o leitor, estilos de vida e de produção gráfica e editorial, além de vínculos com interesses institucionais e editoriais, principalmente. Essas características colaboram para que o jornalismo de revista, ou a revista, por sua complexidade, diversificação e especialização, engendre “olhares e percepções sobre o mundo, sobre si e sobre o outro, e é nessa articulação que reside seu amplo e fecundo poder” (BENETTI, 2013, p. 55). Assim, desde sempre a revista tornou-se uma fonte de atualização, delineando um jornalismo especializado e segmentado. Como jornalismo especializado podemos considerar, de acordo com Del Moral, “uma estrutura informativa que penetra e analisa a realidade através de distintas especialidades do saber, a coloca em um contexto amplo,.

(6) 187. oferece uma visão global ao leitor e elabora uma mensagem que atende a interesses e necessidades desse leitor” (FERNÁNDEZ DEL MORAL, 1983, apud BERGANZA CONDE, 2005, p. 61). De outro lado, a segmentação está associada à globalização, às necessidades do mercado, do consumidor, logo à sua diversificação: O público possui múltiplas identidades que se manifestam de acordo com as condições e situações vividas. O acesso à informação está internacionalizado e a delimitação de um só tema ou grupo de informações que contemplem um certo público facilita a vida dos indivíduos cercados pela tirania da aceleração do tempo e da velocidade com que se encontram novas notícias. As publicações segmentadas acabam exercendo um papel de selecionador daquilo que pode interessar, poupando o tempo do consumidor de fatos jornalísticos (GIRARDI; LOOSE, 2009, p. 131).. A primeira revista surge em 1663 na Alemanha, com o título Erbauliche MonathsUnterredungen, ou Edificantes Discussões Mensais, já mostrando o seu caráter de aprofundamento de temas. Como estilo gráfico, parecia mais um livro que revista, tal qual conhecemos hoje este tipo de publicação. Aos poucos, foi evoluindo para uma linguagem própria, abandonando o estilo livresco. A revista feminina surge também no século XVII e foi se especializando e ganhando novos formatos. No próximo tópico, apresentamos um breve panorama de revista feminina e sua presença na imprensa.. 1.2. A revista feminina Lá se vão mais de 350 anos, desde que surgiu o primeiro título de revista no mundo, Erbauliche Monaths-Unterredungen ou Edificantes Discussões Mensais, em 1663, na Alemanha. Desde então, ao longo do tempo, as revistas, assim como os jornais impressos, foram se adaptando e evoluindo em sintonia com o contexto, conforme as possibilidades existentes, as condições econômicas para lançamento, sustentação e evolução. A agilidade das revistas, propondo novos projetos editoriais e gráficos para o consumo de notícias e informações, fez e faz da revista um meio que penetrou no cotidiano do público. As revistas femininas fizeram emergir um universo de temas ligados aos interesses desse público em momentos diferentes da história: da educação dos filhos e dos cuidados com a casa, essencialmente, nos primórdios, à busca de maior prazer no sexo e do aprimoramento profissional no mercado de trabalho, temas que ampliam as pautas das revistas na atualidade..

(7) 188. Apesar da ampliação e da evolução dos temas presentes nas revistas femininas, voltados ao que se denomina universo feminino, muitos assuntos foram tratados - e ainda são por muitas publicações - de maneira estereotipada e preconceituosa, porém, nesta tese não vamos entrar nesse mérito, embora concordemos com essa análise. Vamos considerar, para efeito de análise de nosso objeto de pesquisa, que em geral as revistas femininas acabaram se especializando em temas de interesse da mulher, ligados à moda, beleza, educação dos filhos, culinária, literatura, sexo, mercado de trabalho, cultura etc. A revista feminina compõe o universo da imprensa feminina, que surgiu no mundo, conforme comenta Mira (2013), com a iniciativa dos britânicos, sendo “a mais antiga, remontando ao século XVII, e caracterizando-se por uma enorme quantidade de títulos: nos anos 60, havia quase meia centena de revistas femininas com altas tiragens”. Sobre a imprensa feminina nos EUA, Itália e França, nos séculos XIX e XX, a autora revela os títulos de grande impacto no mercado editorial e suas grandes tiragens: Nos EUA, as tiragens são extraordinárias. Os títulos mais tradicionais, como Ladies Home Journal, Mc Call’s, Good Housekeeping ou Cosmopolitan, e as revistas de moda Harper’s Bazaar e Vogue, surgem no final do século XIX e superam os 5 milhões de exemplares de tiragem ainda na primeira metade do século XX. Na Itália, como vimos, a imprensa feminina explode no pós-guerra com a fotonovela, mas no mesmo período, acirrando a disputa entre Roma e Milão, produzem-se revistas mais luxuosas, como Ariana ou Grazia, dirigidas às mulheres de classe média. A imprensa feminina francesa, que também floresce no século XIX, conhece novo surto nos anos 30 com Confidences, correio sentimental de espetacular repercussão. Nos anos 40 e 50 surgem as fotonovelas vindas da Itália e as atuais revistas de moda, Marie Claire (1937) e Elle (1945) (MIRA, 2013, p. 44).. No Brasil, a imprensa feminina desenvolve-se e demonstra ser um fio condutor do tipo de conteúdo jornalístico consumido pelas mulheres em nosso país, espelhando o perfil feminino interessado pelas publicações. Considerando o grande analfabetismo que havia na época, a imprensa demorou a se desenvolver, como vemos nos comentários de Dulcília Buitoni (2009): No Brasil, a imprensa feminina começou no século XIX. Um dos principais motivos desse retardamento foi o fato de não termos imprensa, o que só nos foi concedido com a vinda de D. João VI. Logicamente, o surgimento da imprensa feminina refletia as transformações pelas quais passava nossa sociedade. No período colonial, a participação ativa da mulher fora dos limites do lar era bastante pequena (BUITONI, 2009, p. 30)..

(8) 189. Existe uma sequência de publicações que construíram a história da imprensa feminina em nosso país, abaixo trazemos um elenco delas, baseando-nos em Buitoni (2009) e traçando uma sequência na linha do tempo, com a significativa observação de que os títulos iam se sucedendo e no seu crescimento adotavam assuntos como moda, literatura, variedades - os quais agradavam suas leitoras. Temas como romances também eram presentes. .      . Provável primeiro periódico feminino brasileiro, do Rio de Janeiro: O Espelho Diamantino (1827), um periódico de política, literatura, belas-artes, teatro e modas, dedicado às senhoras brasileiras. Também do Rio de Janeiro, os Anais da Biblioteca Nacional (1865), periódico de política, literatura, belas-artes, teatro e modas. O Correio das Modas (1839), também do Rio de Janeiro, trazia modas, literatura, bailes e teatro. O Espelho das Brazileiras (1831), em Recife. Jornal de Variedades (1835), também em Recife. Relator de Novellas (1838), Recife. Espelho das Bellas (1841), entre outras. Na sequência um bom número de títulos foi sucedendo-se não somente no Rio de. Janeiro e Recife, mas também em outros Estados, principalmente Rio de Janeiro e São Paulo, considerados por Dulcília Buitoni (2009) como “os dois centros editores de maior importância”. A autora nos traz a informação de que em 1860, por Henrique Fleiuss, foi lançada a Semana Illustrada, pois antes circulavam apenas pequenos jornais de caricaturas. Diz a autora que na Semana Ilustrada colaboraram escritores e jornalistas da época como: Quintino Bocaiuva, Joaquim Nabuco, Pedro Luis, Bernardo Guimarães, Machado de Assis, Joaquim Manuel de Macedo, entre outros. Outras publicações ilustradas foram se sucedendo. Na sequência, em 1º de janeiro de 1876, surgiu a Revista Illustrada, fundada por Ângelo Agostini, foi um verdadeiro acontecimento no jornalismo brasileiro chegando a atingir 4 mil exemplares - tiragem que ainda não havia sido atingida por nenhum periódico no continente. Após a Revista Illustrada várias outras publicações foram dando andamento à imprensa no Brasil e a imprensa feminina especificamente passava a ter maior representatividade. Muitos anos depois, em 1914, chega a Revista Feminina, que, segundo Lima (2007), teve grande importância na difusão da imprensa feminina nacional:.

(9) 190. A Revista Feminina, publicação escrita e dirigida por mulheres, inteiramente voltada ao público feminino, criada no início do séc. XX (1914-1936), não foi uma iniciativa pioneira na imprensa brasileira. Corajosas precursoras, mais ousadas em suas denúncias ou conformadas com a condição que a sociedade lhes impunha, já haviam aberto caminho. No entanto, a Revista Feminina veio ocupar um espaço importante no variado e numeroso universo de publicações de revistas da época (LIMA, 2007, p. 225).. Segundo a autora (2007, p. 225), a Revista Feminina manteve-se em seus anos de existência graças ao empenho de sua fundadora, Virgilina Salles de Souza que: [...] pacientemente organizou um arquivo com mais de 60.000 endereços de pessoas residentes em todo o Brasil a quem pudesse interessar sua publicação, e, com uma tiragem de 30.000 exemplares, distribuídos gratuitamente até o nº 7, procurou angariar assinaturas para continuar a circular (LIMA, 2007, p. 225).. A publicação conseguiu manter-se, porém também com a ajuda de uma empresa de produtos de beleza, que anunciava em suas páginas (e que era do irmão de Virgilina, um médico e farmacêutico que desenvolvia seus produtos - a tintura para cabelos Petalina e o creme Dermina).. 1.3. Evolução das revistas femininas no Brasil Destacamos a partir daqui a presença da revista feminina na história da imprensa no Brasil, onde essas publicações encontraram o seu espaço e mantiveram a sustentação econômica a ponto de proliferarem-se de maneira que a mulher encontrou nelas uma forma de ter acesso a informações e a garantia de um veículo para que ela pudesse se espelhar. Nas capas de revista atuais os imperativos estimulam muitas leitoras: Vá à luta! ou algo do tipo: Levante, vamos curtir o verão! Mas a revista nem sempre foi tão convidativa, no sentido de tirar a mulher de casa para curtir o verão ou ir à luta. Como a mulher esteve e ainda está associada ao ambiente doméstico, ao ambiente privado, a primeira revista feminina no Brasil está inserida em um contexto em que algumas das importantes conquistas das mulheres ainda estavam distantes. Por isso, Mira explica que “a ligação entre revista e mulher deve ser buscada no lar” (2013, p. 44). De acordo com a autora: Na sociedade burguesa, a intimidade da mulher e do casal tem seu lugar no recesso do lar. [...] Por hora, basta lembrar que saída da mulher dessa esfera.

(10) 191. doméstica, seu ingresso no mercado de trabalho e sua equiparação ao homem na esfera pública são mudanças das mais revolucionárias da história contemporânea, uma vez que alteram um dos fundamentos antropológicos das sociedades humanas: a ancestral e rígida divisão entre o mundo masculino e feminino, sendo que esse último sendo considerado inferior, menos transcendente. Assim, a ligação entre a revista e a mulher deve ser buscada no lar, lugar onde muitas delas, ainda hoje, passam a maior parte de suas vidas (MIRA, 2013, p. 44).. Dessa forma, as revistas femininas nem sempre podem ser identificadas como engajadas na emancipação feminina. É a imprensa feminista que vai cumprir esse papel, tornando-se muitas vezes um contraponto ao conteúdo veiculado nas revistas femininas. Muito se revela no papel dessas duas imprensas para uma visão da sociedade feminina e da imprensa. Buitoni diz que: [...] no século XIX, encontramos duas direções bem definidas na imprensa feminina: a tradicional, que não permite liberdade de ação fora do lar e que engrandece as virtudes domésticas e as qualidades femininas; e a progressista, que defende os direitos das mulheres, dando grande ênfase à educação” (BUITONI, 2009, p.47).. Lima (2007) nos apresenta a vividez da dinâmica para a imprensa feminista quando cita a Revista Feminina, um dos maiores “estandartes” da imprensa feminista nacional: As mulheres ganhavam espaço nas matérias e propagandas das revistas de maior circulação, mas não tinham, então, uma publicação que a elas se dedicasse exclusivamente. Esse espaço veio a ser preenchido pela Revista Feminina. [...] A Revista Feminina, publicação “escrita” e dirigida por mulheres, inteiramente voltada ao público feminino, criada no início do séc. XX (1914-1936), não foi uma iniciativa pioneira na imprensa brasileira. Corajosas precursoras, mais ousadas em suas denúncias ou conformadas com a condição que a sociedade lhes impunha, já haviam aberto caminho. No entanto, a Revista Feminina veio ocupar um espaço importante no variado e numeroso universo de publicações de revistas da época. (LIMA, 2009, pp. 224-225).. Para exemplificar o que mencionamos, apresentamos exemplos de capas de revistas femininas e feministas, destacando as revistas de grande sucesso voltadas à mulher em nosso país. Como nosso tema é a tipografia na comunicação visual, chamamos a atenção para a expressão gráfica de forte apelo nas vistas segmentadas ao público feminino, orientando sobre diversas faces da vida em cada momento histórico..

(11) 192. Pode se verificar uma evolução no design dessas revistas, como as análises individuais apontam abaixo, as quais mostram que as mudanças na tipografia refletem as transformações sociais, culturais e tecnológicas. O elenco de revistas aqui apresentando confirma a visão de estilo, de cuidado com produção gráfica, a ligação com o emocional, a especialização e a segmentação, mencionada por autores já citados anteriormente como Ali (2009), Benetti (2013), Del Moral (1983) e Scalzo (2016). FIGURA 103 - Página de rosto do Novelista Brasileiro ou Armazem de Novellas Escolhidas.. Fonte: adaptado de BUITONI, 2009, p. 223.. (Rio de Janeiro, 1851. Editores: Eduardo e Henrique Laemmert. Tamanho original: 20 x 26,5 cm.). Verifica-se como as primeiras revistas se aproximaram no formato e no design com os livros. Percebe-se também o cuidado em trazer uma delicadeza que vemos no uso dos ornamentos que percorrem as margens de toda a capa, adornando seus limites. Há também uma grande diversidade de fontes tipográficas as quais são utilizadas com o uso, principalmente, das caixas altas (letras maiúsculas). A composição do texto é organizada. O texto é alinhado pelo centro e ainda é interrompido, numa leitura de cima a baixo, por uma ilustração que condiz com o conteúdo da revista. Apesar dos poucos recursos de impressão e.

(12) 193. com a simplicidade do uso de uma só cor (preto), é um bom exemplo de composição harmônica e que cumpre o papel de boa legibilidade e de ênfase ao nome do veículo, chamando a atenção do leitor. FIGURA 104 - A Moda da Revista Feminina.. Fonte: adaptado de BUITONI, 2009, pp. 226 e 227.. (São Paulo, 1918.). Como pode ser observado, a tipografia aqui já se apresenta organizada em colunas de texto, mantendo as páginas dentro de uma conduta de leitura onde, mesmo com grande volume de texto, o mesmo não se mostra cansativo mediante as entrelinhas amplas. As ilustrações de moda ganham espaço e são bastante demonstrativas - acreditamos que a intenção seja realmente oferecer ao público a oportunidade de perceber detalhes do figurino..

(13) 194. FIGURA 105 - Página de A Cigarra.. Fonte: adaptado de BUITONI, 2009, p. 230.. (Tamanho original: 21,5 x 30 cm.). Trata-se de uma edição de 1932, com uma crônica de Elsie Lessa. Pode-se observar que a tipografia ajuda a compor uma diagramação que por si só ornamenta a página devido ao posicionamento não uniforme de seus textos quando analisamos a base das colunas de textos, que acompanham os ornamentos laterais da base inferior. Porém, a tipografia é utilizada com recursos diversos, por exemplo: alinhamentos e fontes diferentes quando usadas nos títulos e nos textos (superiores e inferiores). Temos também o uso de uma capitular no início do texto inferior (a letra “P”). Valorização do nome da autora, no centro, na base do layout, com espaçamento maior nas entre-letras e entre-palavra e encerrando a página..

(14) 195. FIGURA 106 - Capa de Grande Hotel.. Fontes: adaptado de BUITONI, 2009, p. 232 e site Colecione, 201798.. (Rio de Janeiro, Vecchi, n. 37, 1948. Tamanho original: 23 x 32,5 cm.). Nessa época, os romances eram em quadrinhos; a fotonovela só foi aparecer em 1951. Observamos a ausência de chamadas na capa (pouco texto) e a ênfase dada com força à ilustração. Grande Hotel primava pelos romances e a ilustração era fortemente utilizada. É interessante o logotipo Grande Hotel em fonte tipográfica que lembra o neon de letreiros de fachada. Não temos aí o uso significativo da tipografia, e vemos que o apelo à imagem é bastante forte: seja na ilustração que toma praticamente toda a capa, seja no logotipo, onde a tipografia aparece em destaque. O uso da cor é extenso e o tema da ilustração de capa busca aqui a sensualidade.. 98. Disponível em: http://www.colecione.com.br/grandehotel.html. Acesso em 23 fev. 2017..

(15) 196. FIGURA 107 - Capa de Capricho.. Fontes: BUITONI, 2009, p. 233 e blog As Fotonovelas, 201599.. (São Paulo, Editora Abril, n. 1, segunda quinzena de junho de 1952.). O tamanho era pequeno (14 x 19 cm) e só a partir do nº 9 passou a ter o formato de 21 x 27 cm. Trouxe a fotonovela desde o nº 1. Para uma revista ganhar aumento de dimensões, pode-se concluir que era um sucesso entre o público leitor. O uso das ilustrações em grande tamanho permanece constante e a tipografia é aplicada em vários locais na capa.. Disponível em: http://asfotonovelas.blogspot.com.br/2011/03/capricho-n-1-1952-raridade.html. Acesso em 23 fev. 2017.. 99.

(16) 197. FIGURA 108 - Capa de Claudia.. Fontes: BUITONI, 2009, p. 235 e site Jorwik (USP), 2014100.. (São Paulo, Editora Abril, n. 11, ago. 1962.). As primeiras capas de Claudia eram ilustradas com desenho; só a partir de setembro de 1963 é que passaram a ter fotografia. Esta capa já demonstra o uso da tipografia com escolha de fontes que têm presença forte e que facilitam a legibilidade, mesmo com as chamadas de capa começando a ampliar sua presença. Temos aí duas fontes: a do logotipo de Claudia e a que é utilizada nas chamadas. Nota-se o alinhamento das chamadas de capa com alinhamentos diferentes (à esquerda e à direita) acompanhando a ilustração de fundo.. 100. Disponível em: http://www.usp.br/cje/jorwiki/exibir.php?id_texto=156. Acesso em 23 fev. 2017..

(17) 198. FIGURA 109 - Capa de Carícia.. Fontes: BUITONI, 2009, p. 236 e blog Revista Melodias, 2013101.. (São Paulo, Editora Abril, n. 65, 1980. Tamanho original: 13,5 x 20,5 cm.). O formato pequeno para revista feminina com fotonovela firmou-se no mercado. Carícia é uma revista que já inicia com fotografia nas suas capas e têm, mesmo que indo contra as regras de ortografia, seu nome todo escrito em letras minúsculas. Assim como na revista Claudia, citada anteriormente, Carícia usa duas fontes em sua capa e trata as várias chamadas de capa com a disposição em alinhamentos que contornam a foto de fundo, valorizando a imagem. Vemos também o uso das fontes em itálico nas chamadas, dando dinamismo à leitura, já que não são poucas chamadas.. Disponível em: http://revistamelodias.blogspot.com.br/search/label/REVISTA%20CAR%C3%8DCIA. Acesso em 23 fev. 2017.. 101.

(18) 199. FIGURA 110 - Capa do jornal Nós Mulheres.. Fontes: BUITONI, 2009, p. 237 e site Fundação Carlos Chagas (FCC), 2017102.. (São Paulo, n. 1, jun. 1976. Tamanho original: 29 x 38 cm.). Aqui temos um exemplo de jornal publicado pela Associação das Mulheres e que é um exemplo de produto da imprensa feminista em nosso país. Nele, vemos o uso da tipografia com o uso de fontes modernas e com dois detalhes interessantes: o primeiro é que não há chamadas de capa e o segundo é que o logotipo do jornal possui todas as letras em caixa baixa (minúsculas), tornando-o diferenciado já que os nomes costumam ao menos ter a letra inicial em caixa alta (maiúscula). Vale-nos comentar sobre o valor da ilustração que toma grande parte da capa e que possui ligação direta com o que indaga o título da edição (“Quem somos?”), já que a mesma tem vários tipos de mulheres e em diferentes situações.. 102. Disponível em: http://www.fcc.org.br/conteudosespeciais/nosmulheres/. Acesso em 23 fev. 2017..

(19) 200. FIGURA 111 - Capa do jornal Mulherio.. Fontes: BUITONI, 2009, p. 238 e site Biblioteca Digital UNESP, 2011103.. (São Paulo, n. 4, 1981.). Temos acima mais um exemplo onde a tipografia é utilizada com grande impacto, principalmente no logotipo do veículo, já que é diferenciada e que ganha evidência por estar em negativo, ou seja, um fundo com letras vazadas. O impacto é forte e mas conduz um equilibrado diálogo visual com a ilustração, que toma grande área da capa da publicação, sem que nenhuma das duas perde a atenção do leitor, nem mesmo o confunde. Ainda, temos a presença da grafia manuscrita, bastante legível, na própria ilustração de capa, onde seu autor, Henfil - então renomado chargista e ilustrador brasileiro - escreve o diálogo entre os personagens. Por fim, temos o uso de outra fonte tipográfica, a qual é utilizada para apresentar a manchete da edição.. 103. Disponível em: http://bibdig.biblioteca.unesp.br/handle/10/25219. Acesso em 23 fev. 2017..

(20) 201. FIGURA 112 - Revista feminina Íntima.. Fonte: adaptado de BUITONI, 2009, p. 239.. (São Paulo, Salles Editora, nº 1, abr. 1999.). Como pode ser observado na capa acima, a revista tentava se posicionar como produtora de ensaios com nus masculinos para leitoras mulheres, o que foi uma novidade, até então. Vemos nesta capa o uso da tipografia com alinhamento único para as chamadas de capa mas, mesmo assim, contornando a imagem de fundo (um ator de TV, celebridade, galã), para manter seu valor. As cores diferentes nas chamadas de capa buscam descontração e valorizam os assuntos que a edição traz. Percebe-se que nem todos os títulos das chamadas têm a mesma cor (vermelho) e que o nome do galã (Humberto Martins) está em vermelho, acompanhando o logotipo da revista, acima. Como pode se observar, não houve intenção de apresentar todas as mudanças ocorridas nas capas das revistas femininas impressas, especialmente no que se refere à tipografia, mas sim de ilustrar como esse elemento está em sintonia com o seu tempo, seu público e o perfil editorial da publicação..

(21) 202. 1.4. O foco no público feminino Como já foi dito, as revistas são segmentadas e a segmentação é uma das ferramentas principais do marketing para desenvolver produtos e serviços voltados a um público específico, conseguindo atingir um nicho de mercado. Por conta de oportunidades de diálogo com públicos diferentes, ocupa-se deste espaço a revista feminina. Dessa forma, apresentamos a seguir alguns dados das últimas pesquisas feitas em 2015 pela ANER (Associação Nacional dos Editores de Revistas), órgão nacional que monitora o meio revista e tem como uma de suas ações a produção de informações mercadológicas não só para anunciantes, como também para a equipe editorial. Este documento é chamado de Fact Book e compreende as informações de mercado tanto dos associados da entidade como os que não participam da mesma - o que garante uma visão geral do mercado de revistas no Brasil. Podemos também ter uma visão sobre a participação feminina no consumo do meio revista na atualidade, identificando a classe socioeconômica e a faixa etária que são as mais expressivas. Desta forma, é possível associar conteúdos editoriais, perfil da revista e os públicos. Os dados para o setor editorial de revistas são essenciais para a análise do mercado de consumo, oferece às empresas editoras informações para delinearem a produção de seus títulos, indo ao encontro das demandas do leitor e, por consequência, mantendo o foco editorial..

(22) 203. FIGURA 113 - Perfil demográfico dos consumidores de revista.. Fonte: Fact Book 2015 da ANER (Associação Nacional dos Editores de Revistas), 2015104.. Neste gráfico podemos verificar que o número de leitoras femininas (60%) ainda é representativo diante do público masculino. Parafraseando BUITONI (2009, p. 21), quando diz “imprensa, substantivo feminino”, poderíamos dizer: “revista, meio de comunicação feminino” - considerando o número de leitoras e o potencial de que 83% delas, de todas as classes sociais “costumam fazer compras em mercados, sendo que 42% são as únicas responsáveis pelas compras no lar”, como diz a pesquisa. Vemos também que é na idade entre 20 a 29 anos que concentra-se o maior percentual (22%) da faixa etária que consome este meio de comunicação. O público de 30 a 39 anos diferencia-se apenas por um ponto percentual a menos, sendo desta diferença tão mínima a ponto de considerarmos permitido aglomerar as duas faixas etárias, o que chega ao número de 43% de leitores estando entre 20 a 39, sendo então uma grande faixa de consumo (importante para anunciantes), já que ao analisar todo o público, são 53% pertencentes às classes AB e que podemos também considerar que é a soma destas faixas etárias principais que os perfis de títulos de revistas diferentes e seus conteúdos editoriais e projetos gráficos exclusivos devem atender -. Disponível em: http://aner.org.br/wp-content/uploads/2014/05/Factbook_2015_Site-FINAL.pdf. Acesso em 22 fev 2017. 104.

(23) 204. satisfazendo-os com assuntos que necessitam encontrar e com a estética que os permita sentir bem em um ambiente visual construído pelas escolhas estéticas de seus criadores e profissionais que compõe o elenco de produção. No gráfico abaixo podemos verificar a grande diversidade de títulos para atender e oportunamente conversar com os públicos leitores de revistas. O acesso à segmentação do mercado editorial nacional é demonstrado em forma de um ranking que considera os veículos com maior circulação no país, auditados pelo IVC (Instituto Verificador de Comunicação). Podemos ver que a Elle (Editora Abril), nosso objeto de estudo, segue acima da Vogue (Edições Globo / Condé Nast), revista que tem maior semelhança de linha editorial, o que nos é relevante por ser a Vogue uma revista que promove-se fortemente junto ao público-alvo levando a acreditar que é superior à Elle em tamanho de mercado alcançado. FIGURA 114 - Ranking de revistas pagas no Brasil (Participação da Elle Brasil).. Fonte: Fact Book 2015 da ANER (Associação Nacional dos Editores de Revistas), 2015105.. Disponível em: http://aner.org.br/wp-content/uploads/2014/05/Factbook_2015_Site-FINAL.pdf. Acesso em 22 fev 2017. 105.

(24) 205. Comparando os dados das revistas impressas com as digitais, ou seja, como o leitor consome os conteúdos das revistas, recorremos novamente a Jenkins (2009) para mencionar que a convergência tecnológica e cultural na era da internet faz com que os leitores utilizem diversos meios para se informar. A oferta de uma mesma publicação em diferentes suportes tem sido comum para várias empresas jornalísticas. A seguir observamos na pesquisa sobre hábitos dos consumidores por dispositivo feita em 2015 - que notebook/netbook/laptop é o dispositivo mais utilizado para a visualização de revistas online, seguido pelo desktop/computador de mesa e, em terceiro lugar temos os smartphones. Essa mudança de comportamento é comentada por Suzana Barbosa, pesquisadora do Projeto Laboratório de Jornalismo Convergente, da Universidade Federal da Bahia (UFBA). De acordo com a pesquisadora (informação verbal106): O smartphone é o dispositivo no qual mais se acessa conteúdos disponibilizados na internet (apenas não podemos dizer que sejam conteúdos de revistas). O tablet não é o dispositivo mais usado, embora seja extremamente adequado ao conteúdo das revistas, pelo tamanho da tela. Essa tendência contradiz as expectativas da indústria quando houve o lançamento do dispositivo (BARBOSA, 2017).107. Entrevista concedida por BARBOSA, Suzana. Entrevista I. [fev. 2017]. Entrevistadora: Audrey Marques Duarte. Salvador, 2017. 1 arquivo .mp3 (52 min.). A entrevista na íntegra encontra-se transcrita no Apêndice A desta tese. 107 Profa. Dra. Suzana Barbosa, professora Adjunta do Departamento de Comunicação (Jornalismo) e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (PósCom | UFBA). Em 2008, recebeu o Prêmio Adelmo Genro Filho de “Melhor Tese de Doutorado em Jornalismo” (intitulada “Jornalismo Digital em Base de Dados (JDBD) - Um paradigma para produtos jornalísticos digitais dinâmicos”), da Associação Brasileira dos Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor). Áreas de pesquisa: Jornalismo em Redes Digitais, Jornalismo em Base de Dados, Jornalismo Móvel, Convergência Jornalística, Inovação no Jornalismo. Atualmente, é diretora da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (2013-2017). 106.

(25) 206. FIGURA 115 - Utilização de dispositivos para leitura de revistas online.. Fonte: Fact Book 2015 da ANER (Associação Nacional dos Editores de Revistas), 2015108.. Por fim, apresentamos a pesquisa que também nos interessa e que demonstra o hábito de leitura de revistas: leitura de revistas impressas (revistas off-line), leitura de revistas impressas e online ao mesmo tempo e revistas somente online. Como nosso estudo analisa a tipografia impressa e digital na capa de uma revista (a qual é oferecida no ambiente físico e digital) é bastante interessante ter conhecimento destes números, assim como da figura anterior, pois observamos que as revistas impressas têm mais de 80% de adesão dos leitores, dado bem superior aos que revelam a adesão à revista online, mesmo que tendo um público majoritariamente jovem: de 20 a 39 anos, conforme mostrou anteriormente o gráfico sobre perfil demográfico sobre os leitores de revista.. Disponível em: http://aner.org.br/wp-content/uploads/2014/05/Factbook_2015_Site-FINAL.pdf. Acesso em 22 fev 2017. 108.

(26) 207. FIGURA 116 - Consumo de revistas impressas (off-line) e online.. Fonte: Fact Book 2015 da ANER (Associação Nacional dos Editores de Revistas), 2015109.. Além dos formatos tradicionais impressos e de suas versões online, abordamos ainda uma oferta de conteúdo de revistas digitais que é acessado via dispositivos móveis e é chamada de “revista automática” que tem feeds de RSS. A revista digital Flipboard é a mais popular e trabalha com conteúdos das mídias digitais e redes sociais. Zappaterra (2013) nos esclarece a respeito deste tipo de acesso às informações, destacando que a revista digital é mais direcionada ainda, uma vez que o leitor pode receber, por meio de algoritmos, conteúdos que deseja: Com feeds de RSS, a revista automática é uma realidade com algoritmos (processos de cálculo/resolução de problemas realizados por um computador) que convertem o conteúdo que o leitor quer e o entregam via aplicativo de software para diferentes dispositivos móveis. Em 2012, o provedor mais popular de conteúdo agregado era o Flipboard, que foi fundado nos Estados Unidos dois anos antes, por Mike McCue e Evan Doll. Flipboard é uma revista digital que agrega conteúdo de mídias sociais como o Facebook e o Twitter e exibe o conteúdo em formato de revista em um dispositivo móvel do tipo iPad ou Android. Os usuários também podem “folhear” notícias por meio de feeds de sites Disponível em: http://aner.org.br/wp-content/uploads/2014/05/Factbook_2015_Site-FINAL.pdf. Acesso em 22 fev 2017. 109.

(27) 208. que tem parceria com a empresa, por exemplo, os assinantes do New York Times agora podem ler conteúdo da publicação no Flipboard. [...] A maneira como o Flipboard divide até do iPad ao meio é muito inteligente, ele remete a uma revista sem diretamente imitá-la” (ZAPPATERRA, 2013, p. 227).. Mostramos a seguir uma imagem de página da revista digital Flipboard: FIGURA 117 - Flipboard.. Fonte: ZAPPATERRA, 2013, p. 61.. 2. Design das capas de revista A capa deve ser convidativa para que o público tenha interesse em desvendar os assuntos que vêm na sequência e que estão ali dentro - seja na versão impressa, seja na versão digital, pois tanto a capa impressa como a homepage ou capa - como a chamam, serve para que haja a ligação entre o veículo e o seu leitor. A revista também é um reflexo do público que a consome, o qual se identifica com seu projeto gráfico exclusivo e que traduz os valores que possui. A capa deve ser marcante, diferenciado-a diante da concorrência vinda de outros títulos. Seja numa banca de jornais ou revistas, seja mediante tantos sites, blogs etc. a capa e/ou a homepage funcionam para o veículo como porta de entrada. A capa ambienta o leitor de acordo com o veículo e os valores que possui. Também gera a expectativa sobre qual será o tema principal da próxima edição e sobre como será a nova capa?.

(28) 209. A capa provoca em si a evolução para o número seguinte da revista, independente da periodicidade. Não devemos esquecer que a permanência da capa deve ocorrer até que se publique uma nova edição. Conforme dissemos antes, deve ser convidativa pois a expectativa que o leitor tem sobre os assuntos que ali dentro estão é uma expectativa que deve ser criada para que o interesse pelo veículo em si seja mantido. Tanto a capa de uma revista impressa como a homepage da revista em sua versão digital, devem ser atraentes e seu projeto gráfico deve ser adaptado ao meio no qual é veiculada, evitando perdas de qualidade na comunicação visual. O design gráfico aplicado às capas de revista deve sempre permanecer como um design itinerante, que acompanhe o meio e que acompanhe o veículo, sempre que conveniente. Nas situações onde esse veículo venha a estar, o logotipo - que costuma ser o próprio nome do veículo -, deve estar em evidência porque é como se chamássemos uma pessoa pelo seu nome. Chamamos a revistas pelo nome independente das circunstâncias que a rodeiam. A capa segue como se fosse a locomotiva de um trem. É ela quem carrega todos os vagões (que poderíamos chamar páginas internas) e que tem destino definido: o públicoalvo.. 2.1. A importância das capas de revista As capas de revista, como já mencionamos acima, são responsáveis por atrair a atenção do leitor. Nesse sentido, diz Ali (2009) que ela “é a página mais importante” da publicação, portanto precisa fisgar o leitor rapidamente. É o que a autora nos traz: Uma revista tem 5 segundos para atrair a atenção do leitor na banca. Nessa fração de tempo, a capa tem de transmitir a identidade e o conteúdo da publicação, deter o leitor, levá-lo a pegar o exemplar, abri-lo e comprá-lo. A capa é a página mais importante. O consumidor médio leva 5 segundos para decidir se vai ou não comprar uma revista, de acordo com o estudo realizado pelo The New York Times Magazine Group. Esse é o tempo que o leitor leva para analisar o pacote inteiro. A maior parte, senão todo esse tempo, é devotado ao assunto da capa e às chamadas. Mais ou menos 60% dos que compram em bancas não têm determinada a revista que vão comprar. Uma capa tem de ser muito boa para captar a atenção do leitor potencial. (ALI, 2009, p. 68).. Ali complementa dizendo que independente da situação de venda, “por assinaturas [...], situação controlada [...], distribuída gratuitamente como suplemento de um jornal”, ou.

(29) 210. seja, “a capa ainda tenta vender a edição para seu leitor e determinar se o seu exemplar será aberto imediatamente, mais tarde ou nunca” (ALI, 2009, p. 68). Dada a devida importância à capa, como comenta a autora acima, temos então a necessidade de analisar esse momento entre o primeiro contato do leitor e a edição da revista com bastante cautela, já que ao ver a capa como algo por onde se inicia a comunicação entre o leitor e a edição da revista, temos que considerar o cuidado e sensibilidade com que essa capa venha a ser elaborada e produzida - já que muitas fichas estão depositadas sobre ela. A professora doutora Suzana Barbosa, pesquisadora na área da comunicação voltada às questões digitais, em sua entrevista para esta tese, reforça a importância da capa: [...] A capa é uma entrada. Ela não está à toa ali. Despende-se muito tempo para saber-se qual será a manchete no jornal, qual é o tratamento da imagem que se vai seguir. Nem sempre é a mesma imagem da revista. No caso da Elle a capa é um destaque. Apresentar uma das melhores imagens do ensaio de moda com uma modelo usando algumas peças mais os destaques daquela edição. Na capa há vários paratextos. Pode-se classificar de possibilidades de entrada, de leitura, pois eu sei que há; está em destaque ali! Quando eu entro, eu já quero ir direto naquela matéria que me interessa [...] (BARBOSA, 2017).. Quando o veículo possui presença em diferentes ambientes, deve permanecer com as mesmas características visuais para que haja identificação com o mesmo. Ali (2009), comenta sobre os impactos que uma capa deve possuir. Vejamos: A capa deve atrair o leitor a distância pelo conteúdo e pelo impacto visual. Cores vivas são melhores que as apagadas. A experiência mostra que as três cores que mais funcionam são branco, preto e vermelho. A capa deve ser limpa, de preferência com grande área lisa e um elemento único. Muitos detalhes mais afastam do que atraem o leitor. De preferência, o fundo deve ser uniforme, liso e contrastante; as chamadas com tipografia clara e legível a distância (ALI, 2009, p. 70).. Já sabemos que a capa tem grande importância e reconhecemos o seu valor mediante todas as necessidades que ela deve suprir. Porém é necessário que tenhamos a definição do que o termo capa compreende, pois conforme informa Zappaterra (2013), a seguir, a capa abrange fisicamente mais do que pensamos, ou seja, elas são quatro. Diz a autora: O termo “capa” compreende a capa frontal (primeira capa), o verso desta (segunda capa), a face interna da capa traseira (terceira capa) e a capa traseira (quarta capa ou contracapa). Na maioria dos periódicos, todas, exceto a primeira capa, podem ser usadas para publicidade, mas, caso a estratégia comercial não.

(30) 211. seja seguida, vale a pena lembrar que essas páginas são infinitamente mais valiosas do que quaisquer outras páginas disponíveis, exceto, obviamente, a primeira capa (ZAPPATERRA, 2013, p. 69).. FIGURA 118 - As capas de uma revista.. Fonte: adaptado de CAVICHIOLI, 2011110.. Neste estudo, consideramos a primeira capa como objeto empírico, de forma que as demais não serão analisadas.. 2.2. Os elementos de composição: cor, textura, imagens, tipografia, formatos e grid A capa deve gerar impacto e garantir mais valor para a marca, além do interesse que deve conquistar junto aos leitores para que tomem conhecimento do conteúdo interno da revista. Na figura a seguir podemos verificar o apontamento sobre cada um dos elementos que compõe uma capa. Neste caso, estamos considerando os elementos tradicionais de uma capa de revista e as nomenclaturas utilizadas. O designer gráfico deve evidentemente respeitar a pertinência que o projeto gráfico deve possuir em relação ao perfil da revista que deve ser diretamente ligado com o escopo de suas características editoriais e mercadológicas e seu público-alvo.. 110. Disponível em: https://pt.slideshare.net/barao/revistas-8084955. Acesso em 24 fev. 2017..

(31) 212. FIGURA 119 - Localização clássica dos elementos da capa (grid).. Fonte: ZAPATERRA, 2013, p. 86.. Zappaterra (2013), em seu livro Design Editorial, apresenta-nos informações relativas aos elementos que são como componentes de uma capa, ou seja, logotipo, cor, chamadas e lombada, bem como aponta as tendências desses componentes. Quanto ao logotipo, a autora recomenda que ele deve aparecer sempre nas diversas plataformas, mostrando a personalidade da publicação. A cor ajuda a provocar comportamentos e são pensadas em seu impacto emocional. Fundos verdes e azuis não vendem, já o vermelho sim; o amarelo é pouco popular, porém, é preciso considerar que qualquer cor pode ser usada para enfatizar e destacar, de outro lado, as cores específicas podem ser usadas.

(32) 213. simbolicamente ou provocar emoções e lembranças. Zapaterra destaca também que as chamadas de capa e as lombadas são elementos igualmente importantes para a capa. As chamadas são aplicadas exclusivamente a periódicos, sendo que as chamadas (tamanhos e cores) dizem respeito sobre a revista e sua personalidade -, em grande parte, são responsabilidades para o designer. Por fim, as lombadas, embora desvalorizadas pelos profissionais, segundo Zapaterra, têm grande contribuição para a venda das revistas, “é um excelente lugar para reforçar a marca e o estilo do título” (ZAPATERRA, 2013, pp. 69-73). Como podemos observar nas considerações de Zapaterra, esses elementos são fundamentais para as revistas impressas - e também para as digitais, com as devidas adaptações ao meio, no sentido harmônico e atraente que eles devem sugerir ao leitor. Logotipo, cores, chamadas, principalmente, foram num conjunto que deve ser articulado de acordo com o perfil editorial, público e suporte midiático. Nesse sentido, a capa trabalha em prol da apresentação de uma nova edição da revista, trazendo normalmente um conteúdo novo, atualizado. Os leitores identificam: “Aquela edição, que tem o ator X na capa Y”, ou às vezes: “Isso foi publicado naquela edição onde a capa tinha letras vermelhas e com a foto de tal”. A capa é uma referência sobre um conteúdo determinado que foi publicado em uma das edições do veículo. Ela pode ser marcante para o público leitor, uma referência de quando aquele assunto foi abordado. Graficamente a capa respeita o projeto gráfico do veículo mas trabalha para inovar os conteúdos que recheiam seu grid. Ela é expressão máxima da revista: sua cara, sua face, sua identidade que a diferencia das demais - no caso das revistas - e onde a escolha da tipografia cunha a sua expressão visual juntamente com o uso das cores e o estilo como as imagens - fotografia, ilustração - são postas ali (grid). É a capa que dá conta da personalidade do veículo, podendo adaptá-lo a outros formatos desde que a levem consigo. Todos os elementos que compõe a apresentação visual do veículo de comunicação são importantes. São mensagens em foram de imagem, discursos com o objetivo de atingir, impactar o leitor e manter o relacionamento com ele. Como diz Charadeau (2006, p. 233), “a imprensa tem suas próprias exigências de visibilidade, de legibilidade e de inteligibilidade”. Ele congrega os conceitos em conjunto com a aplicação dos mesmos de forma que possamos analisar a capa como instrumento da comunicação do veículo com seu público. As considerações feitas para os jornais também se aplicam às revistas, uma vez que se reportam à visibilidade, legibilidade e inteligibilidade..

(33) 214. Charadeau salienta que a visibilidade impõe uma composição de página como um roteiro de fácil busca aos leitores, e isso abrange elementos da paginação (fotos, rubricas, desenhos, tipos de colunas etc.) e da titulação (títulos, subtítulos etc.). Para Charadeau, “Tais elementos constituem formas textuais em si e têm uma tripla função: fática, de tomada de contato com o leitor, epifânica, de anúncio da notícia, e sinóptica, de orientação ao percurso visual do leitor no espaço informativo do jornal”. Já a legibilidade abrange o “acontecimento relatado” e a forma como estão dispostos os elementos da página, “localização, moldura, ilustrações, tipografia” e aos títulos. Dessa forma: [...] tem a ver principalmente com entendimento, ela se manifesta e toma todo o seu valor no modo de escritura dos artigos, devendo estes, por contrato, ser acessíveis ao maior número possível de leitores no âmbito de um alvo préconstruído (CHARADEAU, 2006, p. 233).. Quanto à inteligibilidade, o autor considera que a mesma se aplica principalmente ao comentário do acontecimento como também ao entendimento, ou seja, saber as razões das notícias. “Manifesta-se em determinados elementos da paginação (novamente pelas molduras, pelos gráficos etc.), mas particularmente pelas formas textuais que se apresentam como comentários (editoriais, crônicas, análises etc.)” (CHARADEAU, 2006, p. 233). Suzana Barbosa (2017), no momento em que nos ofereceu sua entrevista, colaborando com abordagens referentes às características que a apresentação de um veículo seja na forma impressa ou na forma digital deve possuir para garantir a boa qualidade do conteúdo escrito por meio da visualização, também comenta sobre o papel do designer gráfico, e, por fim, brevemente, atenta e valoriza a questão da tecnologia estar atrelada ao jornalismo para que o mesmo possa existir. Vejamos: Para que o produto esteja disponibilizado na plataforma digital é necessário observar o que é preciso para isso. Do mesmo modo que ocorre para o produto impresso, quando devo ter boa qualidade da imagem, em alta resolução, por exemplo, para que seja impressa. No caso do site ela também tem que estar adequada ao padrão. Tudo está dentro de um aspecto muito técnico e passa por um trabalho de pessoas que obviamente entendam dessa área. Tudo isso precisa de fato de gente que conheça, que observe e que saiba qual o resultado que será obtido garantindo que não terá uma surpresa desagradável ao imprimir um exemplar e o mesmo sair borrado ou de não ter boa definição nas imagens, no texto e tudo mais. Antigamente o jornal sujava tudo, a tinta saía na mão, o jornal era só preto e branco, era o preto. Dos tipos móveis e a dificuldade para trabalhar com eles. Isso evoluiu. Evoluiu com a melhoria técnica. Não é possível falar de jornalismo dissociando-o da técnica, técnica como tecnologia. O jornalismo desde.

(34) 215. sempre existiu por isso ao longo dos anos, dos séculos, foi evoluindo também nesse aspecto. É tudo conjunto, não é separado, não há como (BARBOSA, 2017).. 3. A revista Elle no mundo e no Brasil Elle é uma revista que se diferencia das demais não somente pela maneira como ela foi idealizada e produzida em 1945 e todo o contexto do pós-guerra que era o cenário da sociedade francesa. Ela permanece fiel ao conceito de trazer ao público leitor conteúdos relacionados à moda e ao estilo de vida, os quais a sua criadora originalmente imprimiu a este veículo internacional com mais de 70 anos de existência. A trajetória de Elle é feita de nuances, a revista foi se adaptando às mudanças da sociedade, especialmente à realidade das mulheres. No site Elle International Network encontramos informações sobre como foi a trajetória da pioneira Hélène Lazareff para a criação de Elle. Em 21 de novembro de 1945, Hélène Lazareff, de origem russa, criada em Paris, lançou uma revista feminina moderna, que se tornaria um elemento básico na casa de cada mulher na França e, mais tarde, em todo o mundo. Inspirada durante sua vivência em Nova York durante a Segunda Guerra Mundial, trabalhando como jornalista para os principais títulos de mídia, Lazareff começou a desenvolver seu próprio conceito para uma revista feminina cuja principal abordagem editorial era proporcionar às mulheres acesso exclusivo e incomparável à moda e à beleza, mantendo a proximidade com seus leitores. (ELLE INTERNATIONAL NETWORK, 2017111).. 111. Disponível em: http://ellearoundtheworld.com/. Acesso em 22 fev. 2017..

(35) 216. FIGURA 120 - Criadora de Elle, Hélène Lazareff.. Fonte: site Elle International Network, 2017112.. À frente dessa empreitada, Hélène Lazareff assumiu a publicação, lançando a primeira edição da revista, na qual podemos ver a seguir, já na capa de seu primeiro número, a valorização da mulher, assim como a valorização do logotipo de Elle, em pleno destaque no topo da página (o nome sofreu muito pequenos ajustes até os dias de hoje, mantendo as principais características da fonte tipográfica que o desenha). Ainda, temos neste primeiro número a ausência das chamadas de capa provavelmente por alguma intenção específica de seus editores e que nos foge ao conhecimento por não encontrarmos, para este momento de nosso estudo a informação necessária. De qualquer forma, percebemos que a imagem já é anunciada com forte apelo ao posicionamento da revista e que os temas moda e mulher, juntamente com estilo (numa análise breve da cena, vemos uma mulher, elegantemente vestida que, em vez de simplesmente estar numa pose tradicional para valorizar somente as vestes, mostra-se numa atitude alegre com um gato - uma ilustração, ainda sem o uso da fotografia.. 112. Disponível em: http://ellearoundtheworld.com/. Acesso em 22 fev. 2017..

(36) 217. FIGURA 121 - A primeira capa de Elle, 1945.. Fonte: site Correio do Povo, 2014113.. Neste momento gostaríamos de aproveitar as palavras de Suzana Barbosa em relação às revistas, especialmente falando da revista Elle enquanto revista feminina e de jornalismo especializado. Seguem abaixo as colocações da professora Suzana: É um jornalismo de revista que tem uma outra especificação, que caminha pela via temática. Então ela (a revista) se diferencia por diversas características desse segmento. Então: ela é jornalismo, ela é uma revista no seu escopo e na sua definição editorial - como eu disse, ela vem sendo revista, ela está no contexto atual e aí de alguns anos fazendo as suas adaptações a aquilo que vem trazendo desafios para o jornalismo. Conforme eu disse antes, eu não vejo divisão em jornalismo (BARBOSA, 2017).. Dessa forma, concordamos com Barbosa quando a mesma identifica a publicação como jornalística, embora reconheçamos as críticas feitas à revista em relação aos padrões de mulher e de beleza que ela dissemina. Para nosso estudo, o que destacamos é o fato de se Disponível em: http://www.correiodopovo.com.br/blogs/correiofeminino/2014/07/14028/elle-paramadames-e-mademoiselles/. Acesso em 22 fev. 2017.. 113.

(37) 218. tratar de uma publicação longeva, com um design singular (que será exposto mais à frente), que nasceu no pós-guerra e que se atualizou, buscando se adaptar aos meios impresso e digital. Destaca-se nessa trajetória que o grande salto de expansão internacional da revista nos anos 1988 e de 1989, com o lançamento de edições específicas para determinados países, inclusive no Brasil (a Elle Brasil é lançada em 1989). Segue o comentário presente no site Elle International Network, de propriedade da marca que se constituiu em marca global: A internacionalização de Elle começou nos Estados Unidos e no Reino Unido em 1985 e atualmente conta 46 edições em todo o mundo, com mais por vir. As visões únicas de Lazareff (Hélène Lazareff, sua idealizadora) foram transformadas em um conceito tão forte e relevante para as mulheres que se tornou uma marca global (ELLE INTERNATIONAL NETWORK, 2017.114).. Também é interessante perceber que a partir de 2002 o look das modelos e celebridades das capas de lançamento nos países passa a ser composto com a figura aparecendo quase de corpo inteiro (antes, somente o rosto era utilizado, salvo uma ou outra exceção). Por fim, é fundamental também comentar que a tipografia utilizada no logotipo causa o mesmo impacto desde a primeira edição, perpetuando a força da representação gráfica da marca e atribuindo valor a um produto jornalístico que já completou mais de 70 anos de idade. Nesse sentido, é possível observar a pouca variação da logotipia, que se conserva como elemento de extrema relevância na ligação com seu público. Apresentamos a capa de lançamento da Elle Brasil (1988) juntamente com a capa de lançamento de Elle na França (1945), onde podemos apreciar a tipografia eficaz e perene da revista em sua capa, mais de 40 anos depois:. 114. Disponível em: http://ellearoundtheworld.com/. Acesso em 22 fev. 2017..

(38) 219. FIGURA 122 - Análise da tipografia na capa de Elle (edições de lançamento 1945/França e 1988/Brasil).. Fontes: Elle francesa: site Correio do Povo, 2014115; Elle Brasil: blog Por Dentro da Moda, 2017116.. Tanto o grid quanto o elenco de fontes que mantiveram características da capa de Elle Brasil desde o seu lançamento no país, em maio de 1988, valorizam as fontes tipográficas usadas na primeira edição. O grid é aquele que sofreu menos alterações até os dias atuais. Já as fontes utilizadas, ganharam novas participantes desde 1988, data da estreia de Elle no Brasil, como visto anteriormente. Vemos que o principal continua sendo a manutenção do projeto gráfico original, com respeito ao logotipo da revista e, apesar da redução de seu tamanho original (24 x 30 cm) para o tamanho atual (20,8 x 27,4 cm), a edição nacional de Elle mantém o padrão de identidade visual de seu projeto gráfico original onde ao invés de eliminar ou substituir todas as fontes, opta por trazem novas fontes para manter a harmonização da composição visual mesmo com um novo perfil de leitor que também se formou ao longo do tempo.. Disponível em: http://www.correiodopovo.com.br/blogs/correiofeminino/2014/07/14028/elle-paramadames-e-mademoiselles/. Acesso em 22 fev. 2017. 116 Disponível em: http://pordentrodamodabymarinact.blogspot.com.br/. Acesso em 22 fev. 2017. 115.

Referências

Documentos relacionados

e legível. A letra inserta na seta indicativa da classe de eficiência energética deve estar situada no centro da parte retangular da seta, sendo a seta e a letra

1595 A caracterização do repertório de habilidades sociais dos alunos do Grupo com Baixo Desempenho Acadêmico (GBD) e do Grupo com Alto Desempenho Acadêmico (GAD),

Para outras obras intimadas pela Câmara Municipal (adicional de 100%, correspondente taxa de.. licença inicial

 A AES ELETROPAULO será responsável pela elaboração do Projeto Civil quando da necessidade de obras civis na via pública, para interligação do INTERESSADO ao

Nestes dois episódios reconhece-se uma diversidade de ações por parte da professora em momentos de discussão coletiva em que passa em revista o trabalho realizado pelos

O texto de Jacques-Alain Miller, “Efeito de retorno à psicose ordinária”, fruto de um seminário de língua inglesa em Paris, é extremamente importante para a clínica

Preliminarmente, alega inépcia da inicial, vez que o requerente deixou de apresentar os requisitos essenciais da ação popular (ilegalidade e dano ao patrimônio público). No

O enfermeiro, como integrante da equipe multidisciplinar em saúde, possui respaldo ético legal e técnico cientifico para atuar junto ao paciente portador de feridas, da avaliação