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Desenvolvimento de novos produtos como estratégia de competitividade: estudo de caso em uma agroindústria do município de São Martinho-RS

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Academic year: 2021

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Departamento de Economia e Contabilidade Departamento de Estudos Agrários Departamento de Estudos da Administração

Departamento de Estudos Jurídicos

CURSO DE MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO

LUÍS CARLOS SCHNEIDER

DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS COMO ESTRATÉGIA DE COMPETITIVIDADE: ESTUDO DE CASO EM UMA AGROINDÚSTRIA DO

MUNICÍPIO DE SÃO MARTINHO-RS

Ijuí (RS) 2011

(2)

LUÍS CARLOS SCHNEIDER

DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS COMO ESTRATÉGIA DE COMPETITIVIDADE: ESTUDO DE CASO EM UMA AGROINDÚSTRIA DO

MUNICÍPIO DE SÃO MARTINHO-RS

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação Stricto Sensu (Mestrado) em Desenvolvimento, área de concentração: Gestão de Organizações para o Desenvolvimento, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - UNIJUÍ, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre.

Orientadora: Drª Lurdes Marlene Seide Froemming

Ijuí (RS) 2011

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S359d Schneider, Luis Carlos.

Desenvolvimento de novos produtos como estratégia de

competitividade : estudo de caso em uma agroindústria do município de São Martinho - RS / Luis Carlos Schneider. – Ijuí, 2011. –

193 f. : il. ; 30 cm.

Dissertação (mestrado) – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Campus Ijuí). Desenvolvimento.

“Orientadora: Lurdes Marlene Seide Froemming”.

1. Desenvolvimento de novos produtos. 2. Estratégia de

competitividade. I. Froemming, Lurdes Marlene Seide. II. Título. III. Título: Estudo de caso em uma agroindústria do município de São Martinho - RS.

CDU: 658.624

Catalogação na Publicação

Aline Morales dos Santos Theobald CRB10/ 1879

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A Banca Examinadora, abaixo assinada, aprova a Dissertação D DEESSEENNVVOOLLVVIIMMEENNTTOODDEENNOOVVOOSSPPRROODDUUTTOOSSCCOOMMOOEESSTTRRAATTÉÉGGIIAADDEE C COOMMPPEETTIITTIIVVIIDDAADDEE::EESSTTUUDDOODDEECCAASSOOEEMMUUMMAAAAGGRROOIINNDDÚÚSSTTRRIIAADDOO M MUUNNIICCÍÍPPIIOODDEESSÃÃOOMMAARRTTIINNHHOO--RRSS elaborada por

LUIS CARLOS SCHNEIDER

como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Desenvolvimento

Banca Examinadora:

Profª. Drª. Lurdes Marlene Seide Froemming (UNIJUÍ): _______________________ Prof. Dr. Pedro Augusto Pereira Borges (UFFS): ____________________________ Prof. Dr. Sérgio Luis Allebrandt (UNIJUÍ): __________________________________

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Dedico esta conquista como gratidão aos meus pais e a minha noiva Priscila, pelo amor, carinho, compreensão, companhei-rismo e estímulo que sempre me ofereceram durante esta etapa importante da minha vida.

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AGRADECIMENTOS

Agradecimentos especiais à professora e orientadora, Doutora Lurdes Marlene Seide Froemming, estimada pela sua competência, presteza e colaboração.

Aos professores do Curso de Mestrado em Desenvolvimento, Gestão e Cidadania, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ), por suas contribuições.

Ao professor Ivo Ney Kuhn (UNIJUÍ), pela confiança e oportunidade de estágio.

Aos colegas do Curso de Mestrado em Desenvolvimento, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ), por suas contribuições, pelo companheirismo e amizade.

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A DEUS

“EU PEDI FORÇA... E DEUS ME DEU DIFICULDADES PARA ME FAZER FORTE; EU PEDI SABEDORIA... E DEUS ME DEU PROBLEMAS PARA RESOLVER; EU PEDI PROSPERIDADE... E DEUS ME DEU CÉREBRO E MÚSCULOS PARA TRABALHAR; EU PEDI CORAGEM... E DEUS ME DEU PERIGO PARA SUPERAR; EU PEDI AMOR... E DEUS ME DEU PESSOAS COM PROBLEMAS PARA AJUDAR; EU PEDI FAVORES... E DEUS ME DEU OPORTUNIDADES; EU NÃO RECEBI NADA DO QUE PEDI... MAS RECEBI TUDO DE QUE PRECISAVA.” (Anônimo)

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RESUMO

A inserção das organizações agroindustriais em um ambiente instável, competitivo e turbulento requer a utilização de estratégias na gestão para a sua sobrevivência. Nesse contexto, o estudo objetivou analisar o desenvolvimento de novos produtos como estratégia de competitividade dentro de uma organização agroindustrial. Para tanto, o levantamento bibliográfico desta pesquisa focalizou as perspectivas contemporâneas do agribusiness, os conceitos de desenvolvimento, as estratégias de competitividade, o marketing e seus conceitos, enfocando as técnicas de desenvolvimento de novos produtos. O estudo aplicado foi desenvolvido com base na pesquisa qualitativa e quantitativa. A pesquisa foi classificada como descritiva, exploratória, bibliográfica e estudo de caso. A coleta de dados envolveu um roteiro de entrevistas semiestruturado aplicado aos diretores, gerentes, comerciantes varejistas e consumidores a fim de identificar a percepção desses quanto à situação atual da empresa e em relação ao planejamento futuro. Para continuar competindo e conseguir vantagem neste mercado, a empresa optou por atuar em mercados atuais com novos produtos, utilizando para isso a abordagem de cima para baixo, ou seja, observando condições, aptidões e recursos disponíveis na empresa. Os resultados apontaram que os produtos desenvolvidos como estratégia de competitividade obtiveram considerável aceitação por parte dos estabelecimentos varejistas e dos consumidores. A análise do desenvolvimento dos novos produtos na empresa permitiu concluir que, com a mesma infraestrutura e o mesmo custo fixo é possível proporcionando um maior volume e variedade de produtos apontados como necessários para o aumento da competitividade da organização. O incremento dos novos produtos possibilitará ainda o abastecimento dos estabelecimentos varejistas com os produtos da linha de derivados de cana de açúcar e amendoim, possibilitando assim o trabalho de marketing a fim de buscar a exclusividade da empresa no fornecimento destes produtos.

Palavras-chave: Desenvolvimento de novos produtos. Estratégia de Competitividade. Agronegócio.

(9)

ABSTRACT

The insertion of agro industrial organizations on an instable, competitive and turbulent environment requires the use of management strategies for their survival. In this context, this study had as its main objective to analyze the development of new products as a competitive strategy in an agro industrial organization. Therefore, this research’s bibliographical inventory focused on the agribusiness contemporary perspectives, the concepts of its development, competitive strategies, marketing and its concepts, focusing on techniques to develop new products. The applied study was developed based on qualitative and quantitative research. The research was classified as descriptive, exploratory, bibliographical and case-study. Data collection involved a series of semi-structured interviews applied to directors, managers, retailers, and consumers, aiming to identify their perception regarding the current situation of their company in relation to future planning. To keep competing and to shine ahead in this market, the company opted for working in current markets with new products, using a vertical approach, from top to bottom, as a tool to accomplish such goal, it means, to observe conditions, capabilities and available resources for the company. The results have shown that the developed products as a competitive strategy had a considerable acceptance by the retail businesses companies as well as by the consumers. The analysis about new product development in the company allowed the following conclusion, in which with the same infra-structure and fixed cost, it was possible to increase the cash flow, also allowing a higher volume of financial resources for necessary investments to increase the organization’s competitiveness. In addition, the implementation of new products will make the supply chain for retail businesses with new line products derived from sugar cane and peanuts possible; and therefore allowing some marketing work aiming to reach the company exclusivity to supply such products.

Key words: New products development. Competitive strategy. Agribusiness.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Mudança no paradigma de desenvolvimento ...21

Quadro 2: As correntes explicativas da vantagem competitiva ...49

Quadro 3: Legenda matriz de identificação estratégica ...143

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Cinco forças competitivas de Porter...52

Figura 2: Estratégia produto-mercado segundo Ansoff ...60

Figura 3: Principais agentes e forças em um moderno sistema de marketing ...65

Figura 4: O conceito total de produto. ...69

Figura 5: O diagrama de entrada e saída para “desenvolver o produto”...73

Figura 6: Funil de decisões, mostrando o processo convergente da tomada de decisões, com a redução progressiva dos riscos. ...82

Figura 7: Ciclo de vida do produto...84

Figura 8: Duas abordagens para o desenvolvimento do produto...87

Figura 9: Matriz das perspectivas para o processo de desenvolvimento de novos produtos. ...91

Figura 10: Localização Geográfica Doces Müller Indústria e Comércio LTDA...111

Figura 11: Estratégia produto-mercado segundo Ansoff (adaptado)...120

Figura 12: Duas abordagens de desenvolvimento do produto (adaptado)...121

Figura 13: Matriz de identificação estratégica ...140

Figura 14: Estratégia produto-mercado Doces Müller com base no modelo de Ansoff ...147

Figura 15: Tipos de produtos no portfólio...151

Figura 16: Display de balcão...159

(12)

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Síntese da Intenção de compra – Comerciantes Varejistas ...124

Gráfico 2: Avaliação sensorial média do sabor ...127

Gráfico 3: Avaliação sensorial média do sabor por faixa etária...128

Gráfico 4: Avaliação sensorial média do sabor, por sexo...130

Gráfico 5: Avaliação perceptual média da aparência ...131

Gráfico 6: Avaliação perceptual média da aparência por faixa etária...132

Gráfico 7: Avaliação perceptual média da aparência por sexo...133

Gráfico 8: Avaliação perceptual média da embalagem ...135

Gráfico 9: Avaliação perceptual média da embalagem por faixa etária...136

Gráfico 10: Avaliação perceptual média da embalagem por sexo...137

Gráfico 11: Consumo atual dos produtos pesquisados ...139

Gráfico 12: Intenção de compra ...140

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LISTA DE ABREVIATURAS

ABAG - Associação Brasileira de Agribusiness

APEX-Brasil - Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos EPIs - Equipamentos de Proteção Individual

FIFO - First In – First Out

PCMSO - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional PEIEX - Projeto Extensão Industrial Exportador

PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento PPRA - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais.

QFD - Desdobramento da Função de Qualidade

SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO ...16 1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA...18 1.1Apresentação do Tema ...15 1.2Delimitação do Tema...15 1.3Problema de Pesquisa...16 1.4Justificativa ...17 1.5Objetivos...19 1.5.1Objetivo Geral...19 1.5.2Objetivos Específicos ...19 2 REFERENCIAL TEÓRICO ...20 2.1 Desenvolvimento...20

2.1.1 Definições de Desenvolvimento e Dimensões ...20

2.1.2 Pressupostos do Desenvolvimento ...27

2.1.3 Desenvolvimento Local e Agricultura Familiar...32

2.1.4 A Agroindustrialização Familiar de Pequeno Porte ...37

2.1.5 A Expansão do Setor Agroindustrial Brasileiro...43

2.1.6 A Influência das Organizações Agroindustriais no Desenvolvimento Brasileiro ...44

2.2 Estratégias Competitivas...45

2.2.1 Cinco Forças Competitivas de Porter ...51

2.2.2 Matriz de Ansoff...58

2.3 Marketing e seus Conceitos ...60

2.3.1 Evolução do Marketing ...60

(15)

2.3.3 Plano de Marketing...69

2.3.3.1 Tipos de Planos...70

2.3.3.2 Metodologias Utilizadas...70

2.4 Desenvolvimento de Novos Produtos...68

2.4.1 Definição de Produto...68

2.4.2 Diferenciação de Produto ...69

2.4.3 Definição de Desenvolvimento de Novos Produtos...71

2.4.4 Projetar e Desenvolver Novos Produtos...74

2.4.5 Desenvolvimento Simultâneo de Produto...80

2.4.6 Funil de Decisões...81

2.4.7 Ciclo de Vida do Produto...83

2.4.8 Abordagens para o Desenvolvimento de Novos Produtos ...86

2.4.8.1 Abordagem a Partir do Cliente (de Baixo para Cima)...90

2.4.8.2 Abordagem a Partir da Empresa (de Cima para Baixo) ...92

2.4.9 Matriz de Relacionamento das Duas Abordagens para o Processo de Desenvolvimento de Novos Produtos...93

2.4.9.1 Processo Receptor para Desenvolvimento de Novos Produtos ...94

2.4.9.2 Processo Foco no Cliente para Desenvolvimento de Novos Produtos ...95

2.4.9.3 Processo Foco na Empresa para Desenvolvimento de Novos Produtos ...96

2.4.9.4 Processo Proativo para Desenvolvimento de Novos Produtos...96

3 METODOLOGIA...96

3.1 Classificação da Pesquisa...96

3.1.1 Quanto à Natureza ...97

3.1.2 Quanto à Abordagem ...97

3.1.3 Quanto aos Objetivos ...97

3.1.4 Quanto aos Procedimentos Técnicos...98

3.1.5 Universo, Sujeitos da Pesquisa e Amostra...99

3.1.6 Método de Coleta de Dados...100

3.1.7 Instrumentos de Coleta dos Dados ...102

3.1.8 Procedimento da Coleta de Dados...103

(16)

4 ESTRATÉGIAS NO DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS ...107

4.1 Contexto Organizacional ...107

4.2 Identificação Estratégica da Empresa no Modelo PEIEX...108

4.2.1 As Práticas de Gestão – Avaliação PEIEX...112

4.3 A Empresa e sua Percepção Estratégica ...115

4.4 A Estratégia e o Desenvolvimento de Novos Produtos ...116

4.5 Estabelecimentos Varejistas e os Novos Produtos ...118

4.6 Consumidores e os Novos Produtos ...122

4.6.1 Análise Sensorial: Sabor ...124

4.6.2 Análise Perceptual: Aparência ...128

4.6.3 Análise Perceptual: Embalagem ...131

4.6.4 Pesquisa de Consumo e Intenção de Consumo ...135

5 PROPOSIÇÕES COM BASE NA PESQUISA...139

5.1 Propostas Estratégicas Avaliação Empresa...139

5.1.1 Propostas PEIEX...142

5.1.2 Propostas da Pesquisa...146

5.2 Propostas Estratégicas Avaliação Estabelecimentos Varejistas ...145

5.2.1 Proposta de Plano de Marketing ...149

CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS ...159

REFERÊNCIAS...165

(17)

INTRODUÇÃO

O cenário mundial vivenciado pelas organizações nos últimos tempos tem sido altamente competitivo e turbulento. A abertura dos mercados e o aumento da competitividade têm afetado o cotidiano organizacional e exercido significativa influência na definição do ambiente interno. Isso requer dos gestores inovação, flexibilidade, agilidade e competência para repensar as estratégias e reformular os métodos e processos administrativos utilizados.

As organizações sentem necessidade de abandonar as estruturas tradicionais caracterizadas pelas hierarquias formais para se adequarem ao cenário contemporâneo dos negócios no qual a incerteza emerge como fator preponderante. Neste contexto de transformação organizacional, encontram-se inseridas as organizações do setor agroindustrial, cuja atividade é considerada parte integrante de uma extensa rede de agentes econômicos que inclui desde a produção de insumos, transformação industrial até a estocagem e distribuição dos produtos agrícolas e seus derivados.

As ideias que geraram metodologias de análise para os estudos dos problemas relacionados ao sistema agroindustrial tiveram origem nos Estados Unidos, por meio dos trabalhos desenvolvidos por Davis e Goldberg, em 1957, a quem coube a criação do conceito de agribusiness. No Brasil, os complexos agroindustriais foram constituídos na década de 60 com a industrialização do campo, impulsionada por políticas de modernização agrícola.

O desenvolvimento das organizações agroindustriais no final do século XX representou a expansão do setor no país. Contudo, tais organizações necessitam planejar de maneira estratégica para competir e alcançar os resultados que desejam.

Este estudo se organiza em cinco partes distintas, mas ao mesmo tempo complementares. A primeira configura-se na contextualização do estudo, com a

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apresentação do tema e sua respectiva delimitação e a problematização da pesquisa. Em seguida é apresentado a justificativa e por fim são apresentados o objetivo geral e os respectivos objetivos específicos que deram direcionamento à realização desta investigação.

A segunda seção diz respeito à fundamentação teórica da pesquisa, na qual são abordados os aspectos conceituais, de acordo com a percepção de diversos autores, relativos ao agribusiness, conceituação do desenvolvimento, das estratégias de competitividade e do marketing, enfocando o desenvolvimento de novos produtos.

Na terceira seção, são explicados os aspectos metodológicos da pesquisa, os quais foram escolhidos para a fundamentação do estudo e para nortear toda a sua elaboração.

Na quarta seção, é exibido um estudo prospectivo e prescritivo na empresa agroindustrial Doces Müller Indústria e Comércio LTDA, a partir dos questionários e entrevistas com os gestores e colaboradores. Nela é caracterizada a organização do presente estudo, bem como a estruturação da pesquisa, a análise dos dados, seus resultados e as estratégias competitivas adotadas a partir da percepção que o autor teve dos dados coletados. A seguir é exposta a interpretação teórica, em que são retomadas algumas fundamentações apresentadas na segunda parte deste estudo e que dão suporte a sua interpretação sob o enfoque do desenvolvimento a partir de um processo endógeno e sob a lógica das estratégias de competitividade.

A quinta parte aborda as propostas e sugestões apresentadas à empresa objeto do estudo de caso como forma auxiliar no processo de desenvolvimento de novos produtos e estratégias de competitividade.

Na última parte são tecidas as conclusões e considerações finais deste estudo e evidenciam-se as principais contribuições teóricas e práticas e suas limitações. Por fim, indica futuras pesquisas que poderão ser realizadas a partir das possibilidades evocadas a partir deste estudo.

(19)

1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO

A contextualização do estudo desenvolvido na sequência compreende a exposição do tema abordado na pesquisa, os objetivos geral e específicos, a apresentação da questão investigada e a manifestação das razões teóricas e práticas que justificam a importância de sua realização.

1.1 Apresentação do Tema

As mudanças ambientais estão presentes em todos os segmentos do mercado. A concorrência global, a mutação da economia mundial, as exigências do mercado, o aumento das responsabilidades sociais entre outras vêm forçando todos os segmentos a buscarem alternativas que garantam sua sobrevivência.

Situações semelhantes são enfrentadas pelas agroindústrias que necessitam estar atentas não só ao seu ambiente interno, mas principalmente ao ambiente externo para tomarem decisões que busquem maior eficiência e eficácia nas suas atividades tornando-as assim competitivas no mercado.

Segundo Moreira (2005), a crescente globalização e competitividade internacional têm influenciado o processo de desenvolvimento de novos produtos. Seguindo neste mesmo raciocínio, Costa (2006) defende que o bom desempenho empresarial é resultado de um contínuo processo de desenvolvimento dos produtos e da adequada gestão das suas características. Desta forma, o tema em estudo consiste em: desenvolvimento de novos produtos como fator competitivo para atividade agroindustrial.

1.2 Delimitação do Tema

O tema do estudo abrange o desenvolvimento de novos produtos como fator de competitividade num estudo de caso com a agroindústria Doces Müller Indústria e Comércio Ltda, localizada no município de São Martinho - RS.

(20)

1.3 Problema de Pesquisa

A ocorrência de sucessivas transformações no cenário mundial tem provocado alterações no perfil da sociedade, nas organizações, e na forma de gestão dos negócios. As organizações enfrentam uma invasão crescente de novas tecnologias que causam verdadeiras revoluções no ambiente em que estão inseridas e exigem dos gestores maior agilidade, flexibilidade, inovação, competência e capacidade de adaptação.

Nas organizações, essas mudanças são impulsionadas pelo ambiente altamente competitivo e turbulento que, aliado às expectativas dos stakeholders1,

influencia na formatação do ambiente organizacional interno. Novas estratégias organizacionais são fundamentais no desenvolvimento das atividades e alteram os processos organizacionais à medida que alguns padrões gerenciais e operacionais não são mais aceitos. O modelo de gestão adotado e as decisões tomadas em seus diferentes níveis é que determinam a utilização adequada dos recursos para atingir os objetivos determinados.

Diante desse cenário, as organizações necessitam de uma alta capacidade de gestão para lidar com essas mudanças do ambiente e para alcançar bons resultados. Neste contexto, o alinhamento organizacional, como um processo contínuo de adaptação e mudança, torna-se fundamental, já que a competitividade aumenta, e as organizações não podem mais desperdiçar esforços com processos que não atendem às necessidades dos clientes ou com pessoas que não compreendem e contribuem para a realização de sua estratégia (PRIETO, 2000).

Assim como as demais organizações, as do setor agroindustrial também necessitam adaptar-se internamente ao ambiente externo, altamente dinâmico. Precisam atender às exigências do mercado e buscar vantagem competitiva (PORTER, 1986; O’BRIEN, 2004).

No que tange às agroindústrias, pode-se usar como exemplo a Sadia, marca consagrada de alimentos que teve em seu início uma produção modesta, até mesmo artesanal, antes de tornar-se uma grande potência industrial e exportadora. Vários foram os fatores que levaram esta e outras empresas da posição de micro/pequenas

1

Grupos ou indivíduos que são direta ou indiretamente afetados pela busca de uma organização aos seus objetivos (STONER; FREEMAN, 1995).

(21)

para grandes empresas, dentre eles a capacidade de percepção do mercado, a capacidade de inovação, desenvolvimento e lançamento de novos produtos.

Quando salientados o desenvolvimento e o lançamento de novos produtos, podem ser utilizadas as conclusões de Griffin (1997 apud COSTA, 2006) que apontam o fato de que 49% do crescimento das empresas bem-sucedidas é devido ao adequado lançamento de novos produtos, enquanto estes eram responsáveis por apenas 24% do crescimento das vendas das empresas menos bem sucedidas. Ou seja, os novos produtos eram responsáveis por uma pequena parte dos insucessos das empresas e por outro lado contribuíam em grande escala para o crescimento das empresas bem sucedidas.

Após essas reflexões, o problema da pesquisa se expressa na seguinte questão: De que maneira o desenvolvimento de novos produtos pode contribuir

para a competitividade da atividade agroindustrial? 1.4 Justificativa

No universo das diferentes temáticas apresentadas no decorrer do Programa de Mestrado em Desenvolvimento da UNIJUI, na linha de pesquisa da gestão de organizações para o desenvolvimento da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - UNIJUÍ, optou-se por pesquisar o desenvolvimento de novos produtos como estratégia de competitividade a partir do seu contexto e dimensões em uma organização do setor agroindustrial devido a sua importância para a efetividade dessa organização e pela importância de tais organizações na economia local e regional. O presente estudo encontra-se alinhado com o Núcleo de Estudos em Marketing do programa Marketing e Desenvolvimento.

Assim como os demais setores, o agroindustrial vem se tornando cada vez mais competitivo. Isso tem chamado a atenção de muitos pesquisadores que empreendem estudos no campo de organizações agroindustriais sob uma perspectiva econômica (VAN DUREN; MARTIN; WESTGREN, 1991; SILVA; BATALHA, 1999; BATALHA; SILVA, 2001; LUCCHESE; BATALHA, 2003; RIBEIRO, 2003; RAMA; ALFRANCA; TUNZELMANN, 2003). A dinamicidade do ambiente exige que as organizações inseridas neste setor incorporem novas práticas organizacionais de integração interna em busca de um alinhamento com as condições externas (CUNHA; SENGER; SENGER, 2004).

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No Brasil, a grande maioria dos produtos exportados são in natura, commodities ou nos primeiros níveis de processamento (NEVES; CHADDAD; LAZZARINI, 2000), porém o país tem potencial para industrializar esses produtos e exportá-los para vários mercados. Nesta perspectiva, os fatos indicam que não é apenas na ausência da atividade de marketing que reside o problema da conquista de mercados, mas na iniciativa de beneficiar e exportar o produto pronto para consumo.

Existem iniciativas de beneficiamento de produtos rurais para comercialização dentro de suas próprias regiões. São produtos que, uma vez no ponto-de-venda, concorrem com os grandes produtores, com produtos de outras localidades além, é claro, dos importados. Essa concorrência implica a necessidade de estratégias mais eficientes que busquem privilegiar a produção nacional, regional e local e que os diferenciem dos demais.

No intuito de privilegiar a produção nacional, deve-se valorizar as raízes culturais, e para isso destacam-se outras áreas do conhecimento a serem pesquisadas, tais como a psicologia e a antropologia, que fornecem ferramentas para análise do comportamento e do perfil dos consumidores, e também aportes para o trabalho de desenvolvimento de novos produtos agroindustriais.

Sendo assim, o planejamento de novos produtos não é uma atividade isolada. Uma série de fatores devem ser levados em consideração na fase que antecede o projeto, que implica um profundo conhecimento das ferramentas de marketing, área do conhecimento responsável pela análise e interpretação das necessidades do mercado consumidor que planeja suas ações integradas às estratégias da empresa.

O marketing com suas diversas ferramentas, aliado à produção industrial, pode contribuir para resultados efetivos de mercado e para a análise da cadeia agro alimentar, o que ajuda a refletir sobre a produção de novos produtos buscando a sustentabilidade da atividade dos pequenos produtores e a definição de objetivos para melhorar a competitividade dos produtos. Por isso, torna-se importante desenvolver subsídios para demonstrar que os investimentos feitos para o desenvolvimento de novos produtos sejam entendidos como uma importante estratégica para o desenvolvimento local e regional.

Quanto à originalidade, surge a intenção de investigar a diversificação da produção (novos produtos) como estratégia de competitividade dentro da empresa objeto do estudo de caso, objetivando ainda uma vinculação com o Programa de

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Incentivo à Exportação (PEIEX), vislumbrando uma possível expansão para mercados externos.

No quesito importância, a presente pesquisa abrange uma agroindústria especifica, mas que poderá dar origem a estudos em outras organizações utilizando-se da estratégia de ampliação do portfólio de produtos para o deutilizando-senvolvimento agroindustrial.

Além disso, a realização desta pesquisa visa contribuir para o desenvolvimento da organização estudada e, consequentemente, do setor agroindustrial, do local e da região onde ela está inserida. Tem a pretensão de incentivar futuras pesquisas e oportunizar o crescimento e o desenvolvimento do saber científico e cultural do pesquisador envolvido e dos demais interessados.

E, por fim, a viabilidade da pesquisa se justifica pela intenção particular do pesquisador com o presente estudo de caso, dispondo tempo, pessoas, recursos financeiros para busca das informações potenciais necessárias.

1.5 Objetivos

1.5.1 Objetivo Geral

O objetivo geral do presente trabalho de pesquisa consiste em estudar o desenvolvimento de novos produtos como estratégia de competitividade.

1.5.2 Objetivos Específicos

• Identificar quais os potenciais produtos a serem lançados, mediante pesquisa de mercado;

• Averiguar as estratégias de marketing, de acordo com o modelo de desenvolvimento de novos produtos, adequadas para desenvolvimento, distribuição e comercialização da produção;

(24)

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Para a efetivação desta proposta de pesquisa é imprescindível buscar na literatura os fundamentos teóricos existentes sobre o tema a ser desenvolvido. Tal fundamentação consiste na sua base de sustentação, pois “não é possível interpretar, explicar e compreender a realidade sem um referencial teórico” (TRIVIÑOS, 1987, p. 104).

Este capítulo apresenta uma revisão dos estudos que contemplam o assunto abordado e que dão suporte ao estudo, o qual implicou a seleção, leitura, interpretação e análise do material, cuja teoria considerou-se pertinente. Permitiu, ainda, levantar dados e informações contextuais para tratar a problemática em questão e identificar soluções alternativas para melhor qualificá-la. Do ponto de vista acadêmico, permitiu conhecer quadros de referência, elaborar precisão conceitual e investir na formação da consciência crítica (DEMO, 1991).

2.1 Desenvolvimento

Neste tópico, apresentam-se definições acerca da temática do Desenvolvimento, bem como suas dimensões, pressupostos, além dos aspectos sobre o desenvolvimento sustentável, desenvolvimento local, entendendo-se que essa discussão é importante para a pesquisa proposta.

2.1.1 Definições de Desenvolvimento e Dimensões

O termo “desenvolvimento” tem ocupado lugar de destaque na atualidade, além de assinalar uma mudança de paradigma em muitas das concepções. Trata-se de uma discussão cuja ótica se insere nas mais diversas áreas, principalmente nas discussões das políticas públicas. Apesar disso, há uma grande dificuldade conceitual em função de sua abrangência, a qual, no pós-guerra, estava fortemente vinculada às questões econômicas e, atualmente, assume outras dimensões.

Conforme explicita Buarque (2008, p. 15), até a década de 70 do século passado, o modelo de crescimento econômico, definido como fordismo, parecia, tanto nos países industrializados, quanto nas nações economicamente emergentes, solidamente implantado e inabalável, fundado sobre um tripé “abundância de

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recursos naturais (e energéticos), aumento da produtividade do trabalho e presença do Estado de Bem-Estar (ou do Estado desenvolvimentista no caso do Brasil).”

Ao entrar em declínio este modelo de desenvolvimento, surge um novo paradigma cujas concepções e percepções trazem à tona novas propostas de organização da economia e da sociedade, conforme pode ser observado no Quadro 1, a seguir:

FORDISMO NOVO PARADIGMA

- Crescimento econômico extensivo com aumento de consumo de massas;

- Economia de escala (padronização e produção em grandes quantidades);

- Competitividade baseada em abundância de recursos naturais, baixo custo da mão-de-obra, e limitado controle ambiental (impactos ambientais externalizados); - Estado de Bem Estar e interventor com

gerência burocrática e crescente

participação no PIB e no crescimento social; - Aumento da produtividade, dos salários (participação na renda nacional) e do emprego;

- Dinamização da base industrial e do consumo de bens industrializados de massa.

- Crescimento econômico seletivo com diversificação do consumo;

- Flexibilidade da produção e ganhos na qualidade e diversidade de produtos (economia de escopo);

- Competitividade baseada em tecnologia, conhecimento, informação e recursos humanos qualificados e no controle e qualidade ambiental;

- Novas institucionalidades, reorientação do papel do Estado para a regulação e administração por resultados (terceiro setor);

- Aumento da produtividade e da qualidade com mudança das relações de trabalho e redução do emprego formal e do trabalho no valor do produto;

- Crescimento de novos segmentos e setores, especialmente terciário, serviços

públicos e quaternário (serviços

ambientais). Quadro 1: Mudança no paradigma de desenvolvimento Fonte: Buarque (2008, p. 18).

A incorporação dos chamados “serviços ambientais” ao novo paradigma de desenvolvimento reflete a incorporação das questões ambientais como parte valorativa da economia mundial. Trata-se de um desenvolvimento que adquire muitas faces e que objetiva novas caracterizações. Seguindo essa linha de pensamento, muitas têm sido as dimensões apontadas pelos modelos de desenvolvimento presentes na literatura contemporânea. Entre elas, é possível destacar o desenvolvimento territorial que, na verdade, reflete a acepção mais ampla do desenvolvimento, ou como justifica Dallabrida (2007, p. 47):

(26)

A referência à dinâmica territorial do desenvolvimento, dentre outras razões possíveis, justifica-se pelo fato de que se entende que o desenvolvimento ocorre localizadamente, no território, na região, no município, na localidade, logo porque desenvolvimento territorial, que pode substituir termos usuais como desenvolvimento local, desenvolvimento regional, desenvolvimento econômico, desenvolvimento social, desenvolvimento humano, desenvolvimento local/regional sustentável, ou outros. O qualificativo territorial abarca todas estas dimensões.

O autor pondera, ainda, que:

[...] o conceito de território não deve ser confundido com o de espaço ou de lugar, estando muito ligado à ideia de domínio ou de gestão de determinada área. Deve-se ligar o conceito de território à ideia de poder. O território é, então, o espaço territorializado, apropriado. É a escala local da escala espaço-temporal. (DALLABRIDA, 1999, p. 2).

Na verdade, o território passa a ser uma espécie de regulador autômato de relações, dotado de capacidade de síntese para absorver projetos, sejam eles de cunho social ou mesmo político. Ou seja, “personifica-se, fetichiza-se e ratifica-se o território ao preconizar que o mesmo tenha poder de decisão, desde que dotado do adequado grau de densidade institucional e comunitária” (BRANDÃO, 2004, p. 58). A ação pública, por assim dizer, seria, então, no sentido de tornar este território mais empreendedor e mais sensível para, assim, construir relações de confiança e consensos duradouros a partir de pressupostos por ora existentes.

Seguindo essa linha de pensamento, é importante lembrar que, para ser possível realizar uma proposta de desenvolvimento territorial, é necessário que haja consciência de que o território é mais do que uma simples base física para as relações entre indivíduos e empresas. É necessário, antes de mais nada, que existam inter-relações complexas que vão além de seus atributos naturais. Na visão de Cunha (2000), desenvolvimento territorial depende de governança. O autor esclarece que:

Um conceito de território centrado na questão do poder permite dar consciência à concepção de desenvolvimento territorial, a partir da conclusão de que políticas públicas de caráter territorial não podem ser formuladas e implementadas sem a participação dos atores públicos e privados, vinculados ao maior número possível de segmentos econômicos, sociais, políticos e culturais, os quais estão presentes em diferentes configurações regionais ou territoriais. Dessa forma, modelos e projetos de desenvolvimento territorial dependem basicamente de uma “engenharia política” que promova uma “governança”, ou um “pacto” que envolva a maior diversidade possível de atores. (CUNHA, 2000, p. 56-57).

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Abramovay (2000, p. 11) afirma que “projetos de desenvolvimento terão tanto mais chances de sucesso quanto mais forem capazes de extrapolar um único setor profissional”. Isso por que o desenvolvimento territorial “apóia-se antes de tudo, na formação de uma rede de atores trabalhando para a valorização dos atributos de uma certa região”.

Dessa forma, faz-se necessário um repensar nas formas de encaminhamento das questões institucionais, organizativas e propriamente políticas. O fundamental é perceber que o que se considera “político” é, verdadeiramente, um fator decisivo para superar certos determinismos culturais e institucionais fortemente enraizados nas abordagens desenvolvimentistas. Nesse sentido, o que se verifica é que não trabalhar com um conceito de território definido e considerado pela ótica das relações de poder e, destarte, políticas, não significa uma falta de reconhecimento da importância das outras vertentes que também consideram este conceito. A opção política deve-se a uma preocupação com a questão do desenvolvimento a qual, por sua vez, pressupõe a formulação e implementação de projetos, planos e políticas públicas que tenham como objetivos transformar ou dinamizar comunidades específicas, principalmente quando se trata de propostas abertas, nas quais esteja presente um certo grau de descentralização, numa tentativa de integrar participativamente a comunidade local. Nesses termos, acredita-se que ganha relevância a questão das relações de poder, as quais passam pela atuação de grupos, classes e instituições, enfim, atores individuais e coletivos, públicos e privados, que trabalham a partir de heranças culturais, políticas e econômicas relativas a uma determinada região vista, no caso, como um território.

Assim, o desenvolvimento regional é modelado e discutido sobre a interferência de dois processos: o primeiro, pela transferência incorporada em um projeto nacional descentralizador, e o segundo, por intermédio da criação de um poder político, algo que se torna operacional mediante o consenso político, o pacto social, a cultura da cooperação e a capacidade de criar, coletivamente, um projeto de desenvolvimento. “Eis, portanto, a relevância do conceito de projeto político regional como instrumento de criação de poder político” (BOISIER, 1996, p. 124).

Alguns atributos são inerentes a um processo de desenvolvimento regional, dentre os quais, segundo Dallabrida (2008, p. 3), podem ser destacados:

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[...] um crescente processo de autonomia regional; uma crescente capacidade regional de apropriar-se do excedente ali gerado e revertê-lo na própria região; um crescente movimento de inclusão social; um crescente processo de conscientização e mobilização social em torno da proteção ambiental e, finalmente, uma crescente autopercepção coletiva de “pertença regional”, isto é, de identificação da população com sua região.

Um processo de desenvolvimento regional, portanto, deve contemplar as questões inerentes à sustentabilidade, ou seja, que a agressão ao meio ambiente seja a menor possível, que os resíduos produzidos sejam minimizados e que o destino dado a eles seja ambientalmente correto e, principalmente, que minimize as desigualdades sociais.

Adotar uma estratégia de desenvolvimento regional pode contribuir sobremaneira para compatibilizar desenvolvimento com sustentabilidade. O conhecimento de uma determinada geografia regional torna-se, assim, um fator determinante para a definição e implementação de políticas de desenvolvimento adequadas às diferentes realidades regionais.

O processo de desenvolvimento regional abarca outra caracterização, que é a chamada endogeneização. Trata-se de um conceito que qualifica o desenvolvimento “germinado no interior da região, que contempla as necessidades e aspirações da coletividade regional e resulta de uma sólida e ativa consciência de territorialidade” (DALLABRIDA, 2008, p. 7). Algumas expressões-chave inerentes a este processo são a convergência e a interação. É o desenvolvimento impulsionado por elementos internos, ou seja, de dentro para fora. Nesse processo, o território atua decisivamente na formação de estratégias que influenciam sua dinâmica de desenvolvimento. A interação entre os atores públicos e privados é fundamental para gerar a sinergia necessária ao processo de desenvolvimento. Trata-se, portanto, de um projeto coletivo de desenvolvimento que se articula dentro de um território, daí a ideia de endógeno.

Na definição de Amaral Filho (2001), desenvolvimento endógeno pode ser entendido como um processo de crescimento econômico o qual implica uma contínua ampliação da capacidade de agregação de valor sobre a produção, bem como da capacidade de absorção da região cujo desdobramento é a retenção do excedente econômico gerado na economia local e/ou a atração de excedentes provenientes de outras regiões.

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Barquero (2001) esclarece que esse modelo de desenvolvimento tem como base o local e, por isso, considera que as ações da sociedade civil e suas iniciativas organizacionais assumem caráter imprescindível dentro deste processo. Observa que tal modelo, por vislumbrar questões de natureza microeconômica, permite que a região atinja um crescimento equilibrado e sustentado no longo prazo, sem que haja conflitos com questões de ordem cultural e social. Para o autor,

O desenvolvimento endógeno pode ser visto como um processo de crescimento econômico e de mudança estrutural, liderado pela comunidade local ao utilizar seu potencial de desenvolvimento, que leva à melhoria do nível de vida da população. [...]. A distribuição da renda e riqueza e o crescimento econômico são dois processos que não ocorrem paralelamente. Na verdade, só adquirem uma dinâmica comum pelo fato de os atores públicos e privados tomarem decisões de investimentos que visam elevar a produtividade e a competitividade das empresas, solucionar os problemas locais e aumentar o bem-estar da sociedade. (BARQUERO, 2001, p. 41).

Tal conceituação, analisada do ponto de vista regional, leva a crer que o conceito de desenvolvimento endógeno pode ser entendido como um processo de crescimento econômico que implica uma contínua ampliação da capacidade de agregação de valor sobre aquilo que é produzido, bem como da capacidade de absorção do locos, cujo desdobramento é a retenção do excedente econômico gerado localmente, além de gerar uma atração de excedentes que provêm de outras regiões. Dessa relação, surge um leque de possibilidades, dentre as quais cabe destacar a ampliação do emprego, do produto e da renda do local ou da região. Seria, portanto, uma estratégia por meio da qual as regiões poderiam resistir aos impactos negativos da globalização.

O modelo endógeno de desenvolvimento seria, desta forma, baseado, embora não exclusivamente, nos recursos localmente disponíveis, dando a estes uma nova dinâmica, de maneira a torná-los mais “utilizáveis”. As formas empíricas de desenvolvimento endógeno precisam, sim, ser valorizadas, uma vez que este é, sem dúvida, o modelo mais capaz de responder aos desafios ecológicos. Outro ponto importante dentro do conceito de desenvolvimento endógeno é que este tende a manter os benefícios do desenvolvimento na economia local, gerando maior satisfação da sociedade como um todo.

Para isso, o desenvolvimento regional endógeno deve compreender, pois, três elementos estreitamente interligados: a capacidade cultural de pensar em si

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mesmo e de inovar; a capacidade político-administrativa de tomar decisões autônomas e de organizar a execução das mesmas; a capacidade do aparelho de produção assegurar sua reprodução, em conformidade com os objetivos sociais estabelecidos coletivamente (SACHS, 1986).

Desenvolvimento endógeno também supõe desenvolvimento local, o que, na opinião de Buarque (2008, p. 26),

É o resultado de múltiplas ações convergentes e complementares, capaz de quebrar a dependência e a inércia do subdesenvolvimento e do atraso em localidades periféricas e de promover uma mudança social no território. Não pode se limitar a um enfoque econômico, normalmente associado às propostas de desenvolvimento endógeno, mas não pode minimizar a importância do dinamismo da economia. Especialmente em regiões e municípios pobres, deve perseguir com rigor o aumento de renda e da riqueza locais, por meio de atividades econômicas viáveis e competitivas, vale dizer, com capacidade de concorrer nos mercados locais, regionais e, no limite, nos mercados globais. Apenas com economia eficiente e competitiva gerando riqueza local sustentável pode-se falar, efetivamente em desenvolvimento local, reduzindo a dependência histórica de transferências de rendas geradas em outros espaços.

De acordo com esta concepção, o desenvolvimento local supõe mudanças institucionais relativas à gestão das instituições públicas locais, incluindo o município, onde os excedentes necessitariam ser investidos para melhoria das questões sociais e estratégicas para a localidade. É importante destacar que desenvolvimento local não pode ser confundido com aquele gerado pelo capital externo e que, na verdade, não se internaliza e não se irradia na economia local. Tais investimentos não produzem mudanças efetivas na organização da sociedade, não fixam raízes e, por consequência não solucionam os problemas relativos à concentração de renda.

O desenvolvimento local, à medida que ocorre de fato, é também sustentável e resulta, segundo Buarque (2008, p. 27), “da interação e sinergia entre a qualidade de vida da população local - redução da pobreza, geração de riqueza e distribuição de ativos-, a eficiência econômica - com agregação de valor na cadeia produtiva - e a gestão pública eficiente”. Assim, qualquer estratégia de desenvolvimento local, para ser considerada sustentável, deve demandar a elevação das oportunidades da sociedade, compatibilizando, dessa forma, no tempo e no espaço, “o crescimento e a eficiência econômicos, a conservação ambiental, a qualidade de vida e a equidade social” (BUARQUE, 2008, p. 27). Tudo isso firma um compromisso com o futuro e

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solidariedade com as futuras gerações, apesar de ser um processo carregado de dificuldades e resistências estruturais.

Essas questões, associadas a alguma alternativa de distribuição de ativos sociais, principalmente aqueles ligados ao conhecimento e à própria tecnologia inerente a ele, seriam, por assim dizer, os pontos-chave para a viabilização consistente e sólida do desenvolvimento local.

Para esta dissertação, o recorte territorial definido para análise empírica é o município de São Martinho-RS e sua região. A análise dessa trajetória de desenvolvimento, com base em aspectos principalmente ambientais e sociais, leva a uma reflexão sobre como ocorre a avaliação da sustentabilidade, em que medida ela ocorre e qual a sua significância para a população local. Embora haja muitas controvérsias entre o desenvolvimento que se quer e o desenvolvimento que, de fato, se tem, o referencial que precisa ser buscado é aquele que melhor se coaduna ao âmbito espacial no qual se está inserido. Se esse desenvolvimento é sustentável ou insustentável, somente uma mensuração criteriosa poderá mostrar. Porém, mais do que mensurar, é preciso ter a clareza dos critérios de seleção dos pontos que realmente emergem como indutores de qualidade de vida.

Nesse novo paradigma de desenvolvimento, o enraizamento de ideias voltadas para tal concepção depende principalmente da “ampliação da massa crítica de recursos humanos” (BUARQUE, 2008, p. 31), bem como do domínio do conhecimento e da informação que podem trazer as respostas às indagações comumente expressas por uma dada população.

Na intenção de compreender a abrangência que o conceito de desenvolvimento incorpora, e a qualificação deste como sustentável, é que a análise a seguir destaca aqueles aspectos conceituais inerentes ao desenvolvimento e que, a partir de diferentes interpretações, produz resultados adversos na realidade em que se configura.

2.1.2 Pressupostos do Desenvolvimento

O debate acerca do conceito de desenvolvimento é bastante rico no meio acadêmico, principalmente quanto à distinção entre desenvolvimento e crescimento econômico. O desenvolvimento, em qualquer concepção, deve resultar do crescimento econômico acompanhado da melhoria na qualidade de vida, ou seja,

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está intrinsecamente relacionado ao desejo de ser feliz, ter uma vida longa, e alcançar a realização de si próprio. Nessa definição, encontra-se a concepção de Brandão (2004, p. 70) ao ponderar que “o desenvolvimento enquanto processo multifacetado de intensa transformação estrutural resulta de variadas e complexas interações sociais que buscam o alargamento do horizonte de possibilidades de determinada sociedade”. Tais possibilidades proporcionam mudanças que alteram as relações tradicionais, sejam elas na maneira de pensar, no trato com a saúde e a educação, nos aspectos relacionados à produção e ao uso das tecnologias.

As mudanças associadas ao desenvolvimento devem permitir aos indivíduos e à própria sociedade maior controle sobre seu destino e a construção de um padrão de vida mais equitativo, com redução significativa da pobreza. Para tanto, é necessário que as estratégias adotadas no sentido de promover o desenvolvimento contemplem uma perspectiva de transformação, tanto de suas instituições, quanto de seu capital social para, a partir daí, potencializar as capacidades que já são inerentes à determinada realidade. Para Brandão (2004, p. 70), “esse processo deve promover a ativação de recursos materiais e simbólicos e a mobilização de sujeitos sociais e políticos buscando ampliar o campo de ação da coletividade aumentando sua autodeterminação e liberdade de decisão”. O autor complementa destacando que “o verdadeiro desenvolvimento exige envolvimento e legitimação de ações disruptivas e emancipatórias, envolvendo, portanto, tensão, eleição de alternativas e construção de trajetórias históricas, com horizontes temporais de curto, médio e longo prazos” (BRANDÃO, 2004, p. 70).

Na falta dessas premissas, a condição de desenvolvimento empreendida por uma determinada realidade nem sempre se manterá sustentável, principalmente a longo prazo. Se não há interação recíproca entre os diversos atores envolvidos em prol de uma construção social coletiva, então esse desenvolvimento não é pleno, e a desigualdade social não é superada. Quando uma estratégia de desenvolvimento é legítima e conta com a participação da sociedade como um todo organizado, então, é mais provável que haverá êxito. É o que Furtado (1982, p. 149) avalia ao destacar que:

[...] a experiência tem demonstrado amplamente que o verdadeiro desenvolvimento é principalmente um processo de ativação e canalização de forças sociais, de avanço na capacidade associativa, de exercício da iniciativa e da inventiva. Portanto, se trata de um processo social e cultural, e só secundariamente econômico. Ou seja, produz-se o desenvolvimento

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com intencionalidade, pois o desenvolvimento significa a gênese de formas sociais efetivamente novas.

É sabido que o desenvolvimento, ao contrário do crescimento econômico, vai muito além da mera multiplicação da riqueza material. Na opinião de Sachs (2004), o crescimento é uma condição necessária, mas de forma alguma suficiente. Destaca, contudo, que:

No contexto histórico em que surgiu, a ideia de desenvolvimento implica a expiação e a reparação de desigualdades passadas, criando uma conexão capaz de preencher o abismo civilizatório entre as antigas nações metropolitanas e a sua antiga periferia colonial, entre as minorias ricas modernizadas e a maioria ainda atrasada e exausta dos trabalhadores pobres. O desenvolvimento traz consigo a promessa de tudo a modernidade inclusiva propiciada pela mudança estrutural. (SACHS, 2004, p. 13).

O autor, em obra anterior, recontextualiza o desenvolvimento como “a apropriação efetiva de todos os direitos humanos, políticos, sociais, econômicos e culturais, incluindo-se aí o direito coletivo ao meio ambiente” (SACHS, 2002, p. 60). Tal direito coletivo ao meio ambiente seria, na opinião de muitos autores, torná-lo sustentável ou, como afirma Sachs (2004), com igualdade, equidade e solidariedade. Alcançar o progresso em direção à sustentabilidade é claramente uma escolha da sociedade, das organizações, das comunidades e dos indivíduos (BELLEN, 2007).

Historicamente, no entanto, a busca pelo desenvolvimento levou muitas sociedades a repensarem suas formas de organização e apropriação dos recursos. Os debates relacionados ao desenvolvimento econômico tornaram-se mais evidentes a partir do término da Segunda Guerra Mundial. Apesar de, muitas vezes, vir acompanhado com qualificativos como sustentável ou mesmo humano, proferido por gestores e/ou entidades representativas da sociedade, é entendido como estando atrelado à ideia de progresso material ou ao acúmulo cada vez maior de bens e serviços. Obviamente, trata-se de uma corrida desenfreada rumo ao que se pode chamar de insustentável, considerando que não existem recursos suficientes para viabilizar tantos anseios da população do planeta.

Para Veiga (2005), três são os entendimentos acerca do desenvolvimento. Uma primeira corrente seria a dos fundamentalistas. Nesse sentido, o desenvolvimento teria o mesmo significado de crescimento econômico. Essa noção

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ainda apresenta grande força na atualidade, tendo como principal exemplo da sua aplicação a comum medição do desenvolvimento com base no Produto Interno Bruto per capita de um país. A segunda corrente, cuja ideologia se encontra na obra de Rivero (2002), nega a existência do desenvolvimento, tratando-o como um mito. Aqueles que comungam desta ideia são chamados de pós-modernistas. Na opinião destes, a noção de desenvolvimento sustentável em nada altera a visão de desenvolvimento econômico. Portanto o desenvolvimento poderia ser entendido como uma “armadilha ideológica construída para perpetuar as relações assimétricas entre as minorias dominadoras e as maiorias dominadas” (SACHS, 2004, p. 26). Já o terceiro entendimento seria de maior complexidade, o que, em muitos casos, acaba por ser um empecilho para sua disseminação.

Este terceiro e mais complexo entendimento ganha força com o primeiro Relatório do Desenvolvimento Humano em 1990, e obtém maior consistência nas palavras de Sen (2002) com a noção de “desenvolvimento como liberdade”, de modo que só poderia ocorrer se fossem garantidos a todas as pessoas os seus direitos individuais, os quais efetivariam a sua liberdade. Assim, liberdade, em momento algum poderia se restringir a ser entendida como renda per capita devendo abranger questões culturais, sociais, entre outras. Para Veiga (2005, p. 34),

Se a liberdade é o que o desenvolvimento promove, então existe um argumento fundamental em favor da concentração dos esforços de análise nesse objetivo abrangente, e não em algum meio específico ou lista de instrumentos especialmente escolhida. O desenvolvimento requer que se removam as principais fontes de privação de liberdade: pobreza, e tirania, carência de oportunidades econômicas e destituição social sistemática, negligência dos serviços públicos e intolerância ou interferência de Estados repressivos.

Essa é, segundo Veiga (2003), a noção que mais se aproxima das discussões atuais sobre desenvolvimento sustentável, tendo grande importância nesse processo de transformação. O autor é taxativo ao afirmar que:

[...] “desenvolvimento sustentável” não é um conceito. Tanto quanto “justiça social” também não é um conceito, e sim uma forte expressão utópica que veio para ficar. Ambas talvez só se tornem obsoletas se um dia o planeta puder transformar-se numa espécie de Jardim do Éden. Enquanto não for possível que isso aconteça a humanidade continuará a querer liberdade, igualdade, fraternidade e, antes de tudo, sua própria sobrevivência. (VEIGA, 2003, p. 1).

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Para o autor, “utopia” não deve ser entendida no sentido literal da palavra, mas como um sentido filosófico que expressa a contemporaneidade de um conceito que deve servir de paradigma para muitas, ou a maioria, das ações que envolvem direta ou indiretamente sociedade e meio ambiente. No entanto, é preciso desmistificar muitas de suas conotações e buscar a essência do que se quer avaliar em uma determinada trajetória de desenvolvimento.

Furtado (1980) entende o desenvolvimento como um processo de transformação do mundo realizado pelo homem com o intuito de atender às suas necessidades. Porém, não se limita a isso, pois, para que consigam atender a essas necessidades, os seres humanos e as sociedades precisariam elevar os seus potenciais de invenção cultural, conseguindo, assim, as transformações esperadas. E é justamente em razão da evolução cultural que ocorre aprimoramento e exaltação da tecnologia em seu alto poder de difusão. Assim, o progresso tecnológico pode ser considerado um dos fatores fundamentais para a reprodução da sociedade capitalista, pois, através dele, é que se tornou possível o processo de acumulação. Acumulação que é representada pela transformação de recursos econômicos em capital, o qual possibilitará novas formas de acumulação.

Porém, remetendo-se mais uma vez à visão do desenvolvimento como um mito, a excessiva preocupação com o progresso tecnológico deixa implícitas questões sociais, culturais e ambientais. Nesse sentido, o alcance do nível de desenvolvimento econômico dos países desenvolvidos pelos países subdesenvolvidos seria, por assim dizer, impossível. Sobre isso Furtado (1996, p. 12) argumenta que: “[...] se tal acontecesse, a pressão sobre os recursos não renováveis e a poluição do meio ambiente seriam de tal ordem (ou, alternativamente, o custo do controle da poluição seria tão elevado) que o sistema econômico mundial entraria necessariamente em colapso”.

O autor, por meio de uma sintética conceituação, define o desenvolvimento, destacando que:

O crescimento econômico, tal qual o conhecemos, vem se fundando na preservação dos privilégios das elites que satisfazem seu afã de modernização; já o desenvolvimento se caracteriza pelo seu projeto social subjacente. Dispor de recursos para investir está longe de ser condição suficiente para preparar um melhor futuro para a massa da população. Mas quando o projeto social prioriza a efetiva melhoria das condições de vida dessa população, o crescimento se metamorfoseia em desenvolvimento. (FURTADO, 2004, p. 484).

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Outra abordagem se refere a Sachs (2004, p. 38), que procurou dar ao desenvolvimento o qualificativo de sustentável e includente. Acrescentou, ainda, que:

sob algumas circunstâncias, a inclusão justa se converte em requisito central para o desenvolvimento. Se o adjetivo deve colocar atenção no aspecto mais essencial do paradigma de desenvolvimento, podemos falar então de desenvolvimento includente.

O desenvolvimento includente mencionado por Sachs (2004) nada mais é do que uma garantia de que todos tenham assegurado o exercício de seus direitos, sejam eles civis, cívicos e políticos, em igualdade de condições e oportunidades. O autor, no que diz respeito à transição de um desenvolvimento quantitativo para um desenvolvimento socioeconômico equitativo, ou sustentável, enfatiza a ideia de que parece existir certo nível de concordância sobre: a necessidade de se deter o consumo excessivo pelos países industrializados em função da não-sustentabilidade em longo prazo e da necessidade de crescimento dos países pobres e não considerar as metas ecológicas e econômicas como conflitantes, mas incorporar o conceito de complementaridade.

2.1.3 Desenvolvimento Local e Agricultura Familiar

O desenvolvimento local tem sido tema de estudo para diversos autores que focam o espaço rural e, por consequência, resulta no resgate social de parcela significativa da população brasileira, que ganha relevância, especialmente no meio acadêmico, na sociedade civil e no Estado.

Nesse aspecto, quando se trata do conceito de desenvolvimento, tem-se que este não se inicia por meio de um modelo pré-determinado, mas é inspirado nas metas de longo prazo de uma sociedade. Considerando que ele deve visar ao desenvolvimento, a torno das pessoas e não das pessoas em torno do desenvolvimento e, a discussão sobre o tema amplia o diálogo ao tratar de especificidades de determinado segmento.

O entendimento do desenvolvimento com essas características parte do conceito construído no início da década de 90, no âmbito do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Em uma perspectiva mais ampla, o referido

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conceito compreende todas as potencialidades humanas em todas as espécies, abrangendo o indivíduo em todas as etapas, valorizando os esforços de cidadania e orientando para o desenvolvimento de uma nova cultura que reconheça direitos e reivindicações sociais como necessários para melhorar o bem estar dos indivíduos.

Contudo, o fracasso de inúmeros projetos de desenvolvimento levou muitas instituições de pesquisa e fomento, de certa forma, a repensarem as razões do fracasso. Neste sentido, ainda na década de 1970, enquanto o padrão de desenvolvimento baseado no progresso técnico estava sendo implementado de forma contundente em diversos países, em outros, já havia estudos sendo realizados e apontavam que este padrão apresentava uma série de restrições, sobretudo, do ponto de vista ambiental.

Entre os principais aspectos que chamam atenção em relação ao período da modernização, foi a adesão parcial dos agricultores às tecnologias e aos modos de produção e de vida moderna. Essa não-adesão generalizada ao modelo tecnológico, ou seja, a persistência dos modelos tradicionais de agricultura e o não desaparecimento da agricultura do tipo familiar, juntamente com as rápidas mudanças socioculturais, econômicas e, sobretudo, ambientais, passaram a ser objetos de estudo nos principais institutos de desenvolvimento e universidades, em âmbito mundial.

Buscando adequar ao meio rural as noções do “desenvolvimento sustentável”, estudos demonstravam que a eficácia dos projetos de desenvolvimento depende das condições de produção e que os agricultores exerciam um papel importante, na identificação de problemas e soluções. Com isso, incentivaram-se pesquisas para retomar os estudos do “rural” a partir de uma perspectiva mais abrangente, alicerçada na compreensão da realidade dos agricultores, seus modos de produção e seus respectivos comportamentos e estratégias (RODRIGUES, 1999).

A partir dessas experiências, passou-se a discutir, sob forma de diversos termos e noções, um modelo de desenvolvimento que contemplasse não só os aspectos econômicos, mas também as esferas cultural, social, ambiental e institucional. Essa discussão de desenvolvimento de forma mais equitativa, assume várias denominações as quais estão abrigadas sob o grande tema do Desenvolvimento Sustentável.

A abordagem realizada por Basso (2004) está voltada para o estudo do contexto de desenvolvimento rural local na região noroeste do Estado do Rio Grande

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do Sul e estratégias de reprodução das famílias rurais nessa referida região. Para tanto, o autor utiliza a observação de estratégias adotadas pelos grupos familiares para buscar garantir condições de vida que assegurem a sobrevivência e reprodução de seus membros.

Ao estudar o desenvolvimento local para compreender o processo de reprodução social, observam-se algumas discussões doutrinárias que partem inicialmente da discussão do desenvolvimento frente ao processo de globalização, destacando que, de um lado, tem-se a análise de determinantes estruturais de acordo com a manifestação existente em cada lugar investigado e, de outro, a constatação de que o local não pode estar limitado tão somente aos atores sociais, pois se torna imprescindível contextualizar as formas pelas quais a dinâmica social global se manifesta num lugar específico, como condiciona as iniciativas locais e possibilidades existentes (BASSO; DELGADO; SILVA NETO, 2003).

Ainda, a teoria dos sistemas agrários trata de uma forma de abordar as condições e modalidades de produção agrícola em sua complexidade e diversidade, permitindo compreender os mecanismos de reprodução econômica das unidades de produção ao longo do tempo. Considera também as modificações que se processam no ambiente socioeconômico no qual estão inseridas.

Para Silva Neto e Basso (2005), a compreensão do funcionamento da sociedade, por meio de uma análise das condições materiais de sua existência, deve ser efetuada de um ponto de vista dinâmico. Isto é, é preciso que se procure compreender não apenas como essas sociedades funcionam, mas principalmente como elas "se reproduzem" ao longo do tempo.

Assim, à medida que a sociedade é entendida como um sistema não conservativo é importante efetuar uma análise específica dos processos de reprodução social que permitem que os diversos agentes sociais não apenas assegurem a sua subsistência, mas também mantenham sua identidade ao longo do tempo.

Neste sentido, entende-se por reprodução social a forma como as diferentes categorias sociais conseguem manter as suas características ao longo do tempo, especialmente no que diz respeito às condições materiais para que isto ocorra, ou seja, aos processos produtivos que a ela dão suporte. Além de relações sociais específicas, a cada categoria social correspondem também meios de produção

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