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APOSTILA PSICOPEDAGOGIA EMPRESARIAL

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Academic year: 2021

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Elaboração

Marcelo Lessa dos Anjos Produção

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APRESENTAÇÃO ... 4 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA ... 5 INTRODUÇÃO... 7 UNIDADE I

SURGIMENTO DA PSICOPEDAGOGIA ... 11 CAPÍTULO 1

UM POUCO DA HISTÓRIA DA PSICOPEDAGOGIA ... 11 CAPÍTULO 2 REGULAMENTAÇÃO E FORMAÇÃO ... 20 CAPÍTULO 3 GESTÃO DO TEMPO ... 28 UNIDADE II PSICOPEDAGOGIA EMPRESARIAL ... 34 CAPÍTULO 1 ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO ... 34 CAPÍTULO 2

CULTURA, CLIMA E MOTIVAÇÃO ... 46 CAPÍTULO 3

TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE PESSOAS ... 52 UNIDADE III

MUDANÇAS E TRANSFORMAÇÕES ORGANIZACIONAIS ... 62 CAPÍTULO 1

GESTÃO DE CARREIRA ... 62 CAPÍTULO 2

PREVENÇÃO AO USO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS ... 69 CAPÍTULO 3

PROJETO EMPRESARIAL ... 80 PARA (NÃO) FINALIZAR ... 89 REFERÊNCIAS ... 93

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Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

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Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado.

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Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Da mesma forma que o pedagogo media conflitos, o psicopedagogo tem que ter como base de seu trabalho a virtude de ouvir. Muitos profissionais da área afirmam que o psicopedagogo tem que saber ouvir, enxergar e se calar, mas, indo além, é preciso também saber não julgar. Para o ser humano, é algo natural fazer julgamentos, expor valores morais e não aceitar verdades. Contudo, é exatamente no ato de se pôr no lugar e de se imaginar na angústia do outro que é possível notar que somos todos humanos. Em outras palavras, significa que enxergar o problema do outro é procurar a verdade de si como ser humano.

Para muitos, enxergar a própria verdade e adequar-se a ela é algo bastante difícil. Isso porque as vontades e desejos mais intensos estão mergulhados no inconsciente humano, conforme estudado pela psicologia freudiana.

Contrapesar a verdade de si com a de outra pessoa e ter a habilidade de lidar mais consigo do que com os outros são pontos intrínsecos ao trabalho do psicopedagogo, que tem por função, especialmente, fornecer condições para que cada indivíduo elabore e internalize a sua própria verdade, tornando-se, assim, capaz de viver bem com a sua verdade e com a alheia, fazendo parte de um processo de aprendizado maior e contínuo: o educativo.

Em uma instituição empresarial, mediar conflitos interpessoais ou adequá-los de maneira logística e otimizada para que seus colaboradores desempenhem sempre o máximo de si não significa somente utilizar a lógica capitalista dentro de uma organização, mas acaba por possibilitar a transformação de vidas, fazendo com que tragam o melhor de si para o mundo. Ao fornecer condições para que as pessoas não se julguem, mas se transformem em seres melhores, principalmente consigo, a empresa está contribuindo para o desenvolvimento humano da sociedade. É uma análise e uma conduta dupla, pois, além de visar à reprodução social, pode também ser causa para a criação de condições que levem a uma transformação social.

O psicopedagogo, em sua atuação empresarial, objetivará o aumento do lucro e uma capacitação maior no trabalho. Contudo, é necessário se tornar um profissional que compreende o valor do bem-estar do indivíduo nas mais variadas relações dentro da sociedade. Assim sendo, o seu trabalho tem por finalidade a promoção desse bem-estar como um instrumento que possibilita a produção qualificada e, ainda que vise ao lucro, o psicopedagogo

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empresarial realiza um trabalho que permite um incremento na qualidade de vida da sociedade, considerando que o indivíduo faz parte de um meio com várias relações sociais.

Assim, o trabalho de intervenção psicopedagógica pretende atuar em situações que afetam o desempenho humano e interferem de maneira negativa na dinâmica empresarial. Em ambas as situações, o profissional deve, primeiramente, observar a rotina de trabalho, se inteirando da rotina geral da instituição e tomar conhecimento da filosofia, produto ou serviço desta. Depois de adquirir um espectro global da estrutura da empresa, o psicopedagogo pode realizar suas inferências e apontar sugestões sempre fundamentadas e tangíveis à realidade da empresa.

A intervenção psicopedagógica, quando realiza uma avaliação empresarial, deve prestar atenção se vale a pena ou não atuar naquele momento, porque, ao implantar procedimentos e estratégias empresariais que não façam sentido para aquela realidade, dificilmente alcançará os objetivos planejados (TRANJAN, 2003).

Para mostrar um pouco do trabalho da Psicopedagogia Empresarial, procuramos dividir esta apostila em nove capítulos, entendendo que poderão ocorrer diversas discordâncias em relação ao conteúdo descrito, porém sabendo que esses assuntos estão longe de esgotar suas discussões mundo afora.

No primeiro capítulo da primeira unidade, abordaremos um pouco da história da psicopedagogia, retornaremos ao passado para falar em como começou o trabalho nas organizações, o fato de possuir um enfoque interdisciplinar abrangendo a Pedagogia, a Psicanalise, a Psicologia, a Epistemologia, a Neuropsicologia e a Linguística, entre outros campos do conhecimento.

E, para finalizar o capítulo, discutiremos alguns procedimentos psicopedagógicos, bem como a psicologia institucional e clínica, objetivando sempre a melhor intervenção para auxiliar os colaboradores.

No segundo capítulo da primeira unidade, será abordado o trabalho de regulamentação e formação. Para enfrentar as questões de ensino e aprendizagem, faz-se necessário aproximar-se de uma série de fatores, como uma formação geral advinda da relação entre conhecimentos e as características específicas. A formação do indivíduo ocorre em todas as fases da vida, constituindo-se em aprendizagem contínua de vivências, mudanças, conhecimento da realidade e conhecimentos específicos.

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administração demanda força de vontade, uma vez que é essencial se livrar dos hábitos e vícios enraizados. Talvez o maior absorvente do tempo de cada um seja a ausência de um plano apropriado e, ainda, a ausência de delegação.

No primeiro capítulo da segunda unidade, mostraremos a atuação do psicopedagogo, quem é, onde poderá atuar e como se encontra o mercado atualmente, bem como a atuação chave nos momentos decisivos, organizações que aprendem, o funcionamento da aprendizagem e do desenvolvimento, tudo relacionado às relações interpessoais, com base naquilo que é esperado por todos.

No segundo capítulo da segunda unidade, abordaremos a cultura, o clima e a motivação como ferramentas inseparáveis no processo de equilíbrio emocional dos colaboradores da empresa.

Mantê-los em constante motivação é uma tarefa das mais difíceis, haja vista as diversas mudanças que ocorrem nos cenários interno e externo da organização. Todavia, vale frisar que clima e cultura são duas coisas diferentes. O clima está inserido na cultura. A cultura possui um conceito mais extenso; ela não se modifica tão facilmente como o clima na organização.

No terceiro capítulo da segunda unidade, demostraremos a importância do Treinamento e do Desenvolvimento de pessoas para empregados e empresários no âmbito profissional, bem como apontaremos a diferença entre eles, mas ressaltando que ambos precisam caminhar lado a lado para o êxito da empresa. Destacaremos que o processo de tempo é diferente. Treinamento é um processo periódico e continuado. Implantar sistemas de integração de gestão, criando um planejamento estratégico para aumentar competências, poderá ser uma solução para atingir o sucesso organizacional.

No primeiro capítulo da terceira unidade, destacaremos a Gestão de Carreiras, assunto esse discutido de diversas formas nos corredores de empresas por todo o mundo.

Parece não haver um esgotamento, pois cada um tem a intensão de buscar rumos diferentes em suas profissões. Porém, conseguiremos, aos poucos, chegar à conclusão de que tanto a organização quanto as pessoas precisam trabalhar juntas para que se consiga se aproximar das metas a serem atingidas.

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No segundo capítulo da terceira unidade, estão elencadas as dificuldades de prevenção às drogas dentro da sociedade em geral, em razão dos fatores de riscos embutidos nas diversas maneiras de viver que existem.

Apontaremos, após uma breve introdução sobre o histórico das drogas em nossa sociedade, as medidas que devem ser adotadas pela empresa para identificar um funcionário com problemas de vício, tanto de drogas permitidas como proibidas, além de ser necessária a implementação de atividades de prevenção às drogas no ambiente de trabalho, evidenciando a relação que se estabelece entre empregado e empregador, os acidentes que ocorrem a partir do consumo de substâncias psicoativas e dos problemas de saúde acarretados por elas.

Por fim, no terceiro capítulo da terceira unidade, conversaremos sobre projeto empresarial. É importante frisarmos, acima de tudo, que, no âmbito empresarial, não há um modelo de projeto a ser seguido. A partir da análise de suas características e objetivos, cada organização escolherá aquele mais adequado às suas necessidades. Optamos por trabalhar com as diretrizes geradas por uma autora, bem como nos baseamos em situações partidas de experiências vividas no dia a dia nas empresas.

Objetivos

» Analisar a evolução do processo de aprendizagem humana, seus moldes de evolução e o meio no qual o indivíduo está inserido.

» Buscar intervir sempre que necessário no processo de ensino e aprendizagem, visando a um maior aprimoramento dos colaboradores nas empresas.

» Criar alternativas que possibilitem mudanças e transformações no local de trabalho, elevando o nível de motivação dos colaboradores e propostas de treinamento e desenvolvimento de forma contínua.

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PSICOPEDAGOGIA

CAPÍTULO 1

Um pouco da história da

psicopedagogia

A categoria profissional dos psicopedagogos se formou no Brasil em torno da década de 1950, com a divulgação da abordagem psiconeurológica do desenvolvimento humano, amplamente conhecida na época em nosso meio.

No início, os profissionais psicopedagogos se restringiram a essa linha de pensamento. Há pouco tempo, a falta de clareza sobre problemas de aprendizagem levou os alunos com dificuldades a serem encaminhados para profissionais das mais diversas áreas de atuação. Aos poucos, foi sendo descoberta a necessidade de uma formação mais abrangente e consistente, que possuísse a atuação educacional na figura de um único indivíduo apto e eficaz. Dessa forma, os atendimentos, antes espalhados entre vários profissionais, poderiam se concentrar em apenas um, tornando mais fácil o elo do aluno com a aprendizagem, resgatando o prazer de aprender e se desenvolver.

Hoje em dia, as novas contribuições das áreas de Sociolinguística e Psicolinguística, as recentes abordagens teóricas sobre aprendizagem e desenvolvimento, além das diversas pesquisas acerca da relevância dos fatores presentes dentro no ambiente escolar na determinação do fracasso do aluno têm proporcionado aos profissionais psicopedagogos uma análise mais ampla e crítica de seu próprio trabalho.

Nesse sentido, o psicopedagogo é um profissional pós-graduado, um especialista que reúne conhecimento de diversas áreas para intervir no processo de aprendizagem humana, tanto para potencializar quanto para auxiliar com possíveis dificuldades, utilizando instrumentos próprios da Psicopedagogia. Sua formação inicial acontece por meio de cursos de especialização lato sensu regulamentados pela Resolução do MEC n. 12/83, de 6/10/1983. Atualmente, a ABPp (Associação Brasileira de Psicopedagogia) tem tido uma preocupação maior com o número de cursos de Psicopedagogia lato sensu ministrados no

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UNIDADE I SURGIMENTO DA PSICOPEDAGOGIA

país, tanto nas instituições públicas quanto nas particulares, uma vez que eles não seguem nenhuma regulamentação específica.

Um dos pontos importantes acerca da atuação do psicopedagogo é a formação continuada. Isso quer dizer que não basta apenas fazer um curso de pós-graduação. Essa é a formação inicial, e, portanto, é de suma importância se manter atualizado, iniciando cursos em áreas diversas, como psicologia, linguística, neurociência, entre outras.

A psicopedagogia surgiu com o intuito de ajudar as pessoas com problemas de aprendizagem, e seus ramos de atuação situam-se, sobretudo, nas ações preventivas em instituições e na clínica, com atendimentos individualizados. Dessa forma, a psicopedagogia se propõe a procurar uma solução para os problemas na aprendizagem por meio de técnicas que podem ser trabalhadas de forma individual ou em grupo, a fim de se resgatar o desejo de aprender, observando quais fatores podem contribuir ou não para o processo de ensino-aprendizagem (BOSSA, 2011, p.48).

A psicopedagogia possui um enfoque interdisciplinar abrangendo a Pedagogia, a Psicanalise, a Psicologia, a Epistemologia, a Linguística e a Neuropsicologia, entre outras áreas do conhecimento. Contudo, faz-se necessário entender que todas essas áreas do conhecimento citadas, as quais norteiam as práticas psicopedagógicas, não devem ser utilizadas de maneira isolada, uma vez que o indivíduo deve ser compreendido como um ser social e complexo (BOSSA, 2011, p.40).

Nos anos 1960 e 1970, as principais correntes teóricas utilizadas na Psicopedagogia eram o Behaviorismo e o Humanismo. O Behaviorismo tinha estímulo e resposta como parte essencial, enquanto o Humanismo propunha fazer a vontade do ser que aprende. O ser humano como ser histórico e social não era valorizado (MARTINI, 1994, p.3).

Na contemporaneidade, é possível observar que a psicopedagogia se pauta em três fundamentações teóricas: na psicanálise, no associacionismo e no construtivismo. Na psicanálise, uma base fundamental é o vínculo. Portanto, de acordo com a psicanálise, é necessária a criação do vínculo para que ocorra a aprendizagem. No associacionismo, a valorização está centrada no tecnicismo. Nesse caso, prevalece o elemento externo sobre o cognitivo. No construtivismo, as relações sociais mostram-se essenciais para o desenvolvimento, pois elas orientam o sujeito na construção do conhecimento (MARTINI, 1994, p.4).

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Procedimentos na psicopedagogia

Assim que nasce, o sujeito inicia uma longa trajetória de variadas experiências. Durante a sua vida, o indivíduo se constitui, aprende e reaprende. Na aprendizagem, o indivíduo se desenvolve a fim de construir sua própria identidade ao longo de suas vivências. Segundo Martini (1994, p.1), ‘‘o [...] processo de aprendizagem pode ser positivo, prazeroso e eficaz, mas, por outro lado, o inverso pode ocorrer, e o aprender torna-se uma dificuldade e um desprazer’’.

Em se tratando de uma atividade complexa, é imperioso o aprofundamento das questões que estão intrínsecas nesse processo de aprendizagem. A função do psicopedagogo se fundamenta, especialmente, nos problemas que podem surgir ao longo desse processo, visando ultrapassar as adversidades que impedem o indivíduo de aprender e fornecendo meios que possibilitem a intervenção adequada junto à dificuldade.

Assim, é de suma importância que o psicopedagogo compreenda como se dá a aprendizagem. Alguns teóricos, principalmente no âmbito da psicologia, podem contribuir na compreensão de algumas dessas questões. Para tanto, selecionamos algumas teorias que embasam a psicologia, como o behaviorismo, o humanismo e o materialismo-histórico.

O behaviorismo é encontrado no ensino tradicional, ao não se estimular o poder de crítica do aluno e considerando o professor um simples instrutor em uma relação vertical, o que pode ser considerado, para muitos, uma maneira arcaica de ensino, como retrata o autor abaixo.

Muitos críticos designam essa tese por psicologia da mente vazia, tanto por se recusar a estudar a vida mental, quanto por defender que esta surge, não de potencialidades mentais inatas no organismo, mas sim da associação entre reflexos automáticos e determinados estímulos do meio. Segundo Watson, qualquer comportamento humano ou animal (desde uma simples emoção até a resolução de um complicado problema matemático) pode ser explicado pelo encadeamento de associações simples entre estímulos e respostas (GONÇALVES, 2007).

De acordo com essa posição, Watson opôs-se vigorosamente aos defensores de teorias inatistas, segundo as quais a aprendizagem depende do potencial de inteligência com que nascemos, e maturacionistas, segundo as quais a aprendizagem depende do processo de maturação fisiológica (GONÇALVES, 2007, p. 27).

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UNIDADE I SURGIMENTO DA PSICOPEDAGOGIA

Logo, Watson deixou de considerar elementos que hoje conseguimos entender que são relevantes, analisando o indivíduo apenas por seus instintos. Watson formulou a teoria que qualquer dificuldade poderia ser solucionada pelo indivíduo a partir do condicionamento por estímulos.

De acordo com Gonçalves (2007, p. 27): ‘‘Watson garantia que se conseguíssemos monitorar e controlar os estímulos em uma criança recém-nascida constantemente ao longo de seu crescimento poderíamos fazer dela tudo o que quiséssemos: advogado, médico, pedinte”. Para Watson, o meio era o fator que influenciaria o comportamento. Assim, se houvesse o controle do meio, seria possível obter o comportamento desejado.

No humanismo, a criatividade do aluno era deixada livre para, assim, ativar a aprendizagem. Carl Rogers, um dos principais teóricos dessa linha, afirma que:

[...] a pessoa educada é aquela que aprendeu a aprender, que aprendeu a adaptar-se e mudar, que aprendeu que nenhum conhecimento é seguro e que só o processo de busca do conhecimento provê base para segurança. A abordagem rogeriana implica que o ensino seja centrado no aluno, que a atmosfera da sala de aula tenha o estudante como centro; implica confiar na potencialidade do aluno para aprender, em deixá-lo livre para aprender, escolher seus caminhos, seus problemas, suas aprendizagens. O importante não é aprender certos conteúdos, mas sim a autorrealização e o aprender a aprender. (MOREIRA, 2009, p. 56).

Por isso, nessa linha de pensamento, o professor deve esperar que o aluno assuma o controle de ações que gerem seu conhecimento, pois a aprendizagem depende do aluno e de suas atitudes. O professor, nessa teoria, será o facilitador (MOREIRA, 2009, p. 56).

Segundo Carl Rogers, o sujeito é responsável pela habilidade de mudança. Conforme afirmação de Moreira (2009, p. 56): ‘‘Ele acredita que as pessoas têm dentro de si a capacidade de descobrir o que as está tornando infelizes e de provocar mudanças em suas vidas, mas esta capacidade pode estar latente. Com essa abordagem um fator importante foi esquecido, o social”.

O materialismo-histórico se iniciou na década de 1980 e representou uma contraposição ao behaviorismo e ao humanismo. Contudo, de acordo com Neves (1991), as três fundamentações teóricas eram inflexíveis em seus posicionamentos

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e ignoravam aspectos relevantes de ordem biológica, psicológica e social. O materialismo-histórico não legitima o presente sem considerar o passado em seus acontecimentos políticos, econômicos e sociais, conforme revelam os autores, ao apontarem que:

[...] a educação nunca pode ser vista desatrelada do processo histórico. A História é a palavra chave de toda a nossa fundamentação, pois é por meio da História que se pode analisar o presente, ou seja, é somente conhecendo o passado que se compreende o momento vivido em que se estabelecem relações. Ressalta-se sempre em formar e não informar, formar pessoas capazes de refletirem, de pensarem, de fazerem indagações (BARROS; FRANCO 2008, p. 4).

O materialismo-histórico, por sua vez, tem origem em Karl Marx, ao criticar o consumismo e o capitalismo, em detrimento do socialismo. Todavia, Sisto (1996) indica essa metodologia como uma forma de ensino técnico que não dá prioridade à cognição. O condicionamento permanece como parte principal do ensino, e prevalece o externo sobre o interno. Como alternativa a essa teoria, o autor apresentou uma opção teórica, o construtivismo piagetiano.

Conforme Sisto (1996), a teoria do construtivismo não beneficia somente os conteúdos; a prioridade está na construção do conhecimento, com a valorização das interações feitas no cotidiano. Impor o construtivismo como alicerce teórico da psicopedagogia não seria somente transferir o compromisso de aprender ao aluno e seu intelecto; seria um entendimento de que o conhecimento não pode ser apenas recebido somente com instruções ou reconstruções do ensino. A proposição dessa aprendizagem se distinguiu por entender que o conhecimento deve exigir procedimentos que não privilegiem somente o cognitivo ou afetivo do aluno, segundo Moreira.

Outra consequência é o conflito cognitivo. Segundo Piaget, o sujeito, interagindo com o mundo, constrói esquemas de assimilação com os quais, então, assimila situações conhecidas. Quando a situação é nova, é preciso acomodar, ou seja, reformular um esquema de assimilação, construir um novo esquema ou abandonar a tarefa. O ensino, em consequência, deve provocar conflitos cognitivos, quer dizer, propor situações para as quais os esquemas dos alunos não funcionem, de modo a provocar a necessidade de construção de novos esquemas. Em termos técnicos, dir-se-ia que o ensino deve conduzir à equilibração majorante e, portanto, a aprendizagens (MOREIRA, 2009, p.17).

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UNIDADE I SURGIMENTO DA PSICOPEDAGOGIA

Piaget postula que a criança precisa assimilar e depois pode acomodar ou não as informações recebidas, modificando seus esquemas com essas construções cognitivas. Quando há interação com o mundo, o indivíduo se encaminha para uma integração organizada, pois, a cada novo conhecimento, ele ganha mais meios de adaptação ao meio, elevando seu grau de organização. A cada conhecimento que leve à acomodação, o sujeito também alcançará a adaptação e a organização (MOREIRA, 2009, p.13).

De acordo com Piaget, as relações sociais são fundamentais para o desenvolvimento, pois o indivíduo influencia e é influenciado pelo ambiente em que está inserido. As crianças aprendem a se comportar por meio da interação com os adultos. A cada contato, novos comportamentos vão surgindo. O nível de socialização é algo que influencia de maneira contundente a sua identidade. No entanto, é importante ressaltar que os estágios de maturação vão influenciar o nível de socialização. Piaget definiu graus de socialização que variam do zero, para o recém-nascido, ao maior, que seria quando a criança tem autonomia. Segundo Piaget, a socialização conta com dois requisitos básicos: a cooperação e a coação.

A relação de cooperação é dinâmica por gerar possibilidades. Como afirma Piaget, os caminhos, para aquele que se compromete em ser cooperativo com o outro, são muitos. Quanto à criança, as primeiras relações que estabelece são as de coação – pai, mãe/filhos(as); adulto, professor/criança. Isso pelo fato de que o infante é aquele que deverá ser educado e orientado pelo adulto. O próprio Piaget afirma ser essa fase obrigatória e necessária para se estabelecer o processo de socialização da criança. (GOMEZ et al., 2010, p. 1).

Piaget cita a coação e a cooperação como condutas de relações sociais. A coação indicaria a relação de prestigio de uma pessoa para com a outra, como a de um aluno com seu mestre, ou pela disseminação de ideais, conceitos e princípios tradicionais do meio social. Quando o sujeito é coagido, ele se limita a acreditar, sem questionamento, e acaba conservando as ideias, crenças, pensamentos e dogmas. Com esse tipo de comportamento, o sujeito produz uma relação desequilibrada e não consegue se desenvolver plenamente, já que não tem criticidade e acredita em verdades prontas e acabadas. Esse tipo de relação é considerado de nível baixo, pois não há conversação; perde-se na socialização tanto o que é coagido quanto o que coage (GOMEZ et al., 2010, p. 1). A cooperação seria uma maneira crítica de socialização, mas, para Piaget, a criança necessita de normas, e, por isso, a relação de coação se faz necessária.

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As teorias influenciaram as concepções psicopedagógicas, porém devem ser consideradas também as áreas de conhecimento que foram e são responsáveis pela composição da psicopedagogia.

Para a aprendizagem acontecer, é de suma importância que sejam estabelecidos vínculos afetivos, uma vez que são eles que permitem o desenvolvimento. Para Sisto (1996), esse enaltecimento da afetividade, deixando outros fatores intelectuais de lado, pode acabar carimbando crianças normais como crianças com desordens mentais, porque elas podem ter apenas problemas de aprendizagem de fácil resolução em uma área do conhecimento.

Na idade contemporânea

Psicopedagogia clínica

A psicopedagogia clínica é realizada terapeuticamente. O psicopedagogo que atende em clínica se concentra em descobrir por que o sujeito não aprende, para auxiliá-lo (BOSSA, 2011). Com o desenvolvimento do trabalho, o psicopedagogo colabora na construção da autoestima que se desfez na trajetória estudantil. Dessa forma, o sujeito é conduzido a descobrir suas competências e aptidões, construindo seu saber. O atendimento clínico é praticado em centros de saúde e clínicas, e normalmente os atendimentos são feitos individualmente (VERCELLI, 2012, p. 73).

A avaliação psicopedagógica é um processo que o psicopedagogo deve cumprir e tem que envolver diferentes atividades. Nesse momento o psicopedagogo decide quais serão as estratégias de intervenção. Na avaliação psicopedagógica, é feita uma análise sobre a aprendizagem do sujeito, tentando compreender como e quando começou o problema. Para fazer uma avaliação, é preciso que sejam realizados alguns procedimentos, como uma entrevista inicial com o motivo da queixa, análise do material escolar, diversos modelos de atividades em diferentes disciplinas, testes que verificam o nível de desenvolvimento e sondagens (MORAES, 2010, p. 4).

É necessário que o psicopedagogo se atualize e tome conhecimento de todos os obstáculos que possam vir a surgir, e, nesse sentido, Gamba e Trento afirmam que:

Para que o trabalho em uma clínica de Psicopedagogia seja realizado com sucesso, o envolvimento dos profissionais que ali atuam é de extrema importância. O psicopedagogo precisa estar atento às inúmeras possibilidades de intervenção, levando em

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UNIDADE I SURGIMENTO DA PSICOPEDAGOGIA

conta as dificuldades apresentadas pelos clientes que buscam sua ajuda, bem como a própria disponibilidade frente a novos aprendizados demonstrados por este (2009, p. 2).

A primeira coisa que deve vir à mente do psicopedagogo para intervir é ter consciência das possibilidades do indivíduo. A escolha dos instrumentos de trabalho deve ser um ajuste realizado frequentemente, o qual varia conforme as necessidades do indivíduo.

Psicopedagogia Institucional

A psicopedagogia institucional pode ser desenvolvida no contexto hospitalar, no setor empresarial, em organizações assistenciais e na instituição escolar. Logo, estaremos trabalhando num contexto global, local em que a psicopedagogia pode ser realizada preventivamente, e sua função é, principalmente, antecipar os problemas que podem ocorrer na aprendizagem e combater o fracasso dos diversos profissionais. Por isso, a psicopedagogia institucional se coloca atentamente às variadas possibilidades de construção do conhecimento e valoriza o imenso universo de informações que envolve a vida (OLIVEIRA, 2009).

Nos dias atuais, as escolas do ensino regular acolhem as crianças especiais, o que faz com que o psicopedagogo desempenhe uma função fundamental, garantindo a inclusão, pois apenas frequentar a escola não é suficiente; é preciso que haja a integração (BOSSA, 2011). A instituição deve fornecer elementos para que o indivíduo desenvolva seus estudos de forma eficaz, pois, se isso não ocorrer, haverá casos de exclusão dentro da escola, dificultando o desenvolvimento do aluno e sua preparação para a vida profissional. Hoje, é possível identificar e contemplar o trabalho de muitos profissionais especiais, como: nas artes plásticas, nos teatros, nos cinemas, na arquitetura e outras profissões.

A Psicopedagogia institucional é um campo de estudo que vem crescendo como ação preventiva de relevante importância, contudo ainda é tida como ameaçadora, por ter como finalidade o fortalecimento da identidade do grupo e transformar a realidade de todos. Torna-se ameaçadora, pois, em muitos casos, o psicopedagogo poderá propor mudanças para que determinados sujeitos aprendam, mas, infelizmente, muitos educadores e gestores resistem a essas mudanças por entenderem como sugestão de que não estariam dando conta da função que lhes foi atribuída.

Cabe ressaltar que não foi sempre que as empresas se preocuparam com o desenvolvimento de seus recursos humanos, sendo esse o principal elemento

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para o êxito da empresa. Essa preocupação surge visando a um melhor desempenho e capacitação profissional.

É possível notar que a atuação do Psicopedagogo na empresa tem como desígnio principal a filosofia e a política de recursos humanos adotados pela organização. Devido a isso, existe uma preocupação para que o treinamento seja um fim em si mesmo.

Considerando a instituição como um espaço educativo, estruturado como uma associação de pessoas exercendo uma atividade com objetivos específicos e, portanto, como um espaço também para aprendizagem, cabe à Psicopedagogia procurar obter estratégias e métodos que forneçam um melhor aprendizado e assimilação de informações e conhecimentos, tendo sempre como escopo a realização de ideais e objetivos precisamente definidos. Sua finalidade principal é provocar mudanças no comportamento das pessoas de modo que estas melhorem a qualidade do seu desempenho tanto profissional quanto pessoal. Por isso, o Psicopedagogo deve assumir um compromisso com o desenvolvimento da realidade institucional, na medida em que se propõe a realizar uma reorientação do processo de ensino-aprendizagem. Esse profissional poderá levantar a possibilidade de reflexão dos métodos educativos e, adotando uma postura de investigação, descobrir as origens dos problemas de aprendizagem que se fazem presentes na instituição.

Além disso, vale salientar que a intervenção é uma das ações do psicopedagogo que objetiva mediar a relação entre os profissionais e seus objetos de conhecimento, trabalhar as relações interpessoais, bem como estimular a aprendizagem e o desenvolvimento dos colaboradores, em um âmbito preventivo. Na intervenção, a ação psicopedagógica colabora para o desenvolvimento educacional, buscando compreendê-lo, especificá-lo ou modificá-lo. Ao introduzir novos elementos para o indivíduo pensar, é possível levá-lo a desfazer paradigmas anteriormente instituídos.

A Psicopedagogia Institucional se pauta basicamente em conhecimentos, competências, habilidades e atitudes diagnosticados como indispensáveis/necessários à melhoria da produtividade. Para tanto, implantam-se programas de qualificação, requalificação profissional, o conhecimento é produzido e difundindo, estrutura-se o setor de treinamento, desenvolvendo programas de levantamentos, necessidades de treinamento, ajustamento de metodologias da informação e de comunicação aos exercícios de treinamento.

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CAPÍTULO 2

Regulamentação e formação

A partir do estudo das Diretrizes da Formação de Psicopedagogos no Brasil (elaborado pela ABPp), do Projeto de Lei – PL n. 3512 de 2008 e do Projeto de Lei da Câmara – PLC n. 31/2010, além das Diretrizes Curriculares para a Formação Inicial e Continuada dos profissionais do Magistério da Educação Básica, faremos um apanhado sobre os estudos acerca da formação inicial no âmbito da Psicopedagogia.

A Psicopedagogia está inserida na família 2394-5, a dos Programadores, Avaliadores e Orientadores de Ensino da grande área Educação, desde 2002, conforme Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

Não obstante as atividades dos psicopedagogos serem exercidas também por profissionais da Saúde, é na área da Educação e, especialmente, na dos profissionais da Educação que as atividades e atribuições da Psicopedagogia tomam forma.

Desse modo, podemos vislumbrar um assunto comum entre a docência e a Psicopedagogia e que, assim, partilha com a Pedagogia e outras áreas afins as dificuldades em se assumir como profissão.

Compreendendo o passo a passo

Pode-se afirmar que não é todo trabalho que é considerado como profissão e, nesse contexto, o trabalho com a docência está se inserindo como profissão de forma paulatina.

Assim, a docência como uma profissão reconhecida socialmente engloba (ALMEIDA; SILVA, 2015):

a. a função de praticar uma atividade específica;

b. um embasamento adequado de conhecimentos teóricos e práticos; c. a competência de aplicar esses conhecimentos a situações apropriadas; d. a habilidade de recriar na prática suas informações e experiências.

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Não obstante o ensino ser a atividade característica dos profissionais da educação, ele possui como incumbência principal, em seu sentido genérico, tornar a aprendizagem mais fácil. Assim, o significado de ensinar e aprender, embora distintos, estão naturalmente interligados.

Para lidar com as questões de ensino e aprendizagem, é necessário inteirar-se de uma série de elementos, entre eles uma noção geral a partir da apropriação de conhecimento e as características específicas propriamente ditas. Essas ações devem ser conjugadas com uma análise acerca dos elementos que constituem o ato de ensinar e o ato de aprender, a fim de dar sentido aos conhecimentos essenciais para a compreensão da realidade sociocultural, bem como os princípios que norteiam o desenvolvimento da pessoa e do grupo no aspecto de “como se aprende”, criando situações de “ensinagem”.

Alguma confusão provavelmente poderá surgir do fato de que todos nós, em algumas ocasiões, usamos a palavra “ensinar” de modo tal que qualquer tentativa de fazer com que alguém aprenda tem o sentido de ensinar e, em outras ocasiões, somente quando se tem êxito em conseguir que alguém aprenda podemos legitimamente usar a palavra ensino (PASSMORE, 1984).

Assim sendo, é preciso haver uma formação profissional e especializada, em que a aprendizagem é considerada um processo intercedido subjetiva e objetivamente por inúmeros fatores que influenciam os “aprendentes”.

Não obstante parecer estar vinculada à capacitação e ao ganho de status, pelo senso comum, tal formação está ligada ao ato de se profissionalizar. Assim, conforme Shiroma (2004, pp. 1-17), “o termo profissional, alude à noção de competência, de autoridade legítima por um conhecimento específico e autonomia para exercer um ofício, ademais, remete à experiência prática e altos salários”.

Pode-se dizer que essa profissionalização é vislumbrada por diversos segmentos profissionais da Educação a fim de obter especializações e aprimoramentos direcionados a alcançar melhores condições de trabalho, salário e criação de projetos que envolvam políticas de formação.

A profissionalização, portanto, precisa equilibrar o convívio com o novo e o antigo, isto é, credenciar pessoas pode ser compreendido pelo âmbito da ordem corporativa no Brasil. Há muitas ações de regulamentação profissional legitimadas pela sociedade, como a existente na Psicopedagogia, porém, é

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indispensável a segurança trazida pelo reconhecimento. Reconhecimento este que se dá em nossa cultura quando um órgão regulatório vinculado à esfera estatal emite validade a um certificado de conclusão de curso por meio de leis e regulamentos.

Desse modo, no âmbito educacional, é o governo que possui a competência de atualizar as relações de reconhecimento profissional e de seus agentes regulatórios. Pelo contrário, equivocadamente, deparamo-nos com certificados, formações e especializações oferecidas por instituições credenciadas pelo governo e com validade como conhecimento na área profissional, mas que não adquirem reconhecimento profissional.

Essas ponderações levam à adoção da “profissionalização diferenciada” como forma de política de formação, em que a qualificação dos “ensinantes” está direcionada para as especializações, visando a melhores resultados em relação às intervenções e redução da disputa entre pares, possibilitando desenvolvimento do conhecimento e melhora das relações dentro do grupo ocupacional, administrando conflitos por meio da regulamentação. Dessa maneira, a regulamentação do exercício da atividade em Psicopedagogia dá autorização para que indivíduos formados por instituições credenciadas exerçam essa ação. A questão da regulamentação, a esta altura, é direcionada à noção de formação que é aplicada nessas entidades.

O ponto principal é que os psicopedagogos em formação utilizem abordagem e intervenção de modo que se assumam como profissionais capazes de compreender a humanização própria e dos outros, dando prioridade ao desenvolvimento e ao direito à aprendizagem no seu desempenho profissional. De toda forma, o conceito de formação está ligado ao conceito de desenvolvimento pessoal, possibilitando que indivíduos conheçam a si mesmos e possam tomar lugar de ensinantes, facilitando a aprendizagem de todas as pessoas, apesar da existência de diferenças ou dificuldades.

Falar do ensinar é explicitar as mediações feitas pelos professores entre os componentes de seu plano e seus alunos. O modo de lidar com mediações gera o aprender. Podemos dizer que o aprender depende de como essas mediações são feitas pelo professor (NOFFS, 2013).

Temos, portanto, que a formação aparece em todas as etapas de nossa vida, constituindo-se em aprendizagem contínua, de experiências, modificações,

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noção de realidade, de conhecimentos específicos. Segundo Noffs (2008), “essa

formação pressupõe o princípio de individualização como elemento essencial à formação, porém sem perder de vista o coletivo, o grupo no qual se insere tanto na dimensão acadêmica como pessoal”.

Para analisar o processo de formação de professores, faz-se necessária a utilização de certos princípios como referenciais validados para a sua atuação. São eles, de acordo com Garcia, 1995:

“Conceber formação como um processo contínuo, mantendo os princípios éticos, didáticos, pedagógicos onde a formação inicial e a permanente se articulam para o desenvolvimento profissional.”

Similarmente, a formação em Psicopedagogia tem início na graduação e se especializa a partir de cursos ou stricto sensu em entidades credenciadas pelo MEC, bem como cursos de extensão e aprimoramentos à escolha do profissional, como, por exemplo, psicodrama, neuroaprendizagem e psicanálise, permitindo, assim, a constituição de conhecimento interdisciplinar e a permanência em constante desenvolvimento.

“A formação deve se integrar a processos de mudança, inovação

e desenvolvimento curricular.” Nesse sentido, a Psicopedagogia

é considerada uma proposta de modificação, transformação, estimulando aprendizagem na ação do ensinante a fim de descobrir novos procedimentos de ensino e de aprendizagem acessível a todos.

“A formação deve estar ligada ao desenvolvimento

organizacional da escola.” A Psicopedagogia se compromete com

o ambiente de aprendizado na escola e além dela, podendo ser encontrada no hospital, em casa ou em qualquer espaço em que o foco de trabalho seja a aprendizagem. Assim, o psicopedagogo não pode ser considerado apenas mais um na instituição e, sim, um profissional habilitado para agir em ocasiões de ensino e aprendizagem, em colaboração com a equipe multidisciplinar. “A formação deve integrar conteúdos acadêmicos e disciplinares

e a formação pedagógica do professor.” Isso significa que o

profissional da Psicopedagogia deve deter um conhecimento específico para aplicar em seu atendimento, como por exemplo através da linguagem, da Psicologia ou da Pedagogia.

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Isso possibilita que o conhecimento trabalhado se torne psicopedagógico e estruture os pensamentos do profissional e dos aprendentes. Assim, a distinção entre a ação do professor e do psicopedagogo está no fato de que, na atuação do professor, há um papel de ensinante, de aprendente e o conteúdo é o saber. Na Psicopedagogia, este saber deve significar que as informações se transformem em conhecimento.

“A formação integra a teoria e a prática.” É possível visualizar que as relações entre teoria e prática na Psicopedagogia são amplas e complexas, assumindo que existem tipos de saberes que possuem características de formações teóricas em relação a um saber evidenciado em sua prática. Nesse âmbito, Gilberto Ryle (2002) apresenta uma diferenciação entre o saber proposicional, saber algo, e o saber operativo, saber fazer. Assim, há atividades que necessitam do domínio de determinadas informações sem as quais a atividade resta impossibilitada e é neste ponto que a Psicopedagogia identifica um conhecimento e uma prática em sua atuação que vão além de dominar um conjunto de teorias e metodologias de ensino. Importante frisar, contudo, que não existe hierarquia valorativa entre os tipos de conhecimento e saberes teóricos e práticos, uma vez que ambos são imprescindíveis para a formação. A intervenção na prática se dá através de atividades que aplicam o conhecimento respeitando o indivíduo, seu contexto e suas fases de aprendizagem. Aqui, a formação valoriza a prática como fonte de conhecimento, não sendo mais uma disciplina que apenas compõe a matriz curricular da formação, mas sim um espaço curricular para construção do pensamento prático do psicopedagogo, tornando análises e reflexões sobre a ação naturais em seu dia a dia profissional.

“A formação deve procurar o isomorfismo entre a formação

recebida e o tipo de educação que posteriormente será pedido que se desenvolva.” A formação na Psicopedagogia engloba diretrizes

de conhecimentos específicos e o dia a dia de intervenções, chamadas de estágio em algumas organizações. Assim, ao oferecer ações guiadas pelo isoformismo, os cursos tornam claro o contexto em que as intervenções acontecerão, evitando as generalizações que dificultam a inclusão do psicopedagogo no mercado de trabalho e, por isso, os cursos devem evidenciar qual ambiente

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de trabalho será o foco. Esse princípio de formação abarca uma parte geral que serve de base para as ações em diferentes ambientes e uma parte específica que fornece a compreensão da realidade e do contexto específico para implementar sua ação. Neste princípio, observamos a premissa da formação articulada, contínua e permanente, em que os indivíduos podem desfrutar de diversas formações e aumentar suas oportunidades de trabalho. “A formação destaca o princípio da individualização como

elemento integrante de qualquer programa de formação de professores”. Na Psicopedagogia, esse princípio significa que

a ideia da individualização diz respeito à formação clínica, respeitando-se as necessidades e interesses dos sujeitos, suas características individuais e do grupo em que estão inseridos, facilitando o desenvolvimento de forma plena. A intervenção psicopedagógica assegura uma supervisão da pessoa que está em formação, não só na esfera profissional, mas também individualmente ao observar suas próprias necessidades, facilidades e dificuldades para cuidar dos outros.

“A formação deve possibilitar o questionamento de suas

crenças e práticas institucionais”. Aqui é valorizado o fato

de os questionamentos serem vistos como parte da formação profissional do pesquisador. Isso significa dizer que é função do pesquisador adotar uma postura construtora de conhecimento através do aprimoramento do conhecimento já constituído, porém sujeito a atualizações por meio da reflexão, contribuindo com a promulgação da área.

Garcia (1995) é assertivo quando propõe que “estes princípios que temos vivido a referir não esgotem a multiplicidade de abordagens que a formação de professores conte enquanto disciplina. Ainda que parciais, estes princípios contribuem para uma primeira definição de nossa concepção de formação de professores e dos métodos mais apropriados para seu desenvolvimento”.

Projeto de Lei n. 3.512, de 2008

No ano de 1996, foi promulgada a Lei n. 9394, conhecida como Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), elencando como modificação, principalmente, a necessidade de os professores da Educação Básica possuírem nível superior, tanto nas redes públicas quanto nas privadas. Conforme

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determinou o artigo 62 da lei, as instituições de ensino teriam até 2006, ou seja, dez anos, para se adaptar à nova legislação. Foi a partir dessa lei que os profissionais da Educação passaram a poder exercer ações de Orientação Educacional, Supervisão Pedagógica e Administrador Escolar, que antes eram especificidades do curso de Pedagogia na forma de habilitações, podendo, assim, ser formados na graduação ou em nível de pós-graduação, tanto no lato como no stricto sensu.

Cabe ressaltar que a formação em Psicopedagogia já ocorria em cursos livres ou propostos por instituições credenciadas pelo MEC em nível de lato sensu na modalidade de especialização. Com a Lei n. 9394/1996, surgiu a possibilidade de se formar profissionais da Educação com título de pós-graduação, aliado ao fato de que 80% dos alunos que cursavam a Psicopedagogia eram da Educação, o que levou a ABPp, diante das demandas da sociedade, a desenvolver, em 1997, o Projeto de Lei n. 3124, o qual versa sobre a regulamentação do exercício da atividade psicopedagógica, pelo então Deputado Federal Barbosa Neto (GO), sob o argumento de que essa atividade viria a diminuir o fracasso escolar por meio da revisão do Projeto Educacional Brasileiro com a inclusão de um profissional chamado psicopedagogo.

No ano de 2001, foi aprovado o Projeto de Lei n. 128, autorizando o Poder Executivo a implementar a atividade de assistência psicológica e psicopedagógica em todos as instituições de Ensino Público, objetivando o diagnóstico e prevenção de problemas de aprendizagem. A fim de obter aprovação, considerou-se que as despesas da execução dessa lei deveriam se dar à conta de dotações orçamentárias próprias, suplementadas se necessário. Em 2006, mesmo ano em que a Educação deveria dar início à implementação do novo curso abrangendo a formação dos profissionais da Educação, o projeto de lei teve sua proposta arquivada em razão do encerramento do mandato do proponente sem que o parecer da comissão de constituição e justiça e cidadania fosse apreciado, que lhe era favorável.

Em 4 de junho de 2008, a Deputada Federal Raquel Teixeira de Goiás reapresentou o Projeto de Lei sob o n. 3512 e argumentou acerca da urgente e necessária revisão do projeto educacional brasileiro a fim de melhorar a qualidade do ensino, sendo, para tanto, imperiosa a regulamentação da profissão do psicopedagogo.

Em 15 de dezembro de 2009, o parecer da comissão foi aprovado, e, no ano seguinte, o Projeto de Lei foi protocolado no Senado Federal sob o n.

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31/2010, sendo propostas mudanças, principalmente no tocante à ampliação da Psicopedagogia para portadores de diplomas em Psicologia, Pedagogia, Licenciaturas ou Fonoaudiologia.

Concomitantemente, a Educação passava por alterações substanciais, visto que, em 2006, o ensino fundamental obrigatório passou a ter a duração de nove anos, tendo início aos seis anos de idade, alterando todo o sistema de ensino brasileiro desde a educação infantil.

Em 2014, após oito anos de deliberação, foi aprovado o PNE – Plano Nacional de Educação –, aparelhado em vinte metas seguidas de estratégias imprescindíveis à sua implementação, cujos objetivos devem ser atingidos em um prazo de 10 anos, até 2024.

Assim, os cursos de especialização em Psicopedagogia devem observar essas medidas com vistas à qualificação e à responsabilização da instituição proponente no que tange à formação dos profissionais, considerando que os cursos anteriores a essa medida se davam com a rubrica da entidade que nem sempre atendia à qualificação requerida em cursos de especialização.

Em 2015, o MEC definiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial em nível superior, convergindo o Plano Nacional de Educação (PNE) às diretrizes de formação, fato imprescindível para que possa ser implementado aos sistemas de ensino.

Não obstante a Constituição Brasileira de 1988 assegure o livre exercício de qualquer trabalho ou profissão, é preciso regularizar projetos que já existem no mercado de trabalho a fim de garantir maior segurança para os sujeitos que buscam esse serviço, além de possibilitar aos indivíduos o direito de exercer as atividades nas quais foram formados e desenvolver direitos e responsabilidades para essa atuação.

É importante salientar que essas atribuições não geram reserva de mercado, uma vez que diversas graduações podem obter certificação acadêmica mediante uma formação específica, isto é, não há nada que fira os princípios e regras do ordenamento jurídico em vigor.

Nesse sentido, a regulamentação deve acontecer a partir da análise das diretrizes previstas para a formação, de modo que o exercício de suas atividades atenda às atribuições previstas no Projeto de Lei.

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CAPÍTULO 3

Gestão do tempo

A importância do gerenciamento correto do

tempo

É vital para o crescimento de qualquer empresa possuir uma excelente gestão do tempo no seu dia a dia. Na medida em que avançamos em nossa análise, percebemos que os benefícios não ocorrem somente para a empresa, mas também para os clientes e colaboradores. Se, pelo lado da empresa, os resultados começam a aparecer, como maior produtividade, possibilidades de mais investimentos e de novas contratações, pelo lado dos colaboradores, oportunidades de crescimento e aprendizado poderão fazer a diferença no processo de manutenção desses profissionais. Já quando o assunto é o cliente, ter a satisfação de adquirir o seu produto ou serviço prontamente gera fidelização. Logo, saber gerir o tempo no trabalho resulta em mais qualidade de vida para todos. Um psicopedagogo atento ao tempo consegue sair na frente em termos de produtividade.

Na administração pessoal e do trabalho executado, a boa administração do tempo pode ser considerada um dos fatores mais importantes para a empresa. Saber utilizar o tempo de forma correta significa ter uma ferramenta gerencial à sua disposição, permitindo a organização de metas pessoais e profissionais com menor desperdício de energia física e mental.

Ela inicia com a autodescoberta e, portanto, com a identificação de como utilizamos o nosso tempo, do que não nos satisfaz e do que desejamos mudar. Para conseguir gerir melhor o tempo que temos, primeiro precisamos identificar como o utilizamos. Diariamente, deparamo-nos com muitas coisas que nos roubam tempo. Os mais comuns, devido à era tecnológica em que vivemos, são os meios digitais que nos cercam, como os smartphones e os computadores e suas funcionalidades e redes sociais. Dar uma olhada no Instagram ou no Facebook, parar para checar as mensagens do Whatsapp ou até mesmo postar uma foto da mesa de trabalho são atividades rápidas e cotidianas, mas carregam muito do nosso tempo e foco. Sendo assim, a empresa poderá agir mostrando a seus colaboradores como essas atividades prejudicam suas ações. Uma forma de minimizar esses ladrões do tempo sem desmotivar os colaboradores

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é instalar programas de controle de tempo nos computadores e acompanhar esses relatórios (DELL´ ISOLA; DOUGLAS, 2014).

A tecnologia, além de trazer situações que nos roubam nosso tempo, trouxe-nos muitas ferramentas que nos ajudam a otimizá-lo. Por exemplo, os sistemas de gestão são ferramentas que integram os setores, e o gestor pode acompanhar as tarefas realizadas por seus colaboradores desde o comercial, passando pelo departamento pessoal, atendimento financeiro e até o estoque. Permite, ainda, que os colaboradores tenham acesso de qualquer dispositivo fora e dentro da empresa, possibilitando a organização do que precisa ser feito no dia a dia. O pensamento central é primordial na execução de maneira eficiente e eficaz da tarefa. A atuação do psicopedagogo, nesse momento, seria avaliar a aplicação do trabalho preventivo na empresa, que se encaixaria perfeitamente bem à gestão do tempo. Um problema encontrado na maioria das pessoas é tentar realizar mais de uma tarefa por vez para ser mais rápido, porém isso só acarreta atividades executadas de maneira não tão eficiente ou até mesmo com o atraso. Procurando evitar o retrabalho, ter que efetuar o mesmo serviço mais de uma vez, devido a erros cometidos, o ideal é iniciar e terminar uma tarefa antes de ir para outra (DELL´ISOLA; DOUGLAS, 2014).

Outra maneira de otimizar o tempo é definir metas a serem alcançadas, que sejam importantes e que gerem motivação. É importante a elaboração de etapas a serem concluídas e as possíveis dificuldades que serão encontradas no caminho, para estar preparado para superá-las. Por exemplo, abrir uma empresa nunca é fácil; é preciso muito planejamento, investimento financeiro, procura de mão de obra, equipamentos, entre outros. Mas a meta que foi estabelecida precisa ser o ponto central para a motivação permanecer e, mesmo diante de dificuldades, continuar seguindo as etapas. Caso contrário, os problemas encontrados pelo caminho gerarão desmotivação, insatisfação, não conclusão das etapas e procrastinação, pois ninguém quer fazer algo que não lhe motiva. Então a tendência é adiar o problema, causando um impacto negativo na organização. Para os autores, Dell´Isola e Douglas (2014, p. 100), “sem motivar-se, é impossível administrar corretamente o tempo”.

Um dos fatores mais cobiçados pelas empresas que é fundamental para executar atividades com excelência e melhorar o desempenho profissional é a produtividade, considerada uma competência que nos leva a alcançar grandes resultados. Todavia, não devemos considerar uma tarefa fácil e precisa ser desenvolvida continuamente.

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UNIDADE I SURGIMENTO DA PSICOPEDAGOGIA

Existem alguns fatores que podem incentivar a produtividade, como adorar o que se faz, ser reconhecido profissionalmente, atuar em um ambiente de trabalho cujo clima é equilibrado, pacífico e com ótimos relacionamentos interpessoais. Planejar a rotina, assim como a vida pessoal e profissional, também é necessário.

Quando nos conhecemos bem, notamos em cada etapa do dia que existem momentos que conseguimos produzir mais. Cada organismo funciona de uma forma, então, se você consegue identificar que é mais produtivo no período da tarde, reserve esse tempo para fazer as tarefas mais importantes.

Cada pessoa em uma equipe, dentro da organização, tem pontos fortes e fracos. O supervisor ou gerente de cada departamento tem que ter esse olhar mais profundo sobre seus colaboradores, para que a organização possa aproveitar as melhores competências daquele participante, deixando que ele faça o seu melhor na área que domina e ama (PORTER, 2005).

A procrastinação é o oposto da produtividade. É deixar para depois as questões que precisam ser resolvidas naquele momento. É saber priorizar e não dedicar o tempo a outras que não são tão cruciais naquele momento, como já foi citado anteriormente.

Comportamentos como esse vão totalmente de encontro ao que se espera de sujeitos produtivos. Vários profissionais, empresários e empreendedores que mantêm o hábito de procrastinar e possuem muitas tarefas a serem executadas acabam deixando-as para depois e, quando se dão conta, o tempo passou, não conseguindo sequer iniciar o trabalho de fato.

Segundo William Douglas e Alberto Dell’isola (2014, p. 167), “a procrastinação é um processo bastante complexo, cheio de variáveis e motivos”. Seria difícil definir com certeza os motivos pelos quais cada sujeito procrastina. Entretanto, em administração do tempo, são citados os dez motivos mais comuns: tarefas desagradáveis, tarefas enormes, tarefas desorganizadas, metas pouco claras, excesso de compromisso, multitarefas, vício da última hora, esquecimento, medo do fracasso, medo de mudanças ou de sair da zona de conforto. Vamos destacar algumas a seguir (DOUGLAS; DELL´ISOLA, 2014).

Tarefas desagradáveis são tarefas que causam incômodo e ansiedade. Na verdade, realizar algum tipo de tarefa que traga mal-estar é o que ninguém deseja. Por isso, deparamo-nos com muitos sujeitos procrastinando. O fato pode ocorrer devido a

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situações geradas por tentativas de negociações financeiras em que as pessoas se metem e, achando que poderão levar algum tipo de vantagem, acabam aceitando uma proposta. Procrastinar resulta no adiamento de um sonho, acúmulo de tarefas, ou evita por um tempo o que é inevitável, mas pode ser considerada uma tarefa desagradável.

Uma forma de concluir tarefas para evitar a procrastinação é criar o hábito de torná-las prioridade e realizá-las no começo do dia. Assim, evita-se passar o dia pensando em como faria para realizá-la ou se sentindo estressado por saber que precisa fazer determinada atividade. Significa saber que algumas atividades podem ser repassadas. Por exemplo, um colaborador de recursos humanos elaborou uma estratégia de captação de talento humano, colocando um anúncio na televisão por meio de um vídeo, e havia a possibilidade de ele aparecer no vídeo realizando a entrevista com o profissional. Porém, gravar vídeos é uma tarefa que não lhe agrada. Então, ele poderá delegar para um colega de equipe efetuar o trabalho por ele. Se manter motivado também é uma ótima estratégia. Concentre-se no objetivo a ser alcançado e em como vai se sentir bem melhor depois de concluir tal tarefa.

O cumprimento de tarefas ao longo do dia é comum. Entretanto, se avaliássemos o quanto gastamos em cada tarefa, procuraríamos dimensionar mais o nosso trabalho. Resolver os problemas à medida que eles vão aparecendo sem uma estratégia de organização definida poderá nos levar a deixar de lado algum compromisso ou acarretar numa execução falha.

Quando se trata de equipes dentro do ambiente de trabalho, é necessário estar atento a alguns pontos considerados vitais para o bom andamento da empresa, como colocar as pessoas nos lugares certos de atuação, procurar manter as pessoas sempre pensando positivamente e que tragam energia e contribuições diversas, experiências que se complementem, gerando um constante aprendizado a todos. É importante a equipe ter um líder, alguém que saiba orientar, delegando tarefas, mas um líder que esteja próximo da equipe, que seja proativo e comunicativo, saiba conduzir sua equipe e defina os papéis de cada colaborador de forma clara.

Por vezes, elaboramos metas genéricas e perdemos a direção de como conseguiremos alcançar os resultados. É de suma importância que o objetivo a ser atingido seja delineado em curto, médio e longo prazos. Poderíamos citar como exemplo que uma das metas da empresa é aumentar seus lucros, o que constitui um objetivo genérico. O ideal seria dizer que a empresa quer dobrar

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UNIDADE I SURGIMENTO DA PSICOPEDAGOGIA

seus lucros atuais em 5 anos, sendo que no primeiro ano os lucros já deveriam ter aumentado em 25%, e, assim, descrever quais os objetivos que precisariam ser cumpridos em curto e médio prazos para alcançar o objetivo final.

Estratégias competitivas com o auxílio do

gerenciamento do tempo

Defina bem suas prioridades. Um grande equívoco cometido por muitos gestores é definir muitas prioridades e, no entanto, não dar conta de nenhuma delas. Havendo muitas oportunidades, tente focar naquela que tiver a maior probabilidade de funcionar. Por exemplo, focar em qual mercado a empresa estará inserida nos próximos três anos, o financeiro que estará disponível, a manutenção e motivação de seus colaboradores, qual estratégia competitiva utilizará.

Assim que conseguir alcançar um objetivo, vá ao encontro do próximo. Essa pode ser considerada uma grande estratégia de competição, já que os riscos de não dar certo diminuem. Muitos empresários se colocam em risco no mercado, investindo em produtos ou serviços que sequer foram testados entre os clientes. Portanto, com esse tipo de estratégia que acabamos de narrar, a possibilidade de atingir melhores resultados é satisfatória.

Colete e analise os dados, especificando metas mensuráveis em seus planos estratégicos, e escolha indicadores de desempenho que possam ser medidos e monitorados de forma contínua de acordo com o cronograma. Se eles não estiverem sendo satisfatórios, é importante aprimorá-los e modificá-los para aumentar o desempenho (PORTER, 2005).

Crie uma rotina de reuniões. A comunicação permanente entre os colaboradores é fundamental para o trabalho. A equipe se mantém unida sem se dispersar dos objetivos e metas da organização, prejudicando a estratégia competitiva. Caso os gestores se desviem do foco principal, isso gerará resultados negativos para toda a organização. Para garantir que a organização se mantenha em sinergia com o plano estratégico, as pessoas devem se reunir com frequência para estar sempre por dentro do que está acontecendo e se atualizando.

Avalie a estratégia a ser implantada. Na verdade, o gestor que realmente quer saber como fazer uma estratégia competitiva precisa ter em mente que deve se reunir separadamente com a equipe encarregada pela execução e com todos os responsáveis pela gestão mensalmente ou trimestralmente, para avaliar o progresso do planejamento estratégico. Essas reuniões estratégicas devem

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ser mais aprofundadas do que as reuniões com os colaboradores e devem ser projetadas para determinar se e como as mudanças pretendidas são, de fato, necessárias. As reuniões estratégicas periódicas devem discutir pontos fortes, fracos, oportunidades e ameaças da empresa e avaliar se é coerente com a estratégia competitiva escolhida (PORTER, 2005).

Nesse sentido, utilizando-se dessas estratégias, o psicopedagogo dificilmente será pego de surpresa, vivendo sempre a expectativa de continuar dando sequência ao que foi planejado. Custos, desgastes entre colaboradores e retrabalho são itens que não o preocuparam, evidenciando de forma contundente uma melhor qualidade de vida para todos.

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UNIDADE II

PSICOPEDAGOGIA

EMPRESARIAL

CAPÍTULO 1

Atuação do psicopedagogo

A psicopedagogia se relaciona com o ensino e com a aprendizagem, atrelando dois campos do saber: a psicologia e a pedagogia. O âmbito de atuação do psicopedagogo é muito amplo e relevante para fornecer subsídios aos indivíduos com problemas no processo de aprendizagem. Versa sobre um saber científico bastante multidisciplinar, envolvendo conhecimentos da neurologia e antropologia, entre outras disciplinas. É o profissional responsável pelo estudo dos processos da aprendizagem humana em vários ciclos da vida, seja em crianças, adolescentes, adultos e na melhor idade, visando ao reaprendizado. Busca entender a maneira como o ser humano processa e assimila as informações, ajudando a construir o conhecimento.

Diante disso, esse profissional busca melhorar os procedimentos de ensino, tendo como principal finalidade clarificar o entendimento dos conteúdos e promover o aprendizado. Do momento em que o sujeito começa a esboçar as primeiras palavras no seio da família, passando pela escola, momento de intensa troca e assimilação de novas informações, até chegar à vida profissional, ele continua num constante processo de aprendizagem.

Identificar problemas é função do psicopedagogo, entre eles dificuldades, distúrbios ou transtornos. É ele quem vai elaborar e aplicar artifícios para que um indivíduo melhore seu desempenho, desenvolvendo ações de prevenção ou de correção desses problemas. Saber trabalhar com projetos de prevenção auxilia o profissional em suas tomadas de decisões, mantendo um clima favorável entre os colaboradores na organização.

O psicopedagogo fornecerá um diagnóstico e promoverá ações de tratamento, dependendo das dificuldades encontradas, que poderão ter origem no lado emocional, mental, social ou físico das pessoas. Atua como peça fundamental e como aliado

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dentro de equipes multidisciplinares, constituídas de médicos, psicólogos, fonoaudiólogos e outros especialistas.

Nas escolas, sua função é identificar problemas em métodos de ensino, currículos escolares, relações pessoais, a fim de gerar melhor entendimento entre professores e alunos. O psicopedagogo pode contribuir com o sistema educacional, realizando intervenções em busca de reduzir casos de evasão escolar. Esse profissional detecta problemas psicopedagógicos que possam interferir no aprendizado do aluno, presta orientação pedagógica para instituições de ensino, auxilia o corpo docente e cria planos de trabalho visando à facilitação do aprendizado e à solução de problemas (BEYER, 2010). Nas empresas, a psicopedagogia visa melhorar a assimilação dos conteúdos e o desempenho dos colaboradores. O profissional pode operar no ambiente de recursos humanos, assessorando empresas, órgãos públicos e ONGs, ou até em clínicas e consultórios, como forma integrada ao colégio, por meio do apoio psicopedagógico, com o objetivo de solucionar dificuldades no processo de aprendizagem do sujeito.

Na área de saúde, esse profissional poderá ser requisitado para trabalhar com pacientes em hospitais. Desse modo, o psicopedagogo atua com assuntos relacionados a doenças que levam à falta de memória (infarto lacunar cerebral), traumas (algum abuso vivido ou uma simples queda doméstica), queda no seu desempenho funcional (baixo desempenho na produção profissional), redução da capacidade de aprendizado (frustração, ansiedade, decepção).

Mercado de trabalho

De acordo com a legislação, podem atuar no mercado de trabalho como psicopedagogo os profissionais que possuem alguma licenciatura com um futuro curso de especialização em psicopedagogia, os graduados em psicologia, pedagogia em psicopedagogia. Em 2014, o Senado Federal aprovou a regulamentação da profissão de psicopedagogia.

Vale mencionar que, além da demanda pelo profissional nas áreas clínicas, de ensino e em hospitais, as grandes empresas e corporações costumam requerer o psicopedagogo para orientar no processo de contratação de pessoas com alguma deficiência, visto que elas têm garantida, por lei, uma cota de 5% das vagas de trabalho. O psicopedagogo também tem ganhado espaço em instituições jurídicas, na área sobre família e infância, no intuito de identificar

Referências

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