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A maturidade do mercado através da evolução tecnológica: o caso dos Smartwatches

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Academic year: 2021

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A evolução tecnológica e a maturidade do mercado:

o caso dos Smartwatches

por

Simão Martins Almeida

Dissertação para obtenção do grau de Mestre em Economia e Gestão da

Inovação pela Faculdade de Economia do Porto

Orientado por:

José Coelho Rodrigues

Abílio Pereira Pacheco

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Nota biográfica do autor

Simão Martins Almeida nasceu a 16 de Abril de 1993 na cidade de Coimbra.

Reside na cidade de Aveiro, no concelho de Vagos, onde cresceu e fez todo o seu percurso educativo e académico.

Em 2011 iniciou a sua licenciatura no curso de Gestão da Universidade de Aveiro. Esta concluída em 2014 com média final de 14 valores.

Após a conclusão da sua licenciatura ingressou, em Setembro de 2014, o Mestrado em Economia e Gestão da Inovação na Faculdade de Economia da Universidade do Porto. Profissionalmente integrou, em 2016, uma empresa de prestação de serviços no ramo alimentar na qual adquiriu experiência profissional na execução de funções de planeamento de produção e de coordenação e orientação de equipas de trabalhadores. Por último, em 2017, terminou a sua participação na empresa de prestação de serviços no ramo alimentar e iniciou um estágio numa empresa consultora, no qual desempenha a função de Consultor Financeiro e Técnico de Investimentos.

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Agradecimentos

A elaboração da presente investigação não teria sido possível sem a força e o apoio de algumas pessoas que se encontram perto de mim e por isso ficam aqui alguns dos meus agradecimentos.

Ao Professor José Coelho Rodrigues e ao Professor Abílio Pereira Pacheco quero apresentar fortes agradecimentos pelo enorme apoio e pela grande disponibilidade e motivação que demonstraram ao longo da orientação deste estudo. Sem este fulcral apoio nunca teria sido possível a realização deste estudo.

Ao INESC Porto agradecer por me ter recebido e por me ter dado apoio.

À consultora GFK Portugal agradecer pela disponibilização, através de Ricardo Anaia, de dados relativos às vendas de equipamentos Wearable.

A toda a minha família, nomeadamente à minha mãe; avós, tios e primos maternos pela disponibilidade, apoio, formação e grande ajuda ao longo deste estudo como, também, ao longo de todos os anos do meu percurso escolar e pessoal.

Aos meus amigos, colegas e outras pessoas que, direta ou indiretamente, sempre me apoiaram, ajudaram e tiveram influência durante este processo.

Por fim, mas não com menos relevância, um agradecimento muito forte e especial à minha namorada, Diana Sarabando, por estar sempre presente e por todo o apoio, compreensão e ajuda em todos os momentos bons e menos bons ao longo deste estudo e, essencialmente, por ser a voz que me chama à razão.

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Resumo

Estamos perante uma era que se carateriza por uma enorme evolução tecnológica ao nível dos mais diversos equipamentos, nomeadamente eletrónicos. Os Smartwatches são um exemplo desses equipamentos e por isso, com esta investigação, pretende-se compreender um pouco mais sobre a sua evolução.

Nesse sentido, pretende-se analisar e compreender a evolução e as tendências de

mercado para o caso específico dos Smartwatches, analisando a evolução tecnológica e

o ritmo de lançamento desses produtos através de uma combinação entre estudos qualitativo e quantitativo.

O estudo qualitativo serviu para definir paradigmas tecnológicos e de tipos de produtos, já o estudo quantitativo serviu para, utilizando ferramentas estatísticas, fazer uma comparação temporal entre os produtos com o intuito de analisar a evolução das tecnologias incorporadas e a maturidade do mercado.

Para matéria-prima a utilizar no desenvolvimento destes estudos elaborou-se uma base de dados sobre um alargado número de Smartwatches. Através da análise dessa base de dados foi possível definir seis paradigmas tecnológicos e cinco tipos de produtos, verificar a evolução temporal dos equipamentos e criar uma matriz de primeira ordem que relaciona as vendas com a diferença entre os lançamentos de modelos

consecutivos.

Combinando o resultado obtido nestes dois estudos foi possível concluir que os

Smartwatches ainda se encontram numa fase muito pouco madura. Ainda persistem

muitos paradigmas tecnológicos e muitos tipos de produto a ser comercializados, o que, juntamente com o facto de os modelos serem comercializados por muitas marcas diferentes, sugere que esta tecnologia ainda esteja numa fase fluída no seu processo de inovação.

Palavras-chave: Smartwatches, Evolução tecnológica, Internet of Things, Paradigmas

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Abstract

We are facing an era that is characterized by a huge technological evolution in the most diverse equipment, especially electronics. Smartwatches are an example of electronic equipment and so, with this research, it is intended to know a little more about its evolution.

In this sense, we intend to analyse and see the evolution and market trends for the specific case of Smartwatches, analysing the technological evolution and the pace of product launches through the combination of qualitative and quantitative studies.

The qualitative study served to define technological paradigms and product types, and the quantitative study served to use a statistical tool to compare the products in a timely manner in order to analyse the development of embedded technologies and market

maturity.

For the raw material to be used in the development of these studies, a database of a large number of Smartwatches was developed. Through the analysis of the database it was possible to define six technological paradigms and five types of products, check the temporal evolution of the equipment and create a first order matrix that relates the sales

with the differences between consecutive model launches.

Combining the result obtained in these two studies it was possible to conclude that the Smartwatches are still not in a mature stage. There are still many technological paradigms to explore and types of product to market, which, coupled with the fact that the models are marketed by many different brands, suggests that this technology is still in the beginning of its innovation process.

Keywords: Smartwatches, Technological evolution, Internet of things, Technological

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Índice

§1. Introdução ... 1

§2. Revisão de literatura ... 4

2.1. Inovações tecnológicas ... 4

2.1.1. “Demand pull” e “technology push” ... 7

2.1.2. Processo de inovação ... 9

2.1.3. Fontes de novas tecnologias ... 12

2.1.4. Tecnologias emergentes ... 15 2.2. Evolução tecnológica ... 18 2.2.1. Mudança tecnológica ... 20 2.3. Paradigmas tecnológicos ... 23 2.3.1. Trajetória tecnológica ... 24 2.4. Os smartwatches ... 25 2.5. Internet of things ... 26

2.5.1. Aplicação da Internet of things ... 27

§3. Método e dados ... 29

3.1. Base de dados ... 29

3.2. Métodos ... 31

3.3. Implementação dos métodos ... 32

3.3.1. Paradigmas tecnológicos e tipos de produtos ... 32

3.3.2. Evolução temporal dos Smartwatches ... 34

3.3.3. Clapperboard matrix ... 35

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4.1. Paradigmas tecnológicos ... 38

4.2. Tipos de produtos ... 42

4.3. Evolução temporal dos Smartwatches ... 45

4.4. Clapperboard matrix ... 52

§5. Discussão dos resultados ... 55

§6. Conclusão ... 59

6.1. Limitações ... 61

6.2. Trabalho futuro ... 61

Referências bibliográficas ... 62

Apêndices ... 64

Apêndice 1 – Base de dados ... 64

Apêndice 2 – Descrição dos parâmetros ... 116

Apêndice 3– Base de dados em R ... 149

Apêndice 4– PT: Hierarchical clustering em R ... 154

Apêndice 5– PT: K-means clustering em R ... 156

Apêndice 6– TP: Hierarchical clustering em R ... 158

Apêndice 7– TP: K-means clustering em R ... 160

Apêndice 8– Tabela de evolução temporal ... 162

Apêndice 9– Tabela de cálculo R^2 e declive da reta da regressão linear ... 166

Apêndice 10– Clapperboard matrix ... 167

Apêndice 11– Vendas de smartwatches ... 168

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Apêndice 13– Tabela de cálculo R^2 e declive da reta da regressão linear, por sistema operativo ... 171

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Índice de tabelas

Tabela 1- Paradigmas tecnológicos ... 38

Tabela 2- Número de equipamentos por paradigma ... 40

Tabela 3- Tipos de produtos ... 42

Tabela 4- Número de equipamentos por tipo de produto ... 43

Tabela 5- Número de modelos por categoria ... 45

Tabela 6- Base Dados (BD) ... 64

Tabela 7- Apresentação, descrição e forma de interpretar os parâmetros ... 116

Tabela 8 – Evolução temporal ... 162

Tabela 9 – Cálculo R^2 e declive da reta da regressão linear ... 166

Tabela 10- Vendas de wearables, segundo a consultora IDC ... 168

Tabela 11- Vendas de smartwathes, segundo a consultora IDC ... 168

Tabela 12- Vendas de wearables, segundo a consultora GFK ... 169

Tabela 13- Vendas de smartwatches, segundo a consultora GFK ... 169

Tabela 14- Vendas por sistema operativo, segundo a consultora IDC ... 170

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Índice de figuras

Figura 1- Paradigmas tecnológicos por marca ... 40

Figura 2- Tipos de produtos por marca ... 44

Figura 3- Contagem de modelos wearable por marca ... 46

Figura 4- Evolução temporal dos smartwatches ... 47

Figura 5- Evolução temporal dos paradigmas tecnológicos ... 48

Figura 6- Evolução temporal dos tipos de produtos ... 49

Figura 7- Clapperboard matrix com exemplos ... 54

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§1. Introdução

A mudança tecnológica pode ser considerada como um dos mais poderosos motores de crescimento (Sood e Tellis, 2005). No entanto, para que as empresas consigam beneficiar desse impulso necessitam de compreender como é que as novas tecnologias evoluem e de entender como é que tecnologias rivais competem (Sood e Tellis, 2005). Uma vez que a evolução tecnológica proporciona um ambiente de constante mudança, complexidade e de grande dinâmica, os gestores das organizações devem procurar compreender os vários cenários tecnológicos possíveis e a posição da empresa e dos seus concorrentes, para tomar decisões apropriadas no que diz respeito a investimentos em desenvolvimento tecnológico (Aharonson e Schilling, 2016).

Quando analisamos a evolução tecnológica desde o desktop (computador de secretária) para o laptop (computador portátil), e do laptop para o PDA (Personal Digital

Assistant) ou para os tablets e smartphones, podemos identificar uma manifesta

tendência para crescente portabilidade e mobilidade dos dispositivos, que facilita a sua integração na vida quotidiana. No entanto, não se deve considerar que a substituição do

desktop pelo laptop e do laptop pelo tablet é completa e rigorosa (Pascoe, 2006), mas

sim parcial e algo complementar.

Segundo Pascoe (2006) o equipamento Smartwatch advém da combinação do relógio de pulso com componentes que permitem desempenhar determinadas funções de uma maneira muito semelhante à dos computadores.

Neste sentido, um equipamento wearable (equipamento tecnológico que tem a característica de se vestir e de, por vezes, ficar em contacto com a pele), categoria em que se insere o Smartwatch, pode ajudar o utilizador de uma forma mais contínua do que um computador de secretária ou portátil (Starner, Mann, Rhodes, Levine, Healey, Kirsch, Picard, e Pentland, 1997).

Estes equipamentos inserem-se num mundo chamado de Internet of Things. Esta pode ser considerada como um novo paradigma que tem rapidamente conquistado terreno no cenário das telecomunicações wireless (sem fios) mas não apresenta apenas uma definição (Atzori, Iera, e Morabito, 2010). Internet of Things pode ser definida como

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rede mundial de objetos interconectados que tem como base os protocolos de comunicação standards (Atzori et al., 2010) ou de uma forma mais simples, pode ser considerada como a conexão de diversos dispositivos à Internet permitindo um determinado controlo remoto útil dos dispositivos (Chase, 2013). Neste trabalho considerar-se-á como definição de Internet of Things a apresentada por Chase (2013). A principal motivação para a realização deste trabalho surge por a Internet ter vindo a assumir um papel de cada vez maior importância nas nossas tarefas do dia-a-dia, seja no espaço e na execução do trabalho ou numa simples ida ao supermercado para fazer as compras. A necessidade crescente em estar ligado à Internet tem facilitado às empresas do sector tecnológico o desenvolvimento e a produção de novos produtos, que criam novas necessidades de conexão, como o caso dos equipamentos wearables. Dentro destes equipamentos tecnológicos que são destinados a estar vestidos e a estar, em muitos casos, em contacto com o corpo humano, existem os Smartwatches.

A tese deste trabalho é que a análise à evolução da tecnologia Smartwatch pode servir de base para a compreensão da evolução do mercado da mesma tecnologia. Dessa forma, neste estudo pretende-se analisar e compreender a evolução e as tendências de mercado para o caso específico dos Smartwatches, a partir da análise da evolução tecnológica e do ritmo de lançamento desses produtos.

Neste sentido, o estudo a ser abordado na dissertação, dedica-se à análise e à compreensão da evolução da tecnologia Smartwatch através de uma combinação de estudos qualitativo e quantitativo. No estudo qualitativo analisaram-se diversos

Smartwatches, de diferentes marcas, com o intuito de identificar e enumerar

características (especificações, preço, entre outros) para proceder à definição de paradigmas tecnológicos e de tipos de produtos que permitiriam analisar a evolução tecnológica ao longo do tempo. O estudo quantitativo consistiu na utilização de análise estatística para fazer uma comparação temporal entre os produtos com o intuito de analisar a evolução das tecnologias incorporadas e a maturidade do mercado, permitindo verificar as tendências e a atratividade do mercado da tecnologia

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Smartwach, bem como inferir e justificar algumas decisões estratégicas dos produtores

de Smartwatches.

Neste sentido, com esta investigação desenvolveu-se uma ferramenta que permite compreender a forma com que a tecnologia dos Smartwatches está a evoluir e verificar as tendências ao nível dos componentes que são integrados nestes equipamentos, bem como tendências dos mercados a que se destinam.

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§2. Revisão de literatura

2.1. Inovações tecnológicas

As inovações tecnológicas são reconhecidas e identificadas como melhorias ou como alternativas destinadas a solucionar problemas (Ho e Lee, 2015) e têm sido uma poderosa força para o desenvolvimento industrial, para o crescimento da produtividade e para o crescimento dos padrões de qualidade de vida (Abernathy e Clark, 1985). No entanto, muitas pesquisas sobre inovação tecnológica centram-se demasiado no desenvolvimento de novas soluções de cariz tecnológicas e colocam completamente de parte as necessidades ou os problemas dos consumidores como fonte de inspiração de novas soluções tecnológicas (Ho e Lee, 2015).

Segundo Abernathy e Clark (1985) a inovação não é um fenômeno uniforme dado que há inovações disruptivas que destroem as competências já estabelecidas e tornam-nas obsoletas; e por outro lado há inovações que simplesmente vêm redefinir as competências e trazer melhorias. Para além disso os efeitos que as inovações têm nos sistemas de produção podem ser bem diferentes dos efeitos que têm nos relacionamentos entre clientes e mercados (Abernathy e Clark, 1985). Estas ligações entre cliente e mercado referem-se à gestão do relacionamento com o cliente, às aplicações utilizadas pelos clientes, ao conhecimento de mercado e ao aos canais e serviços disponíveis para suportar essas mesmas ligações (Ho e Lee, 2015).

As inovações tecnológicas podem influenciar de diversas maneiras uma grande variedade de agentes económicos, moldando diferentes pontos de vista sobre o significado da mudança tecnológica (Abernathy e Clark, 1985).

Segundo Abernathy e Clark (1985) todas as inovações tecnológicas impõem algum tipo de mudança, sendo que estas não têm de ser necessariamente destrutivas.

Abernathy e Clark (1985) propõem uma taxonomia bidimensional para classificar inovações de acordo com o grau de as alterações provocadas a nível das capacidades

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tecnológicas e das ligações do mercado, dividindo a classificação em regulares, de nicho, revolucionárias e arquiteturais.

Inovações arquiteturais utilizam novos conceitos tecnológicos para conseguir criar novas ligações ao mercado. Estas inovações implicam alterações significativas a nível das capacidades tecnológicas, através da disrupção das capacidades existentes com novas capacidades, tornando as primeiras obsoletas, ou através da introdução de novas capacidades tecnológicas que permitam uma nova configuração da tecnologia e a abertura a novos mercados. Este tipo de inovações implicam também alterações significativas a nível das ligações do mercado, através do foco em atingir novos mercados, endereçando necessidades dos clientes ainda não satisfeitas, nomeadamente a partir da nova configuração tecnológica (Abernathy e Clark, 1985). As inovações de nicho, ou de mercado, caracterizam-se por conseguirem criar novas oportunidades de mercado através da utilização de tecnologia existente, conservando e reforçando os modelos já estabelecidos pelos sistemas de produção. Com base nas capacidades tecnológicas existentes, endereçam-se novas e emergentes necessidades dos clientes. A criação de nichos e o desenvolvimento de uma nova arquitetura envolvem inovações visíveis e aparentemente lógicas. Em oposição a esses dois tipos de inovação, a inovação regular carateriza-se por ser quase invisível, mas apresenta um enorme efeito no custo e no desenvolvimento do produto. A inovação regular envolve alterações baseadas nas competências técnicas e de produção existentes e é aplicada a mercados e clientes também existentes com o intuito de consolidar e reforçar as competências e os recursos já presentes. Por último a inovação revolucionária caracteriza-se como aquela que vai perturbar e tornar as competências técnicas e de produção já estabelecidas em obsoletas, alterando as capacidades tecnológicas de base para o desenvolvimento tecnológico e a produção, mas aplicando-as a mercados existentes (Abernathy e Clark, 1985).

Tushman e Anderson (1986) centram-se em analisar a tecnologia numa perspetiva que olha para a tecnologia como uma força central que molda a evolução do contexto em que é aplicada. A sua premissa é que as tecnologias não afetam apenas uma determinada população (uma organização ou empresa) mas afeta também todas as comunidades que

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lhe são tecnologicamente interdependentes, demonstrando que as mudanças tecnológicas afetam drasticamente todas as condições do seu contexto de aplicação (Tushman e Anderson, 1986).

Neste sentido, os autores analisam os efeitos das mudanças tecnológicas de acordo com os efeitos dessas mudanças nas competências existentes, identificando que há mudanças tecnológicas que destroem as competências existentes e mudanças tecnológicas que enaltecem as competências existentes. Com base nesta premissa, observam que as novas empresas (novos entradas na indústria) e as empresas incumbentes apresentam abordagens diferentes ao nível de inovação tecnológica. As novas empresas procuram desenvolver tecnologias que destruam as competências existentes, permitindo-lhes ser disruptivos e destruir as tecnologias e as práticas dos incumbentes. Por outro lado, as empresas incumbentes procuram desenvolver inovações que enalteçam as competências existentes, permitindo diminuir cada vez mais o ambiente de incerteza do mercado em que operam (Tushman e Anderson, 1986).

Henderson e Clark (1990) numa perspetiva mais centrada na própria tecnologia, como já analisado anteriormente, por ser a tipologia de inovação que será utilizada ao longo deste estudo, classificam mudanças tecnológicas de acordo com o seu impacto nas estruturas ou nos componentes dos produtos. De forma resumida, segundo estes autores a mudança tecnológica pode reforçar ou destruir a arquitetura do produto e reforçar ou destruir o conhecimento que serve de base para os seus componentes. A combinação desses dois fatores definirá se a inovação é uma inovação incremental, arquitetural, modular ou radical.

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2.1.1.

“Demand pull” e “technology push”

A tecnologia desempenha um papel muito importante no crescimento económico de um setor de atividade ou região económica (Nemet, 2009) originando uma grande proximidade e uma estreita relação entre o crescimento económico e a evolução tecnológica (Dosi, 1982).

No entanto, não há consenso sobre a direção desta relação de causalidade e sobre o grau de dependência da mudança tecnológica em relação aos mecanismos endógenos do mercado (Dosi, 1982).

A evolução tecnológica tem sido, na sua grande maioria, entendida segundo a lógica “Demand Pull” ou “Technology Push”, no entanto estas duas lógicas não são exclusivas e o caminho para compreender a evolução tecnológico não passa por elas, segundo Dosi (1982).

A lógica “Technology Push” apresenta os avanços ao nível da compreensão científica como principal argumento determinante do desenvolvimento de inovações (Nemet, 2009).

Dosi (1982) estuda o processo de inovação radical (a que chama processo de seleção de novos paradigmas tecnológicos) sugerindo que se trata de um processo em geral idêntico ao processo de produção de ciência, devido em grande parte à forte relação entre investigação, desenvolvimento e produção inovadora, e à incerteza inerente do processo de inovação. Estes aspetos apresentam-se como principais fatores determinantes de pesquisa e de desenvolvimento da atividade inovadora. Ainda que o autor não assuma utilizar uma lógica “Technology Push”, destacando-se das duas lógicas anteriormente referidas e argumentando que nenhuma serve para explicar completamente a inovação tecnológica por se tratarem de lógicas unidirecionais (tecnologia imposta ao mercado ou mercado que designa o desenvolvimento tecnológico), ao comparar o processo de inovação com o processo de produção científica, ainda que defenda uma interação entre desenvolvimento tecnológico derivado do progresso científico e ajustado às necessidades de mercado, a sua perspetiva aproxima-se mais do “Technology Push” do que do “Demand Pull”.

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No entanto, esta lógica apresenta alguns aspetos negativos como o fato de ignorar os preços e outras mudanças nas condições económicas, afetando a rentabilidade das inovações. Esta lógica também atribui demasiada ênfase a uma progressão unidirecional dentro das etapas do processo de inovação, sendo incompatível com um trabalho de valorização de opiniões e de interações entre consumidores ou utilizadores que aproxima a tecnologia das necessidades do mercado (Nemet, 2009).

Por outro lado, a lógica “Demand Pull” valoriza as mudanças nas condições de mercado como um dos principais argumentos impulsionadores do processo de inovação. Estas mudanças de mercado criam ao setor empresarial oportunidades de investimento em inovações com o intuito de satisfazer necessidades que ainda não foram alvo de atenção (Nemet, 2009).

No entanto, apesar desta lógica explicar relativamente bem inovações incrementais, não serve para explicar tão bem as alterações de descontinuidade, isto é, a inovação radical. Por outro lado, esta lógica assume alguns pressupostos acerca das capacidades das empresas que podem ser questionáveis, sendo pouco claro como é que as empresas conseguem identificar de forma eficaz as necessidades mais importantes de entre um conjunto quase infinito de necessidades que podem existir, até que ponto é que as empresas têm acesso a técnicas que consigam dar resposta à enorme variedade de necessidades que possam surgir, e, até que ponto é que as empresas se conseguem desligar das rotinas existentes para conseguir atender necessidades que ainda estão por satisfazer (Nemet, 2009).

Apesar de existir argumentos a favor e contra cada uma destas categorias e de ambas serem muito diferentes é necessário compreender que “Demand Pull” e “Technology

Push” apresentam uma grande interação entre si. Ambas as categorias são essenciais e é

necessário que existam simultaneamente e que tenham interação uma com a outra porque se assim não for não há a capacidade suficiente para gerar inovações capazes de resultarem no mercado (Nemet, 2009) e de satisfazer convenientemente as necessidades do mesmo.

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2.1.2.

Processo de inovação

Como referido anteriormente, a inovação tecnológica desempenha um papel fundamental no crescimento económico de um país (Nemet, 2009) assim como de uma determinada região, indústria ou empresa.

As características do processo de inovação e das inovações desenvolvidas em ambiente empresarial variam com os diferentes ambientes e as diferentes estratégias competitivas e de crescimento de uma empresa, assim como com o estado do processo de desenvolvimento tecnológico utilizado pela empesa e pelos seus concorrentes (Utterback e Abernathy, 1975).

Uma empresa influencia muito pouco o ambiente externo que a rodeia e por isso este, normalmente, condiciona muito as suas escolhas estratégias, influenciando também, de acordo com a estratégia escolhida, as escolhas do tipo de inovação de processo e de produto que a empresa realiza e o estado de desenvolvimento do seu processo produtivo (Utterback e Abernathy, 1975). Utterback e Abernathy (1975) baseiam-se nestas relações mútuas entre inovação, estratégia competitiva e o estado de desenvolvimento do processo produtivo para desenvolver um modelo conceptual que relaciona inovação com evolução de produto e de processo.

Os processos empresariais vão sofrendo alterações fruto de novos desenvolvimentos e de alterações que a empresa vai sofrendo tanto ao nível interno como externo. Neste sentido, Utterback e Abernathy (1975) apresentam três estados de desenvolvimento de processos: descoordenação; segmentação e, sistémico.

O estado de descoordenação diz respeito à fase inicial do desenvolvimento de processo e caracteriza-se por mudanças constantes no processo e no produto e, pela existência de uma enorme diversidade de produtos oferecida pelos concorrentes. Nesta fase o processo produtivo caracteriza-se como fluido e com relações soltas entre os seus elementos (equipamentos, recursos, tarefas, fluxo de trabalho e informação, entre outros).

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A segmentação caracteriza-se por ser uma fase em que a concorrência de preços é cada vez mais intensiva e os sistemas de produção, que são projetados para serem eficientes, tornam-se rígidos e mecânicos.

Por último, o estado sistémico é a fase em que o processo se caracteriza por estar muito desenvolvido e muito bem integrado, o que torna as alterações demasiado dispendiosas porque uma pequena alteração no processo vai, certamente, implicar mudanças noutros processos utilizados na conceção do produto (Utterback e Abernathy, 1975).

O processo anterior diz respeito à inovação em processos. Por outro lado, existe também o desenvolvimento de produto ou a inovação de produto, que emerge a partir de uma nova tecnologia ou combinação de tecnologias introduzidas no mercado com o intuito de satisfazer uma necessidade de mercado.

No modelo de desenvolvimento de produto há enfâse no desenvolvimento de produtos ao longo do tempo de uma forma previsível, em que inicialmente se valoriza o desempenho, de seguida há maior consideração pela variedade de produtos e mais tarde dá-se maior enfâse à normalização dos produtos e redução dos custos.

Este modelo apresenta, à semelhança do modelo de desenvolvimento de processo de produção, três estados que se correlacionam com o ciclo de vida do produto.

Em primeiro lugar há o estado de Performance – Maximizing que corresponde às fases iniciais do ciclo de vida do produto e é caracterizado por alterações frequentes no produto. Muitas empresas que desenvolvem produtos inovadores e que se encontram nesta fase enfrentam um período de incerteza sobre o seu potencial de mercado.

Segue-se o estado Sales - Maximizing em que a incerteza vai, gradualmente, reduzindo devido ao aumento de experiência adquirida por parte das empresas e dos consumidores. Neste estado verifica-se uma maior competitividade e concorrência através da diferenciação do produto e pode-se afirmar que corresponde, aproximadamente, ao estado de segmentação do desenvolvimento do processo de produção. É de ter, ainda em consideração que todos os processos de produção são muito influenciados pela procura de mercado.

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Por último, surge o estado de Cost – Minimizing. À medida que o ciclo de vida do produto evolui a variedade de produtos apresenta uma forte tendência para se reduzir e tornar o produto num standard.

Depois, a concorrência começa a basear-se no preço, tornando-se cada vez menor, apresentando a necessidade de se conseguir diminuir os custos de produção com o intuito de permanecer competitivo. Esta fase envolve tanto o processo de produção como o possesso de inovação e por isso deve ser tratada como um sistema (Utterback e Abernathy, 1975).

Utterback e Abernathy (1975) relacionam o desenvolvimento de processos com a inovação de produto resultando num modelo que permite explicar o processo de evolução tecnológica, i.e., o processo de inovação para inovações tecnológicas.

Este modelo aborda questões importantes acerca da gestão de inovações tecnológicas: o

locus natural de inovação, o tipo mais adequado de inovação e as barreiras à inovação.

Em primeiro lugar, o locus de inovação vai-se alterando de acordo com o seu estado de desenvolvimento. Num primeiro momento, as inovações surgem vindas de pessoas ou de empresas que conhecem o possível destinatário da sua ideia e que estão familiarizadas com as necessidades e as características do potencial público-alvo. Deste modo, a criação de novas ideias surge, na maior parte dos casos, como resultado da identificação de necessidades que ainda não são satisfeitas e é a partir dessa identificação que se parte para o desenvolvimento do produto. Mais tarde, com a identificação clara das necessidades, emergem soluções tecnológicas complexas para essas necessidades. Assim, o inovador passa a ser quem domina a tecnologia e a consegue adaptar aos produtos necessários para resolver as necessidades existentes. Em segundo lugar, o estado de desenvolvimento influencia o tipo de inovação mais provável de ser bem-sucedido, seja ela tecnologicamente simples ou complexa e se é aplicada a produto ou processo. No estado de descoordenação a maioria da inovação ocorre no produto que será produzido e pouca inovação acontece no processo produtivo, uma vez que o processo está ainda pouco definido e estruturado. No estado sistémico acontece o oposto, a maioria da inovação acontece no processo e inovações radicais de

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produto dificilmente são aceites, uma vez que o sistema produtivo já se encontra bem definido.

Por último, as barreiras à inovação sofrem alterações no seu conjunto com o estado de desenvolvimento. Por exemplo na fase de descoordenação as barreiras centram-se em torno de perceções sobre a relevância da inovação. Na fase sistémica as barreiras decorrem da natureza disruptiva da inovação (Utterback e Abernathy, 1975).

Assim, este modelo sugere um conjunto de variáveis que vão sofrendo alterações sistemáticas devido ao desenvolvimento de produto e de processo nas empresas e ajuda a analisar as diferenças entre empresas que operam em ambientes competitivos diferentes e com diferentes recursos e limitações (Utterback e Abernathy, 1975).

2.1.3.

Fontes de novas tecnologias

Segundo um estudo elaborado por Christensen e Raynor (2003), as novas tecnologias podem surgir através de empresas incumbentes (grandes empresas) ou através de novos operadores (pequenas empresas).

Christensen e Raynor (2003) demonstraram que a maior parte das vezes são os incumbentes a apresentar novas tecnologias, baseadas nos paradigmas tecnológicos existentes, mas outras vezes acontece também serem novos operadores a apresentar novas tecnologias (novos paradigmas) que acabam por se tornar superiores às comercializadas pelos incumbentes. Esta situação dá origem ao que os autores descrevem como o dilema do inovador.

Os autores dividem a inovação em duas categorias, a sustentável e a disruptiva. A categoria sustentável ocorre quando há a necessidade de produzir produtos melhores e verifica-se que os incumbentes prevalecem, na maior parte das situações, face aos novos operadores, por as inovações serem construídas sobre os paradigmas tecnológicos existentes, em que os incumbentes têm muita experiência e dominam.

Por outro lado, na categoria disruptiva o desafio principal passa por comercializar um produto mais simples, conveniente e acessível a novos clientes ou a clientes pouco exigentes, atribuindo uma enorme capacidade competitiva, e por vezes preferencial, aos

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novos operadores face aos incumbentes. É através das inovações disruptivas, que em muitas situações os novos operadores conseguem competir com os incumbentes (Christensen e Raynor, 2003).

Quando se desenvolve e cria uma nova ideia de negócio ou um novo produto raramente vão ser disruptivos para o mercado. Esse estatuto deve ser conseguido através da implementação de uma estratégia, da mesma forma que se realiza um plano estratégico de produção empresarial, porque só assim há a possibilidade de alcançar o sucesso competitivo (Christensen e Raynor, 2003).

Christensen e Raynor (2003) identificaram três elementos críticos para existir a disrupção. Em primeiro lugar, em cada mercado existe uma taxa de melhoria que representa o que os consumidores podem utilizar ou absorver. Ou seja, as inovações, por norma, apresentam uma tendência de melhoria constante face às anteriores. Mas, por vezes, a perceção dessas melhorias no desempenho do produto depende da utilização que lhe é dada. Isto é, utilizadores mais exigentes perceberão mais melhorias de performance do que utilizadores menos exigentes. Em segundo lugar, cada vez que uma empresa desenvolve e introduz no mercado um produto inovador, independentemente do mercado no qual se insere, vai causar um ritmo de melhoria e de progresso tecnológico diferente. Este ritmo caracteriza-se, tendencialmente, como acelerado e capaz de ultrapassar a capacidade de utilização atribuída pelos consumidores. O último elemento crítico traduz-se na distinção entre inovação sustentável ou disruptiva. Como explicado atrás, a inovação sustentável caracteriza-se pela introdução de melhoramentos incrementais nas inovações existentes, tendo como objetivo principal alcançar um melhor desempenho. Quando analisamos este tipo de inovação entre dois concorrentes de diferentes dimensões, sendo um incumbente e o outro um novo operador, há uma forte probabilidade de o incumbente conseguir alcançar o mesmo grau de melhoria de desempenho nos produtos que já comercializa, através de melhorias incrementais, do que as melhorias trazidas por novos operadores aos mesmos produtos. Nesses casos, os incumbentes obtêm maiores margens de lucro devido à dimensão dos recursos que têm disponíveis e ao estado do desenvolvimento do

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seu processo produtivo, que será muito mais avançado do que o processo produtivo dos novos operadores.

Por outro lado as inovações disruptivas caracterizam-se por perturbar as inovações sustentáveis uma vez que oferecem outros benefícios, normalmente mais simples, convenientes e acessíveis e são capazes de responder às necessidades de novos clientes ou clientes menos exigentes (Christensen e Raynor, 2003).

As inovações disruptivas apresentam-se como paralisantes e perturbadoras ao nível dos incumbentes, ou aos líderes de mercado, devido ao facto de estes projetarem a utilização dos seus recursos em projetos de aperfeiçoamento e de melhorias incrementais dos produtos já existentes, demonstrando-se incapazes de realizar inovações incrementais. Neste sentido, os incumbentes interessam-se e pretendem satisfazer o mercado dos clientes mais exigentes, com produtos já existentes, e não mostram interesse em novos mercados ou nos clientes menos exigentes, os quais motivam os novos operadores, capazes de produzir inovações que satisfaçam esses mercados, isto é, disruptivas. Este fenômeno denomina-se de motivação assimétrica em que a motivação para a inovação é diferente entre os incumbentes e os novos operadores e caracteriza-se como sendo o núcleo do dilema do inovador e, ao mesmo tempo, o início da solução do inovador (Christensen e Raynor, 2003).

Contudo, não se pretende com esta distinção entre inovações sustentáveis e disruptivas transmitir que uma seja melhor do que a outra. As inovações sustentáveis são essenciais e cruciais para o sucesso do processo de exploitation de oportunidades. No entanto, não são consideradas como o caminho mais adequado para construir e servir de base para o crescimento de novos negócios.

As inovações de paradigmas tecnológicos surgem frequentemente de novos operadores (pequenas empresas). Estas são muitas vezes ao início ignoradas pelos incumbentes (grande dimensão), mas começam a prestar atenção e podem mesmo ser bem-sucedidos na sua adoção, quando o novo paradigma apresentam progressos tecnológicos que permitem alcançar potencial de substituição do paradigma existente. Vários estudo apontam que os incumbentes (grandes empresas), ao contrário dos novos operadores

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(pequenas empresas), não procedem à introdução de novos paradigmas tecnológicos devido à sua arrogância, falta de vontade, complacência, entre outras razões (Sood e Tellis, 2005).

2.1.4.

Tecnologias emergentes

O surgimento de novas tecnologias tem vindo a provocar, tanto nos consumidores particulares como no seio empresarial, um interesse cada vez maior que se verifica através da crescente atenção atribuída ao fenómeno das tecnologias emergentes, nomeadamente, em artigos e/ ou notícias tecnológicas (Rotolo, Hicks, e Martin, 2015). Vários estudos propõem diversas definições para tecnologias emergentes, sendo que cada uma dessas definições apresenta características diferentes.

Certas definições atribuem maior relevância ao potencial impacto das tecnologias emergentes na economia e na sociedade, enquanto outras atribuem maior relevância à incerteza associada ao processo de surgimento ou às caraterísticas de novidade e de crescimento. A acrescentar a esta diferenciação ao nível de relevância e de características é necessário ter em consideração que a perspetiva do investigador também condiciona e influência bastante a maneira de como se analisa e olha para estas tecnologias. Determinados investigadores podem considerar uma tecnologia emergente fruto do seu impacto socioeconómico, enquanto outros preferem considerar estas tecnologias como uma extensão natural de uma tecnologia já existente (Rotolo et al., 2015).

Quanto maior for a experiência e o conhecimento do investigador em determinado domínio, maior é a probabilidade de entender a natureza das relações entre os diferentes elementos tecnológicos e maior será a sua eficiência ao inventar uma tecnologia que tire partido desses elementos tecnológicos.

Para além disso, os investigadores também aprendem através da observação do valor das tecnologias desenvolvidas por outros, o que implica de uma forma clara que uma análise baseada no conhecimento produzido também servirá para analisar como surgem novas tecnologias (Aharonson e Schilling, 2016).

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Segundo Rotolo et al. (2015), no sentido de facilitar a definição e caracterização de tecnologia emergente deve-se ter em atenção cinco atributos: novidade radical; rapidez relativa de crescimento; coerência; impacto proeminente e incerteza e ambiguidade. O primeiro atributo a ser considerado é a novidade radical. Esta novidade radical assume a forma de inovação descontínua, derivada de inovação radical, e pode surgir a partir de revoluções técnicas das características tecnológicas, assim como de novas formas de utilização e reaproveitamento de tecnologias já existentes, para funções completamente diferentes das previstas inicialmente aquando a sua criação e desenvolvimento.

O segundo atributo diz respeito à rapidez relativa de crescimento. Este pode ser analisado através de um conjunto alargado de dimensões, como o número de atores envolvidos, financiamento privado e público, a produção de novos conhecimentos, protótipos, e bens e serviços. E é importante que seja contextualizado, porque uma tecnologia cresce mais ou menos rapidamente sempre em comparação com outras tecnologias.

Como terceiro atributo é apresentada a coerência que persiste ao longo do tempo. É necessário compreender até que ponto estamos a falar de tecnologias emergentes sendo, sempre, necessário realizar um enquadramento da tecnologia e analisar os seus precedentes. Desta forma, um dos pressupostos a ter em atenção para considerar uma tecnologia como emergente diz respeito à capacidade de autossustentabilidade e ao destaque e diferenciação face às suas antecessoras.

O quarto atributo centra-se na disponibilização de benefícios a determinados sectores para criar uma nova indústria ou para modificar a já existente através de influência económica ou de alterações realizadas no mercado competitivo. Estas influências e alterações poderão ter dimensões de impacto diferentes, que devem ser avaliadas sempre tendo em conta o contexto de desenvolvimento da tecnologia – algumas tecnologias têm um impacto alargado em todo um sistema socioeconómico, enquanto outras poderão ter impactos mais restritos, como o aparecimento de novos domínios de

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negócio, mas ambos os casos poderão representar impactos proeminentes para as realidades das evoluções tecnológicas respetivas.

Por último, o quinto atributo centra-se no impacto que as tecnologias emergentes enfrentam num futuro muito próximo, uma vez que a tecnologia não se encontra terminada. Dessa forma, parte do processo de aparecimento da tecnologia foge do controlo de quem a desenvolve, é um processo parcialmente autónomo, criando incertezas nesse processo. Assim, a incerteza do impacto da tecnologia apresenta como consequência problemas ao nível do conhecimento do resultado real das potenciais aplicações da tecnologia (Rotolo et al., 2015). Juntamente com a incerteza do processo de aparecimento da tecnologia, existe também um outro fator importante, a ambiguidade que a tecnologia apresenta. A ambiguidade surge e acontece porque as aplicações e o conhecimento associado às tecnologias emergentes é maleável, alterável e por vezes contraditório. Mais ainda, a variedade de possíveis resultados do aparecimento da tecnologia acontece devido aos diferentes grupos sociais com que a tecnologia interage, que poderão atribuir significados diferentes à tecnologia (Rotolo et

al., 2015).

Assim, Rotolo et al. (2015) propõem que tecnologias emergentes sejam definidas como “tecnologias radicalmente novas e com um ritmo de crescimento rápido, caraterizadas por um determinado grau de coerência, persistente ao longo do tempo, e com potencial de ter um impacto considerável no(s) domínio(s) socioeconómico(s), que é(são) observado(s) em termos de composição de atores, instituições e padrões de interações entre os dois, juntamente com os processos de produção de conhecimento associados a essas interações. No entanto, o seu impacto mais proeminente acontecerá no futuro e, por isso, na sua fase de emergência ainda permanece incerta e ambígua” (tradução livre).

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2.2. Evolução tecnológica

Como já evidenciado na introdução, embora não sendo demais repetir, a evolução tecnológica é, hoje em dia, um dos mais poderosos motores de crescimento. Neste sentido, é muito importante para as empresas compreenderem como a tecnologia evolui e como tecnologias rivais competem para poderem tirar o maior partido da evolução tecnológica (Sood e Tellis, 2005). Em complemento,, a forma como as empresas utilizam o conhecimento tecnológico aprendido, isto é, a capacidade tecnológica das empresas, é considerada fundamental para a definição da sua identidade, das suas estratégias e do seu potencial competitivo (Aharonson e Schilling, 2016).

Uma das principais ferramentas de análise da evolução tecnológica centra-se no processo de evolução do desempenho tecnológico e é representado pela chamada curva S (Aharonson e Schilling, 2016). A curva S tornou-se uma ferramenta fundamental para o pensamento sobre estratégia tecnológica. De forma simplificada, consiste numa representação gráfica que descreve a substituição, a nível industrial, de tecnologias antigas por novas. Assim, a curva S representa uma teoria derivada do potencial de melhoria tecnológica, dando a conhecer que a melhoria do desempenho de uma tecnologia é resultado de uma dada quantidade de esforço de engenharia, tornando a tecnologia cada vez mais madura (Christensen, 1992).

A curva S descreve a melhoria de performance de uma tecnologia como uma evolução que acontece em três fases: a primeira fase denomina-se de inicial ou introdução, a segunda de crescimento e a terceira de maturidade (Sood e Tellis, 2005).

Na fase inicial a taxa de melhoria do desempenho é relativamente lenta devido à tecnologia ser nova e desconhecida (Sood e Tellis, 2005), dificultando a sua compreensão (Christensen, 1992). À medida que ela vai sendo melhor entendida e controlada começam-se a verificar evoluções significativas (Christensen, 1992) até que se atinge um ponto de conhecimento que permite uma rápida melhoria do desempenho tecnológico, atingindo a fase de crescimento (Sood e Tellis, 2005).

Por último, a evolução tecnológica depois de passar por estas duas fases, começa a aproximar-se do seu limite físico de desempenho (Sood e Tellis, 2005), que exige cada

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vez maiores esforços para conseguir pequenos incrementos de melhoria de desempenho necessários para alcançar o estado de maturidade (Christensen, 1992).

O estado de maturidade é fruto de diversas razões, segundo diferentes autores. Foster (1996) simplesmente sugere que a maturidade é uma característica natural de qualquer tecnologia e que a tecnologia só se torna atrativa enquanto há melhorias significativas no seu desempenho que a aproximem dessa maturidade. Utterback (1994) e Adner e Levinthal (2002) sugerem que a principal causa para alcançar a maturidade das tecnologias é a antiguidade dos mercados, sendo que com o passar do tempo o foco de inovação se altera de uma inovação no produto para uma inovação no processo. A inovação de processo conduz a poucas e modestas melhorias de performance, sugerindo que a tecnologia se encontra num estado de maturidade. Reinganum (1985) e Ghemawat (1991) sugerem que a maturidade ocorre quando começam a existir menos incentivos às empresas para continuar a inovar e a melhorar o desempenho de determinadas tecnologias, por receio que essa tecnologia se torne obsoleta ou ultrapassada por novas plataformas tecnológicas. Por último, Sahal (1981) sugere que a maturidade acontece quando a taxa de melhoria de desempenho de uma tecnologia diminui devido aos limites de escala (que se tornam excessivamente e insuportavelmente grandes ou pequenas) ou por causa da complexidade do sistema (demasiado complexo para funcionar corretamente) (Sood e Tellis, 2005).

No entanto, as tecnologias nem sempre chegam a atingir os seus limites (a fase de maturidade) por serem suplantadas por tecnologias novas ou disruptivas. Uma tecnologia disruptiva consegue satisfazer uma necessidade de mercado semelhante através de uma base de conhecimento inteiramente nova. As tecnologias disruptivas podem apresentar, inicialmente, um desempenho inferior ao da tecnologia incumbente, mas têm maior potencial de crescimento, o que as pode tornar mais atrativas (Sood e Tellis, 2005)..

Desta forma, as empresas são muitas vezes reticentes à adoção de novas tecnologias ou à mudança tecnológica porque a melhoria do desempenho inicial pode ser lenta e

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dispendiosa e pelo nível de incerteza associado à adoção de novas tecnologias (Sood e Tellis, 2005).

2.2.1.

Mudança tecnológica

A mudança tecnológica pode definir-se como a alteração nos componentes, processos, técnicas ou metodologias que visam melhorar a performance de um produto ou processo (Christensen, 1992) possibilitando caracterizar as inovações em diferentes tipos consoante o tipo de mudança.

Sood e Tellis (2005) caracterizam as mudanças tecnológicas em três tipos: plataforma, componentes e design. Já Henderson e Clark (1990) apresentam quatro tipos de mudança, nomeadamente: incremental, radical, arquitetural e modular, assemelhando-se à proposta de Sood e Tellis (2005) mas de uma maneira mais completa e com uma maior difusão na literatura científica.

O tipo de mudança em plataforma ou a inovação de plataforma é definida como o surgimento de uma nova tecnologia baseada nos princípios tecnológicos muito diferentes daqueles que estão presentes em tecnologias já existentes (Sood e Tellis, 2005). Esta mudança é muito semelhante à mudança radical ou à inovação radical, que corresponde a uma nova tecnologia que apresenta um novo design dominante e uma nova forma arquitetural de ligar e juntar os componentes entre si (Henderson e Clark, 1990). O compact disc (CD) é um exemplo destas duas denominações de mudanças tecnológicas visto que faz uso de uma nova plataforma, de um novo design e de um novo conjunto de componentes, possibilitando gravar dados através de um laser ótico em vez da gravação magnética (Sood e Tellis, 2005).

As mudanças baseadas em componentes ou a inovação de componentes é caracterizada pela utilização de componentes (peças ou materiais) totalmente novos dentro da mesma plataforma tecnológica. Este tipo de mudança assemelha-se à mudança modular de Henderson e Clark (1990) que se caracteriza apenas pela modificação de componentes ou materiais de uma tecnologia. Exemplos deste tipo de mudança são a fita magnética e

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a disquete que apesar de utilizarem diferentes componentes, são baseados na mesma plataforma de gravação magnética (Sood e Tellis, 2005).

A mudança tecnológica com base no design ou a chamada inovação de design é definida pela reconfiguração das ligações e do layout dos componentes dentro da mesma plataforma tecnológica (Sood e Tellis, 2005). Neste sentido, este tipo de mudança pode ser descrita como mudança arquitetural dado que esta é realizada apenas nas relações, nas ligações e na forma de organização dos diversos componentes (Henderson e Clark, 1990). Um exemplo deste tipo de inovação é a redução do tamanho das disquetes de 14 para 8 polegadas em 1978 (Sood e Tellis, 2005).

Por último, existe mais um tipo de inovação identificada por Henderson e Clark (1990), que se denomina de mudança tecnológica incremental. Esta corresponde à inclusão de pequenas melhorias de desempenho ao nível de componentes ou de ligações na tecnologia, mantendo a mesa estrutura de organização e de ligação dos diversos componentes (Henderson e Clark, 1990). Um exemplo deste tipo de mudança ou inovação é o caso dos discos rígidos quando se conseguiu uma velocidade de rotação superior à existente, ou seja, passar das 5400 rotações por minuto para as 7200 rotações por minuto.

A mudança tecnológica apresenta um ritmo de transformações (ou taxa de crescimento da introdução das inovações no mercado) que tem vindo a tornar-se cada vez mais rápido. Este facto deve-se a diversas razões, nomeadamente, à de todos os anos existir cada vez mais recursos dedicados à investigação e desenvolvimento (I&D); aos enormes progressos realizados em determinadas áreas, como na da computação, permitindo alcançar maiores eficiências noutras áreas, como na dos processadores, tornando-os cada vez mais rápidos e pequenos, e na das aplicações, permitindo a sua instalação em mais tipos de equipamento, elevando a sua utilidade e funcionalidade, como o caso do

Smartwatch (Sood e Tellis, 2005).

Estas mudanças tecnológicas criam perturbações na organização industrial existente e, simultaneamente, criam oportunidades para novos negócios. Neste sentido, a evolução tecnológica pode perturbar o mercado ou as normas, crenças e valores pré-estabelecidos

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na indústria com um impacto de tal maneira profundo que pode, por vezes, colocar em causa a sobrevivência das organizações que não se consigam adaptar rapidamente à nova realidade. As empresas só conseguirão alcançar o sucesso quando forem capazes de absorver o conhecimento necessário para se adaptarem atempadamente e adequadamente às novas condições do mercado e superar a inércia organizacional com o intuito de abrandar a mudança (Ho e Lee, 2015).

A natureza complexa da rápida evolução tecnológica faz com que seja difícil de caraterizar e reconhecer o grau de disrupção de algumas inovações. As empresas que não conseguem reconhecer a natureza disruptiva das inovações tecnológicas podem ser ultrapassadas por novos entrantes (novas empresas) que dominam os novos paradigmas tecnológicos (Ho e Lee, 2015).

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2.3. Paradigmas tecnológicos

A compreensão das categorias “Demand Pull” e da “Technology Push”, anteriormente descritas, é essencial e fundamental para o aparecimento e desenvolvimento de inovações tecnológicas, assim como no aparecimento e na definição de novos paradigmas tecnológicos (Van den Ende e Dolfsma, 2005).

Um paradigma tecnológico diz respeito à definição de problemas “relevantes” e ao conhecimento específico relacionado com a sua resolução, num determinado campo tecnológico (Dosi, 1982).

Segundo Cimoli e Dosi (1995) a definição de paradigma tecnológico baseia-se numa perspetiva tecnológica fundamentada em três ideias fundamentais.

Em primeiro lugar, sugere que qualquer descrição que possa ser satisfatória do significado de tecnologia e de como acontece a mudança tecnológica deve compreender representação das formas específicas de conhecimento em que a atividade que utiliza essa tecnologia se baseia.

Em segundo lugar, os paradigmas implicam perspetivas e heurísticas específicas sobre como fazer determinadas coisas e de melhorar a forma de as fazer.

Por último, os paradigmas, geralmente, também definem modelos básicos de artefactos (que podem ser descritos através de características tecnológicas e económicas fundamentais) e de sistemas que sofrem alterações e melhorias ao longo do tempo (Cimoli e Dosi, 1995).

No campo da evolução económica, os avanços científicos são vistos como essenciais e fundamentais para a criação de novos paradigmas, uma vez que o desenvolvimento do conhecimento científico ou tecnológico é considerado como o principal, se não o único, fator preponderante nas mudanças efetuadas nos paradigmas (Van den Ende e Dolfsma, 2005).

Os paradigmas tecnológicos, segundo Dosi (1982), apresentam um importante efeito de exclusão no sentido em que os esforços e a criação tecnológica das organizações e dos seus engenheiros estão focados em direções específicas de desenvolvimento tecnológico

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e, por isso, não consideram e não demonstram interesse noutras possibilidades tecnológicas, ainda que consigam transmitir uma ideia de progresso.

A identificação de um paradigma tecnológico está diretamente relacionada com as funções gerais a que é aplicada, com os materiais tecnológicos utilizados e com as propriedades físicas que explora (Dosi, 1982).

2.3.1.

Trajetória tecnológica

Trajetórias tecnológicas, i.e., a atividade normal de resolução de problemas determinada por um paradigma tecnológico, pode ser representada pelos movimento evolutivos multidimensionais estabelecidas entre as variáveis tecnológicas definidas como relevantes pelo paradigma (Dosi, 1982).

Cimoli e Dosi (1995) associam o conceito de trajetória tecnológica à concretização progressiva de oportunidades de inovação associadas a cada paradigma, podendo ser medida em termos de mudanças nas caraterísticas tecnológicas e económicas fundamentais nesse paradigma tecnológico.

As principais ideias envolvidas na noção de trajetória baseiam-se no que cada paradigma limita e restringe a direção da mudança tecnológica, independentemente da influência e dos incentivos de mercado. Através dessa restrição é possível observar as irregularidades e as variações no padrão de mudança tecnológica em relação às diferentes condicionantes de mercado. A perturbação está associada a mudanças radicais nos paradigmas tecnológicos, i.e., a mudanças de paradigma.

Por último, a mudança tecnológica é, em grande parte, impulsionada por tentativas repetitivas de conseguir lidar e fazer frente aos desequilíbrios tecnológicos que as trajetórias tecnológicas criam (Cimoli e Dosi, 1995). Neste sentido, trajetória tecnológica é definida por um conjunto de possíveis direções tecnológicas em que os limites exteriores são definidos pela natureza do próprio paradigma e é condicionada por variáveis tecnológicas e económicas (Dosi, 1982).

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2.4. Os smartwatches

O Smartwatch é um equipamento wearable (nome atribuído à categoria de equipamentos tecnológicos que apresentam a particularidade de se conseguirem vestir ou usar no corpo) que faz parte do crescente contexto de Internet of Things e é caracterizado como a combinação de relógio de pulso com determinados componentes eletrónicos que permitem desempenhar funções de forma muito semelhante aos computadores (Pascoe, 2006). Os Smartwatches surgiram com o objetivo de ajudar de uma forma inteligente, consistente e contínua a realização de tarefas do utilizador (Starner et al., 1997).

A popularidade e a versatilidade destes equipamentos para além de terem aumentado significativamente nos últimos anos, devido à crescente utilidade em estudos dedicados à saúde humana (Rawassizadeh, Price, e Petre, 2014), ou em ambiente empresarial facilitando a comunicação e notificação entre funcionários, têm também ajudado a que se considere estes equipamentos como uma nova tecnologia disruptiva que poderá ser capaz de impulsionar a categoria wearable junto dos consumidores (Bernaerts, Druwé, Steensels, Vermeulen, e Sch, 2014).

Os Smartwachs apresentam duas grandes restrições ou desvantagens, nomeadamente, ao nível do seu tamanho e da sua autonomia. Ao nível do tamanho é necessário ter sempre em atenção que trata-se de um equipamento que se utiliza no pulso e por isso não deve ser muito grande, para não causar incómodo em utilizações diárias, mas também não pode ser demasiado pequeno porque na maior parte dos modelos de Smartwaches é através do ecrã, que tem a particularidade de ser touch, que o utilizar interage com o equipamento e acede a todas as funcionalidades. Além disso, o tamanho do equipamento influencia os componentes de hardware que vão ser utilizados e que são fundamentais na determinação da capacidade de computação. Ao nível de autonomia verifica-se que essa é ligeiramente inferior à dos equipamentos eletrónicos maiores, nomeadamente os smartphones, devido ao seu reduzido tamanho, fazendo com que os componentes de hardware apresentem, tendencialmente, menor capacidade e, também, por causa da inclusão de diversos sensores como GPS, de contagem de passos,

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bluetooth, entre outros, que quando estão em utilização são responsáveis por diminuir

drasticamente o tempo de utilização dos equipamentos (Rawassizadeh et al., 2014). Por outro lado, os Smartwatches apresentam duas grandes vantagens que se traduzem na facilidade de emitir constantemente a localização do seu utilizador por possuírem sensor GPS e no permanente contacto com a superfície da pele do utilizador, que permite identificar a pessoa que o está a usar, coordenar a atividade física, medir o ritmo cardíaco, temperatura corporal, visualizar os níveis de oxigénio no sangue, entre outros (Rawassizadeh et al., 2014).

2.5. Internet of things

A Internet of Things pode ser considerada como um novo paradigma tecnológico que tem rapidamente conquistado terreno no mundo das telecomunicações modernas, mais concretamente no cenário das telecomunicações wireless (sem fios) (Atzori et al., 2010).

O termo Internet of Things não apresenta consenso ao nível da sua definição, existindo inúmeras perspetivas que muitas vezes se caracterizam por apresentarem diferenças substanciais por estarem condicionadas pelos interesses específicos das partes interessadas, das alianças de negócios, entre outros (Atzori et al., 2010).

A nível semântico Internet of Things significa uma rede mundial de objetos interconectados que tem como base os protocolos de comunicação standard (Atzori et

al., 2010).

De uma forma mais simplificada, Internet of Things é conhecida como a conexão de diversos dispositivos à Internet em que tal conexão se reflete num determinado controlo remoto ou numa monitorização útil dos mesmos dispositivos (Chase, 2013).

Uma outra perspetiva considera a Internet of Things como uma infraestrutura global que permite a ligação entre objetos de dois mundos, o virtual e o físico, em que é bastante importante a existência da evolução e do desenvolvimento ao nível da Internet e das ligações e conexões que se realizam (Atzori et al., 2010).

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Segundo as perspetivas anteriores, a base deste conceito assenta na generalizada conectividade de uma variedade de objetos à Internet através de determinados elementos ou tecnologias como RFID (Radio Frequency IDentification), tags, sensores,

smartphones, Smartwaches, entre outros, que através de esquemas de endereçamento

conseguem interagir e cooperar entre si (Atzori et al., 2010).

Assim, a Internet of Things é o contexto no qual surgem equipamentos como os

Smartwatches, entre outros, e espera-se que vá alterando e transformando,

gradualmente, a nossa forma de viver, de trabalhar e divertir (Chase, 2013). Como consequência, estima-se que o número de itens e de dispositivos envolvidos na Internet do futuro apresente uma tendência cada vez mais crescimento (Atzori et al., 2010).

2.5.1.

Aplicação da Internet of things

A Internet of Things oferece uma enorme potencialidade para tornar possível o desenvolvimento de um elevado número de aplicações para os equipamentos que fazem parte do seu contexto e das suas conexões, que vão certamente permitir melhorar a qualidade de vida da sociedade sem necessitar de muitos recursos de comunicação. Uma das principais características da Internet of Things é a conexão e comunicação entre os equipamentos que facilitam a instalação e a implementação de uma quantidade enorme de aplicações em torno de diferentes ambientes. Estes ambientes podem ser agrupados em domínios como logística e transportes, saúde, ambientes inteligentes, e pessoal e social (Atzori et al., 2010).

No domínio da logística e dos transportes verificamos a presença de sensores em, por exemplo, automóveis, comboios, autocarros e bicicletas que permitem ter acesso a informações de tráfego, locais de abastecimento, monitorizar o estado das mercadorias transportadas, entre outras funções. Dentro deste domínio pode-se ainda evidenciar o

mobile ticketing que diz respeito à colocação de tags NFC (Near Field Communication)

em cartazes ou posters que permitem aos utilizadores obter inúmeras informações acerca do que está a ser evidenciado (Atzori et al., 2010).

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No domínio da saúde os benefícios proporcionados pelas tecnologias da Internet refletem-se em áreas como o rastreamento de objetos e pessoas, funcionários e pacientes, identificação e autenticação de pessoas e recolha automática de dados (Atzori

et al., 2010).

Os ambientes inteligentes são assim denominados pela presença de objetos com inteligência artificial que proporcionam conforto e facilidade na realização de tarefas em locais como o local de trabalho, a habitação, ou até mesmo os espaços públicos (Atzori et al., 2010).

Por último, o domínio pessoal e social diz respeito à utilização de tecnologias da Internet para a realização da interação social e na construção de relacionamentos sociais. Estas tecnologias permitem o envio e a partilha de uma forma automática de mensagens, de localização, das atividades realizadas ou das que se vão realizar e, podem ser utilizadas para localizar objetos em caso de perdas ou de furtos (Atzori et al., 2010). Desta forma, os Smartwatches, pelas suas caraterísticas e especificações, enquadram-se fortemente nos domínios da saúde e pessoal e social.

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Tabela 1- Paradigmas tecnológicos
Figura 1- Paradigmas tecnológicos por marca
Tabela 3- Tipos de produtos
Tabela 4- Número de equipamentos por tipo de produto
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Referências

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