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Academic year: 2021

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PREFÁCIO

Quando o Dr. Celso Fernandes Batello me pediu para fazer o prefácio de seu livro “Homeopatia x Alopatia?” fiquei muito satisfeito. Sei bem que um prefácio se destina a falar do livro em si, no entanto prefiro começar tecendo considerações sobre o autor. Conheço-o desde antes de cursar medicina Na Fundação ABC, onde fui seu professor. Depois disso, conheci-o melhor quando fez sua formação em anestesiologia clínica no hospital São Caetano, onde dirijo o serviço e a residência na área. O fato de o Dr. Batello convidar um não-homeopata para prefaciar seu livro dá uma dimensão daquilo que ele deseja alcançar.

Sou alopata por formação e ele também o é; recebeu de nós alguns dos princípios que o norteiam até hoje: “Esteja você onde estiver, apenas está começando”, “Primum non nocere”, A percepção é finita, mas o conhecimento humano é infinito, e “Muita atenção em todos os atos médicos”. De maneira jocosa e agradável ele resumia tudo isso com a expressão: “Olho de lince em todos os procedimentos”.

Durante a sua residência, por dois anos, verificamos que a sua capacidade de trabalho era muito grande, destacando-se por sua habilidade psicomotora, organização, pontualidade, cortesia, aparência, relacionamento com colegas, enfermeiras e superiores. Além disso, se destacava pela sua inteligência privilegiada, pelo interesse pelos conhecimentos adquiridos, cultura geral médica e, como virtude maior de todas, “carinho, dedicação e visão de cada paciente como um todo material, emocional e espiritual”. Era um questionador inato de tudo e sempre queria saber os “porquês” da etiopatogenia das doenças, não aceitando facilmente o convencional.

Com esse espírito fez sua formação médica, exerceu a especialidade alopática por alguns anos e a seguir se dedicou à Homeopatia. Por definição, as duas agem sobre as doenças por um método diferente, mas ele sempre viu o homem de uma forma holística, usando a empatia e a intuição como fatores básicos para um entendimento das doenças,

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independentemente do método aplicado. Em suas mãos, Alopatia e Homeopatia nunca serão divergentes e incompatíveis: a finalidade primordial é a cura do homem.

Este livro define bem o que realmente são Homeopatia e a Alopatia, e aborda outras técnicas terapêuticas não muito claras a uma parte da população médica. Além disso, mostra que a Medicina é uma só. Para comprovar esse fato, parte da própria história da Medicina, procurando conceituar as bases fisiológicas da Homeopatia. Assim busca fundamentos para responder as questões controvertidas até mesmo entre os próprios homeopatas: por que a Homeopatia considera a febre como uma reação favorável do organismo; por que, segundo Maffei, o fenômeno da alergia é a base para o entendimento de toda a Medicina? Procurando estabelecer uma relação entre Psora e Alergia, traz uma luz a essa controvérsia, utilizando-se da imunologia para explicar o tema. O resultado desses estudos foi apresentado no Congresso Médico Pan–Americano de Homeopatia e foi aceito para apresentação e publicação nos Anais do XXII Congresso Brasileiro de Homeopatia.

No capítulo Acupuntura chama a atenção para o fato de que a Homeopatia deve procurar conhecer bem essa técnica para evitar eventuais incompatibilidades entre Homeopatia e Acupuntura. Aborda, também, o uso dos Florais de Bach, que parecem ter uma ação sobre o organismo e, que, no entanto são usados indiscriminadamente, podendo, eventualmente, inverter os processos de cura do indivíduo.

Ao mesmo tempo em que tece elogios, critica os excessos que existem não na Medicina em si, mas na sua prática.

Quando faz alusão às oposições fundamentais entre as duas, esclarece tanto um quanto a outra, de maneira a melhor colocar o médico diante do indivíduo enfermo.

Como isso não é comumente ensinado nas faculdades, e em livro, tem o mérito de posicionar os profissionais de saúde sobre o que é realmente o bem maior do ser humano que é a saúde e agir sobre ela.

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Dr.DeoclecioTonelli Chefe do Serviço de Anestesia do Hospital São Caetano e Responsável pelo Centro de Ensino e Treinamento de Anestesia ABC-HSC-SBA

Prefácio 2a. Edição

“O grande defeito dos educadores, é jamais se recordarem que também já foram crianças”.

Jacques de Lacretelle

Sempre nutri uma admiração as pessoas que

buscam a simplicidade na fala e escrita,

especialmente num mundo, onde o “saber” é

maquiado pelo marketing do intelectualismo

presunçoso: mostrar ou aparentar que se sabe

sobrepuja o conhecimento.

Vejo como nobre aquele que busca facilitar

o ensino e assim descomplicar as ciências – passando

verdades acadêmicas de maneira prática e

compreensível.

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O caráter do autor deste livro pode ser

admirado, através destas páginas – pois seu estilo

sincero é também encontrado na didática de sua

redação dos conhecimentos doutrinários e científicos

desta centenária Medicina.

Por isso tudo, parabenizo o Dr. Celso

Batello e recomendo este trabalho.

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Dedico este livro a todos aqueles que foram ou são meus mestres, principalmente aos meus pacientes, com os quais muito aprendi, sobretudo da vida em si, principalmente àqueles que por um motivo ou por outro não pude, em determinado momento, dar o melhor de mim mesmo...

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Roseclair Freire Loula Campoi por ter orientado e organizado este livro.

Agradeço ao Dr. Deoclécio Tonelli por ter me incutido, nos meus primeiros anos de formado, a responsabilidade e o respeito médico perante ao paciente e à Medicina.

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SUMÁRIO

Prólogo 9

Introdução 11

I – Homeopatia e Holismo 13 II – Homeopatia x Alopatia? 18 III - Isto é correto? É científico? 20 IV – Histórico da Medicina 26 V – Sumário da História da Homeopatia no Brasil 30 VI – Todo Inovador é Perseguido 31 VII – Hahnemann, Pai da Homeopatia 34 VIII – Algumas considerações etimológicas 36 IX – Procedência dos medicamentos homeopáticos 39 X – Diluições homeopáticas 40 XI – O medicamento experimentado pelo homem são 42 XII – Os níveis do tratamento homeopático 44 XIII – Uma doença mais forte acaba com uma doença

mais fraca 46

XIV – Órgão débil ou “locus minoris restistentiae” 48 XV – A febre – Uma reação favorável 51 XVI – As diversas linhas do tratamento homeopático 56 XVII – Lei de Cura – Lei de Hering 58 XVIII – Medicamentos complementares 60 XIX – Conceito falso: A homeopatia não é lenta 61 XX – Princípios do tratamento homeopático 61 XXI – A Homeopatia pode ser usada preventivamente? 62 XXII – A homeopatia cura tudo? 63 XXIII – Homeopatia: a importância de observar-se a si próprio 64 XXIV – A alimentação correta ajuda no tratamento

homeopático? 65

XXV - Os canais de eliminação de toxinas 66 XXVI – A segunda prescrição 67 XXVII – A inércia dos homeopatas 68 XXVIII – Os sintomas psíquicos 69 XXIX – Medicina Agressiva 70 XXX – Os diagnósticos em Homeopatia 73 XXXI – Falsos homeopatas 74 XXXII – Nosódios 76

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XXXIII – Homeopatia x Acupuntura 78

XXXIV – Miasmas 81

XXXV – Deve-se examinar o paciente? 120

XXXVI – O medicamento homeopático 122

XXXVII – O repertório 128

XXXVIII – Oposições fundamentais entre a Homeopatia e a Alopatia 130

XXXIX – Os florais de Bach 131

XL – ABC da Homeopatia 134

XLI – Conclusão 135

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PRÓLOGO

Este livro visa prestar informações aos médicos e estudantes de Medicina que não tiveram uma formação sobre a Homeopatia.

Apesar do seu conteúdo elementar, esta obra pode ser de alguma utilidade para aqueles que estão iniciando seus passos na ciência legada por Samuel Hahnemann, pai da Homeopatia, porque ela oferece uma visão global e, ao mesmo tempo, pormenorizada deste assunto palpitante, uma vez que Hahnemann teve o mérito de ser um dos precursores da Medicina Psicossomática e da Ciência Experimental antes mesmo de Claude Bernard, além de fazer toda uma síntese do curar pelo semelhante, como veremos no decorrer do livro, complementou os ensinamentos legados por Hipócrates, contribuindo em muito para o entendimento do ser humano como sendo um ser único, global e individualizado.

É um livro que analisa alguns pontos de divergência cruciais, tais como vacinações, casos graves etc., porém sem cunho de confronto, somente com finalidade de aprendizagem, porque, segundo Hahnemann, “em se tratando de saúde, deixar de aprender é crime” e, principalmente, porque a Medicina é uma só, o que difere é tão – somente os métodos terapêuticos.

As divergências existem, e são salutares, até mesmo entre os integrantes de uma mesma especialidade, entre escolas diferentes, o que dirá entre as demais “medicinas” que existem no mundo inteiro. Que fiquem, porém, somente no campo das idéias, para redundar em benefício do saber humano e, conseqüentemente, dos pacientes, finalidade maior, senão única, da Medicina.

Dentro desta idéia de que a Medicina é uma só deve-se estar atento e com mente aberta e receptiva para os pontos de convergência das mais diferentes abordagens

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existentes, uma vez que criticar sem conhecer não é nada científico.

Como se diz em política, referindo-se ao nosso sistema de saúde, a doença não é federal, estadual ou municipal!

O mesmo raciocínio vale para as diferentes escolas existentes, ou seja, o doente não pertence a nenhuma delas, o que ele quer é tão-somente sarar, não importa como.

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INTRODUÇÃO

Nunca saíram da minha memória as palavras do meu professor de Psiquiatria, Dr. Paulo Fraletti: “Para ser um bom médico é preciso ter duas faculdades: a Empatia e a Intuição”.

A empatia é a capacidade de sentir ou avaliar o sofrimento e a dor pelas quais o paciente esteja passando.

A intuição, para poder perceber no paciente, o que deve ser tratado e escolher o método de tratamento correto.

No meu entender se o ser humano se utilizasse mais destas faculdades, inevitavelmente o mundo seria melhor.

Este livro tem como objetivo despertar nos profissionais de saúde a intuição e a empatia, para uso da Homeopatia, como sendo um dos poucos métodos terapêuticos que trata o indivíduo holisticamente, isto é, como um todo, física, mental e psiquicamente, proporcionando-lhe um tratamento mais pessoal e humano.

Sabemos que, geneticamente, a saúde é dominante sobre a doença.

Sabemos ainda, que a Homeopatia pode melhorar a nossa saúde, porque segundo o conhecimento supracitado nascemos para sermos saudáveis.

E por que não sê-lo?

A Homeopatia, esta “jovem” ciência emergente, está ai para nos ajudar a sermos mais felizes conosco mesmos e com aqueles que nos cercam, através de um método terapêutico que olha o ser humano de uma forma holística, global e não fragmentada, como se o homem pudesse ser tratado, grosseiramente falando, como se fosse apenas uma “unha encravada”, por exemplo.

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Tanto a Alopatia como a Homeopatia têm as suas indicações precisas.

Elas não são absolutamente incompatíveis entre si (tudo depende da indicação).

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.

HOMEOPATIA E HOLISMO

Existe muita confusão sobre o que seja realmente a Homeopatia, entre a população, até por interesse dos grandes laboratórios farmacêuticos, que estão presenciando com grande preocupação a explosão da ciência legada por Samuel Hahnemann, o pai da Homeopatia. Estão preocupados a ponto de haver rumores de que irão fazer uma investida no sentido de aumentar esta confusão entre as pessoas e até entre os próprios médicos, que na sua maioria não conhecem o que seja Homeopatia, não por sua própria culpa, mas sim do sistema, que dificulta o ensino desta especialidade nas Escolas Médicas, e talvez mesmo por nosso erro, por sermos omissos em relação à divulgação desta arte de curar.

A confusão é tão grande que os estudantes de Medicina, na sua maioria, não sabem as diferenças entre Alopatia e Homeopatia.

Etimologicamente, Alopatia (all = diferente; patia = doença) significa curar através de um método que usa um sistema diferente da doença que está ocorrendo. Antigamente, diante de um abscesso cerebral, procedia-se à inoculação de um corpo estranho num tecido vegetativamente de menor importância do que o cérebro, como os músculos da coxa, com o intuito de desviar para este local a ação dos anticorpos, diminuindo, desta maneira, a formação do abscesso naquela região nobre que é o cérebro. Trata-se, portanto, de um sistema de derivação do organismo.

A Enantiopatia (enathio = contrário; patia = doença) consiste em tratar uma doença através dos contrários: por exemplo, diante de uma febre, administra-se um antifebril, e diante de uma infecção bacteriana, usa-se um antibiótico (anti = contra; bio = vida), e assim por diante.

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Entretanto, consagrou-se chamar Alopatia o que na realidade consiste na Enantiopatia.

Desejamos ressaltar que respeitamos a chamada Alopatia, que a rigor, como vimos, deveria se chamar Enantiopatia, posto que ela tem o seu grande lugar de importância na prática médica!

A Homeopatia (homeo = semelhante; patia – doença), como o próprio nome indica, significa curar pelo semelhante, isto é, a mesma substância que experimentada no homem são provoca sintomas neste indivíduo é o mesmo medicamento que irá curar a sua enfermidade; por exemplo, o uso da Ipeca contra vômitos, quando sabemos que ela, administrada no homem sadio, pode provocar vômitos. Somente a genialidade de Hahnemann percebeu que, se diluísse ainda mais este medicamento, a cura seria mais rápida e com menor efeito tóxico.

Para a Homeopatia, não existem doenças e sim indivíduos doentes; por exemplo, diante de um caso agudo de pneumonia, para se medicar o paciente leva-se em consideração não somente o diagnóstico clínico, como também o modo como aquele indivíduo adoeceu, ou seja, conforme a sua individualidade, se a enfermidade cursa com febre ou sem febre; com sede ou sem sede; com transpiração ou sem transpiração. Assim também o estado psíquico do paciente, ou seja, sempre se leva em consideração a sua totalidade, o seu aspecto mais global. Uma das poucas exceções é o sarampo, que possui um curso bem definido.

A palavra “cirurgia” deriva da palavra grega

chirus que quer dizer “mão”. A cirurgia é um procedimento que se

utiliza das mãos, como finalidade terapêutica. Logicamente a coisa não é tão simples assim, por isso que a Clínica Cirúrgica, que visa estudar o paciente cirúrgico com o intuito de indicar ou mesmo contra – indicar uma cirurgia, bem como conferir rigorosamente as variações do funcionamento daquele organismo antes, durante e após a cirurgia. Como vimos, a cirurgia não é um procedimento nem Alopático, nem Homeopático. É cirurgia

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mesmo! Hahnemann já dizia: “O que é cirúrgico deve ser tratado cirurgicamente!”

Já nos casos crônicos, além disto tudo, consideram-se também os fatos que marcaram a vida do indivíduo, tais como: morte de entes queridos, humilhações, perda de emprego etc., constituindo a Biopatografia (bio = vida; pato = doença; graphia = gravar).

Os medicamentos são extraídos dos três Reinos da Natureza: animal, vegetal e mineral.

A Homeopatia é diferente da Fitoterapia, que trata somente pelas plantas. É um método válido, porém não é Homeopatia!

A confusão que se tenta estabelecer é fazer com que uma coisa seja tomada pela outra.

Outra inverdade é dizer que a Homeopatia é lenta. Ao contrário, é tão rápida como qualquer outro método terapêutico. Só é lento naqueles casos crônicos considerados de difícil cura pelo tratamento clássico.

A Homeopatia é mais profunda, uma vez que trata o indivíduo física, psíquica e mentalmente, e embora não cure tudo, encontra uma vastíssima área de aplicação terapêutica.

Apesar do paradigma da Homeopatia ser diferente da Alopatia, acho que a Medicina, esta nobre arte e ciência de curar, é uma só, o que difere é tão – somente o método terapêutico.

O Holismo, palavra grega que significa “todo”, “o inteiro”, diz respeito a uma teoria, preconizada pelos gregos antigos, onde o universo dever ser visto como algo global, isto é, como um todo e não em partes separadas, numa visão macrocósmica. Já numa visão microcósmica, onde se insere o Homem, este mesmo Homem deve ser visto por inteiro, e não por

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partes ou segmentado, ou seja, física, mental, espiritual e psiquicamente.

Nesta concepção o todo é maior que a soma das partes.

Este modo de conceber o Universo e o Homem, visão holística, prevaleceu até a visão dos contrários ou das partes (Enantiose). Tal raciocínio, como não poderia deixar de acontecer, tomou conta da Medicina, que atualmente vê o Homem de uma forma fragmentada, haja vista o grande número cada vez mais crescente de superespecialidades. Não que estas não tenham valor, muito pelo contrário, são importantíssimas. O que se questiona é o desaparecimento do médico generalista, que tem a função de juntar o indivíduo enfermo, num todo individual, como bem quer a Homeopatia e como queria também, a bem da verdade, Hipócrates, o pai da Medicina.

Como vimos, a Homeopatia, ao longo dos séculos, sempre viu o ser humano holisticamente, sendo portanto tão antiga como a própria humanidade, que nos seus primórdios se preocupou com o semelhante e com o Universo, posto que sabe-se que o todo depende, para manter o seu equilíbrio, da harmonia das partes.

No entanto, apesar do paradigma da Homeopatia ser diferente do da Alopatia, ambos se tocam e interpenetram, uma vez que a Medicina é uma só, o que difere é tão – somente o método de tratamento e a forma de ver o indivíduo enfermo. Não está longe da chamada lógica cientifica, uma vez que está plenamente inserida nos conceitos mewtonianos que regem a ciência atual. Basta ler o Organon da

Arte de Curar, de Hahnemann, que este fato fica bem evidente.

Segundo Samuel Hahnemann: “A mais alta e única missão do médico é restabelecer a saúde dos doentes, que é o que se chama Curar”, bem como, “O ideal máximo da Cura é o restabelecimento rápido, suave e duradouro da saúde, ou remoção e aniquilamento da doença, em toda a sua extensão, da maneira mais curta, mais segura e menos nociva, agindo por

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princípios facilmente compreensíveis”. Princípios estes plenamente exeqüíveis pela Homeopatia.

Celso Fernandes Batello

Chefe do Setor de Homeopatia do Centro de Atenção Integral à Saúde da mulher, da Disciplina de Ginecologia e Obstetrícia do Departamento de Saúde Materno Infantil da Faculdade de Medicina do ABC

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II

HOMEOPATIA X ALOPATIA?

A despeito desta pretensa rivalidade entre os defensores de ambas as técnicas terapêuticas, quero dizer que o que deve ser combatido é tão – somente os excessos que às vezes reinam tanto numa como na outra.

Não deve e não pode o homeopata criticar a terapia alopática, porque a vi, muitas vezes, fazer verdadeiros milagres, como, por exemplo, na área da Unidade de Terapia Intensiva e da Anestesiologia, onde militei por vários anos. Isto sem falar no diabetes juvenil, onde a insulina desempenha um papel vital para o indivíduo doente.

Recentemente um eminente homeopata teve uma prostatite que, de tão dolorosa que era, obrigou-o a buscar socorro nos analgésicos alopáticos.

Então, não há que radicalizar!

Existem ainda aqueles que, aproveitando a explosão homeopática no mundo, procuram tirar proveito de situações.

No entanto esta situação está se revertendo, haja vista o número cada vez maior de médicos e parentes de médicos que estão cada vez mais procurando se consultar com homeopatas.

E, se Deus quiser, no futuro não vai mais existir esta disputa e sim uma somatória de esforços, com o objetivo de obter benefícios aos pacientes e à humanidade.

Finalizando o capítulo, transcrevo o artigo abaixo, publicado no Jornal do Comércio em 18 de abril de 1846, na íntegra:

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“Comunicado

Quando terão fim todas essas vergonhas contendas entre os Srs. Alopathas e Homeopathas? O que têm elas produzido e têm ainda a produzir? É sagrado dever do médico velar sobre a humanidade sofredora, procurar o alívio dos seus males por meios mais promptos e fáceis. E será com discussões vagas e indignas de tal profissão? Este juiz competente em todas as causas sociais só visa nesta questão sórdidos interesses. Cumpre pois aos litigantes discutir, porém cientificamente. Ex.: prenda cada um seus princípios internos adaptados, a inércia dos homeopatas, a compreensão de todos e de um tal modo se cumprem as obrigações inerentes à profissão e ao mesmo tempo presta-se um serviço à humanidade.

Dr. Augusto Wigana afirma que esta disputa somente cessará quando a Homeopatia fizer parte do currículo nas Faculdades de Medicina”.

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III

ISTO É CORRETO? É CIENTÍFICO?

Tivemos há alguns anos uma vacinação em massa contra a meningite, quando me posicionei contrário à utilização de vacina cubana, através de artigos publicados em jornais, como o reproduzido abaixo:

“A eficácia da vacinação antimeningocócica

Como sabemos, estamos vivendo em São Paulo uma situação que caracteriza uma epidemia de meningite contra a qual não existem vacinas.

Ninguém sabe ao certo o comportamento desta epidemia.

Mas algumas coisas sabemos, quais sejam: atingem preferencialmente crianças e indivíduos que vivem em grandes centros.

Em acréscimo, sabemos que as vacinas dadas na infância não são de todo inócuas.

No mínimo provocam reações inerentes a elas, como uma produção de células de defesa (anticorpos) no sentido de se imunizar o organismo contra o microorganismo que está sendo inoculado neste mesmo organismo, ou seja, as defesas orgânicas se voltam, preferencialmente, contra este agente agressor.

Se a vacina consistir em um vírus, ocorrerá por parte do sistema de defesa (sistema imunitário) uma resposta a este vírus. Desviando, quiçá, uma eventual proteção que o organismo possui contra a bactéria do meningococo tipo B para combater o agente contido na vacina da campanha.

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Como dissemos anteriormente, ninguém sabe corretamente o comportamento desta epidemia, que dirá se agravarmos este processo promovendo uma vacinação em massa contra a paralisia infantil, que se realizará no dia 13 próximo, mesmo porque, num esquema de vacinação em massa, não é praxe se examinar corretamente a criança antes de vaciná-la.

Creio que a campanha deveria ser protelada até que se tenha controle desta epidemia de meningite. Principalmente pelo fato de que, em São Paulo, já houve uma campanha recente neste sentido. Portanto, a população não correria grandes riscos se esta nova campanha fosse transferida para uma data mais oportuna.

Seria imprudência, a meu ver, se esta campanha ocorresse nestas circunstâncias.

Gostaria que a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo interviesse no sentido de melhor estudar o assunto.

Com relação à hipótese de se utilizar a vacina cubana, contra o meningococo tipo B, de efeito ainda controvertido, gostaria de sugerir o uso do nosódio homeopático `meningococcinum’, como foi utilizado na Cidade de Guaratinguetá (SP), na epidemia de meningite de 1974, pelos médicos David de Castro (livre – docente em Clínica Homeopática pela Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro) e George W. Galvão Nogueira (capitão – médico do Exército brasileiro).

Neste trabalho exposto no livro Homeopatia e

Profilaxia, de David Castro, os autores mostram que através do

esquema adotado por eles houve uma incidência significativamente menor na população de Guaratinguetá que tomou o nosódio homeopático “meningococcinum”.

É por isso que, diante de uma vacina de efeitos duvidosos como a cubana, gostaria de sugerir às nossas autoridades que se inteirassem deste trabalho supracitado e promovessem também, além de protelar esta campanha de

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vacinação contra a poliomielite, uma reavaliação dos resultados obtidos em Guaratinguetá (SP).

No mínimo sairia mais barato em comparação à vacina cubana de efeitos não muito claros e cumpriria os preceitos de Hipócrates: “Primum non nocerum”, isto é, primeiro não fazer mal, ou primeiro não lesar.

Finalizando, devemos evitar incorrer no axioma citado por Voltaire: “A medicina consiste em se injetar substâncias que não se conhecem num organismo que se conhece menos ainda”.

Na época houve algumas críticas à oposição que adotei.

Tentei explicar que segundo fontes do Instituto Adolfo Lutz a vacina cubana não tinha eficácia para o povo brasileiro e que havia divergências entre os próprios alopatas, conforme publicações em jornais da época.

Mesmo assim houve quem achasse que a vacina deveria ser dada, como aconteceu. A famigerada vacina cubana foi utilizada, embora houvesse parecer contrário da Comissão de Meningite, do Ministério da Saúde, conforme artigo publicado no

Jornal do Conselho Federal de Medicina do mês de abril de 1993.

A vacina cubana foi totalmente ineficaz e causou reações preocupantes, como febre alta, dor de cabeça e vômito, conforme relatado por um eminente pediatra num jornal de grande circulação de São Paulo.

A vacinação foi realizada a despeito de já estar havendo um declínio natural de epidemia.

Esta vacinação ineficaz custou aos cofres públicos a quantia de 30 milhões de dólares gastos inutilmente.

Este fato veio demonstrar que eu, como homeopata, não quero enganar a população. Na época alertei

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para o crime que se estava cometendo, tanto é que hoje existe, dentro do Ministério da Saúde, uma comissão para apurar tamanha aberração, assim como no Congresso Nacional foi instituída uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), para apurar por que foram gastos 30 milhões de dólares nesta “brincadeira”, quando poderiam ter encontrado melhor destinação.

Como homeopata, da mesma forma que uma grande parcela dos homeopatas, não sou radicalmente contra as vacinas, mas somente contra a época, forma, número e como as vacinas são administradas, porque não posso ficar calado vendo o povo brasileiro servindo de cobaia de experimentação de remédios e vacinas de terras alheias, pois esta vacina cubana foi literal e comprovadamente testada nas crianças e jovens brasileiros, conforme artigo publicado no Jornal de Conselho

Federal de Medicina no mês de abril de 1993, abaixo transcrito:

“Vacina contra a corrupção”

O ex-ministro Alceni Guerra livrou-se das barras dos tribunais e ainda promete escrever um livro para coroar a sua triunfal volta à política em 1994. Assim é o Brasil: o homem que quase dizimou a saúde brasileira não tem mais por que responder pelos danos e desmandos que cometeu conscientemente.

Ainda agora, o Jornal do CFM desnuda a

questão das vacinas cubanas descobertas na Fiocruz, com prazo de validade vencido. Foram 30 milhões que escorreram pelo ralo da corrupção e da incompetência. Para rememorar a triste história, o governo Collor, por insistência de Alceni, comprou US$ 30 milhões de vacinas cubanas contra a meningite B. Setores técnicos do Ministério da Saúde advertiram, à época: as vacinas eram caras, não se esperava uma incidência forte da doença nos meses seguintes e seu tipo teria baixa eficácia para o caso brasileiro.

De nada adiantou. Alceni comprou as vacinas. Elas foram encontradas, pelo novo governo, ainda envasadas em frascos de 20 litros. O ministro Jamil Haddad anuncia ter

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conseguido o quase impossível: renegociou o lote com o governo cubano, trocando-o por vacinas com prazo de validade atualizado.

O ministro parece criar-se um impasse de grave responsabilidade. As vacinas compradas a Cuba não têm eficácia comprovada para o caso brasileiro, atestou competente comissão técnica criada pelo próprio ministro Haddad. O problema não era apenas o prazo de validade. As vacinas só são aceitáveis se tiverem eficácia comprovada e recomendada pela comissão técnica do Ministério da Saúde. Este fato merece uma resposta clara e insofismável.

A despeito disto, as investigações devem continuar, para saber o que estava por trás de tão esdrúxula

compra. Fere a consciência moral do Brasil imaginar que, mais

uma vez, vingará a repugnante prática de deixar impunes os culpados”.

“Comissão culpa Alceni por perda de vacinas”

A comissão de sindicância aberta pelo Ministério da Saúde para investigar a perda da validade de cinco milhões de doses da vacina cubana contra meningite tipo B responsabilizou o ex – ministro Alceni Guerra pela importação desnecessária do produto. O prejuízo aos cofres públicos com a perda da vacina chega a US$ 30 milhões.

De acordo com o relatório da comissão, o ex – ministro autorizou a importação mesmo depois de diversos pareceres técnicos do próprio Ministério da Saúde contra –

indicarem tecnicamente a compra. Alceni Guerra baseou-se, ao

contrário, em documentos apresentados pelo então secretário executivo Luiz Romero de Farias, que é irmão de Paulo César

Farias, e pela então presidente da Fundação Nacional de Saúde,

Isabel Stefano.

Baixa eficácia – Entre os pareceres contrários,

está o da Comissão Nacional de Meningite que, reunida em maio de 1990, concluiu que não haveria um aumento abrupto da doença nos meses seguintes e reiterou que a vacina seria

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comprada por um preço muito alto, tornando-a proibitiva para vacinação em massa ou mesmo de rotina’. Em seminários pelo País, a mesma comissão alertou diversas vezes que a eficácia da

vacina cubana seria muito baixa no caso brasileiro. Dois anos

depois, afirmações forma comprovadas: técnicos de diferentes instituições de saúde, com base nas vacinações feitas em oito estados brasileiros, entre 1989 e 1990, chegaram à conclusão de que não houve redução na incidência da doença que pudesse ser relacionada ao uso da vacina cubana contra a meningite B.

Ao investigar as vacinas, além disso, a comissão de sindicância encontrou o lote importado de Cuba ainda nos vidros de 20 litros utilizados no transporte do produto para o Brasil. De acordo com o relatório, depois de comprar as vacinas, o Ministério não autorizou o envase das mesmas, apesar das várias solicitações da Fundação Athaulfo de Paiva, de Belo Horizonte, onde as vacinas estavam armazenadas. Isso, concluiu a comissão, contribuiu decisivamente para a perda de validade do produto e o prejuízo de US$ 30 milhões.

Troca – Para evitar este rombo, o ministro Jamil

Haddad conseguiu negociar com o governo de Cuba a troca das cinco milhões de doses vencidas por outro lote na mesma quantidade, mas com o prazo atualizado. Haddad pretende, a princípio, usar a vacina cubana em casos de epidemia e só incluí-la em campanhas de rotina quando for comprovada sua total aplicabilidade para o caso brasileiro. Estudos recentes, realizados em São Paulo e publicados pela revista científica The Lancet , mostraram que na faixa etária de maior ocorrência da doença – em crianças menores de quatro anos – a vacina é ineficaz para o uso em campanhas de vacinação. O imunizante cubano foi testado no Brasil entre crianças e adolescentes com idade entre três meses e 19 anos ( Wagner Oliveira, RJ)”.

O que existe, portanto, são determinados procedimentos que ferem a dignidade do conhecimento médico e da população em geral, piorando o caos institucional em que vive o País, quando se fere um dos mandamentos de Hipócrates que pode ser estendido a tudo que se refere à nação, ou seja, “primum non nocerum”, isto é, primeiro não lesar, ou primeiro não fazer mal.

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IV

HISTÓRICO DA MEDICINA

A tentativa de aliviar e curar as dores e o sofrimento data dos tempos imemoriais e se confunde com a própria história da humanidade.

Para se entender a Homeopatia é muito importante que antes de mais nada se entenda a evolução e a história da Medicina.

Convém ressaltar que não existe a medicina homeopática. A medicina é uma só. O que difere ente a Homeopatia e a erroneamente chamada Alopatia é a forma de tratamento; esta trata pelos contrários e aquela pelos semelhantes, como veremos mais à frente.

Segundo a mitologia grega, na Antigüidade clássica, no período heróico, vivia no Olimpo * o deus Apolo, relacionado com a Medicina.

Apolo era também chamado de Alexikakos, aquele que afasta as doenças, através de suas flechas.

Alexikakos, da mesma forma, curava usando a raiz da peônia, uma planta que cresce na Europa. Por esse motivo os médicos eram chamados de Filhos de Pean.

Conta a lenda que Apolo e sua irmã Artemisa ensinaram a Chiron, filho de Saturno, a arte da Música e da Medicina.

Chiron, por sua vez, transmitiu esses conhecimentos a Esculápio, filho de Apolo com a ninfa Coronis.

(28)

Esculápio tornou-se tão bom médico e hábil cirurgião, que diminuiu o número de pessoas que morriam, provocando a ira de Plutão, deus da profundidades e do inferno, que reclamou a Zeus* a morte de Esculápio, um semi – deus.

Zeus atendeu a Plutão e fulminou Esculápio com um raio.

Em homenagem a Esculápio criaram-se templos chamados Asclépias, onde os doentes depositavam as chamadas Tábuas Votivas, que relatavam o motivo de suas queixas, a duração da doença e finalmente como saravam, e que serviram de modelo de aprendizagem.

Nestes templos havia um misto de filosofia e magia, e naqueles rituais de cura era hábito imolar um galo, razão pela qual esse animal passou a representar o símbolo da medicina.

Nessa época dois Asclépias se sobressaíram pelas suas tábuas votivas, o de Cós e Cnido.

Cós e Cnido tornaram-se verdadeiros templos da observação médica, que serviram de modelo às nossas escolas médicas atuais.

Esculápio tinha duas filhas Hygea e Panacea, que alimentavam as serpentes sagradas dos templos.

Hygea deu origem à Higiene e Panacea à Farmácia.

Hygea era associada pelos romanos a Salus que era representada por uma taça. Daí a Farmácia ser representada por uma taça envolvida por uma serpente.

* Deus dos deuses.

(29)

Mas foi através de Hipócrates, que viveu de 460 a 373 a C., em pleno século de Péricles, época de grandes nomes como Sófocles e Eurípedes, Aristófanes e Píndaro. Sócrates e Platão, Heródoto e Teuclides, Rhide e Polignoto, era dotado de elevado espírito de observação e conhecimento médico, que lhe possibilitou utilizar todos os dados destes pensadores, que serviram como base para os conhecimentos médicos atuais.

Esta compilação recebeu o nome de Aforismas.

Por este motivo Hipócrates é chamado de o Pai

da Medicina.

Como dissemos anteriormente, Hipócrates criou a Medicina Científica.

Com este cabedal de conhecimentos enunciou o preceito básico de cura, qual seja:

“Similia similibus curantur” (os semelhantes se curam pelos semelhantes). Diferente do “Contrario contrarius curantur” (os contrários se curam pelos contrários).

Se a medicina não fosse algo único, englobando a Alopatia e a Homeopatia e outras técnicas terapêuticas existentes, após enunciar o princípio dos semelhantes, reclamaríamos Hipócrates como sendo Pai da Homeopatia.

A cura pelos contrários foi defendida por Galeno. Por este método utiliza-se o “anti”, isto é, diante de uma febre administra-se um antifebril; da presença de um verme, um “anti – verme”(anti – helmíntico); e de uma bactéria, um antibiótico (anti = contra, bio = vida) etc.

A cirurgia vem de chirus (mãos). Portanto, a cirurgia não é nem Homeopatia, nem Alopatia. É cirurgia mesmo. Não se pode olvidar o valor da cirurgia atual, na cura de determinadas moléstias.

(30)

A cura pelos semelhantes foi definida por Hipócrates, quando enunciou o seguinte Aforisma:

“A doença é produzida pelos semelhantes, e pelos semelhantes que a produziram ... o paciente retorna à saúde. Desse modo, o que provoca a estrangúria* que não existe, cura a estrangúria que existe: a tosse, como estrangúria, é causada e curada pelo mesmo agente.

Dando um exemplo prático, Hipócrates cita um caso de cura de cólera** com Veratrum album, que produz no homem sadio, violenta gastroenterite*** com tendência à algidez, semelhante ao ataque colérico.

Há os que acham que Hipócrates sequer existiu, entretanto, existem provas de que ele nasceu em Cós no ano de 460 d.C. e faleceu em 377 a C. Dizem alguns que os Aforismas e

prognósticos foram escritos através de várias gerações de

médicos, entretanto, contra esta hipótese está a maior parte dos escritores modernos que vêem nesta obra uma unidade e uma uniformidade que só pode ser atribuída a um único homem!

Hipócrates descendia de Esculápio, por linhagem paterna, e de Hércules, pelos antepassados da mãe.

Entre os seus ancestrais contavam alguns reis e três célebres médicos, quais sejam, Pródico e Cós, Hipócrates primeiro e seu pai Heráclito, que lhe ensinou as primeiras noções científicas.

Era, portanto, filho de Heráclito e Fenavita ou Praxitea, da família dos Asclepíades, que vinham exercendo a Medicina por dezoito gerações.

Hipócrates era, sem dúvida alguma, um sábio, como Sócrates e outros.

(31)

* cólera – enfermidade que produz no indivíduo uma gastroenterite, com diarréia intensa

* gastroenterite – inflamação de estômago e intestinos.

V

SUMÁRIO DA HISTÓRIA DA HOMEOPATIA NO

BRASIL

Foi através do francês Benois Jules Mure, no dia 21.11.1840, que a Homeopatia foi introduzida no Brasil.

Por isso nesse dia é comemorado o Dia da Homeopatia no Brasil.

Nessa época foram criadas, como o Instituto Homeopático Brasileiro, o Instituto Hahnemanniano do Brasil (1859).

Um fato marcante, que determinou a instalação da Homeopatia no Brasil, foi a cura obtida pelo Dr. Joaquim Murtinho no então ministro de Guerra, o Marechal João Nepomuceno de Medeiros Mallet, apesar deste estar desenganado pelas sumidades terapêutica oficial.

Porém, foi com a criação de uma escola de Homeopatia, a Faculdade Hahnemanniana e o Hospital Hahnemanniano, reconhecidos pelo governo federal, a Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, em 1957, que a Homeopatia tomou maior impulso.

Foi em 1918, através do Decreto nº 3.530, de 25 de setembro, que se reconheceu o Instituto Hahnemanniano do Brasil, como entidade de utilidade pública, no artigo que diz: “Além das medicinas fornecidas pelas escolas oficiais ou equiparadas, a clínica homeopática será exercida pelos profissionais habilitados pelo Instituto Hahnemanniano”.

(32)

Em 1952, pelo Decreto n.º 1.552, de 8.7.1952, o ensino de Farmacotécnica Homeopática foi tornado obrigatório em todas as faculdades de Farmácia do Brasil.

Foram realizados vários Congressos, Jornadas etc.

Atualmente existem várias associações nos vários estados do País, porém a oficialização se deu de fato no governo federal há pouco mais de uma década.

Um fato relevante dentro desta história foi a aceitação da Homeopatia como sendo um departamento da conceituada Associação Paulista de Medicina, o que veio dignificar a Homeopatia.

VI

TODO INOVADOR É PERSEGUIDO

Como todo inovador, Hahnemann foi perseguido, e continua sendo, até os dias atuais, por aqueles que mesmo sem conhecer a Homeopatia a detratam, contrariando o espírito científico que dizem possuir.

Porém a verdade, ou aquilo que é verdadeiro, não perece, haja vista que, na França, quando um grupo de pessoas procurou um ministro para proibir o uso da Homeopatia, recebeu a resposta de que tudo que não tem resultado perece por si próprio e que, se a ciência de Hahnemann não tivesse fundamento, ela desapareceria por si só, caso não tivesse bases sólidas.

Como sabemos, ela perdura até hoje e em franca ascensão.

(33)

Outros sábios, pesquisadores, reformadores que tiveram o mérito de descobrir algo, desde logo foram cobertos de calúnias e críticas infundadas.

Parece que se uma pessoa galga algum degrau sempre aparece alguém para tentar perturbá-lo, e às vezes, mesmo sem saber porquê.

As boas coisas parecem enfrentar um obstáculo natural, até que sejam reconhecidas, como cita Burnett no seu livro 50 Razões para ser Homeopata.

Roger Bacon, rebelando-se contra as idéias dominantes na época, viu-se compelido a viver 24 anos recluso.

O impertinente Vesálio, que ousou desacreditar Galeno, despertou contra si calúnias subterrâneas, que o obrigaram a deixar Pádua e a recolher-se à Espanha.

Serveto teve destino mais trágico: foi arder na fogueira armada por Calvino.

Paracelso rebelou-se contra a medicina do seu tempo, divulgou-lhe novos rumos, estarreceu espetacularmente a Basiléia queimando os livros de Galeno e Avicena, mas despertou com essas idéias reformadoras as primeiras fagulhas do seu martírio e preparando o seu próprio desdito.

Harvey, estabelecendo noções exatas sobre a circulação sangüínea, foi tido como charlatão e até mesmo louco. A clientela o abandonou e estaria irremediavelmente perdido, se não fosse a proteção de Carlos I da Inglaterra.

E Galileu? Por que foi parar nas mãos dos poderosos da época? Por que sofreu em idade avançada tantas torturas?

Porque derrubou as teorias de Aristóteles e Ptolomeu; porque reviveu as idéias de Copérnico,

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demonstrando-as, dando-lhes nova vida; porque destronou a Terra, arrancando-a de sua posição do Centro do Universo, afirmando que era ela quem girava em torno do sol. Em suma, verdades acima da compreensão dos sábios da época.

Ambroise Paré sucumbiu na luta contra a Faculdade, no entanto é hoje tido como pai da cirurgia moderna.

Pasteur, no dizer de Lister, “ergueu o véu que durante séculos cobria as doenças infecciosas”.

Qual foi porém a atitude dos cientistas de então?

Cercaram-no de hostilidades impiedosas, cobriram-no com inventivas sarcásticas, deram-no como sonhador. A classe médica, a qual não pertencia, combateu-o asperamente.

Janner descobriu a vacina contra a varíola.

Quando pela primeira vez, em Londres, levou ao conhecimento dos pares que certos vaqueiros que tinham contraído o cow-pox ficavam isentos da varíola, os seus colegas advertiram-no solidariamente de que não voltasse mais aos debates com semelhante impertinência, se não quisesse ser afastado de seu cargo.

O tempo, contudo, fez de Jenner não só um herói da sua pátria, como o consagrou benfeitor da Humanidade e a varíola deixou de ser flagelo universal.

Levantaram-lhe uma estátua em “Trafalgar Square”, mas alguns anos mais tarde a sua estátua foi transportada para um lugar obscuro e substituída por um obscuro general.

Houve protestos, o general saiu, mas Jenner não voltou.

(35)

Erlich foi um sábio. Graças à descoberta do 606, foi possível a cura de sífilis. Em sinal de gratidão foi-lhe erguida, em sua pátria, uma estátua em Frankfurt. Contudo, certa manhã, a estátua foi encontrada pintada de pixe e coberta de penas.

Erlich era judeu ...!

Não admiro que Hahnemann fosse perseguido e mal compreendido até os dias atuais.

Que o mundo científico se curve diante de Hahnemann, porque antes mesmo de Claude Bernard, o pai da Homeopatia introduziu a Ciência Experimental, através de experimentação no homem são!

VII

HAHNEMANN, PAI DA HOMEOPATIA

Se coube à Hipócrates o mérito de codificar a Medicina, coube a Christian Friedrich Samuel Hahnemann codificar, desenvolver e metodizar a Homeopatia.

Hahnemann, nascido em Meissen (Saxen), Alemanha, em 1755, cursou Medicina em Leipzig.

Após diplomar-se, o seu desapontamento com a medicina da época foi tão intenso, que a princípio contentou-se com uma simples terapêutica, que ficava à mercê da Natura

medicatrix*, para posteriormente abandoná-la.

Como falava 14 idiomas, passou a fazer traduções para sobreviver.

Certo dia, ao traduzir sobre a célebre Matéria

Médica, de Cullen, lhe chamou a atenção o fato da quinina

(36)

Diante desse fato, experimentou a droga em si próprio e em outros, e observou que a febre provocada em indivíduos sadios tinha a mesma características da febre em pacientes enfermos, febre esta curada pela própria quinina.

Hahnemann vislumbrou que isto poderia ser feito com outras substâncias e procedeu a novas experimentações com a Beladona, a Digital e o Coque do Levante, que resultaram afirmativas.

Com esta descoberta, voltou a praticar a Medicina, utilizando-se desta terapêutica não – agressiva e não – pesada, como ele se referia à medicina da época.

Como todo inovador, o pioneiro Hahnemann não escapou às críticas e perseguições daquelas pessoas retrógradas e reacionárias da época, principalmente dos farmacêuticos, obrigando-o a refugiar-se em Leipzig ate’1820.

* Natura Medicatrix é uma teoria de que o próprio organismo pode sozinho, sem qualquer ajuda, se curar.

Este tempo de refúgio permitiu-lhe escrever várias obras sobre a teoria e a técnica desta doutrina emergente.

Já em 1820, devido à inexorável oposição, teve que abandonar Leipzig e fugir para Coethen, sob a proteção do Duque Ferdinando, onde foi pessimamente recebido pela população.

Em contrapartida, quando deixou Coethen par residir em Paris, a pedido de seus discípulos, teve que fazê-lo na calada da noite, de tão grande que era o seu prestígio, uma vez que o povo queria, por toda força, que ele ficasse.

Faleceu em Paris com 88 anos.

Os seus restos mortais encontram-se no Cemitério Père Lachaise, em Paris, cidade que se orgulha de guardar os despojos deste imortal humanista.

(37)

VIII

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES ETIMOLÓGICAS

A medicina é uma só, o que difere é, tão somente, a técnica terapêutica. Para confirmar este fato deve-se reportar a história da Medicina.

Para melhorar a compreensão do significado das palavras, bem como seu conceito, se estudará algumas definições, legadas pelo próprio Hahnemann, sobre o que seja a Homeopatia, Alopatia e Enantiopatia, expressas no livro A Teoria

e a Técnica da Homeopatia, do Dr. Henry Duprat.

“A Enantiopatia (enanthios = contrários; pathos = sofrimento) consiste em dar ao paciente a substância capaz de determinar um estado contrário ao distúrbio que constituiu a própria doença.

Exemplo químico: emprego de um alcalino contra perturbações produzidas por um meio estomacal hiperácido.

Exemplo físico: injeção de água fisiologicamente salgada, para fazer subir a pressão circulatória, que uma hemorragia profusa fez baixar exageradamente.

Exemplo farmacodinâmico: emprego do ópio contra a insônia, pois o ópio provoca, no homem são, um sono artificial.

A Opoterapia* pode ser considerada um processo enantiopático quando faz o enfermo absorver o órgão animal correspondente ao que nele é diferente ou foi suprimido. A transfusão de sangue pertence também à enantopia, posto que substitui parcialmente o sangue viciado, biologicamente falando negativo, por outro lado sadio, positivo, ou então compensa quantitativamente uma perda hemorrágica. Dessa terapêutica

(38)

• Opoterapia – processo pelo qual se utiliza de substância de determinados órgãos no sentido de curar a deficiência desses mesmos órgãos no ser vivo. Por exemplo: diante de uma deficiência de secreção por parte da glândula hipófise, pode-se administrar o opoterápico hipófise.

enantiopática, fazem parte alguns processos que denominarei de terapêutica higiênica, porque desempenham, no momento exato do ato patológico, o que a higiene realiza com o objetivo de prevenir tal ato: lutam contra a causa mórbida. É a parte mais lógica senão a mais completa e mais prática da enantiopatia.

Exemplos: anti-sepsia interna para a destruição dos agentes microbianos em atividade patogência no corpo. Purgação e Sangria, esta eliminando as substâncias tóxicas de que o sangue se acha carregado (uremia), aquela provocando expulsão do bolo alimentar quantitativa e qualitativamente nocivo.

A Homeopatia (homoios = semelhantes; pathso

= sofrimento) é o oposto do processo emantiopático. Consiste em

dar ao doente uma substância medicamentosa capaz de produzir no organismo sadio, um estado semelhante ao da doença que se quer curar. Esta terapêutica funciona do ponto de vista físico e principalmente farmacodinâmico.

Exemplo físico: bebidas quentes em caso de queimaduras da mucosa estomacal.

Exemplos farmacodinâmicos: ópio administrado contra um estado de sonolência doentia comatosa, ou, por exemplo, Ipeca prescrita contra vômitos, por produzi-los no homem sadio.

A Homeopatia se relaciona à Isopatia (isos = idênticos; pathos = sofrimento), que se vale de uma semelhança mais perfeita levada até a identidade (vírus mórbidos, secreções e excreções mórbidas, produtos microbianos, proteínas e alergenos diversos) contra as enfermidades causadas por esses mesmos micróbios e proteínas. Na escola oficial, o método é praticado e tem nomes de vacinoterapia, proteinoterapia etc.

(39)

A Alopatia (allos = diversos; pathos = sofrimento) emprega um medicamento que visa produzir um estado diferente daquele que constitui o estado mórbido.

É ela que introduz o sistema de derivação. Exemplo: a purgação, no caso de congestão cerebral, a fim de desviar para a mucosa intestinal o afluxo sangüíneo que aflige o cérebro: o abscesso de fixação, que, por meio de introdução de um corpo estranho num tecido vegetativamente inútil (os músculos da coxa), se destina a fixar naquele ponto o esforço microbiano que perigosamente se desenvolve num órgão importante.

Essas foram as três formas terapêuticas universalmente utilizadas no tempo e no espaço, e os títulos de ancianidade da Homeopatia não são os menos válidos, como veremos no capítulo seguinte.

É, portanto, a Enantiopatia que representa o oposto da Homeopatia. O uso, porém, consagrou a substituição do termo Enantiopatia pelo Alopatia, que designa e reúne todos os processos de ação contrária, e de derivação utilizados na medicina oficial. E para não prejudicar a clareza contrariando velhos hábitos de linguagem, continuarei a empregar neste trabalho a palavra Alopatia em seu sentido corrente.

Como já se salientou, a cirurgia deriva da palavra

chiro (mãos), não sendo, a rigor, nem Homeopatia e nem

Alopatia, tratando-se de procedimentos manuais para fins terapêuticos.

A clínica cirúrgica visa estudar as mudanças fisiológicas ocorridas antes, durante e após a cirurgia e o modo de se corrigir estas alterações no sentido de se beneficiar os pacientes.

Quem pode se opor a uma apendicectomia, a uma cesariana, a uma colecistectomia ou a uma correção ortopédica traumática ou não!

(40)

O próprio Hahnemann, no seu Organon da Arte

de Curar, diz que o que é cirúrgico deve ser resolvido com a

cirurgia.

Existia no entender de Hahnemann, um outro método de cura que foi chamado de Isopatia (isso = igual; pathos

= sofrimento/doença), isto é, o idêntico é curado pelo idêntico; é a

própria causa mórbida que cura a enfermidade que ela produz.

A Escola Alopática de Pasteur adotou o nome de Vacino-terapia.

A partir das considerações etimológicas que foram feitas, pode-se compreender que a Medicina é uma só e o que difere entre a Homeopatia e a erroneamente chamada Alopatia é, tão – somente, a forma de tratamento, isto é, o modo terapêutico.

IX

PROCEDÊNCIA DOS MEDICAMENTOS

HOMEOPÁTICOS

Os medicamentos homeopáticos provêm dos três reinos existentes na natureza: animal, mineral e vegetal.

Como exemplo do reino animal, citamos o veneno da cobra surucucu (Lachesis); do reino mineral, o cobre

(Cuprum) ; o ouro (Aurum) e o mercúrio (Mercurius) ; e finalmente,

do vegetal, a beladona, extraída da atropa Belladona, popularmente conhecida como “comigo ninguém pode”.

É preciso fazer distinção entre Homeopatia e Herboterapia (tratamento pelas ervas), ambas de grande valia no tratamento do indivíduo enfermo.

A diferença reside, como dissemos acima, em que a Homeopatia utiliza as substâncias dos três reinos na

(41)

natureza e, principalmente, pelo fato do medicamento homeopático ser diluído, perdendo de fato sua toxidade.

A despeito de seus efeitos terapêuticos incontestáveis, algumas ervas ou plantas, por possuírem substâncias farmacologicamente ativas, podem apresentar efeitos tóxicos. Efeitos estes aproveitados pela indústria farmacêutica para, em conhecendo a falta de esclarecimento da população a respeito, tentarem denegrir a Homeopatia, uma vez que estão sentindo o grande avanço da ciência que cura pelos semelhantes e preconiza uma cura rápida, suave e duradoura e menos nociva, como queria Samuel Hahnemann.

X

DILUIÇÕES HOMEOPÁTICAS

Hahnemann, no seu Organon da Arte de Curar,

enunciou: “o ideal máximo da cura é o restabelecimento rápido, suave e duradouro da saúde, ou remoção e aniquilamento da doença, em toda sua extensão, da maneira mais curta, mais segura e menos nociva, agindo por princípios facilmente compreensíveis”.

Para cumprir os preceitos supracitados, ele percebeu que, além de semelhantes, os medicamentos deveriam ser diluídos, isto é, tornarem-se menos “pesados” e menos tóxicos. Fato este conseguido por um processo de diluições sucessivas, caracterizando as Doses Mínimas.

Os medicamentos do reino animal e vegetal são preparados, geralmente, com uma parte da substância fresca e outras quartas partes de álcool a 95º, que pode ser substituído por soro fisiológico nas primeiras diluições, para não perderem o seu efeito medicamentoso, quando se usa o veneno de algum animal, como o Lachesis, para, a partir da terceira ou quarta diluições, serem preparados com álcool.

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Já os produtos de origem mineral dever ser rigorosamente triturados, para, depois, serem diluídos.

Estas substâncias, assim preparadas, são chamadas tintura-mãe.

A primeira diluição decimal é obtida diluindo-se uma parte dessa tintura em mais nove partes de solução alcoólica. Já a Segunda decimal é derivada da diluição de uma parte desta primeira decimal em nove partes de álcool.

O mesmo método é válido para as diluições centesimais, onde primeiramente se dilui, por exemplo, 1 gota de tintura-mãe em 99 gotas de solução alcoólica, obtendo a primeira diluição centesimal.

Já a Segunda centesimal obtém-se diluindo-se, por exemplo, 1 gota da primeira centesimal em 99 gotas de álcool.

As diluições decimais recebem a letra D seguidos dos números que as caracterizam, por exemplo:

Belladona D1, para a primeira decimal, Belladona D2, para a

segunda decimal e assim sucessivamente.

As diluições centesimais, analogicamente, recebem a sigla C, seguidas, da mesma forma, do número que lhe dão ordem, por exemplo: Mercurius silubilis C1, e Mercurius

solubilis C2 para a primeira e Segunda diluição centesimal,

respectivamente.

Para melhor ilustrar o método, exemplificaremos a seguir:

Tintura mãe Solução alcoólica

(1 gota) (9 gotas)

10 partes decimais Primeira decimal

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Tintura mãe Solução alcoólica

(1 gota) (99 gotas)

100 partes centesimais Primeira centesimal

Existe ainda uma outra diluição, a cinqüenta milesimal, desenvolvida por Hahnemann, comumente representada pela letra L (maiúscula), ou pela associação L e LM (maiúsculas), que corresponde a uma diluição elevadíssima, que só o gênio criativo do pai da Homeopatia podia idealizar.

XI

O MEDICAMENTO EXPERIMENTADO PELO

HOMEM SÃO

Um dos princípios da Homeopatia, como citamos, é a experimentação no homem são, ou seja, o mesmo medicamento que causa sintomas no sadio é que vai curar o enfermo pela lei da semelhança.

Hahnemann experimentou em si próprio e em outras várias pessoas diversos medicamentos e, após rigorosa observação, catalogou os sintomas e sinais produzidos por estas substâncias no seu livro Matéria Médica Pura.

Diante deste conhecimento, pode-se medicar a pessoa enferma de uma forma pessoal e individual, segundo o seu modo de adoecer.

(44)

Por exemplo: diante de uma amigdalite (inflamação de amígdalas) deve-se levar em consideração o que mudou no doente.

Há pacientes que nestes casos não apresentam febre, outros que a apresentam, acompanhadas de delírio, outros que transpiram durante o calor febril, outros que não transpiram, outros que não apresentam calafrio.

Há pacientes nestes casos que, apesar de uma inflamação intensa na garganta, não sentem dor, entretanto, existem aqueles que não conseguem sequer engolir a saliva, devido à dor ocasionada por este ato.

Vimos que o homeopata, além do diagnóstico clínico, deve proceder a um diagnóstico do medicamento, que deve ser individual.

Daí concluímos que um medicamento que cura uma amigdalite numa pessoa pode não servir para curar uma outra.

No caso discutido, amigdalite, poderíamos fazer a análise do medicamento em função do conhecimento da Matéria Médica Homeopática da seguinte forma:

Sinais e sintomas Medicamentos que cobre estes sintomas

Amigdalite

Dor de garganta ao engolir Transpiração durante a febre

Calafrio durante a febre Delírio durante a febre

XYZ – Mercurius XY – Mercurius

Y – Mercurius Y – Mercurius

Y -

Vimos que restou somente o medicamento Y, devendo portanto ser usado, no caso.

(45)

Vimos, também, que a eleição do medicamento se faz por um processo de exclusão.

Observamos que geralmente devemos utilizar um único medicamento de cada vez, isto é, o Medicamento Único , aquele que cobre a totalidade do indivíduo, física e psiquicamente.

Com relação ao que pode ser considerado Homem Sadio é uma questão que gera muitas discussões, que não cabe no contexto deste livro, todavia, penso que o entendimento deste fato passa pelo conhecimento do que seja constituição e órgãos de choque segundo Maffei.

A experimentação no homem são, sem sombra de dúvida, supera e muito o método alopático, que experimenta os remédios em animais de laboratório, que sabidamente possuem reações distintas às dos seres humanos sem falar das experiências in vitro (tubos de ensaios), que não levam em conta os mecanismos de defesa do ser vivo, como se o organismo fosse um simples campo de batalha entre o antibiótico e a bactéria, por exemplo.

Com estes conhecimentos prévios e pela lei da semelhança, pode o médico homeopata refutar as palavras de Voltaire (1694/1778): “A medicina consiste em se introduzir medicamentos que não se conhecem em um organismo que se conhece menos ainda”.

XII

OS NÍVEIS DO TRATAMENTO HOMEOPÁTICO

O tratamento constitucional ou de fundo só pode ser realizado por um médico competente.

Antes de mais nada, cumpre definir o que seja constituição.

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Segundo o Prof. Maffei: “A constituição é o conjunto dos caracteres anatômicos e funcionais de um indivíduo a partir de um momento dado da sua vida”.

“Assim compreendida, a constituição é fundamentalmente determinada pela hereditariedade, mais ou menos modificada pelos fatores modificadores já descritos e ambientais, por conseguinte, a constituição é a manifestação fenotipo individual, entretanto, no recém-nascido não é possível estabelecer-se o tipo constitucional, pois este se delineia durante a evolução do indivíduo”.

A partir destas considerações podemos inferir que o medicamento constitucional é aquele que atende ao indivíduo de uma forma global, física, mental e psiquicamente.

Levando-se em consideração, principalmente, a sua história biopatográfica (bio = vida ; pathos = sofrimento; grafia

= gravar), ou seja, os sofrimentos físicos, psíquicos e mentais,

que marcaram a sua existência.

Existe uma discussão muito grande entre os próprios homeopatas, sobre o que seja Homeopatia de 1º, 2º e 3º níveis.

A meu ver, o tratamento que leva em consideração a constituição do indivíduo poderia ser enquadrado no chamado nível 3º.

O medicamento que eventualmente poderia ser enquadrado no 1º nível seria aquele usado, por exemplo, numa epidemia onde se administra uma mesma substância para toda a população sem levar em conta as individualidades de cada um. Isto caracteriza o que chamamos “Gênio Epidêmico” de medicamentos.

Nestes casos leva-se me consideração somente os sintomas gerais da população.

(47)

Hahnemann debelou grandes epidemias, utilizando-se desta forma de tratamento.

O medicamento que poderia ser colocado no 2º nível é aquele que, na mesma epidemia acima citada, atendesse a individualidade do enfermo. Além dos sintomas gerais, como por exemplo, febre, diarréia etc., leva-se em conta também as mudanças que se processaram nesta pessoa que a distingue dos demais, tais como: aumento, diminuição ou ausência de sede, desejo de ficar só ou em companhia durante a doença e outras coisas mais.

Apesar de idealmente, dever-se tratar as pessoas de uma forma constitucional, não se deve, em hipótese alguma, colocar em segundo plano as técnicas a meu ver erroneamente chamadas de 1º e 2º níveis, posto que é um procedimento por demais discriminatório.

XIII

UMA DOENÇA MAIS FORTE ACABA COM UMA

DOENÇA MAIS FRACA

Muitas vezes uma moléstia se torna crônica porque os seus mecanismos defensivos estão debilitados por um fenômeno de pouca reatividade ou baixa Alergia, que não consegue estabelecer a imunidade.

Outras vezes, uma outra doença se sobrepõe à já existente, solicitando uma resposta de maior intensidade por parte do organismo, que tenta vencer a agressão. É como se todas as forças orgânicas convergissem para lutar contra uma doença mais potente.

Se o sistema defensivo consegue vencer esta segunda agressão, não é incomum desaparecer a primeira doença.

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Senão vejamos, quantas vezes uma Asma Brônquica é curada depois do indivíduo contrair uma Pneumonia ou então uma coqueluche.

A sabedoria popular sabe deste fato, e tenho visto inúmeras vezes enfermeiras, com muitos anos de profissão, tecerem comentários neste sentido.

No livro Moléstias Infecciosas Contagiosas, do eminente Prof. Veronesi, há uma citação de que a melhora da Asma Brônquica que ocorre após uma criança contrair coqueluche é apenas uma coincidência.

Podemos inferir, pelo exposto, que, longe de ser uma coincidência, a melhora de uma moléstia, depois de uma moléstia, mais forte, pode ser antes de tudo até uma lei que merecesse ser melhor entendida e compreendida.

O medicamento homeopático age de forma e maneira semelhante à de uma doença mais forte, despertando uma força diferente e mais potente, daí as reações de agravação que podem ocorrer após a administração deste medicamento, como exemplificarei a seguir.

Reação fraca Agente Agressivo Cronicidade

Reação fraca

Agente Agressor →Agudização → Cura +

………

energia do medicamento

O exemplo acima mostra que o medicamento homeopático acrescenta um “caudal” energético à reação orgânica, provocando uma reação diferente e mais potente por parte do organismo e promovendo a cura da sua energia vital.

É difícil aos olhos dos colegas alopatas se falar em força vital, todavia no seu livro Aforismos y Prognósticos, tradução de Antônio Gagaya, Madrid, 1904, Hipócrates admite um

(49)

princípio vital, que ele denomina natureza, força de essência ignorada, que se manifesta nas funções de todos os órgãos, atraindo a cada órgão o que lhe é proveitoso e eliminado dele o que lhe é funesto. Na presença de uma causa mórbida, esta energia se desprende e adquire um desenvolvimento ainda maior...

XIV

ÓRGÃO DÉBIL OU “LOCUS MINORIS

RESISTENTIAE”

Muito se fala sobre o órgão débil, portanto, vamos tentar descrevê-lo para melhor compreensão do fato.

São mais fracos, porque não atingiram o seu desenvolvimento pleno durante os estágios embriológicos, quando no útero materno, justificando o axioma da medicina organicista que diz “Ninguém fica doente do que quer e sim do que pode”.

Por exemplo, uma criança com febre reumática só seria susceptível a ter um problema na válvula cardíaca, se ela já apresentasse um defeito anatômico congênito, ou então contrair uma glomerulonefrite, em decorrência de uma piodermite (infecção de pele), se ela possuir um rim lobulado etc.

Pelo mesmo raciocínio, uma criança que tem a espinha bífida, ou seja, uma ausência de soldadura de uma vértebra, é mais suscetível a contrair a poliomielite anterior aguda (paralisia infantil), porque concomitantemente à espinha bífida ocorrem alterações microscópicas em nível de medula espinhal, que predisporia a instalação e ação do vírus da pólio neste local.

Este processo pode ocorrer em qualquer órgão do organismo, como o cérebro, útero, próstata, fígado etc.

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Por isso mesmo, serão estes órgãos que sofrerão as conseqüências se houver um desequilíbrio orgânico, devido a fatores vários tais como stress, desnutrição, susto, morte de entes queridos, separações etc.

Quem já não ouviu falar em pessoas que ficaram diabéticas depois de um desgosto, mágoa etc.?

É que, provavelmente, “o órgão de choque” ou

locus minoris resistentiae era o pâncreas endócrino.

Neste particular é importante frisar que uma alimentação que forneça os nutrientes que os diferentes órgãos precisam é fundamental para o seu bom funcionamento, tornando-se mais resistente às enfermidades.

Sabemos que a doença evolui como se descesse uma escada, e para que haja a cura é necessário percorrer este caminho de volta, e os nutrientes são a matéria-prima indispensável para que a cura aconteça ad integrum, isto é, sem deixar seqüelas, como na ilustração abaixo:

Enfermidade cura

agudo agudo_ nutrientes

subagudo _subagudo matéria prima

crônico_ crônico

degenerativo degenerativo

A propósito deste processo de reconstituição orgânica e, de que o órgão de choque é aquele que não atingiu seu desenvolvimento pleno nas fases embriológicas, lanço a hipótese, se é que não lançaram alhures, de que muitas vezes este atraso de desenvolvimento pode ser completado nas fases

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pós – embriológicas, como podemos constatar pela evolução de ovários policísticos após o tratamento homeopático.

Se tal teoria pode gritar alto na razão de muitos, é só atentar que cientistas conseguiram reproduzir numa bactéria o código genético de uma múmia de 5.000 anos, o que não é possível a um organismo vivo fazer?

Finalizando este capítulo, citamos o Prof. Maffei, quando faz uma analogia do órgão minoris resistentiae com a sabedoria grega: “Aliás, já na mitologia grega, encontra-se a concepção de órgão sensível na conhecida História de Acquiles. Quando este herói da guerra de Tróia nasceu, a sua mãe Tetis mergulhou-o nas águas da lagoa Estígia, o que o tornou invulnerável, exceto no calcanhar, por onde ela o segurou e, portanto, esse ponto não foi banhado, mais tarde foi morto por uma seta lançada por Páris que o acertou neste ponto. Como se vê, trata-se de um simbolismo significando que todo o indivíduo possui o seu ponto sensível.

No mínimo, quando o Prof. Maffei cita a palavra funcional, penso que, melhorando a função do órgão das pessoas, por tabela contribuímos para melhorar a sua constituição, e isto pode ser feito através da Homeopatia, também através do fornecimento de vitaminas e sais minerais específicos a estes órgãos, ou através de uma orientação alimentar ou mesmo com suprimentos alimentares, caminhadas, exercícios físicos etc.

É clássico, entre aqueles que assistiram as famosas autópsias do Prof. Maffei, que antes mesmo de “abrir” o cadáver, já sabia de antemão, da sua causa mortis pelas suas características morfológicas, como, por exemplo, implante de orelha e sua relação embriológica com os órgãos internos.

Com relação à experimentação no homem são, a

Profª. Ana Kossak, numa palestra proferida na Associação Paulista de Homeopatia, disse que deve haver uma predisposição para que o indivíduo apresente sintomas na experimentação. Penso que este processo passa pelo conhecimento do que

Referências

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