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CARTA AO EDITOR/LETTER TO THE EDITOR
Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 37(3):285-286, mai-jun, 2004
Avaliação microbiológica das águas dos bebedouros do Campus I
da Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro, em relação
à presença de coliformes totais e fecais
Microbiological evaluation of water from drinking-fountains at Campus I
of Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro by the
presence of total and fecal coliforms
Ana Carolina Santana de Oliveira
1e Ana Paula Sarreta Terra
21 . Fac uldade de Me dic ina do Tr iângulo Mine ir o , Ub e r ab a, MG. 2 . De par tame nto de Mic r o b io lo gia da Fac uldade de Me dic ina do Tr iângulo Mine ir o , Ub e r ab a, MG.
En de r e ço par a cor r e spon dê n ci a: Dr a. Ana Paula Sar r e ta Te r r a. De pto
de Mic r o b io lo gia/FMTM. Pç a Mano e l Te r r a s/n, Ce ntr o , 3 8 0 1 5 - 0 5 0 Ub e r ab a, MG. e -mail: c sar r e ta@ te r r a. c o m.
Re c e b ido par a pub lic aç ão e m 1 8 /1 1 /2 0 0 3 Ac e ito e m 1 9 /4 /2 0 0 4
Senho r Edito r :
c o lifo r mes to tais r ealizo u-se mediante a téc nic a do s tub o s múltiplos3 4. Todos os tubos c om reaç ão presuntiva positiva são
subseqüentemente sujeitas a teste c onfirmatório em Caldo Ver de B r ilhante Lac to se B ile e Caldo Es c h e r i c h i a c o li1 5 1 1.
Os r e s ulta do s m o s tr a r a m q ue to do s o s b e b e do ur o s apresentaram de c erta forma ou em algum momento, algum tipo de c ontaminaç ão. Todos eles apresentaram reaç ão presuntiva positiva tanto pelas análises pré-bebedouro quanto pelas análises pós- bebedouros. Esta oc orrênc ia em fontes de água tratada é a mais c omum c ausa de violaç ão dos padrões de potabilidade. Tradic ionalmente, a presenç a de bac téria c oliforme em água potável tem sido vista c omo um indic ador de c ontaminaç ão fec al intimamente ligado a tratamento inadequado ou inabilidade em manter desinfec ç ão residual em água tratada1 4.
Os bebedo uro s que apresentaram meno r c o ntaminaç ão foram aqueles abastec idos de água diretamente da rua, ou seja, água que não passou por um dos grandes reservatórios existentes no prédio da Fac uldade. Esta é uma c arac terístic a operac ional no sistema de distribuiç ão fortemente assoc iada c om o aumento das taxas de oc orrênc ia de c oliformes. Reservatórios ou tanques de estoc agem no sistema de distribuiç ão são nec essários para prover pressão adequada e reserva de água. Entretanto, esses tanques podem ser loc ais onde a água estagna, os resíduos de de sinfe c ç ão se dissipam e a q ualidade m ic r o b io ló gic a se deteriora pela c riaç ão de um biofilme de bac térias em algum ponto c rític o desta distribuiç ão4 8.
Ou tr o fa to r q u e c o n tr i b u i u p a r a a p o s i ti vi da de de c o l i fo r m e s fo i o m a te r i a l do q u a l s ã o c o n s ti tu í da s a s A saúde pública requer água potável segura, o que significa
que ela deve estar livre de bactérias patogênicas. Entre os patógenos disseminados em fontes de água, os patógenos entéricos são os mais freqüentemente encontrados. Como conseqüência, fontes de contaminação fecal em água devido à atividade humana devem ser estritamente controladas3 5. Este controle é feito medindo-se
alguns parâmetros como presença e níveis de coliformes fecais e totais. O uso do grupo coliforme como um indicador de possível presença de patógenos entéricos em sistemas aquáticos tem sido sujeito de debates por muitos anos. Muitos autores reportam surtos de doenças ligadas à água em casos de variação dos coliformes1 0.
O gr upo c o lifo r me inc lui uma gr ande dive r sidade e m te r m o s d e gê n e r o e e s p é c i e , p r i n c i p a l m e n te a q u e l a s pe r te nc e nte s à família En te r o b a c te r i a c a e. Os me mb r o s do
gr upo c o lifo r me são de sc r ito s c o mo :
1 . to do s ae r ó b ic o s e anae r ó b ic o s fac ultativo s, Gr am -n e ga tivo s , -n ã o fo r m a do r e s de e s po r o s , b a s to -n e te s q ue fe r me ntam lac to se c o m fo r maç ão de gás e ác ido e m 4 8 h a 3 5 ° C ( té c nic a do s tub o s múltiplo s)7 9.
No Brasil, as normas são definidas pela portaria 1 4 6 9 de 2 9 /1 2 /2 0 0 0 ( 2 /0 1 /2 0 0 1 ) – Ministério da Saúde, c apítulo IV-Padrão de potabilidade2 6. Estas definem que água para c onsumo
humano de ve se r livr e de Es c h e r i c h i a c o li o u c o lifo r me s
termotolerantes c om ausênc ia em 1 0 0 ml ou positividade de até 5 % para c oliformes totais.
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Oliveir a ACS and Ter r a APS
tubulações que distribuem a água. Estas são constituídas de ferro, material muito utilizado quando da construção do prédio há mais de cinquenta anos. A corrosão de encanamentos de ferro podem produzir protuberâncias as quais aumentam a área de superfície da tubulaç ão, aumentando o transporte de nutrientes para a superfíc ie, prec ipitando c ompostos orgânic os e promovendo rachaduras que protegem as bactérias da desinfecção4.
Inúmeros outros fatores poderiam ter auxiliado num melhor diagnóstic o da situaç ão da água para c onsumo disc ente nesta Faculdade. Entretanto, o objetivo por nós pretendido foi alcançado, esperando que medidas apropriadas sejam tomadas para que a qualidade da água que nossos alunos consomem seja aquela a mais adequada possível.
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