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O PRONATEC NO IFS-CAMPUS LAGARTO: UM OLHAR JUVENIL SOBRE O PROGRAMA GT1 Educação de Crianças, Jovens e Adultos

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O PRONATEC NO IFS-CAMPUS LAGARTO: UM OLHAR JUVENIL SOBRE O PROGRAMA

GT1 Educação de Crianças, Jovens e Adultos

Herbet Alves Oliveira1 Fabio Kalil de Souza2

RESUMO:

O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico-Pronatec e Emprego emerge como ousada meta de expansão da oferta de vagas de cursos profissionalizantes no território nacional. A partir de uma experiência no Estado de Sergipe, este artigo apresenta o desenvolvimento do Programa sob a perspectiva discente, estabelecendo a relação fulcral com seu aprendizado.

Buscou-se compreender como estudantes da primeira turma do curso técnico de Edificações, promovido no IFS-Campus Lagarto, enxergam aspectos favoráveis e desfavoráveis do Pronatec relacionado-os com seus êxitos escolares (ou não). Na modalidade estudo de caso, esta pesquisa de natureza quanti-qualitativa sugere que a parceria entre IFS e Escolas Estaduais é anêmica no sentido de produzir condições mais efetivas para o sucesso escolar. A ação integrada e harmônica entre esses parceiros tendem a reduzir os aspectos desfavoráveis, como baixa aprendizagem em disciplinas técnicas por falta de embasamento na ciências exatas, como também a potencializar os favoráveis, a exemplo concessão de auxílio financeiro (Bolsa- Estudante) na medida em que incentiva a frequência dos(as) estudantes nos cursos. Uma parceria que atenda os discentes com vidas escolares paralelas mas divorciadas.

ABSTRACT:

The National Access to Technical Education and Employment Pronatec-emerges as bold goal of expanding the supply of vacant professional courses in the country. From experience in the state of Sergipe, this article presents the development of the program from the perspective of students, establishing a relationship with your key learning. We sought to understand how students of the first class of the course technician Buildings, promoted the IFS-Campus Lizard sighted favorable and unfavorable aspects of Pronatec linked them with their academic achievements (or not). In the form of case studies, this research both quantitative and qualitative suggests that the partnership between IFS and State Schools is anemic towards producing the most effective conditions for school success. The integrated and harmonious action between these partners tend to reduce the unfavorable aspects, such as low learning in technical disciplines for lack of foundation in the sciences, but also enhance the favorable, such grant of financial assistance (Grant Manager) as that encourages the frequency of (the) students in the courses. A partnership that meets the students with school lives parallel but divorced

Palavras chaves: Educação, Jovem e Adulto

1 Graduado em Engenharia Civil (Escola de Engenharia Kenedy)e Mestre em Ciências dos Materiais (USP). É professor do Instituto Federal de Sergipe/Campus Estância e da Faculdade de Administração e Negógios de Sergipe. E-mail: herbetalves148@gmail.com.

2 Graduado em Pedagogia (UFBA) e Mestre em Educação (UFBA). Pedagogo do Instituto Federal de Sergipe/Campus Lagarto. E-mail: kalilfs@hotmail.com.

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1. Introdução

É fato (inconteste) que a sociedade contemporânea tem sido palco de mudanças em diferentes áreas de atuação humana, exigindo desta seu constante aperfeiçoamento para o alcance de determinadas finalidades. Essas mudanças, principalmente impulsionadas pelos avanços científico-tecnológicos, tem forçado os sujeitos a acompanharem seu dinamismo sob pena de serem inexoravelmente excluídos da sociedade (e em especial do mundo do trabalho). Para seguir no compasso dessa sociedade cambiante ou pelo menos acompanhar de perto suas transformações sem delas tornar-se reféns, mostra-se como possibilidade a Educação.

Pautados nessa percepção, Governos tem voltados seus olhares para ela como um dos pilares de desenvolvimento e crescimento econômicos.

No Brasil, chegou a vez da Educação Profissional ocupar seu lugar como propulsora na complexa engrenagem do desenvolvimento. Ela tem recebido fortes investimentos do Governo Federal, sobretudo no Governo Lula, como parte de um projeto de desenvolvimento e inclusão em todo país. Consubstanciado em políticas públicas e programas educacionais diversos, esses investimentos tem contribuído para formação profissional de grande número de jovens e de trabalhadores que buscam complementar sua escolaridade e/ou se (re)inserirem no mundo do trabalho.

No Governo Dilma, sucessora do ex-presidente Lula, a continuação de tal projeto pode ser iconizada com o lançamento do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego-Pronatec, que, nas palavras da mesma em pronunciamento entusiasta de inauguração do Programa, afirmou que este significaria à nação “um grande aumento de produtividade, uma imensa capacidade de melhorar a qualidade dos nossos empregos e, sobretudo, de assegurar para o Brasil um padrão de desenvolvimento e integração social” (ROUSSEF, 2011).

Sem intenções de questionar o otimismo da Presidenta, uma vez que temos somente dois anos de existência do Pronatec, este artigo apresenta avanços e impasses do Programa ao ser implantado no Instituto Federal de Sergipe, elegendo a experiência (in)formativa de estudantes do curso técnico de nível médio em Edificações desenvolvido no Campus Lagarto.

Buscamos compreender como eles relacionam aspectos favoráveis ou não do Programa com seus aprendizados. Trata-se, portanto, de uma pesquisa quanti-qualitativa na modalidade estudo de caso, na qual os sujeitos da pesquisas são discentes do referido curso. Para coleta dos dados, aplicamos como instrumento um questionário aberto na

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totalidade da turma. Os resultados, embora não sejam generalizáveis, podem servir de subsídios para continuidade do Pronatec em um patamar mais elevado de qualidade, além de servir de elementos para novas pesquisas.

Este artigo está na sequência assim estruturado: esboçamos uma retomada histórica da gênese do Institutos Federais, com um fio condutor que chega na transição do Centros Federais de Educação Tecnológica para o Institutos Federais IF, destacando sua expansão no Estado de Segipe. Na sequência explanamos origem e nuances do Pronatec e os cursos por ele oferecidos no Instituto Federal de Sergipe-IFS/Campus Lagarto, abrindo espaço para o tópico visceral: os resultados da pesquisa aliançados à sua análise. Encerramos exibindo resumidamente nossas considerações sobre os

“achados” da pesquisa no último tópico.

2.

Institutos Federais: surgimento e expansão

No ano de 2008 o Governo Federal aprovou a lei 11.892/2008, que instituiu a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica no país e criou os 38 Institutos Federais-IFs. Segundo tal lei, os Centros Federais de Educação Tecnológica- CEFET, as Escolas Agrotécnicas e as Escolas Técnicas passam a formar os IFs, instituições de educação especializadas em oferecer educação profissional e tecnológica nas diferentes modalidades de ensino, as quais estão presentes em todos os estados da federação, ofertando ensino médio integrado ao ensino técnico, cursos técnicos subsequentes, cursos superiores de tecnologia, licenciaturas e pós-graduação.

Em uma comparação entre o entendimento clássico que se tem sobre Universidade e IF, Pacheco, Caldas e Sobrinho (2012) explicam que os Insitutos, em seu formatos jurídico-intitucional, assume uma forma híbrida entre Universidade e CEFET, ou seja, uma institucionalidade que proporcional educação básica, como também ensino superior, atuando, por conseguinte, sobre o tripé ensino, pesquisa e extensão. Eles ainda esclarecem que são instituições “pluricurriculares e multicampi;

terão na formação profissional, nas práticas científicas e tecnológicas e na inserção territorial os principais aspectos definidores de sua existência” (p. 23).

Não há na história da educação no Brasil precedentes de massivos investimentos do Governo em instituições que implementam cursos técnicos profissionalizantes e tecnológicos. Como resultado ocorre uma interiorização delas e robustecimento de sua capilaridade. Essa recente expansão da educação profissional e tecnológica (EP&T), programada para ocorrer em duas fases, no período de 2005 a 2010, foi uma ação do

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Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) do atual governo. A partir de 2008, deu- se início à segunda fase do plano de expansão, com a construção de 150 novas unidades para contemplar os 26 estados e o Distrito Federal.

Nessa fase, a definição das localidades contempladas orientou-se por uma abordagem multidisciplinar, fundamentada em análise crítica de variáveis geográficas, demográficas, socioambientais, econômicas e culturais, com destaque para as seguintes finalidades: distribuição territorial equilibrada das novas unidades de ensino; cobertura do maior número possível de meso-regiões em cada Unidade da Federação;

proximidade das novas unidades de ensino aos Arranjos Produtivos Locais instalados e em desenvolvimento; interiorização da oferta pública de educação profissional e de ensino superior; redução dos fluxos migratórios originados nas regiões interioranas com destino aos principais centros urbanos; aproveitamento de infraestruturas físicas existentes e identificação de potenciais parcerias.

Em Sergipe, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia-IFS foi criado de acordo com o Projeto de Lei 3775/2008, mediante a integração do Centro Federal de Educação Tecnológica de Sergipe e da Escola Agrotécnica Federal de São Cristóvão.

Atualmente, o IFS possui seis Campi, dentre eles, três ainda estão em fase de construção. Oferece formação de técnicos de nível médio, oferece cursos de graduação e engenharia, além de atuar em pesquisa e extensão junto à comunidade.

Em tais Campi o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego- Pronatec fora implantado em 2012 atendendo aos interesses do Instituto voltados à ampliação da oferta da educação profissional de qualidade para estudantes de nível médio e cursos de formação inicial e continuada, seja na modalidade presencial, seja a distância.

3. O Pronatec

“O Pronatec é um projeto extremamente ousado para garantir que o ensino médio brasileiro não seja um ensino deslocado e desfocado da realidade que nós vivemos”.

Dilma Roussef

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O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego-Pronatec, instituído pelo Decreto 12.513/2011, foi criado no bojo das polílitcas públicas para expansão da Educação Profissional e Tecnológica no Brasil.

Integrando o conjunto de ações que envolveu também a implantação dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, a E-TEC Brasil (Educação Profissional a Distância) e o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Jovens e Adultos-PROEJA, o Pronatec é a mais recente aposta do Governo Federal como parte de um projeto de desenvolvimento nacional.

Desde sua implantação em 2011, o Programa tem envidado ações para cumprir a missão de ofertar cursos técnicos profissionalizante e tecnológicos a uma janela demográfica de 34 milhões de indivíduos com idade de ingresso no mercado de trabalho, conforme dado do último censo (2010), compreendendo sobretudo jovens que concluíram ou estão cursando o Ensino Médio e trabalhadores ativos e/ou em situação de desemprego. Contudo, essa envergadura de alcance na qualificação de jovens e trabalhadores não pretende abrir mão da qualidade necessária para formá-los, inclusive para atuarem em atividades complexas no mundo do trabalho.

Em um país com variegadas demandas locais de produção, além de características populacionais e regionais distintas, o Programa não poderia ser pensado sem estar atento a elas e somente focalizado nàquele público jovem, por essa razão é constituído de oito ações, uma delas é a formação inicial e continua de trabalhadores “beneficiados com programas de transferência do Governo (bolsa família) ou beneficiário do seguro desemprego” (PACHECO et al, 2012, p. 11).

Os cursos oferecidos para tais trabalhadores são, em geral, de curta duração (carga horária mínima de 160 horas); ao passo que para os jovens são cursos concomitantes ao Ensino Médio (duração média de dois anos). Dessa forma, além de proporcionar educação profissionalizante, o Programa incentiva o aumento da escolaridade dos trabalhadores e o fortalecimento do Ensino Médio.

Face ao chamado “apagão” mão de obra qualificada –em particular na indústria automatizada- e ao fato de o País possuir dimensões continentais associado a amplo contingente demográfico em potencial para o trabalho, as estratégias tomadas pelo Governo (iniciando com Lula) ao investir robustamente na Educação Profissional tem sido tanto ambiciosas como oportunas, acenando para um possível aumento da produtividade e crescimento econômico. Por conseguinte, expecta-se também ampliação no número de empregos e melhores salários aos trabalhadores.

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Finalmente, cabe sublinhar que para atingir seus objetivos o Pronatec3 necessitaria de uma ampla rede de instituições ofertantes. Dela tem participado não somente os Intituto Federais (IF) e Instituições Estaduais Profissionalizantes, como também Instituições Privadas e àquelas que pertencem ao chamado Sistema “S”, o qual desde 1940 tem oferecido Educação Profissional, em particular de formação inicial e continuada.

Na experiência do Instituto Federal de Sergipe, seus Campi tem ofertado vagas em cursos técnicos de curta duração para trabalhadores e concomitantes ao Ensino Médio. No tópico seguinte é apresentado sumariamente a experiência do Campus Lagarto.

3.1 O Pronatec no Campus Lagarto

Inicialmente foram implementados os cursos técnicos de nível médio de Edificações e de Eletromecânica, ambos na modalidade concomitante e com duplicidade de matrícula, isto é, o discente cursa o Ensino Médio em uma escola da Rede Estadual e participa da formação profissionalizante no Instituto Federal, obtendo ao final do curso técnico o certificado somente em caso de aprovação em ambas instituições.

Como cursos de formação inicial e continuada-FIC foram lançados o de Desenhista em Topografia (170h) e o Instalador e Reparador de Redes de Computadores (200h), cujas turmas se formaram em março de 2013.1, com previsão de novas no semestre subsequente. Desenvolvidos no turno matutino, tanto os cursos técnicos quanto os de FIC foram elegidos pela Secretaria de Educação do Estado-SEED com base no Catálogo de Cursos do Pronatec e no potencial de oferta do Instituto.

Para os cursos técnicos concomitantes o papel da SEED, e especificamente das escolas estaduais de onde os discentes são oriundos, tem relevância capital na preparação dos profissionais, posto que os cursos técnicos demandam conhecimentos essenciais em disciplinas de formação geral como Matemática, Física e Química, propiciados pelo currículo regular do Ensino Médio. Os cursos de Edificações e Eletromecânica, por exemplos, requerem fundamentos dessas disciplinas para aprendizagem das técnicas, sob pena de o discente não lograr êxito.

Todas as turmas do Pronatec Campus Lagrato foram compostas por 40 discentes, havendo desistências na transição do primeiro para o segundo semestre (2012.2-

3 Outras informações podem ser encontradas no endereço eletrônico: http://pronatec.mec.gov.br/.

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2013.1). Atualmente o curso de Edificações –alvo desta investigação- é constituída de 34 discentes, sendo 70% do sexo feminino, o que representa uma procura significativa do público feminino em um curso no qual, tradicionalmente, é povoado pelos de sexo masculino. Desses remanescentes obtemos os dados da pesquisa, que são apresentados no próximo tópico e na sequência analisados.

4. Resultados da pesquisa e sua análise

O gráfico seguinte apresenta a “leitura” dos estudantes sobre aspectos específicos do Pronatec, os quais consideram relevantes para sua trajetória escolar. Na sua maioria indicaram a qualificação dos professores e a infraestrutura do Campus como positivos. Um terceiro aspecto apontado é a gratuidade do curso para aqueles oriundos de famílias com baixa renda; a oportunidade de formação técnica que o Poder Público oferece a quem não tem condições de pagar por ela.

GRÁFICO 1: Aspectos favoráveis do PRONATEC

Fonte: Dados da pesquisa

Questionados sobre dimensões que a turma considerava desfavoráveis no Programa, o gráfico seguinte mostra os recorrentes.

GRÁFICO 1: Aspectos desfavoráveis do Pronatec

44,3 25,6

13,6 9,3 2,3 2,3 2,3

0 10 20 30 40 50

Professores qualificados Oportunidade para desfavorecidos Boa Estrutura Aula práticas Colégio Tecnico com boa estrutura Visitas técnicas Curso gratuito

(%)

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Fonte: Dados da pesquisa

No que tange aos aspectos percebidos como desfavoráveis estão, como os mais salientes, o atraso na disponibilização da Bolsa-Estudante4 e a ausência de materiais didáticos. Também evidenciaram o fato de não terem recebido acolhimento pelos demais discentes do Campus, considerando-se alvos de discriminação. Um número inferior critica o fato de haver docentes que somente “aplicam provas”, o que nos leva a compreender que seus ensinos exploram a avaliação da aprendizagem tomando a prova como instrumento de aferição.

Chama atenção o número expressivo da turma indicar o atraso do auxílio estudantil –destinado ao transporte e à alimentação, a rigor- como aspecto negativo expoente na sua lista de “queixas”, evidenciando um grau de dependência ao recurso.

Assinalamos que a crítica se direciona não ao valor deste, mas a morosidade na sua percepção (recebimento). Tecem, sem rodeios, uma crítica indireta aos trâmites burocráticos da Administração Pública; trâmites inevitáveis e necessários aos seu funcionamento, embora passíveis de celeridades.

Em segundo lugar na agenda de aspectos desfavoráveis está a falta de materiais didáticos, fato que interfere negativamente no aprendizado. Embora no Programa estivessem previstos recursos para sua aquisição, somente no encerramento do segundo semestre (2013.1) foram providenciados e distrubuídos entre os(as) discentes.

O gráfico seguinte mostra os principais fatores que, na perspectiva da turma, representavam óbices que a fazia tropeçar, tornando o alcance do êxito no curso mais desafiador. O primeiro fator é capitaneado pelo que identificaram como tempo escasso para o estudo; o segundo, não menos importante, é a dificuldade em disciplinas exatas,

4 Atrelada à frequência discente, cada um recebia valor de R$ 10,00 por dia, disponibilizado quinzenalmente. Contudo, por razões administrativas, esse valor era depositado em conta conrrente posterior a cada quinzena, o que provocava insatisfação do corpo discente.

Falta continuidade com pagamento bolsas

Falta de materiais para aulas Discriminação por outros alunos Professores só aplicam provas

50 39,1 8,7

2,3

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em particular Matemática e Física; a falta de materiais didáticos fora novamente citado, bem como o atraso na percepção da Bolsa-Estudante; por fim um número reduzido opina dificuldades na interação com a proposta do curso e na manipulação de programa informático utilizado para elaboração de projetos no curso (AUTO CAD).

Detalhando os fatores: a declaração de “falta de tempo” para estudos é sustenta pela dificuldade em gestar duas trajetórias escolares paralelas: no IFS e na Escola Estadual, que lhes demandavam grande volume de estudos e atividades extraclasse (exercícios, trabalhos, pesquisas etc.). Tinham que dar conta dos compromissos e responsabilidades acadêmicas tanto do Ensino Médio quanto do Técnico, levando com frequência à exaustão, ao estresse e ao desânimo. Não estavam familiarizados ao novo ritmo que o ingresso ao Pronatec lhes impunha sem perder o fôlego como discente na escola estadual.

Esse intenso movimento resultou, por uma lado, a desistência de pouco mais de 10% da turma (de 40 discentes). Por outro parece ter fortalecido a resiliência individual e a resistência em grupo a fim de permanecerem no curso.

Ao entrarem em contato com as disciplinas profissionalizantes, grande parte delas requeria saberes e conhecimentos na área de exatas. Sem os fundamentos em Matemática e Físic5a necessários à formação técnica, os discentes tem enfrentado importantes dificuldades de aprendizado nàquelas disciplinas que os requeiram, gerando, inclusive, reprovações. A maioria não se mostra apta a elaborar cálculos matemáticos simples, o que não é novidade quando se trata de ensino público no país, cujos pífios resultados de desempenho escolar nas denominadas “disciplinas críticas” – que inclue Matemática- são amplamente divulgados na literatura e em órgãos educacionais de estudos pesquisas.

Tal dificuldade foi mais agravada pelo fato de a turma estar participando de um curso que emerge de um currículo montado para quem concluiu o Ensino Médio ou ao menos cursava o terceiro ano desse Ensino. Noutros termos: a matriz curricular vigente pertence a um curso técnico na modalidade subsequente, e não com as adaptações necessárias para possibilitar o processo educacional da turma, que era egressa do Ensino Fundamental. Um deslize duplo: matriz curricular inadequada (responsabilidade do IF) e discentes da primeira série do E. M, quando deveriam estar pelo menos na segunda série (responsabilidade da SEED). Os resultados de aprendizagem não poderiam ser menos desastrosos.

5 Grande parte dos discentes informaram que não tinha docente de Física na Escola Estadual onde estavam matriculados. E qQuando chegou, ministrou ligeiramente um mês de aula, face ao encerramento do ano letivo.

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Na ponta da avaliação de dificuldades apontadas no gráfico estão a inaptidão com o programa AUTO CAD e a anêmica interação com a proposta do curso, com o objetivo de formação, noutros termos, a não identificação com o curso, o que pode gerar futura evasão desses sujeitos. Reiteraram a queixa alusiva à demora de percepção do auxílio estudantil e trouxeram um dado não mencionado anteriormente: a localização do Campus, relativamente distante de suas residências.

GRÁFICO 3: Dificuldades para o acompanhar o curso

Fonte: Dados da pesquisa

5. (In)Conclusões

O Pronatec tem atendido um grupo considerável de jovens e trabalhadores em todo país, proporcionando oportunidades de formação profissional, em especial os socioeconomicamente menos favorecidos. Nesse horizonte tem possibilitado a expansão da oferta de pessoas melhor qualificadas para o trabalho e contribuído com o processo de inclusão social.

No entanto, como se trata de um Programa pioneiro, sua consolidação no território nacional tem enfrenta desafios variados. Na experiência do IFS-Campus Lagarto, à guisa de exemplo, é preciso adequar a implementação do Pronatec em função das características e condições de seu público-alvo, que, conforme dados desta pesquisa, apontou a falta de tempo para estudos, a limitação financeira para se locomover e as

25 20,3 18 13,6 10 6,8 4,4 2,2

0 5 10 15 20 25 30

Falta de tempo para estudar Dificuldade com disciplinas de calculo Falta de materiais para aulas Escola muito distante da residencia Atrasos pagamento da bolsa Falta de base em fisica e matemática Dificuldade interação com o curso Dificuldade com AUTO CAD

Dificuldades para acompanhar o Curso (%)

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dificuldades com disciplinas que envolvem cálculos como condições negativas. É tão importante quanto necessário estar atento a esse “novo” estudante.

Em relação aos aspectos favoráveis do Pronatec e sua relação com o aprendizado discente, os resultados da pesquisa ratificam que o IFS saiu na frente ao oferecer infraestrutura e aparato tecnológico adequados e um corpo docente qualificado, requisitos mínimos indispensáveis ao alcance dos objetivos do Programa. Requisitos nem sempre encontrados em diversas instituições públicas de ensino.

A morosidade da disponibilização da Bolsa-Estudante e a falta de materiais didáticos capitaneiam a lista de insatisfação da turma em relação ao Pronatec. Essa falta tem sido suprimida paulatinamente, porém o atraso na percepção do auxílio estudantil é de ordem administrativa, atrelado, portanto, aos trâmites burocráticos normais do Serviço Público. É conhecido que tal auxílio favorece o acesso e a permanência dos(as) estudantes durante o curso, mas temos questionado em que medida a Bolsa tem impactado direta ou indiretamente no aprendizado de cada discente. Como decorrente dessa questão surgem outras: se fosse “cortada” essa dependência umbilical com o auxílio, teríamos um número significativo de evadidos? Existe uma forte relação entre percepção de Bolsa-Estudante e interesse pelo Programa? Considerando que ela favorece a permanência do(a) estudante, trata-se de uma permanência qualitativa ou meramente interessada pelo valor?

Sobre as dificuldades enfrentadas, a turma apontou, de modo expressivo, “falta de tempo para estudar” e dificuldade no aprendizado de disciplinas que requeiram domínios matemáticos. Nesta última dificuldade tem as escolas estaduais apoiadas pela SEED a oportunidade de envidar esforços para solucionar essa difícil equação, propiciando aos discentes o domínio básico em disciplinas de formação geral que explorem o raciocínio lógico-matemático e fênomenos físicos naturais, a exemplo de Matemática, Física e Química.

Embora reconheçamos que é um desafio para a Rede Estadual prover docentes nessas áreas, sobretudo considerando a escassez de profissionais no interior do Estado, essa é uma responsabilidade que não se pode prescindir, sob pena de encurralar os discentes na barreira do fracasso escolar e, por conseguinte, deixar que o Programa seja fagocitado pelo declínio no princípio de sua história. Nesse eixo de análise entendemos que compete à SEED –parceira do IFS- fornecer condições para que as escolas proporcionem formação básica necessária para tais estudantes, a qual inclui o domínio necessário no campo das exatas. Nesse sentido entendemos que a aliança mais estreita e específica entre IFS e SEED pode comprometer o Pronatec na ponta do processo

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(aprendizagem) se qualquer uma das partes não cumprir satisfatoriamente com suas responsabilidades na formação dos estudantes.

Nessa relação de mútuo comprometimento, os parceiros podem, cada qual com suas devidas atribuições (e competências), desenhar um currículo escolar diferenciado para o Pronatec, estabelecer propostas de otimização do processo de ensino- aprendizagem, contribuir com a produção de materiais didáticos próprios, favorecer a locomoção dos estudantes de suas residência ao Instituto (e vice-versa), enfim, discutir e implementar soluções para demandas diversas

Finalmente relevamos o fato de esses resultados serem provisórios e não se prestarem, nem de longe, a sintetizar a grandeza nem as limitações do Pronatec no IFS, sem contar que não se circunscreve aos objetivos desta pesquisa. Contudo, esses dados sinalizam aspectos que podem afetar a continuidade exitosa do Programa, pois apresentam o olhar discente sobre o Pronatec. Olhar daqueles que são o sentido de existir do Programa. Precisamos, sem dúvida, estar de “ouvidos” e “olhos”

institucionais bem atentos ao que esses jovens tem a nos dizer.

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6. Referências

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institu cional /objetivos-e-iniciativas. Acessado em 12 de abril de 2013.

 CUNHA,Luiz Antônio. O ensino de ofícios manufatureiros em arsenais, asilos e liceus. Revista Trimestral Fórum Educacional da Fundação Getúlio Vargas, v.3, no 3, Jul/Set , 1979

 _______,O ensino de ofícios nos primórdios da industrialização. São Paulo:

Editora Unesp, Brasilia, DF: Flacso, 2000

 DANTAS, Azil. Estância jardim berço da cultura sergipana 162 anos de historia, Estância, 2010.

 FRANÇA, Vera Lucia Alves et all. Vamos conhecer Estância. Editora da Prefeitura de Estância , 2000.

 IBGE, População de Estância. Disponível em <http://www.censo 2010.ibge.gov.br /sinopse/ind ex.php>. Acesso em: 23 maio 2012.

 História dos Institutos Federais. Disponível em http://www.ifc-videira. edu.br /index.. Acesso em: 10 de maio de 2012.

 NAXARA, Márcia Regina Capelarei.Estrangeiro em sua própria terra:

representações do brasileiro.1870/1920.São Paulo:Annablume, 1998.

 OLIVEIRA, Maria Auxiliadora Monteiro e CAMPOS, Fernanda Araújo Coutinho. A História dos CEFETS dos primórdios a atualidade: reflexões e

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http://www.senept.cefetmg.br/galerias/Arquivos_senept/ anais/ terca_tema6/

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 PACHECO, E. M. e MORIGI, VALTER (Org.). Ensino Técnico, Formação Profissional e Cidadania: a revolução da educação profissional e tecnológica no Brasil. Porto Alegre: Tekné, 2012.

 PATRICIO, Solange.. Educando para o Trabalho: A Escola de Aprendizes e Artificies em Sergipe. Dissertação de Mestrado. São Cristovão, 2003.

 SHUELLER, Alessandra F. Martinez de. Crianças e escolas na passagem do Império para a República. In: Revista Brasileira de História, São Paulo, v.19,no 37, 1999, p. 59-84.

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