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Relatório Final. Estágio Profissionalizante. Mestrado Integrado em Medicina

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Academic year: 2021

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Carolina Pinto Inverno da Piedade

Nº 2015201 | Turma 5 | 6º ano MIM 2020/2021

Orientador: Prof. Dr. António Carlos Gomes Panarra

Regente: Professor Doutor Rui Maio

Relatório Final

Estágio Profissionalizante

Mestrado Integrado em Medicina

Nova Medical School | Faculdade de Ciências Médicas

Universidade Nova de Lisboa

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Índice

Siglas e abreviaturas ... 2

1. Introdução ... 3

2. Descrição das Aprendizagens e Atividades Desenvolvidas ... 4

2.1) Pediatria – 7 de setembro a 2 de outubro ... 4

2.2) Ginecologia e Obstetrícia – 05 a 30 de outubro ... 4

2.3) Saúde mental – 2 a 27 de novembro e Estágio Opcional ... 5

2.4) Medicina Geral e Familiar – 30 novembro a 18 dezembro e 4 a 08 janeiro... 6

2.5) Medicina Interna – 18 de janeiro a 12 de março ... 7

2.6) Cirurgia Geral – 15 de março a 14 de maio ... 8

3. Reflexão crítica ... 9

4. ANEXOS – Atividades Valorativas... 11

4.1) ANEXO I – “A criança e a saúde mental” ... 12

4.2) ANEXO II – Intercâmbio clínico IFMSA Equador ... 13

4.3) ANEXO III – “Parto? Sem medo!” ... 14

4.4) ANEXO IV – “Perturbações de Ansiedade em contexto de pandemia”... 15

4.5) ANEXO V – “Beyond pills – The future is Social Prescribing” ... 16

4.6) ANEXO VI – “Decisões de final de vida” ... 17

4.7) ANEXO VII – “Voluntariado Nacional em Férias” ... 18

4.8) ANEXO VIII – Voluntariado dos estudantes de 6º ano no âmbito da pandemia por Covid-19 ... 19

4.9) ANEXO IX – IMED 2020 ... 20

4.10) ANEXO X – AIMS 2021 ... 21

4.11) ANEXO XI – Formação em nutrição “Hands On” ... 22

4.12) ANEXO XII – “O doente com deficiência” ... 23

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Siglas e abreviaturas

GO – Ginecologia e Obstetrícia SM – Saúde mental

MGF – Medicina Geral e Familiar MI – Medicina Interna

CG – Cirurgia Geral EO – Exame objetivo

ECD – Exames complementares de diagnóstico CE – Consulta externa

SU – Serviço de urgência HBA – Hospital Beatriz Ângelo USF – Unidade de saúde familiar

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1. Introdução

O Estágio profissionalizante marca a conclusão do Mestrado Integrado em Medicina da NOVA Medical School | Faculdade de Ciências médicas. É composto por 6 estágios parcelares nas áreas clínicas de Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia (GO), Saúde Mental (SM), Medicina Geral e Familiar (MGF), Medicina Interna (MI) e Cirurgia Geral (CG). As atividades desenvolvidas ao longo deste período, serão descritas sumariamente no presente relatório que se encontra dividido em três partes: uma introdução, onde pretendo expor os objetivos gerais e pessoais para este ano letivo; uma descrição dos estágios e atividades extracurriculares relevantes desenvolvidas em cada área clínica, e a sua contribuição para a minha aprendizagem; e, por fim, uma reflexão crítica retrospetiva do cumprimento ou não dos objetivos e das lições que levarei para o meu exercício médico futuro.

A formação médica pré-graduada é o alicerce para a prática profissional dos futuros médicos e molda, em última instância, a saúde e bem-estar das populações. No documento “O Licenciado Médico em Portugal”

[1] são descritos os vários atributos, conhecimentos e competências que o licenciado médico deve procurar

adquirir ao longo do curso. É dado especial enfoque ao desenvolvimento de espírito crítico e da capacidade de aprender com autonomia, cruciais para um exercício da medicina em constante atualização. Com base nesse documento, tracei objetivos gerais a cumprir durante este ano, tais como (1) aquisição e consolidação dos conceitos teóricos mais relevantes de cada especialidade, mantendo sempre a curiosidade; (2) ganho progressivo de autonomia na abordagem do doente, desde a colheita de anamnese e exame objetivo (EO) rigorosos, à formulação de hipóteses diagnósticas plausíveis, pedido racional de exames complementares de diagnóstico (ECD) e discussão de planos terapêuticos adequados; (3) o treino de técnicas frequentemente realizadas em contexto de enfermaria, tendo em conta as suas indicações e potenciais complicações. Com o intuito de fortalecer a vertente humana do exercício da medicina, propus-me ainda a (4) desenvolver capacidades de comunicação e de enquadramento do doente no seu contexto biopsicossocial, tendo em conta as suas características individuais, crenças culturais, atitudes e comportamentos; (5) compreender a estrutura dos serviços de saúde, desde a sua acessibilidade, aos recursos e cuidados prestados, cooperação entre vários profissionais e integração na rede de cuidados continuados. Atendendo ao panorama pandémico e às suas consequências, não pude deixar de estabelecer como objetivos pessoais adicionais: (6) a contribuição voluntaria para a melhoria das condições de vida de pessoas economicamente afetadas pela pandemia; (7) a colaboração com profissionais de saúde para aligeirar a sua sobrecarga, da forma que puder ser útil.

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2. Descrição das Aprendizagens e Atividades Desenvolvidas

2.1) Pediatria – 7 de setembro a 2 de outubro

O estágio parcelar de Pediatria decorreu no Hospital Dona Estefânia com a equipa de hematologia pediátrica e sob tutela da Dra. Raquel Maia. Tem como objetivos específicos conhecer os princípios de atuação geral (diagnóstico e orientação terapêutica) nas patologias infantojuvenis mais comuns, praticando a colheita de anamnese e EO e comunicando com a criança e a família de forma compreensível e humanizada. Durante este período, frequentei a enfermaria e a consulta externa (CE) de hematologia onde pude acompanhar crianças dos 4 meses aos 18 anos, destacando-se como diagnósticos mais frequentes: anemia de células falciformes e Hemofilia A. Pratiquei colheita de anamnese, comunicando com a criança e os pais, executei EO e aprendi mais aprofundadamente sobre patologias hematológicas pediátricas. Frequentei também o serviço de urgências (SU) não respiratórias, destacando-se como principais motivos de recorrência a este serviço: cefaleias e dor abdominal. Na tentativa de obter uma ideia mais abrangente da pediatria, assisti ainda a consultas de pediatria geral (Dr. Gonçalo Padeira), neurologia (Dra. Rita Silva) e pneumologia (Dra. Ana Casimiro) pediátricas. No seminário de pediatria, apresentei (em grupo) uma revisão teórica sobre a “Abordagem diagnóstica da Policitemia em idade pediátrica”.

O contacto diário com crianças que sofrem de patologias crónicas, levou-me a ter necessidade de aprofundar os meus conhecimentos sobre saúde mental em idade pediátrica. Para tal, participei na palestra “A criança e a saúde mental” (ANEXO I) com a participação da Dra. Ana Vasconcelos (pedopsiquiatra).

2.2) Ginecologia e Obstetrícia – 05 a 30 de outubro

O estágio de GO decorreu no Hospital Beatriz Ângelo (HBA), sob orientação principal da Drª. Naiegal Pereira. Tem como objetivos específicos a familiarização com as patologias ginecológicas mais comuns e o seu rastreio, a aquisição de competências no acompanhamento da gravida e identificação de situações ginecológicas e obstétricas que requeiram referenciação. As atividades foram repartidas de forma rotativa por várias vertentes da especialidade. No contacto com a obstetrícia, consolidei conhecimentos acerca da vigilância da gravidez de risco (na sua maioria por diabetes gestacional e hipertensão crónica) e pratiquei EO da grávida através da medição da altura uterina, auscultação do foco fetal e pesquisa do Streptococcus B. Na

ginecologia, observei consultas de mulheres dos 23 aos 61 anos, destacando-se como motivos de recorrência

mais frequentes o desejo de alteração de método contracetivo e as queixas de hemorragia uterina anómala. No decorrer destas consultas pude praticar exame ao espéculo e palpação bimanual, bem como efetuar colheita de colpocitologia para rastreio de HPV. Nasconsultas de senologia, pratiquei exame mamário e consolidei conhecimentos acerca do rastreio e abordagem ao cancro da mama. No SU comprovei que os motivos de recorrência mais frequentes são: perdas hemáticas vaginais no 1º trimestre de gravidez e início do trabalho de parto. A frequência do bloco de partos e do bloco operatório tiveram caracter observacional

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5 apenas. No final do estágio, apresentei um trabalho de grupo em modo “Journal Club”, baseado num artigo da British Medical Journal acerca das consequências da infeção por SARS-COV2 na gravidez.

Em agosto de 2019, tive a oportunidade de realizar um intercâmbio clínico pela IFMSA em Quito (Equador), tendo estagiado no serviço de GO do “Hospital General Docente de Calderón (ANEXO II). Durante esse mês, fui integrada na equipa de internos de especialidade e permitiram-me ter um papel bastante ativo: participei em cesarianas e laqueações tubárias como segunda ajudante e pude realizar partos eutócicos com supervisão. Considero que esta experiência teve um papel fundamental na minha aprendizagem e no melhor aproveitamento do estágio parcelar de GO. Além disso, o contacto com uma cultura diferente e a necessidade de adaptação a uma realidade hospitalar distinta, com menos recursos, contribuiu em grande escala para a formação do meu caracter e para me tornar uma pessoa mais empática. Por fim, com o intuito de melhor conhecer o panorama da obstetrícia em Portugal, assisti à palestra “Parto? Sem Medo!” pelo Dr. Diogo Bruno (ANEXO III).

2.3) Saúde mental – 2 a 27 de novembro e Estágio Opcional

O estágio parcelar de SM tem como objetivos específicos: identificar sintomas de perturbação psiquiátrica, situando o doente no seu contexto social, laboral e familiar; e avaliar as suas capacidades funcionais tendo em conta potenciais situações de risco. Consistiu em duas semanas de estágio à distância (execução de 6 vinhetas e 2 histórias clínicas) e duas semanas de contacto direto (estágio presencial). O estágio presencial decorreu no serviço de psicogeriatria do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa, sob orientação do Dr. Pedro Branco. Na enfermaria deste serviço, acompanhei o internamento de 5 doentes, com idades compreendidas entre 68 e 80 anos, 3 dos quais internados por psicose de início tardio. As minhas atividades diárias incluíam a participação na entrevista clínica e a discussão dos ajustes terapêuticos necessários, com especial atenção à prevenção de iatrogenia (mais frequente nesta faixa etária). Tive oportunidade de aplicar testes de rastreio cognitivo a todos os doentes observados. Pude ainda assistir a CE

de psicogeriatria, destacando-se como diagnósticos mais frequentemente observados os quadros

demenciais e as perturbações depressivas. Dada a situação pandémica, não me foi permitido participar nas reuniões de serviço nem no SU. Na tentativa de colmatar o contacto limitado com esta especialidade, autopropus-me a um estágio opcional no Serviço de SM do Hospital Garcia de Orta (de 17 a 28 de maio). Nesse serviço, orientada pela Dra. Ana Barcelos, pude ter uma visão mais global da psiquiatria. Tive a oportunidade de frequentar o internamento de agudos e o SU, bem como assistir a consultas na comunidade e consultas de psiquiatria de ligação. Os utentes observados tinham entre 21 e 63 anos e apresentavam quadros variados, salientando-se como principais diagnósticos a esquizofrenia e doença bipolar. Nas consultas de psiquiatra de ligação observei doentes noutras enfermarias do hospital, a maioria apresentando quadros compatíveis com síndrome confusional agudo. Tive ainda a oportunidade de assistir a sessões de

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6 Dada a situação pandémica atual, com necessidade de isolamento social, é inevitável o aumento da incidência das doenças mentais e da necessidade de se discutir sobre estes temas ainda estigmatizados. Neste sentido, considero relevante ter participado no webinar “Perturbações de ansiedade em contexto de pandemia” (ANEXO IV).

2.4) Medicina Geral e Familiar – 30 novembro a 18 dezembro e 4 a 08 janeiro

Durante o estágio parcelar de MGF saí do ambiente citadino e rumei ao Ribatejo, onde estagiei na USF Vale do Sorraia em Coruche, sob orientação do Dr. Josef Räder. Para este estágio, os objetivos específicos são: adotar uma abordagem centrada na pessoa, incorporando dados psicossociais, culturais e familiares na história clínica e no plano de seguimento; identificar e aprender a gerir as patologias mais frequentes na comunidade, utilizando a estimativa probabilística como recurso de diagnóstico; reconhecer o papel do médico de família na coordenação de cuidados; tomar decisões terapêuticas individuais tendo em conta a relação custo-benefício; identificar fatores de risco em indivíduos e família e saber aplicar medidas preventivas em conformidade; e utilizar evidencia cientifica nos vários tipos de prevenção, identificando recursos de atualização médica contínua. Diariamente, acompanhei as consultas do meu tutor, que incidiam na sua maioria na vigilância das doenças crónicas mais comuns (hipertensão e diabetes mellitus tipo 2), tendo me sido dada abertura para intervir quando oportuno. Assisti também a consultas de saúde infantil e saúde materna. Aperfeiçoei algumas técnicas do EO, como auscultação cardiopulmonar e otoscopia. Aprendi e discuti abordagem diagnósticas e terapêuticas, tendo em conta as normas de orientação mais recentes. Pude familiarizar-me e auxiliar nos assuntos burocráticos inerentes à especialidade (prescrições de medicação crónica, renovações de CIT, entre outras). Tive ainda a oportunidade de acompanhar o meu tutor e equipa nas suas atividades no serviço de atendimento permanente da USF, permitindo-me, pela primeira vez, ter contacto com o atendimento urgente nos serviços de saúde primários e aprender sobre quando tratar e quando referenciar ao serviço hospitalar distrital. Outro ponto positivo do estágio nesta USF foi, sem dúvida, o contacto com a realidade num meio rural, onde as pessoas são, em média, mais idosas e têm um nível de escolaridade mais baixo (muitos doentes são analfabetos), requerendo adaptações importantes na prática clínica, particularmente na comunicação. Por fim, pude dar um contributo para a promoção da literacia em saúde da população, nomeadamente pela elaboração de folhetos informativos para distribuição na USF e pela participação de uma campanha para a prevenção de doenças típicas do inverno da rádio local.

A MGF é uma especialidade extremamente rica e complexa, que aborda o doente desde o nascimento até ao fim da vida, em todas as suas vertentes: física, psicológica, emocional e funcional. Tem também um acesso privilegiado à inserção do indivíduo no seu seio familiar e na comunidade onde vive. Ao longo deste ano, comprovei a importância da articulação entre o médico de família e os serviços sociais da comunidade e acabei por aprender sobre o conceito de “Prescrição Social” ao participar no webinar “Beyond pills – The future is Social Prescribing” (ANEXO V).

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2.5) Medicina Interna – 18 de janeiro a 12 de março

O estágio de MI teve lugar no serviço de Medicina 2.1 do Hospital Santo António dos Capuchos, sob tutela da Dra. Elisabete Margarido. Tem como objetivos específicos: proceder de forma independente à entrevista clínica e EO de qualquer doente, hierarquizando as situações de emergência e identificando as situações clínicas mais frequentes; proceder ao pedido e interpretação de ECD; identificar e propor aplicação de planos terapêuticos adequados; elaborar diários clínicos, notas de alta e transferência; e desenvolver capacidades de comunicação com os doentes, colegas e outros profissionais, desenvolvendo capacidades necessárias ao trabalho em equipe. Durante 8 semanas, acompanhei o internamento de 2-4 doentes por dia, executando várias tarefas com autonomia progressiva ao longo do estágio. O dia começava com a pesquisa detalhada do historial, bem como do motivo de internamento, dos ECD pedidos e da terapêutica e cuidados em curso para cada doente. De seguida, a verificação das vigilâncias, comunicando diretamente com os enfermeiros de serviço responsáveis para averiguar possíveis intercorrências. Por fim, passava à observação das doentes, com realização de anamnese e EO metódico. Finda a avaliação, restava a elaboração dos diários clínicos e discussão, junto da tutora, do plano diagnóstico e terapêutico a levar a cabo para cada doente. Relativamente aos procedimentos executados durante o estágio, destaco inúmeras gasometrias que me permitiram aperfeiçoar a técnica e interpretação dos resultados. Tive ainda a oportunidade de executar punções venosas pontualmente. Assisti a 3 tratamentos de plasmaferese numa doente com o diagnóstico de púrpura trombocitopénica trombótica e de uma toracocentese diagnóstica e terapêutica numa doente com neoplasia do pulmão. No que diz respeito à casuística observada, destaco que a totalidade dos 31 doentes observados eram do género feminino (tratava-se de uma enfermaria de mulheres). Estas tinham idades compreendidas entre os 50 e os 93 anos (média de 78 anos) e mantiveram-se internadas entre 4 e 41 dias (média de 15,5 dias). As causas de internamento mais comuns foram a descompensação de insuficiência cardíaca de base e acidente vascular cerebral, seguidas de pneumonia aguda. A maioria das doentes teve alta para domicílio, sendo o segundo destino de alta mais frequente a integração na rede nacional de cuidados continuados integrados. Para além dos conhecimentos e competências médicas que adquiri durante a minha passagem pela enfermaria deste serviço, pude também aprender sobre a importância de uma boa comunicação entre equipa médica, equipa de enfermagem, fisioterapeutas, assistentes sociais e equipa administrativa. Sem este ambiente de entreajuda e cooperação, a recuperação dos doentes, a sua reabilitação e orientação após alta hospitalar teriam piores resultados e seriam muito menos céleres. Tive ainda a oportunidade de acompanhar a Dra. Elisabete nas consultas de diabetologia, todas via telefónica dada a conjuntura atual. Esta metodologia de consultas tem óbvias desvantagens, como a impossibilidade de efetuar EO e a maior propensão à ocorrência de falhas de comunicação. Porém, a sua manutenção é importante, não só para garantir o seguimento clínico, como para manter a relação médico-doente previamente estabelecida. Muitos eram os doentes que manifestavam a sua vontade de voltar a consultas

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8 presenciais, o que me fez refletir sobre a especial importância da componente humana na gestão de doentes crónicos. Devido às condições epidemiológicas vigentes no decorrer do estágio (2º pico de infeção por SARS-COV2), foi acordada a não frequência do serviço de urgência, sendo as horas compensadas a nível de enfermaria. No último dia do estágio, participei na sessão clínica do serviço ao apresentar (em grupo) um trabalho de revisão teórica sobre anemias hemolíticas, motivado pela observação de uma das doentes da enfermaria.

De entre todas as sessões clínicas organizadas pela equipa médica do serviço, e dos workshops organizados pela regência da unidade curricular, saliento a participação no workshop sobre “Decisões de Fim de vida”, pela Dra. Camila Tapadinhas. Este workshop levou-me a refletir sobre as consequências do envelhecimento populacional e a bioética envolvida nas decisões relativas a doentes paliativos (ANEXO VI).

2.6) Cirurgia Geral – 15 de março a 14 de maio

O estágio de CG decorreu no HBA, onde acompanhei as atividades da minha tutora, a Dra. Mariana Sousa. Os objetivos específicos para esta estágio incluem: saber colher anamnese, executar um EO completo, pedir EDC e conhecer os fundamentos do diagnóstico e tratamento das principais síndromes cirúrgicas, utilizando terminologia adequada e distinguindo as situações com indicação cirúrgica urgente ou eletiva; saber avaliar o risco cirúrgico do doente e executar as técnicas de pequena cirurgia mais comuns. No bloco

operatório, assisti a 18 cirurgias e pude participar em 2 (ambas hernioplastias). Grande parte das cirurgias

observadas foram hemorroidectomias e fistulotomias, devido à subespecialização da minha tutora em proctologia. No entanto, tive também a oportunidade de assistir às cirurgias mais comuns da especialidade, nomeadamente colecistectomias vídeo-laparoscópicas, apendicectomias e hemicolectomias.Na enfermaria, acompanhei essencialmente doentes no pós-operatório. Em alguns casos, acompanhei toda a trajetória dos doentes deste que eram internados para cirurgia eletiva, assistindo depois à sua cirurgia e avaliação posterior no período pós-operatório. Acompanhei ainda a minha tutora nos dias em que estava alocada de chamada às Urgências. Foi importante compreender todo o percurso que o doente cirúrgico urgente faz, desde que chega ao balcão até que entra no bloco operatório. Em contexto de urgência, observam-se também doentes com complicações cirúrgicas, internados noutras enfermarias do hospital. Um exemplo a que pude assistir foi a execução de uma laparotomia urgente numa doente internada na unidade de cuidados intensivos que desenvolveu uma síndrome compartimental. Nas CE de proctologia, destaca-se a maior frequência da patologia hemorroidária e fístulas perianais. Pude aprender sobre estas patologias e respetivas cirurgias, bem como treinar o exame anorretal e as suas especificidades. Testemunhei o impacto destas patologias na qualidade de vida dos doentes, bem como a dificuldade de gerir a recuperação demorada. Observei ainda alguns doentes já totalmente recuperados e a diferença que o tratamento cirúrgico fez nas suas vidas. No

minicongresso dos alunos do 6º ano, apresentei um trabalho de grupo com revisão casuística dos doentes

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9 Duas semanas de estágio foram reservadas para o estágio opcional em Medicina Intensiva, tendo acompanhado médicos intensivistas na sua atividade diária. Estes doentes críticos sofrem de condições que afetam vários órgãos, exigindo cuidados constantes e altamente diferenciados. Pude rever a fisiopatologia, diagnóstico e terapêutica das patologias mais frequentes no serviço, bem como aprender sobre as técnicas e dispositivos quase exclusivos deste tipo de unidade.

3. Reflexão crítica

O estágio profissionalizante do 6º ano é o culminar de um longo percurso e permite, através da integração tutelada do aluno em equipas médicas das diferentes áreas, a consolidação de conhecimentos e técnicas, o aperfeiçoamento de capacidades de comunicação e o desenvolvimento de atitudes éticas e profissionais essenciais para a prática clínica futura.

Infelizmente, dada a pandemia SARS-COV2, e o ano atípico que estamos a viver, a formação prática teve de sofrer ajustes, sendo inevitável a perda de algumas oportunidades de aprendizagem. Apesar de tudo, não considero que a minha formação tenha sido profundamente desfalcada. Pelo contrário, consegui colher algumas lições deste ano atípico, nomeadamente a importância de se desenvolver capacidades de adaptabilidade e resiliência. Agradeço, desde já, a todos os regentes, tutores e restantes profissionais de saúde com quem contactei e que contribuíram para a qualidade dos meus estágios e da minha formação.

De uma forma geral, e tendo em conta a descrição das atividades acima, considero que os objetivos a que me propus foram, na sua maioria, cumpridos.

Os estágios de GO e de MGF foram muito completos e permitiram um contacto equitativo com as várias vertentes da prática clínica, fornecendo uma noção clara da versatilidade destas especialidades. Em ambos os estágios, foram várias as oportunidades para o treino de competências práticas supervisionadas e para o ganho de autonomia e confiança cautelosa. Considero que estes estágios superaram as minhas espectativas e que os objetivos foram, de uma forma geral, cumpridos. Considero cumpridos também os objetivos para o estágio de SM, muito devido ao contributo do estágio opcional que me permitiu alargar o contacto a outros campos da especialidade, para além da psicogeriatria (tema crucial, dado o envelhecimento populacional, mas que não espelha a grande vastidão de áreas contempladas pela psiquiatria). O estágio de MI foi dos mais proveitosos e dos que mais contribuiu para a minha formação. No entanto, a impossibilidade de frequentar o SU (mais uma vez, por força da pandemia) e o caracter telefónico de todas as consultas observadas, empobreceu o meu contacto com as várias vertentes da especialidade.

As áreas em que considero que o cumprimento dos objetivos ficou aquém das minhas espectativas incluem a pediatria e CG. O estágio de pediatria centrou-se principalmente na hematologia pediátrica e houve restrições ao acesso às urgências gerais (devo à pandemia SARS-COV2). Neste contexto, o contacto com as patologias infantojuvenis mais frequentes acabou por ser escasso, levando a um cumprimento apenas

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10 parcial dos meus objetivos. O estágio de cirurgia foi de cariz maioritariamente observacional, tendo sido poucas as oportunidades para participar em cirurgias ou mesmo para nos encarregarmos de doentes na enfermaria (para observação e redação de diários). Acredito que isto se deva em parte às regras inerentes à situação pandémica atual, bem como às próprias regras de funcionamento do bloco operatório e à necessidade de criação de turnos rotativos para não sobrelotar os espaços.

Para além do seu impacto nos estágios, a pandemia teve também repercussões importantes na sociedade, às quais não consegui ficar indiferente. Propus-me a contribuir para a atenuação deste impacto de duas formas: voluntariado na Associação de Defesa e Apoio à vítima, onde fiquei responsável pela receção de doações e distribuição de bens essenciais a famílias carenciadas da região de Coimbra (ANEXO VII); voluntariado no Hospital CUF Sintra, onde fiquei encarregue de fazer a sinalização SINAVE dos casos positivos da área, diminuindo a sobrecarga burocrática dos profissionais de saúde (ANEXO VIII).

Gostava ainda de destacar outras atividades formativas em que participei durante este ano e que considero que me permitiram alargar horizontes tanto em termos científicos como em valores humanos. As conferências de estudantes de medicina IMED (ANEXO IX) e AIMS (ANEXO X), este ano em formato online, foram uma boa oportunidade de aprender e discutir sobre temas atuais e relevantes da medicina. Na formação “Hands On” (ANEXO XI) pude aprender conceitos importantes de nutrição e praticá-los na minha cozinha, aplicando-os na minha alimentação para, posteriormente, poder recomendá-los aos doentes da melhor forma. Saliento ainda a participação em duas palestras de consciencialização social que me marcaram bastante e nas quais pude aprender sobre realidades diferentes da minha: “O doente com deficiência” (ANEXO XII) na qual pude ouvir (na primeira pessoa) sobre as dificuldades destas pessoas no acesso aos cuidados de saúde e familiarizar-me com o trabalho do Instituto Nacional para a Reabilitação; e “Respeito (TRANS)forma o Mundo” (ANEXO XIII) na qual conheci o projeto Anemona que trabalha no sentido de defender os direitos e cuidados de saúde para pessoas transgénero.

O saber em medicina é construído de forma gradual e requer dedicação e perseverança. Requer também humildade para admitir que é impossível saber-se sobre tudo e que há sempre espaço para aprender mais. Chegado o fim do curso, estou orgulhosa por tudo o que aprendi, embora tenha consciência que muito mais ainda está por vir. Apercebo-me também do crescimento a nível pessoal e desenvolvimento de capacidades humanas e de empatia, que não seriam possíveis sem o contributo de todas as pessoas com quem me cruzei: colegas, professores, tutores e, acima de tudo, doentes. Gostava de terminar com um profundo agradecimento a todos os doentes que, mesmo em alturas tão vulneráveis, permitiram em toda a sua generosidade que eu estivesse lá a aprender.

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4. ANEXOS – Atividades Valorativas

ANEXO I

– Certificado de participação na palestra “A criança e a Saúde Mental”

ANEXO II

– Certificado de Intercâmbio Clínico IFMSA no Equador

ANEXO III

– Certificado de participação na palestra “Parto? Sem medo!”

ANEXO IV

– Certificado de participação no webinar “Perturbações de Ansiedade em contexto de pandemia – sinais de alerta e estratégias de gestão”

ANEXO V

– Certificado de participação no webinar “Beyond pills - The future is Social Prescribing”

ANEXO VI

- Certificação de participação no workshop “Decisões de final de vida”

ANEXO VII

– Certificado de voluntário na Associação de Defesa e Apoio à vítima

ANEXO VIII

– Certificado de participação no projeto “Voluntariedade dos estudantes do 6º ano no âmbito da pandemia por Covid-19” no Hospital de Sintra

ANEXO IX

– Certificado de participação na conferência IMED

ANEXO X

– Certificado de participação na conferencia AIMS

ANEXO XI

– Certificado de participação na formação em nutrição “Hands On”

ANEXO XII

– Certificado de participação na palestra “O doente com deficiência”

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4.1) ANEXO I – “A criança e a saúde mental”

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4.2) ANEXO II – Intercâmbio clínico IFMSA Equador

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4.3) ANEXO III – “Parto? Sem medo!”

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4.4) ANEXO IV – “Perturbações de Ansiedade em contexto de pandemia”

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16

4.5) ANEXO V – “Beyond pills – The future is Social Prescribing”

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17

4.6) ANEXO VI – “Decisões de final de vida”

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18

4.7) ANEXO VII – “Voluntariado Nacional em Férias”

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4.8) ANEXO VIII – Voluntariado dos estudantes de 6º ano no âmbito da pandemia por

Covid-19

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4.9) ANEXO IX – IMED 2020

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4.10) ANEXO X – AIMS 2021

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4.11) ANEXO XI – Formação em nutrição “Hands On”

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4.12) ANEXO XII – “O doente com deficiência”

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4.13) ANEXO XIII – “Respeito (TRANS)forma o mundo”

Referências

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