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XVI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS INTEGRADAS DA UNAERP CAMPUS GUARUJÁ

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XVI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS INTEGRADAS DA UNAERP CAMPUS GUARUJÁ

Hábito Tabágico em Universitários

Fernanda Toledo Leme Discente do Curso de Fisioterapia

Universidade de Ribeirão Preto - UNAERP Campus Guarujá nanda.toledo@hotmail.com

Ivan dos Santos Vivas Docente do Curso de Fisioterapia

Universidade de Ribeirão Preto - UNAERP Campus Guarujá ivanvivas@uol.com.br

Este simpósio tem o apoio da Fundação Fernando Eduardo Lee.

Linha de pesquisa: Fisioterapia – Epidemiologia em saúde.

Apresentação: ORAL Resumo

Este trabalho teve como objetivo caracterizar o perfil do universitário tabagista, identificando idade, gênero, prevalências, fatores de associação e formas de consumo. Foi realizado um estudo transversal com 254 estudantes universitários de diversas capitais brasileiras, mediante a aplicação de um questionário eletrônico, compartilhado através de redes sociais. Após coleta básica de dados, foram selecionados os fumantes que se declaram como diários e ocasionais, sendo então, dirigidos para questões específicas à cada. A prevalência de tabagismo foi de 20,87% entre fumantes diários e ocasionais. Entre os não fumantes 27,95% declarou já ter experimentado, mas não fazer o uso em nenhuma ocasião e 3,5% eram ex-fumantes. A idade média dos universitários que declararam ser fumantes ocasionais foi de 22,5±2,91 anos e a dos fumantes diários 24,6±5,47 anos. O sexo masculino aparece em maior número entre os fumantes diários com 80,9% e nos ocasionais, o número de universitários do sexo feminino é mais representativo com 62,5%. Os fumantes ocasionais demonstram consumir mais os cigarros aromatizados (58,6%) comparado aos fumantes diários (30,7%) enquanto o cigarro convencional é mais consumido pelos fumantes diários (46,1%) do que os fumantes ocasionais (27,5%). Conclui- se que o perfil do jovem tabagista vem se alterando, com tendência de migração para um consumo ocasional, neste cenário o cigarro não é assumido como vício, mas como forma de alivio de estresse, para promover relaxamento e socialização.

Palavras-chave: Perfil; Jovem; Tabagismo.

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Abstract

This study aimed to characterize the profile of the university student smoking, identifying age, gender, prevalence, association factors and forms of consumption. A cross-sectional study was conducted with 254 university students from several Brazilian capitals, by applying an electronic questionnaire, shared through social networks. After basic data collection, smokers who declare themselves as daily and occasional were selected and then directed to specific questions. The prevalence of smoking was 20.87% among daily and occasional smokers. Among non-smokers 27.95% said they had tried but not used it on any occasion and 3.5% were former smokers. The average age of college students who reported being occasional smokers was 22.5 ± 2.91 years and daily smokers 24.6 ± 4.47 years. Males are more frequent among daily smokers with 80.9% and occasional smokers are more representative with 62.5%. Occasional smokers show more flavored cigarettes (58.65%) compared to daily smokers (30.7%) while conventional cigarettes are more consumed by daily smokers (46.1%) than casual smokers (27.5%). %). It is concluded that the profile of the young smoker has been changing, with a tendency to migrate to an occasional consumption, in this scenario the cigarette is not assumed as an addiction, but as a form of stress relief, to promote relaxation and socialization.

Abstract:

Key-words: Profile; Young; Smoking.

1. Introdução

O tabagismo é uma doença que leva à dependência da nicotina, uma substância psicoativa que é encontrada em todos os derivados do tabaco.

Segundo a Organização Mundial da Saúde no ano de 2016 existiam cerca de 1,1 bilhão de fumantes adultos em todo mundo, totalizando 20% da população mundial, número que se manteve praticamente inalterado desde 2000. E mais de 24 milhões de crianças entre 13 e 15 anos fumam cigarros. Isso equivale a 7% de todos os jovens nessa faixa etária. A OMS, ainda adverte que, o consumo da substância mata 7 milhões de pessoas por ano.

O Instituto Nacional do Câncer (2019) aponta que no Brasil a cada ano, cerca de 157 mil pessoas morrem precocemente devido às doenças causadas pelo tabagismo, onde os mesmos também adoecem com uma frequência duas vezes maior que os não fumantes, e ainda, relaciona o tabaco com aproximadamente 50 tipos de enfermidades, que implicam em diversos tipos de câncer, como o de pulmão e esôfago, doenças do aparelho respiratório como enfisema pulmonar, bronquite crônica, asma, infecções respiratórias, as doenças cardiovasculares que incluem angina, infarto agudo do miocárdio, hipertensão arterial, aneurismas, acidente vascular cerebral, tromboses, entre outras.

Segundo o IBGE (2013), o tabagismo é considerado uma doença pediátrica, pois 80% dos fumantes começam a fumar antes dos 18 anos. No Brasil, 20% dos fumantes começaram a fumar antes dos 15 anos.

Ainda nesta mesma linha de considerações, cabe também citar os dados da Organização Mundial da Saúde que enfatizam que somente no Brasil, 75%

dos fumantes começam a fumar antes dos 18 anos. Afirmando que,

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adolescentes fumantes possuem alta probabilidade de se tornarem adultos fumantes e quanto mais cedo for gerada a dependência do tabaco, maior o risco de contrair câncer e outras doenças crônicas não transmissíveis. Destacando ainda que o tabagismo é a principal causa de morte evitável em todo o planeta, onde seis milhões de pessoas morrem no mundo por ano devido ao uso do cigarro

Devido ao tabagismo ser tão nocivo para a saúde e vida de seus dependentes, o presente estudo busca compreender os motivos pelos quais levaram os jovens a experimentar o cigarro pela primeira vez e se tornarem efetivamente fumantes (mesmo havendo ações legislativas instituídas desde 1996 contra a publicidade que favorece e incita a venda e o consumo do tabaco) e se, sentem vontade de parar de fumar. Desta forma, analisando quais os fatores preponderantes e predominantes para que houvesse o contato inicial com o cigarro, para que medidas profiláticas possam ser elaboradas.

Independente da área de atuação do fisioterapeuta, são necessários trabalhos que ajudem a contribuir para auxiliar na promoção de saúde e atuar na prevenção de riscos e doenças.

2. Objetivos

Objetivo especifico

Realizar uma caracterização do hábito tabágico entre universitários.

Objetivo geral

Identificar idade de início;

Identificar prevalência entre gêneros;

Identificar as Influências e os fatores associados;

Identificar qual a forma de consumo, tipo e frequência;

Identificar se existe a vontade de parar o hábito tabágico.

3. Revisão da Literatura

3.1 Tabagismo

O tabagismo está inscrito na Classificação Internacional de Doenças (CID 10) sob a sigla F17.2 como transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de fumo - síndrome de dependência. (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 1992).

O tabagismo é uma doença crônica gerada pela dependência à nicotina,

que hoje é principal causa de morte evitável em todo mundo, segundo a

Organização Mundial da Saúde (OMS, 2013). Os produtos à base de tabaco são

encontrados de diversas formas e variedades, além de fumado, que é a forma

predominante do uso no Brasil, também pode ser inalado, aspirado, mascado e

absorvido pela mucosa oral e consumidos como: charuto, cachimbo, rapé,

narguilé e, mais recentemente, o cigarro eletrônico. Todos contêm nicotina e

levam à dependência.

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A dependência obriga os fumantes a inalarem mais de 4.720 substâncias tóxicas, como: monóxido de carbono, amônia, cetonas, formaldeído, acetaldeído, acroleína, além de 43 substâncias cancerígenas, sendo as principais: arsênio, níquel, benzopireno, cádmio, chumbo, resíduos de agrotóxicos e substâncias radioativas. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015)

3.2 O jovem e a dependência

Segundo os dados do Centro de Vigilância Epidemiológica - Nicotina Droga Universal (2003), quanto ao desenvolvimento mais intenso da dependência da nicotina, foi verificado de forma mais profunda a importância da idade em que se começa a fumar. Cerca de 90% daqueles que iniciam o tabagismo em torno dos 14 anos de idade, se encontram dependentes aos 19 anos. Em comparação com aqueles que fumaram o primeiro cigarro depois dos 20, tem se comprovado que os que começam a fumar entre os 14 e 16 anos desenvolvem uma dependência muito maior da nicotina. O fato do adolescente ter vulnerabilidade muito maior à nicotina origina da circunstância de que o cérebro ainda não está completamente desenvolvido.

A respeito disso, Machado Neto et al. (2010) apontam em seu estudo, realizado com adolescentes escolares com idade entre 11-14 anos os fatores associados à experimentação do cigarro de forma precoce pelos jovens, sendo o prazer, o relaxamento e a influência de amigos, as motivações mais frequentes.

Entre os fatores também estão o tabagismo paterno, a mídia indireta que promove o tabagismo e além disso, o consumo de álcool demonstrou ter uma forte associação com o uso experimental do cigarro.

Diversos estudos realizados com jovens universitários apontam fatores que reforçam o a cima citada, como demonstram Miranda; Almeida e Marques (2009), onde a influência dos amigos também aparece como o fator mais mencionado, seguido por ‘início nesta prática por vontade própria’, e por último, modismo, influência dos pais e decepções.

Desta forma, deve-se analisar quais fatores de risco e motivacionais com maior recorrência entre os jovens. A influência social é observada e descrita em diversos artigos. Um estudo transversal realizado em Feira de Santana – BA com 1.409 estudantes de 14 a 19 anos cita a curiosidade como principal motivação (CONCEIÇÃO et al., 2007). Isto vem ao encontro de outro estudo transversal realizado em Portugal na Universidade de Medicina de Porto, com 1.052 meninas e 984 meninos que também apontam a curiosidade, referida como a mais importante para experimentação do cigarro. Ainda neste estudo, os fatores ditos como influências sócias também são apontados por Fraga, Ramos e Barros (2006), identificando os fatores de risco progenitores e irmãos mais velhos fumantes e enfatizam o fator ‘ter amigos fumantes’ como determinante, com forte associação. Outro fator que aparece de forma recorrente é a ansiedade, inserido também no contexto social, e muitas vezes negado como dependência e assumido apenas como uma fonte de prazer e para alívio de estresse (CARDOSO et al., 2009).

Um atrativo a mais para os jovens são os aditivos adicionados ao tabaco

para mascarar o gosto desagradável do cigarro, tornando os mais palatáveis,

além de que, vários desses aditivos tem a função de liberar mais nicotina. Tendo

como função também disfarçar o cheiro desagradável, reduzir a porção visível

da fumaça e diminuir a irritabilidade da fumaça para os não fumantes. (ANVISA)

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Aliados aos fatores de risco e motivacionais também é de suma importância que sejam averiguados os principais facilitadores tanto para consumo quanto para compra do cigarro

4. Materiais e Métodos 4.1 Sujeitos

A realização do estudo aconteceu mediante a participação de 254 estudantes universitários, com média de idade de 23,6 anos, desses 169 do sexo feminino e 85 do sexo masculino.

4.2 Material

Para levantamento das informações necessárias foi aplicado um questionário sociodemográfico na seção 2, (a seção 1 foi atribuída para o termo de consentimento eletrônico) sem a identificação do estudante, desenvolvido pela autora, contendo 6 questões, sendo 3 abertas e 3 em formato de caixa de seleção. A seção 3 foi destinada para 1 questão aberta direcionada aos fumantes diários e a seção 4 para aqueles que declararam ser fumantes ocasionais, com 2 questões de caixa de seleção. E a 5ª e última seção direcionada para ambos, com 1 questão aberta e 8 em formato de caixa de seleção, destas, 4 tinham a opção de resposta aberta para complemento.

4.3 Procedimento

Foi realizado um estudo transversal com estudantes universitários de diversas capitais brasileiras, mediante a aplicação de um questionário eletrônico, este disponibilizado por coordenadores e alunos em grupos de WhatsApp da Universidade de Ribeirão Preto – campus Guarujá, e compartilhado via rede social (Instagram e Facebook) para acesso de universitários de forma geral, através da ferramenta ‘google forms’. Neste, o voluntário teve de aceitar o termo de consentimento eletrônico e declarar ser estudante universitário, e então encaminhados para seção 2 do questionário, dividida em três partes

A primeira parte realiza a coleta básica de dados: idade, sexo, curso, universidade e localização da mesma e sua posição quanto ao tabagismo, onde o voluntário selecionou a opção que melhor se encaixa dentro do seu hábito tabágico: fumo diariamente; fumo ocasionalmente; nunca experimentei; já experimentei, mas não fumo em nenhuma situação e ex-fumante.

Assim sendo, o questionário se encerrava para aqueles que não declaravam ser tabagistas. Selecionando apenas os fumantes diários e ocasionais, sendo posteriormente, encaminhados para dois questionários diferentes, conforme a resposta referente ao hábito tabágico.

Os que fumam diariamente foram encaminhados para seção 3 e

responderam qual a quantidade de cigarros ou maços fumados por dia, já os que

fumam apenas ocasionalmente foram encaminhados para a seção 4 e

responderam qual a situação que leva ao consumo do cigarro: apenas quando

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consumo bebidas alcoólicas ou apenas por razões especificas, e a frequência em que consome: uma vez na semana; mais de uma vez na semana e menos de uma vez na semana.

A última e quinta seção traz questões que buscam a caracterização do tabagista através dos fatores influenciadores e motivacionais, as formas de consumo, idade de início, se o mesmo se considera dependente ou não e se existe vontade de parar de fumar.

Desta forma, os resultados foram tabulados e as variáveis numéricas expressas em média e desvio padrão e as variáveis nominais em média relativa e absoluta.

5. Resultados

Participaram da pesquisa 254 universitários, sendo que 47,64% nunca fumaram (121), 27,95% já experimentaram, mas não fazem o uso em nenhuma ocasião (71), representando uma amostra de 75,59% que declaram não ter hábitos tabágicos. A prevalência de tabagismo foi de 20,87%, onde 12,6% são fumantes ocasionais (32) e 8,27% fumantes diários (21). Foram classificados como ex-fumantes apenas 3,54% da amostra (9).

A média de idade foi de 23,3 ±5,85 anos, sendo 66,53% do sexo feminino e 33,46 % masculino. A área da saúde foi predominante entre os participantes, representando 70,1%, seguido com 23,6% de humanas e 6,3% de exatas.

Tabela 1 – Fumantes Ocasionais

Variáveis Valores Absolutos

(relativos)

Média±Desvio Padrão Sexo

Homens Mulheres

12 (37,5) 20 (62,5)

Idade 22,5 22,5±2,91

Idade de Inicio 17,46±

Familiares Tabagistas Sim

Não

20 (37,5) 12 (62,5) Amigos Tabagistas

Sim Não

29 (90,62) 03 (9,37) Motivo de Início*

Curiosidade Ansiedade

Aceitação em grupos Decepções

Rebeldia

Influência Social

24 (36,36) 18 (27,27) 9 (13,63)

5 (7,57) 6 (9,09) 2 (3,03) Forma de consumo*

Cigarro Narguilé

Cigarros eletrônicos Charuto

26 (44,06)

21 (35,59)

11 (18,64)

1 (1,69)

(7)

Tipo de cigarro*

Convencional Aromático/Sabor Tabaco/Palheiro

8 (27,58) 17 (58,62)

4 (13,79) Após ingresso na faculdade

Aumentou o consumo Diminuiu o consumo

15 (46,87) 06 (18,75) Considera-se dependente

Sim Não

0 (0) 32 (100) Vontade de parar de fumar

Sim Não

12 (37,5) 20 (62,5) Frequência de uso

Raramente (festas e eventos) Menos que uma vez na semana Uma vez na semana

Mais de uma vez na semana Uma vez ao mês

5 (15,62) 13 (40,62)

7 (21,87) 4 (12,5)

3 (9,37)

* Nessas questões o voluntário poderia selecionar mais que uma resposta (por isso a soma de porcentagem é maior que 100%

Tabela 2 – Fumantes Diários

Variáveis Valores Absolutos

(relativos)

Média±Desvio Padrão Sexo

Homens Mulheres

17(80,5) 4 (19,05)

Idade 24,66±5,47

Idade de início 18,14±3,82

Familiares Tabagistas Sim

Não

17 (80,95) 4 (19,05) Amigos Tabagistas

Sim Não

21 (100) 0 (0)

Motivo de Início*

Curiosidade Ansiedade

Aceitação em grupos Decepções

Rebeldia

Influência Social

13 (29,55) 12 (27,27) 5 (11,36) 8 (18,18) 4 (9,09) 2 (4,55)

Forma de consumo*

Cigarro Narguilé

Cigarros eletrônicos Tabaco

20 (68,97)

3 (10,34)

5 (17,24)

1 (3,45)

(8)

Tipo de cigarro*

Convencional Aromático/Sabor Tabaco/Palheiro

12 (46,15) 8 (30,77) 6 (23,08) Após ingresso na faculdade

Aumentou o consumo Diminuiu o consumo

14 (66,67) 2 (9,52) Considera-se dependente

Sim Não

6 (28,57) 15 (71,43) Vontade de parar de fumar

Sim Não

12 (57,14) 9 (42,85)

Frequência de uso (cigarros/dia) 7±4,66

* Nessas questões o voluntário poderia selecionar mais que uma resposta (por isso a soma de porcentagem é maior que 100%)

De acordo com a tabela 1 e tabela 2, a idade média dos universitários que declararam ser fumantes ocasionais foi de 22,5±2,91 anos e a dos fumantes diários 24,6±5,47 anos. O sexo masculino aparece em maior número entre os fumantes diários com 80,9% e nos ocasionais o número de universitários do sexo feminino é mais representativo com 62,5%.

Entre os fumantes ocasionais, 40,62% dos participantes declararam fumar menos de uma vez na semana em, 21,8% uma vez na semana, 15,6% raramente ou em festas, 12,5% mais de uma vez na semana e 9,3% uma vez ao mês.

Destes, 40,6% disse fumar apenas quando consumem bebidas alcoólicas e 59,3% apenas por razões específicas (ex: estresse e ansiedade), representando um total de 32 universitários. Já os fumantes diários consomem uma média de 7±4,66 cigarros ao dia.

A média para idade de início ao tabagismo foi de 17,7±3,33 anos sendo a menor 10 anos e a maior de 27 anos. A idade média de início dos fumantes ocasionais foi de 17,4±3,03 anos e dos fumantes diários foi de 18,14±3,82 anos.

Dos participantes que demostraram ter hábitos tabágicos, 80,9%

declararam ter fumantes na família dos fumantes diários e 62,5% dos fumantes ocasionais. Ambos apresentaram alta porcentagem de amigos tabagistas, sendo os fumantes diários com 100% e os ocasionais com 90,6%.

Os participantes foram questionados sobre fatores que podem ser associados ao início do hábito tabágico, tanto os fumantes diários quanto os ocasionais apontaram a curiosidade como fator principal 36,36% (ocasionais) e 29,5% (diários) seguido do fator ansiedade com 27,27% em ambos. Os fumantes ocasionais seguiram com o fator aceitação em grupo (13,6%) rebeldia (9%) decepções (7,5%) enquanto os fumantes diários apontaram decepções com (18,1%) aceitação em grupo (11,3%) rebeldia (9%) e influências das mídias sociais foi o fator menos apontado, com (4,5%) dos fumantes diários e (3,1%) dos fumantes ocasionais.

O cigarro foi a forma de consumo mais mencionada dos fumantes diários

(68,9%) e ocasionais (44%); o narguilé é mais mencionado como forma de

consumo dos fumantes ocasionais (35%) quando comparado aos diários

(mencionado por apenas 10,3%), seguido do cigarro eletrônico (18,6%) que

também foi mencionado pelos fumantes diários (17,2%).

(9)

Os fumantes ocasionais demonstram consumir mais os cigarros aromatizados (58,62%) comparado aos fumantes diários (30,7%) enquanto o cigarro convencional é mais consumido pelos fumantes diários (46,1%) do que os fumantes ocasionais (27,5%).

Os universitários foram questionados sobre o consumo do cigarro após o ingresso na faculdade, 54,7% teve o consumo aumentado, destes 66,6% entre os fumantes diários e 46,8% dos fumantes ocasionais.

Os fumantes diários apresentam maior vontade de parar fumar (57,1%) quando comparados aos fumantes ocasionais (37,5%) esses declaram fumar apenas para alívio de estresse e ansiedade não assumindo ser dependente do cigarro, em 100% das respostas, já os fumantes diários assumem ser dependentes do cigarro em 28,5%.

6. Discussão

Diversos estudo vêm demonstrando dados que relacionam o uso do tabaco com adolescentes, e quais as variáveis e fatores que mais aproximam o tabaco do público jovem. Visto que quanto mais jovem se dá o início do tabagismo maiores são as chances de se tornarem dependentes e de consequências futuras. (OMS)

A média de idade de início do hábito tabágico deste estudo se relaciona com dados do IBGE (2013) que considera o tabagismo uma doença pediátrica, pois 80% dos fumantes começam a fumar antes dos 18 anos, os dados da OMS ainda reforçam que somente no Brasil, 75% dos fumantes começam a fumar antes dos 18 anos.

A prevalência de tabagista encontrada na pesquisa se mostra superior à de outras pesquisas similares, com a mesma média de idade e de idade de início, onde são encontradas prevalência de 6% a 14,7% como nos estudos de Sousa et. al. (2012) e Andrade et al. (2006) respectivamente, ambas com em N maiores.

Outro dado que chama atenção, demonstrando que o perfil do jovem tabagista vem se alterando nos últimos anos e que difere de outras pesquisas, é caracterizado no presente estudo pelo número de fumantes ocasionais ser 3,9%

maior em relação aos diários/regulares, se contrapondo ao estudo a cima citado de Sousa et al. com 9% de fumantes regulares e 5,7% de fumantes ocasionais e também ao estudo de Almeida, Miranda e Marques (2009), neste, 75% de fumantes regulares e 25% de fumantes ocasionais.

O que pode responder o fato da prevalência ter se dado superior, visto que nos últimos anos o consumo do tabaco no Brasil vem diminuindo expressivamente (Pesquisa Especial sobre Tabagismo (Petab))

O fator de associação ao início do hábito, “curiosidade” chama atenção por ser o de maior porcentagem e ser recorrente em diversos estudos, seguido pelo fator de associação “amigos tabagistas” como demonstram Machado Neto et al.

(2010) em estudo realizado com adolescentes escolares, apontando a curiosidade, o prazer e influências de amigos como as motivações mais frequentes para o tabagismo, fator que também foi o mais mencionado (75%) em estudo de Costa et al. (2007) realizado com adolescentes.

Todavia, existem variáveis pouco exploradas em pesquisas e que neste

estudo demonstram que a realidade atual do hábito tabágico entre os jovens vem

se alterando. Como por exemplo o consumo de tabaco aromatizados com

essências, que nesta pesquisa, se apresentou 31,1% maior comparado ao

(10)

cigarro convencional nos fumantes ocasionais. Variáveis essas que já vem sendo alertadas, como na quarta conferência das partes da CQCT que recomendou a restrição e a proibição de substâncias aromatizadas no tabaco.

(INCA, 2019)

O leque das formas de consumo vem se abrindo, e o que preocupa é se o jovem tem conhecimento em relação aos malefícios, esses que, se igualam aos da forma de consumo mais tradicional. O narguilé é o maior exemplo, que demonstrou porcentagem expressiva neste estudo, seguido do cigarro eletrônico, ambos mais consumidos por fumantes ocasionais. Os dados da pesquisa corroboram com um estudo realizado com 586 estudantes da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo entre 2008 e 2013, onde obtiveram resultados que demonstraram alta experimentação de narguilé, tanto entre os estudantes do 3º ano (47,32%) quanto entre os alunos do 6º ano (46,75%) (MARTINS, 2014)

Os dados analisados da pesquisa vêm de encontro com um artigo, onde Szklo et al. (2011) que exploram sobre o perfil do consumo de outros produtos de tabaco, que vem crescendo, principalmente no público de jovens estudantes e são mais bem aceitos pela crença de não serem tão prejudiciais à saúde, relacionando ainda a queda de prevalência de fumantes no Brasil, com aumento do consumo desse tipo de produto, em especial o narguilé. Ainda neste estudo o autor cita dados da VIGESCOLA, que realizou uma pesquisa em 2009 com estudantes de 13 a 15 anos de três capitais onde os dados mostraram que o narguilé foi o produto usado com maior frequência em Campo Grande (87,3%), São Paulo (93,3%) e Vitória (66,6%).

A ansiedade e o estresse foram os motivos mais citados para justificar o aumento do consumo após o ingresso na faculdade, onde os universitários se sentem sob pressão e o consumo aumenta como forma de “alívio” e

“relaxamento” sendo que motivos como “acesso mais fácil”, “companhia de amigos fumantes” e “início após o ingresso” também foram mencionados.

Cardoso, Santos e Berardinelli (2009) concluem em seu estudo que o tabaco atua como forte redutor do stress na vida dos acadêmicos assumindo importância na inserção destes em seu grupo social, outro fator interessante apontado que reforçam os do presente estudo, é a negação da dependência sendo o prazer e alívio a justificativa assumida.

Abre-se aqui um questionamento de suma importância, e que deve ser melhor analisado através de pesquisas para que se esclareçam essas lacunas sobre o aumento do consumo desse tipo de produto, para que desta forma haja um maior questionamento, se o público que vem consumindo está ciente dos malefícios dos mesmos, para que medidas possam ser tomadas e esse crescente consumo possa ser cessado.

7. Considerações Finais

Portanto, conclui-se que o universitário não é mais um grande consumidor

do cigarro de forma regular, migrando para um perfil de tabagismo ocasional,

onde tabacos com essências e aromatizados vem ganhando preferência, neste

aspecto, não sendo reconhecido como vício, mas para alívio de estresse e

socialização. A curiosidade e amigos tabagistas foram os fatores de associação

de maior relevância ao início do hábito tabágico, sendo a média da idade de

início inferior a 18 anos.

(11)

8. Referências

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