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Reflexões sobre a política de estabilização

Autor(es):

Ribeiro, J. J. Teixeira

Publicado por:

Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra

URL

persistente:

URI:http://hdl.handle.net/10316.2/26005

Accessed :

10-Jul-2021 19:35:37

digitalis.uc.pt impactum.uc.pt

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(3)

Reflexões sobre a política

de

estabilização

(*)

1. - Em 1976, Modigliani, no discurso pre idencial de The American Economic Associatíon (I), resumiu em três pro-posições o pen amento dos adversários da política de estabi-lização, que eram na altura a generalidade dos monetaristas:

la - a economia não precisa de ser estabilizada, visto que e estabiliza por si própria;

2a - se ela preci asse de ser e tabilizada, não o poderia ser, poi as medidas propostas para a estabilização seria mais provável aumentarem do que diminuirem a instabilidade;

3a - e a economia pudesse ser estabilizada, não o deveria ser, já que isso levaria a um indesejável acréscimo do

ector do Estado.

Vamos examinar seguidamente estas três proposições, a fim de reflectinno sobre a política de estabilização, embora tomando apenas em conta as posições teóricas dominantes em cada corrente de pensamento f)·

* Comunicação apresentada à

Academia das Ciências de Li boa em e ão da Clas e de Letras de 30 deJunho de 1994 e aqui inserida com nota. (I) Ver F. MODIGLIANI, "The monetarist controversy or, hould we forsake tabilization policy?", em TI/e American Economic Review, 1977, pág. 1 egs.

r)

As fontes primaciai de te trabaJho foram as eguinte obras: SAMUEL ON/NORDHAU ,Economics, 13." ed., McGraw-Hill, Nova York, 1989; BAUMOL/BLINDER, Economics, 5: ed., Harcourt Brace Yovanovich,

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2. - Primeira pr po ição: economia não preci a de er e tabiliz da. É que exi te um mec ni mo aut corrector do d equilibri , nomeadamente da rece ão e da inflação. A 1m:

e há de vio re e ivo, tem de emprego acima da taxa natural. ra,' medida que a rece ão e acentua, au-menta o número de de empregado, i to é, de trabalhadore incapaze de encontrarem ocupação ao alá rio corrente. E aumenta tanto que afrouxa muito a re i tência dele à baixa do alário. E te acabam por de cer, o desemprego é ab or-vido, reduzindo- e à ua taxa natural.

Por outro lado, e há desvio expansi o e, portanto, menos d emprego do que a taxa natural o alário obem, obe o TÚ el do preço, temo inflação. ra, a inflação reduz o poder de compra do consumidore e o saldo das exportações, pelo que a procura global diminui, o TÚvel do preço deixa de subir, ficando elirnirlado o de vio inflacionista.

A exi tência de te mecani mo autocorrector tem sido modernamente po ta em dúvida

e).

Ainda, porém, que o haja, a verdade é que e trata de um mecanismo que, mesmo auxiliado pelo e tabilizadores automático, funciona com lentidão. Podem er nece ário anos para que desapareça o de emprego e para que a inflação termine.

3. - Portanto, a economia preci a de er estabilizada. Surge, pois, a egunda propo ição: ainda que o precise, não o pode er. I so no leva à análi e das duas política que se propõem a e tabilização: a política financeira e a política monetária.

ovaYork, 1991; A.J. AVELÃ NUNE , O Key/lesia/lÍslllo ea colltra-revo/ução mO/letansta (separata do Boletim de Ciências EcoI,ómicas, oimbra, 1991); B.

JO A, Macroeco/loII" a , 2: ed., Cedam, Pádua, 1993.

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99

A política financeira baseia-se no modelo keynesiano

de determinação do rendimento (C + I + G + X - M =

=PNB real) e actua através de dois instrumentos

orçamen-tai : a despesas públicas (G), incrementando-as ou

reduzin-do-a , e o impostos, descendo-os ou subindo-os. G é ele

próprio factor do rendimento e, por isso, a despesas

públi-ca influenciam directamente o produto, fazendo-o

aumen-tar ou diminuir, consoante elas aumentam ou diminuem; os

impo to não são factores do rendimento, mas

influenciam--no indirectamente, através da acção obre C e I.

Por seu turno, a política monetária baseia-se no

mode-lo monetariano de determinação do rendimento, que parte

da equação das trocas (MV = PQ = PNB nominal) e que considera V relativamente estável, pelo que o produto vem

a depender de M, quantidade de moeda em circulação.

Ambos os modelos são correctos. Simplesmente,

en-quanto o modelo keynesiano nos dá o PNB real, isto é, o

produto aferido a preços constantes, o modelo monetariano

dá-nos o PNB nominal, isto é, o produto aferido a preços

correntes.

4. - Sendo correctos os dois modelos, por qual das políticas optar, pela política financeira ou pela política

mo-netária? Antes, porém, de procurarmos responder à

pergun-ta, precisamos de saber se qualquer das políticas pode ter

alguma utilidade prática, se pode atingir os seus objectivos.

É que isso é negado pela teoria das expectativas racionais, a

qual afirma a ineficácia liminar de ambas as políticas.

Tal teoria assenta em duas premissas: primeira, os

agen-tes económicos utilizam o melhor possível as informações de

que dispõem e que são os últimos dados conhecidos e a

adequada teoria económica. Utilizam, pois, as mesmas

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o alário ã flexí ei , de modo que o mercado e encon-tr m praticamente empre em equilíbrio.

Dad e a premi a, vejamo o que acontece e por exemplo, em período de rece são, o Governo pretende com-bater o de emprego e o marasmo do negócio mediante uma política monetária expansioni ta: o Governo aumenta a quantidade de moeda em circulação, contando com que o incremento da procura e do preço dos produto, que daí re ulta, incenti e a empre a a de envolverem o fabrico, e com que a con equente alta do alário induza o trabalha-dore a maior oferta de mão-de-obra. Teríamo , assim, mai produção e mai emprego. Ma não: poi a empresa sabem que o aumento do preços dos produto vai er contrabalan-çado pelo aumento do preço do elementos produtivo, e os trabalhadore abem que o aumento do alários é apenas nominal, já que vai er neutralizado pela alta do nível dos preço . Sabendo i so, claro que a empre a antecipam a ubida do preços relativos, e daí que não de envolvam a produção, e o trabalhadore antecipam a constância dos alário reai, e daí que não aumentem a oferta de mão-de--obra. Como e vê, a expectativas racionais tomam inope-rante a política do Governo. E a curva de Phillips, que já se

admitia er vertical a longo prazo, aparece agora como verti-cal também a curto prazo.

Contudo, para que a curva de Phillip seja vertical a

curto prazo é preci o que tanto o preço do produtos

como os salários subam e desçam rapidamente, ao abor das

variaçõe da oferta e da procura, de modo a haver sempre

equilíbrio no mercado. Ora, isso não e verifica, deparan-do- e com muitos obstáculos à perfeita flexibilidade dos

pre-ços e dos salário . Quanto à do últimos, até é bem conheci-da a sua tenaz resi tência à baixa.

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101

Não é, poi , realista essa premissa da teoria da expecta-tiva racionais. E também o não é a outra premi sa: com efeito, e é certo que o agentes económicos utilizam geral-mente o melhor possível as informações de que dispõem, já não é certo que disponham geralmente das mesmas informa-ções que o Governo. Por isso, este pode contar muita vezes com que ele não antecipem, ou antecipem erradamente, embora não de forma istemática, os resultado das políticas financeira e monetária.

Tanto basta para não aceitarmos - de par, aliás, com a maior parte do economista - a teoria das expectativas racio-nai . Por conseguinte, consideramos como possivelmente eficaz a política de estabilização.

5. - De novo, pois, a pergunta: qual das duas políticas a financeira e a monetária - é preferível?

A política manetária parte, como dissemos, da equação das trocas. Mas esta não tem em si mesma qualquer valor teórico, visto que se limita a exprimir a igualdade entre as despe as dos que compram e as receitas dos que vendem, o que é tautológico. A equação só adquire valor teórico se os seus termos assumirem comportamentos determinados. É o que entendem os monetari tas - os monetaristas em sentido estrito -, para os quais a velocidade de circulação é constan-te ou relativamenconstan-te constante, e que também o é

Q,

o PNB, pois resulta sobretudo da economia privada e esta não costuma sofrer alterações bruscas. Daí decorre a consequên-cia de que dependem de M tanto o produto nominal como

- teoria quantitativa - o nível dos preços.

Por isso é que os monetarista ustentam que a política monetária é a única política correcta. Na verdade, se V for

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não pode influenciar directamente o PNB, vi to que M não vana.

Ma me mo fora do monetari mo e trito, isto é, admitindo- e a in tabilidade de V, ainda aí se mo tra

preferí-el a politica monetária: poi , como actua, então, a politica financeira, quer de de pe a pública, quer de imposto ? Ac-tua atra é da variação da procura de moeda, que provoca a

ariação da taxa de juro, a qual, por ua vez, influencia a velocidade, fazendo-a aumentar ou diminuir con oante a taxa uba ou de ça.

Por con eguinte, mantendo-se M, o resultado de qual-quer politica financeira fica dependente não ó da variabili-dade de V como da maior ou menor sensibilidade desta à taxa de juro. É um re ultado, poi , além de indirecto, sem-pre algo incerto, o que não ucede com o resultado da politica monetária, já que esta, actuando através da variação de M, influência directamente e sempre o produto nacional.

Como e vê, tem decisiva importância para aquilatar, não só da politica monetária, como do próprio monetarismo e trito, conhecer o comportamento da velocidade de circu-lação. Esta tem sido observada em vários países, mormente nos EUA. E aqui os números mostram que a velocidade de MI aumentou regularmente de 1946 a 1981, depois dimi-nuiu, voltou a aumentar, diminuiu de novo, de novo au-mentou até 1989, último ano da série. Não se manteve, pois, nem absoluta nem relativamente estável. Mas o com-portamento da velocidade de M2 revelou-se bastante diverso, pois conheceu, desde 1946 a 1989, apenas uma oscilação de 1,65 (4), O que indicia o peso da diminuta velocidade dos depósitos a prazo. Mesmo assim, a

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de de M2 foi instável, o que permitiria a actuação da política financeira. Mas fica sempre de pé o argumento do moneta-rista de que tal actuação é meramente indirecta.

6. - O que não basta, claro está, para preferir a política monetária à política financeira. Todavia, os monetaristas acres-centam: e e pretende combater a inflação, o facto é que o nível do preços depende sobretudo das variações de M, tanto a longo como a curto prazo (também a curto prazo, dado que a curva da oferta global é quase vertical desde o início, o que faz com que as variações da procura se reflic-tam muito mais nos preços que nas quantidades produzida ); portanto, há que manter a quantidade de moeda, se se quer evitar a inflação. E se se pretende combater a recessão, o facto é que a variação da oferta de moeda, porque a procura é pouco elástica, faz variar muito a taxa de juro, e a variação da taxa de juro, porque a procura de bens capitais é muito elástica, faz variar muito o investimento e, daí, o rendimen-to e o emprego. Há, pois, que jogar com a quantidade de moeda se se quer vencer a recessão.

E os monetaristas concluem: isso nos mostra a inanida-de da política financeira. Ela não poinanida-de conseguir que a inflação desça mediante a redução das despesas públicas ou o aumento dos impostos, pois essas medidas são ineficazes sem a diminuição de M; como ela não pode conseguir, sem que a taxa de juro baixe, que o desemprego decresça mediante o incremento das despesas públicas ou a descida dos impo tos, pelo que se toma imprescindível o aumento da oferta de moeda. Aliás, se o Estado não recorre à criação de moeda para cobrir as despesas públicas anticíclicas, tem de a finan-ciar com impostos ou empréstimos junto do público, o que faz diminuir do mesmo montante o consumo e o

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de pe a pública umentam tant quanto e reduz m a de pe a pri ada, a i tindo- e a um croU/dia Ollt total.

Replicam o financeiri ta : pode admitir- e que longo prazo o preço dependam dei quantid de de moeda, ma nào a curto prazo, i to que a curva da fert global é qua e horizontal até próximo do pleno emprego, ó depoi e tornando qua e ertical, donde re ulta que ante do pleno

emprego as ariaçõe da procura e reflectem muito mai nas

quantidade produzida do que no preço. Por outro lado,

nem a procura de moeda é pouco, e im muito elástica, nem

a procura de ben capitai é muito, e im pouco el' tica, de modo que o aumento da oferta de moeda pouco reduz a taxa de juro e a redução da taxa de juro pouco incita o

in e timento. Ao invé , o aumento da taxa de juro pouco

de encoraja o inve timento, e daí que o crowdil1g out seja

apenas parcial e apequenado. Por con eguinte, a variável

que mai pode influenciar o rendimento não é a quantidade de moeda, é a procura global, já que e ta tem efeitos multi-plicativo . E a procura global depende da de pesas pública,

atravé de G, e do impo to , através de C e I.

7. - Tai ão, no eu traços mais impre ivo, as te es

em di puta, ainda que ó atendendo à linha aparentemente

dominante em cada um dos campo. E logo e vê que o

diferendo não pode decidir- e apenas com ba e em lu

cubra-ções e im com largo apelo aos factos. Este é que hão-de

mostrar qual o traçado da curva da oferta global e e, e em

que medida, a quantidade de moeda domina os preços, a

oferta de moeda domina o juro, o juro domina o

investi-mento. Ora, a verdade é que até hoje não o mostraram

cabalmente. Nem é preci o dizê-lo, poi de outro modo não

se compreenderia que as duas teses se mantivessem ambas de

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105

Torna-se impos ível, poi, pontar como correcta, a

face da teoria, apenas uma da política . e modo que, no

e tado actual dos conhecimentos, o melhor é admitir que qualquer dela pode er útil. Falta aber, porém, e é indife-rente optar por uma ou por outra nos aspectos da instru-mentação e do atempamento.

Pelo que toca à instrumentação, a política financeira di põe de dois instrumentos: a variação da despesas públicas

e a variação dos impo tos. Ora, a despesa que se aumentam

ou diminuem podem er de pesas em obra públicas e des-pesas em projectos de emprego. Se se trata de obras

públi-cas, é dificil encontrar de pesas que, quando e tornem por-ventura de necessárias, possam ser interrompidas sem perda grave; e se e trata de despesas em projectos de emprego e,

portanto, trabalho-inten ivas, corre-se o risco da sua pouca utilidade. Quanto à variação dos impostos, é facil reduzi-los, ma a resistência dos contribuintes pode tornar difícil

au-mentá-lo .

No que respeita à instrumentação da política monetá-ria, cinge-se ela à acção do Banco Central sobre a oferta de moeda, a qual pode exercer-se através das operações no mercado livre, da manobra do redesconto, da variação da reserva dos bancos comerciai e da fixação do máximo de

crédito a conceder por estes. Tudo medidas que, uma vez

tomadas, não encontram embaraços de maior. E daí que, no plano da instrumentação, a política monetária e mo tre pre-ferível à política financeira.

Passemos ao atempamento. Aí as duas políticas e bar-ram com uma série de demoras inevitáveis. Sim, porque não

é imediatamente, mas ao cabo de algum tempo, que o

Go-verno se apercebe do início da recessão ou do disparo ou

agravamento da inflação - atraso de conhecimento; como

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Co em decide e põe em prática a medida dequada -atra o de in tauração; como não é imediat mente, ma ao

cabo de algum tempo, que e a medida, depoi de entrada

em 19or, produzem o eus prin ipais efeito - atra o de

eficácia.

Tanto atra o , me mo que cada um não seja longo, perfazem empre um largo período. E pode uceder que a medida e tabilizadora venham a actuar obre a economia do pai numa altura em que esta já e encontra em expan ão

ou em que a inflação já tenha terminado, a im el

produ-zindo efeito porventura negativo .

Foi e te ri co de in tabilidade que levou Milton

Fried-man, como e abe, a preconizar, no domínio da politica

monetária anticíclica, em vez de um aumento variável da

oferta de moeda, um aumento con tante, corre pondente à

expan ão normal do PNB. Contudo, tal politica só poderia

er aceitável e fo e con tante a velocidade de circulação da

moeda (5), o que Friedman admitia, ma que, como vimo,

não é exacto.

Voltemo, pois, ao atra o e à po içõe de cada uma

da politica em face dele . Amba ofrem do mesmo atraso

de conhecimento, mas a politica monetária de muito menor

atraso de in tauração; com efeito, a variações da oferta de

moeda podem er decididas e efectuada em pouco tempo,

enquanto a variaçõe das de pesa pública ou dos imposto

têm de vencer entrave orçamentai ou legislativo, o que

geralmente exige tempo considerável; por último, e quanto

à eficácia, a política financeira confia sobretudo na variação

do consumo, enquanto a politica monetária joga obretudo

e)

efr. SAMUELSO /NORDHAUS, Ecollomics, 13." ed., cit., pág. 365.

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107

na variação do investimento; ora, o consumo aumenta ou diminui, em regra, mais depressa do que o investimento.

Como se vê, há superioridade da política monetária em matéria de instauração e superioridade da política financeira em matéria de eficácia, pelo que não é possível aquI uma preferência decisiva por qualquer das políticas.

8. - Na ordem dos factos, têm ido adoptadas ambas elas. Até aos anos 70 foi exclusiva ou quase a política finan-ceira; depois, veio acrescer-lhe ou substituí-la a política mo-netária, que gozou de larga preferência desde os fins dos anos 70 até aos fins dos anos 80; actualmente, estão a seguir--se quase sempre as duas políticas, embora com predomínio da política monetária, que mais não seja pela facilidade e presteza da sua implantação.

Ambas as políticas têm conhecido fracassos e êxitos. Entre estes, são memoráveis nos EUA o da política financeira anticíclica, através da redução de impostos, em 1964, que fez com que a economia atingisse no ano seguinte o pleno emprego, e o da política monetária anti-inflacionista, através da regulação da oferta de moeda, em 1979-82, que conseguiu trazer a inflação de 13% em 1980 a 4% em 1984 (6).

Decerto que no primeiro caso a menos desemprego correspondeu mais inflação, e, no segundo, a menos inflação mais desemprego. Isso porque é difícil, e frequentemente impossível, alcançar ao mesmo tempo os dois objectivos de menos desemprego e menos inflação, uma vez que o Estado dispõe de instrumentos para influenciar grandemente a curto prazo a procura global, mas não a oferta global, como o mostrou a inoperância da economia do lado - oferta

Contudo, é

(6) efr. SAMUELSON/NORDHAUS, Economics, 13: ed., dt., pág. 363. (1) efr. TEIXEIRA RIBEIRO, "A política financeira da economia do lado-oferta", no Boletim de Ci~tlcias Económicas, voi. XXIX (1986).

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empre po ível proceder • uma arbitragem (trade-ojj) entre e e bje ti o , de modo a ó e pro eguir na redução do de emprego ou da inflação enquanto valer pena uportar o concomitante aumento da inflação ou do de emprego. Não e quecendo, porém, que o cu to do de emprego são muito mai facei de calcular do que o cu to da inflação: poi , enquanto aquele con i tem primacialmente na perda do PNB, que daí decorre, o que é um valor determinável com alguma pro::-.."imidade, o cu to da inflação advêm obretudo da redis-tribuição do rendimento e da riqueza, que dela procede, o que é quantitati amente vago e impreci o. Aliá , é e ta falta de rigor do cu to da inflação que toma perceptível haver acesas di cordâncias, tanto entre o economi ta como entre os político, obre e vale mais, e em que medida, reduzir a inflação ou o de emprego.

Importa ublinhar, no entanto, que o facto de a política monetária ter ido afirmada e tanta veze preferida não con tituiu triunfo do monetari mo em entido e trito, isto é,

do monetari mo que aceita integralmente a teoria quantitati-va e, portanto, a normal determinação do nível dos preços, tanto a longo como a curto prazo, pela quantidade de moe-da. O comportamento erradio durante o anos 80 da veloci-dade de circulação no EUA deu um novo golpe letal na teoria quantitativa. Por isso, os que e dizem hoje moneta-ri tas já o não ão, na generalidade do ca o , em sentido e trito, e im economi tas que acabam por reconhecer a correcção da política financeira, ma lhe antepõem, não ob -tante, a política monetária. São raros, pois actualmente a maioria do economi ta faz fé nas duas política, embora em do e diver as, con oante o modelo e as circunstâncias.

9. - O vários êxito que a política de e tabilização têm obtido mo tram que, pelo meno em condições

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idênti-109

ca ou emelllante, a economia pode er estabilizada.

urge--no, a im, a terceira propo ição; ainda que o possa, não o

deve er, pois isso implica um aumento do ector do E tado, o que traz prejuízo para o bem-estar e o desenvolvimento

económico. É que os adver ários da política activa de

estabi-lização ão geralmente decididos adeptos da economia libe-ral.

Mesmo, porém, que e defenda o liberalismo económi-co, a verdade é que essa política não envolve nece

ariamen-te o crescimento do sector público: não o envolve de todo, claro está, a política monetária; e também o não envolve a

politica financeira, quando for de variação de impo tos. É

possível, pois, prosseguir a estabilização sem aumento do

sector do Estado.

Ainda aqui, portanto, os adversários dela não têm

ra-zão.

Pelo que podemo concluir com alguma segurança que a economia precisa de ser estabilizada, pode ser estabilizada e

deve ser estabilizada.

J. J.

Teixeira Ribeiro Faculdade de Direito de Coimbra

Referências

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