• Nenhum resultado encontrado

Número Especial CONSERVAÇÃO PREVENTIVA EM BIBLIOTECAS

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2023

Share "Número Especial CONSERVAÇÃO PREVENTIVA EM BIBLIOTECAS"

Copied!
16
0
0

Texto

(1)

A ideia desse número especial nasceu a partir de uma conversa com a professora Simone Paiva Okuzono, do Departamento de Biblioteconomia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), a respeito da representatividade da discussão sobre conservação preventiva em bibliotecas presente em periódicos da Biblioteconomia e Ciência da Informação. Foi nesse contexto que ela sugeriu escrever para editores e propor um número especial sobre o tema. Após inúmeras recusas, seja por silêncio, seja por justificativas como a falta de “aderência” deste assunto, a Revista Eletrônica da Associação dos Bibliotecários e Profissionais da Informação do Distrito Federal aceitou o pleito com entusiasmo e generosidade.

Tal cenário, diante da falta de percepção do tema como absolutamente pertinente ao nosso campo, reforçou ainda mais a necessidade de se pensar em um número especial, dedicado exclusivamente ao debate sobre a conservação preventiva em bibliotecas e na Biblioteconomia. É importante ressaltar, porém, que essa discussão já

1 Licenciada en Restauración de Bienes Muebles y Maestra en Museología por la Escuela Nacional de Conservación, Restauración y Museografía “Manuel del Castillo Negrete”, cuenta con una master Bibliotecas y Patrimonio Documental por la Universidad Carlos III y la Biblioteca Nacional de España.

Desde 2006 es Técnica Académica en la Biblioteca Nacional de México, Instituto de Investigaciones Bibliográficas de la UNAM. De 2011 a mayo del 2020, fungió como jefa del Departamento de Conservación y Restauración. Es Profesora de Asignatura en el Colegio de Bibliotecología de la Facultad de Filosofía y Letras de la UNAM desde 2010. Departamento de Conservación y Restauración - Biblioteca Nacional de México. Instituto de Investigaciones Bibliográficas, UNAM – Centro Cultural Universitario, Ciudad Universitaria Alcaldía, Coyoacán, 04510 Ciudad de México, CDMX. E-mail: adrianagl@unam.mx

2 Professor Adjunto da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), Doutor em História (UERJ), Mestre em Memória Social (UNIRIO) e Bacharel em Biblioteconomia (UNIRIO). Participa como convidado do Consortium of European Research Libraries (CERL) na qualidade de consultor para América do Sul. Professor do Mestrado Profissional em Preservação de Acervos de Ciência e Tecnologia (PPACT/MAST). Professor convidado do Mestrado Profissional em Biblioteconomia (UNIRIO).

Coordenador do Grupo de Pesquisa “Estudos sobre Patrimônio Bibliográfico e Documental”.

Departamento de Biblioteconomia – UNIRIO. Av. Pasteur, 458, sala 418 - Urca, Rio de Janeiro, RJ. Brasil.

E-mail: fabiano.azevedo@unirio.br

(2)

vem figurando em anais de eventos e também, pontualmente, em alguns periódicos.

Nossa intenção foi reunir num único número um volume consubstancial de trabalhos.

A conservação, voltada para a aplicação de medidas preventivas para reduzir o avanço na deterioração do patrimônio documental, é sem dúvida a forma mais eficaz e de menor custo para garantir a permanência e o acesso aos documentos. Da mesma forma, a conservação requer a participação ativa e responsável de todos os envolvidos na utilização, gestão e difusão dos fundos patrimoniais.

Os convites foram feitos a bibliotecários e a conservadores-restauradores com experiência em bibliotecas porque acreditamos que conservação preventiva é interdisciplinar por natureza. Isto se exemplifica igualmente neste número especial organizado por um bibliotecário e uma conservadora-restauradora. Para além disso, nossa intenção também foi mostrar que não são vozes dissonantes, mas uníssonas com o propósito da salvaguarda do patrimônio bibliográfico e documental.

Sobretudo agora, em tempos pandêmicos, teremos que unir nossas competências e saberes para buscar medidas e ações que possam, de algum modo, diminuir o impacto negativo sobre as coleções.

Graças aos nossos diálogos, houve essa iniciativa de convidar profissionais de outros países da América Latina, pois compreendemos que temos realidades muito parecidas em nossas bibliotecas e arquivos. Não apenas no que respeita às questões de orçamento, mas também às necessidades e condições de nossas instituições.

Quando os convites foram feitos, no início deste ano, como poderíamos supor tudo que viveríamos a seguir? Não obstante, os autores mantiveram-se firmes no intuito de produzir seus trabalhos por acreditarem que agora, mais do que nunca, o tema conversação preventiva precisa estar na pauta.

Poucos artigos deram destaque exclusivamente à Covid-19, pois os trabalhos já estavam sendo construídos. Ademais, também temos observado que muitas dúvidas que estão surgindo referem-se a questões basilares de teorias no âmbito da conservação preventiva, como por exemplo, biossegurança. Até mesmo alguns itens de protocolos que foram elaborados durante a pandemia, via de regra, já deveriam constar em qualquer política de preservação.

Tudo isso endossa as duas principais premissas deste número especial: sim, conservação preventiva é um assunto que bibliotecários precisam se aproximar mais e

(3)

mais; e é fundamental que os cursos de graduação em Biblioteconomia incluam em suas grades curriculares a disciplina (com pelo menos 60 horas) como, por exemplo, acontece na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).

Essa tomada de consciência é essencial para salvaguardar nosso patrimônio bibliográfico e documental, mormente nesses tempos que vivemos de tanta aceleração e efemeridades. Nós, como profissionais da informação, não temos o direito de sucumbir a modas e tendências que colocam em cheque a preservação das coleções. Nós temos o dever de pensar a gestão de uma biblioteca com a perspectiva de preservar o legado do passado, dar acesso responsável no presente e garantir que as gerações futuras tenham os mesmos direitos.

O número especial está organizado em três seções: artigos, relatos de experiência e ensaios. No que concerne às temáticas, puderam ser agrupadas da seguinte forma:

História da Conservação Preventiva em Bibliotecas; Gerenciamento de Riscos;

Biossegurança, Biodeterioração e Monitoramento Ambiental; Ensino de Conservação Preventiva na Graduação em Biblioteconomia; Políticas e Gestão da Preservação; e Conservação Preventiva e Patrimônio.

Pela primeira categoria, “História da Conservação Preventiva em Bibliotecas”, abrimos o número especial com artigo de Thaís Helena de Almeida que se propõe a investigar as ações implementadas, no século XIX, na Biblioteca Nacional do Brasil, para combater insetos bibliófagos; o que evidencia ser um problema antigo, mas que ainda hoje aflige as bibliotecas e nos chama atenção para a necessidade do monitoramento da coleção.

Na categoria “Gerenciamento de Riscos”, que pode, em certa medida, se articular com a seguinte, os artigos de Jullyana Monteiro Guimarães Araújo e Mariana Gonçalves Dias se complementam perfeitamente. Ambas têm a biblioteca universitária como ponto de análise, porém a primeira destaca a segurança física de um acervo com coleções especiais e, a segunda, o estudo dos riscos que podem acometer uma biblioteca setorial dentro de um hospital universitário. Essas pesquisas, feitas como trabalho de conclusão de curso de graduação em Biblioteconomia, servem também para ilustrar como é importante que o bibliotecário tenha essas informações ainda na universidade.

Ainda nessa categoria também o artigo de Gustavo Lozano San Juan traz uma análise acerca de como os efeitos das mudanças climáticas podem gerar riscos à conservação do patrimônio. Para ele, é premente ações e medidas para identificar e

(4)

quantificar os riscos. E também Ana Laura Peniche Montford, que argumenta sobre o diagnóstico como um processo fundamental no âmbito do gerenciamento de acervos. A autora destaca a necessidade da participação dos bibliotecários como agentes que precisam ser capazes de identificar riscos a curto, médio e longo prazo.

O artigo de Adriana Cox Hollós e Vivian Fava Paternot nos provoca a pensar sobre o futuro de nossas coleções analógicas e digitais. Para isso, tomam como exemplo o Museu da Imagem do Som/Rio de Janeiro para propor um método de gerenciamento de riscos que leva em consideração espaços com múltiplas tipologias documentais.

Fechando esse grupo, Tiago César da Silva traz um importante relato a partir de sua experiência no Arquivo Nacional do Brasil, onde coordenou ações de gerenciamento de riscos.

Na categoria “Biossegurança, Biodeterioração e Monitoramento Ambiental”, Yerko Andrés Quitral comenta que a problemática da contaminação por manipulação de documentos, não obstante ser uma questão antiga, se torna evidente em função da pandemia da Covid-19. Em seu artigo, apresenta uma discussão sobre a presença de fontes contaminantes em bibliotecas e dá ênfase, sobretudo, aos depósitos - áreas que algumas instituições têm e que nem sempre recebem a devida atenção.

Seguindo, Ozana Hannesch e Fernanda do Nascimento Corrêa, a partir de um caso ocorrido na Biblioteca Henrique Morize no Museu de Astronomia no Rio de Janeiro examinam como o controle da microbiodeterioração do patrimônio bibliográfico corrobora para mitigar incidentes de contaminação. Em complemento a essas constatações, os artigos de Jandira Helena Fernandes Flaeschen e Sandra Joyce Ramírez Muñoz se juntam ao certame, visto que enquanto a primeira reforça as características de um acervo bibliográfico e sugere formas para tratar o ataque de insetos, a segunda explica o Manejo Integrado de Pragas (MIP) aplicado a bibliotecas e afirma que a higienização e limpeza são pilares essenciais para alcançar a meta do controle de pragas.

Já Eva Lúcia Medvedeff e Laiza Lima da Silva apresentam um texto cujo foco recaiu exclusivamente sobre a higienização de livros, um recurso simples e importante na manutenção de um ambiente mais saudável para as coleções e, principalmente, para as pessoas. Esses artigos são necessários e servem de alerta aos colegas bibliotecários para que não ocorra, por exemplo, o que discutiu Rayssa Tavares da Silva, ou seja, a

(5)

contaminação de estagiários de Biblioteconomia por falta de conhecimento de medidas básicas de biossegurança, como o uso de equipamentos de proteção individual (EPI’s).

Nós acreditamos que o cerne e a meta estão na próxima categoria, ou seja, no

“Ensino de Conservação Preventiva na Graduação em Biblioteconomia”. Abrindo esse bloco, o artigo de Adriana Gómez Llorente explica como funciona a cadeira de Conservação Preventiva no curso de Biblioteconomia da Universidad Autónoma de México. Apoiada na discussão conceitual, ela constata que não há tantas diferenças entre nossos países, não obstante o idioma.

Iraci Candida de Lima e Juliana Bride, como ex-alunas do curso de Biblioteconomia da UNIRIO, trazem duas abordagens sobre o ensino da conservação preventiva nas suas formações. A primeira aponta para uma proposta de articulação de tópicos de conservação em outros conteúdos da grade curricular. Desse modo, o aluno poderia compreender melhor como o pensamento preservacionista deve estar inserido na gestão da biblioteca e, assim, possibilitar que esse entendimento seja um reflexo na sua futura experiência profissional como destaca a segunda autora em seu relato, reforçando que esse conteúdo pode fazer diferença em sua atividade depois da graduação.

Inserido neste grupo como uma experiência pedagógica, a proposta, a metodologia e a forma de análise apresentadas por Carolina Cristina Alves Martins só foi possível pelo contato com conteúdos de conservação preventiva ainda na formação em Biblioteconomia. A autora se propôs a analisar vídeos amadores de booktubers brasileiros que, de algum modo, tentam falar sobre temas concernentes a cuidados físicos com os livros. Dentre inúmeros aspectos, esse trabalho assevera que pensar na conservação dos itens deveria estar implícito na gestão de uma biblioteca e estabelece uma provocação ao questionar se não teríamos que produzir vídeos pautados em conhecimento científico, mas em linguagem acessível. Será que não estaria na hora de uma ação espelhada no Projeto Conservação Preventiva em Bibliotecas (CPBA), mas desta vez usando recursos ainda mais acessíveis?

A categoria “Políticas e Gestão da Preservação” traz trabalhos escritos por profissionais de vários países, mas que harmonicamente se complementam. Sandra M.

Angulo Méndez, a partir de experiências na Biblioteca Nacional da Colômbia, nos apresenta alguns conceitos como a conservação colaborativa, e relaciona a própria conservação preventiva com o tema da fragilidade dos documentos, além de discutir a

(6)

importância das campanhas de preservação, até mesmo como forma de adesão patrimonial. Na sequência, Marilene Fragas Costa vem com a proposta de um instrumento de seleção e avaliação de prioridades para a preservação de periódicos científicos raros, no qual são estabelecidas dez classes e um sistema de pontuação, com o objetivo de auxiliar o gestor no processo decisório.

Ana Roberta de Souza Tartaglia, com a perspectiva do conservador- restaurador, reafirma em seu texto que a conservação preventiva não deve ser algo periférico na gestão de acervos bibliográficos. Para isso, apresenta o histórico da criação do Serviço de Conservação e Restauração de Documentos na Casa Oswaldo Cruz (Rio de Janeiro/Brasil) como maneira de argumentar acerca da relação íntima que deve existir entre o setor e a biblioteca. Este é um viés que encontra paralelo no artigo de Fermina Valeria Ziaurriz, que salienta os benefícios da implementação de políticas de preservação e que, ao apresentar uma maneira de avaliar o estado da coleção, traz exemplos de ações interdisciplinares entre conservadores-restauradores e bibliotecários, desde que esses últimos, precisamente, tenham recebido algum tipo de formação ainda na graduação.

Estudos para o planejamento e com o intuito de estabelecer critérios e consequentes tomadas de decisões em projetos de digitalização é o escopo central do artigo de Alejandra Odor Chávez. Ela argumenta que essas medidas são necessárias para evitar possíveis danos e riscos durante o procedimento de reformatação.

Na categoria “Conservação Preventiva e Patrimônio”, o ensaio de Kelly Castelo Branco da Silva Melo, que fecha esse número especial, instiga e ajuda a dizer que “não, esse assunto não se encerra tão facilmente” e “sim, há muito que pesquisar e refletir”.

Todos esses artigos nos ajudam, mais uma vez, a pensar a relevância da interdisciplinaridade. Saber o ponto de vista de um conservador-restaurador pode ser uma experiência que gerará ainda mais qualidade nas atividades de gestão em uma biblioteca.

Nota-se, igualmente, a relevância da formação e educação continuada. A conservação preventiva não deve ser relegada como algo fora do escopo das funções de um bibliotecário, posto que está embutida em formar, organizar e desenvolver coleções, sejam elas analógicas ou digitais.

Na atividade cotidiana da biblioteca, na perspectiva de falta de funcionários, de verba e toda sorte de insumos, o bibliotecário estará sempre à frente de dilemas,

(7)

desafios. Por isso mesmo, como agente que trabalha para a preservação do patrimônio bibliográfico, documental e digital, buscar se aproximar dos conceitos e práticas que envolvem a conservação preventiva é essencial.

Devemos pensar que não estamos sós, mas que fazemos parte de um coletivo internacional, latino-americano, cujo ofício é um dos mais belos, isto é, auxiliamos na preservação da memória de nossos países.

Em absoluto, não tivemos a pretensão de ser inovadores e/ou desbravadores com esse número especial, mas apenas servir, talvez, como mais uma voz dentro desta seara.

Por fim, gostaríamos mais uma vez de expressar nosso profundo agradecimento à Revista Eletrônica da Associação dos Bibliotecários e Profissionais da Informação do Distrito Federal, nominalmente na pessoa da editora Maria Tereza Machado Teles Walter, por ter viabilizado esse projeto e nos auxiliado em todo o processo.

Agradecemos a todos os autores que tiveram a disponibilidade de aceitar o nosso convite e perseveraram, não obstante as adversidades que atravessamos em nossas instituições nesse momento.

E claro, gostaríamos de expressar nosso mais profundo agradecimento às pessoas que de múltiplas formas ajudaram neste trabalho: Deniz Costa, Elisângela da Silva Costa, Elizabete Alzira Silva da Costa, Eva Medvedeff, Hilda Leticia Domínguez Márquez, Kelly Castelo Branco da Silva Melo, Luciana Martins, Mariana Acorse Lins de Andrade, Marli Gaspar Bibas e Simone Paiva Okuzono.

(8)

La idea de este número especial nació de una conversación con la profesora Simone Paiva Okuzono (del Departamento de Bibliotecología de la Universidad Federal del Estado de Río de Janeiro), sobre la representatividad de la discusión sobre conservación preventiva en bibliotecas presentes en revistas de Bibliotecología y Ciencias de la Información. Fue en este contexto que dio la idea de escribir a los editores y proponer un número especial sobre el tema. Después de innumerables negativas, ya sea por la falta de respuesta, o por justificaciones como la falta de “relación” sobre este tema, la Revista Electrónica de la Asociación de Bibliotecarios de Brasilia aceptó la elección con entusiasmo y generosidad.

En este escenario, y ante el desconocimiento del tema, el cual es absolutamente pertinente a nuestro campo profesional, se reforzó aún más la necesidad de pensar en un número especial especialmente dedicado al debate sobre conservación preventiva en bibliotecas y bibliotecología. No obstante, es importante señalar que esta discusión ha aparecido en los anales de eventos académicos y también, ocasionalmente, en algunas revistas. Nuestra intención era reunir en un solo número una cantidad importante de trabajos relacionados con el tema.

La conservación, orientada a la aplicación de medidas preventivas para reducir los avances en el deterioro del patrimonio documental, es, sin duda, la forma más eficaz y de menor costo para garantizar la permanencia y el acceso a los documentos.

(9)

Asimismo, la conservación requiere la participación activa y responsable de todos los implicados en el uso, gestión y difusión de los fondos patrimoniales.

Las invitaciones fueron hechas a bibliotecarios y restauradores-conservadores con experiencia en bibliotecas porque creemos en el carácter interdisciplinario de la conservación preventiva. Esto también se ejemplifica en este número especial firmado por un bibliotecario y una conservadora-restauradora. Además, nuestra intención también fue mostrar que no son voces disonantes, sino al unísono con el propósito de salvaguardar el patrimonio bibliográfico y documental.

Especialmente ahora, en tiempos de pandemia, tendremos que unir nuestras habilidades y conocimientos para buscar medidas y acciones que puedan, de alguna manera, reducir el impacto negativo sobre las colecciones.

Gracias a nuestras conversaciones surgió la iniciativa de invitar a profesionales de otros países de América Latina porque entendemos que tenemos realidades muy similares en nuestras bibliotecas y archivos. No sólo en lo que se refiere a cuestiones presupuestarias, sino también respecto a las necesidades y condiciones de nuestras instituciones.

Cuando se hicieron las invitaciones, a principios de este año, ¿cómo podríamos adivinar todo de lo que viviríamos a continuación? A pesar de todo, los autores se mantuvieron firmes en la elaboración de sus textos, porque creen que ahora, más que nunca, el tema de la Conversación Preventiva debe estar en la agenda.

Pocos artículos destacaron Covid-19 de forma exclusiva, ya que las obras ya se estaban construyendo cuando inició la pandemia. Además, también hemos observado que muchas de las dudas que están surgiendo se refieren a cuestiones básicas en el ámbito de la conservación preventiva como, por ejemplo, la bioseguridad. Incluso

(10)

algunos elementos del protocolo que se desarrollaron, como lineamientos, ya deberían estar incluidos en cualquier política de conservación.

Todo ello, refrenda las dos premisas principales de este número especial: sí, la conservación preventiva es un tema al que los Bibliotecarios necesitan acercarse cada vez más, por lo que es fundamental que los cursos de licenciatura en Bibliotecología incluyan la disciplina de conservación preventiva (con al menos 60 horas) en sus planes de estudio, como por ejemplo ocurre en la Universidad Federal del Estado de Río de Janeiro (UNIRIO).

Esta conciencia es fundamental para salvaguardar nuestro patrimonio bibliográfico y documental, especialmente en estos tiempos que vivimos tan acelerados y con tanta incertidumbre. Nosotros, como profesionales de la información, no tenemos derecho a sucumbir a modas y tendencias que cuestionan la conservación de las colecciones. Tenemos el deber de pensar en la gestión de una biblioteca con miras a preservar el legado del pasado, dando acceso responsable en el presente y asegurando que las generaciones futuras tengan los mismos derechos.

El número especial está organizado en tres apartados: artículos, ensayos e informes de experiencia. En cuanto a los temas, se podrían agrupar de la siguiente manera: historia de la conservación preventiva en bibliotecas; gestión de riesgos;

bioseguridad, biodeterioro y monitoreo ambiental; docencia de conservación preventiva en la Licenciatura en bibliotecología; políticas y manejo de preservación; y conservación preventiva y patrimonio.

Para la primera categoría, historia de la conservación preventiva en bibliotecas, abrimos el número especial con un artículo de Thaís Helena de Almeida, que propone investigar las acciones implementadas en el siglo XIX en la Biblioteca Nacional de Brasil para combatir insectos bibliófagos como muestra de un problema antiguo, pero que aún

(11)

hoy en día aflige a las bibliotecas, y llama nuestra atención sobre la necesidad de monitorear constantemente la colección.

En la categoría gestión de riesgos, en cierta medida se vinculan y complementan perfectamente los artículos de Jullyana Monteiro Guimarães Araújo y Mariana Gonçalves Dias. Ambos tienen a la biblioteca universitaria como punto de análisis, pero en el primer texto destaca la seguridad física de un fondo con colecciones especiales, mientras que en el segundo se plantea el estudio de los riesgos que pueden afectar una biblioteca sectorial dentro de un hospital universitario. Estas investigaciones fueron realizadas como trabajo para concluir la licenciatura en Bibliotecología, e ilustran lo importante que es para el bibliotecario tener esta información aún en la universidad.

También se incluye en esta categoría el artículo de Gustavo Lozano San Juan, que brinda un análisis de cómo los efectos del cambio climático pueden generar riesgos para la conservación del patrimonio. Para él, las acciones y medidas para identificar y cuantificar los riesgos son urgentes. Por su parte, Ana Laura Peniche Montford defiende el diagnóstico como proceso fundamental en el ámbito de la gestión de riesgos para los acervos documentales, donde la autora destaca la necesidad de la participación de los bibliotecarios como agentes fundamentales para identificar los riesgos a corto, medio y largo plazo.

El artículo de Adriana Cox Hollós y Vivian Fava Paternot nos incitan a pensar en el futuro de nuestras colecciones analógicas y digitales. Para ello, toman como ejemplo el Museo de la Imagen Sonora / Río de Janeiro para proponer un método de gestión de riesgos, que toma en cuenta espacios con múltiples tipologías documentales.

Al cerrar este grupo, Tiago César da Silva trae un importante relato de su experiencia en el Archivo Nacional de Brasil donde coordinó acciones de gestión de riesgos.

(12)

En la categoría bioseguridad, biodeterioro y monitoreo ambiental, Yerko Andrés Quitral comenta sobre el problema de la contaminación por manipulación de documentos. A pesar de ser un tema antiguo, se ha hecho evidente debido a la pandemia de Covid-19. En su artículo se discute la presencia de fuentes contaminantes en las bibliotecas y pone particular énfasis en la necesidad de atender los depósitos y áreas de almacenamiento, debido a que en muchas de nuestras instituciones no reciben la debida atención. A continuación, Ozana Hannesch y Fernanda do Nascimento Corrêa, a partir de un caso ocurrido en la Biblioteca Henrique Morize, examinan cómo se controla el microbiodeterioro del patrimonio bibliográfico para mitigar los incidentes de contaminación. A estos hallazgos se suman los artículos de Jandira Helena Fernandes Flaeschen y Sandra Joyce Ramírez Muñoz, ya que mientras el primero refuerza las características de una colección bibliográfica y sugiere formas de afrontar es ataque de los insectos, el segundo explica la gestión integrada de plagas aplicadas a las bibliotecas y afirma que la higiene y la limpieza son pilares fundamentales para alcanzar la meta en el control de plagas. Asimismo, Eva Lúcia Medvedeff y Laiza Lima da Silva presentan un texto, cuyo enfoque se centró exclusivamente en la higiene como auxiliar para mantener a las colecciones y a las personas sanas. Estos artículos son necesarios como una forma de alertar a los compañeros Bibliotecarios para que, por ejemplo, no suceda lo que mencionó Rayssa Tavares da Silva sobre la contaminación de los becarios en prácticas por desconocimiento de las medidas básicas de bioseguridad, como es el uso de Equipos de Protección Personal (EPP).

Creemos que uno de los temas eje de este número especial de la revista, es la siguiente categoría, con la enseñanza de la conservación preventiva en la licenciatura en Bibliotecología. Como introducción a este bloque, el artículo de Adriana Gómez

(13)

Llorente explica cómo funciona la materia de conservación preventiva en el plan de estudios de la carrera de Bibliotecología de la Universidad Nacional Autónoma de México. Como sustento de esta discusión conceptual que se expone, cabe mencionar que no hay tantas diferencias entre nuestros países, a pesar del idioma. Por otra parte, Iraci Candida de Lima y Juliana Bride, como egresadas de la carrera de Bibliotecología UNIRIO, aportan dos enfoques sobre la enseñanza de la conservación preventiva en su formación. El primer texto apunta a una propuesta para la articulación de temas de conservación en otros contenidos de la currícula. De esta forma, el alumno podrá comprender mejor cómo se debe insertar el pensamiento conservacionista en la gestión de la biblioteca y la reflexión en la experiencia profesional, como destaca la segunda autora. En este caso, a través de un informe, nos permite vislumbrar cómo este contenido puede marcar la diferencia en tu actividad después de la graduación.

Dentro de este grupo, y como experiencia pedagógica, la propuesta metodológica y forma de análisis presentada por Carolina Cristina Alves Martins, sólo fue posible gracias al contacto con contenidos de conservación preventiva dentro de su formación como bibliotecóloga. En su trabajo, la autora se propuso analizar videos amateur de booktubers brasileños que de alguna manera intentan hablar sobre temas relacionados con el cuidado físico con libros. Entre innumerables aspectos, este trabajo afirma que pensar desde la conservación debe estar implícito en la gestión de una biblioteca y establece algunas preguntas: ¿Deberíamos producir videos basados en conocimientos científicos, pero con un lenguaje accesible? ¿No es hora de una acción que se refleje en el Proyecto de Conservación Preventiva en Bibliotecas (CPBA), pero esta vez utilizando recursos aún más accesibles?

(14)

La sección dedicada a políticas y gestión de la conservación incluye obras escritas por profesionales de varios países pero que se complementan armoniosamente.

Sandra M. Angulo Méndez, a partir de sus experiencias en la Biblioteca Nacional de Colombia, nos introduce a algunos conceptos como la conservación colaborativa y relaciona la conservación preventiva en sí, y respecto al tema de la fragilidad documental; además de discutir la importancia de las campañas de preservación patrimonial. En seguida está el artículo de Marilene Fragas Costa en el cual incorpora la propuesta de una herramienta de selección para evaluar prioridades para la preservación de revistas científicas raras. Para ello propone diez clases, cuyo objetivo es asistir al gestor en la toma de decisiones.

Ana Roberta de Souza Tartaglia desde su perspectiva como conservadora- restauradora reafirma en su texto que la conservación preventiva no debe ser algo periférico en la gestión de las colecciones bibliográficas. Para eso, presenta la historia de la creación del Servicio de conservación y restauración de documentos en la Casa Oswaldo Cruz como una forma de argumentar sobre la íntima relación que debe existir con la biblioteca. Éste es un sesgo que encuentra paralelo en el artículo de Fermina Valeria Ziaurriz que resalta los beneficios de implementar políticas de preservación y que, al presentar una forma de evaluar el estado de la colección, muestra otro ejemplo de acciones interdisciplinarias entre conservadores-restauradores y bibliotecarios, siempre y cuando estos últimos hayan recibido algún tipo de formación en conservación.

Por otra parte, las recomendaciones para planificar y establecer criterios para la toma de decisiones en proyectos de digitalización es el alcance central del artículo de Alejandra Odor Chávez. La autora sostiene que estas medidas son necesarias para evitar posibles daños y riesgos durante el procedimiento de reformateo.

(15)

En el apartado dedicado a conservación preventiva y patrimonio, el ensayo de Kelly Castelo Branco da Silva Melo cierra este número especial, con un planteamiento que instiga a decir que “no, este asunto no se acaba tan fácilmente” y

“sí, hay investigar y reflexionar”.

Todos estos artículos nos ayudan, una vez más, a pensar en la relevancia de la interdisciplinariedad. Conocer el punto de vista de un restaurador-conservador puede ser una experiencia que generará aún más actividades de gestión de calidad en una biblioteca.

También se destaca la relevancia de la formación y la educación continua; la conservación preventiva no debe ser relegada como algo fuera del alcance de las funciones de un bibliotecario, ya que es parte de la formación, organización y desarrollo de colecciones, ya sean analógicas o digitales.

En el día a día de la biblioteca, desde la perspectiva de la falta de personal, fondos y todo tipo de insumos, el bibliotecario siempre se enfrentará a dilemas y desafíos. Por eso mismo, como agente que trabaja por la preservación del patrimonio bibliográfico, documental y digital, buscar acercarnos a los conceptos y prácticas que involucran la conservación preventiva es fundamental.

Debemos pensar que no estamos solos, sino que somos parte de un colectivo internacional, latinoamericano cuyo oficio es uno de los más bellos, es decir, ayudamos a preservar la memoria de nuestros países.

No teníamos ninguna intención de ser innovadores y/o pioneros con este número especial, sino sólo contribuir, quizás, con otras voces dentro de este campo.

Finalmente, queremos expresar una vez más nuestro profundo agradecimiento a la Revista Electrónica de la Asociación de Bibliotecarios de Brasilia,

(16)

particularmente a la editora María Tereza Machado Teles Walter, por haber hecho posible este proyecto y ayudarnos en todo el proceso.

Agradecemos a todos los autores que estuvieron dispuestos a aceptar nuestra invitación y perseveraron a pesar de las adversidades que estamos atravesando en nuestras instituciones en ese momento.

Por supuesto, queremos expresar nuestro más profundo agradecimiento a las personas que ayudaron en este trabajo de múltiples formas: Deniz Costa, Elisangela Silva da Costa, Elizabete Alzira Silva da Costa, Eva Medvedeff, Hilda Leticia Domínguez Márquez, Kelly Castelo Branco da Silva Melo, Luciana Martins, Mariana Acorse Lins de Andrade, Marli Gaspar Bibas y Simone Paiva Okuzono.

Referências

Documentos relacionados

A publicação desse número especial é um marco no campo da elaboração de propostas alternativas para a Educação em Química, uma vez que dentre as publicações

computacional (CFD) aplicada na dispersão de nuvens de agentes tóxicos em locais públicos, o desenvolvimento de antídotos contra agentes neurotóxicos letais, o

Este artigo destaca a importância da preservação digital de conteúdos publicados em sites, aplicativos de música e redes sociais como Facebook, Instagram, Twitter, YouTube,

(1998), o patologista Friedrich Henle publicou um ensaio em que estabeleceu a hipótese de que era possível que organismos minúsculos fossem a causa de doenças.

Este estudo tem o propósito de investigar as ações implementadas, como a criação da oficina de encadernação e os métodos de combate aos insetos bibliófagos, para a

A partir deste número, enquadraremos cada risco em uma escala de priorização, alcançando assim o objetivo principal do plano de gerenciamento de riscos de

No que se refere aos produtos inibidores do crescimento e eliminação de micro- organismos, Costa e colaboradores (2011; 2014) realizaram estudos sobre a eficácia do

Serão abordados neste artigo, aspectos de atualização no campo da percepção, realizados pela proposição da percepção ecológica, tal como conceituada por