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LIÇÃO 03-2 TRIMESTRE DE 2021 O DEUS CRIADOR

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Academic year: 2022

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1 LIÇÃO 03 - 2° TRIMESTRE DE 2021

O DEUS CRIADOR TEXTO ÁUREO: No princípio criou Deus os céus e a terra. Gn 1.1 INTRODUÇÃO

O comentarista começa afirmando que “O Deus criador faz com que o homem tenha domínio sobre todas as obras de Suas mãos”.

Gn 1.26 - E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra.

Sl 8.6 - Fazes com que ele tenha domínio sobre as obras das tuas mãos; tudo puseste debaixo de seus pés.

Cl 1.16,17 - Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele.

Esse “domínio” tem sido bem debatido ao longo dos séculos, por pessoas mais sensíveis às causas dos ecossistemas, porque o estar “debaixo de seus pés” nunca significou autorização divina para depredação, maus tratos, ingerência, manipulação indigna e atos de destruição das obras criadas por Deus, mas, antes, um compromisso responsável de gerência e uso sustentável

Gn 2.15 - E tomou o Senhor Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar.]

NVI - O Senhor Deus colocou o homem no jardim do Éden para cuidar dele e cultivá-lo.

NAA - O Senhor Deus tomou o homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar.

NVT - O Senhor Deus colocou o homem no jardim do Éden para cultivá-lo e tomar conta dele.

NTLH - Então o SENHOR Deus pôs o homem no jardim do Éden, para cuidar dele e nele fazer plantações.

A mensagem cristã não começa com: “Aceite a Jesus como Salvador”, Mas com: “No princípio, criou Deus os céus e a terra”, Gn 1.1. Cristo estava na criação trazendo todas as coisas à existência, e deseja que tenhamos esta percepção mais estendida dEle. Aceitar a Cristo é também conhecer Sua Palavra em profundidade e comprometer-se com tudo que lhe é caro. Como Ele criou tudo com perfeição e para louvor de Sua glória precisamos nos lembrar disto na relação com todas as coisas criadas.

Jo 1.1-3 - No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.

Êx 15.11 - Ó Senhor, quem é como tu entre os deuses? Quem é como tu glorificado em santidade, admirável em louvores, realizando maravilhas?

Sl 8.1,9 - Ó SENHOR, Senhor nosso, quão admirável é o teu nome em toda a terra, pois puseste a tua glória sobre os céus! [...] Ó Senhor, Senhor nosso, quão admirável é o teu nome sobre toda a terra!

Sl 99.3 - Louvem o teu nome, grande e tremendo, pois é santo.

Sl 139.14 - Eu te louvarei, porque de um modo assombroso, e tão maravilhoso fui feito; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem.

Jr 10.6 - Ninguém há semelhante a ti, ó Senhor; tu és grande, e grande o teu nome em poder.

Esta lição é um chamado para meditarmos na grandeza e no poder de Deus observando as coisas criadas. E também para nos posicionarmos em relação àquilo que nós acreditamos. Há um amplo debate na atualidade sobre este assunto, inclusive com uma polaridade bem extremada, que tem gerado posições antagônicas radicais e agressivas. Há muito tempo que a educação escolar abandonou o criacionismo como uma visão de mundo capaz de explicar a existência de todas as coisas, relevando os escritos bíblicos ao nível

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2 de “mito fundador” e apenas a evolução tem lugar nas cátedras. Com isso, gerações e gerações de pessoas tem sido formadas, secularmente, para rejeitar a Bíblia e seus ensinos.

As questões em torno do evolucionismo e do criacionismo são bem sérias. E o modo como nos posicionamos em relação a estes partidos mostra o entendimento que temos das Escrituras [E seu autor é o Deus que não pode mentir]. Esse é um momento importante que Deus preparou para nós para falarmos sobre isto. Que seja um estudo relevante e edificante, para a Glória dEle!

1. DEUS CRIOU OS CÉUS E A TERRA

Deus - o Deus de Abraão, Isaque e Jacó - o Deus da Bíblia Sagrada é o Criador de tudo o que existe.

É nisto que cremos, pela fé. Entendemos que Deus criou o mundo, através de Sua soberana vontade e por seus eternos desígnios, isso porque acreditamos na existência de um Deus criador e que tudo que existe, seja no mundo visível ou invisível, é obra da Trindade. Mas, observe o que o comentarista coloca para nós no início deste primeiro tópico: “Não há base bíblica para qualquer linha de raciocínio que não considere Deus como sendo a causa primeira e original do universo e da vida”.

A religião, ou a ausência dela, produz distintas cosmovisões [modo de ver e entender o mundo]. O embate entre o a crença em um Deus criador de todas as coisas e todas as demais teorias é, no final, também uma disputa religiosa. Um “duelo de titãs”. Não há assunto, tema, matéria que seja filosófica ou espiritualmente neutro, definitivamente. Nada pode ser considerado ingênuo ou sem segundas intensões.

Inclusive as teorias científicas. Na atualidade, persiste um pensamento dominante de que a crença religiosa é incompatível com a ciência e tornou-se impossível para o ser humano sustentar um pensamento lógico racional, ao mesmo tempo que defende uma fé religiosa.

Pensar de maneira cristã e defender a abordagem criacionista bíblica é um grande desafio e exige investimento de esforço, mas, somente assim pode-se responder, de modo incisivo e impactante, à cultura contemporânea e ajudar essa cultura a responder, graciosamente, ao Cristo da fé.

1Pe 3.15 - Antes, santificai ao Senhor Deus em vossos corações; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós.

Neste primeiro tópico vamos pensar um pouco no Deus Pai, o Deus criador que fez o mundo e tudo que nele há, como também vamos meditar na Palavra criadora. Daremos um toque pessoal na atuação do Espírito Santo na ordem da criação apenas para fechar o círculo, e, então comentaremos o item 1.3 sobre a satisfação de Deus por tudo o que foi criado.

1.1. O Deus que fez o mundo e tudo que nele há

At 17.24 - O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens;

Pv 3.19 - O Senhor, com sabedoria fundou a terra; com entendimento preparou os céus.

Am 4.13 - Porque eis aqui o que forma os montes, e cria o vento, e declara ao homem qual seja o seu pensamento, o que faz da manhã trevas, e pisa os altos da terra; o Senhor, o Deus dos Exércitos, é o seu nome.

Jr 10.12 - Ele fez a terra com o seu poder; ele estabeleceu o mundo com a sua sabedoria, e com a sua inteligência estendeu os céus.

Sl 24.1,2 - Do Senhor é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam. Porque ele a fundou sobre os mares, e a firmou sobre os rios.

Quando se estuda a ciência, confrontando seus principais ensinos com as Escrituras, pode-se retirar muitas conclusões de grande significado prático para nossos dias, que vão corroborar para o entendimento da cosmogênese [explicação dos origens, do princípio do universo], a partir da visão cristã de mundo. A

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3 cosmovisão cristã [o modo cristão de enxergar o mundo] existe, e subsiste, ao lado de outras visões de mundo não cristãs. Nossa afirmativa é a de que a posição cristã difere das outras a respeito da criação por ser a única verdadeira, plausível, confiável, e que apresenta respostas coerentes aos questionamentos humanos a esse respeito. a Bíblia

Mas a pergunta é: Quais são as provas bíblicas de que o Universo foi criado por Deus? Então, partimos do princípio de que temos uma explicação bíblica em inúmeras passagens, a começar por Gn 1.1, nosso texto áureo. Com base nestas afirmativas, que estão presentes em inúmeros outros versículos de mesma natureza, vamos submetendo o texto bíblico ao exercício da razão e a seriedade e sobriedade da Palavra de Deus vai se desenrolando diante dos nossos olhos.

Pela fé entendemos que Palavra de Deus revelada, inspirada e registrada na Bíblia Sagrada é inerrante, infalível, não se contradiz, é imutável, eterna e santa. A Bíblia é um livro historicamente correto, preciso, superiormente consistente e coerente, como afirma Adauto Lourenço. “A história nela contida é autêntica e verdadeira. Tudo o que ela relata ocorreu no tempo e no espaço: numa hora específica de um dia específico, de um mês específico, de um ano específico, num lugar específico”1. Nisso cremos. E porque cremos, entendemos como comprobatório o primeiro versículo da Bíblia, que afirma: No princípio criou Deus os céus e a terra, Gn 1.1. Os demais versículos de Gn 1 e 2 continuam narrando, de diferentes modos, a dinâmica divina da criação de todas as coisas.

Nossa afirmativa é a de que todas as coisas foram criadas por Deus e também para Ele, tanto nos céus como na terra, visíveis e invisíveis. A Bíblia tem respostas que explicam a criação e nem por isso estão em desarmonia com a ciência. Muito pelo contrário, quanto mais ciência, mais comprovações das verdades bíblicas fundamentais. Então, podemos meditar nos versículos seguintes, tanto do Antigo quanto do Novo Testamento, porque por toda Bíblia o testemunho de Deus é um só, e assim encontrar neles uma diretriz segura para pensarmos sobre a criação divina:

Ex 20.11 - Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o Senhor o dia do sábado, e o santificou.

Jó 12.8,9 - Ou fala com a terra, e ela te ensinará; até os peixes do mar te contarão. Quem não entende, por todas estas coisas, que a mão do Senhor fez isto?

Jó 26.7 - O norte estende sobre o vazio; e suspende a terra sobre o nada.

Sl 89.11 - Teus são os céus, e tua é a terra; o mundo e a sua plenitude tu os fundaste.

Sl 95.5 - Seu é o mar, e ele o fez, e as suas mãos formaram a terra seca.

Sl 102,25 - Desde a antiguidade fundaste a terra, e os céus são obra das tuas mãos.

Sl 104.5 - Lançou os fundamentos da terra; ela não vacilará em tempo algum.

Is 40.26 - Levantai ao alto os vossos olhos, e vede quem criou estas coisas; foi aquele que faz sair o exército delas segundo o seu número; ele as chama a todas pelos seus nomes; por causa da grandeza das suas forças, e porquanto é forte em poder, nenhuma delas faltará.

Is 45.12 - Eu fiz a terra, e criei nela o homem; eu o fiz; as minhas mãos estenderam os céus, e a todos os seus exércitos dei as minhas ordens.

Is 48.13 - Também a minha mão fundou a terra, e a minha destra mediu os céus a palmos; eu os chamarei, e aparecerão juntos.

Ne 9.6 - Só tu és Senhor; tu fizeste o céu, o céu dos céus, e todo o seu exército, a terra e tudo quanto nela há, os mares e tudo quanto neles há, e tu os guardas com vida a todos; e o exército dos céus te adora.

At 4.24 - E, ouvindo eles isto, unânimes levantaram a voz a Deus, e disseram: Senhor, tu és o Deus que fizeste o céu, e a terra, e o mar e tudo o que neles há.

At 7.50 - Porventura não fez a minha mão todas estas coisas?

1 LOURENÇO, Adauto. Gênesis 1 & 2: a mão de Deus na criação. São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2011, p. 26.

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4 At 14.15 - E dizendo: Senhores, por que fazeis essas coisas? Nós também somos homens como vós, sujeitos às mesmas paixões, e vos anunciamos que vos convertais dessas vaidades ao Deus vivo, que fez o céu, e a terra, o mar, e tudo quanto há neles.

Hb 1.10 - E: Tu, Senhor, no princípio fundaste a terra, E os céus são obra de tuas mãos.

1.2. O poder da Palavra de Deus exercitada

Hb 11.3 - Pela fé entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente.

Sl 33.6,8,9 - Pela palavra do Senhor foram feitos os céus, e todo o exército deles pelo espírito da sua boca.

Tema toda a terra ao Senhor; temam-no todos os moradores do mundo. Porque falou, e foi feito; mandou, e logo apareceu.

O poder criador da Palavra está devidamente registrado nas Escrituras para ensino nosso. O Senhor falou e as coisas passaram a existir. Conforme deixou registrado Harris (e outros):

A palavra de Deus é criativa. Gênesis 1 usa a frase “Deus disse” (´āmar) dez vezes. E metade delas

“Deus disse: haja”, e então aquilo se sucedeu. Em outras vezes “deus disse: haja” e então deu prosseguimento à criação. Esta palavra criadora de Deus é reconhecida no Salmo 33.9: “Ele falou (´āmar) e tudo se fez; ele ordenou e tudo passou a existir”. O termo paralelo “ordenou” (tsāwâ) e o caso de Gênesis 1 podem dar-nos uma palavra de alerta contra a idéia de que a “palavra criadora realiza o que ele diz”, como se tal palavra tivesse um poder independente de Deus. Ao invés disse, é Deus, o Criador, que faz a sua vontade. Esta vontade divina é expressa em palavras de ordem que são eficazes porque Ele assim as fez2.

Naquele momento único Jesus (o Verbo que se fez carne de João 1) e o Espírito do Deus Criador atuavam na criação do mundo, juntamente com o Deus Pai. Vamos ver apenas algumas traduções diferentes deste mesmo versículo, que foca em Jesus Cristo como a Palavra de Deus.

Jo 1.1 – NVI - No princípio era aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus, e era Deus.

Jo 1.1 – BKJ - No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus, e a Palavra era Deus.

Jo 1.1 – NTLH - No começo aquele que é a Palavra já existia. Ele estava com Deus e era Deus.

De Gênesis a Apocalipse Jesus é apresentado como a Palavra, o logos divino (termo grego para Palavra). Há muita discussão teológica e filosófica a este respeito, mas ficaremos aqui, por enquanto, somente com a constatação de que Ele é a Palavra em toda a Escritura. Em Apocalipse 19.13 caminhamos para um fechamento da apresentação de Jesus como a Palavra, quando João, o mesmo que escreveu o Evangelho, vai afirmar: E estava vestido de uma veste salpicada de sangue; e o nome pelo qual se chama é a Palavra de Deus.

E aí podemos caminhar um pouco mais com a questão do poder da Palavra de Deus em exercício. Os membros da Trindade interagem nas ações criadoras. Há uma espécie de “conselho” entre o Pai, o Filho, e o Espírito Santo e na criação descrita em Gênesis foi assim. Cada vez que se lê em Gênesis, “disse Deus”, vemos Jesus presente, pois Ele é a Palavra! E: “pela fé entendemos que os mundos foram criados pela palavra de Deus”(Hb 11.3). O que vemos neste trecho das Escrituras é uma progressão: O Deus criador falou e tudo foi feito. Em seguida temos a apresentação de quem estava por trás do “fazer acontecer”? É o Espírito Santo, que “pairava” sobre a face das águas (Gn 1.2). O que vemos então é o Deus Pai projetando e trazendo a existência pela Palavra – o Deus Filho – e a execução de tudo através do Deus Espírito Santo que as executou,

2 HARRIS, R, Laird; ARCHER JR, Gleason L; WALTKE, Bruce K. Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento.

1ª edição. São Paulo: Edições Vida Nova, 1998, p. 91.

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5 pois, seu trabalho particular é produzir vida, Ele mesmo é quem conserva e renova a vida, ainda hoje a terra subsiste porque o Espírito Santo continua mantendo a vida na face da terra. Isto é interação!

Jesus Cristo é a Palavra que se tornou carne. Aquele que trouxe a existência tudo que há, ao assumir forma humana e se fazer carne e sangue, nos traz algo novo e surpreendente que é a possibilidade da criatura humana tocar o sobrenatural e experimentar o impossível: Nascer de novo. Ao sermos limpos pela Palavra podemos nos enxergar através de Jesus. Ele, a palavra viva, mostra quem realmente somos, o que devemos ser e o que podemos ser. Nós precisamos da Palavra corretiva antes de experimentar a limpeza e a Palavra de Deus provê ambos os aspectos.

A Palavra age como um espelho, Tg 1.23-25 um verdadeiro reflexo do que somos diante de Deus, mas ao mesmo tempo é a água que reflete e nos torna limpos, Pv 27.19 e Ef 5.26. O cristão começa sua nova vida em Cristo ao nascer de novo pela palavra da verdade (Tg 1.18 - Segundo a sua vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como primícias das suas criaturas). A nova vida em Cristo requer que abandonemos toda impureza moral e que sejamos resolutos quanto à prevalência da Palavra de Deus em nosso coração. O termo original aqui é emphutos, literalmente “implantado” e dá a entender que a Palavra precisa tornar-se parte da nossa própria natureza. A Palavra implantada nos leva à salvação final, Mt 13.3-23; Rm 1.16; 1Co 15.2; Ef 1.13; Jo 6.54 - continuamos a ter vida espiritual à medida que permanecemos no Cristo vivo e na sua Palavra.

Há muito que precisamos saber sobre a Palavra criadora e também sobre o seu poder de fazer novas todas as coisas. É difícil para nós entendermos algumas coisas relativas a esta Palavra em exercício na criação do mundo, como sendo uma pessoa e algumas vezes ficam mais dúvidas que respostas, todavia, deveríamos nos interessar por entender o máximo que pudermos, pois no conhecimento de Deus está a nossa vida e na falta dele, nossa destruição.

Antes de vir para a Terra, “a Palavra” viveu no princípio com Deus e era o próprio Deus. Este é um paradoxo além de uma explicação: como pode alguém estar com Deus e ainda assim ser Deus? O que se reúnem a partir do primeiro versículo é que “a Palavra”, que é tanto o Filho de Deus e Deus, viveu em comunhão face a face com Deus Pai. O último versículo do prólogo (João 1:18) nos diz que o filho estava no seio do Pai. Na oração de intercessão de Jesus (Jo 17) Ele revelou que o pai o amava antes da fundação do mundo. Não podemos imaginar a extensão da sua união e comunhão3.

Sl 119.105 - Lâmpada para os meus pés é a Tua palavra e luz para o meu caminho.

Sl 119.116 - Sustenta-me conforme a tua palavra, para que viva, e não me deixes envergonhado da minha esperança.

Sl 119.160 - A tua palavra é a verdade desde o princípio, e cada um dos teus juízos dura para sempre.

Jo 17.17 - Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade.

Ef 1.13 - Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa.

UMA ABORDAGEM EXTRA: O Espírito Santo criador.

O Pai criou, o Filho criou e o Espírito Santo criou, mas não são três criadores e sim, um único Deus e Senhor criador de todas as coisas. Ele é o Senhor de tudo, aquele que não foi criado é o criador dos céus e da

3 Cf. Citando as fontes: Holman Treasury of Key Bible Words de Eugene E. Carpenter e Philip W. Comfort. o Blog bibliotecabiblica, traz uma breve exegese de João 1 de interesse aqui. Não consegui localizar o provedor desta página, se alguém souber a origem e puder reportar agradeceria muito. Disponível em: https://bibliotecabiblica.blogspot.com/2009/12/palavra-joao- 11-significado-original.html. Acesso em: 12/04/2021.

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6 terra. Tudo Deus criou pela Palavra, fora disto o que vemos acontecer é Ele, o Deus Pai, convocar o Conselho divino lhes apresentar a pauta: “Façamos o Homem”, como um semelhante, ou seja conforme a Imago Dei, e este capítulo inicial em nossas Bíblias, além de nos apresentar a abertura da emocionante história da criação também vai lançar o fundamento de tudo que vem depois.

Gn 1.1,2 - No princípio criou Deus os céus e a terra. E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas.

Este versículo 2 pode passar desapercebido por muitos, quanto a seu significado e abrangência. Ele nos diz que a terra era sem forma e vazia e Espírito pairava sobre a face das águas. Podemos perceber aqui que o terra existe porque em meio ao caos o Espírito Santo executou a Sua obra, transmitiu (produziu) e conservou a vida.

Sl 104.30 - Envias o teu Espírito, e são criados, e assim renovas a face da terra.

Agora, observe como este versículo 2 está escrito na Bíblia Peshita:

Gn 1.2 – E a terra era o caos e o vazio, e havia trevas sob a superfície do abismo profundo, e o Espírito de Deus incubava sobre a superfície das águas.

Isto, realmente, amplia muito nossa visão. Observando as palavras hebraicas e aramaicas para este mover do Espírito sobre a face das águas vemos que o termo pode ser entendido como: criava, cuidava, cobria, abrigava, pairava sobre, rondava, movia-se suavemente de um lado para outro, criava ondas, agitava. Também o verbo incubar nos dá a ideia de trabalhar para preservar a vida; fornecer tudo o que for necessário para manter a vida. Eis a obra do Espírito de Deus! O Espírito Santo é quem dá, conserva e renova a vida, sendo o Seu trabalho particular o de produzir vida.

A terra subsiste porque o Espírito Santo dá vida e renova a face da terra. Pense que Sua obra se estendeu e continua para muito além daquele momento fundante. Ele estava no princípio gerando vida e ainda o temos, agindo ativamente em todo ecossistema existente. Apesar da devastação aberrante o Espírito Santo concede que a vida continue. Em Gn 8.22 lemos: Enquanto a terra durar, sementeira e sega, e frio e calor, e verão e inverno, e dia e noite, não cessarão. E sabemos que isto só é possível por conta da atuação do Espírito de Deus. Apenas Deus, que formou a terra e tudo o que nela há tem o domínio e o poder para decidir sobre seu presente e seu futuro.

O ser humano vivente foi infundido do espírito, que veio da parte de Deus. Cada comunicação do ser humano com Deus ocorre, exatamente, ali, em seu espírito. O espírito humano é o solo sagrado onde ele se encontra com Deus e passa viver em Sua presença. Esse espírito humano, agora morada do Deus vivente, abrigará o Espírito de Deus [Espírito Santo] enquanto o ser humano regenerado, for fiel, digno hospedeiro daquele que vem da parte de Jesus Cristo.

Jó 33.4 - O Espírito de Deus me fez; e a inspiração do Todo-Poderoso me deu vida.

Zc 12.1 - Peso da palavra do Senhor sobre Israel: Fala o Senhor, o que estende o céu, e que funda a terra, e que forma o espírito do homem dentro dele.

2Co 2.11 - Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está?

Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus

Também a igreja somente existe por causa do Espírito Santo. Só existe vida espiritual por causa do Espírito Santo. Às vezes, na igreja, os corações estão como a terra original, devastada, sem forma e vazia.

Mas, mesmo que haja caos, tragédia, que as coisas estejam sem forma e vazia, complicadas, o Espírito Santo não deixa de pairar. Ainda hoje o Espírito Santo não deixa de fazer a sua obra. Desde o dia de Pentecostes Ele está aqui. Sempre agiu e sempre vai agir, mesmo nas densas trevas nunca deixou de agir. Ele só vai voltar para o céu quando a igreja for arrebatada. Enquanto isso o caos pode ser do jeito que for, Ele não vai abandonar a igreja, não vai abandonar o ser humano, não vai abandonar a Criação.

Só para fechar este assunto por aqui: a palavra ruah (pronuncia-se ruarr) que aparece neste versículo 2 (Ruah Elohim) significa vento, fôlego ou espírito. Neste verso não se trata de algum vento natural criado

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7 para incidir sobre a criação e assim separar coisas como água e terra, mas fala do poder da pessoa de Deus

“pairando” ou “se movendo” sobre a face das águas enquanto a terra está ainda sem forma e vazia. Querendo nos fazer entender que, enquanto Deus fala do seu trono no céu o Espírito de Deus, através do Verbo de Deus está fazendo algo. O que o Espírito de Deus faz é trazer forma onde não há forma, e completude em meio ao vazio, trazendo plenitude ao que “viria ser” durante os dias da criação. Tal era o ministério do Espírito Santo, dar forma ao que não tinha forma e dar plenitude ao vazio. A partir daí o restante é uma descrição de como o que era informe tomou forma e todas as coisas vieram a existência, preenchendo o vazio, enquanto o Espírito trabalhava em articulação com o Verbo. Desde então, onde o Espírito Santo pode executar a sua Obra, onde não há forma ou se tornou disforme toma forma de modo que se torna útil e agrega valor, e, o vazio torna-se mais e mais cheio de plenitude.

1.3. A satisfação de Deus por tudo que foi criado

Em sua forma original tudo era bom. Tudo o que Deus fez era absolutamente bom, mas com a queda os seríssimos problemas para a vida começaram, até mesmo para a natureza criada que foi subjugada e levada ao precipício juntamente com o ser humano, sem escolha, e, o gemer da criação pode ser ouvido pelo desenrolar dos séculos, desde o Éden, entendido como a degradação do que foi criado para ser bom e que era totalmente bom.

Gn 1.31 - E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom; e foi a tarde e a manhã, o dia sexto.

Esta passagem nos relata a satisfação de Deus pela obra pronta. Temos aqui a aprovação e a conclusão de toda a obra da criação. Para Deus, a ela é perfeita. E se Ele a começa, também trará um fim, em providência e graça, como na criação

Fp 1.6 - Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo.

Segundo escreveu Matthew Henry:

Tudo o que Deus fez foi bem feito, e não houve nenhuma imperfeição nem defeito. 1. Era bom. Bom, porque tudo estava de acordo com o pensamento do Criador, exatamente como Ele queria que fosse.

Quando a transcrição veio a ser comparada com o grande original, achou-se exata, sem errata nela, nenhum traço fora do lugar. Bom, porque correspondia à finalidade de sua criação, e é adequado para o propósito para o qual foi criado. Bom, porque era útil ao homem, a quem Deus havia designado senhor da criação visível. Bom, porque tudo é para a glória de Deus. Esta avaliação está presente em toda a criação visível, a qual é uma demonstração da existência e da perfeição de Deus, e que tende a gerar, na alma do homem, um respeito religioso pelo Senhor, e uma veneração a Ele. 2. Era muito bom. Da obra de cada dia (exceto o segundo) é dito que era bom. Mas agora, era muito bom. Porque: (1) Agora o homem estava feito, aquele que era o principal dos meios de Deus, que foi designado para ser a imagem visível da glória do Criador e a boca da criação em seus louvores. (2) Agora tudo estava feito.

Todas as partes eram boas, mas tudo reunido era muito bom. A glória e a bondade, a beleza e a harmonia das obras de Deus, tanto da providência como da graça, como estas da criação, se manifestarão melhor quando forem aperfeiçoadas4. (grifo nosso)

Henry prossegue afirmando que não podemos deixar de pensar que Deus poderia ter feito o mundo em um instante. Do mesmo modo que Ele disse: Haja luz, e houve luz, Ele poderia ter dito: “Haja um mundo”, e teria havido um mundo, em um instante, em um piscar de olhos. Mas o Senhor o fez em seis dias, segundo sua soberana vontade, para que pudesse se revelar como um agente livre, fazendo a sua própria obra tanto do

4 HENRY, Matthew. Comentário bíblico, Antigo Testamento: Gênesis a Deuteronômio. Edição completa. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p. 10-11.

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8 seu próprio modo com em seu próprio tempo, para que a sua sabedoria, o seu poder e a sua bondade pudessem ser revelados a nós, e serem meditados por nós, o mais distintamente, e também para que Ele pudesse nos dar um exemplo de trabalhar seis dias e descansar no sétimo. Portanto, assim temos o motivo do quarto mandamento.

O dia de repouso contribuiria para manter a religião no mundo, tanto que Deus lhe deu atenção no momento de sua criação. E agora, assim como Deus revisou sua obra, revisemos nossas meditações a respeito dela, e descobriremos que são muito imperfeitas e defeituosas, e que nossos louvores são frágeis e insípidos.

Movamo-nos, portanto, com tudo o que está dentro de nós, para adorar aquele que fez o céu, a terra, o mar, e as fontes de águas, de acordo com o teor do Evangelho eterno, que é anunciado a todas as nações, Apocalipse 14.6,7. Todas as suas obras, em todos os lugares de seu domínio, o bendigam. Portanto, bendize ao Senhor, ó minha alma!5

Lembremo-nos, contudo, que Deus satisfaz-se consigo mesmo. Deus não depende de qualquer outro além de si mesmo e a criação em si não é o que o satisfaz, como diria Jonathan Edwards, pois não é o que Ele recebe de suas criaturas o glorificam, mas o prazer de comunicar a eles a sua própria glória. Isso quer dizer que a criação em si não é o que o seu maior prazer, mas o que ela comunica sobre Ele é o que lhe agrada. Ele na verdade é o único que pode dizer: “Eu sou o máximo” e isso não soaria egoísta, nem pedante.

O deleite que Deus tem em sua própria glória não é impróprio porque é uma manifestação do que é infinitamente bom e benevolente. Deus viu que era bom, sabia que era bom, entendia a dimensão do quanto era bom e estava certo de que tudo, absolutamente tudo que havia feito era completamente bom, porque Ele é bom em essência.

Sl 33.13-15 - O Senhor olha desde os céus e está vendo a todos os filhos dos homens. Do lugar da sua habitação contempla todos os moradores da terra. Ele é que forma o coração de todos eles, que contempla todas as suas obras.

Sl 103.22 - Bendizei ao Senhor, todas as suas obras, em todos os lugares do seu domínio; bendize, ó minha alma, ao Senhor.

Sl 135.3 - Louvai ao Senhor, porque o Senhor é bom; cantai louvores ao seu nome, porque é agradável.

Sl 145.9 - O Senhor é bom para todos, e as suas misericórdias são sobre todas as suas obras.

Na 1.7 - O Senhor é bom, ele serve de fortaleza no dia da angústia, e conhece os que confiam nele.

At 15.18 - Conhecidas são a Deus, desde o princípio do mundo, todas as suas obras.

2. HOMEM: CRIAÇÃO DE DEUS

Gn 1.26,27 - E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra. E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.

Gn 2.7 - E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente. Ler Gn 2.18-4 – relato da criação da mulher.

A diferença do ser humano para os demais seres criados reside em sua feitura especial. Neste tópico vamos debruçar um pouco sobre a criação do ser humano no momento da conclusão de todas as coisas criadas.

Tanto que é dado ao homem e a mulher o título de obra prima da criação. A magnitude do Deus Criador se expressa em sua obra máxima: o ser humano.

5 Idem, p. 11.

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9 Gn 5.1,2 - Este é o livro das gerações de Adão. No dia em que Deus criou o homem, à semelhança de Deus o fez. Homem e mulher os criou; e os abençoou e chamou o seu nome Adão, no dia em que foram criados.

Dt 4.32 - Agora, pois, pergunta aos tempos passados, que te precederam desde o dia em que Deus criou o homem sobre a terra, desde uma extremidade do céu até à outra, se sucedeu jamais coisa tão grande como esta, ou se jamais se ouviu coisa como esta?

Sl 95.6 - Ó, vinde, adoremos e prostremo-nos; ajoelhemos diante do Senhor que nos criou.

Is 51.12,13 - Eu, eu sou aquele que vos consola; quem, pois, és tu para que temas o homem que é mortal, ou o filho do homem, que se tornará em erva? E te esqueces do Senhor que te criou, que estendeu os céus, e fundou a terra, e temes continuamente todo o dia o furor do angustiador, quando se prepara para destruir; pois onde está o furor do que te atribulava?

O relato descrito em Gn 1.26-28 e Gn 2.7, 18-24 a respeito da criação do ser humano no sexto dia da criação deixa claro alguns pontos fundamentais:

▪ A criação do homem foi precedida por um solene conselho divino: “Façamos...”

▪ Foi um ato imediato de Deus, sendo o homem criado à imagem e semelhança de Deus. Ele foi feito semelhante a Deus nos poderes morais e espirituais. Ele recebeu capacitação de pensar e sentir, de se comunicar com os outros, de discernir e discriminar, e, até um certo ponto de determinar o seu próprio caráter.

▪ Somente o homem recebeu o sopro de Deus. O corpo do homem foi feito do pó da terra, enquanto o seu espírito veio do próprio fôlego de Deus. O homem é, literalmente, uma criatura de dois mundos; ambos, a terra e os céus têm direitos sobre ele.

▪ O homem é um ser moral, sendo distinto dos animais por possuir livre arbitro e consciência.

▪ A ambos, homem e mulher, foi dado o domínio universal sobre a natureza e os seres vivos. Pode- se ver em Gn 1.27,28, Deus se referindo a eles através dos pronomes no plural: “Deus os abençoou e lhes disse...”.

▪ A partir da criação do homem e da mulher, têm-se estabelecido a base completa para o casamento monogâmico, sendo este instituído por Deus sob o governo civil e religioso constituído por Deus (Gn 2.23,24).

2.1. Formou o Senhor Deus o homem à Sua imagem

O foco neste item é a criação peculiar do homem e a mulher; a comunhão entre eles e Deus; a perda da comunicação no pós queda e a apresentação do plano de redenção. Pela especificidade de sua criação o ser humano mantinha uma comunicação admirável com o Criador. Observe o que escreveu Mark Ross sobre essa questão do ser humano criado conforme a imagem de Deus, que por semelhança e proximidade podia também manter intimidade com o Deus de toda terra:

Quando Deus faz o homem, ele quebra o padrão que estabeleceu durante a criação de seres vivos conforme a sua espécie. A menção repetida dez vezes deste padrão nos leva a esperá-la em cada nova criatura viva que aparece, mas algo completamente diferente acontece quando o homem é feito, ele não é criado “conforme a sua espécie”. Também não é criado conforme qualquer outra espécie entre os seres vivos. Dessa forma, o homem não pertence às suas espécies, qualquer que sejam as semelhanças que existam entre ele e as outras criaturas. Em uma linguagem científica moderna, ele não é uma espécie em particular dentro de um determinado gênero de criaturas viventes. O homem é diferente de quaisquer outros seres vivos (versículo 26). Por mais surpreendente que seja, o homem é criado conforme a

“espécie” de Deus, criado à imagem de Deus (imago Dei). O homem, assim como Deus, é um ser pessoal. O próprio Deus, segundo a Bíblia revela mais tarde, é três pessoas que compartilham uma única essência divina. As pessoas humanas são seres criados e, nesse sentido (como em outros), são semelhantes e compartilham características com os outros seres criados. Mas o que é mais importante

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10 sobre a pessoa humana é a sua semelhança com Deus. Essa semelhança é tão especial que os diferencia de todas as outras criaturas que Deus fez. O homem não é feito conforme as suas espécies, ele é feito conforme a “espécie” de Deus. Em outras palavras, o homem é criado à imagem e semelhança de Deus6.

Concernente ao estudo da imagem divina no homem (Gn 1.26,27), é necessário reafirmar, como já temos falado em outros momentos, duas verdades fundamentais: 1) a “imagem divina” não quer dizer que o homem foi criado representando a forma física de Deus, pois o Senhor é espírito, eterno e imutável (Jo 4.23,24;

Lc 24.39); 2) a “imagem divina” não equivale a uma participação essencial na divindade, pois “imagem” e

“semelhança” não significam “divinização”. Portanto, deve-se evitar dois sérios equívocos: atribuir a Deus corpo físico, e elevar o homem à classe divina. Entretanto, a imagem de Deus está dividida em duas categorias:

natural e moral. A natural representa a personalidade com todos os atributos. A moral, por sua vez, diz respeito à constituição moral do homem7.

Esse ser criado conforme a “espécie” de Deus, também conversa com Ele na viração do dia, no final da tarde, ao pôr do sol. Jamais poderemos entender como isto acontecia e a grandeza deste momento de comunhão especial, nunca mais vivido; nem o cenário deslumbrante do Jardim do Éden neste momento de explosão de luzes, cores e uma beleza indizível. Se já nos encantamos com tanta beleza na viração do dia em nosso mundo caído imagine naquele Jardim. É certo que ainda hoje as pessoas só se dão conta do que perderam depois de perder, mas essa, sem dúvida foi a maior de todas as perdas do ser humano após sua criação.

Gn 3.8 - E ouviram a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim pela viração do dia; e esconderam-se Adão e sua mulher da presença do Senhor Deus, entre as árvores do jardim.

Imagino que a solidão, a sensação de desamparo, o desapontamento consigo mesmo, a deformação da Imago Dei, provocados pela quebra da aliança e da ausência de Deus, tenha sido devastadora e para sempre haveriam de conviver que essa sensação estranha, doída, desconfortável que alguns chamam de crise existencial e outros de saudade da viração do dia. Mas havia uma promessa...

Gn 3.14,15 - Então o Senhor Deus disse à serpente: Porquanto fizeste isto, maldita serás mais que toda a fera, e mais que todos os animais do campo; sobre o teu ventre andarás, e pó comerás todos os dias da tua vida. E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.

Na NTLH lemos: Eu farei com que você e a mulher sejam inimigas uma da outra, e assim também serão inimigas a sua descendência e a descendência dela. Esta esmagará a sua cabeça, e você picará o calcanhar da descendência dela. Aqui tem-se a primeira indicação da intenção redentora de Deus após a queda no jardim do Éden. É a pregação do Evangelho eterno que se abre para nós nas primeiras páginas da Bíblia.

Adão e Eva falharam em obedecer, Deus não os destruiu, mas em vez disso revelou Seu pacto da graça, prometendo um descendente bendito, o Salvador que haveria de esmagar a cabeça da serpente, aquele que restauraria o reino recentemente destruído.

O calcanhar ferido do Salvador, evidentemente, é uma metáfora, tal qual, o esmagamento da cabeça da serpente, mas é evidente que isso envolve astucia, ardil, trama de morte por parte do tentador e dor, sofrimento e o derramamento de sangue substitutivo, por parte do salvador. Para no final o Cristo glorioso ressurgir vitorioso de entre os mortos, tendo satanás esmagado debaixo dos seus pés. Sangue precisa ser derramado para que o pecado possa ser perdoado. O caminho para a restauração da Imagem de Deus no ser

6 ROSS, Mark. Imago Dei. Disponível em: https://ministeriofiel.com.br/artigos/imago-dei/. Acesso em: 12/04/2021.

7 ANDRADE, Claudionor Corrêa de . As verdades centrais da fé cristã. Lições Bíblicas Jovens e Adultos. Rio de Janeiro: CPAD, 4º Trimestre de 2006.

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11 humano passa pelo sacrifício vicário do Senhor Jesus Cristo: “sem derramamento de sangue não há remissão de pecados” (Hb 9.22). Da serpente do Éden ao grande dragão do Apocalipse o diabo continua sua obra ininterrupta de roubo, morte e destruição, Jo 10.10. Mas, Jesus continua a doar vida em abundância q quem o recebe.

O certo é que a comunicação de Deus com o ser humano nunca foi de todo interrompida. O afastamento brusco depois da queda é minimizado com a revelação escrita, a Bíblia, e de sua revelação pessoal, como Cristo, o Senhor. Na verdade, Deus se comunica com o ser humano, porque Ele quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade (1Tm 2.4). Hoje, Ele não nos visita mais na viração do dia para nos relacionarmos com Ele, mas, habita em nós e podemos estar plenamente aliançados com Ele a qualquer hora e em qualquer lugar.

Ef 2.13 - Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto.

1Co 3.16 - Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?

1Co 6.19 - Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?

2.2. Formou o Senhor Deus o homem do pó da terra

Temos agora em destaque o ser humano criado e seu lugar sobre as obras de Deus. Depois de todas as coisas terem sido trazidas a existência e divinamente ordenadas, aprouve a Deus formar, do pó da terra, com suas próprias mãos, uma criatura especial que estivesse em posição de “domínio” sobre toda criação (já vimos anteriormente sobre este domínio e seus limites).

A ciência tem se debatido sobre as propriedades suspeitamente pró-vida da argila (barro) e muitos estudos demonstram o intrincado processo da reunião de partículas deste

elemento se juntando para a formação das moléculas orgânicas e células. Tais estudos, porém, são muito polêmicos e muitas acusações são feitas aos “criacionistas”, de que estão se aproveitando e deturpando estudos científicos para justificar a criação do homem a partir do pó da terra. Mas será que precisamos mesmo que a ciência comprove que o ser humano foi formado desta maneira?

Sobre a questão da crítica aos criacionistas, ou as instituições cristãs por aqueles que lhes são contrários, vale seguir a orientação de A. W. Tozer: “Não defenda a sua igreja ou instituição contra a crítica.

Se a crítica é falsa não pode causar dano. Se é verdadeira, você tem que ouvi-la e fazer alguma coisa respeito dela”. Então naquilo que a ciência comprova a Bíblia muito bem, é realmente uma ajuda extra, apesar de que a Bíblia nunca precisou da ciência para comprovar a si mesma. Naquilo que estão se aproveitando e usando indignamente os achados científicos para forjar uma explicação das Escrituras, que estas pessoas sejam realmente confrontadas, pois Deus não precisa de muletas e as verdades fundamentais das Escrituras são cridas, primeiramente, pela fé. Então, permanece aquilo que Deus disse: E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente, Gn 2.7. Nisso cremos, com ciência ou sem ciência.

Gn 3.19 - No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás.

Pregando sobre a generosidade como o amor em ação e chamando para uma reflexão a respeito de nossa fragilidade e incompletude, o Reverendo Hernandes Lopes afirmou algo que considero importante meditarmos neste momento:

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12 Antes de falar sobre a generosidade precisamos entender algumas verdades importantes: De onde viemos, quem somos e para onde estamos indo? A Bíblia diz que fomos formados do pó, somos pó e voltaremos ao pó. Nossa origem é pó. Nosso destino é pó. Nosso presente é pó. Em nossa origem não tínhamos nada. Para a sepultura não levaremos nada. Consequentemente, tudo o que ajuntamos entre o pó que fomos e o pó que seremos não é nosso. Nada tivemos e nada teremos. Nada trouxemos e nada levaremos. Somos apenas mordomos daquilo que é de Deus. Se estamos tomando conta daquilo que pertence a Deus, precisamos perguntar: que princípios Deus estabelece para usarmos os recursos dele que estão em nossas mãos?8

O problema de não se ter uma ideia exata do seu início e do seu fim, como também do processo criador do qual é o resultado, é que o ser humano pode ter uma visão distorcida de si mesmo e achar-se muita coisa, como se fosse uma fortaleza, quando na realidade não passamos de simples pecadores, frágeis e vulneráveis, que foram alcançados e remidos pela graça de Deus, tabernáculos terrestres, habitação provisória, corruptível e mortal.

1Co 5.1,2 - Porque sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus. E por isso também gememos, desejando ser revestidos da nossa habitação, que é do céu;

Mas leiamos com calma o trecho de 1Co 15.45-57, citado pelo comentarista ao final do item como referência para se pensar esta questão, para nos exercitarmos no entendimento de que nossa fragilidade não se impõe permanentemente e que nossa mortalidade é relativa, e que um dia, tanto uma quanto a outra serão para sempre removidas.

1Co 15.45-57 - Assim está também escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito em alma vivente; o último Adão em espírito vivificante. Mas não é primeiro o espiritual, senão o natural; depois o espiritual. O primeiro homem, da terra, é terreno; o segundo homem, o Senhor, é do céu. Qual o terreno, tais são também os terrestres; e, qual o celestial, tais também os celestiais. E, assim como trouxemos a imagem do terreno, assim traremos também a imagem do celestial. E agora digo isto, irmãos: que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção. Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados; num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revista da imortalidade. E, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória. Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória? Ora, o aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei. Mas graças a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo.

Em continuidade a este exercício reflexivo, na sua segunda Carta aos Coríntios, conservando a devida ressalva ao contexto, Paulo, o Apóstolo dos gentios nos explica algo de grande significado prático.

2Co 3.5 - Não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus.

Somos pó e barro, mas somos feitura divina para louvor da Sua glória. Sem Deus não somos nada, mas em Deus somos tudo o que Ele quiser que sejamos. E aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus, Jo 1.12. Como filhos de Deus somos corpo de Cristo, e cada um, individualmente, é membro deste corpo, 1Co 12.27. Como membro ativo do corpo de Cristo somos também propriedade peculiar de Deus, como também: geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa

8 LOPES, Hernandes Dias. Generosidade: o amor em ação. Disponível em: <http://hernandesdiaslopes.com.br/generosidade-o- amor-em-acao/>. Acesso em 17/06/2020.

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13 luz, 1Pe 2.9. Este ser distinto, formado do pó da terra, trazido a existência como obra prima da criação é paradoxalmente, a criatura mais contraditória de todos os seres criados: ao mesmo tempo que é forte é fraco;

que é belo também é horrendo; que é possuidor de grande inteligência faz coisas absurdamente tolas, como resultado de uma ignorância gritante; cerca-se de toda segurança mas é vulnerável; conquista o infinito e faz obras faraônicas, mas, muitas vezes não consegue construir uma existência digna e perde pessoas do seu relacionamento íntimo por não conseguir sustentar essas relações; cria órgãos e aperfeiçoa a tecnologia trazendo sucesso ao tratamento de casos considerados incuráveis, mas morre impotente diante de um vírus.

Este é o homem, pó e cinza, mas também a menina dos olhos de Deus a quem Ele ama com amor eterno, Sl 17.8 - Guarda-me como à menina do olho; esconde-me debaixo da sombra das tuas asas; Jr 31.3 - Há muito que o Senhor me apareceu, dizendo: Porquanto com amor eterno te amei, por isso com benignidade te atraí.

No final das contas Deus é que sabe quem somos e que pensamento tem a nosso respeito, como nos diz a palavra, pensamentos de bem e não de mal para nos dar uma esperança e um futuro, Jr 29.11.

2.3. Formou o Senhor Deus o homem como coroa da Sua criação

Sl 8.4,5 - Que é o homem mortal para que te lembres dele? e o filho do homem, para que o visites? Pois pouco menor o fizeste do que os anjos, e de glória e de honra o coroaste.

Sl 144.3 - Senhor, que é o homem, para que o conheças, e o filho do homem, para que o estimes?

Sl 103.15 - Quanto ao homem, os seus dias são como a erva, como a flor do campo assim floresce.

O comentarista nos conduz na reflexão de que, como o homem foi criado a partir do pó da terra e por isso está ligado a criação, mas, pelo seu relacionamento especial com Deus está separado dela. Ao receber o fôlego pelo sopro divino recebeu Deus em ser de modo totalmente distinto de todos os outros seres.

A parte dos estudos teológicos onde melhor estudamos sobre o ser humano enquanto criação divina recebe o nome de Antropologia Bíblica. Segundo escreveu o Pastor Claudionor Andrade a Antropologia Teológica é o ramo da Teologia Sistemática que estuda a criação, e começa exatamente tratando desta questão do homem como portador da imagem divina, e também vai discursar sobre a constituição da natureza e destino final do homem, de acordo com as Escrituras. A Antropologia bíblica difere-se da Antropologia científica em fundamento, abordagem e propósito. Seu fundamento encontra-se exclusivamente na Revelação Especial de Deus ao homem. Sua abordagem é feita a partir da visão bíblica do homem, e não, como propõe a antropologia científica, do homem pelo homem. E seu propósito é demonstrar a postura privilegiada do homem em relação às demais criaturas, bem como, sua atual deficiência moral diante de Deus. Pode-se afirmar que: A antropologia teológica ocupa-se unicamente com o que a Bíblia diz a respeito do homem e da relação em que ele está e deve estar com Deus”9.

Mas que é o homem? Que ser é esse? De onde ele veio? Para onde vai? Essas são algumas perguntas que inquietam aqueles que se debruçam sobre a realidade à sua volta, levantam questões sobre a origem do ser humano e tentam responde-las10. Blaise Pascal indagou, a exemplo de Davi, no Salmo 8, mas com outra visão:

Que é o homem diante do infinito”? E ampliou a sua indagação: Afinal que é o homem dentro da natureza? Nada, em relação ao infinito; tudo, em relação ao nada; um ponto intermediário entre o tudo e o nada. Infinitamente incapaz de compreender os extremos, tanto o fim das coisas quanto o seu

9 BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. Cultura Cristã: São Paulo, 2001. p.167

10 RENOVATO, Elinaldo. Antropologia - A Doutrina do Homem. In: GILBERTO, Antonio. Manual de Escola Dominical. Rio de Janeiro: CPAD, 1974, p.245- 297.

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14 princípio permanecem ocultos num segredo impenetrável, e é-lhe igualmente impossível ver o nada de onde saiu e o infinito que o envolve”11.

Criado por Deus de modo peculiar, o homem se destaca como a coroa da criação:

1Co 11.7ª - O homem, pois, não deve cobrir a cabeça, porque é a imagem e glória de Deus,

Ele é a imagem e a glória de Deus. Recebeu como sua primeira tarefa a de glorificar o nome do Criador.

Como lemos neste versículo 7 de 1Co 11, acima. Deus formou o homem do pó da terra para que este refulgisse Sua glória. Desde o Éden Adão não era um mero adorno, mas ele e toda raça humana criada por Deus sempre foi um instrumento de revelação da majestade divina.

O Capítulo 2 de Gênesis nos introduz no entendimento primordial de uma liberdade de escolha.

Compreendemos que o homem foi dotado de livre-arbítrio, e por não saber administrar corretamente o que tinha recebido da parte de Deus pecou e caiu da graça (Gn 3). Nada disto, porém, pegou a Deus de surpresa, uma vez que nos desígnios eternos o cordeiro já havia sido morto desde a fundação do mundo, Ap 13.8.

Através de Cristo, que nos dispensou um tratamento tão especial e imerecido, tivemos a suficiente redenção.

Agora a coroa da criação, restaurado e reconduzido à comunhão da trindade passa a ser também conhecido como:

▪ Filho de Deus. Aceitando a Jesus Cristo, como seu Senhor e Salvador, o homem deixa de ser apenas criatura de Deus, para se tornar filho de Deus (Jo 1.14). Nessa condição, tem livre acesso ao Pai Celeste a quem, amorosa e intimamente, clama “Aba, Pai” (Rm 8.15; Gl 4.6).

▪ Co-herdeiro de Cristo. Sendo o homem filho de Deus, torna-se imediatamente co-herdeiro de Cristo (Gl 4.7; Rm 8.17), com livre acesso a todos os bens espirituais.

▪ Templo do Espírito Santo. Nessas condições seu corpo se torna templo e habitação do Espírito Santo (1 Co 6.19). Esta presença vida do Espírito de Deus morando no Espírito do homem é um instrumento de santificação, que o possibilidade se aproximar e viver na presença de um Deus Santo.

Tal é este homem renascido que se encontra, então, no aguardo de sua glorificação final. Como se não bastara todas essas bênçãos que recebemos a Cristo estamos também aguardando a bem-aventurada esperança que é a vinda de Cristo (Tt 2.13), quando nossos corpos serão, num abrir e fechar de olhos, serão gloriosamente transformados12. Esse é o ganho maior daquele que foi criado como coroa da criação de Deus.

3. OS PROPÓSITOS DE DEUS NA CRIAÇÃO

O comentarista inicia esse tópico com uma afirmativa contundente: Deus não criou o mundo por acaso.

Os filósofos que se dedicam a pensar a origem da vida, em grande maioria, elaboram seus questionamentos e enunciados a partir de uma visão materialista, muitos são ateístas ou pretensos agnósticos, e propõem que o homem seja considerado apenas como um “animal que pensa”, ou fruto da evolução aleatória das espécies. Eles atribuem a existência do ser humano ao acaso.Algumas das ideias mais influentes no mundo hoje com relação a este assunto são:

a) Os ateístas – Negam que Deus existe e estão, cada vez mais, ganhando espaço na mente e nos corações da pessoas. Seus argumentos são tão bem elaborados que confundem e cativam, principalmente, os mais jovens.

11 PASCAL, Blaise. O homem perante a natureza. Disponível em: http://www.consciencia.org/pascaltexto1.shtml. Acessado em:

05/02/2016.

12 ANDRADE, Claudionor Corrêa de. op. cit.

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15 b) Os materialistas – Acham que a matéria inerte e impessoal é eterna; a atitude das pessoas que

entendem que tudo é matéria e que têm uma vida voltada unicamente para os bens materiais.

c) Os evolucionistas – Afirmam que tudo surgiu por acaso, portanto não há Deus. Dentro desse espectro temos a teoria do Big Bang – Onde, segundo seus aderentes, uma explosão produziu a ordem. Poderia uma explosão cósmica produzir ordem? Pode o caos produzir o cosmo? e a teoria de Charles Darwin – A evolução das espécies e a sobrevivência do mais forte. A teoria da evolução é ensinada nas escolas como um fato científico incontroverso – A Bíblia fala de espécies sendo geradas segundo sua espécie e não de transmutação (Gn 1.11,12,21,24,28).

d) A teoria da morte de Deus – Nietzsche afirmou: “Deus está morto”. Também previu que um dia o homem moderno daria conta das implicações do ateísmo, o que tiraria dele toda esperança e o lançaria na destruição de todo o sentido e valor da vida. Ele criou a tese do super-homem, isso desembocou no antropocentrismo idolátrico.

e) A teoria do materialismo dialético – Karl Marx afirmou: “O homem é o seu próprio deus e a idéia de Deus é uma projeção da mente humana”, ou seja, o homem criou Deus em vez de Deus criar o homem.

f) A teoria existencialista – A vida é o aqui e o agora. Não há Deus. Não há eternidade. Não há esperança. A vida está reduzida ao desespero. Jean Paul Sartre, o grande patrono do Existencialismo diz que a vida é uma piada sem graça. Julian Huxley diz: “A ciência reduziu Deus simplesmente a um evanescente sorriso do gato no conto Alice no país das maravilhas.

Nós cremos e defendemos que tudo que Deus fez e faz tem propósitos definidos e redentores. Nem sempre conheceremos os seus desígnios porque estão ocultos nEle, mas sua revelação escrita serve de mapa para as razões pelas quais todas as coisas acontecem, sejam boas, sejam más. Há um mistério, certamente, mas, houve um plano original de trazer todas as coisas à existência em pleno estado de perfeição, houve uma queda e também há um plano de resgate da humanidade caída em andamento.

Jó 42.2 - Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido.

Pv 19.21 - Muitos propósitos há no coração do homem, porém o conselho do Senhor permanecerá.

Is 14.27 - Porque o Senhor dos Exércitos o determinou; quem o invalidará? E a sua mão está estendida; quem pois a fará voltar atrás?

Ef 3.8,9 - A mim, o mínimo de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar entre os gentios, por meio do evangelho, as riquezas incompreensíveis de Cristo, e demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério, que desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou por meio de Jesus Cristo;

* Os itens 3.1 e 3.2 podem ser estudados juntamente, pois estão abordando a mesma questão: a manifestação e o recebimento da Glória de Deus.

3.1. Manifestar a Sua glória e o Seu poder

3.2. Receber a glória e a honra que lhe são devidas

Já temos falado deste assunto em outros momentos, inclusive na aula passada falamos bastante, mas estenderemos ainda um pouco mais afirmando, com diz o comentarista, que Deus criou o céu a e terra como manifestação da sua glória, majestade e poder [Sl 19.1]. Ele repete aqui o versículo de Is 43.7 que é indispensável para pensar esta questão.

Is 43.7 - A todos os que são chamados pelo meu nome e os que criei para a minha glória, os formei, e também os fiz.

O Pastor John Piper tem se dedicado bastante ao assunto e nos afirma, com base neste versículo, que isto não significa que Ele criou para aumentar Sua glória, mas para revelar e oferecer Sua glória para nós,

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16 como um presente para nossa alegria. O que significa que, se você for a 1Co 10.31, entenderá a abrangência do assunto e a ordenança de Deus em relação a nossa pessoa: “quer você coma, beba ou faça qualquer outra coisa, faça tudo para a glória de Deus”. Ele continua explicando:

Então, agora, temos o Seu propósito: Deus nos cria para Sua glória, ou seja, para magnificar, revelar e exibir a sua grandeza, e, então, Ele nos diz para vivermos dessa forma, vivermos de modo que a grandeza de Deus seja exibida. Então, temos o desígnio de Deus ao nos criar para Sua glória, e nosso dever fluindo disso. Então, a pergunta chave que podemos deixar [...] talvez seja: Como eu posso ir trabalhar hoje, como posso limpar minha casa, como posso educar os meus filhos hoje para glória de Deus? Como posso comer pizza ou beber suco de laranja para a glória de Deus? A resposta certamente seria que ao confiarmos em Deus mostramos que Ele é confiável e em cada área de nossa vida estaremos confiando nele hoje. Somos apenas criancinhas, e Ele é Todo-Suficiente, e quando confiamos nele mostramos que Ele é grande. E Ele o fez para alegrar-se em Sua glória, e eu tento deixar isso claro em tudo o que digo, que Deus é mais glorificado em você, quando você está mais satisfeito nele. Então, eu penso que o seu maior desafio hoje é estar o mais satisfeito em Deus13.

Precisamos de uma visão mais abrangente da glória de Deus e também da convicção de que fomos feitos para Sua glória, para honrá-lo e magnificá-lo, sendo nosso dever mais profundo e fundamental o de viver de uma forma que em tudo na nossa vida Ele seja revelado como Deus glorioso. A forma principal de fazer isso é lutar para encontrarmos mais e mais satisfação na glória dele, pois isto, certamente, há de subjugar as outras satisfações pecaminosas, com as quais convivemos cotidianamente.

Assim como todos os elementos da natureza criada rendem louvores ao criador cabe a nós não negligenciarmos tal privilégio, enquanto ainda temos:

Sl 69.34 - Louvem-no os céus e a terra, os mares e tudo quanto neles se move.

Sl 95.4,5 - Nas suas mãos estão as profundezas da terra, e as alturas dos montes são suas.Seu é o mar, e ele o fez, e as suas mãos formaram a terra seca.

Sl 96.11,12 - Alegrem-se os céus, e regozije-se a terra: brame o mar e a sua plenitude. Alegre-se o campo com tudo o que há nele; então, se regozijarão todas as árvores do bosque. Ler também o Sl 148.

Ao olharmos a totalidade do cosmos criado - desde a imensa expansão do universo, à beleza e à ordem da natureza – ficamos tomados de temor reverente ante a majestade do Senhor Deus, nosso Criador. Deus criou os céus e a terra para receber a glória e a honra que lhe são devidas. Todos os elementos da natureza: o sol e a lua, as árvores da floresta, a chuva e a neve, os rios e os córregos, as colinas e as montanhas, os animais e as aves - rendem louvores ao Deus que os criou (Sl 98.7,8; 148.1-10; Is 55.12). Quanto mais Deus deseja e espera receber glória e louvor dos seres humanos! Bíblia de Estudo Pentecostal.

Quando pensamos em um Deus assim, magnificente, poderoso, compassivo, misericordioso, justo e bom, fica fácil tomarmos posse e explicarmos com propriedade os efeitos produzidos através do ato inicial de Deus, que nos criou para louvor da sua glória. O motor por trás do funcionamento do universo é o mesmo que impulsiona nossas vidas: para o bem, para a verdade; para a prosperidade, para uma vida santa; para a comunhão; para a produção de frutos dignos. Para sermos os seres humanos que fomos criados para ser, que interpretam os desígnios eternos de Deus e assumem uma caminhada de fé ao lado e no poder do único que pode nos mover em direção a Si mesmo.

Sl 135.5 - Porque eu conheço que o Senhor é grande e que o nosso Senhor está acima de todos os deuses.

3.3. Prover lugar para habitação das Suas criações

13 PIPER, John. Porque Deus nos criou. Disponível em: https://voltemosaoevangelho.com/blog/2012/11/porque-deus-nos-criou- devocionais-sobre-a-gloria-de-deus-15/. Acesso em: 13/04/2021.

(17)

17 Gn 2.8 - E plantou o Senhor Deus um jardim no Éden, do lado oriental; e pôs ali o homem que tinha formado.

Is 45.18 - Porque assim diz o Senhor que tem criado os céus, o Deus que formou a terra, e a fez; ele a confirmou, não a criou vazia, mas a formou para que fosse habitada: Eu sou o Senhor e não há outro.

Pensando nos propósitos eternos de Deus, manifestados a partir da criação e lendo o capítulo 1 e 2 de Gênesis, podemos compreender com clareza quais seriam os principais direitos dados por Deus aos seres humanos, criados conforme sua imagem e semelhança, a partir do momento que os trouxe a vida e lhe proveu lugar para sua habitação, seriam este direitos: vida, liberdade e propriedade.

Sobre a vida que emana de Deus e nos é dada graciosamente por seu infinito poder entende-se que

“honrar a vida é honrar a Deus”, que um dos mais elevados propósitos do ser humano é trazer vida [gerar vida, multiplicar a vida] a essa planeta, assim sendo qualquer ato contrário à vida humana é, em princípio, ir contra Deus e seus desígnios eternos.

Da liberdade que há em Deus e por Deus, pode-se afirmar que “Deus cria a partir do nada, o homem cria a partir do que é dado por Deus”. As expressões de criatividade humana e tudo ao nosso redor é resultado da liberdade com a qual fomos dotados por Deus. No exercício da liberdade intelectual e manual o ser humano empenha-se em diferentes tarefas manifestando diferentes dons. Podendo ir e vir, fazer e desfazer, tomar decisões e fazer escolhas, ele assim atende às suas necessidades humanas básicas a partir do seu trabalho e aptidões produtivas. À essa aplicação de conhecimento e aprendizado contínuo que se transmite às futuras gerações chamamos de cultura. Todavia, entendemos também que “apenas o Cristianismo pode, de forma apropriada, dar à cultura os parâmetros que guiam e honram a liberdade”.

Igualmente esclarecedora é a visão do direito à propriedade que esses capítulos iniciais nos fornecem.

Deus criou o homem a mulher, lhes deu um trabalho [cuidar e guardar] e lhes deu uma propriedade para que pudessem chamar de sua [Jardim]. Não era propósito de Deus que os seres humanos dominassem sobre seus semelhantes, mas que conseguissem conviver, dividindo e compartilhando, que habitassem a terra em justiça.

Na visão divina de propriedade, nós podemos usufruir dela, mas tudo pertence a Deus, então somos mordomos seus. Para ser bom mordomo, a propriedade da terra deve ser definida e honrada. Uma vez que esses direitos precedem a existência do governo civil, eles declaram que o indivíduo é mais importante que as instituições.

Partindo, então dos propósitos de Deus parte-se para o estudo dos princípios eternos de Deus, que estão por toda a Bíblia e que seriam as bases estabelecidas por Deus para orientação da sociedade humana, que estabelecem parâmetros, dentro dos quais o homem é aceito e se relaciona com o Criador. A relação de Adão com Deus era pessoal, mas ele também necessitava de instrução para compreender como implementar e aplicar os direitos, o chamado e a responsabilidade que lhe foram dados. Em Gn 2 encontraremos as instruções que definem as fronteiras da relação de Adão com Deus, por meio de princípios e padrões de pensamento, que foram colocados para guia-lo.

Depois que o pecado entrou na raça humana, quando os direitos à vida, liberdade e propriedade dos indivíduos já não eram evidentes para a sociedade a Lei foi dada a Moisés no Monte Sinai. Até o tempo em que chegaria a plenitude do tempo e Deus enviaria seu Filho, nascido de mulher, nascido sobre a Lei, Gl 4.4, para legislar sobre seu povo segundo a Justiça do Reino. A esperança do crente segundo a Bíblia é que, por meio de Cristo e seu sangue derramado, os cristãos comecem a demonstrar, pelo exemplo, que os direitos concedidos por Deus precisam ser respeitados14.

Mas aqui nesta terra as coisas estão bem difíceis, tanto no que diz respeito a vida, como a liberdade e a propriedade. A opressão e a dominação ganham espaço todo tempo e cada vez mais a vida vai sendo banalizada e destruída, a liberdade cerceada e o direito a propriedade corrompido. O Sl 11.3 interroga: Se forem destruídos os fundamentos, que poderá fazer o justo? Em alguns lugares deste planeta o problema é tão

14 Cf. JEHLE, Paul. Ensino & Aprendizagem: uma abordagem filosófica cristã. Tradução Inez Augusto Borges. Belo Horizonte,

MG: AECEP, 2015

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18 sério, mas tão sério que não há o que fazer, as pessoas estão privadas de tudo e suas vidas não vale nada.

Nosso país tem sido assolado por ondas de prognósticos ruins a este respeito. Todavia é preciso anunciar o Evangelho, porque as pessoas precisam saber que o propósito de Deus de prover lugar para suas criaturas permanece. É desejo de Deus que nos sintamos em casa também nesta terra, nosso lar no espaço, que Ele nos proveu. É provisório, mas foi Ele quem deu e gozamos dos direitos por Ele mesmo garantidos. Aquele que usurpar nossos direitos estarão também investindo contra Deus.

Jo 14.1-3 - Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também.

CONCLUSÃO

Deus existe. Mas, cabe a cada um este reconhecimento. Ele se revelou, se revela e continua se revelando em cada detalhe da sua criação, o que torna o ser humano indesculpável diante dEle.

Hb 11.6 - Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam.

Rm 1.20 - Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis.

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