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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO TECNOLÓGICO MESTRADO PROFISSIONAL EM SISTEMAS DE GESTÃO HAMILTON DE SOUZA PINTO

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MESTRADO PROFISSIONAL EM SISTEMAS DE GESTÃO

HAMILTON DE SOUZA PINTO

COMPETITIVIDADE EM ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS: UM

MAPEAMENTO DAS PERCEPÇÕES DAS EMPRESAS DA INDÚSTRIA

DE CONFECÇÕES DE MODA ÍNTIMA DE NOVA FRIBURGO, RJ.

Niterói

2009

(2)

HAMILTON DE SOUZA PINTO

COMPETITIVIDADE EM ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS: UM

MAPEAMENTO DAS PERCEPÇÕES DAS EMPRESAS DA INDÚSTRIA

DE CONFECÇÕES DE MODA ÍNTIMA DE NOVA FRIBURGO, RJ.

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Sistemas de Gestão da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obter o grau de Mestre em Sistemas de Gestão. Área de concentração: Sistema de Gestão pela Qualidade Total.

Orientador:

Helder Gomes Costa, D. Sc.

Niterói

2009

(3)

HAMILTON DE SOUZA PINTO

COMPETITIVIDADE EM ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS: UM

MAPEAMENTO DAS PERCEPÇÕES DAS EMPRESAS DA INDÚSTRIA

DE CONFECÇÕES DE MODA ÍNTIMA DE NOVA FRIBURGO, RJ.

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Sistemas de Gestão da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obter o grau de Mestre em Sistemas de Gestão. Área de concentração: Sistema de Gestão pela Qualidade Total.

Aprovado em 9 de março de 2009.

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________________ Helder Gomes Costa, D. Sc.

Universidade Federal Fluminense

_____________________________________________________________ Ana Lúcia Torres Seroa da Motta, PhD.

Universidade Federal Fluminense

_____________________________________________________________ Paulo Roberto Tavares Dalcol, PhD.

(4)

Dedico este trabalho

(5)

AGRADECIMENTOS

Agradeço profundamente ao meu orientador, professor Helder Gomes Costa, pela presença amiga, segura, paciente, estimulante e extremamente competente. Sinceramente, este trabalho não seria possível sem ele.

Agradeço a todos os meus amigos que cursaram comigo o Mestrado em Sistemas de Gestão da Universidade Federal Fluminense pelo companheirismo e pela presença fiel e honesta nos momentos decisivos e alegres de todo o curso.

Agradeço aos professores e funcionários do Mestrado em Sistemas de Gestão da Universidade Federal Fluminense pelo apoio e por suas participações extremamente importantes.

(6)

RESUMO

Em uma economia global, as vantagens competitivas duradouras são cada vez mais suportadas por elementos localizados, como conhecimento, motivações e relacionamentos, estabelecidos em um espaço geográfico ou região. A competitividade resulta da produtividade com que as empresas numa determinada localidade são capazes de utilizar os insumos para a produção de bens e serviços valiosos. Diante disso, o objetivo deste trabalho é mapear as percepções das empresas do Arranjo Produtivo Local de confecções de moda íntima de Nova Friburgo para investigar se este modelo de organização industrial é competitivo. Espera-se que este trabalho venha contribuir para a investigação dos impactos oriundos da concentração de indústrias especializadas em determinadas localidades na competitividade empresarial. Palavras-chave: Arranjos Produtivos Locais, competitividade, percepções, confecções de moda íntima, Nova Friburgo.

(7)

ABSTRACT

In a global economy, the durable competitive advantages are increasingly supported by elements, as knowledge, motivations and relationships, set in a geographical area or region. The competitiveness is the result of productivity in which companies in a certain locality are able to use the inputs for the production of goods and services valuable. Thus, the aim of this study is to map the perceptions of businesses in cluster of fashion intimate clothing of Nova Friburgo, in order to investigate if this model of industrial organization is competitive. This work expects to contribute to the investigation of the impacts from the concentration of specialized industries in certain localities in business competitiveness.

(8)

LISTA DE QUADROS

Quadro 01 Resultados de buscas nas bases de dados Emerald e Gale. 22 Quadro 02 Resultados das pesquisas com o objetivo de identificar o estado da arte

em relação ao tema deste trabalho

23

Quadro 03 Perspectivas metodológicas de pesquisa 58

Quadro 04 Modelo de questionário utilizado como instrumento de coleta de dados

das entrevistas (Parte 1/3) 65

Quadro 05 Modelo de questionário utilizado como instrumento de coleta de dados das entrevistas (Parte 2/3)

66 Quadro 06 Modelo de questionário utilizado como instrumento de coleta de dados

das entrevistas (Parte 3/3)

67 Quadro 07 Grau de classificação dos atributos das questões do questionário

utilizado como instrumento de coleta de dados das entrevistas. 67 Quadro 08 Fundamentação teórica utilizada para a construção do instrumento de

coleta de dados

68

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 Dados referentes à coleta de dados da pesquisa de campo 70 Tabela 02 Maiores e melhores níveis de competitividade 71 Tabela 03 Contexto favorável para a mobilização da sociedade local em função de

objetivos comuns relacionados com a competitividade da indústria local 72

(9)

Tabela 04 Ambiente favorável à interação, à cooperação e a confiança local 73 Tabela 05 Formulação de políticas governamentais para o desenvolvimento local 74 Tabela 06 Formulação de políticas governamentais para o incentivo à

competitividade da indústria local

76

Tabela 07 Inovação e aprendizado interativos 77

Tabela 08 Disponibilidade de serviços tecnológicos 78 Tabela 09 Vínculos mais estreitos entre organizações produtoras e fornecedores,

compradores e outras instituições

79 Tabela 10 Aumento da eficiência produtiva em função das interações sociais locais 80 Tabela 11 Articulações entre empresas em função das interações locais 81 Tabela 12 Relações colaborativas entre governos e empresas 83 Tabela 13 Convergência de demandas específicas e especializadas para a

localidade

84

Tabela 14 Especialização seletiva da mão-de-obra 85

Tabela 15 Formação de associações locais para ações específicas 86 Tabela 16 Disponibilidade de serviços financeiros 87 Tabela 17 Redução de desigualdades sociais locais 88 Tabela 18 Disponibilidade de fatores de produção (insumos básicos, recursos

humanos qualificados, infra-estrutura física,...).

89

Tabela 19 Redução dos custos de transporte 90

Tabela 20 Inovação de processos produtivos e de produtos a partir da necessidade de criar novos mercados ou de expandir os existentes para manter competitividade

91

Tabela 21 Novos conhecimentos tecnológicos gerados em decorrência de trocas de experiências em função de proximidade geográfica

92

Tabela 22 Centralização geográfica de produção 94

Tabela 23 Demanda geográfica de produção 95

Tabela 24 Relações sociais geográficas que facilitam a cooperação local 96 Tabela 25 Capacitação da mão de obra e dos empresários locais 97 Tabela 26 Concentração geográfica de fornecedores especializados 98

(10)

Tabela 27 Ganhos de eficiência advindos da especialização produtiva 99 Tabela 28 Competição local pressionando as empresas instaladas a inovarem e

reduzirem os seus custos de produção

100 Tabela 29 Cooperação local entre empresas permitindo ações conjuntas 101 Tabela 30 Impacto de fatores de dimensão empresarial sobre a competitividade dos

negócios da organização

102 Tabela 31 Impacto de fatores de dimensão estrutural sobre a competitividade dos

negócios da organização

103 Tabela 32 Impacto de fatores de dimensão sistêmica sobre a competitividade dos

negócios da organização

104 Tabela 33 Impacto dos fatores de produção de Nova Friburgo e suas respectivas

vantagens competitivas sobre a competitividade dos negócios da organização

105

Tabela 34 Impacto da concentração das fontes de vantagem competitiva decorrentes das condições de demanda em Nova Friburgo sobre a competitividade dos negócios da organização

107

Tabela 35 Impacto da concentração das fontes de vantagem competitiva decorrentes da concentração de indústrias correlatas e de apoio em Nova Friburgo sobre a competitividade dos negócios da organização

108

Tabela 36 Impacto da concentração das fontes de vantagem competitiva decorrentes da estratégia, estrutura e rivalidade entre empresas em Nova Friburgo sobre a competitividade dos negócios da organização

109

Tabela 37 Impacto da localização no APL de confecções de moda íntima de Nova Friburgo para os negócios da organização

110

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01 Maiores e melhores níveis de competitividade 72 Gráfico 02 Contexto favorável para a mobilização da sociedade local em função de

objetivos comuns relacionados com a competitividade da indústria local 73 Gráfico 03 Ambiente favorável à interação, à cooperação e a confiança local 74 Gráfico 04 Formulação de políticas governamentais para o desenvolvimento local 75 Gráfico 05 Formulação de políticas governamentais para o incentivo à

competitividade da indústria local

76

Gráfico 06 Inovação e aprendizado interativos 77

(11)

Gráfico 08 Vínculos mais estreitos entre organizações produtoras e fornecedores, compradores e outras instituições

80 Gráfico 09 Aumento da eficiência produtiva em função das interações sociais locais 81 Gráfico 10 Articulações entre empresas em função das interações locais 82 Gráfico 11 Relações colaborativas entre governos e empresas 83 Gráfico 12 Convergência de demandas específicas e especializadas para a

localidade

84 Gráfico 13 Especialização seletiva da mão-de-obra 85 Gráfico 14 Formação de associações locais para ações específicas 86 Gráfico 15 Disponibilidade de serviços financeiros 87 Gráfico 16 Redução de desigualdades sociais locais 89 Gráfico 17 Disponibilidade de fatores de produção (insumos básicos, recursos

humanos qualificados, infra-estrutura física,...)

90

Gráfico 18 Redução dos custos de transporte 91

Gráfico 19 Inovação de processos produtivos e de produtos a partir da necessidade de criar novos mercados ou de expandir os existentes para manter competitividade

92

Gráfico 20 Novos conhecimentos tecnológicos gerados em decorrência de trocas de experiências em função de proximidade geográfica

93

Gráfico 21 Centralização geográfica de produção 94

Gráfico 22 Demanda geográfica de produção 95

Gráfico 23 Relações sociais geográficas que facilitam a cooperação local 96 Gráfico 24 Capacitação da mão de obra e dos empresários locais 97 Gráfico 25 Concentração geográfica de fornecedores especializados 98 Gráfico 26 Ganhos de eficiência advindos da especialização produtiva 99 Gráfico 27 Competição local pressionando as empresas instaladas a inovarem e

reduzirem os seus custos de produção

101 Gráfico 28 Cooperação local entre empresas permitindo ações conjuntas 102 Gráfico 29 Impacto de fatores de dimensão empresarial sobre a competitividade dos 103

(12)

negócios da organização.

Gráfico 30 Impacto de fatores de dimensão estrutural sobre a competitividade dos negócios da organização

104 Gráfico 31 Impacto de fatores de dimensão sistêmica sobre a competitividade dos

negócios da organização

105 Gráfico 32 Impacto dos fatores de produção de Nova Friburgo e suas respectivas

vantagens competitivas sobre a competitividade dos negócios da organização

106

Gráfico 33 Impacto da concentração das fontes de vantagem competitiva decorrentes das condições de demanda em Nova Friburgo sobre a competitividade dos negócios da organização

107

Gráfico 34 Impacto da concentração das fontes de vantagem competitiva decorrentes da concentração de indústrias correlatas e de apoio em Nova Friburgo sobre a competitividade dos negócios da organização

109

Gráfico 35 Impacto da concentração das fontes de vantagem competitiva decorrentes da estratégia, estrutura e rivalidade entre empresas em Nova Friburgo sobre a competitividade dos negócios da organização

110

Gráfico 36 Impacto da localização no APL de confecções de moda íntima de Nova Friburgo para os negócios da organização

111

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Os condicionantes da concentração de indústrias especializadas em determinadas localidades.

33 Figura 2 Os condicionantes da competitividade da indústria 49

(13)

LISTA DE ABREVIATURAS

APLs Arranjos Produtivos Locais

AFINCO Associação das Indústrias da Moda Íntima de Nova Friburgo ENEGEP Encontros Nacionais de Engenharia de Produção

FIRJAN Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro

FEVEST Feira Brasileira de Moda Íntima, Praia, Fitness e Matéria-prima FGV Fundação Getúlio Vargas

IPRJ/UERJ Instituto Politécnico do Rio de Janeiro da Universidade Estadual do Rio de Janeiro

MPEs Micro e pequenas empresas

PMNF Prefeitura Municipal de Nova Friburgo RAE Revista de Administração de Empresas

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

SINDVEST Sindicato das Indústrias do Vestuário de Nova Friburgo USP Universidade de São Paulo

(14)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 17

1.1 SITUAÇÃO-PROBLEMA 17

1.1.1 Formulação do problema de pesquisa 18

1.2 OBJETIVOS 19

1.2.1 Objetivo geral 19

1.2.2 Objetivos específicos 19

1.3 DELIMITAÇÃO DE PESQUISA 19

1.4 RELEVÂNCIA E JUSTIFICATIVA DE PESQUISA 20

1.5 HIPÓTESE DE PESQUISA 20

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO 20

2 REVISÃO DA LITERATURA 22

2.1 ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS 24

2.1.1 O conceito de Arranjos Produtivos Locais 24

2.1.2 A competitividade através do conceito de Arranjos Produtivos Locais

26

2.1.3 Os condicionantes da concentração de indústrias especializadas em determinadas localidades

30

2.1.3.1 Economias externas de escala 33

2.1.3.1.1 Economias externas tecnológicas 33

2.1.3.1.1.1 Condições dos fatores de produção e custos de transportes 34

2.1.3.1.1.2 Dinâmica tecnológica 34

2.1.3.1.1.3 Transbordamentos de conhecimento 36

2.1.3.1.2 Economias externas de mercado 37

2.1.3.1.2.1 Centralidade do produto 38

2.1.3.1.2.2 Condições de demanda local 38

2.1.3.1.3 Economias externas de organização 38

2.1.3.1.3.1 Capital social 39

2.1.3.1.3.2 Capacitação da mão de obra e dos empresários 42

2.1.3.1.3.3 Indústrias correlatas e de apoio 42

2.1.3.2 Economias internas de escala 44

2.1.3.2.1 Retornos crescentes de escala 44

2.1.3.2.2 Competição 45

2.1.3.2.3 Cooperação 46

2.2 OS CONDICIONANTES DA COMPETITIVIDADE 47

2.2.1 Os condicionantes da competitividade da indústria 48

2.2.2 Os condicionantes da competitividade decorrentes da localização das atividades produtivas

(15)

2.2.2.1 Condições dos fatores de produção 52

2.2.2.2 Condições de demanda 54

2.2.2.3 Indústrias correlatas e de apoio 54

2.2.2.4 Estratégia, estrutura e rivalidade entre empresas 55

2.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS 56

3 METODOLOGIA DA PESQUISA E APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS

58

3.1 PERSPECTIVA METODOLÓGICA DA PESQUISA 58

3.2 DELINEAMENTO DA PESQUISA 59

3.3 CONTEXTUALIZAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO 60

3.3.1 Dados gerais de Nova Friburgo 61

3.3.2 O APL de confecções de moda íntima de Nova Friburgo 61

3.3.3 A governança do APL de confecções de moda íntima de Nova Friburgo

62

3.3.4 A Feira Brasileira de Moda Íntima, Praia, Fitness e Matéria-prima 63 3.4 DEFINIÇÃO DO UNIVERSO E DA AMOSTRA DE PESQUISA 63

3.5 CONSTRUÇÃO DO INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS 64

3.6 COLETA DE DADOS 69

3.7 APRESENTAÇÃO DOS DADOS COLETADOS NA PESQUISA 69

3.8 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS 70

3.9 LIMITAÇÕES DO MÉTODO DE PESQUISA 111

3.10 CONSIDERAÇÕES FINAIS 112

4 CONCLUSÕES E SUGESTÕES 113

4.1 CONCLUSÕES 113

4.2 SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS DE PESQUISA 116

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 117

1 INTRODUÇÃO

A intensificação da competição internacional tem forçado as empresas a uma rápida absorção de novas tecnologias para manter ou ampliar mercados e se manterem competitivas. No contexto da competição internacional, o desempenho econômico nacional ou regional depende fundamentalmente do grau de utilização das bases existentes de tecnologia e de exploração econômica dessas bases. A competitividade das empresas é cada vez mais determinada pela adaptação às mudanças (SOUZA e ARICA, 2006a).

Em função destas mudanças e de suas respectivas conseqüências, atores públicos e privados da economia nacional estão buscando identificar e incentivar um modelo de organização industrial que estimule a competitividade empresarial.

(16)

1.1 SITUAÇÃO-PROBLEMA

Nova Friburgo é um município localizado na região centro norte do Estado do Rio de Janeiro e foi fundado em 16 de maio de 1818 pelo Decreto Real do Rei Dom João VI, que autorizou a imigração para o Brasil de 2006 colonos de origem católica da cidade de Friburg, Suíça (PMNF, 2008b).

A consolidação industrial de Nova Friburgo ocorreu a partir de investimentos de empresários que imigraram da Europa, principalmente da Alemanha que, fugindo da crise econômica e social que assolava aquele país, trouxeram suas fábricas para a cidade (PMNF, 2008b).

A crise econômica brasileira de 1980, desencadeada pela recessão interna e, simultaneamente, pela crise da dívida externa das economias latino americanas, levou a indústria local a se reestruturar. Isso fez surgir Arranjo Produtivo Local (APL) de confecções de moda íntima de Nova Friburgo (FAURÉ e HASENCLEVER, 2003).

O APL de confecções de moda íntima de Nova Friburgo produz cerca de 25% do vestuário de moda íntima fabricado no Brasil e é constituído por aproximadamente 700 micro e pequenas empresas (MPEs). Produz em torno de 200 milhões de peças por ano, gera 20 mil empregos diretos e fatura em torno de R$ 700 milhões por ano (BRITTO, 2004).

A maior parte das empresas do APL de confecções de moda íntima de Nova Friburgo é formada por MPEs. 68,5% empregam entre 1 a 9 funcionários; 29,9% empregam entre 10 a 49 funcionários, e 1,6% empregam acima de 50 funcionários (CORRÊA, 2005).

Diante deste contexto, o conceito de APL assume um papel relevante tanto para o ponto de vista da organização industrial e das estratégias competitivas empresariais, quanto para a priorização e direcionamento de ações, programas e políticas industriais de desenvolvimento econômico local (SOUZA e ARICA, 2006a).

Na economia internacional contemporânea, as crescentes pressões pela busca de maiores e melhores níveis de competitividade, bem como maior eficiência na utilização dos fatores de produção, têm estimulado a concentração de indústrias especializadas em determinadas localidades onde as condições dos fatores produtivos sejam mais favoráveis.

A busca de maiores e melhores níveis de competitividade é um dos elementos centrais da gestão estratégica empresarial contemporânea. Entretanto, o nível de competitividade de uma empresa não é resultado apenas de seus esforços, mas também de aspectos do seu ambiente externo. Neste sentido, o conceito de APL desempenha importante papel como fator de fomento à competitividade de empresas de várias indústrias (SILVA e FERNANDES,

(17)

2007).

O conceito de APL parte da suposição de que, na busca de um melhor desempenho competitivo por parte das empresas, o foco da competitividade deve centrar não apenas na empresa individual e nos seus recursos e estratégias, mas principalmente nas interações entre empresas, demais instituições e o mercado (BRITTO, 2004).

O entendimento da dinâmica competitiva dos APLs é, de forma geral, fundamental para o estabelecimento de estratégias competitivas precisas e direcionar novos investimentos governamentais (SOUZA e ARICA, 2003 e 2006b).

Sob essa perspectiva, que estabelece uma interação dinâmica entre o conceito de APL e competitividade, surge o problema de pesquisa desta dissertação.

1.1.1 Formulação do problema de pesquisa

A partir das premissas levantadas inicialmente, formula-se o seguinte problema de pesquisa: o APL de confecções de moda íntima de Nova Friburgo é competitivo?

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral

O objetivo geral deste trabalho é mapear as percepções das empresas do APL de confecções de moda íntima de Nova Friburgo para investigar se este APL é competitivo.

1.2.2 Objetivos específicos

(1) Mapear as percepções das empresas do APL de confecções de moda íntima de Nova Friburgo quanto aos impactos oriundos dos condicionantes da concentração de indústrias especializadas em determinadas localidades;

(18)

(2) Mapear as percepções das empresas do APL de confecções de moda íntima de Nova Friburgo quanto aos impactos oriundos dos condicionantes da competitividade;

(3) Mapear as percepções das empresas do APL de confecções de moda íntima de Nova Friburgo quanto aos impactos oriundos dos condicionantes da competitividade decorrentes da localização das atividades produtivas.

Para atingir tais objetivos, desenvolve-se uma pesquisa de campo com o objetivo de mapear percepções das empresas do APL de confecções de moda íntima de Nova Friburgo e obter informações para verificar se este APL é competitivo.

1.3 DELIMITAÇÃO DE PESQUISA

Este trabalho delimita-se ao mapeamento das percepções das empresas da indústria de confecções de moda íntima do APL de Nova Friburgo que participaram como expositoras da 16ª edição da Feira Brasileira de Moda Íntima, Praia, Fitness e Matéria-Prima (FEVEST), que ocorreu no período compreendido entre os dias 5 a 8 de agosto de 2008 na sede do Nova Friburgo Country Clube.

O evento reuniu 160 expositores, sendo 60 empresas da indústria de confecções de moda íntima e 100 fornecedores de matérias-primas (CMNF, 2008a).

1.4RELEVÂNCIA E JUSTIFICATIVA DA PESQUISA

O sucesso das diversas concentrações de indústrias especializadas em determinadas localidades, como os da Itália, Alemanha, França, Espanha e Estados Unidos da América, bem como seus respectivos impactos econômicos e sociais, motivam países em desenvolvimento, como o caso do Brasil, a discutirem a relevância do papel dos APLs como um modelo de organização industrial competitivo.

O APL de confecções de moda íntima de Nova Friburgo é relevante para o contexto empresarial nacional em função deste APL concentrar, segundo Britto (2004), em torno de 700 MPEs de confecções especializadas em atividades de produção de moda íntima e por produzir em torno de 25% de toda esta indústria no Brasil.

(19)

de Nova Friburgo é relevante tanto para atores privados envolvidos com a atual dinâmica competitiva dos negócios, quanto para atores públicos envolvidos com a identificação de um modelo de organização industrial que represente incentivos à competitividade das empresas.

A pesquisa se justifica tanto pela elevada concentração de empresas de uma determinada indústria neste APL, quanto pela sua especialização produtiva.

O recorte temporal se justifica em função da 16ª edição da FEVEST ter reunido, segundo o CMNF (2008a), as principais empresas do APL de confecções de moda íntima de Nova Friburgo em um mesmo evento.

1.5 HIPÓTESE DE PESQUISA

A pesquisa parte de uma hipótese básica:

A concentração de empresas da indústria de confecções moda íntima no APL de Nova Friburgo promove melhores níveis de competitividade para estas empresas.

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho está estruturado em cinco capítulos, incluindo esta introdução que destaca os objetivos desta pesquisa.

O capítulo dois desenvolve revisão de literatura sobre APLs e competitividade. Para tanto, é apresentado o conceito de APL, destacando os condicionantes da concentração de indústrias especializadas em determinadas localidades. A seguir, é apresentado o conceito de competitividade, destacando os condicionantes da competitividade da indústria e os condicionantes da competitividade decorrentes da localização das atividades produtivas.

O capítulo três apresenta a metodologia utilizada para coletar, apresentar e analisar os dados da pesquisa. A seguir, o objeto de estudo é contextualizado, o universo e a amostra de pesquisa são definidos, a construção do instrumento de coleta de dados é identificada e o processo de coleta de dados é especificado. Os dados coletados são apresentados e analisados. Para concluir o capítulo, são identificadas as limitações do método de pesquisa.

O capítulo quatro conclui este trabalho e recomenda sugestões para futuros trabalhos de pesquisa.

Por fim, o capítulo cinco apresenta as referências bibliográficas que embasam e dão consistência a este trabalho.

(20)

2 REVISÃO DA LITERATURA

O objetivo deste capítulo é apresentar o referencial teórico que embasou e deu consistência a este trabalho.

Foram realizadas pesquisas para fundamentar a revisão de literatura com o objetivo de identificar o que está consolidado em relação ao tema deste trabalho.

Além da revisão de literatura, também foram realizadas pesquisas com o objetivo de identificar o estado da arte em relação ao tema desse trabalho. As pesquisas contemplaram o acesso e a consulta à base de dados dos seguintes portais: Emerald e Gale (Portal de Periódicos Capes); Portal Scielo; Encontros Nacionais de Engenharia de Produção

(21)

(ENEGEP); Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Capes; Revista de Administração de Empresas (RAE) da Fundação Getúlio Vargas; Revista de Pesquisa e Desenvolvimento de Engenharia de Produção; Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade de São Paulo (USP) e Banco de Teses e Dissertações da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Os resultados das pesquisas às bases de dados Emerald e Gale (Portal de Periódicos Capes) são demonstrados no quadro 01, a seguir:

Palavras-chaves utilizadas Emerald Gale

Clusters 224 2224

Competitive advantage 13147 8976 Clusters + competitive advantage 18132 11221

Economic development 4232 2367

Competition 1984 3298

Global competition 1006 2561

Cooperation 123 86

Local cooperation 89 56

Competition + local cooperation 654 498

Industrial districts 460 189

Industrial localization 134 68

Innovative activity 4873 3404

Productive specialization 196 28 Technological specialization 391 121 Quadro 01 - Resultados de buscas nas bases de dados Emerald e Gale.

Os resultados mais significativos foram obtidos quando realizada a pesquisa utilizando a chave de busca “cluster + competitive advantage”. Essa pesquisa retornou artigos que analisam concentrações geográficas de empresas de determinadas indústrias e a vantagem competitiva em função desta concentração.

Já os resultados das pesquisas às bases de dados dos demais portais são demonstrados no quadro 02, a seguir:

Palavras-chaves Banco de dados pesquisados Scielo Anais do ENE-GEP Biblioteca Digital de Teses e Disserta-ções da Capes Revista de Adminis-tração de Empresas - RAE (FGV) Revista de Pesquisa e Desenvol-vimento de Engenha-ria de Produção Biblioteca Digital de Teses e Disserta-ções da USP Banco de Teses e Disserta-ções da UFSC Aglomerados de empresas 0 0 13 16 6 0 2 Arranjos Produtivos Locais 2 74 28 0 1 0 2 Competitividade 4 2637 638 6 2 9 81 Desenvolvimento 9 200 637 94 4 2 4

(22)

econômico Desenvolvimento local 5 182 567 0 0 0 12 Desenvolvimento local + Competitividade + desenvolvimento econômico 31 62 2226 0 6 22 26 Redes de empresas 1 70 136 3 2 1 11 Vantagem competitiva 0 1330 148 23 6 3 15 Quadro 02 - Resultados das pesquisas com o objetivo de identificar o estado da arte em relação ao tema deste trabalho

Os resultados mais significativos foram obtidos quando realizada a pesquisa utilizando a chave de busca “Competitividade”. Essa pesquisa retornou artigos, dissertações e teses que analisam a competitividade de empresas de uma determinada indústria.

No intuito de facilitar a compreensão do tema abordado, este capítulo foi subdividido em:

(1) Arranjos Produtivos Locais;

(2) Os condicionantes da competitividade.

O tópico “Arranjos Produtivos Locais” buscou investigar o referencial teórico sobre o tema, inclusive o estado da arte. Inicialmente, examinaram-se alguns conceitos sobre APLs. Posteriormente, analisaram-se a competitividade através do conceito de APLs. Finalmente, identificaram-se os condicionantes da concentração de indústrias especializadas em determinadas localidades.

O tópico “Os condicionantes da competitividade” buscou investigar o referencial teórico sobre o tema, inclusive o estado da arte. Inicialmente, examinaram-se alguns conceitos sobre competitividade. Posteriormente, analisaram-se os condicionantes da competitividade da indústria. Finalmente, identificaram-se os condicionantes a competitividade decorrentes da localização das atividades produtivas.

Por fim, conclui-se o capítulo para reunir o que está consolidado e o que é estado da arte sobre o tema.

2.1 ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS

A partir de algumas experiências bem-sucedidas de aglomerações de produtores, como os distritos industriais da Terceira Itália e o Vale do Silício nos Estados Unidos da América, diversos atores públicos e privados passaram a observar mais cuidadosamente as

(23)

características dessas regiões, cuja caracterítica marcante é a concentração de indústrias especializadas em uma determinada localidade (AMATO NETO e GARCIA, 2003).

A partir deste crescente interesse, foi verificada a necessidade de melhor compreensão deste modelo de organização industrial e como ele pode contribuir para a competitividade das empresas.

2.1.1 O conceito de Arranjos Produtivos Locais

Com incentivos de políticas governamentais ou mesmo através do papel das contingências, empresas de indústrias especializadas, principalmente MPEs, se concentram geograficamente onde as condições dos fatores produtivos condicionam a sua competitividade. Este modelo de concentração de indústrias especializadas resulta em agrupamentos geograficamente concentrados de empresas inter-relacionadas e instituições correlatas numa determinada localidade, vinculadas por elementos comuns e complementares

(PORTER, 1999).

Britto (2004) classifica estes agrupamentos de empresas como Arranjos Produtivos Locais (APL). Segundo o autor, APL é uma aglomeração espacial de agentes econômicos, políticos e sociais, com foco em um conjunto específico de atividades econômicas e que representa vínculos e interdependência.

Pagani et al (2005), por sua vez, estudam o estado da arte do conceito de APL e de suas abordagens análogas. Os autores realizaram um levantamento quantitativo nos anais dos Encontros Nacionais de Engenharia de Produção (ENEGEPs) nos anos de 2001, 2002, 2003 e 2004, onde, primeiramente, foram analisadas as áreas a que refere o tema: Estratégia e Organização – Redes de Empresas; e Gestão da Tecnologia – Redes de Empresas. Como complemento, os autores realizaram uma busca nas demais áreas dos congressos como: Gerência de produção – Sistemas de Produção, Organização do Trabalho, Gestão Agro-industrial, Outros; onde foram localizados ainda outros artigos relacionados a esse tema, e identificaram diversas abordagens análogas a APL utilizadas por diversos autores nos ENEGEPs. As abordagens análogas identificadas pelos autores foram: Clusters, Sistemas Locais de Produção, Redes de Cooperação, Associações de Empresas, Redes de negócios, Agrupamentos, Consórcios de Empresas, Aglomerados e Cadeia de Suprimentos.

Já Hasenclever e Zissimos (2006) afirmam que as aglomerações espaciais de empresas, a especialização industrial local e o desenvolvimento local têm sido estudados por

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vários autores que utilizam definições distintas. Segundo as autoras, que denominam essas aglomerações como configuração produtiva local, algumas dessas definições evocam conceitos relacionados com modelos de distritos industriais, de cluster, de sistemas produtivos localizados, de sistemas industriais localizados, de complexos industriais ou de industrialização descentralizada, de comunidades industriais e de arranjos produtivos e inovativos locais.

Portanto, o conceito de APL refere-se à emergência da concentração de indústrias especializadas em uma determinada localidade, a partir da qual são geradas externalidades produtivas e tecnológicas indutoras de um maior nível de competitividade, além de representar um contexto de mobilização de atores sociais de uma determinada localidade para a consecução de objetivos comuns, relacionados a competitividade das indústrias locais.

A origem dos APLs encontra-se associada a trajetórias históricas de construção de identidades e de formação de vínculos territoriais (regionais e locais), a partir de uma base social, cultural, política e econômica comum. É um modelo de organização industrial que tende a desenvolver-se em ambientes favoráveis à interação, à cooperação e a confiança entre os atores. A ação de políticas tanto públicas como privadas pode contribuir para fomentar e estimular tais processos históricos de longo prazo (LASTRES e CASSIOLATO, 2003).

Os APLs são caracterizados por dimensão territorial, definindo o espaço onde os processos produtivos têm lugar; diversidade de atividades e atores, envolvendo a participação de empresas, atores econômicos e políticos, agentes sociais, fornecedores, prestadores de serviços e clientes; conhecimento tácito, verificando processos de geração, compartilhamento e socialização de conhecimentos; inovação e aprendizado interativos, introduzindo novos processos e produtos através da transmissão de conhecimento local; governança, envolvendo a coordenação entre os agentes e atividades locais; e grau de enraizamento, envolvendo articulações e envolvimento dos diferentes atores e agentes com as capacitações profissionais, naturais, técnico-científicos, financeiros, outras organizações e o mercado consumidor local (LASTRES e CASSIOLATO, 2003).

Os APLs remetem às amplas questões associadas ao planejamento e ao desenvolvimento local através do incentivo à competitividade das empresas de uma determinada localidade. Algumas destas questões estão relacionadas ao crescimento do nível de emprego e renda, ao aumento do nível de escolaridade e capacitação técnica da mão-de-obra, a redução da taxa de declínio das atividades de MPEs, a redução de desigualdades sociais e, ainda, a exploração racional dos fatores de produção, inclusive os de origem ambiental.

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O conceito de APL incorpora elementos políticos e sociais, uma vez que a concentração de indústrias especializadas ocorre em uma localidade específica, onde não apenas são consideradas as potencialidades e os recursos existentes, mas também reagem fatores provenientes das relações sociais organizadas no espaço geográfico (DI SERIO, 2007).

Por fim, o conceito de APLrepresenta uma forma de pensamento estratégico relevante tanto para a formulação de políticas de desenvolvimento local, quanto para a formulação e implementação de estratégias competitivas de empresas, principalmente das MPEs (CASAROTTO FILHO e PIRES, 2001).

2.1.2 A competitividade através do conceito de Arranjos Produtivos Locais

A busca da competitividade tem se tornado uma preocupação central, tanto de países desenvolvidos como dos países em desenvolvimento. Contudo, criar as condições macroeconômicas não é o suficiente para estimular a competitividade das empresas. É necessário identificar as fontes de vantagem competitiva da nação e/ou localidade e o que torna as suas empresas competitivas no mercado global ao produzir e exportar seus produtos (PORTER, 1989b).

Sob esta perspectiva, governo e empresas devem buscar juntos o aprimoramento das condições do ambiente microeconômico com o objetivo de aumentar o poder de competição das empresas e, conseqüentemente, gerar um nível superior de produtividade que permita o incremento da competitividade das empresas instaladas.

Porém, este contexto é um desafio tanto para o governo quanto para as empresas. É um desafio que denota a necessidade relações colaborativas entre governo e empresas. Como estas relações não são estabelecidas e coordenadas por um ator central, mas pelo conjunto de diferentes organizações que formam a estrutura da economia nacional, fatores relacionados com a localização, especialização e concentração de atores públicos e privados passaram a ser fatores críticos de sucesso e de elevada sofisticação tanto para a formulação de políticas públicas de desenvolvimento local, quanto para a formulação e implementação das estratégias competitivas das empresas.

Gerolamo et al (2008) afirmam que o aumento da competitividade de APLs e o desenvolvimento econômico regional estão associados aos investimentos em inovação e que possíveis alternativas para o Brasil seriam o apoio direto do poder público, foco em inovação e definição de processos para gerenciamento das redes de cooperação.

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Portanto, é papel do Estado desenvolver um ambiente institucional que incentive a competitividade das empresas. As empresas, por sua vez, devem formular e implementar estratégias sofisticadas para gerar ganhos de crescentes de produtividade, aperfeiçoar as suas competências produtivas, conceber e aplicar inovações tecnológicas, e aprimorar suas capacidades e habilidades competitivas.

Lastres, Arroio e Lemos (2004) identificam que nas últimas décadas do século XX, importantes transformações ofereceram novas oportunidades e desafios para o desenvolvimento econômico mundial. Dentre estes, destaca-se a necessidade de formular e implementar políticas de APLs, principalmente os que reúnem MPEs, com o objetivo de buscar novos caminhos para o desenvolvimento do Brasil e seu reposicionamento no cenário internacional. Neste sentido, os autores destacam a necessidade de orientar a reconstrução da estrutura produtiva em novas bases, possibilitando uma mais ampla articulação de interesses e prioridades nacionais, regionais e locais, assim como potencializando competitividade, inovação, novas tecnologias, sinergias locais e desenvolvimento local para a redução de desigualdades sociais.

Estudos sobre a localização e a concentração de empresas de uma determinada indústria foram elaborados por Marshall (1988) e posteriormente adaptados por Krugman (1991), Schmitz (1995) e Porter (1989b e 1999), que desenvolveram análises que permitiram compreender como a concentração de indústrias especializadas em determinadas localidades pode incrementar a competitividade empresarial.

Britto (2002) identifica que a configuração e o desenvolvimento de APLs confere competitividade para empresas e suas respectivas indústrias através da exploração de diversas economias de aglomeração. Segundo o autor, apesar da cooperação produtiva e/ou tecnológica não estar necessariamente presente nessas concentrações geográficas de empresas, a estruturação desta concentração estimula um processo de interação local que viabiliza o aumento da eficiência produtiva, criando um ambiente propício à elevação da competitividade das empresas integradas ao APL. Além disso, o autor identifica que a intensificação das articulações e interações entre empresas presentes nos APLs pode ter impactos importantes em termos de geração de efeitos de aprendizado e de dinamização do processo inovativo em escala local ou regional.

Garcia, Motta e Amato Neto (2004) afirmam que a concentração de empresas em aglomerações industriais é capaz de proporcionar um maior escopo para o estabelecimento de ações conjuntas deliberadas, que se transformam em importantes ganhos de competitividade para as empresas e são resultados de construções sociais específicas dos agentes locais.

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Porter (1999) considera que, nas últimas décadas, o pensamento sobre a influência da localização adotou uma visão simples para o contexto da competitividade. Segundo o autor, a competitividade é mensurada equivocadamente por algumas empresas sob o ponto de vista estático da minimização dos custos em economias relativamente fechadas. Neste sentido, a competitividade baseada nos fatores de produção, tais como capital, mão-de-obra e economia de escala, assumem um fator crítico de sucesso decisivo para a vantagem competitiva. No entanto, o autor considera que, no atual contexto do ambiente competitivo, estes fatores não representam a efetiva vantagem competitiva, já que a dinâmica da competitividade contemporânea se fundamenta em inovação e diferenciais estratégicos.

Erber (2008) afirma que os APLs, caracterizados como aglomerações territoriais de agentes econômicos, político e sociais, que têm foco em um conjunto específico de atividades econômicas e que apresentam vínculos entre si, possibilitam ganhos de eficiência coletiva que os agentes que as compõem não podem atingir individualmente.

Portanto, a decisão de localização de atividades produtivas de uma determinada empresa permite a criação e a sustentação de vínculos mais estreitos entre a empresa e fornecedores, compradores e outras instituições, o que pode promover contribuições não apenas para a eficiência produtiva, mas também para a velocidade dos incrementos produtivos e para as inovações.

Krugman (1995) identifica que quando os retornos de escala são crescentes, cada produtor tende a concentrar geograficamente sua produção e atender mercados geograficamente extensos a partir de uma determinada localidade. Segundo o autor, as economias de escala determinam altos custos fixos e baixos custos variáveis, entre eles os custos de transportes, o que permite alcançar localidades mais distantes de uma origem. Para minimizar os custos de transportes, é escolhida uma localidade com grande demanda local. Isso implica em concentração geográfica de determinadas indústrias em determinadas localidades.

Porter (1999) atribui um papel de destaque à sofisticação da competição em determinada localidade e à produtividade das empresas que se instalam nela. Segundo o autor, existe uma relação de dependência recíproca entre competitividade, produtividade e localização de empresas. Dessa forma, a competitividade depende da produtividade das empresas que atuam em determinada localidade, bem como a produtividade das empresas depende das fontes de vantagem competitiva da localidade.

Di Serio (2007) afirma que para que as empresas possam competir com sucesso no atual contexto competitivo globalizado, são necessários ganhos crescentes de produtividade,

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derivados principalmente de inovações tecnológicas. Segundo o autor, o conjunto das empresas em competição, obtendo maiores níveis de competitividade, faz com que se elevem o padrão de vida e o bem-estar da localidade. Para que isso ocorra, as empresas e as instituições locais devem estar alinhadas.

No âmbito das condições contemporâneas da globalização, perante o intenso processo de transformação registrado nas empresas e nos governos, o conceito de APL reduz os custos das transações, aumenta a eficiência, melhora os incentivos e cria ativos coletivos, principalmente sob forma de informação e conhecimento.

Diante deste contexto, a competitividade das empresas está relacionada com a qualidade que uma determinada localidade proporciona em relação às demais em termos de disponibilidade e desenvolvimento de fontes de vantagem competitiva para determinadas indústrias e como estas fontes proporciona níveis elevados e crescentes de produtividade para estas indústrias.

Este contexto revela que os fundamentos da competitividade residem tanto na esfera macroeconômica quanto na microeconômica. Esta última, no entanto, tem maior potencial para a competitividade empresarial, afinal, é nesta esfera que as empresas têm a capacidade e a habilidade de criar e sustentar a vantagem competitiva através da produção de produtos e serviços de valor com alto nível de produtividade.

A visão de configuração e estímulo ao desenvolvimento de APLsé essencialmente útil aos gestores de empresas e demais atores da iniciativa privada, pois insere na agenda estratégica questões relevantes para a competitividade, tais como: decisão de localização de atividades produtivas, acesso à mão-de-obra com conhecimento técnico especializado e proximidade geográfica com indústrias correlatas e de apoio.

Já para o governo e demais atores do poder público, a visão de configuração e estímulo ao desenvolvimento de APLs representa um conceito de pensamento estratégico relevante para a formulação de políticas de desenvolvimento local (CASAROTTO FILHO e PIRES, 2001).

2.1.3 Os condicionantes da concentração de indústrias especializadas em determinadas

localidades

Estudos sobre a concentração de indústrias especializadas em determinadas localidades remontam, pelo menos, a Alfred Marshall (1842 a 1924).

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especializadas em determinadas localidades, mas, segundo o autor, as principais são: condições físicas, tais como a natureza do clima e do solo, existência de fontes de matérias-primas ou facilidades de acesso e transportes. Além destas causas, o autor identifica fatores relevantes tais como as condições de demanda local e a existência de agrupamentos de trabalhadores especializados.

Este modelo de organização industrial proporciona às empresas e as suas respectivas indústrias economias de escala e, por conseqüência, gera competitividade em função de aumento de eficiência associado a uma expansão na produção, causando redução do custo de cada unidade produzida.

Marshall (1988) identifica que economias de escala estimulam o surgimento de indústrias complementares na mesma localidade ou na vizinhança próxima para prestar serviços com maior fluidez. Estas indústrias complementares, diante da constante necessidade de renovação e aprimoramento de materiais e equipamentos das indústrias especializadas da localidade, proporcionam o incremento das economias de escala, o aperfeiçoamento do processo produtivo e a expansão do aprendizado industrial, e, conseqüentemente, a inovação de processos e de produtos ou serviços.

Já para a localidade, Marshall (1988) afirma que o surgimento deste modelo de organização industrial proporciona crescimento econômico acompanhado por modificações na estrutura produtiva da própria localidade com o aumento da industrialização, abertura de novos campos e postos de trabalho e melhoria das condições de demanda. Segundo o autor, em todos os estágios do desenvolvimento econômico das nações, exceto nos mais primitivos, a concentração de indústrias especializadas em determinadas localidades promove cooperação entre forças econômicas e sociais pelo fato de oferecer um mercado constante para a mão-de-obra especializada e, conseqüentemente, condições de demanda favoráveis.

Krugman e Obstfeld (1999) destacam o pensamento de Marshall (1988) sobre a concentração de indústrias especializadas em determinadas localidades. Segundo os autores, a decisão de localização das atividades das empresas no contexto produtivo deste modelo de organização industrial condiciona a competitividade das empresas através da especialização produtiva de apenas uma variedade limitada de bens e serviços, o que gera aperfeiçoamento tecnológico, produtividade e rendimentos constantes de escala.

Schumpeter (1997) considera que concentração de indústrias especializadas em determinadas localidades desempenha um papel crítico para a modelagem das percepções dos empresários e gestores sobre as oportunidades que podem ser exploradas. Segundo o autor, este modelo de organização industrial permite o acúmulo de competências e recursos valiosos,

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além de promover estímulos a investimentos, desenvolvimento tecnológico e melhoria contínua, o que condiciona a competitividade das empresas através da produtividade.

Porter (1989b, 1998a, 1998b, 1999, 2000, 2001 e 2003) destaca a relevância da competitividade decorrente da concentração de indústrias especializadas em determinadas localidades. Segundo o autor, este modelo de organização industrial é um fator estratégico para a redução dos custos dos fatores de produção e um condicionante para a competitividade das empresas no mercado global.

Schmitz (1995 e 1999) ressalta que a concentração de indústrias especializadas em determinadas localidades abre oportunidades para ganhos de eficiência que os produtores individuais raramente poderiam ter se atuassem dispersos em diferentes localizações. Porém, o autor destaca que a simples concentração geográfica de indústrias não representa competitividade. A competitividade decorrente deste modelo de organização industrial tem como condição necessária uma série de desenvolvimentos posteriores, como divisão do trabalho e especialização entre produtores; fornecimento de produtos especializados com rapidez; emergência de novos fornecedores de matérias-primas, componentes e máquinas; emergência de agentes que vendem para mercados distantes; emergência de novos fornecedores de serviços tecnológicos e financeiros; emergência de grupos de mão-de-obra especializada; e formação de associações para ações específicas.

Thompson Jr. e Formby (1993) observam que a concentração de indústrias especializadas em determinadas localidades é um fator estratégico para a competitividade das empresas. Segundo os autores, uma empresa deve considerar duas questões em seu processo decisório de localização de atividades produtivas: (1) se deve ou não contratar cada uma das atividades que desenvolve em uma ou mais localizações e (2) onde deve localizar suas atividades. Os autores destacam que as atividades de uma determinada indústria tendem a ser concentradas em uma ou duas localidades de uma determinada nação quando existem economias de escala significativas associadas ao desempenho da atividade; quando existem vantagens competitivas associadas à localização das atividades relacionadas em uma mesma área, de forma a se obter uma melhor coordenação; e quando existe uma curva de aprendizado bastante inclinada associada à concentração de uma determinada atividade em uma única localidade.

Portanto, em determinadas indústrias, as economias de escala associadas à produção das partes componentes ou da montagem do produto final quando concentradas em determinadas localidades permitem que as empresas construam uma única planta para atender o mercado como um todo, inclusive dentro de uma amplitude de mercado global.

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Krugman (1991 e 1995) afirma que as economias de escala condicionam a concentração de indústrias especializadas em determinadas localidades. Segundo o autor, as economias de escala podem ser genericamente classificadas em dois grupos distintos: as economias externas de escala e as economias internas de escala. As economias externas de escala são classificadas em três grupos: economias tecnológicas, economias de mercado e economias de organização. Já as economias internas de escala também são classificadas em três grupos: retornos crescentes de escala, competição e cooperação.

Krugman (1991 e 1995) considera que é importante distinguir os dois grupos de economias de escala porque elas ocorrem com diferentes intensidades em diferentes indústrias, segmentos de indústrias ou em concentrações de indústrias especializadas em determinadas localidades, mesmo nas diversas fases de evolução destas indústrias.

Os condicionantes da concentração de indústrias especializadas em determinadas localidades são identificados na figura 01, a seguir:

Figura 01– Os condicionantes da concentração de indústrias especializadas em determinadas localidades. Fonte: adaptado de KRUGMAN (1991 e 1995).

2.1.3.1 Economias externas de escala

Para Thompson Jr. e Formby (1993), economias externas de escala, ou simplesmente, economias externas, são economias que resultam unicamente do crescimento da indústria e de forças que não estão sob o controle das empresas.

Condicio-nantes Economias externas de escala Economias internas de escala Economias

tecnológicas Economias de mercado de organizaçãoEconomias

Retornos crescentes de

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Krugman e Obstfeld (1999) identificam que estas economias ocorrem quando o custo por unidade produzida depende do tamanho da indústria, mas não necessariamente do tamanho de qualquer empresa desta indústria.

A concentração de indústrias especializadas em determinadas localidades origina uma série de economias externas que foram analisadas por Marshall (1988) e, posteriormente, foram adaptadas em diferentes modelos por diferentes autores, tais como Krugman (1991 e 1995), Schmitz (1995 e 1999), Krugman e Obstfeld (1999) e Porter (1989b, 1998a, 1998b, 1999, 2000, 2001 e 2003).

Krugman (1991) classifica as economias externas em três grupos: economias tecnológicas, economias de mercado e economias de organização.

2.1.3.1.1 Economias externas tecnológicas

Krugman (1991 e 1995) identifica que as economias externas tecnológicas impactam na produção e dizem respeito aos padrões tecnológicos adotados na própria produção. Segundo o autor, estas economias condicionam a concentração de indústrias especializadas em determinadas localidades e, por conseqüência, a competitividade das empresas e de suas respectivas indústrias. Envolvem: (1) condições dos fatores de produção e custos de transportes; (2) dinâmica tecnológica; e (3) transbordamentos de conhecimento.

2.1.3.1.1.1 Condições dos fatores de produção e custos de transportes

Porter (1989b e 1999) identifica as condições dos fatores de produção de uma determinada localidade ou nação como uma fonte de competitividade para empresas e suas respectivas indústrias. Segundo o autor, as condições dos fatores de produção representam os insumos básicos de determinadas localidades ou nações de fatores tais como recursos naturais, capital, recursos humanos qualificados, infra-estrutura física e conhecimentos científicos. A disponibilidade e a qualidade destes insumos representam a justificativa estratégica para concentração de indústrias especializadas em determinadas localidades.

Lösch (1954) afirma que a concentração de indústrias especializadas em determinadas localidades se origina da oposição de duas forças: economia de escala e custos de transporte. Segundo o autor, as economias de escala reduzem os custos unitários de produção e agem no sentido de concentrar em uma mesma localidade indústrias produtoras e suas respectivas indústrias correlatas e de apoio. Esta concentração estimula uma crescente redução dos custos

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unitários de produção em função da redução dos custos de transporte, o que promove a competitividade das empresas da localidade. A competitividade das empresas em função de redução dos custos unitários de produção e de transporte estabelece o conceito de fator locacional como fonte de vantagem competitiva que determinadas indústrias obtêm ao decidir se instalar em determinada localidade.

Marshall (1988) identifica que as condições físicas da localidade, tais como a natureza do clima e do solo, existência de matérias-primas e facilidade de acesso condicionam a concentração de indústrias especializadas em determinadas localidades em função de reduzir os custos dos fatores de produção e de transporte. Segundo o autor, este modelo de organização industrial estimula a competitividade das empresas proporcionando melhores condições dos fatores de produção.

2.1.3.1.1.2 Dinâmica tecnológica

A dinâmica tecnológica é outro fator essencial para a manutenção de elevados níveis de competitividade das empresas. Para Schumpeter (1984), a inovação é um fator fundamental para a competitividade visto que a dinâmica da inovação fundamenta-se na incessante revolução da estrutura econômica gerada a partir dos esforços empresariais voltados para a criação de novos bens de consumo, de novos métodos de produção ou transporte, de novos mercados e de novas formas de organização industrial. Segundo o autor, este processo de inovação denomina-se “destruição criativa”. A destruição criativa ocorre quando surge um novo conjunto de conhecimentos tecnológicos que venham representar inovações radicais no cenário competitivo em curso criando novas indústrias e renovando o potencial de competitividade.

Scur e Garcia (2008) afirmam que o processo de inovação exige a participação e o envolvimento de diversos agentes e fontes de conhecimento e, sendo assim, o aumento de conhecimento pode ser descrito essencialmente como um processo interativo de aprendizagem e inovação. Segundo os autores, o conhecimento posto em prática é capaz de modificar rotinas existentes e gerar valor econômico porque mesmo que o conhecimento tenha característica de bem público, no momento em que se detém ou se absorve o domínio dessa tecnologia, o conhecimento torna-se específico e singular à firma.

Verschoore e Balestrin (2008) afirmam que a inovação e os avanços tecnológicos são elementos fundamentais para o atual paradigma competitivo. Segundo os autores, a cooperação entre empresas de determinadas indústrias que se concentram de forma

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especializada em determinadas localidades possibilita o desenvolvimento de estratégias coletivas de inovação e apresentam a vantagem de permitir o acesso rápido às novas tecnologias através dos seus canais de informação. Acentuando a amplitude da informação, elas criam as condições para promover inovações, conjugando diferentes lógicas e novas combinações de informações que reduzem a lacuna entre a concepção e a execução das atividades produtivas.

Suzigan et al (2006) vinculam a relação entre geografia e inovação. Segundo os autores, a distribuição regional de atividades produtivas especializadas reflete a própria distribuição regional de conhecimentos que substanciam capacitações técnicas, científicas e tecnológicas. Os autores complementam afirmando que a proximidade geográfica de atividades produtivas especializadas facilita a transmissão de novos conhecimentos que se caracterizam como complexos, de natureza tácita e específicos a certas atividades e sistemas de produção e inovação.

Portanto, a inovação gera economias externas a partir da criação de novos mercados ou expansão dos existentes, possibilita retornos crescentes de escala e estabelece novos padrões competitivos em uma determinada localidade.

2.1.3.1.1.3 Transbordamentos de conhecimento

Krugman e Obstfeld (1999) destacam os transbordamentos de conhecimento, ou os spill overs tecnológicos, conceito identificado por Marshall (1988). Segundo os autores, na economia contemporânea, o conhecimento é um insumo de igual relevância aos fatores de produção e um fator particularmente essencial nas indústrias inovadoras.

Marshall (1988) ressalta que a concentração de indústrias especializadas em determinadas localidades facilita o fluxo de informações informais e estimula novas idéias decorrentes da interação de profissionais especializados que atuam nesta localidade. Esta interação profissional converte-se em uma importante fonte de novos e diferentes conhecimentos técnicos. Segundo o autor, os transbordamentos de conhecimento, ou como particularmente denomina, os spill overs tecnológicos, condicionam a competitividade das empresas através da introdução informal de novas tecnologias oriundas dos relacionamentos profissionais e das trocas de experiências proporcionadas pela proximidade geográfica e estabelecem o conceito de desenvolvimento tecnológico informal como fonte de vantagem competitiva que determinadas indústrias obtêm ao decidir se instalar em determinada localidade.

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Stallivieri, Campos e Brito (2007) destacam que a aglomeração territorial de empresas em torno de arranjos ou sistemas produtivos localizados facilita o engajamento de atores desta localidade em processos de aprendizado interativo. Segundo os autores, neste tipo de ambiente, o conhecimento tende a se tornar incorporado não somente nas qualificações individuais e nos procedimentos e rotinas das organizações, como também no próprio ambiente local ou nos vínculos de interação entre os diferentes atores e desenhos institucionais.

Cavalcanti, Lima e Pereira Neto (2005) afirmam que o conhecimento pode contribuir para empresas que concentram as suas atividades produtivas em determinadas localidades. Segundo os autores, o conhecimento gerado em uma determinada localidade em função de trocas de experiências especializadas gera um capital ambiental que contribui para as empresas ultrapassarem as suas conhecidas barreiras de atuação e passarem a criar valor para todos os participantes do arranjo produtivo e para o desenvolvimento local.

Silvestre e Dalcol (2007) identificam que as conexões de conhecimento, tanto internas quanto externas, bem estabelecidas e sedimentadas, podem contribuir para o processo de aprendizagem das empresas de um aglomerado industrial, permitindo que estas adquiram capacitações tecnológicas para enfrentar os desafios impostos pelo mercado e realizar mudanças tecnológicas e inovações, as quais são, segundo os autores, alguns dos principais recursos para a sustentabilidade das empresas.

Porter (1999) identifica que os elos decorrentes da proximidade geográfica, das relações de fornecimento de tecnologia, além daqueles forjados pelos relacionamentos pessoais e pelos laços comunitários fomentadores de confiança, facilitam o fluxo das informações. Segundo o autor, a concentração de indústrias especializadas em determinadas localidades facilita o acesso à informação, reduz custos de produção, aumenta a produtividade, cria novas tecnologias, desenvolve a eficiência coletiva e compartilha o conhecimento através da cooperação gerada pelos elos que se estabelecem na localidade.

Santos e Amato Neto (2008) afirmam que o conhecimento oferece uma estrutura geral para a organização dos conteúdos estratégicos da aprendizagem, fortalecendo a capacidade de uma empresa em gerar respostas válidas aos desafios do ambiente externo em permanente estado de mudança, ampliando o portfólio de competências organizacionais, tendo em vista adaptar-se aos novos requisitos dos negócios e do ambiente tecnológico relacionado. Segundo os autores, o conhecimento desempenha em termos de gerar maior competitividade para as empresas.

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Cavalcanti Filho e Moutinho (2007) destacam que a proximidade geográfica entre organizações cria e fortalece uma rede local de aprendizado inovativo. Segundo os autores, as instituições armazenam conhecimentos, tanto em formas materiais quanto tacitamente, e os procedimentos formais e informais desenvolvidos historicamente para o exercício de suas funções podem tanto beneficiar quanto restringir a eficácia de suas ações, a depender de sua adequação ao contexto e momento.

Portanto, o conhecimento gerado em uma determinada localidade em função de trocas de experiências especializadas constitui um recurso tecnológico que possibilita a sustentabilidade da empresa diante dos desafios impostos pelo mercado.

2.1.3.1.2 Economias externas de mercado

Krugman (1991 e 1995) identifica as economias externas de mercado estão relacionadas com decisões ou fenômenos externos às empresas e mediados por mecanismos de mercado. Segundo o autor, estas economias condicionam a concentração de indústrias especializadas em determinadas localidades e, por conseqüência, a competitividade das empresas e de suas respectivas indústrias. Envolvem: (1) centralidade do produto e (2) condições de demanda local.

2.1.3.1.2.1 Centralidade do produto

Christaller (1966) afirma que a centralização geográfica é uma tendência natural da produção e propõe um modelo de hierarquização da localização industrial a partir de um conceito de centralidade do produto. Segundo o autor, determinadas indústrias devem se instalar em localidades com elevada centralidade geográfica de produção de determinados produtos como forma de aumentar os seus respectivos níveis de competitividade.

2.1.3.1.2.2 Condições de demanda local

Porter (1989b, 1998a, 1998b, 1999, 2000, 2001 e 2003) afirma que a natureza da demanda local influencia a competitividade das indústrias instaladas na localidade. A natureza da demanda local é condicionada pela existência de clientes locais sofisticados ou por clientes sofisticados de outras localidades com demandas intensas, especializadas e com facilidade de acesso e comunicação à localidade produtiva. As condições de demanda local pressiona as

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indústrias da localidade a atingir elevados padrões de produtividade, qualidade e constante renovação de seus produtos ou serviços, o que cria pressões favoráveis à inovação e a competitividade.

A concentração de indústrias especializadas em determinadas localidades condiciona a competitividade das indústrias em função do incremento e aperfeiçoamento das condições de demanda da localidade.

Vale ressaltar que a qualidade das condições de demanda da localidade é mais importante do que a sua quantidade, porém estas condições só contribuem para a competitividade das indústrias se gerar influências sobre as necessidades de demandas de outras localidades, inclusive de outras nações.

2.1.3.1.3 Economias externas de organização

Krugman (1991 e 1995) identifica que as economias externas de organização são aquelas condicionadas por determinadas características da população de determinada localidade e como as empresas, os empresários e os trabalhadores se estruturam e interagem na sociedade local. Segundo o autor, estas economias condicionam a concentração de indústrias especializadas em determinadas localidades e, por conseqüência, a competitividade das empresas e de suas respectivas indústrias. Envolvem: (1) capital social; (2) capacitação da mão-de-obra e dos empresários; e (3) indústrias correlatas e de apoio.

2.1.3.1.3.1 Capital social

Putnam (1996) define capital social como um estoque de relações sociais empenhadas através de compromissos tácitos ou não em uma comunidade, baseando seu êxito no fortalecimento da cooperação e da confiança mútua. Segundo o autor, o capital social é resultado de redes sociais que se formam em determinadas localidades e que estimulam o aumento da produtividade e a redução dos custos das transações econômicas locais. O autor conclui que o histórico dos relacionamentos das pessoas de uma determinada localidade consolida a cooperação local através de vínculos de lealdade e confiança que surgem destes relacionamentos.

Porter (1999) considera que a confiança estabelecida em função das redes sociais que se formam em determinadas localidades facilita a comunicação entre os atores locais e reforça os vínculos de relacionamentos entre estes atores.

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Političko obilježje austro-ugarskoga razdoblja u Bosni i Hercegovini može se ocijeniti političkim razočaranjem, ne samo istaknutijih franjevaca, nadbiskupa Stadlera, hr-