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Palavras-chaves: : capital de giro, plano de negócio, viabilidade econômica e financeira

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Academic year: 2021

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AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE

ECONÔMICA E FINANCEIRA DO

REDIMENSIONAMENTO DO

INVESTIMENTO EM CAPITAL DE GIRO

DE UM PLANO DE NEGÓCIOS DE

PROCESSAMENTO DA MACAXEIRA

Pedro Felizardo Adeodato de Paula Pessoa (Embrapa)

pedro@cnpat.embrapa.br

Jose Ednilson de Oliveira Cabral (Embrapa)

ednilsoncabral@gmail.com

José Carlos Machado Pimentel (Embrapa)

machado@cnpat.embrapa.br

João Bosco Cavalcante Araújo (Embrapa)

bosco@cnpat.embrapa.br

Antônio Genésio Vasconcelos Neto (Embrapa)

gensio@cnpat.embrapa.br

Este artigo apresenta uma análise das possibilidades de ganho de rentabilidade de um plano de negócios, por meio de um dimensionamento alternativo do seu investimento em capital de giro. Os dados utilizados foram extraídos do próprio plano de negócio para a produção em escala comercial de petisco dos tipos: chips, palito e palha, obtidos por processamento da macaxeira. As informações complementares e necessárias foram obtidas por meio de entrevista com o empreendedor. Foi verificado que apesar do empreendimento apresentar viabilidade econômica e financeira em seu plano de negócio, o investimento em capital de giro estava superdimensionado. Este fato foi demonstrado pelo incremento da rentabilidade financeira da proposta com o dimensionamento do investimento em capital de giro para uma possibilidade concreta.

Palavras-chaves: : capital de giro, plano de negócio, viabilidade econômica e financeira

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2 1. Introdução

No Brasil, apesar das decisões de investir nas micro e pequenas empresas serem motivadas por análises prévias que asseguram serem factíveis as suas altas rentabilidades, grande parte delas apresentam nos primeiros anos de vida sérios problemas financeiros, comprometendo, quase sempre, as suas existências.

Merece ser destacado, conforme o SEBRAE (2007a), que de todos os estabelecimentos registrados no Brasil entre os anos de 2001 e 2005, as micro e as pequenas empresas representaram 97,5% do total, sendo responsáveis por, aproximadamente, 52% dos empregos com carteira assinada no país. Entretanto nesta mesma pesquisa é feita a advertência que mais de 80% destas empresas não conseguiram sobreviver mais de dois anos. Em outra pesquisa do SEBRAE (2007b), a falta de capital de giro é apontada pelos dirigentes das micro e pequenas empresas como a principal causa das suas mortalidades.

Com relação à falta de capital de giro, Santos (2010) salienta que os questionamentos que precedem à abertura das empresas são voltados geralmente para aspectos técnicos. Questões financeiras como, por exemplo, o dimensionamento das suas necessidades de investimento em capital de giro, que são fundamentais para os seus funcionamentos e continuidades, são colocadas em um segundo plano.

Portanto são fortes as evidências que a falta de capital de giro nas micro e nas pequenas empresas é decorrente dos dimensionamentos equivocados das suas necessidades de investimento em capital de giro.

Desta forma, Henrique (2003) e Rosa (2007), recomendam que nos estudos sobre a viabilidade econômica e financeira de planos de negócio, atenção especial deve ser dada ao dimensionamento das suas necessidades de investimento em capital de giro, visando evitar o seu excesso ou a sua escassez.

A esse respeito, Martins e Assaf Neto (2005) e Ferronato (2011) advertem que o excesso ou a escassez de investimento em capital de giro podem comprometer a viabilidade econômica e financeira de qualquer empreendimento.

Desta forma, pretende-se neste estudo analisar o impacto na viabilidade econômica e financeira do dimensionamento do investimento em capital de giro de um plano de negócio de uma pequena empresa agroindustrial.

2. Metodologia

A fonte básica dos dados utilizados neste trabalho foi um plano de negócio submetido ao PROETA - Programa de Apoio ao Desenvolvimento de Novas Empresas de Base Tecnológica Agropecuária e Transferência de Tecnologia, criado pela EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária.

O plano de negócio foi apresentado por uma empresa, que a partir da macaxeira produzirá petiscos dos tipos chips, palito e palha.

Como parâmetro de rentabilidade, foi utilizado o retorno sobre o investimento total (RSI), o qual é um indicador que expressa a eficiência global da gestão na obtenção de lucro com os investimentos disponíveis (Gitman, 1987).

Portanto para avaliar o impacto do redimensionamento do investimento em capital de giro na rentabilidade do plano de negócio, foram utilizados os seguintes indicadores:

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RSI = L / (IP + ICG) (1) RSIr = L / (IP + ICGr) (2)

onde:

RSI = retorno sobre o investimento total sem o redimensionamento do investimento em capital de giro;

RSIr = retorno sobre o investimento total com o redimensionamento do

investimento em capital de giro; L = lucro mensal;

IP = investimento permanente;

ICG= investimento em capital de giro;

ICGr = investimento redimensionado do capital de giro.

O lucro (L) foi calculado da seguinte forma: L = Rb - Cv - Cf (3)

onde:

Rb = receita bruta mensal; Cv = custo variável mensal; Cf = custo fixo mensal.

O investimento permanente (IP) foi composto pelo valor das máquinas, equipamentos, construções, móveis, etc.

O investimento em capital de giro (ICG), conforme Ferronato (2011) existe quando os desembolsos para formação de estoques e para os pagamentos ocorrem antes dos recebimentos.

O período de tempo entre o momento do desembolso e o instante do recebimento do dinheiro das vendas é denominado, segundo Assaf Neto (2009), de ciclo financeiro

Portanto para calcular o investimento em capital de giro (ICG), é necessário conhecer o ciclo financeiro (CF), que é obtido por meio dos prazos médios de estocagem, de recebimento das vendas e de pagamento das compras (Rosa, 2007).

Desses prazos, somente o Pme sofre influência direta da gestão do empreendimento, por meio da sua política de estocagem.

Ao contrário do Pme, o Pmrv e o Pmpc não sofrem ingerência, pois são determinados externamente, pelo mercado consumidor e fornecedor, respectivamente.

O Pme expressa a quantidade de dias que serão necessários para consumo dos estoques. Foi calculado pela seguinte fórmula:

Pme= Ie / Csd (4) onde:

Ie = investimento com estoques de matérias-primas, insumos e embalagens. É o valor que há de matéria-prima, insumos e embalagens no empreendimento.

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Csd = valor do consumo diário de matérias-primas, insumos e embalagens pelos produtos do empreendimento.

A esse respeito, Wernke (2008) salienta que a comparação do Pme com o prazo médio de entrega dos fornecedores (Pe) pode evidenciar que o empreendimento investe desnecessariamente um considerável valor em estoques. Esse superdimensionamento ocorre quando a quantidade de dias do Pme é bastante superior a do Pe. Nesse caso, o redimensionamento para menos no investimento em estoque terá implicações positivas no desempenho econômico e financeiro do empreendimento.

Quando o Pme é inferior ao Pe, o investimento em estoque não atende as necessidades diárias, expondo o empreendimento a paralisações. Nesse caso, o redimensionamento para mais no investimento em estoque terá implicações positivas no seu desempenho operacional, econômico e financeiro.

Neste trabalho considerou-se o prazo médio de estocagem redimensionado (Pmer ) = Pe.

Consequentemente, os ciclos financeiros foram calculados da seguinte forma: CF = Pme + Pmrv - Pmpc (5)

CFr = Pmer + Pmrv - Pmpc (6)

onde:

CF = ciclo financeiro não redimensionado; CFr = ciclo financeiro redimensionado;

Pme = prazo médio de estocagem;

Pmer = prazo médio de estocagem redimensionado;

Pmrv = prazo médio de recebimento das vendas; Pmpc = prazo médio de pagamento das compras.

O prazo médio de recebimento das vendas (Pmrv) e o prazo médio de pagamento das compras (Pmpc) foram obtidos, mediante entrevista com o empreendedor.

Portanto o investimento em capital de giro não redimensionado (ICG) e redimensionamento (ICGr) foram calculados com as seguintes fórmulas:

ICG = CF x Ctd (7) ICGr = CFr x Ctd (8)

onde:

Ctd = custo total diário.

3. Resultados

Inicialmente são apresentadas na Tabela 1, a receita bruta mensal do empreendimento e as receitas brutas de seus produtos: macaxeira palito, macaxeira chips e macaxeira palha.

Produtos

Preço de venda (R$/Kg)

Quantidade vendida mensal (Kg)

Receita bruta mensal (R$)

Macaxeira palito 2,50 6.000 15.000,00

Macaxeira chips 10,00 200 2.000,00

Macaxeira palha 10,00 200 2.000,00

Total - - 19.000,00

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Tabela 1 - Composição da receita bruta mensal do empreendimento

Na composição da receita bruta mensal de R$ 19.000,00, o produto macaxeira palito destaca-se com uma receita bruta mensal de R$ 15.000,00, que lhe confere uma participação de 78,96%. Os outros produtos, macaxeira chips e macaxeira palha, contribuíram cada um com 10,52% na formação da receita bruta mensal do empreendimento.

A formação do custo variável mensal é mostrada na Tabela 2. Observa-se que do seu total igual a R$ 11.509,00, o custo com macaxeira, com comissões sobre as vendas e com impostos têm, respectivamente, as seguintes participações: 48,66%, 19,64% e 9,74%.

Materiais/insumos, etc. Produtos Macaxeira palito (R$) Macaxeira chips (R$) Macaxeira palha (R$) Total (R$) Macaxeira 4.800,00 400,00 400,00 5.600,00 Embalagem 150,00 120,00 120,00 390,00 Rótulo 240,00 240,00 240,00 720,00 Ingredientes 50,00 10,00 10,00 70,00 Gás de cozinha 296,00 148,00 148,00 592,00 Óleo vegetal - 378,00 378,00 756,00 Imposto (simples 5,9%) 885,00 118,00 118,00 1.121,00 Comissões s/venda (14%) 1.784,00 238,00 238,00 2.260,00 Total 8.205,00 1.652,00 1.652,00 11.509,00

Fonte: Dados da pesquisa

Tabela 2 - Custo variável mensal do empreendimento e de seus produtos

É importante também destacar que o produto macaxeira palito absorve 71,30% do custo variável mensal do empreendimento, enquanto os produtos macaxeira chips e macaxeira palha absorvem cada um 14,35%.

Com relação ao custo fixo mensal, observa-se na Tabela 3, que os itens salários+encargos e pró-labore são os mais onerosos, com participações de 55,86% e 16,221%, respectivamente.

Descrição

Custo fixo mensal (R$) Água 150,00 Energia elétrica 500,00 Telefone 100,00 Honorários do contador 200,00 Pró-labore 1.000,00 Manutenção 100,00 Salários+encargos 3.444,83 Material de limpeza 50,00 Material de escritório 50,00 Combustível 250,00 Taxas diversas 100,00 Depreciação 221,91 Total 6.166,74

Fonte: Dados da pesquisa

Tabela 3 - Custo fixo mensal do empreendimento

Com base nos resultados apresentados nas Tabelas 1, 2 e 3, o lucro mensal foi calculado da seguinte forma:

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O investimento permanente, conforme a Tabela 4 é de R$ 19.380,00.

O ciclo financeiro foi calculado com base em um prazo médio de recebimento das vendas (Pmrv) de sete dias, e de um prazo médio de pagamento das compras (Pmpc) de 14 (quatorze) dias. Descrição Valor total (R$) Máquinas e equipamentos 8.130,00 Móveis e utensílios 1.250,00 Veículos 8.000,00 Outros 2.000,00 Total 19.380,00

Fonte: Dados da pesquisa

Tabela 4 – Investimento permanente do empreendimento

O prazo médio de estocagem no Plano de Negócio proposto, portanto sem o redimensionamento dos estoques (Pme), foi obtido conforme Tabela 5.

Portanto o ciclo financeiro (CF) foi obtido da seguinte forma: CF = 22,88 + 7 - 14 =15,88 dias.

Com um prazo médio de entrega dos fornecedores (Pe) de 10 (dez) dias, o ciclo financeiro com o redimensionamento dos estoques foi de:

CFr = 10 + 7 - 14 = 3 dias.

Consequentemente, os investimentos em capital de giro sem o redimensionamento (ICG) e com o redimensionamento (ICGr) dos estoques, apresentaram os seguintes valores:

ICG = 15,88 x 590,00 = R$ 9.369,20

ICGr = 3 x 590,00 = R$ 1.770,00.

O custo total diário (Ctd) foi assim obtido:

Ctd = custo total mensal / 30 = 17.675,74 / 30 = R$ 590,00.

Observa-se que com o redimensionamento dos estoques há uma redução de 81% no investimento em capital de giro.

Materiais/insumos

Investimento em dos estoques (Ie) Consumo diário (Csd) Prazo médio de estocagem (Pme) (R$) (R$) (dias) Macaxeira 4.800,00 187,00 25,67 Embalagem 200,00 13,00 15,38 Rótulo 280,00 24,00 11,67 Ingredientes 50,00 2,33 21,46 Gás de cozinha 444,00 19,72 22,51 Óleo vegetal 432,00 25,20 17,14 Total 6.206,00 271,25 22,88

Fonte: Dados da pesquisa

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O retorno sobre o investimento total sem o redimensionamento (RSI) e o retorno sobre o investimento total com o redimensionamento (RSIr) foram iguais a:

RSI = 1.324,26 / (19.380,00 + 9.368,20) = 0,046 .. 0,046 x 100 = 4,6% RSIr = 1.324,26 / (19.380,00 + 1.770,00) = 0,063 .. 0,046 x 100 = 6,3 %.

Portanto RSI ao passar de 4,6% para 6,3% , expressa um incremento de 37% na rentabilidade do empreendimento. A redução no investimento em capital de giro tem também como conseqüência uma maior disponibilidade de recursos financeiros.

4. Conclusões

Na análise do plano de negócio proposto, comprovou-se a grande importância do dimensionamento do investimento em capital de giro na rentabilidade e na sustentabilidade financeira do empreendimento.

Nas análises efetuadas foi possível constatar que o investimento em capital de giro estabelecido no plano de negócio está superdimensionado, em virtude do excesso de estoque. Portanto, com a configuração proposta no plano de negócio, ficou evidenciado que o desempenho econômico e financeiro do empreendimento está sendo subotimizado.

Com o redimensionamento dos estoques e, consequentemente do investimento em capital de giro, foram obtidas evidências que permitem concluir que são amplas as possibilidades de ganhos econômicos e financeiros. Portanto, do ponto de vista das possibilidades de retorno, quanto mais a empresa se aproximar do processo de produção “Just in time” (estoque zero), maior será a sua rentabilidade e menor a necessidade de capital de giro.

Para finalizar, é importante enfatizar que o tratamento adequado das questões relacionadas ao dimensionamento do investimento em capital de giro nos planos de negócios, é imprescindível para os seus êxitos.

Referências

ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. São Paulo: Atlas, 2009.

FERRONATO, A. J. Gestão contábil e financeira de micro e pequenas empresas - sobrevivência e

sustentabilidade. São Paulo: Atlas, 2011.

GITMAN, L. J. Princípios da Administração Financeira. São Paulo: Habra, 1987. HENRIQUE, F. Tire sua empresa das trevas. Santos: Espaço do autor, 2003, MARTINS, E; ASSAF NETO, A. Administração Financeira. São Paulo: Atlas, 1986. ROSA, C. A. Como elaborar um plano de negócio. Brasília: SEBRAE, 2007.

SANTOS, E. O. dos. Administração financeira da pequena e média Empresa. São Paulo: Atlas, 2010.

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. (Org.). Anuário do trabalho na

micro e pequena empresa 2007. Brasília: SEBRAE/DIEESE, 2007a.

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Fatores condicionantes e taxas de

sobrevivência e mortalidade das micro e pequenas empresas no Brasil – 2003/2005. Brasília: SEBRAE, 2007b.

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