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A avaliação económica no planeamento do recreio florestal – o caso da mata nacional de Leiria

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ii UNIVERSIDADE DO ALGARVE

A AVALIAÇÃO ECONÓMICA NO PLANEAMENTO DO RECREIO FLORESTAL – O CASO DA MATA NACIONAL DE LEIRIA

Fernanda Maria Fernandes Oliveira

Tese

Doutoramento em turismo

Trabalho realizado sob a orientação de:

Professor Doutor Pedro Pintassilgo Professora Doutora Maria Isabel Mendes

Professor Doutor João Albino Silva

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ii

UNIVERSIDADE DO ALGARVE

A AVALIAÇÃO ECONÓMICA NO PLANEAMENTO DO RECREIO FLORESTAL – O CASO DA MATA NACIONAL DE LEIRIA

Fernanda Maria Fernandes Oliveira

Tese

Doutoramento em turismo

Trabalho realizado sob a orientação de:

Professor Doutor Pedro Pintassilgo Professora Doutora Maria Isabel Mendes

Professor Doutor João Albino Silva

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iii A AVALIAÇÃO ECONÓMICA NO PLANEAMENTO DO RECREIO

FLORESTAL – O CASO DA MATA NACIONAL DE LEIRIA

Declaração de autoria de trabalho

Declaro ser a autora deste trabalho, que é original e inédito. Autores e trabalhos consultados estão devidamente citados no texto e constam da listagem de referências incluída.

__________________________________

Copyright – Fernanda Maria Fernandes Oliveira. Universidade do Algarve. Faculdade de Economia.

A Universidade doAlgarve tem o direito, perpétuo e sem limites geográficos, de arquivar e publicitar este trabalho através de exemplares impressos reproduzidos em papel ou de forma digital, ou por qualquer outro meio conhecido ou que venha a ser inventado, de o divulgar através de repositórios científicos e de admitir a sua cópia e distribuição com objetivos educacionais ou de investigação, não comerciais, desde que seja dado crédito ao autor e editor.

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iv À minha família.

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v ÍNDICE GERAL Índice de Figuras Índice de Tabelas Lista de Abreviaturas Agradecimentos Resumo Abstract CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 1.1 Definição do tema 1.2 Relevância do tema

1.3 Questão de partida e objetivos 1.4 Organização do estudo

PARTE I – O PLANEAMENTO DO RECREIO FLORESTAL E OS CONTRIBUTOS DA ECONOMIA AMBIENTAL

CAPÍTULO 2. FLORESTA, RECREIO E TURISMO: IMPORTÂNCIA E EVOLUÇÃO DO RECREIO FLORESTAL

2.1. A Floresta – abordagem conceptual 2.1.1 Conceitos e classificações de floresta

2.1.2 A floresta em números – o Mundo, a Europa e Portugal 2.2 Tipologia da propriedade florestal

2.3 Funções e serviços da floresta 2.4 O Recreio Florestal

2.4.1 Representatividade do recreio florestal: alguns números e tendências 2.4.1.1 Tendências na evolução do recreio e turismo – reflexos ao nível da floresta

2.4.1.2 O recreio florestal no mundo, na Europa e em Portugal: dados sobre a procura, a oferta e o valor económico

2.5 Conclusão

CAPÍTULO 3. PLANEAR O RECREIO FLORESTAL: CONTEXTOS, INSTRUMENTOS, DESAFIOS

3.1 Conflitos e impactes associados ao uso de recreio em espaços florestais 3.2 Conceito e abordagens de planeamento no contexto do recreio florestal 3.2.1 Abordagens ao planeamento do recreio florestal

3.3 Tipos e Escalas de Planeamento do Recreio Florestal

3.4 Instrumentos de política e o planeamento do recreio florestal – perspetiva mundial, europeia e nacional

3.4.1 O caso português

3.5 Processo de planeamento de recreio

3.6 Desafios do planeamento do recreio no futuro 3.7 Conclusão viii x xiii xv xvi xviii 1 1 4 5 6 10 11 11 13 18 21 24 27 34 34 37 45 47 47 51 54 59 63 69 75 82 84

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vi

CAPÍTULO 4. EFICIÊNCIA DE USOS DE RECREIO FLORESTAL: CONTRIBUTOS DA ECONOMIA AMBIENTAL

4.1 Fundamentos teóricos da Economia do Ambiente

4.1.1 Economia do ambiente vs economia dos recursos naturais e economia ecológica

4.2 Eficiência de recursos naturais e o suporte da economia do bem-estar 4.2.1 A eficiência e as falhas de mercado

4.3 Conceito de valor económico

4.3.1 O valor económico total da floresta

4.3.2 Medidas de valor: as medidas de bem-estar

4.4 Técnicas de avaliação económica de recursos florestais

4.4.1 Métodos baseados nas preferências declaradas (stated preferences) e reveladas (revealed preferences)

4.4.2 Aplicabilidade dos diferentes métodos na avaliação dos benefícios florestais não-transacionáveis

4.5 Avaliação económica do recreio florestal e os contributos para o seu planeamento  exemplos internacionais

4.6 Conclusão

CAPÍTULO 5. O MÉTODO DA AVALIAÇÃO CONTINGENTE 5.1 Conceção de um questionário de avaliação contingente

5.1.1 A política, o cenário hipotético e o método de pagamento

5.1.2 Identificação da população alvo – requisitos para a definição da amostra 5.1.3 Formato e tipologia da questão DPP/DPA

5.1.4 Modo de aplicação do questionário

5.2 Limitações do método da avaliação contingente

5.3 Algumas reflexões relativamente à validade da avaliação contingente 5.4 Modelo teórico para estimar a DPP/DPA

5.5 Especificações dos modelos estatísticos para estimar a DPP/DPA 5.6 Agregação das estimativas DPP/DPA

5.7 Conclusão

PARTE II – ESTUDO DE CASO: O VALOR DOS BENEFÍCIOS DE RECREIO NA MATA NACIONAL DE LEIRIA

CAPÍTULO 6. A MATA NACIONAL DE LEIRIA E O PLANEAMENTO DO RECREIO

6.1 Caracterização da Mata Nacional de Leiria

6.2 O planeamento e ordenamento na Mata – abordagem ao recreio 6.3 O projeto do Museu Nacional da Floresta

6.4 Conclusão

CAPÍTULO 7. METODOLOGIA

7.1 Contextualização e objetivos da investigação 7.2 Design do questionário de avaliação contingente

87 87 90 92 93 102 104 107 112 113 120 133 136 138 139 141 147 149 154 155 162 168 171 177 179 182 183 183 190 199 200 204 204 206

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vii

7.3 Aplicação preliminar do questionário

7.4 Identificação da população alvo e definição da amostra 7.5 Aplicação do questionário

7.6 Seleção das ferramentas estatísticas para a análise e tratamento de dados 7.7 Conclusões

CAPÍTULO 8. ANÁLISE E DISCUSSÃO DE RESULTADOS

8.1 Caracterização das experiências e atividades de recreio dos utilizadores da Mata

8.2 Avaliação das Melhorias de Recreio na Mata 8.3 Caracterização socioeconómica dos respondentes 8.4 Modelo explicativo da DPP

8.4.1 Procedimento de aplicação do método CHAID 8.5 Conclusão

CAPÍTULO 9. O VALOR AGREGADO DA DPP: METODOLOGIA E RESULTADOS

9.1 Contextualização do questionário 9.2 Desenho do questionário

9.3 Determinação da amostra

9.4 Modo de aplicação do questionário 9.5 Análise Descritiva dos Dados

9.6 Questionário AC vs Questionário para fins de agregação 9.7 Abordagem para o cálculo da DPP agregada

9.8 Conclusão

CAPÍTULO 10. CONCLUSÃO

ANEXOS

Anexo A – Mapa das Propriedades florestais administradas pela AFN Anexo B – Mapa das Infraestruturas e Equipamentos de Recreio da Mata Nacional de Leiria

Anexo C – Fauna da Mata Nacional de Leiria

Anexo D – Normas genéricas de intervenção nos espaços florestais

APÊNDICES

APÊNDICE 1 – QUESTIONÁRIO AOS UTILIZADORES DE RECREIO DA MATA NACIONAL DE LEIRIA

APÊNDICE 2 – Maqueta de apoio ao questionário AC APÊNDICE 3 – Questionário AC – versão préteste APÊNDICE 4 – Questionário AC para fins de agregação

BIBLIOGRAFIA 223 231 235 238 242 244 244 256 260 267 268 275 279 279 280 281 282 283 286 289 293 294 303 304 305 306 307 309 310 314 316 319 320

(8)

viii

ÍNDICE DE FIGURAS

CAPÍTULO 2. FLORESTA, RECREIO E TURISMO: IMPORTÂNCIA E EVOLUÇÃO DO RECREIO FLORESTAL

Figura 2.1: Categorias de Sistemas, segundo o MEA Figura 2.2: Floresta: classificações

Figura 2.3: Alterações líquidas na área florestal, por país, entre 2005 e 2010 (ha/ano)

Figura 2.4: Grupos de países pertencentes à MCPFE

Figura 2.5: Tipos de ocupação florestal, em Portugal Continental (% por área ocupada)

Figura 2.6: Propriedade florestal por regiões florestas do mundo, em 2005 (%) Figura 2.7: Direitos de gestão nas florestas públicas, 2005 (%)

Figura 2.8: Tipos de regime florestal, em Portugal

Figura 2.9: Funções das florestas no mundo, em 2010 (%)

Figura 2.10: Relação entre tempo de trabalho, tempo de lazer e recreio

Figura 2.11: Tendências de participação nas atividades de recreio outdoor mais populares nos EUA

CAPÍTULO 3. PLANEAR O RECREIO FLORESTAL: CONTEXTOS, INSTRUMENTOS, DESAFIOS

Figura 3.1: Macrozonagem das funções dominantes do espaço florestal

CAPÍTULO 4. EFICIÊNCIA DE USOS DE RECREIO FLORESTAL: CONTRIBUTOS DA ECONOMIA AMBIENTAL

Figura 4.1: Exemplo de uma afetação ótima no mercado de recreio outdoor Figura 4.2: Exemplo de uma externalidade negativa sobre a afetação ótima Figura 4.3: Valor Económico Total de ecossistemas florestais

Figura 4.4: Excedente do consumidor face a uma alteração no preço

CAPÍTULO 5. O MÉTODO DA AVALIAÇÃO CONTINGENTE Figura 5.1: Tipos de Validade

CAPÍTULO 6. A MATA NACIONAL DE LEIRIA E O PLANEAMENTO DO RECREIO

Figura 6.1: Localização da Mata Nacional de Leiria

Figura 6.2: Extrato parcial das Sub-Regiões Homogéneas Dunas Litorais Figura 6.3: Potencialidades da função recreio e estética da paisagem, na área do PROF-CL

CAPÍTULO 7. METODOLOGIA Figura 7.1: Cartão de apoio à questão 8

Figura 7.2: Intervenções previstas no projeto do Museu Nacional da Floresta – perspetiva parcial da maqueta

11 12 15 19 20 21 22 22 23 26 28 39 47 71 87 95 95 105 108 138 164 183 186 192 195 204 211 214

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ix

Figura 7.3: Formato da questão licitação: Escolha discreta com follow-up e questão da DPP máxima

Figura 7.4: Cartão de apoio à questão do Rendimento Líquido Mensal Figura 7.5: Valores médios de concordância por afirmação (Questão 8) Figura 7.6: Valores de follow-up, para os valores de licitação inicial

Figura 7.7: Mapa da Mata Nacional de Leiria – locais de aplicação do questionário AC

CAPÍTULO 8. ANÁLISE E DISCUSSÃO DE RESULTADOS

Figura 8.1: Gráfico da Frequência da DPP máxima individual (mensal) (N=352) Figura 8.2: Preparação da amostra para fins de análise da regressão

Figura 8.3: Árvore de Decisão – Análise CHAID

CAPÍTULO 9. O VALOR AGREGADO DA DPP: METODOLOGIA E RESULTADOS

Figura 9.1: Residentes em Leiria que conhecem a Mata Nacional de Leiria (N=384)

Figura 9.2: Residentes em Leiria que utilizam a Mata para fins de lazer (N=359) Figura 9.3: Atividades de lazer habitualmente realizadas – dados do questionário AC e do questionário para fins de agregação (apenas utilizadores da Mata) (Questão de resposta múltipla)

216 221 225 227 236 244 258 267 269 279 284 284 287

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x

ÍNDICE DE TABELAS

CAPÍTULO 2. FLORESTA, RECREIO E TURISMO: IMPORTÂNCIA E EVOLUÇÃO DO RECREIO FLORESTAL

Tabela 2.1: Composição do conceito de floresta Tabela 2.2: Funções e subfunções das florestas

Tabela 2.3: A influência da idade e do contexto familiar face ao lazer Tabela 2.4: Classificações e tipos de recreio

Tabela 2.5: Conceitos de Ecoturismo e Turismo de Natureza

Tabela 2.6: Visitas aos espaços florestais, em alguns países europeus

Tabela 2.7: Serviços de recreio nas florestas portuguesas (Valores atualizados para 2001)

CAPÍTULO 3. PLANEAR O RECREIO FLORESTAL: CONTEXTOS, INSTRUMENTOS, DESAFIOS

Tabela 3.1: Impactes do recreio – conceitos

Tabela 3.2: Ferramentas de suporte ao planeamento do recreio Tabela 3.3 Capacidade de carga – conceitos

Tabela 3.4: Escalas e tipos de planos de recreio

Tabela 3.5: Painel de critérios pan-europeus para a gestão florestal sustentável Tabela 3.6: Objetivos do plano de ação da UE para as florestas

Tabela 3.7: Principais funções das florestas em cada área de especialização Tabela 3.8: Processo de planeamento de recreio

Tabela 3.9: Exemplos de metas e objetivos de planos de recreio florestal

CAPÍTULO 4. EFICIÊNCIA DE USOS DE RECREIO FLORESTAL: CONTRIBUTOS DA ECONOMIA AMBIENTAL

Tabela 4.1: Medidas de bem-estar hicksianas

Tabela 4.2: Avaliação do recreio florestal através do MAC – Painel de estudos

CAPÍTULO 5. O MÉTODO DA AVALIAÇÃO CONTINGENTE

Tabela 5.1: Orientações do Painel NOAA para a conceção de um questionário de avaliação contingente

Tabela 5.2: Valores base de licitação utilizados em questão DPP com formato escolha dicotómica

Tabela 5.3: Passos para minimizar o enviesamento estratégico

CAPÍTULO 6. A MATA NACIONAL DE LEIRIA E O PLANEAMENTO DO RECREIO

Tabela 6.1: Área da Mata Nacional de Leiria, por tipo de ocupação

Tabela 6.2: Receitas da produção lenhosa e de resina na Mata, entre 2000 e 2010 (em €)

Tabela 6.3: Objetivos específicos para as subregiões Dunas Litorais e Baixo 11 18 25 30 31 36 41 44 47 48 56 57 61 65 67 72 75 77 87 110 127 138 140 153 158 183 185 190

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xi

Mondego e Gândaras Sul

Tabela 6.4: Normas genéricas de intervenção nos espaços florestais para a função recreio, enquadramento e estética da paisagem

CAPÍTULO 7. METODOLOGIA

Tabela 7.1: Valores DPP no pré-teste – tabela de frequências

Tabela 7.2: Períodos de maior utilização diária, dos equipamentos de recreio da Mata

Tabela 7.3: Os utilizadores de recreio da Mata, segundo o tipo de espaço utilizado e a frequência de utilização

CAPÍTULO 8. ANÁLISE E DISCUSSÃO DE RESULTADOS

Tabela 8.1: Respostas à questão “É a primeira vez que utiliza a Mata?”, por versão de questionário e amostra total (N=419)

Tabela 8.2: Porquê da primeira visita e frequência das visitas, por versão de questionário e amostra total (N=419)

Tabela 8.3: Resposta à questão “quanto tempo permaneceu/permanece habitualmente na mata”, por versão de questionário e amostra total (N=419) Tabela 8.4: Companhia na deslocação à mata, por versão de questionário e amostra total* (ordenação descendente por frequência) (N=419)

Tabela 8.5: Atividades realizadas habitualmente na mata, por versão de questionário e amostra total (ordenação descendente por frequência) (N=419) Tabela 8.6: Atividade realizada mais frequentemente na mata, por versão de questionário e amostra total (ordenação descendente por frequência) (N=382) Tabela 8.7: “O que mais valoriza na mata”, por versão de questionário e amostra total (ordenação descendente por frequência) (N=419)

Tabela 8.8: Avaliação da experiência de recreio na Mata (N=419), por versão de questionário e amostra total

Tabela 8.9: Participação em evento organizado (N=62), por versão de questionário e amostra total

Tabela 8.10: Grau de concordância com as afirmações (N=419) Tabela 8.11: Valores próprios e variância explicada

Tabela 8.12: Distribuição dos itens pelos fatores, saturações fatoriais e comunalidades, ACP com rotação oblimin

Tabela 8.13: Matriz de correlação fatorial

Tabela 8.14: Médias, desvios-padrão, homocedasticidade e ANOVA dos fatores de atitudes face à Mata em função das habilitações académicas

Tabela 8.15: Médias, desvios-padrão, homocedasticidade e ANOVA dos fatores de atitudes face à Mata em função do local de residência

Tabela 8.16: Distribuição das respostas DPP mensal por cenário (N=419), por versão de questionário e amostra total

Tabela 8.17: Motivo para não indicar nenhum valor para de DPP (N=99)

Tabela 8.17.1: Análise da opção “Outro motivo” para não indicar uma DPP (N=23) 193 194 204 227 230 233 244 245 245 245 246 246 247 248 248 249 249 251 252 252 255 256 257 259 259

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xii

Tabela 8.18: Valor DPP máximo mensal, por cenário (N=419)

Tabela 8.18.1: Valor DPP máximo mensal, por cenário, excluindo respostas protesto (N=352)

Tabela 8.19: Distribuição da amostra pelos distritos de origem (N=419)

Tabela 8.19.1: Distribuição dos sujeitos da amostra que pertencem ao Distrito de Leiria – discriminação por concelho

Tabela 8.20: Caracterização da amostra, por versão de questionário e amostra total (N=419)

Tabela 8.21: Composição do agregado familiar (N=419)

Tabela 8.22: Habilitações académicas, situação profissional e rendimento líquido, por versão de questionário e amostra total (N=419)

Tabela 8.23: Afiliação a Organizações (N=419)

Tabela 8.24: Opinião em relação à gestão da Mata (N=419)

Tabela 8.25: Indicações e contributos para melhorar a gestão da Mata (N=158) Tabela 8.26: Relação entre a variável dependente “Disposição para Pagar” e as variáveis explicativas

Tabela 8.27: Estimativa do valor de recreio florestal

Tabela 8.28: Risco da variável dependente

Tabela 8.29: Classificação

CAPÍTULO 9. O VALOR AGREGADO DA DPP: METODOLOGIA E RESULTADOS

Tabela 9.1: Telefonemas realizados

Tabela 9.2: Aspetos relativos à aplicação do questionário Tabela 9.3: Frequência de utilização da Mata (N=218) Tabela 9.4: Atividades de lazer realizadas na Mata (N=327)

Tabela 9.5: Caracterização socioeconómica – comparação do total de responden-tes e apenas dos utilizadores da Mata

Tabela 9.6: Frequência de utilização

Tabela 9.7: Análise comparativa das variáveis Sexo e Idade

Tabela 9.8: Frequência média de utilização da Mata (n.º de dias/utilizador/meses de férias), para Leiria, Marinha Grande e outras proveniências

Tabela 9.9: Cálculo dos utilizadores da Mata, por proveniência Tabela 9.10: Proposta de Agregação

259 260 261 261 261 262 263 264 264 265 268 274 275 275 279 282 282 284 285 286 288 288 290 291 292

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LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

AC Avaliação contingente

ACP Avaliação em Componentes Principais

AFN Autoridade Florestal Nacional

Art.º Artigo

CMMG Câmara Municipal da Marinha Grande

CVM Contingent Valuation Method

DPA Disponibilidade para aceitar

DAPC Disponibilidade para aceitar compensatória DAPE Disponibilidade para aceitar equivalente

DPP Disponibilidade para pagar

DPPC Disponibilidade para pagar compensatória DPPE Disponibilidade para pagar equivalente

EC Excedente do consumidor

e.g. Por exemplo

EUA Estados Unidos da América

FAO Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura

FRA Avaliação dos Recursos Florestais

FS Forest Service

IFN Inventário Florestal Nacional

Km Quilómetro

MAC Método de Avaliação Contingente

MADRP Ministério da Agricultura do Desenvolvimento Rural e das Pescas MCPFE Conferência Ministerial para a Proteção das Florestas na Europa

MCV Método do Custo da Viagem

ME Ministério da Educação

MEA Millennium Ecosystem Assessment

MPH Método do Preço Hedónico

NOAA National Oceanic Atmospheric Administration

NUT Nomenclatura de Unidades Territoriais

PDM Plano Diretor Municipal

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POOC Plano de Ordenamento da Orla Costeira

PROF Plano Regional de Ordenamento Florestal

PROF-CL Plano Regional de Ordenamento Florestal do Centro Litoral

RCM Resolução de Conselho de Ministros

ROS Recreational Opportunity Spectrum

RU Reino Unido

LAC Limits of Acceptable Change

s.a. Sujeito a

SECF Sociedade Espanhola de Ciências Florestais

TER Turismo em Espaço Rural

TIES Sociedade Internacional de Ecoturismo

UGF-CL Unidade de Gestão Floresta do Centro Litoral

UICN União Internacional para a Conservação da Natureza

UNECE United Nation Economic Commission for Europe

USA United States of America

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AGRADECIMENTOS

O trabalho de investigação que aqui se apresenta contou com os contributos de um conjunto de pessoas e entidades que foram determinantes para a sua concretização. Torno, assim, público o agradecimento ao Instituto Politécnico de Leiria por ter possibilitado a concretização deste doutoramento.

Expresso, de seguida, a minha maior gratidão ao Professor Pedro Pintassilgo, à Professora Isabel Mendes e ao Professor João Albino Silva pela sábia e inestimável orientação, pela atenção e sensibilidade demonstrada em todos os momentos.

Presto igualmente um agradecimento às direções da ESECS e da ESTM pelo suporte logístico e técnico. Destaco o contributo essencial da equipa dos serviços de multimédia da ESECS e sobretudo à disponibilidade, paciência e empenho do Leonel Brites.

Uma palavra de reconhecimento às entidades e especialistas envolvidos, designadamente: à Professora Doutora Margarida Tomé, à Professora Doutora Helena Freitas, à Dr.ª Sónia Guerra e à Dr.ª Catarina Carvalho (da Câmara Municipal da Marinha Grande), ao Eng.º Viriato Garcez, Eng.º Rui Rosmaninho e Eng.ª Rita Gomes (da Autoridade Florestal Nacional) e ao Dr. Mário Oliveira.

Para a equipa de trabalho envolvida na aplicação dos questionários: Cláudio Murgia, Diana Santos, Fábio Santos, Samuel Tomé, Sónia Mendes e Telma Fernandes, parecer-me-ão sempre parcos os adjetivos para agradecer a valiosa disponibilidade, empenho e dedicação demonstrada.

Agradeço aos amigos, por o serem e por estarem… sempre! Um abraço especial para a Isabel, a Sofia, o Edgar e a Graça.

E, por fim, à minha família, o meu porto e o meu escape. À mãe, ao pai, ao Paulo, à Margarida e ao Tomás. Muito Obrigada.

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xvi

RESUMO

O presente estudo centra-se no tema do recreio florestal, enquadrado num contexto social de crescente procura e num quadro político de multifuncionalidade e de desenvolvimento sustentável da floresta que impõe o seu planeamento eficiente. Contudo, o caráter informal e o acesso livre ao público de grande parte das experiências de recreio florestal coloca alguns entraves à eficiência da atividade de planeamento, uma vez que dificulta a obtenção de dados completos e consistentes que permitam quantificar e qualificar o recreio florestal. Com efeito, apresenta-se difícil perceber qual a sua dimensão (quantidade e diversidade de utilizadores e de usos de recreio), importância (bem estar proporcionado) e valor económico dos bens e serviços disponibilizados, que frequentemente não são transacionados. É neste contexto que se recorre à economia ambiental, nomeadamente ao conceito de eficiência na afetação de recursos de base natural, às medidas de bem-estar e às técnicas de avaliação económica desses recursos e usos implícitos, mesmo os não transacionáveis, como o recreio florestal. Como tal, o principal objectivo desta investigação visa identificar como é que a economia ambiental, por via dos métodos de avaliação económica, poderá contribuir para um planeamento mais eficiente do recreio florestal.

A componente empírica deste trabalho recai sobre a Mata Nacional de Leiria, enquanto espaço de recreio florestal e recorre ao método de avaliação contingente para obter o valor económico associado a um cenário de melhorias de recreio na Mata, decorrente da criação futura do Museu Nacional da Floresta. Para o efeito, a questão de avaliação assume o formato de escolha dicotómica com follow-up para estimar a disponibilidade para pagar (DPP), medida de bem-estar que se mostrou mais adequada ao cenário contingente. Com o intuito de materializar a perspetiva participada da atividade de planeamento foram incluídas questões que visam obter contributos (opiniões, gostos e preferências) dos utilizadores de recreio da Mata. A parte empírica inclui um segundo questionário que permite reunir informação necessária ao cálculo da DPP agregada.

Os resultados obtidos permitem caracterizar os utilizadores e os usos de recreio da Mata, indicando, por exemplo, que os piqueniques são a principal atividade de recreio (32,28%) e que a mancha de árvores e arbustos é o aspeto mais valorizado

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xvii

(70,41%) nas visitas de recreio à Mata. Trata-se sobretudo de um recreio de proximidade, uma vez que cerca de 70% dos inquiridos residem nos concelhos mais próximos (Leiria e Marinha Grande). A importância da Mata é demonstrada pelas opiniões e preocupações individuais apontadas quanto à sua gestão. Além disso, o bem-estar proporcionado ao nível do recreio ficou patente no processo de avaliação económica, com 84% dos inquiridos a apresentarem uma DPP positiva para o cenário de melhorias de recreio previstas pelo projeto do Museu Nacional da Floresta, sendo o valor médio individual mensal de 2,68€. Os resultados da análise CHAID (Chi

Squared Automatic Interaction Detector) indicam que o “Voluntariado e causas

ambientais” é a principal variável que segmenta os utilizadores da Mata quanto à DPP. Este estudo apresenta ainda resultados no que respeita ao número de utilizadores de recreio da Mata (128 313), valor que permitiu calcular o valor agregado da DPP mensal (344 494€) e o correspondente valor agregado anual (4 133 929€).

Estes resultados apresentam contributos no campo da economia ambiental (para lidar com a ineficiência no uso de recursos naturais e ambientais e para desenvolver análises custo-benefício de projetos futuros para a Mata), ao nível de um planeamento para a sustentabilidade (identificando as preferências das populações mais afetadas pelo desenvolvimento na Mata e quantificando os seus benefícios de recreio) e na perspetiva política da multifuncionalidade da Mata (permitindo ao planeador identificar as opções de desenvolvimento que mais utilidade propiciam), servindo também de suporte a uma tomada de decisão política que conhece a importância individual e social da função recreio na Mata.

As conclusões apuradas destacam a necessidade de se desenvolverem mais estudos de avaliação económica que permitam aprofundar o conhecimento sobre o recreio florestal em Portugal, bem como consolidar a aplicação das técnicas de avaliação económica a estes contextos naturais. Desse modo, fortalecer-se-ia o conhecimento científico para estimar o valor de recreio de outros espaços de floresta em Portugal, e também do valor económico total da floresta, a nível nacional. Consequentemente, permitiria reunir informação mais alargada e participada, essencial para um planeamento mais eficiente da floresta e do recreio florestal.

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ABSTRACT

The present study focuses the theme of forest recreation framed in a social context of increasing demand and in a policy framework for forest sustainable development and multi-functionality which imposes its efficient planning. However, much of the forest recreational experiences are freely accessible to the public and have an informal nature, fators that hinder the planning activity efficiency, as it becomes difficult to obtain complete and consistent data that allows quantifying and qualifying forest recreation. Indeed, it is quite difficult to understand its size (number and diversity of users and recreational uses), importance (provided well-being) and the economic value of goods and services offered, which often are not traded in markets. This is the context that determines the use of environmental economics, particularly the concept of efficiency in the allocation of natural-based resources, of well-being measures and economic evaluation techniques of those resources and implicit uses, even the non-market ones, such as forest recreation. Therefore, the main objective of this research is to identify how environmental economics, through its economic evaluation methods, can contribute to a more efficient planning of forest recreation.

The empirical part of this work focuses on Leiria National Forest (a public space for recreational and forestry uses) and uses the contingent valuation method to estimate the economic value associated with a forest recreation improvements’ scenario, arising from the creation of the future Forest National Museum. With this propose, a dichotomous choice with follow-up valuation question to estimate willingness to pay (WTP) is used, as it proved to be the most appropriate well-being measure considering the contingent scenario. In order to materialize the perspective of participatory planning activity, questions designed to obtain input (opinions, tastes and preferences) from the forest recreational users were included. The empirical part includes a second questionnaire which gathers information required to calculate the aggregate WTP.

The obtained results allow us to characterize forest recreational uses and users, indicating, for example, that picnics are the major recreational activity (32.28%) and that the existing trees and shrubs are the most valued aspect (70, 41%) in recreational visits to the forest. It is mainly a nearby recreational use, as approximately 70% of

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respondents’ lives in the closest counties (Leiria and Marinha Grande). This forest’s importance is shown by the individual opinions concerning its management. Moreover, the well-being improvement provided by the recreational use, became evident in the economic valuation process, with 84% of respondents revealing a positive WTP for the recreation improvements planned by the Forest National Museum project. From the data, a monthly individual WTP mean of 2,68€ was estimated. The results of CHAID analysis (Chi Squared Automatic Interaction Detector) indicate that "volunteerism and environmental causes" is the main variable that segments WTP recreation forest users. This thesis also estimates the number of recreational users of the Leiria National Forest (128 313), the aggregate monthly WTP value (344 494€) and the corresponding annual value (4 133 929€).

These results provide contributions in the field of environmental economics (to deal with inefficiency in the use of natural and environmental resources and to develop cost-benefit analysis of future projects in the Forest), in terms of planning for sustainability (identifying the preferences of the population most affected by developments in this Forest and quantifying its recreational benefits) and in the policy perspective of Leiria National Forest multi-functionality (allowing the planner to identify development options that provide more utility). Thus supporting policies that acknowledge the individual and social importance of the recreational function in this Forest.

The conclusions of this research highlight the need for more economic valuation studies in order to strengthen and deepen the knowledge about forest recreation in Portugal, and to consolidate the application of economic valuation techniques to these natural settings. This would enhance the scientific knowledge to estimate the value of other recreation forest areas in Portugal and also the total economic value of forests at the national level. Consequently, it would be possible to gather broader information, including public participation contributions, which are essential for a more efficient planning of the forest and its recreational function.

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1 CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO

1.1 Definição do tema

O estudo que aqui se desenvolve recai sobre a temática do recreio florestal, num contexto onde se impõe um planeamento eficiente, dada a sua importância social, a sua crescente procura, os efeitos do seu desenvolvimento e a necessária articulação num quadro de multifuncionalidade e de desenvolvimento sustentável da floresta.

Com efeito, as recomendações dos principais organismos governamentais e não governamentais, que tutelam o setor das florestas, a nível internacional e nacional, evidenciam a crescente necessidade de caracterizar e quantificar continuamente a função recreio, visando fortalecer e sustentar o seu planeamento e, consequentemente, as decisões por desenvolvimentos mais eficientes. Assim sendo, toda a trajetória de investigação será balizada pelas temáticas do recreio florestal, do seu planeamento e da sua avaliação económica, as quais determinam o desenho, as abordagens conceptuais e metodológicas das componentes teórica e empírica do presente estudo.

Do ponto de vista do recreio, os estudos e relatórios internacionais e europeus são consensuais relativamente à importância dos espaços florestais em termos do bem-estar individual e social proporcionado através das experiências de recreio formal e informal que disponibiliza. Porém, a crescente procura de espaços florestais para fins de recreio, a existência de outras funções na floresta e o caráter público de muitos espaços florestais podem, todavia, gerar impactes e fomentar alguns conflitos. Entre outros exemplos, pode referir-se a dificuldade em compatibilizar diferentes funções reconhecendo, por um lado, a importância económica da função produção e, por outro, o papel social da função recreio e as mais-valias ambientais da função conservação. Por sua vez, a tradição do acesso livre à floresta pública, espaço de referência quando se trata do recreio florestal, acarreta um conjunto de problemas em termos de gestão do uso (manutenção do espaço florestal e dos acessos, segurança e controlo dos usos e dos utilizadores de recreio, criação de equipamentos, etc.).

Em termos da sua caracterização e quantificação, o recreio florestal coloca algumas dificuldades, nomeadamente quando incide na análise da procura e sobretudo quando

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se pretende obter o seu valor económico (MCPFE/UNECE/FAO, 2007; UNECE/FAO, 2005). Considerando que, por exemplo, grande parte das experiências de recreio florestal apresentam um caráter informal e que, em algumas regiões do mundo, a maior parte das florestas são de acesso livre ao público, essa é uma realidade que dificulta a quantificação dos utilizadores, dos usos e do valor económico dos bens e serviços envolvidos, que frequentemente não são transacionados (FAO, 2009).

No atual contexto que advoga por uma gestão e desenvolvimento mais sustentável da floresta, onde se estimula o desenvolvimento de modelos multifuncionais, uma das recomendações essenciais para o desenvolvimento do recreio florestal é o seu planeamento (Mann et al., 2010). Contudo, as dificuldades de caracterização e quantificação do recreio florestal, atrás referidas, acarretam desafios à atividade de planeamento, uma vez que ao não se dispor dessa informação coloca-se em causa a consistência e eficiência do trabalho do planeador e dos resultados da sua atividade. Por sua vez, e considerando o papel do planeamento como suporte à tomada de decisão política, eleva-se a possibilidade desta acontecer tendo como base informação incompleta, propiciando a escolha por opções de uso dos recursos que não sejam as mais eficientes.

Neste contexto, a base conceptual da economia ambiental, alicerçada na perspetiva neoclássica de utilidade e de eficiência, nas medidas de valor da economia de bem-estar e nas técnicas de avaliação económica de que dispõe, sustenta o cariz de eficiência essencial ao planeamento do recreio florestal. Com efeito, a economia através do ramo da economia ambiental disponibiliza:

- o suporte conceptual relativo à eficiência na afetação de recursos de base natural e à avaliação económica desses recursos e usos implícitos, mesmo os não transacionáveis, como o recreio florestal;

- as técnicas que permitem operacionalizar a avaliação económica;

- e os instrumentos económicos que permitem promover afetações mais eficientes dos recursos de base natural.

Sintetizando, o planeamento do recreio florestal necessita do máximo de informação possível que permita caracterizar o recurso floresta em termos do que dispõe, dos

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seus usos atuais e potenciais, dos seus utilizadores diretos e indiretos e do valor económico dos bens e serviços que fornece. É neste domínio da avaliação económica que se colocam os maiores entraves, principalmente quando se tratam de experiências de recreio que, sobretudo em florestas públicas, não são traduzidas num valor monetário, ou preço. Num enquadramento florestal, a avaliação económica envolve a atribuição de valores monetários a alterações nos serviços e funções florestais e à disponibilidade dos stocks de bens florestais. A abordagem económica para avaliar essas alterações florestais baseia-se nas preferências das pessoas relativamente aos benefícios (ou penalizações) que essas alterações propiciam no seu bem-estar. Os ganhos e perdas são definidos em termos de incrementos ou reduções no bem-estar (utilidade) individual e social. O bem-estar é medido através da disposição para pagar por um ganho ou para evitar uma perda, ou a disposição para aceitar uma compensação para tolerar uma perda ou para largar um benefício. Se estas quantidades puderem ser medidas então a avaliação económica permite que a função recreio, e a sua eventual aposta ao nível de desenvolvimentos futuros de um espaço florestal, possa ser comparada na mesma base de custos e benefícios financeiros de qualquer bem, serviço ou projeto. O processo e as técnicas para estimar estes valores, mesmo quando os bens e serviços não são comercializados, isto é, quando não têm um mercado, são disponibilizados pela economia ambiental através dos seus métodos de avaliação económica (Mitchell and Carson, 2005; Perman et al., 2003; Pearce and Seccombe-Hett, 2000).

Ainda no que respeita à atividade de planeamento, valoriza-se teórica e empiricamente o recurso à abordagem estratégica dado o seu caráter democrático (Getz, 1987) e participativo (Harshaw et al., 2006; Jenkins and Pigram, 2003) e o seu processo continuado, assente numa perspetiva de longo prazo (Bell et al., 2009, Veal, 1994). A vertente participativa é particularmente evidenciada num contexto de planeamento da floresta, destacando-se a importância da intervenção das comunidades locais no planeamento e na criação e gestão das florestas, dada a sua importância social e cultural junto das populações (Estratégia Florestal da União Europeia). Complementarmente, a Lei de Bases da Política Florestal (Lei n.º 33/96, de 17 de agosto) considera que além da participação dos cidadãos, deverá ser estimulado o conhecimento científico como “elemento estratégico para a tomada de decisões sobre o planeamento da atividade florestal” (ib id.: 2568). Estas duas

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valências, segundo a Estratégia Nacional para as Florestas, são essenciais na perspetiva da eficiência e competitividade do setor das florestas, constituindo um dos temas fundamentais de investigação a quantificação do valor económico total da floresta em Portugal (Resolução de Conselho de Ministros n.º 114/2006, de 15 de setembro).

A componente empírica deste estudo recai na Mata Nacional de Leiria, uma mancha de pinhal de propriedade e gestão pública, localizada no litoral da Região Centro, no concelho da Marinha Grande. Esta escolha está associada essencialmente à importância histórica, natural, ambiental e socioeconómica da Mata, facto que decretou a sua classificação como floresta modelo, através do Plano Regional de Ordenamento Florestal do Centro Litoral (Decreto-Regulamentar 11/2006, de 21 de julho). Entende-se por floresta modelo um espaço onde se devem estimular “estudos de investigação, desenvolvimento, aplicação e monitorização de técnicas alternativas de gestão florestal e devem ser locais especialmente vocacionados para a demonstração” (Art.º 4.º, alínea j). Complementarmente esta escolha assentou também em motivações logísticas e pessoais por parte da investigadora, associadas à proximidade física enquanto docente do Instituto Politécnico de Leiria (que dista pouco mais de 20 km daquele espaço florestal), como residente no concelho da Marinha Grande e utilizadora frequente da Mata, factos que facilitam o contacto com as entidades locais e regionais, bem como a questão logística implícita ao trabalho de campo.

1.2 Relevância do tema

O contexto que envolve esta investigação, sintetizado anteriormente, permite justificar a sua importância científica, quer do ponto de vista da reflexão conceptual ao nível do recreio florestal e do seu planeamento, quer em termos da materialização dos métodos e técnicas de avaliação económica e da sua aplicabilidade. Com efeito a obtenção de dados primários que permitem caracterizar e quantificar o recreio florestal e, particularmente, estimar o seu valor económico apresenta um contributo relevante e necessário em diferentes campos.

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No âmbito nacional, a valorização de estudos ao nível da quantificação económica do recreio florestal é justificada pelo facto de não existirem muitos exemplos de produção científica neste campo, facto que é particularmente visível nos estudos mundiais e europeus onde a realidade nacional não é representada nos respetivos indicadores. Naturalmente, a incidência local ou regional da componente empírica não permitirá resolver a inexistência de dados para o país, todavia, poderá ser interpretado como exemplo demonstrativo, reproduzível noutros contextos de floresta.

Em termos do estudo do recreio, e particularmente do recreio no espaço de floresta escolhido, permite alargar o conhecimento ao nível da sua caracterização, quer em termos dos principais tipos de usos, quer ao nível dos seus utilizadores, respetiva proveniência, motivações e preferências. Do mesmo modo, esta investigação dá destaque à importância do planeamento do recreio, quer na perspetiva da sua abordagem e sistematização teórica, quer ao nível dos contributos empíricos para a sua aplicabilidade e eficiência em enquadramentos de floresta. Além disso, coloca em prática e demonstra empiricamente algumas das principais recomendações das políticas, regulamentos e estratégias nacional e europeia para a floresta no que respeita ao papel do planeamento na concretização do desenvolvimento sustentável e multifuncional da floresta.

Também a avaliação económica da floresta é considerada um aspeto fundamental pelos instrumentos políticos e estratégicos referidos anteriormente, constituindo o exercício empírico e metodológico deste estudo um contributo no fortalecimento da produção científica ao nível do planeamento florestal e da economia ambiental, em termos gerais, e do cálculo do valor económico do recreio florestal, em termos específicos.

1.3 Questão de partida e objetivos

Sintetizando, o presente estudo assume-se como um contributo para aprofundar o conhecimento científico relativamente ao recreio florestal em Portugal, particularizando o caso específico da Mata Nacional de Leiria. De acordo com os

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atuais desafios que se colocam à gestão e desenvolvimento do recurso floresta, atrás descritos, pretende-se dar resposta à questão de partida, que se apresenta de seguida:

De que modo a economia ambiental, através dos seus métodos de avaliação económica, poderá contribuir para um planeamento mais eficiente do recreio florestal?

De referir que o objetivo de avaliação económica vai ao encontro das perspetivas de intervenção na Mata Nacional de Leiria e também das recomendações da política florestal nacional e europeia. Em termos mais específicos, os objetivos empíricos desta investigação visam:

- Caracterizar os utilizadores de recreio da Mata, em termos socioeconómicos e ao nível das preferências do uso de recreio;

- Identificar o tipo de usos de recreio verificados na Mata;

- Estimar o valor económico (individual e agregado) das alterações no recreio da Mata por via do projeto do Museu Nacional da Floresta, através do método de avaliação contingente;

- Registar as opiniões dos utilizadores relativamente à importância da Mata, à sua gestão e a aspetos a melhorar;

- Interpretar os resultados quantitativos e qualitativos da avaliação contingente, na perspetiva do planeamento do recreio florestal e da sua eficiência.

1.4 Organização do estudo

Em termos de estruturação, este trabalho começa por desenvolver uma introdução geral à qual se seguem duas partes distintivas do ponto de vista da identidade temática e das abordagens adotadas e uma conclusão que se pretende sistematizadora do trabalho e resultados obtidos. Cada parte é composta por quatro capítulos, os quais visam, no primeiro caso, conceptualizar, sustentar e justificar teoricamente a presente investigação e, no segundo, operacionalizar a componente empírico-metodológica alicerçada num quadro cientificamente sustentado de validação dos resultados obtidos, perspetivando uma resposta aos objetivos traçados.

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Especificando, a primeira parte começa (capítulo dois) por explorar os conceitos de floresta, recreio e turismo, primeiro de um modo individualizado e depois de forma agregada visando um entendimento mais alargado das diferentes componentes do recreio florestal. Esta conceptualização é complementada com uma perspetiva qualitativa e quantitativa da importância e representatividade da floresta e do recreio florestal à escala mundial, europeia e nacional.

O capítulo três enfatiza, enquadra e fundamenta a necessidade e pertinência do planeamento do recreio florestal, baseando-se nas principais recomendações e instrumentos de política florestal ao nível mundial, europeu e nacional. Além disso, são apresentados e debatidos os principais aspetos concernentes à atividade de planeamento do recreio, incluindo as principais abordagens, os níveis e tipos de planeamento, o processo de planeamento de recreio, recorrendo, sempre que possível, aos melhores exemplos das atuais práticas de planeamento de recreio florestal a nível mundial. Este contexto permite identificar a problemática e os desafios que se colocam ao planeamento do recreio florestal.

O capítulo seguinte centra-se num desses desafios  o da eficiência da atividade de planeamento do recreio florestal  o qual determina um enfoque especial à perspetiva económica do conceito de eficiência e ao papel da economia ambiental. Destaca-se essencialmente os seus contributos teóricos e empíricos para a obtenção de afetações mais eficientes de recursos de base natural, como é o caso da floresta. Ao nível teórico são explorados os conceitos de falha de mercado, bem público, custos/benefícios externos, sociais e privados e de custo de oportunidade. À luz da perspetiva neoclássica de utilidade, conceptualiza-se também a noção económica de valor enquanto medida de avaliação das preferências individuais relativamente às opções de consumo, incluindo o consumo de recreio florestal. Neste âmbito são identificadas e explicadas as medidas de valor que permitem mensurar a utilidade proporcionada por diferentes opções de consumo: o excedente do consumidor Marshaliano e as variações Hicksianas, a compensatória e equivalente. Segue-se uma descrição dos métodos de avaliação económica dos recursos, bens e serviços de base natural, complementada por uma revisão alargada de estudos que permite perceber a aplicabilidade de cada método na avaliação dos benefícios do recreio florestal e

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esclarecer quanto à existência de articulações entre o planeamento e a avaliação económica da função recreio.

Identificado o contexto investigacional no domínio de estudos integradores do planeamento e da avaliação económica do recreio florestal, a primeira parte desta investigação é finalizada pelo capítulo cinco, com uma descrição aprofundada do Método de Avaliação Contingente. Este é um dos métodos que revela adequar-se a contextos de avaliação de bens e serviços não transacionáveis como é o caso do recreio florestal. Para o efeito são esquematizados os principais aspetos processuais da sua utilização, o instrumento de pesquisa que contempla, os riscos de enviesamento, a validação do instrumento e dos resultados e o modelo teórico que explica o valor económico estimado.

Terminado o painel teórico que baliza o presente estudo, desenvolve-se de seguida a segunda parte respeitante à componente empírico-metodológica. Começa-se por, no capítulo seis, caracterizar a Mata Nacional de Leiria, incluindo um breve enquadramento histórico e geográfico, uma abordagem evolutiva em termos sociais, económicos e culturais e um relato sintetizado dos instrumentos de planeamento que incidem nesta mata pública. Inclui-se uma contextualização breve do projeto do Museu Nacional da Floresta, o qual enquadrará o cenário contingente no processo de avaliação.

De seguida são explicitadas as opções e procedimentos metodológicos encimados pelos objetivos traçados nesta investigação. Começa-se, no capítulo sete, por descrever o instrumento de pesquisa, a fase de pré-teste, a identificação do universo populacional, a determinação da amostra e os aspetos que envolveram a fase de aplicação. Segue-se, no capítulo oito, o tratamento, a análise e a discussão dos resultados, destacando-se o cálculo da medida de valor individual para um cenário de melhorias do recreio na Mata Nacional de Leiria e a interpretação dos resultados do ponto de vista da eficiência no planeamento do recreio. A parte empírica é finalizada com o capítulo nove, no qual se explica a necessidade de desenvolver um estudo complementar, assente num segundo instrumento de pesquisa, que permitirá estimar o valor agregado para o referido cenário de avaliação. Este capítulo cumpre os

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requisitos metodológicos exigidos para o desenho, aplicação e validação do instrumento, bem como a análise e discussão dos resultados.

Por fim, o décimo e último capítulo integra uma recapitulação sistematizada dos resultados globais das componentes teórica e empírica que compõem este estudo. Complementarmente são apresentadas algumas reflexões e recomendações para futuros trabalhos de investigação, apresentando sugestões de melhorias possíveis para o prosseguimento do atual estudo ou de estudos paralelos que visem aprofundar o conhecimento das florestas e do recreio florestal.

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10 PARTE I – O PLANEAMENTO DO RECREIO FLORESTAL E OS CONTRIBUTOS DA ECONOMIA AMBIENTAL

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11 CAPÍTULO 2. FLORESTA, RECREIO E TURISMO: IMPORTÂNCIA E EVOLUÇÃO DO RECREIO FLORESTAL

Esta investigação aborda a floresta enquanto espaço propício para o usufruto de experiências de recreio. As características naturais e intrínsecas dos espaços florestais, a par da sua localização e de um conjunto de elementos criados ou construídos, torna-os cada vez mais apetecíveis num contexto marcado pela crescente necessidade dos indivíduos em desfrutar dos seus momentos de lazer. Esta é uma realidade que se verifica quer numa perspetiva do desenvolvimento de atividades de recreio de proximidade quer, num âmbito mais particular, associado a viagens de turismo motivadas pelo contacto com a natureza.

Neste capítulo aborda-se o conceito de recreio florestal partindo duma análise dos conceitos de floresta e recreio. A abordagem ao tópico floresta encontra sustentação nos estudos, programas e recomendações estratégicas desenvolvidas pelos principais organismos mundiais, europeus e nacionais a atuarem no setor. No caso específico dos conceitos e características da floresta em Portugal, o corpo teórico é ainda complementado com os contributos da regulamentação e instrumentos de planeamento e ordenamento em vigor. Dum modo geral, pretende-se ainda caracterizar a representatividade da floresta nos diferentes contextos geográficos e, sempre que possível, numa perspetiva evolutiva. O enfoque no recreio florestal adota a mesma abordagem: descrevem-se os conceitos que lhe estão intimamente relacionados, como é o caso de tempo livre, lazer, recreio e turismo; identificam-se as diferentes classificações de recreio e os fatores determinantes da procura por recreio; e, por fim, expõem-se alguns dados que visam quantificar a representatividade dos bens e serviços de recreio nas florestas, focando sempre que possível a realidade mundial, europeia e o caso português.

2.1. A Floresta – abordagem conceptual

Antes de explorar o conceito de floresta importa analisá-lo e compreendê-lo dentro de contextos mais generalizados e de abordagens globais que foquem os diferentes elementos que caracterizam a superfície terrestre. Numa perspetiva sistémica, o

Millennium Ecosystem Assessment (MEA) apresenta 10 categorias de sistemas,

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ecossistema, assumido como um sistema dinâmico de plantas, animais e comunidades de micro-organismos e de ambientes não vivos que interagem como uma unidade funcional (MEA, 2005). O homem é parte integrante dos ecossistemas, os quais podem variar muito, física e temporalmente: “a temporary pond in a tree hollow and an ocean basin can both be ecosystems.” (MEA, 2005: 27).

Figura 2.1: Categorias de Sistemas, segundo o MEA

Marinho(oceanos)

Categorias de Sistemas ou Regiões

Montanhas Costeiro(interface entre oceano e

terra integrando zonas de corais, zonas interditais, estuários, aquacultura costeira, etc.)

Zonas Secas(desertos e semidesertos, zonas de pasto e de vegetação rasteira, etc.)

Águas Interiores(rios, lagos, pântanos, zonas húmidas, salinas, etc.)

Zonas Polares(tundra, desertos polares e áreas de costa polar,

permafrost, etc.)

Ilhas Zonas Cultivadas (pomares ou outras safras, espaços agroflorestais ou de aquacultura)

Florestas (naturais, plantadas, áreas de floresta temporariamente em fase de corte)

Zonas Urbanas

Fonte: Baseado no MEA (2005)

As categorias apresentadas na figura 2.1 não constituem em si ecossistemas, podendo cada uma conter diferentes ecossistemas. Além disso, não são mutuamente exclusivas uma vez que as áreas que ocupam podem sobrepor-se. Segundo esta abordagem, os ecossistemas existentes em cada categoria partilham um conjunto de fatores sociais, climáticos e biológicos que tendem a diferenciar-se em cada categoria. Os ecossistemas disponibilizam benefícios ao Homem através dos seus serviços de provisão, regulação, suporte e culturais. Mais especificamente, podem produzir bens alimentares, água, fibras e combustíveis, podem atuar na regulação do clima, na degradação do solo e no controlo de doenças, podem funcionar como suporte na formação do solo e nos ciclos de nutrientes e, por fim, podem disponibilizar benefícios imateriais associados ao recreio e a experiências culturais e espirituais (MEA, 2005). Nesta perspetiva, a floresta assume-se como uma categoria específica, pressupondo um conjunto de bens e serviços particulares e muito próprios.

Numa abordagem focalizada na capacidade de renovação dos recursos e no conceito de recurso biológico (segundo a Convenção das Nações Unidas sobre a Diversidade

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Biológica), a floresta é assumida como um tipo de recurso natural. Esta abordagem, seguida pela Comissão Europeia na sua estratégia para a utilização sustentável dos recursos naturais (COM, 2003), classifica-os em quatro subgrupos: matérias-primas, meios ambientais, recursos circulantes e o espaço. As florestas são classificadas como matérias-primas, enquadrando-se na subclasse dos recursos renováveis (na generalidade dos casos, a renovação das florestas é efetuada de forma lenta, podendo chegar a situações de esgotamento se forem sobre-exploradas) e dos recursos biológicos. No caso dos meios ou recursos ambientais – como o ar, a água e o solo – o que está em causa é a degradação da sua qualidade. Quanto aos recursos circulantes, incluem os recursos não esgotáveis, como o vento, a energia geotérmica, das marés e solar, que exigem outros recursos para serem explorados. Por fim, tem de haver espaço físico para produzir ou sustentar todos os recursos referidos. A disponibilidade de solo é determinante para dar resposta às exigências das funções urbana, industrial, mineira, agrícola, silvícola, turística, entre outras.

2.1.1 Conceitos e classificações de floresta

Como refere o relatório do MEA, a conceptualização do termo floresta não é um processo simples visto existirem várias definições em uso associadas a diferentes contextos climáticos, sociais, económicos e históricos. Em termos globais, existem árvores em diversos ecossistemas, com diferentes densidades e sob diferentes formas (MEA, 2003).

Não sendo propósito desta investigação fazer uma reflexão alargada sobre as várias definições de floresta e a sua evolução no tempo, centramo-nos no conceito apresentado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) no seu primeiro documento de trabalho de Avaliação dos Recursos Florestais (FAO, 1998), e assumido em edições mais recentes da referida avaliação (FAO, 2010a); FAO, 2006). À semelhança dos princípios do MEA, esta escolha resume-se ao facto da definição da FAO ser a primeira definição consistente de floresta a ser assumida e aplicada num processo global de avaliação das florestas no mundo.

Segundo a Avaliação dos Recursos Florestais de 1998, o conceito de floresta refere-se habitualmente à superfície de solo com uma cobertura de copa com mais de 10 %

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da área e uma superfície superior a 0,5 hectares (ha). As florestas são determinadas pela presença de árvores e a não predominância de outros tipos de uso de solo. As árvores devem atingir uma altura mínima de 5 metros (m) na sua maturidade in situ. “Dentro da categoria de floresta estão incluídos todos os talhões naturais jovens e todas as plantações estabelecidas para fins florestais, que ainda devem crescer até atingir uma densidade de copa de 10% ou uma altura de 5 m. Também se incluem nela as áreas que normalmente formam parte da floresta, mas que estão temporariamente sem árvores, por causa da intervenção do homem ou por causas naturais, mas que eventualmente voltarão a transformar-se em floresta” (FAO, 1998: 3). Especificando:

- São incluídos viveiros florestais e hortos de sementeiras que formam parte integral da floresta; caminhos florestais, trilhos, guarda-fogos e outras pequenas áreas abertas; florestas que integram parques nacionais, reservas naturais e outras áreas protegidas que sejam de interesse espiritual, cultural, histórico ou científico; corta-ventos e faixas de proteção formadas por árvores, com uma superfície superior a 0,5 ha e com mais de 20 m de largura; plantações utilizadas principalmente para fins florestais, incluindo as plantações de árvore-da-borracha e talhões de sobreiro (FAO, 1998) (ver conceito de povoamento florestal, tabela 2.1);

- São excluídas terras utilizadas primordialmente para práticas agrícolas, por exemplo, plantações de árvores de fruto e árvores plantadas mediante sistemas agroflorestais (FAO, 2000; FAO, 1998) e também plantações de árvores com outros fins não florestais (FAO, 2003), como árvores em parques urbanos e jardins.

O conceito de floresta incorpora dois tipos de floresta, as naturais e as plantadas (ver figura 2.2).

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Figura 2.2: Floresta: classificações

Fonte: Elaboração própria

As primeiras respeitam a florestas que se regeneram naturalmente sem a intervenção humana, as segundas incluem as florestas criadas por plantação e/ou sementeiras, num processo de florestação ou reflorestação cujo principal uso poderá ser a produção, a proteção, a conservação da biodiversidade, o aproveitamento socioeconómico ou a combinação destes tipos de uso. As florestas plantadas podem assemelhar-se, até um certo ponto, a processos ecológicos naturais, devendo por isso haver uma distinção entre as que se baseiam em espécies endógenas e as que se baseiam em espécies introduzidas. Como tal, as florestas plantadas são compostas por uma subclasse denominada por “plantações florestais” e que inclui (FAO, 2006):

- as florestas plantadas com espécies introduzidas;

- as florestas plantadas com espécies endógenas que se caracterizem por ter poucas espécies de árvores, organizadas em linhas espaçadas de modo regular e/ou organizadas por níveis etários. Estas florestas poderão denominar-se de seminaturais se, segundo a FAO (2006: 23) “they resembled natural forests of the same species mix, such as many planted forests in Europe”.

As plantações florestais são criadas e geridas visando dois propósitos principais, a produção de produtos florestais lenhosos e não lenhosos e a disponibilização de um serviço de proteção (de solo e recursos hídricos, reabilitação de terrenos degradados,

Tipo de espécie Tipo de espécie Grau de Interven-ção humana Grau de Interven-ção humana Formação florestal Formação florestal Floresta Floresta Natural Floresta Plantada

Aberta Não modifica-da pelo homem Espécies de folha-larga Densa Modificada pelo homem Seminaturais Coníferas Bambus e/ou Palmeiras Mista Plantações de Floresta

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conservação da biodiversidade, etc.). No primeiro caso, e a título acessório, poderão ser disponibilizados serviços ambientais e socioculturais; no caso das florestas geridas primariamente para fins de proteção poderão incluir igualmente objetivos secundários de produção (FAO, 2006; FAO, 2003).

Quanto às florestas naturais, estas podem ser classificadas segundo o tipo de formação da floresta, o grau de afetação pela intervenção humana e o tipo de espécie de árvore (FAO, 2006; FAO, 1998). No primeiro caso, as florestas subdividem-se em densas (florestas onde as árvores de diferentes alturas e os sub-bosques cobrem grande parte do terreno, mais de 40 %, e não têm um extrato herbáceo denso, como é o caso das florestas tropicais e dos mangais) e abertas (formações descontínuas de árvores mas com uma cobertura de copa de pelo menos 10% e inferior a 40% e com uma cobertura herbácea contínua que propícia o pastoreio e a propagação de incêndios, como é o caso da savana).

O grau de afetação da intervenção humana na floresta pode conduzir a três tipos de floresta: não modificada pelo homem (onde existe uma dinâmica florestal natural como, por exemplo, composição de espécies naturais, presença de árvores mortas, estrutura etária natural e processos de regeneração natural, cuja superfície é suficientemente extensa para manter as suas características naturais e onde não se conhece intervenção humana alguma ou em que a última intervenção humana significativa é longínqua, o que permitiu restabelecer a composição de espécies endógenas ou os processos naturais); modificada pelo homem (incluindo florestas primárias modificadas associadas com a exploração seletiva de várias intensidades e diversas formas de florestas secundárias formadas depois da exploração de florestas primárias); e, seminaturais (geridas e modificadas pelo homem através da silvicultura e da regeneração conduzida).

Por sua vez, o tipo de espécie arbórea permite subdividir as florestas em quatro tipos: as florestas onde predominam as folhosas (como sobreiros, eucaliptos, azinheiras, carvalhos, castanheiros e outras) as coníferas, os bambus e/ou as palmeiras e as florestas mistas. Nos primeiros três tipos a espécie predominante representa mais de 75% de cobertura da copa, enquanto que no último, nenhuma das espécies alcança aquele valor percentual de cobertura da copa.

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Quando analisado o tipo de cobertura da superfície terrestre, além da área coberta por floresta existe também uma área revestida por “outras formações lenhosas” (ver tabela 2.1) e que é composta por vegetação arbustiva e por sistemas de “mosaico” forestal (coberturas florestais derivadas da exploração ou corte da floresta natural, revelando diferentes fases de reconstituição florestal) (FAO, 2006; FAO, 1998).

Ambos os territórios – cobertos por florestas e/ou por outras formações florestais – poderão ser classificados total ou parcialmente como áreas protegidas, tendo em conta as seis categorias de proteção da natureza estabelecidas pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN): Reservas naturais restritas/Áreas de vida selvagem; Parques nacionais; Monumentos naturais; Áreas de gestão de espécies/habitats; Paisagem terrestre e marítima protegida; Área de proteção com controlo do recurso. Ao nível da União Europeia, os espaços florestais em cada Estado-membro poderão integrar a Rede Natura 2000, por via do cumprimento dos requisitos das Diretivas comunitárias Aves ou Habitats. Num âmbito mais específico, os espaços florestais poderão igualmente pertencer a territórios classificados segundo o sistema nacional de áreas protegidas próprio de cada país. Por exemplo, no caso português, a Rede Nacional de Áreas Protegidas contempla seis categorias: parques Nacionais, parques naturais, reservas naturais, sítios classificados e paisagens protegidas (Decreto-Lei n.º 19/93, de 23 de janeiro).

A conceptualização dos termos relacionados com a floresta no caso português acompanha o esquema conceptual da FAO (1998). Conforme o 5.º Inventário Florestal Nacional (IFN), a floresta corresponde a “terrenos, com mais de 20 m de largura e área igual ou superior a 0,5ha ocupados com povoamentos florestais, áreas ardidas de floresta, áreas de corte raso ou outras formações lenhosas“ (AFN, 2010: 200). A tabela 2.1 especifica os diferentes tipos de terrenos que compõem a floresta.

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Figura 2.1: Categorias de Sistemas, segundo o MEA  Marinho (oceanos)
Figura 2.3: Alterações líquidas na área florestal, por país, entre 2005 e 2010 (ha/ano)
Figura 2.4: Grupos de países pertencentes à MCPFE
Figura 2.5: Tipos de ocupação florestal,   em Portugal Continental (% por área ocupada)
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Referências

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