RELATÓRIO DE ATIVIDADE CLÍNICA
MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA DENTÁRIA
ABORDAGEM DO PACIENTE SURDO NO CONTEXTO DA MEDICINA
DENTÁRIA
Porto 2014
Abordagem do paciente surdo no contexto da Medicina Dentária
João Miguel Neiva e Cabral dos Santos
(Estudante do 5º ano do Mestrado Integrado em Medicina Dentária) joaoksantos@gmail.com
Monografia de revisão bibliográfica submetida à Faculdade de Medicina Dentária da
Universidade do Porto para a obtenção do grau de Mestre em Medicina Dentária
Orientadora Professora Doutora Maria de Lurdes Ferreira Lobo Pereira
Professora Auxiliar da FMDUP
Coorientadora Professora Doutora Isabel Cristina Gonçalves Roçadas Pires
Professora Auxiliar da FMDUP
Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto
À minha família, pelo amor, educação, apoio e oportunidade de estudar,
À Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto, pelo apoio e conhecimentos
transmitidos pelos seus docentes e pelo carinho e amizade com que o pessoal não-docente
sempre me brindou,
Aos meus binómios (Maria, Vânia e Ricardo), pela paciência, amizade e momentos partilhados,
Aos meus colegas de casa, Rui e Cristiano, por testarem constantemente a minha paciência,
Aos elementos do Grupo de Jovens Esperança, minha segunda família, por tudo o que me
ensinaram e por partilharem comigo a vontade de tornar o Mundo um lugar melhor,
À Tuna de Medicina Dentária do Porto, pelas experiências, amizades e conquistas que
alcançamos juntos,
À Susana, ao Francisco, à Helena, à Aurelie, ao Reis e ao Mota,
Ao Nuno,
À Claudia,
“You may never know what results come of your actions, but if you do nothing, there will be no results.”
Abordagem do paciente surdo no contexto da Medicina Dentária
João MNC SantosAgradecimentos
Em primeiro lugar quero agradecer à minha estimada Orientadora, Professora Doutora Maria de
Lurdes Ferreira Lobo Pereira, pela inspiração, ajuda e motivação, sem as quais este trabalho não
teria sido possível.
Quero também agradecer à minha Coorientadora, Professora Doutora Isabel Cristina Gonçalves
Roçadas Pires, pelo seu olhar atento e pela sua disponibilidade.
Devo também homenagear aqui a Dr.ª Ana Bela Baltazar, pela sua ajuda, disponibilidade,
simpatia e trabalho de vanguarda desenvolvido na sua área e por ter coorientado este trabalho,
ainda que não oficialmente.
A todos os que me ajudaram de maneira direta ou indireta a concluir este trabalho, o meu
obrigado.
Por fim, quero agradecer a todas as instituições e indivíduos que lutam de forma constante e
incansável por uma sociedade melhor.
Abordagem do paciente surdo no contexto da Medicina Dentária
João MNC SantosResumo
Introdução: A boa comunicação entre médico e paciente é essencial para uma boa relação entre
estes, aumentando o grau de satisfação e participação do último. Indivíduos surdos ou com
dificuldades auditivas deparam-se com dificuldades no acesso a cuidados na Medicina Dentária,
entre elas: pobre comunicação entre médico-paciente, desconhecimento por parte dos prestadores
de cuidados de saúde acerca das características próprias da comunidade surda e falta de acesso a
intérpretes devidamente treinados. Os médicos dentistas devem adotar formas mais eficazes para
uma comunicação bem-sucedida com este tipo de pacientes para prestar um serviço de
qualidade. Esta monografia pretende sumariar estas particularidades e sugerir técnicas e
ferramentas para auxiliar no tratamento e comunicação com estes pacientes.
Material e métodos: Foi analisada bibliografia disponível na base de dados “PubMed®” e em
publicações nacionais e internacionais impressas, escritas em Inglês e Portugês, no intervalo de
tempo entre 1999 e 2014.
Desenvolvimento: Para uma prestação de serviços adequada os médicos dentistas devem
registar na história clínica do paciente uma descrição aprofundada da condição deste, sendo isto
importante para a compreensão do seu contexto e dos obstáculos com que se depara. Por
desconhecimento, os médicos dentistas criam geralmente uma conceção errada sobre a
comunicação com estes pacientes, o que se pode dever à falta de instrução a este nível na sua
formação. Esta falha pode ser colmatada através de módulos virtuais de aprendizagem ou
formação básica em Língua Gestual e introdução à cultura surda.
Conclusão: O esforço e dedicação dos profissionais e das instituições de ensino e formação na
instrução acerca do atendimento deste tipo de pacientes estão na base da quebra das barreiras
comunicativas. É recomendado a recolha e produção de dados estatísticos a nível nacional que
ajudem a aumentar a perceção acerca do assunto ou melhorar os métodos já implementados.
Palavras-chave: comunicação – metodologia; surdez; língua gestual; competências de
comunicação clínica; Medicina Dentária; cuidados dentários
Abordagem do paciente surdo no contexto da Medicina Dentária
João MNC SantosAbstract
Introduction: Good communication between doctor and patient is essential for a good
relationship between them, increasing the degree of satisfaction and involvement of the latter.
Deaf or hard of hearing individuals are faced with difficulties in accessing care in dentistry,
including: poor communication between doctor and patient, ignorance by health care providers
about the characteristics of the deaf community and lack of access to trained interpreters. The
dentist should adopt more effective ways for a successful communication with this type of
patients to provide a quality service. This paper aims to summarize these features and suggest
techniques and tools to assist in the treatment and communication with these patients.
Methods: The bibliography consists of available literature at "PubMed ®" scientific database as
well as national and international printed publications, published in English and Portuguese
between the years 1999 and 2014.
Development: Towards an adequate provision of services dentists should record at the patient’s
file a thorough description of his condition, which is important data for understanding the
context and the obstacles he faces. Through ignorance, dentists generally create a wrong
conception about communicating with these patients, which may be due to lack of instruction at
this subject during their training. This drawback can be overcome through virtual learning
modules or basic training in sign language and an introduction to the deaf culture.
Conclusion: The effort and dedication of professionals and institutions of education and training
in the instruction of this type of patient care is fundamental to breakdown communication
barriers. The collection and production of statistical data at a national level is recommended to
help increase the perception on the subject or improve the methods already implemented.
Keywords:
communication – methodology; deafness; sign language; clinical communication
skills; dentistry; dental care
Abordagem do paciente surdo no contexto da Medicina Dentária
João MNC SantosÍndice
Índice
Introdução...1 Materiais e Métodos...3 Desenvolvimento...4 Surdez...5 Surdez em Portugal...5 O paciente surdo...6 Comunicar...7Utilização de elementos escritos...8
Leitura labial...9
Comunicação com pacientes que preferem usar a Língua Gestual Portuguesa (LGP)...12
Comunicação com pacientes que preferem usar a LGP, na presença de um intérprete...13
Comunicação com utilizadores de dispositivos auditivos...14
Comunicação com crianças surdas...15
Encontrar um intérprete qualificado...18
Sala de espera...19
Outras técnicas e perspetivas futuras...20
Conclusão...21
Bibliografia...22
Anexos...25
Anexo A – Brochura...i
Introdução
Introdução
Os indivíduos surdos ou com dificuldades auditivas deparam-se, de uma forma geral, com várias
dificuldades quando tentam aceder a serviços de saúde, entre os quais a Medicina Dentária. O
desconhecimento acerca da cultura surda e a falta de formação nesta área pode criar
mal-entendidos e obstáculos durante a partilha de informação com pacientes desta comunidade, que
se sentem frustrados quando perdem a sua autonomia e/ou recebem sentimentos de
condescendência por parte de outros.(1–6)
Com o objetivo de melhorar o cuidado destes pacientes, o médico dentista deve fazer um esforço
no sentido de conhecer as suas características e entender as barreiras existentes no processo de
comunicação. Devem, assim, ser adotadas formas mais eficazes de estabelecer uma comunicação
bem-sucedida com este tipo de pacientes.(1–7)
A comunicação é um sistema complexo que envolve a emissão e a interpretação de mensagens.
Na sua forma mais simples é um processo com duas vias, envolvendo um emissor e um recetor.
Para existir uma comunicação adequada o sinal emitido e o sinal recebido têm imperativamente
de ser o mesmo, independentemente do sistema utilizado para a transmitir, seja ele por símbolos,
linguagem ou imagens.(8)
Quando esta comunicação falha, a relação médico-paciente pode ficar comprometida e a
validade dos tratamentos pode, nalgumas situações, ser posta em causa. Não se pode esperar que
um paciente seja capaz de prestar um consentimento válido relativo aos tratamentos a que vai ser
sujeito se não for capaz de entender aquilo que lhe é proposto.(1,5,9) Se a comunicação não for
eficaz estão criadas as condições para que ocorram mal-entendidos que podem ter efeitos
negativos nos dois sentidos da comunicação: o prestador de cuidados pode pensar que a sua
mensagem ou intenção foi recebida e entendida pelo paciente e, por outro lado, o paciente pode
pensar que apreendeu a mensagem quando, na verdade, nenhuma das situações se verificou.(3)
Por outro lado, uma comunicação que envolva a transmissão bem-sucedida de informação entre
os dois interlocutores (paciente e médico) estimula uma boa relação entre estes e diminui a
sensação de isolamento, aumentando o grau de satisfação e participação do paciente. Pacientes
surdos preferem ser atendidos por médicos que sabem Língua Gestual ou médicos que são
surdos, bem como por médicos que fazem o esforço de se aproximar da sua forma de
comunicação. Adicionalmente esperam algum esforço por parte destes com vista a melhorar o
acesso aos seus serviços.(1,5)
O Código Deontológico da Ordem dos Médicos Dentistas refere que “Todo o médico dentista
tem o dever de assegurar ao seu doente a prestação dos melhores cuidados de saúde oral ao seu
alcance, agindo com correcção e delicadeza”. Além disso, “o médico dentista deve apoiar e
participar nas actividades da comunidade que tenham por fim promover a saúde e o bem-estar da
população”.(10)
Também a legislação portuguesa procura a promoção da acessibilidade, referindo que esta
“constitui um elemento fundamental na qualidade de vida das pessoas” e contribui decisivamente
“para um maior reforço dos laços sociais, para uma maior participação cívica de todos aqueles
que a integram e, consequentemente, para um crescente aprofundamento da solidariedade no
Estado social de direito.”(11)
A obtenção de consentimento para os tratamentos a efetuar é indispensável em Medicina
Dentária e “O médico dentista deve informar e esclarecer o doente, a família ou quem
legalmente o represente, acerca dos métodos de diagnóstico e terapêutica que pretende aplicar,
bem como transmitir a sua opinião sobre o estado de saúde oral do doente.”(10)
Segundo vários autores, as maiores dificuldades encontradas pelos pacientes surdos são a pobre
comunicação entre médico-paciente, o desconhecimento por parte dos prestadores de cuidados
de saúde acerca das características próprias da comunidade surda e a falta de acesso a intérpretes
devidamente treinados.(1–7,12)
Tudo isto pode levar a más interpretações do diagnóstico, objetivo dos tratamentos, da
medicação e os seus efeitos secundários por parte dos pacientes, que consequentemente podem
sentir frustração, exclusão e incapacidade de transmitir os seus sentimentos, sintomas, história
médica e ter controlo sobre a própria saúde. Nestas condições é difícil providenciar um
tratamento de saúde adequado.(1,3–5,12)
Esta monografia pretende sumariar as particularidades relacionadas com a abordagem de
pacientes surdos, especificamente em Medicina Dentária e sugerir técnicas e ferramentas para
auxiliar no tratamento e comunicação com estes pacientes. Apesar de ser mais difícil, o processo
de comunicação entre um paciente surdo e um prestador de cuidados de saúde não é impossível.
Materiais e Métodos
Materiais e Métodos
A pesquisa bibliográfica efetuada durante a elaboração desta monografia teve como principal
objetivo a obtenção de informação científica atual. Incluíram-se (Tabela 1): publicações
nacionais e internacionais que incluíram livros, revistas da especialidade, publicações avulsas e
imprensa escrita. A pesquisa na base de dados indexada “PubMed®” e foi limitada a artigos
publicados nos últimos 15 anos, escritos em Inglês e Português. Para evitar a introdução de
possíveis fatores que pudessem induzir conclusões erróneas nesta monografia, optou-se por
incluir apenas as publicações que estudassem populações humanas surdas ou com dificuldades
auditivas e que não apresentassem outro tipo de limitações sensoriais ou psico-motoras.
Utilizaram-se os termos de pesquisa: “deaf”, “dentistry”, “special care”, “clinic”, “waiting
room”, “hearing impairment” e “patient management”.
Tabela 1 – Critérios de inclusão e exclusão da bibliografia utilizada
Critérios Inclusão Critérios exclusão
Data de publicação: últimos 15 anos População: surda e/ou com dificuldades auditivas associadas a outras incapacidades
Língua: Português, Inglês
População: apenas pacientes surdos e/ou com dificuldades auditivas
Disponibilidade: Livros e artigos “full-text
Desenvolvimento
Desenvolvimento
O choque cultural e os obstáculos sentidos por pacientes surdos ou com dificuldade auditivas
quando tentam aceder a serviços de saúde geram sentimentos negativos nestes pacientes.(1–5,12)
Chaveiro et al (2009) definem que “a surdez se distingue de outras deficiências, não pela
deficiência propriamente dita, mas pela dificuldade de estabelecer comunicação entre pessoas”.
(1)
Num estudo baseado em entrevistas a pacientes surdos brasileiros, Pereira & Fortes (2010)
observaram que os prestadores de cuidados de saúde são descritos, geralmente, de forma
negativa.(5) Neste estudo, os entrevistados caracterizavam com as seguintes afirmações o
pessoal prestador de cuidados de saúde:
“[Eles] têm medo de comunicar.” “[Eles] fogem de você.” “[Eles] não sabem como ajudar e
não sabem como comunicar.” “[Eles] não sabem o que fazer.” “[Eles] não se conseguem
adaptar à pessoa surda.” “[Eles] têm preconceitos.” “[Eles] são duros.” “[Eles] não gostam
de pessoas surdas.” “[Eles] não têm respeito.” “[Eles] riem-se da pessoa surda que tem medo”
“[Eles] ficam com o dinheiro e dizem adeus.” “[Eles] mostram preocupação.”
Kritzinger et al (2014), por outro lado, referem que os pacientes relatam mais experiências
positivas junto de médicos dentistas que recorriam a intérpretes com experiência clínica, com
profissionais capazes de utilizar língua gestual e nos casos onde os prestadores de cuidados de
saúde faziam um esforço por melhorar a comunicação.(5,13)
Outros autores apontam ainda a falta de sensibilidade e de conhecimento de boas práticas a ter
com esta comunidade, expressa frequentemente através de erros básicos como a falta de cuidado
em esclarecer claramente quando se dirigem ao paciente surdo, manter contacto visual com este
quando o fazem ou quando o excluem de conversas.(2,4)
Embora haja esforços no sentido de promover a saúde oral em crianças surdas, tem sido relatado
por pacientes surdos adultos que sentem que à medida que crescem encontram menos paciência e
preocupação por parte do pessoal médico.(14)
Por estas razões os pacientes surdos adultos sentem-se frequentemente envergonhados ou
inibidos em ambientes clínicos e consequentemente podem evitar os cuidados de saúde com
medo de o tratamento correr mal devido à comunicação má ou insuficiente.(3,5,13,15,16) Estas
atitudes por parte dos profissionais de saúde podem levar a que os pacientes surdos desistam e
deixem de procurar obter mais informação junto dos seus médicos ou, por outro lado, criem o
hábito de consultar vários profissionais como forma de lidar com a falta de informação que
obtêm de cada um.(2,5)
Pacientes no Reino Unido reportaram dificuldades em entender o diagnóstico ou instruções dos
medicamentos, consequentemente tomando doses erradas; um deles chegou a relatar acordar de
uma cirurgia e surpreender-se ao aperceber-se que tinha sido amputado.(16)
Surdez
Segundo a OMS a surdez pode ser congénita ou adquirida. Pode então estar presente ao
nascimento nos casos em que tem origem hereditária e noutros com origem não-hereditária como
quando é causada por doenças maternas (e.g.: rubéola, sífilis) ou complicações durante o parto.
Pode ser posteriormente causada por certas doenças infeciosas tais como a meningite, infeções
crónicas dos ouvidos ou desenvolver-se devido ao contacto com substâncias ototóxicas
(aminoglicosídeos, fármacos citotóxicos, medicação antimalárica e diuréticos), exposição a
níveis sonoros elevados e ao processo fisiológico do envelhecimento.(17)
A OMS refere que existem 360 milhões de pessoas no mundo com perda auditiva incapacitante,
o que quer dizer que no adulto existe uma perda auditiva superior a 40dB no ouvido que ouve
melhor e em crianças que existe uma perda auditiva superior a 30dB no ouvido que ouve melhor.
(17)
Aproximadamente um terço dos indivíduos com idade superior a 65 anos encontram-se afetados
por perda auditiva incapacitante.(18)
Surdez em Portugal
A Associação Portuguesa de Surdos estima que existem cerca de 30 000 surdos (na sua maioria
portadores de surdez grave e profunda) que praticam Língua Gestual Portuguesa no nosso país.
A mesma associação estima ainda que existam cerca de 120 000 pessoas com algum grau de
perda auditiva (incluindo aqui os idosos que vão perdendo a audição gradualmente).(19) Ana
Bela Baltazar, autora do Dicionário de Língua Gestual Portuguesa editado em 2010, refere no
seu Prefácio que a comunidade surda representa cerca de 100 000 indivíduos em Portugal.(20)
Segundo dados recolhidos entre Setembro de 1993 e Junho de 1995 publicados pelo então
Secretariado Nacional de Reabilitação residiam em Portugal, num universo de 142 112
indivíduos, 19 172 (cerca de 13,5%) eram surdos ou tinham redução grave da capacidade
auditiva. Destes, 39,42% declararam não possuir nenhum nível de instrução; apenas 2,34%
referiram o nível secundário, 1,72% a instrução politécnica e 1,54% o ensino universitário.(21)
Os Resultados Definitivos dos Censos 2011 não fazem referência específica à população surda
ou com dificuldades auditivas.(22)
Pereira & Fortes (2010) referem que a dificuldade em fazer um retrato fiel da realidade do
problema no Brasil se deve à inexistência de dados produzidos de forma sistemática à escala
nacional, o que também acontece no nosso país.(5,23)
O paciente surdo
O médico dentista deve reconhecer que cada paciente é um indivíduo único e que os pacientes
surdos podem apresentar uma grande heterogeneidade de características. O médico dentista deve,
em primeiro lugar, procurar saber como o paciente comunica normalmente.(2,4) Se o paciente é
uma criança, pode perguntar aos pais ou ao cuidador. Também deve procurar observar como o
paciente se comunica com os pais ou encarregados de educação. No caso de adultos, o médico
dentista pode fazer a pergunta diretamente ou o paciente pode antecipar a questão e explicar
como a devemos tratar.(4)
Os três primeiros anos de vida são críticos para o desenvolvimento da criança ao nível percetivo,
das capacidades motoras, da inteligência e da linguagem, segundo Alsmark e colegas.(4) Outros
autores estimam que o período ideal para desenvolver esta última se situe algures entre os 5 e os
9 anos de idade.(3) Quando a surdez tem origem anterior ao desenvolvimento da fala, diz-se
surdez pré-lingual. Por outro lado, quando é adquirida após o desenvolvimento desta habilidade,
diz-se surdez pós-lingual.(24)
Algumas famílias podem privar a criança surda de aprender Língua Gestual numa atitude de
negação face à realidade e motivadas pelo medo de perder a criança para uma comunidade que
não conhecem.(3)
A perceção de pacientes surdos adultos indica que alguns podem ter um nível de stress mais
elevado do que a população geral. A presença de fatores como o difícil acesso ao emprego,
dificuldades de comunicação no quotidiano e stress associado a fazer parte de uma minoria
linguística e cultural podem justificar este facto.(25)
Vários autores e equipas de investigadores referem ter encontrado piores condições de higiene
oral em pacientes surdos quando comparado com pacientes ouvintes, o que é preocupante.
(12,26)
Há também indícios que sugerem que a taxa de infeção por VIH em algumas populações surdas
é maior quando comparada com a população ouvinte e que há uma maior incidência de doenças
sexualmente transmissíveis (DSTs). Tais achados poderão ser justificados pela maior dificuldade
de acesso a informação de saúde e prevenção de DSTs reportada por estas populações.(27)
Tabela 2 – Graus de surdez e possível impacto no paciente(8)
Grau de surdez
Sons ouvidos mais leves, em
decibéis Possível impacto
Leve 25-39 Dificuldade em acompanhar conversas em situações ruidosas. Moderado 40-69 Dificuldade em acompanhar conversas sem um dispositivo auditivo.
Grave 70-94
Dependente de leitura de lábios mesmo com um dispositivo auditivo;
Língua Gestual pode ser o meio preferencial de comunicação.
Profundo >95 Língua Gestual pode ser o meio preferencial de comunicação.
O médico dentista deve registar na história clínica do paciente a fase de desenvolvimento em que
surgiu a surdez (pré ou pós-lingual, por exemplo), o grau de surdez (leve, moderado, grave ou
profundo) (Tabela 2), o nível de formação escolar ou académica e tipo de educação recebida
(oral, bilingue, integrada, especial), problemas associados (dificuldades de aprendizagem, por
exemplo) e fatores familiares (atitude dos pais face à surdez, pais ouvintes ou surdos). Estes
dados são importantes de modo a compreender o contexto do paciente e os obstáculos com que
se deparou previamente e que influenciam a sua atitude perante os outros.(4)
Comunicar
Por falta de conhecimento, o médico dentista pode criar a conceção errada de que para
comunicar com pacientes surdos ou com dificuldades auditivas basta recorrer à linguagem
escrita, leitura de lábios ou confiar em terceiros relacionados com o paciente que façam o papel
de intérprete.
É certo que existe uma falha generalizada na formação dos profissionais de saúde relativamente
aos cuidados a ter com a população surda, pois são raras as instituições de ensino que incluem no
seu programa curricular algum tipo de formação específica nesta área. Está provado que a
utilização, por exemplo, de um módulo de aprendizagem através de um paciente virtual
interativo pode ser uma ferramenta eficaz para introduzir o contato clínico com pacientes com
anomalias de desenvolvimento a estudantes de medicina dentária.(28)
Um facto que pode passar despercebido e que deve ser mencionado é que pode haver
transmissão de informação sem que se diga uma única palavra através, por exemplo, da
linguagem expressa facial ou corporalmente.(3,5) Segundo Dougall e Fiske (2008), esta
representa cerca 60% de responsabilidade na transmissão da mensagem.(8) Os pacientes surdos
interpretam não só o que é dito mas principalmente o modo como o médico se comporta
enquanto transmite a informação.(5)
Pereira e Fortes (2010) referem que os prestadores de cuidados de saúdem tendem a melhorar a
sua postura e eficácia de comunicação assim que se apercebem da importância da linguagem
corporal, aumentando a proximidade física, postura e contacto visual com o paciente.(5)
Pacientes surdos aprendem por observação e repetição. Apresentar e demonstrar como utilizar
equipamentos ou medicação tem melhores resultados do que a mera explicação.(2–4)
Nos tópicos seguintes apresentam-se e discutem-se os vários métodos que podem ser utilizados
para veicular a informação aos pacientes surdos ou com dificuldades auditivas no ambiente
clínico.
Os protocolos apresentados são baseados no trabalho de Alsmark e colegas em 2007, tendo sido
completados com informações e conselhos publicados por outros autores.
Utilização de elementos escritos
Os programas de educação para a saúde oral são frequentemente produzidos e divulgados sob a
forma de informação escrita (panfletos, brochuras) ou áudio (vídeo), caso sejam dirigidos a um
público infantil, por exemplo.(29–31)
A utilização de elementos escritos apresenta vantagens e desvantagens. Apesar de poder fornecer
um meio imediato de transmissão de informação entre paciente e médico, pode criar novas
barreiras ao processo de comunicação.(4,5)
A Língua Portuguesa não é a língua nativa de todos os pacientes surdos. Muitos tiveram de o
aprender como uma língua secundária, geralmente se a surdez está presente numa fase precoce.
Acrescentando o facto de que muitos pacientes surdos podem ter encontrado barreiras no acesso
a oportunidades de educação é compreensível que desconheçam inclusivamente a própria
anatomia e nomenclatura associada, prevenção e tratamento de doenças. É normal também que o
vocabulário possa ser reduzido o que complica a transmissão de mensagens complexas através
deste meio.(1,4)
A informação escrita pode ser complementada com desenhos simples, imagens ou até pequenos
vídeos.(2–4)
Na tentativa de fornecer uma base para a educação destes pacientes, criou-se uma brochura
(Anexo A) que simplifica os Folhetos Educativos da Ordem dos Médicos Dentistas e que aborda
a generalidade das áreas da Medicina Dentária.(29) Contém informação relevante para o
paciente, desde a prevenção de várias patologias orais até às opções de tratamento mais comuns
e está redigida num Português simples, podendo ser impressa e entregue aos pacientes que a
poderão levar consigo para estudar e familiarizar-se com alguns termos e conceitos até então
desconhecidos.
Leitura labial
A leitura labial é praticada pela maioria das pessoas com deficiência auditiva e pode por isso ser
utilizada em combinação com as outras técnicas. É apenas totalmente eficiente quando as
condições são ideais. Muitas vezes há obstáculos como bigodes, falta de iluminação, localização
e posição errada do falante, falar excessivamente rápido, sotaques estrangeiros, alguns sons que
não pode ser vistos (por exemplo, sons guturais), palavras homófonas (mamã, papá, etc.), a falta
de conhecimento do vocabulário habitual do destinatário e a distância entre os interlocutores. Na
clínica dentária, podem existir outros obstáculos, tais como a máscara facial do dentista, o uso de
termos técnicos, a posição supina do paciente na cadeira, ansiedade, etc. O médico dentista deve
tentar comunicar nas melhores condições possíveis para que o paciente o possa compreender.(2–
4,6,7,9,15)
Antes da conversa:
Fale com calma, devagar e agradavelmente. Se estiver com pressa, cansado ou irritado,
isso vai afetar a sua comunicação com o paciente. Uma atitude paciente relaxa o doente e
melhora a sua concentração e confiança.
Entenda que a ida a uma consulta médica envolve geralmente um grande esforço por
parte do paciente surdo e este precisa de ultrapassar o medo de que algo corra mal devido
a problemas de comunicação.(5)
Nunca comece a falar se o paciente não está a olhar.
Chame a sua atenção com um leve toque no braço ou ombro, uma pancada ligeira na
estrutura ou superfície onde o paciente está apoiado para criar vibrações, um sinal
discreto antes de começar a falar ou até acendendo/apagando as luzes da sala onde o
paciente se encontra. Tenha isso em mente ao chamar o paciente a partir da sala de
espera.
Encare o paciente de frente e, de preferência, ao mesmo nível (especialmente para
crianças). Tente manter a mesma posição durante a conversa.
Se quiser explicar alguma coisa, deve parar o procedimento e dirigir-se ao paciente.
Não mova a sua cabeça para qualquer lado no final de uma frase; não olhe para baixo,
etc.
Não se mova para muito longe ou muito perto do paciente.
Deve manter-se numa posição confortável para o paciente e em que é totalmente visível.
Evite ficar em pé atrás do encosto de cabeça, pois nesse caso o paciente deve assumir
uma posição desconfortável de modo a conseguir ver os seus lábios.
Certifique-se o seu rosto está bem iluminado.
o Nunca fique em frente a uma janela ou luz (se o fizer o rosto vai estar na
escuridão).
Durante a conversa:
Certifique-se que não tem nada entre os lábios (cigarro, caneta), nem na boca (pastilha
elástica, doces).
Evite colocar a mão ou qualquer objeto em frente à sua boca. A máscara facial é uma
barreira para a leitura labial.
Se quiser explicar alguma coisa a meio do processo, o dentista não se deve esquecer de
remover a máscara.
Pronuncie claramente, sem exagerar ou gritar. Os movimentos labiais devem ser claros,
mas não exagerados. Com isso evita distorcer os lábios, tornando-se mais fácil de ler.
Isso também acontece com gritos, que são desagradáveis para os deficientes auditivos,
especialmente em público e que afetam a sua dignidade e privacidade.
Falar claramente é muito mais eficaz do que falar alto. No entanto, pode ser útil para
alguns pacientes com perda auditiva levantar ligeiramente a sua voz ou falar num tom
mais grave na medida em que as pessoas perdem primeiro a audição de sons agudos.
(8,32)
Fale sempre usando a sua voz.
Fale naturalmente, nem muito rápido nem muito devagar.
Não simplifique demasiado a frase nem utilize termos técnicos, pois o paciente surdo, ao
contrário de ouvintes que estão constantemente a receber informações e aprender novas
palavras e termos, pode não entender.
De modo a facilitar a integração do deficiente auditivo, é importante explicar o que está a
acontecer e dito em torno dele ou dela.
Como médico dentista deve ensinar novas palavras relacionadas com a saúde oral (cárie,
restauração, etc.) a crianças ou adultos com deficiência auditiva
Evite conversa excessiva, porque a leitura labial é cansativa.
Use linguagem simples e frases curtas, especialmente com crianças pequenas, sem as
tratar, contudo, como se tenham uma dificuldade de aprendizagem.
Simplifique a frase mas não as palavras. O contexto da frase é muitas vezes importante.
Há certas palavras homófonas que são difíceis de distinguir unicamente através de leitura
labial.
Se não se conseguir fazer entender, repita a sua mensagem (cerca de 3 vezes). Se ainda
não conseguir ser compreendido, reconstrua a frase ou use sinónimos.
Se necessário, use gestos naturais ou algumas palavras escritas.
É possível comunicar por escrito com pacientes com deficiência auditiva que têm
dificuldade de entender, pelo que deve ter sempre lápis e papel à mão. Os inconvenientes
da escrita manual são que algumas pessoas com deficiência auditiva podem não ser bons
leitores e isso leva tempo, especialmente se a informação para ser transmitida é complexa
(como quando se descreve um tratamento endodôntico radical) e a caligrafia não é a
melhor.
Uma alternativa é ter algumas folhas escritas preparadas com antecedência (ver Anexo
A), explicando os principais procedimentos dentários, instruções, etc.(2)
Desenhos simples podem também ser úteis.
Este material poupa tempo e permite que o paciente leve consigo uma cópia para casa e o
estude à vontade.
A linguagem corporal (postura e movimento) e as expressões faciais desempenham um
papel muito importante na comunicação com o deficiente auditivo na clínica dentária e
pode ser especialmente importante no ensino de crianças surdas.
Deve saber como usar o seu rosto e corpo para expressar sentimentos (de felicidade,
tristeza, raiva, medo, interesse, etc.), para facilitar a compreensão para a criança surda. Se
a criança não se comportar corretamente e for repreendida de forma inexpressiva, pode
não entender.
Use expressões faciais agradáveis e calmas.
Outros conselhos:
Vá perguntando ao longo da consulta se a comunicação está a funcionar ou se pode ser
melhorada.
As perguntas devem ser de forma aberta para evitar respostas do tipo sim-não e assegurar
que tudo foi compreendido. O paciente com deficiência auditiva pode anuir mesmo que
não tenha compreendido inteiramente.(3,13)
Não se iniba de repetir qualquer frase quando for necessário.
Comunicação com pacientes que preferem usar a Língua Gestual Portuguesa
(LGP)
A Língua Gestual é uma forma de comunicação que se baseia em sinais que são reconhecidos a
nível nacional e regional (mas não internacionalmente), e tem a sua própria estrutura que é
diferente da linguagem oral e escrita.(20)
Esta língua é realizada recorrendo a diferentes configurações, locais de articulação e orientação
das mãos, bem como a diferentes expressões faciais e movimentos corporais que acompanham
os gestos criados pelas mãos. A sua estrutura é muito específica e diferente da que é utilizada
habitualmente na Língua Portuguesa, predominando a sequência sujeito-objeto-verbo.(20)
Os membros da família ou amigos capazes de usar língua gestual acompanham por vezes o
paciente e ajudam a dar explicações ou fazer perguntas. Por outro lado, apesar de estas pessoas
serem capazes de comunicar com o paciente surdo, o médico dentista deve reconhecer que é
improvável que estejam familiarizados com a amplitude de sinais necessários para transmitir
conceitos médicos complexos. O recurso a amigos ou familiares como intérpretes pode criar
problemas quanto à garantia de confidencialidade do paciente e levá-lo a guardar informações de
natureza pessoal ou sensível. Podem ainda alterar inconscientemente as observações referidas
pelo paciente ou transmitir informação tendenciosa acerca deste para o proteger.(2,6,7,33,34)
Pereira e Fortes (2010) referem que a utilização de um intérprete não qualificado pode ter
consequências tão ou mais negativas como a não-utilização do intérprete.(5)
Deve então ser utilizado um intérprete profissional com experiência clínica sempre que possível
e quando aceite pelo paciente; no entanto, isto pode aumentar os custos da consulta ou criar
questões de confiança entre o paciente e o intérprete caso este lhe seja desconhecido.(3,7) Nos
Estados Unidos da América a legislação contempla esta situação e o prestador de cuidados de
saúde é responsável por providenciar e suportar os custos relacionados com o intérprete
especializado e registado.(2,8,35)
Alguns médicos podem recear que o recurso a um intérprete possa representar perigo para eles
na medida em que poderá tornar-se uma testemunha de defesa caso o paciente alguma vez decida
processar o profissional devido a má-prática.(15)
Os avanços tecnológicos permitem o desenvolvimento de áreas como a telemedicina nalguns
países. Esta área tem especial interesse neste assunto, uma vez que o paciente ou o médico
dentista podem aceder em tempo real aos serviços de um intérprete utilizando uma webcam e
uma ligação à Internet.(3)
Comunicação com pacientes que preferem usar a LGP, na presença de um
intérprete
Quando se recorre aos serviços de um intérprete de LGP (membro profissional, familiar ou
amigo paciente), é importante olhar mais para o paciente do que para o intérprete.(2,4,6,8,32)
Os únicos momentos em que se deve dirigir ao intérprete durante a consulta são no início e no
fim, para lhe agradecer o serviço prestado. Pode ser útil encontrar-se previamente com o
intérprete para discutirem terminologia médico-dentária e necessidades especiais de
interpretação.(8) O intérprete deve estar presente em todas as consultas, garantindo (caso seja um
intérprete profissional com experiência na área) que o médico dentista é capaz de compreender
as queixas do paciente, que se consegue obter um consentimento informado, que o tratamento
prestado é o mais seguro e eficiente e que se promove o entendimento e a colaboração do
paciente, funcionando de modo vantajoso para ambas as partes.(7,35)
Deve falar-se diretamente com o paciente usando a segunda pessoa e prestar atenção
quando o paciente responde. A generalidade da bibliografia refere que o intérprete deve
estar posicionado ligeiramente atrás do prestador de cuidados de saúde de modo a que
estejam ambos no campo de visão do paciente. No entanto, a orientação dos
intervenientes segundo um triângulo equilátero conseguindo contato visual direto entre
todos poderá ser mais favorável.
A pessoa surda pode ser bilingue, isto é, pode ser capaz de utilizar ambos os tipos de
linguagem (oral/gestual).
É útil aprender o alfabeto da Língua Gestual Portuguesa. Participando num curso de
Língua Gestual Portuguesa pode, pelo menos, familiarizar-se com a sua estrutura básica e
alguns gestos simples.
Fale devagar e com clareza. Use frases simples porque a língua gestual tem uma estrutura
diferente daquela usada na linguagem oral e escrita, por exemplo: “O aluno deu uma flor
à professora” (Língua Portuguesa)./ “Aluno flor professora dar” (Língua Gestual
Portuguesa).(20)
É muito importante o uso de linguagem corporal e expressões faciais. As expressões
faciais fazem parte da língua gestual. Podem ser usados para expressar felicidade,
tristeza, raiva, dúvida, ignorância, desapontamento, etc.
As mudanças de tópico devem ser claramente identificadas.
Deve verificar-se periodicamente que o paciente está a perceber e que se consegue
perceber o paciente. Deve confirmar-se com paciente, não com o intérprete.
Comunicação com utilizadores de dispositivos auditivos
Muitos pacientes desligam os seus dispositivos auditivos devido à expectativa de encontrarem no
ambiente clínico ruídos agudos ou que causem interferência com os dispositivos. Deve
assegurar-se que o dispositivo está ligado durante os períodos de comunicação sempre que for
possível.(8)
Caso não haja um aparelho auditivo disponível, uma alternativa possível e acessível para
conseguir aumentar o som sem grandes custos económicos associados é a utilização de um
aparelho de comunicação um-para-um. Com este dispositivo, o médico dentista fala para um
microfone ligado a um amplificador que envia então o sinal para auscultadores usados pelo
paciente.(36)
Não deve assumir que o paciente vai conseguir entender simplesmente porque usa um aparelho
auditivo uma vez que este pode ser utilizado apenas para conseguir distinguir sons ambientais
como por exemplo alarmes de incêndio ou buzinas de automóveis e não serem capazes de ajudar
o paciente a compreender o discurso oral.(34)
A utilização de instrumentos elétricos em pacientes portadores de implantes cocleares pode
causar algumas preocupações no médico dentista. Um estudo realizado por Roberts e colegas
(2002) em tecidos cadavéricos sugere que a utilização de equipamento dentário como o
cauterizador elétrico, localizador de ápice ou o ortopantomógrafo é segura; no entanto, a
utilização de equipamentos como o bisturi elétrico pode causar danos irreversíveis no implante
coclear a partir de um certo nível de potência (nível 5).(37)
Recomendações para melhorar a comunicação com pacientes que usem
aparelhos auditivos
Elimine qualquer ruído de fundo (música, trânsito, etc.) durante a conversa. Os aparelhos
auditivos digitais mais modernos fazem isso automaticamente.
Evite ruídos repentinos que podem afetar mais o paciente com dificuldades auditivas do
que um ouvinte normal. Crianças com deficiência auditiva podem assustar-se com
barulhos vindo de trás. Tente não fazer muito barulho.
Se a pessoa com deficiência auditiva prefere desligar o aparelho auditivo enquanto o
médico dentista está a utilizar instrumentos rotatórios ou o sistema de sucção, deve
avisá-lo antes de começar a usar esses equipamentos.
Deve recordar-se que, se o aparelho auditivo está desligado, a conversa deve ser muito
limitada e, durante o tratamento, o assistente deve assegurar que as instruções e ações são
claras.
Evite passar as mãos perto do aparelho auditivo ou inclinar o seu braço ou corpo contra
ele durante o tratamento uma vez que pode causar interferências.
Comunicação com crianças surdas
A criança surda deve ser tratada na clínica dentária como um ser único na sua individualidade. O
médico dentista deve reunir informação sobre o grau de comprometimento, quando foi adquirida,
o tipo de tratamento de reabilitação a que a criança está sujeita, o tipo de educação e da
comunicação preferida, o tratamento familiar e qualquer problema associado.
Recomendações especialmente apropriadas para crianças surdas
O mais importante é saber como a criança comunica. Pode ser útil observar como os pais ou
educadores falam com a criança, usando uma linguagem que seja o mais semelhante possível.
Uma reunião marcada previamente com os responsáveis pela criança pode servir para explicar
exatamente o que vai acontecer durante a consulta e informá-los de como a podem preparar para
a visita ao médico dentista.
Podem ser entregues folhetos ou fotos aos educadores para que a criança possa ter uma ideia do
que é a clínica e o que vai acontecer aí. As visitas devem ser cuidadosamente programadas para
que a criança não tenha que esperar muito tempo na sala de espera, evitando assim a ansiedade
excessiva e medo características da situação.
Uma vez que a criança se encontre na cadeira de observação, o dentista, assistente e os seus
acompanhantes devem permanecer dentro do seu campo de visão. O dentista deve olhar para a
criança mais do que para os seus intérpretes ao explicar coisas ou responder perguntas.
Durante as primeiras visitas, os responsáveis pela criança podem preferir estar presentes para a
ajudar a sentir-se mais segura. A partir desse momento deve ser feita uma tentativa para falar
com a criança através da sua forma de comunicação e estimular a sua autonomia. Quando há
confiança por parte dos adultos e da criança, a criança pode gradualmente ser separada dos seus
responsáveis. Isto ajudará a aumentar a sua independência.
A equipa clínica deve estar treinada para utilizar comunicação não-verbal, com linguagem
corporal e expressões faciais e estar consciente da sua importância. É importante para dar uma
impressão agradável, a fim de relaxar a criança e promover a confiança.
Os pais ou educadores, primeiros intérpretes da criança, podem determinar a atitude da criança
para novas experiências. As atitudes da família podem ser positivas ou negativas (excesso de
proteção, não aceitação da deficiência, carga excessiva num membro da família, pais exigentes,
etc.) Se os pais forem realistas e compreenderem e aceitarem as limitações da criança, vão ajudar
a criança a lidar com a nova situação de forma independente. Por outro lado, se forem
super-protetores e considerarem o comprometimento auditivo como uma deficiência incapacitante, vão
limitar a participação da criança na nova experiência e tornar a criança muito dependente deles,
caso em que a criança vai prestar pouca atenção ao médico dentista e procurar constantemente a
atenção dos adultos, deixando-os comunicar por si.
Quando explicar as coisas, use frases claras, curtas. Se a criança não entendeu
completamente, repita a frase e se ainda não é se conseguiu fazer compreender, deve
reconstruir a frase com sinónimos ou usando uma estrutura mais simples. Se há algo que
o paciente ainda não entende bem, uma palavra ou frase pode ser escrita, ou explicada
com um desenho.
Como todas as crianças, a criança surda ou com dificuldades auditiva vai se sentir mais
relaxada com uma carícia ou um aperto de mão.
A criança surda tem especialmente medo do desconhecido e precisa por isso de muitas
explicações e demonstrações. Os instrumentos e equipamentos devem ser mostrados e
todos os que vibram devem ser apresentados e explicados para que a criança possa
entender que é normal e preparar-se.
A técnica “dizer-mostrar-fazer” pode ser alterada nestes pacientes para “mostrar-fazer”;
no entanto, deve ter em conta a idade do paciente, o grau de comprometimento, o tipo de
comunicação principal, habilidades, etc.
As técnicas de modelação podem ser muito úteis, permitindo que a criança observe o
irmão ou outra criança a ser tratado ou enquanto está na cadeira de observação ou
assistindo vídeos sobre consultas dentárias. Outra forma de explicar os atos clínicos
dentários é usar panfletos, fotografias e desenhos. Devem ser utilizados estímulos visuais
para promover a aprendizagem e melhorar o comportamento.
Lembre-se que a visibilidade total é essencial para a comunicação com a criança surda.
Deve retirar a máscara facial quando algo para dizer e não fazer nada fora do campo de
visão da criança pois pode criar uma fonte de frustração.
Se a criança usa um aparelho auditivo, siga as instruções anteriormente descritas (reduzir
o ruído de fundo, desligar dispositivos de rotação que perturbem a criança, etc.)
Se a criança geralmente usa a língua de sinais, os pais podem agir como intérpretes. Se o
dentista não for capaz de utilizar a LGP, os pais ou um intérprete profissional adequado
terão que estar presentes em todos os momentos durante a consulta.
Recomenda-se que o médico dentista aprenda pelo menos a estrutura básica da Língua
Gestual e alguns sinais simples, bem como a utilização de linguagem corporal e
expressões faciais.
O tratamento dentário propriamente dito para uma criança surda é semelhante à das
crianças ouvintes, mas é importante realizar tratamento preventivo para essas crianças,
pois pode haver falta de higiene devido principalmente a uma educação pobre ou
mal-sucedida e falta de motivação.
O tratamento requer uma boa comunicação entre o médico dentista e a criança e os pais
ou educadores devem estar envolvidos na educação para a saúde oral.
Não é fácil explicar o conceito de anestesia local a uma criança surda, mas com a ajuda
dos seus intérpretes, pode ser útil dizer que os dentes são postos "a dormir". A palavra
"dor" é importante para estas crianças, por isso não é aconselhável utilizar uma palavra
diferente. Uma vez que a anestesia local for administrada, é importante testar se está a
funcionar; caso contrário pode levar à falta de confiança no dentista.
A utilização do dique de borracha deve ser introduzida lentamente de modo a evitar o
comportamento negativo na criança. Não se deve bloquear o campo de visão da criança
enquanto o aplica, pois irá afetar a comunicação entre a criança e o médico dentista.
Havendo uma relação de confiança, a maior parte das dificuldades será resolvida.
Encontrar um intérprete qualificado
O paciente deve ser informado das vantagens e necessidade de recorrer a um intérprete
profissional e as vantagens/desvantagens de recorrer a um familiar devem ser bem esclarecidas.
Assim que isto esteja clarificado deve ser dada oportunidade ao paciente para se pronunciar e
tomar uma opção.
Segundo o Artigo 2.º da Lei n.º 89/99 de 5 de Julho, “consideram-se intérpretes de língua gestual
portuguesa os profissionais que interpretam e traduzem a informação de língua gestual para a
língua oral ou escrita e vice-versa, por forma a assegurar a comunicação entre pessoas surdas e
ouvintes.” A mesma Lei define que para se considerar profissional, o indivíduo deve ter
frequentado com aproveitamento um curso superior de tradutor-intérprete de língua gestual, com
a duração mínima de três anos. Os intérpretes de língua gestual, no exercício da sua atividade
devem respeitar e cumprir o código de ética e linhas de conduta do intérprete de língua gestual
portuguesa. Assim, estão obrigados a: guardar sigilo de tudo o que interpretam; realizar uma
interpretação fiel, respeitando o conteúdo e o espírito da mensagem do emissor; utilizar uma
linguagem compreensível para os destinatários da interpretação; não influenciar ou orientar
nenhuma das partes interlocutoras; não tirar vantagem pessoal de qualquer informação conhecida
durante o seu trabalho.(38)
Não há ainda em Portugal um registo nacional oficial acessível que inclua todos os intérpretes
profissionais de Língua Gestual Portuguesa.
Para requisitar os serviços de um profissional, os médicos dentistas interessados devem entrar
em contato com a associação de surdos federada mais próxima da área. Através da página web da
Federação Portuguesa das Associações de Surdos é possível aceder aos contatos das Associações
Filiadas.(39) Atualmente são as que se seguem:
Associação Cultural de Surdos da Amadora
Associação Cultural de Surdos do Barreiro
Associação Cultural dos Surdos de Águeda
Associação de Surdos da Alta Estremadura
Associação de Surdos da Linha de Cascais
Associação de Surdos de Guimarães e Vale do Ave
Associação de Surdos do Algarve
Associação de Surdos do Concelho da Almada
Associação de Surdos do Oeste
Associação de Surdos do Porto
Associação Portuguesa de Surdos
Sala de espera
Tradicionalmente, os médicos dentistas baseiam-se no método oral para informar os seus
pacientes que estão prontos para o receber, chamando o paciente pelo nome. Essa tarefa pode ser
sua ou estar a cargo do pessoal assistente ou rececionista. Alguns pacientes surdos referem ter
dificuldades com este sistema pelas razões óbvias e referem que a alternativa passa pela
implementação de mostradores eletrónicos, mais comuns em meios hospitalares ou então por ter
alguém a vir informá-los diretamente e que esteja treinado para lidar com pacientes surdos, de
preferência.(2,18) Outra opção pode ser entregar aos pacientes um pager ou um dispositivo
eletrónico que vibre assim que forem chamados.(3)
De modo a facilitar e simplificar este processo, o tempo de espera dos pacientes surdos deve ser
minimizado ao máximo; para isso, as consultas devem ser previamente organizadas e agendadas
de modo a proporcionar um ambiente calmo e um tempo de espera adequado.(4)
Importa também minimizar o stress que o paciente surdo possa apresentar e que é normalmente
provocado pelo medo de haver problemas na comunicação, ansiedade normal da ida ao dentista
ou até medo de se sentir exposto perante outros.(3,5,15,18) Na eventualidade de o paciente se
mostrar demasiado tenso ou ansioso devido a fobias relacionadas com a clínica dentária poderá
ser vantajoso efetuar uma primeira consulta de apresentação ou avaliação num ambiente ou
espaço diferente.(8)
Outras técnicas e perspetivas futuras
Alguns autores sugerem utilizar outras técnicas e materiais para facilitar ou melhorar a
comunicação entre o médico dentista e os pacientes surdos ou com dificuldades auditivas.
Aparelhos de mensagens instantâneas, software tradutor informatizado ou o recurso a
interpretação online em tempo real poderão ser cada vez mais utilizados no futuro.(3,9,18,33,40)
Em Portugal, existe pelo menos um projeto em execução que busca criar um software de
tradução de Língua Portuguesa para Língua Gestual recorrendo a um avatar virtual.
Conclusão
Conclusão
Os Médicos Dentistas, à semelhança de outros prestadores de cuidados de saúde, têm geralmente
uma conceção errada de como abordar e comunicar com pacientes surdos e podem, por isso,
provocar graves mal-entendidos quando esta comunicação falha, perpetuando a ideia negativa
que estes pacientes têm acerca desta classe profissional. Estes profissionais podem também
desconhecer algumas particularidades destes pacientes, como por exemplo patologias ou
dispositivos médicos associados à surdez.
De modo a ultrapassar esta falha, as instituições de ensino superior devem incluir no seu
programa curricular a contextualização sobre regras de conduta perante a cultura surda e, se
possível, algum grau de formação básica em língua gestual. Os profissionais já formados devem
procurar obter estes conhecimentos junto das instituições ou organizações que lhes fornecem
formação contínua de modo a poder proporcionar os melhores cuidados possíveis aos seus
pacientes.
Existe ainda alguma dificuldade em retratar fielmente a realidade sobre este tema em Portugal,
fato que pode ser mitigado pela aplicação de ferramentas estatísticas ou de recenseamento que
incluam dados sobre a população surda portuguesa e a sua experiência no acesso aos serviços de
saúde. Há ainda muito trabalho que pode ser feito na área da Medicina Dentária com vista a
facilitar o acesso destes pacientes aos seus serviços e garantir tratamentos de qualidade. Esta
monografia pode ser um ponto de partida para os interessados em desenvolver este tema.
Por último, é importante esclarecer ou relembrar que havendo esforço da parte dos intervenientes
(médico dentista e paciente), é possível estabelecer uma comunicação adequada e prestar um
tratamento informado e esclarecido.
Bibliografia
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39. Federação Portuguesa das Associações de Surdos. Associações Filiadas [Internet]. [cited 2014 Jul 12]. Available from: http://www.fpasurdos.pt/associacoes-filiadas/
40. Parton BS. Sign language recognition and translation: A multidisciplined approach from the field of artificial intelligence. J Deaf Stud Deaf Educ. 2006 Jan;11(1):94–101.
Anexos
Anexo A
Anexo A –
Brochura
(29)Índic
Prevenção e Higiene Oral...iv Cárie Dentária e Dentisteria...vi Branqueamento dentário...viii Periodontologia...x Mau hálito...xii Endodontia...xv Cirurgia Oral...xvii Cancro Oral...xix Próteses dentárias...xxi Próteses removíveis...xxi Próteses fixas...xxiv Implantes dentários...xxvii Ortodontia...xxx Saúde oral na grávida e no bebé...xxxii Saúde oral na criança...xxxiv Saúde oral sénior...xxxvi
Prevenção e Higiene Oral
1.
Quais as vantagens da higiene oral diária para a saúde?
Ajuda a manter os dentes e gengivas com saúde e evitar a maior parte das doenças da boca; Ajuda a mastigar bem todos os alimentos;
Ajuda a dizer bem todas as palavras; Pode manter um sorriso bonito.
2.
Quando devo ser consultado pelo médico dentista?
Pelo menos uma vez por ano; Assim que o primeiro dente nascer; Prevenir é sempre mais fácil que tratar.
3.
Qual a melhor dieta para continuar com os dentes mais saudáveis?
Deve ser simples, variada e equilibrada;
Evitar comer doces fora das horas das refeições – de preferência só à sobremesa.
4.
Sabe um truque para manter os seus dentes saudáveis?
Técnica 2x2x2 2 vezes por dia 2 minutos a escovar
2 horas sem comer a seguir à escovagem e às refeições principais.
5.
Quando devo mudar a minha escova dos dentes?
A cada 3 meses ou quando os “pêlos” da escova perderem a forma. Que instrumentos devo usar para escovar os dentes?
Escova e pasta; Fio ou fita dentária; Escovilhão.
6.
Como fazer a higiene da boca?
Primeiro deve usar o fio/fita dentária ou o escovilhão para tirar os restos de comida que podem ter ficado presos entre os dentes;
Depois colocar na escova uma quantidade pequena de pasta (do tamanho de uma ervilha); Escovar todos os dentes, de trás para a frente, em cima e em baixo;
Fazer movimentos em círculo com a escova por todo o dente e fazer o mesmo com o dente a seguir indo de um lado da boca até ao lado contrário;
No fim deve escovar a parte de cima da língua com a escova de trás para a frente.
7.
Como usar o fio dentário?
Deve usar cerca de 40cm de fio;
Enrole as pontas à volta dos dedos do meio das suas mãos; Deve segurar o fio com os polegares e os indicadores;
Com a ajuda desses dedos, passar o fio no espaço entre os dentes e retirar os restos de comida e placa bacteriana desse espaço.
8.
Conselhos muito importantes!
Quando não tem saúde oral, não está de perfeita saúde;
Manter a saúde oral em bom estado ajuda a ter uma vida melhor e mais longa; A prevenção é sempre a forma mais barata de prevenção dos problemas; Quanto mais adiar o tratamento, mas difícil este se torna;