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Uns mais iguais que os outros: influências da personalidade em relações sociais de macacos-prego (Sapajus sp.) cativos

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOBIOLOGIA

FELIPE HAEBERLIN

UNS MAIS IGUAIS QUE OS OUTROS:

INFLUÊNCIAS DA PERSONALIDADE EM RELAÇÕES SOCIAIS DE MACACOS-PREGO (Sapajus sp.) CATIVOS

NATAL 2019

(2)

2 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

Haeberlin, Felipe.

Uns mais iguais que os outros: influências da personalidade em relações sociais de macacos-prego (Sapajus sp.) cativos / Felipe Haeberlin. - 2019.

63f.: il.

Dissertação (Mestrado)-Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Biociências, Programa de Pós-graduação em Psicobiologia, Natal, 2019.

Orientadora: Dra. Renata Gonçalves Ferreira.

1. Diferenças individuais - Dissertação. 2. Afiliação - Dissertação. 3. Agonismo - Dissertação. 4. Estrutura social - Dissertação. I. Ferreira, Renata Gonçalves. II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 591.5

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FELIPE HAEBERLIN

UNS MAIS IGUAIS QUE OS OUTROS: INFLUÊNCIAS DA PERSONALIDADE EM RELAÇÕES SOCIAIS DE MACACOS-PREGO (Sapajus sp.) CATIVOS

Dissertação apresentada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Departamento de Fisiologia e Comportamento, Programa de Pós-graduação em Psicobiologia como requisito para a obtenção do título de Mestre em Psicobiologia.

Orientadora: Profª. Drª. Renata Gonçalves Ferreira

NATAL 2019

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UNS MAIS IGUAIS QUE OS OUTROS: INFLUÊNCIAS DA PERSONALIDADE EM RELAÇÕES SOCIAIS DE MACACOS-PREGO (Sapajus sp.) CATIVOS

Autor: Felipe Haeberlin

Orientação: Renata Gonçalves Ferreira

Dissertação apresentada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Departamento de Fisiologia, Programa de Pós-graduação em Psicobiologia como parte das exigências para a obtenção do título de Mestre em Psicobiologia.

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________ Profª. Drª. Renata Gonçalves Ferreira

PPg Psicobiologia – UFRN

___________________________________________ Profª. Drª. Patrícia Izar

Instituto de Psicologia – USP

___________________________________________ Profª. Drª. Fivia de Araujo Lopes

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5 AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Renata Ferreira, por receber, orientar, inspirar e por toda atenção dedicada em momentos importantes.

Aos meus pais, Aureo Haeberlin e Lorena Behling Haeberlin, por todo cuidado parental, pelo suporte sempre prestado, por fortificar os primeiros passos, pelo investimento nas minhas apostas, pelo amor e por terem me ensinado mais do esperavam.

A minha irmã, Camila Haeberlin, minha outra versão nesse mundo, por estar sempre ao meu lado, pelo ombro amigo, ouvidos acolhedores, por ser grande parte da minha força e por todo amor compartilhamos nessa vida.

Aos colegas do IDSS / CoLab, por todas as contribuições, pelos bons momentos compartilhados e pela excelente zona de desenvolvimento proximal que ajudam a manter.

A alguns colegas de turma, que se converteram em amizades que levo daqui pra vida.

Aos meus colegas de casa, por todos os bons momentos, todas as trocas de conhecimento e por sustentarem a fé na cooperação.

A quem me ama de alguma forma, dentre as mais diversas possíveis, e me motiva a ser melhor a cada dia.

Aos 25 indivíduos que são o coração dessa pesquisa, por tudo que nos ensinam.

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6

Toda a vida é um sonho. Ninguém sabe o que faz, ninguém sabe o que quer,

ninguém sabe o que sabe. Dormimos a vida, eternas crianças do Destino. Por

isso sinto, se penso com esta sensação, uma ternura informe e imensa por toda

a humanidade infantil, por toda a vida social dormente, por todos, por tudo.

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Uns mais iguais que os outros: Influências da personalidade em relações sociais de macacos-prego (Sapajus sp.) cativos

Resumo

No contexto social sabe-se que fatores como idade, sexo, parentesco e ranque influenciam nos relacionamentos entre indivíduos. Além desses fatores, trabalhos recentes mostram que semelhanças em dimensões da personalidade como Abertura, Sociabilidade e Neuroticismo podem influenciar nas relações sociais em animais. Devido à alta razão neocortical e exibição de comportamentos complexos, macacos-prego são considerados excelentes modelos translacionais. No presente trabalho analisamos as influências da personalidade em relações sociais de díades e grupos de macacos-prego (Sapajus sp.) cativos. Hipotetizamos que semelhanças em Abertura, Sociabilidade e Neuroticismo devem se relacionar com melhores relações sociais em díades e grupos. Com uma amostra de 25 indivíduos, que resultaram em 40 diades, divididos em seis grupos, observamos os comportamentos sociais por meio do método todas as ocorrências, além de um experimento com alimentados para verificar a simetria de proximidade. A personalidade dos indivíduos foi determinada por meio Hominoid Personality Questionnaire. Os dados foram analisados por modelos de regressão múltipla com bootstrap robusto. No nível de díades, os resultados indicam que maior Sociabilidade, Abertura e Assertividade se relacionam a maior afiliação e relações de melhor qualidade, enquanto maior Neuroticismo se relaciona com mais agonismo. No nível de grupos, verificamos que maior Sociabilidade e Abertura se relacionaram com melhor qualidade geral de relação. Os resultados encontrados refinam as informações disponíveis, mostrando que não apenas a similaridade, mas as similaridades em valores altos dos traços influenciam nas relações sociais. Os resultados relacionados com Assertividade, afiliação e qualidade de relações, sugerem uma outra perspectiva para essa dimensão, indo além do agonismo, o qual foi mais relacionado ao Neuroticismo. No nível de grupos, verifica-se uma expansão do que se observou no nível de díades. Entretanto, esse padrão foi verificado apenas para duas dimensões, indicando que a estrutura social é mais que um simples somatório das relações diádicas.

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8 Some more alike than others: personality influences on social relationships of captive capuchin monkeys (Sapajus sp.)

Abstract

In social context factors like age, sex, kinship and rank influence the quality of relationships between individuals. Beyond these factors, recent studies are showing the influence of individual differences on quality of relationships in animals. Similarities in personality dimensions like Openness, Sociability and Neuroticism can influence quality of relationships between individuals in dyadic and group levels. Given their enlarged neocortex and their behavioral complexity, capuchin monkeys are considered excellent translational models. The present work analyzed the influence of personality on social relationships in captive capuchin monkeys (Sapajus sp.). We tested the hypothesis that similarity in Openness, Sociability and Neuroticism should relate with better social relationships in dyads and groups. With a sample of 25 individuals, that composed 40 dyads, divided in six groups, we observed social behavior by all occurrences method and an experiment with a feeder to observe approach symmetry. The individual´s personality was inferred by Hominoid Personality Questionnaire. Data were analyses via regression models in robust bootstrap. In dyadic level, results shown that similarity in higher Sociability, Openness, and Assertiveness is related increased affiliation and better relationship quality, while high Neuroticism related with increased agonism. At group level, high Sociability and Openness also relates to better general relationship quality. The present result refine the available information showing that not only similarities, but similarities in high values in personality traits influence social relationships. The results regarding Assertiveness, affiliation and relationship quality suggest a new perspective to this dimension besides the reported increased agonism, which was more influenced by Neuroticism. At group level we found an expansion to the pattern found in dyadic level. However, this related to only two dimensions, indicating that social structure is more than the simple sum of dyadic relationships.

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Sumário

1. Introdução ... 11

1.1. Relações sociais e Personalidade ... 12

1.2. A personalidade do indivíduo e a vida social ... 12

1.3. Personalidade e comportamento social diádico ... 13

1.4. Personalidade e relações sociais em grupos... 15

1.5. Macacos-prego como modelo de estudo para personalidade e relações sociais ... 16

2. Objetivo geral ... 19

2.1. Objetivos específicos ………. 19

2.2. Hipóteses e predições ………... 19

3. Metodologia geral ……….. 20

3.1. Amostra, local e período de estudo ... 20

3.2. Aspectos éticos ………. 22

3.3. Definição da personalidade ……… 22

3.4. Determinação da qualidade da relação ... 24

3.5. Fatores não disposicionais ………. 29

4. Teste das hipóteses ……….. 30

4.1. Nível individual ………. 30

4.1.1. Métodos ……….. 30

4.1.2. Nível individual: resultados ... 31

4.1.3. Nível individual: discussão ……… 32

4.2. Nível de diades ………. 33

4.2.1. Métodos ……… 33

4.2.2. Nível de díades: resultados ... 34

4.2.3. Nível de díades: discussão ... 39

4.3. Nível de grupo ... 45

4.3.1. Métodos ……… 45

4.3.2. Nível de grupo: resultados ... 46

4.3.3. Nível de grupo: discussão ………. 47

5. Conclusões ... 48

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10 7. Anexos ………. 59

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1. Introdução

Quando convivemos com algum animal, ou observamos por algum tempo, é notável a presença de características comportamentais próprias do indivíduo. No senso comum essas características são atribuídas a personalidade. Atualmente, o estudo científico mostra que as diferenças estáveis no comportamento dos indivíduos são amplamente difundidas e conhecidas no reino animal (Wolf & Krause, 2014).

Personalidade animal é definida como: diferenças interindividuais no comportamento consistentes ao longo do tempo e/ou diferentes contextos (Gosling & John, 1999; Réale, Reader, Sol, McDougall, & Dingemanse, 2007; Stamps & Groothuis, 2010).

A personalidade exerce influências em vários aspectos da vida dos indivíduos, desde a forma que reagem ao estresse (Korte, Koolhaas, Wingfield, & McEwen, 2005), como exploram o ambiente (Dingemanse, Both, Drent, & Tinbergen, 2004), influenciando também em migrações de algumas espécies (Nilsson, Nilsson, Alerstam, & Bäckman, 2010), o modo que enfrentam mudanças no ambiente físico (Smith & Blumstein, 2013), o nível de risco que se expõem (Dingemanse & Reale, 2005; Wolf, Van Doorn, Leimar, & Weissing, 2007) bem como na propensão às infecções parasitarias (Barber & Dingemanse, 2010).

Além destes aspectos, a personalidade influencia a vida social dos indivíduos, como no caso do sucesso reprodutivo de pares de mandarins, que é maior quando ambos são mais semelhantes na dimensão Exploração (Schuett, Dall, & Royle, 2011). A personalidade também pode influenciar fatores da estrutura social, com efeitos identificados na hierarquia de dominância (Dingemanse & Réale, 2005). Por exemplo, machos de chapins reais com maior pontuação na dimensão Exploração tendem a ser mais dominantes (Dingemanse & De Goede, 2004). Em macacos rhesus, maior pontuação na dimensão denominada Confiante prevê maior estabilidade na dominância por parte desses indivíduos (Konečná, Weiss, Lhota, & Wallner, 2012).

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1.1. Relações sociais e Personalidade

São bem conhecidos alguns fatores que influenciam as relações sociais como parentesco, sexo e idade (Silk, Samuels, & Rodman, 1981; Irwin & Ehardt, 1985; de Waal & Luttrell, 1986; Ferreira, Izar, & Lee, 2006). Em fêmeas de macacos rhesus, o fator parentesco aparece mais relacionado com comportamentos afiliativos, como ocorrência de catação e maiores intervenções em conflitos a favor de outras fêmeas relacionadas (Silk, Samuels, & Rodman, 1981). Em macacos aranha, machos geralmente sentam e permanecem por mais tempo em proximidade entre si do que com fêmeas, e muitas vezes os machos ficam em proximidade com fêmeas com as quais tenham maiores possibilidades de copular, enquanto que fêmeas buscam permanecer maior tempo em proximidade com a prole do que outros indivíduos do grupo (Chapman, 1990). Quanto à idade, infantes raramente sofrem agressões, e geralmente são mais protegidos por outros membros do grupo (Fragaszy, Visalberghi, & Fedigan, 2004), principalmente quando descendem de alguma fêmea dominante (Silk, Samuels, & Rodman, 1981).

Além destes fatores não disposicionais, a personalidade é influenciada e influencia o meio social (Wolf & Krause, 2014). Trabalhos experimentais desenvolvidos com várias espécies vêm demonstrando influências da personalidade nas relações sociais, sobre comportamentos afiliativos, agonísticos bem como na qualidade das relações, desde o nível de díades (Massen & Koski, 2014; Morton et al. 2015) até o nível de grupos (Pike, Samanta, Lindström, & Royle, 2008; Koski & Burkart, 2015).

1.2. A personalidade do indivíduo e a vida social

Em peixes da espécie Gasterosteus aculeatus, indivíduos Ousados (Bold) tem menor média de interações sociais em relação a indivíduos Cautelosos (Shy), porém, distribuem essas interações entre mais membros do grupo, enquanto que indivíduos mais Cautelosos costumam interagir com poucos indivíduos (Pike et al., 2008). Em répteis, diferenças em sociabilidade influenciam o sucesso reprodutivo, com indivíduos não sociáveis apresentando

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13 maiores probabilidades de sobrevivência na condição de baixa densidade populacional, enquanto que no caso de fêmeas mais sociáveis, o sucesso reprodutivo aumenta em condições de alta densidade populacional (Cote et al., 2008).

Entre exemplos já observados em primatas, King e Figueredo (1997) indicam que em chimpanzés, indivíduos mais assertivos são geralmente mais dominantes, sendo essa uma influência da personalidade na hierarquia do grupo. Seyfarth, Silk, & Cheney (2014) em um trabalho realizado com babuínos (Papio hamandryas spp) indicam que fêmeas com maior pontuação na dimensão Simpatia (Nice), que se assemelha a dimensões de ‘Agradabilidade’ e ‘Sociabilidade’ de outros trabalhos, apresentam relações sociais mais fortes e estáveis do que fêmeas com baixa pontuação nessa dimensão. Enquanto que fêmeas com maior pontuação na dimensão Solitária (Loner), que se assemelha a Neuroticismo e Cauteloso (Shyer), evitam aproximação e relações com outros indivíduos. Weiss et al. (2012) indicam que gorilas mais extrovertidos sobrevivem por mais tempo em relação aos menos extrovertidos, oferecendo como possível explicação, os benefícios relacionados à boa relação social dos indivíduos sobre a saúde dos mesmos.

Em seres humanos, há indícios de que dimensões como Agradabilidade (maior) e Neuroticismo (menor) são importantes em ambientes de trabalho para que haja maior colaboração entre os indivíduos (Halfhill, Sundstrom, Lahner, Calderone, & Nielsen, 2005). No caso de estudantes, Ying (2002) indica que a similaridade na dimensão Extroversão é um fator importante para a integração de estudantes estrangeiros com estudantes locais no desenvolvimento de relações em redes sociais.

1.3. Personalidade e comportamento social diádico

Dimensões como Agressividade, que se refere a propensão dos indivíduos expressarem comportamentos agonísticos diante de conspecíficos, e Sociabilidade, que indica a propensão em querer estar próximo a outros, influenciam diretamente o comportamento do indivíduo em contexto social (Réale et al., 2007). São padrões comportamentais que influenciam na estrutura social e nas relações entre indivíduos (Uher, 2008).

(14)

14 Em peixes da espécie Poecilia reticulata, o sucesso reprodutivo de pares na desova é maior quando ambos são mais semelhantes na dimensão de personalidade Ousadia (boldness), um efeito que demonstra que essa similaridade afeta na compatibilidade reprodutiva (Ariyomo & Watt, 2013). Dingemanse et al., (2004) em um estudo longitudinal com chapins-reais (Parus

major) verificaram que em condições ambientais flutuantes, o sucesso

reprodutivo dos pares varia de acordo com a personalidade de ambos, sendo que no ano com maior disponibilidade de recursos, pares mais semelhantes, ambos Proativos (fast-explorers) ou Reativos (slow-explorers), tiveram maior sucesso em número de filhotes viáveis, e no ano com menor disponibilidade as díades complementares tiveram maior sucesso reprodutivo. Schuett et al., (2011) em um trabalho com mandarins (Taeniopygia guttata) verificaram que pares nos quais ambos os indivíduos são descritos como mais exploradores e mais agressivos, têm filhotes com maior massa corporal e melhores condições para se tornarem independentes, resultado que os autores atribuem a uma possível redução de conflito entre o par na provisão de cuidado parental.

Influências da personalidade na qualidade de relações também são conhecidas em primatas não humanos. Em macacos rhesus, Weinstein e Capitanio, (2012) verificaram que indivíduos mais semelhantes na dimensão ‘Equabilidade’ apresentavam relações de amizade mais estáveis. Massen e Koski, (2014) estudando relações de amizade entre chimpanzés (Pan

troglodytes), verificaram que, independente do parentesco, indivíduos que

tinham melhores relações apresentavam maiores semelhanças entres si nas dimensões Ousadia e Sociabilidade. Os autores concluíram que além dos fatores não disposicionais (como sexo, idade), a personalidade aparece como um fator importante nessas relações (Massen & Koski, 2014).

Em humanos, para pré-adolescentes estudantes de 11 anos de idade, similaridade em comportamento social demonstra ser um importante preditor das relações de amizade (Haselager, Hartup, Van Lieshout, & Riksen-Walraven, 1998). No caso de relações afetivas, casais com baixo Neuroticismo indicam ter relações mais satisfatórias (Caughlin, Huston, & Houts, 2000; Robins, Caspi, & Moffitt, 2000). Além disso, semelhanças em emoções e personalidade se

(15)

15 relacionam com a qualidade de relações entre indivíduos recém-casados (Gonzaga, Campos, & Bradbury, 2007).

1.4. Personalidade em relações de grupo

Animais sociais ao viverem juntos, interagem entre si, desenvolvem relações complexas e estruturas sociais (Hinde, 1976). No contexto das relações, alguns fatores são bem conhecidos em função de suas influências no nível de grupo.

Em primatas, por exemplo, a hierarquia dos grupos geralmente se estabelece por meio de agressões entre os indivíduos (Drews, 1993), de modo que os mais dominantes tendem a se envolver mais em agressões, muitas vezes como autores, e indivíduos subordinados geralmente como vítimas (Sapolsky, 2005). No caso de babuínos, o agrupamento dos indivíduos em redes sociais de afiliação influencia positivamente na sobrevivência em condições climáticas extremas, enquanto que em redes sociais de agressão, menor agrupamento prevê maior sobrevivência (Lehmann, Majolo, & McFarland, 2016).

O comportamento individual influencia na estrutura de redes sociais (Pike et al., 2008; Aplin et al., 2013) Em aves, a personalidade influencia na centralidade dos indivíduos em redes sociais e na força das relações, com indivíduos proativos ocupando posições mais centrais e mantendo maior número de relações e mais fracas, e indivíduos reativos ocupando posições mais periféricas, com menor número de relações, porém mais fortes (Aplin et al., 2013). Van Oers, Klunder, e Drent (2005) em um experimento realizado com chapins reais, investigaram a consistência comportamental de indivíduos mais e menos exploradores, em contexto social e não social. Os autores observaram que indivíduos considerados como Reativos (Slow explorers) em contexto não social, se tornavam mais Ousados em contexto social, e que fêmeas consideradas como Proativas (Fast explorer) em contexto não social, se tornavam menos Ousados com a presença de companheiros, um resultado que demonstra a importância do contexto social no padrão comportamental exibido.

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16 Em saguis (Callithrix jacchus), Koski e Burkart (2009) sugerem a existência de personalidade de grupo. Ao mensurar a personalidade desses primatas, verificaram que há diferenças nas dimensões Ousadia (Boldness) e Exploração em contexto social e associal, e sugerem que a plasticidade comportamental dos indivíduos permite que ajustem a expressão de comportamentos em contexto social, proporcionando uma maior similaridade com outros integrantes do grupo, o que deve favorecer a cooperação (Koski & Burkart, 2009).

1.5. Macacos-prego como modelo de estudo para personalidade e relações sociais

Os macacos-prego e cairaras são primatas do novo mundo, pertencentes aos gêneros Sapajus e Cebus, respectivamente (Alfaro, Silva, & Rylands, 2012), que divergiram dos grandes símios há aproximadamente 35Mi de anos (Glazko & Nei, 2003). Estes primatas aparecem como excelentes modelos translacionais por apresentarem características convergentes aos do grande símios como sua elevada razão cortical (Hill, 1960) e complexidade comportamental (Dalgalarrondo, 2011), que se observa com o uso de ferramentas que fazem em ambiente natural (Visalberghi & Trinca, 1989; Ottoni & Izar, 2008), capacidade de fazer representações mentais em tarefas de contingência reversa (Addessi & Rossi, 2011) e a diferenciação de relações triádicas em grupos sociais tolerantes (Perry, Barrett, & Manson, 2004; Ferreira, Izar & Lee, 2006).

Considerando a vida social, macacos-prego se organizam em sistemas matrilineares tolerantes, havendo possibilidade de fissão-fusão em períodos de escassez de alimentos (Izar et al., 2012). No nível de interações, as agressões são relacionadas geralmente à hierarquia do grupo, ocorrendo comportamentos sociais complexos como reconciliação e relações triádicas, como coalizões. (Fragaszy, Visalberghi, & Fedigan, 2004; Ferreira et al., 2006). Os comportamentos afiliativos, que ocupam mais de 10% do orçamento de atividades de grupos selvagens, aparecem como importantes na manutenção de vínculos entre indivíduos, com proximidade entre indivíduos sendo considerada

(17)

17 como indicativo de afinidade (Fragaszy, Visalberghi, & Fedigan, 2004). O comportamento de catação, além de ter relação com limpeza, também se relaciona com a formação de coalizões, com indivíduos que fazem mais catação entre si, geralmente oferecendo mais suporte em conflitos (Ferreira, Izar, & Lee, 2006).

Verifica-se em macacos-prego que relações sociais são influenciadas por fatores como parentesco, idade, sexo (Fragaszy, Visalberghi, & Fedigan, 2004) e ranque (Tiddi, Aureli, Schino, & Voelkl, 2011). Quanto a idade dos indivíduos, infantes tendem a receber maior atenção sendo cuidados também por indivíduos não aparentados, sendo raros casos de agressão, enquanto que juvenis tendem a se manter mais próximos, tentam se aproximar de adultos e oferecer mais catação (Fragaszy et al. 2004). Porém, em cativeiro podem ocorrer mais agressões de machos adultos para juvenis (Weaver 1999, apud Fragaszy, et al. 2004, pg. 207).

Em relação ao sexo, fêmeas tendem a permanecer mais em proximidade (Perry, 1996) e fazer mais catação entre si (O’Brien, 1991; Perry, 1996, Di Bitetti, 1997). Em relações entre machos e fêmeas, nos comportamentos afiliativos os machos são mais responsáveis pela manutenção da proximidade diádica (Perry, 1997), enquanto que fêmeas geralmente fazem mais catação, principalmente no macho alfa (Tiddi et al., 2011). Quanto ao agonismo, fêmeas respondem mais com medo abordagens de machos, que eventualmente dirigem agressões mais intensas (Perry, 1997). As relações entre machos são consideradas mais tensas, com agressões mais frequentes nesse tipo de díade, principalmente em períodos de mudança na hierarquia, enquanto que comportamentos afiliativos como catação e proximidade são menos frequentes do que em outros tipos de díades (Perry, 1998).

As influências dos fatores não disposicionais sobre as relações de díades são mais estudadas, porém, as influências da personalidade sobre a qualidade de relações sociais entre macacos-prego ainda são pouco conhecidas.

Manson e Perry (2013) em um estudo longitudinal de nove anos com uma população selvagem da espécie Cebus capucinus, avaliaram a estabilidade da personalidade dos indivíduos através de um questionário adaptado de Stevenson-Hinde, Stillwell-Barnes, e Zunz (1980) e Capitanio (1999). Os autores identificaram cinco dimensões de personalidade, das quais quatro se

(18)

18 assemelham às dos cinco grandes fatores: ‘Extroversão’, ‘Abertura para experiências’, ‘Neuroticismo’ e ‘Agradabilidade’. Os autores identificaram também uma dimensão que chamaram de ‘Excentricidade’, a qual consideram que incorpora aspectos tanto de Conscienciosidade quanto de Abertura para experiências (Manson & Perry, 2013).

Em um trabalho com macacos-prego cativos (Sapajus apella), Morton et al. (2013) aplicando o Hominoid Personality Questionnaire, encontraram as dimensões: Assertividade, Abertura para experiências, Neuroticismo, Sociabilidade e Atenciosidade. Os autores fizeram ainda uma análise comparativa com a personalidade de orangotangos, chimpanzés e macacos rhesus, e concluíram que macacos-prego assemelham-se mais com chimpanzés em Neuroticismo, e com menor sobreposição, apresentam também semelhanças com grandes primatas em Sociabilidade e Abertura (Morton et al., 2013).

Por meio de testes comportamentais Uher, Addessi, e Visalberghi (2013) em um trabalho com 26 indivíduos cativos de Sapajus apella, identificaram 20 constructos de personalidade para a espécie, havendo diferenças entre sexos apenas em agressividade e dominância, com machos apresentando pontuações mais altas nessas dimensões.

Em um trabalho correlacionando perfis comportamentais e estratégias de enfrentamento ao estresse em 25 indivíduos cativos da espécie Sapajus

libidinosus, Ferreira et al. (2018) identificaram quatro dimensões de

comportamentos normativos de gênero (relativos ao gênero Sapajus sp.), sendo Forrageio, Sociabilidade, Exploração e Atividade, e outras quatro dimensões de comportamentos indicativos de estresse, sendo Autodirigidos, Inquieto, Ingestão / Autoinjuria e Estereotipado. Esses eixos apresentam correlações com níveis de cortisol fecal, indicando uma relação entre personalidade e estilo de enfrentamento ao estresse nessa espécie (Ferreira et al., 2018).

No trabalho que motivou essa pesquisa, Morton et al. (2015) estudando macacos-prego (Sapajus sp.) cativos verificaram que indivíduos mais semelhantes em Neuroticismo apresentaram maior frequência de comportamentos afiliativos entre si, e que indivíduos com maior semelhança nas dimensões Sociabilidade e Abertura tinham melhor qualidade geral de relações (diferença entre afiliação e agonismo). Os autores consideraram que os efeitos

(19)

19 da personalidade sobre as relações sociais são independentes de fatores não disposicionais, indicando que a personalidade é um fator importante nas relações sociais desses primatas (Morton et al., 2015).

No presente trabalho abordamos as hipóteses de que a personalidade deve influenciar a qualidade das relações 1) entre díades e 2) entre pequenos grupos, pressupondo que os fatores que mediam a qualidade das relações entre díades devem ser observados também nos pequenos grupos como um todo, como uma expansão em pequena escala do que se observa no primeiro nível.

2. Objetivo geral

Analisar a qualidade das relações sociais de macacos-prego cativos em função de semelhanças nas dimensões de personalidade em níveis individual, diádico e de grupo.

2.1. Objetivos específicos

I. Identificar os eixos de personalidade que preveem isoladamente a

frequência de afiliação e agonismo entre os indivíduos.

II. Comparar a qualidade geral das relações em nível de díades em função

de semelhanças em dimensões de personalidade.

III. Identificar eixos de personalidade que preveem melhor qualidade geral

nas relações em nível de grupo.

2.2. Hipóteses e predições

H1: A personalidade dos indivíduos que integram uma díade influencia na

qualidade das relações que desenvolvem.

P1: Díades com maior semelhança em Neuroticismo apresentarão maior

(20)

20

P2: Díades com maior semelhança nas dimensões Sociabilidade e

Abertura devem apresentar melhor qualidade geral de relação entre si.

P3: Díades com maior semelhança geral no somatório de todas as

dimensões de personalidade vão apresentar maior tempo em proximidade.

H2: A personalidade influencia a qualidade geral das relações em pequenos

grupos

P4: Grupos semelhantes na dimensão de personalidade Neuroticismo

devem apresentar maior frequência de comportamentos afiliativos.

P5: Grupos mais semelhantes nas dimensões de personalidade

Sociabilidade e Abertura devem apresentar melhor qualidade geral de relações.

3. Metodologia geral

3.1. Amostra, local e período de estudo

Foram estudados 25 indivíduos cativos, sendo 13 machos e 12 fêmeas, do gênero Sapajus sp., que se encontram sob cuidados do IBAMA de Natal, Rio Grande do Norte no Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS). Por serem todos animais recolhidos em apreensão, não é possível estimar a idade dos indivíduos com precisão, sendo a mesma estimada em Adultos (A), Sub-adultos (S) e Juvenis (J) baseados em tamanho corpóreo, desenvolvimento do tufo auricular e dos caninos. Os indivíduos encontravam-se distribuídos em recintos de 2m x 2,5m x 5m em grupos de quatro a cinco indivíduos em cada (Tabela 1). Os indivíduos recebem alimentação composta por frutas, legumes, ovos e sementes e possuem água ad libitum. Todos os recintos possuem enriquecimento ambiental, de modo a reduzir o estresse dos indivíduos.

(21)

21

Figura 1 – Recintos no CETAS do IBAMA em Natal, RN.

Tabela 1

Composição dos grupos em nome, sexo e faixa etária.

Grupo Nome Sexo Idade Grupo Nome Sexo Idade

1 Wildão M A 4 Maria F A Wildinho M S Peruca F A Jane F A V F A Pipoca M J Prince M A 2 Bebo M A 5 Ted M A Big M A Dana F A Anonymus M A Rosa F A Dedinho F A Girino M J 3 Magno M A 6 Juan M A Lola F A Ennie F A Lepo M J Acara F A Orelha M A Assu F S June F S

Fêmea (F), Macho (M), Adulto (A), Sub-adulto (S) e Juvenil (J).

3.2. Aspectos éticos

A coleta de dados e todos os procedimentos presentes na metodologia do presente trabalho foram aprovados pelo Comitê de Ética e Uso de Animais da

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22 Universidade Federal do Rio Grande do Norte sob o parecer no 053.063/2017, bem como aprovação pelo SISBIO sob autorização 42073-2.

3.3. Definição da personalidade

A personalidade dos indivíduos foi definida por meio do método lexical de pontuação (rating) utilizando o Hominoid Personality Questionnaire desenvolvido por Weiss et al. (2009) e previamente utilizado em um estudo com o gênero

Sapajus sp. por Morton et al. (2013). O questionário consiste em 54 adjetivos em

que cada individuo é pontuado numa escala de 1 a 7 (Anexo 1). Cada indivíduo foi avaliado por três avaliadores diferentes que tiveram pelo menos dois meses de contato com os animais. O método foi escolhido entre outros por ser considerado um confiável (Freeman & Gosling, 2001), e validado para macacos-prego Weiss et al. (2009).

Os resultados das avaliações dos questionários foram analisados por meio do Coeficiente de Correlação Intraclasse (ICC) quanto à consistência do adjetivo individualmente (ICC 3, 1) e quanto a concordância entre observadores por meio das médias (ICC 3, k) (Shrout & Fleiss, 1979). Para a utilização de cada adjetivo, foi estipulado como critério de confiabilidade que apresentasse valor de P ≤ 0,05.

Devido ao tamanho da amostra (N = 25), não foi possível a utilização da análise fatorial, mais comumente utilizada para a determinação dos eixos da personalidade. Aqui, utilizamos a soma e subtração de adjetivos que constituem cada dimensão da personalidade, seguindo como base os componentes de cada eixo apresentado por Morton et al. (2013). Os valores obtidos para cada eixo de personalidade foram posteriormente convertidos em Z score para padronização.

Por meio da análise do ICC, verificou-se a concordância entre as avaliações dos indivíduos feitas por meio do Hominoid Personality

Questionnaire. Dos 54 adjetivos, 46 apresentaram concordância significativa

(p<0,05) entre os avaliadores. Considerando todos os adjetivos, a média foi ICC 3, 1 = 0,32 e ICC 3, k = 0,55, e entre os significativos, ICC 3, 1 = 0,36 e ICC 3, k

(23)

23 = 0,60. O adjetivo com maior concordância foi Solitário (ICC 3, 1 = 0,654; ICC 3, k = 0,85; P = 0,0001) e o que houve mais discordância e não foi significativo foi Inteligente (ICC 3, 1 = 0,03; ICC 3, k = 0,085; P = 0,37) (Anexo 3).

Os adjetivos com concordância significativa foram somados e subtraídos com base em resultados previamente apresentados por Morton et al. (2013) com o mesmo gênero, para assim serem formadas as dimensões de personalidade, conforme Anexo 4.

Os adjetivos Individualista, Distraído, De Boas, Desastrado, Irritável, Errático, Convencional e Inteligente não foram utilizados na análise por não apresentarem concordância significativa entre os avaliadores.

O método rating é considerado confiável em relação a outros disponíveis para acessar a personalidade de animais (Weiss, King, & Murray, 2011), sendo o Hominoid Personality Questionnaire (Weiss et al., 2009) considerado bem estruturado e já utilizado com uma grande amostra (Morton et al., 2013). Entretanto, no presente trabalho, 15% dos adjetivos não foram considerados confiáveis em sua avaliação, o que indica que alguns traços da personalidade são mais difíceis de serem analisados do que outros.

No trabalho original de Morton et al. (2015) o qual tentamos replicar aqui, os autores formaram os eixos de personalidade em PCA. No presente trabalho, devido a uma amostra menor (n = 25) e em relação ao número de adjetivos significativos (46), a análise de PCA para determinação dos eixos de personalidade não foi possível. Desta forma, optamos por um cálculo manual do valor de cada eixo para cada indivíduo, com base na composição de adjetivos dos eixos oferecida por Morton et al., (2015). Apesar de algumas diferenças metodológicas, encontramos resultados semelhantes aos de Morton et al., (2015).

Para determinar a similaridade da personalidade de diades, seguimos a perspectiva de Morton et al., (2015) determinando por subtração, que permite atribuir similaridades, e adotamos também uma abordagem somando a personalidade, sendo que de um ponto de vista teórico interpretativo, isso significa mudar de uma perspectiva em que a personalidade de um indivíduo é subtraída do outro, para a perspectiva em que as personalidades se somam para formar a díade.

(24)

24

3.4. Determinação da qualidade da relação

Os comportamentos sociais observados registrados para inferir a qualidade das relações foram adaptados dos comportamentos definidos por Morton et al., (2015), com as definições e variações que os compõe descritos na Tabela 2.

Tabela 2

Comportamentos sociais registrados durante observações de focais contínuos e scans.

Comportamento Definição

Proximidade Proximidade espacial com outro indivíduo do grupo (<1m de distância).

Catação Tocar no pelo, fazer / receber catação, solicitar catação, oferecer catação.

Forrageio social Busca por alimento, manipula alimento, ingere alimento em proximidade espacial com outro indivíduo.

Compartilha alimento Coleta restos de alimento de outro em proximidade a este. Permite que outro colete restos em sua proximidade.

Agressão Incita agressão (careta, mostrar dentes, vocalização), Perseguição, Briga (agressão física), Afastamento.

Coalizão Indivíduo dá suporte a outro em agressão contra um terceiro.

Os comportamentos sociais foram registrados por meio de todas as ocorrências durante observações pelos métodos focal contínuo com duração de 5 minutos por indivíduo para os grupos 1, 2 e 3, entre 15 de janeiro e 23 de fevereiro de 2018, e por meio do método de scan com duração de 20 minutos e registro a cada minuto, entre 19 de março e 22 junho de 2018, para os grupos 4, 5 e 6. Ambos os métodos seguiram os critérios de 1) serem registrados após estabilidade mínima de duas semanas em cada grupo, sem qualquer modificação na composição dos grupos durante o período de coleta, 2) todas as gravações em ambos os métodos foram padronizadas no período da tarde, entre

(25)

25 13h e 17h, e 3) todos os comportamentos foram padronizados da mesma forma de acordo com os cálculos apresentados na Tabela 3.

Também seguindo a metodologia de Morton et al., (2015) a simetria de abordagem foi determinada por meio de um experimento com alimentador colocado em cada recinto, de modo a ofertar diante dos grupos fontes de recurso monopolizáveis com objetivo de induzir a proximidade entre os membros do grupo e verificar quais indivíduos abordam uns aos outros e quais evitam a ocorrência da abordagem, não se aproximando do alimentador, ou aproximando-se apenas quando um indivíduo em específico aproximando-se afasta.

Cada grupo contou com sete a 10 sessões com alimentador, sendo intercalados os alimentadores 1) bebedouro com leite condensado, 2) recipiente com mel e gravetos para retirar o mel, e 3) superfície contendo mistura de amendoim, sementes de girassol e milho seco. A escolha por diferentes fontes de alimento nos alimentadores sempre intercalados se deu em função de cuidados com a dieta dos animais para evitar qualquer distúrbio alimentar e mediante supervisão de veterinário responsável. Os alimentadores foram inseridos por até 30min em cada sessão ou até que os indivíduos esgotassem o recurso.

Durante o período de estudos, foram contabilizadas 46h e 50min de observações para finalidade de registros de comportamentos sociais, representando uma média de 7h e 50min de observações por grupo; e 16h e 44 min horas de filmagens para aferir a simetria de abordagem, representando uma média de 2h e 47 minutos por grupo (Anexo 2).

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26

Tabela 3

Comportamentos observados, definição e cálculo utilizado para a mensuração para análise de componentes principais (Adaptado de Morton et al., 2015) com similaridades determinadas por Jaccard.

Comportamento Definição Cálculo

Simetria de abordagem

Simetria no número de vezes que o indivíduo aborda outro diante de fonte de recurso alimentar monopolizável.

[(Nº de vezes que A abordou B) / (nº de vezes que A abordou B) + (nº de vezes que B abordou A)]

Coalizões Número de eventos de agressão em que um indivíduo do suporte para outro

[(nº de vezes que A deu suporte para B) + (nº de vezes que B deu suporte para A)] Agressão Número de eventos de agressão

entre a díade

[(nº de vezes que A atacou B) + (nº de vezes que B atacou A)]

Similaridade de agressão

Simetria de agressão entre a díade [(Nº de agressões entre A e B) / (Nº de agressões entre A e B + Nº total de

agressões de A com qualquer indivíduo que não seja B + Nº total de agressões de B com qualquer indivíduo que que não seja A)] Compartilhar

alimento

Número de compartilhamentos de alimento entre a díade.

[(nº de vezes que A deu para B) + (nº de vezes que B deu para A)]

Similaridade de compartilhar alimento

Simetria no compartilhamento de alimento entre a díade

[(Nº de vezes que ocorre CA entre A e B) / (Nº de vezes que ocorre CA entre A e B + Nº de vezes que ocorre CA entre A e qualquer indivíduo que não seja B + Nº de vezes que ocorre CA entre B e qualquer indivíduo que não seja A)]

Catação Número de minutos em quem um

indivíduo faz catação no outro da díade

[(minutos A faz catação em B) + (minutos que B faz catação em A)]

Similaridade de Catação

Simetria de catação entre a díade [(Tempo total de catação entre A e B) / (Tempo total de catação entre A e B + Tempo total de catação de A com qualquer indivíduo que não seja B + Tempo total de catação de B com qualquer indivíduo que não seja A)]

Forrageio social Número de minutos de um indivíduo em proximidade com outro (<1m de distância) enquanto pelo menos um forrageia.

[(% de Tempo de A próximo de B) + (% de Tempo de B próximo de A)]

Proximidade espacial

Número de minutos que os indivíduos permanecem próximos (<1m de distância).

[(% de Tempo de A próximo de B) + (% de Tempo de B próximo de A)]

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27 Os cálculos dos comportamentos sociais foram adaptados de Morton et al., (2015), com valores absolutos de cada díade para Proximidade, Catação, Forrageio Social, Compartilhar Alimento, Agressão e Coalizão.

Além da simetria calculada por Morton et al. (2015) nos também calculamos o índice de Jaccard, que indica a similaridade entre a díade em relação aos demais integrantes do grupo (Ferreira et al. 2006).

S j(x, y) =

S(x, y)

S(x, y) + S (x, n) + S (y, n)

Na fórmula, S j(x,y) representa a Similaridade pelo índice de Jaccard entre os indivíduos x e y em determinado comportamento, S(x,y) representa o total observado entre x e y, S(x,n) representa o total de observações de x com qualquer outro indivíduo que que não seja y, e S(y,n) representa o total de observações de y com qualquer outro indivíduo que não seja x.

Seguindo metodologia de Morton (2015) os comportamentos sociais, de simetria e similaridade foram padronizados para as díades (Tabela 3) e posteriormente submetidos a uma Análise de Componentes Principais (PCA) no software SPSS 21 para agrupá-los em eixos de comportamentos sociais.

Além disso, calculamos os índices de rede social em todos os grupos, para obter valores de Força das relações, Centralidade, Alcance, Agrupamento e Afinidade para cada indivíduo. Os valores individuais foram calculados com base na Proximidade entre indivíduos, em função dessa mensuração ser a única a abranger todos os integrantes dos grupos. Os índices de rede social foram calculados no software SOCPROG 2.8 (Whitehead, 2016).

Os comportamentos sociais foram agrupados em fatores por meio da análise de PCA. Os comportamentos de Coalizão, com nove observações no total e Compartilhar Alimento com uma observação, bem como o Jaccard de Compartilhar Alimento, foram excluídos da análise em função do baixo número de observações.

A análise de PCA para os eixos de comportamento social apresentou valor de adequação KMO = 0,611 e significância de p = 0,0001, formando dois componentes, denominados Afiliativo que explica 45,9% da variância e

(28)

28 Agonismo que explica 22,6% da variância, conforme Tabela 4. Os valores obtidos em cada um dos componentes, já padronizado em Z score serviram como base para as análises. O componente Qualidade da Relação foi estimado subtraindo os valores do componente Agonismo de Afiliação. Os comportamentos sociais foram reduzidos a três componentes para as análises: Afiliação, Agonismo e Qualidade da Relação.

O eixo Afiliação formado na análise de PCA se caracteriza por valores mais altos positivos de Proximidade espacial entre os indivíduos, Catação, maior tolerância na Simetria de abordagem, Similaridade de Catação (Jaccard de Catação) e tempo em Forrageio Social.

O eixo Agonismo se caracteriza principalmente por altos valores de similaridade de agressão entre a díade (Jaccard de Agressão) e valores altos de agressão em geral de cada indivíduo que integra a díade.

O eixo Qualidade da Relação foi formado por pela subtração dos valores de Z score de Agonismo dos valores de Afiliação das díades, em função dos valores de Afiliação representarem valores maiores em grande parte das díades.

Tabela 4

Análise Componentes Principais rotacionada pelo método Varimax com normalização de Kaiser agrupando comportamentos nos componentes Afiliativo e Agonismo. Comportamentos Componentes Afiliativo Agonismo Proximidade 0,816 -0,224 Catação 0,808 -0,232 Simetria de abordagem 0,804 0,087 Jaccard de Catação 0,734 -0,197 Forrageio Social 0,546 -0,023 Jaccard de Agressão -0,115 0,955 Agressão -0,126 0,948

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29

Os seis comportamentos sociais padronizados e seus índices de similaridade (Jaccard) resultaram em um agrupamento confiável e bastante semelhante ao reportado por Morton et al., (2015). Em função da pouca observação dos comportamentos como compartilhar alimento (n = 1) e coalizão (n = 9), foram retirados da análise fatorial. Possivelmente compartilhar alimento é um comportamento pouco observado em função do elevado suprimento de alimento em cativeiro, a considerar que o comportamento é mais visível nas espécies que o fazem, entre outros motivos, por oportunidades raras de acesso a alguns recursos (de Waal, Luttrell, & Canfield, 1993). Em relação ao comportamento de Coalizão, também removido da análise devido ao baixo número de observações (n = 9), se conhece na literatura que o comportamento é pouco observado no gênero, como no estudo de Ferreira, Izar & Lee (2006) que reportam a ocorrência de 0.13 eventos de coalizão por hora de observação em Sapajus apella vivendo em condição de semi-liberdade.

3.5. Fatores não disposicionais

Foram considerados nas análises como fatores não disposicionais as variáveis sexo, idade e ranque. Em função dos animais serem provenientes de apreensões, não se conhece o parentesco dos indivíduos. A idade não é conhecida com precisão sendo portanto, classificados para fim das análises com os códigos 1 = díade da mesma faixa etária, e 2 = díades com integrantes de idades diferentes. Em relação ao sexo, a classificação seguiu com os códigos 1 = díades do mesmo sexo, e 2 = díades com integrantes de sexos diferentes. O ranque foi calculado no software SOCPROG 2.8 (Whitehead, 2016) utilizando o índice David’s score (David, 1987) na versão modificada por De Vries, Stevens, & Vervaecke (2006) em função da sua maior precisão ao diferenciar os indivíduos.

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4. Teste das hipóteses

As demais análises estatísticas foram realizadas em três diferentes níveis: 1) nível de indivíduo como forma de análise exploratória sobre a amostra, 2) nível de díades para testar as predições da hipótese um e 3) nível de grupo para testar as predições da hipótese dois, sendo apresentados a seguir por níveis, de acordo com a metodologia aplicada, resultados obtidos e a respectiva discussão.

4.1. Nível individual

4.1.1. Métodos

Nas análises em nível individual, foram calculados manualmente os valores de Afiliação e Agonismo para cada indivíduo, ou seja, o número de vezes em que o indivíduo esteve envolvido em afiliação ou agonismo independente de a quem se dirige ou de quem recebe o comportamento. No eixo denominado Afiliação, em nível individual foram somados os valores de Proximidade, Catação e Forrageio social (independente do parceiro). No eixo denominado Agonismo foram considerados apenas valores individuais em eventos de agressão. O eixo Qualidade da Relação foi calculado, por meio da subtração dos valores de Agressão dos valores de Afiliação. Todos os valores foram padronizados em Z.

Utilizando dados de proximidade em análise de redes sociais, foram obtidos índices de redes sociais como: Força, Centralidade, Alcance, Agrupamento e Afinidade. Comportamentos de Catação e Agressão não foram utilizados para a obtenção desses índices em função de alguns indivíduos não terem esses comportamentos registrados. As análises de redes sociais foram feitas no software SOCPROG 2.8.

Para melhor compreensão da amostra, foi inicialmente feita uma análise exploratória por meio de uma correlação de Pearson com Bootstrap (1000) entre as dimensões de personalidade e eixos de comportamentos sociais, de modo a verificar se algum eixo de personalidade individualmente prevê comportamentos

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31 sociais. Foi feita também uma análise de correlação de Pearson com Bootstrap (1000) entre as dimensões de personalidade e índices de redes sociais para verificar possíveis correlações Posteriormente, modelos de regressão para explicar a qualidade das relações foram escolhidos com base no Critério de Informação de Akaike (AIC). Todas as análises em nível individual foram feitas no software SPSS 21.

4.1.2. Nível individual: resultados

Na correlação de Pearson entre todas as dimensões de personalidade e todos os três componentes comportamentos sociais, não foram encontrados resultados significativos (Anexo 5).

Na análise de AIC, porém, considerando as mesmas variáveis, foi encontrado resultado significativo em um modelo composto por Sociabilidade e Abertura como previsoras e Agonismo como resposta. Nesse modelo, o resultado indica que indivíduos mais sociáveis se envolvem em menos agonismo (AIC -0,280; β -0,754; p = 0,019) e uma tendência de indivíduos com maior Abertura se envolverem em mais agonismo (AIC -0,280; β= 0,543; p = 0,064).

Na correlação de Pearson entre todas as dimensões de personalidade e índices de redes sociais, encontramos resultado significativo indicando que indivíduos com maior pontuação em Neuroticismo se agrupam mais (r = 0,534; p = 0,006) e uma tendência de indivíduos com maior pontuação em Atentividade agruparem menos (r = -0,379; p = 0,062) (Anexo 6).

Na análise de construção de modelo AIC, encontramos um resultado significativo também indicando que indivíduos com maior pontuação em Neuroticismo se agrupam mais (AIC = -79,282, β = 0,124; p = 0,006), e uma tendência de indivíduos maior pontuação em Atentividade se agruparem menos (AIC = -74,757; β = -0,090; p = 0,062).

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4.1.3. Nível individual: discussão

No nível individual, encontramos que indivíduos com maior pontuação da dimensão de Sociabilidade se envolvem menos em Agressão, independente do parceiro. Segundo Bernstein, Williams Ramsay (1983), referindo-se a primatas do velho mundo (Macaca sp.), alta Sociabilidade e Agressividade parecem ser incompatíveis, considerando que a sociabilidade pode ser vista como uma força coesiva em espécies sociais.

Encontramos que indivíduos com maior pontuação em Neuroticismo têm maiores índices de agrupamento (Clustering coeficient), um índice que reflete o grau de associação entre os indivíduos (Kurvers, Krause, Croft, Wilson, & Wolf, 2014). Um dos adjetivos somados nessa dimensão foi Dependente/Seguidor, que descreve sujeitos como dependentes da liderança, toque, e outras formas de apoio e suporte por parte de outros indivíduos (Weiss et al., 2009). Nessa dimensão, é subtraído o adjetivo Independente, que pela descrição indica que esses indivíduos têm pouca autonomia em suas ações (Weiss et al., 2009). Sendo assim, essa busca de suporte e pouca independência, podem ser fatores que levam indivíduos com maior pontuação em Neuroticismo a se agruparem mais e formarem redes mais fechadas em si.

Encontramos ainda uma tendência da dimensão Atentividade relacionada a menor Agrupamento entre esses indivíduos. Apesar de contar com a soma do adjetivo “Gosta de ajudar”, essa dimensão se relaciona negativamente com comportamentos afiliativos, como Brincar e Catação (Morto et al., 2013). É possível que indivíduos com maior pontuação em Atentividade dividam sua atenção entre vários parceiros, não formando grupamentos fechados.

A falta de correlações entre outras dimensões de personalidade e comportamentos sociais, pode ser considerada como indício de que nas relações sociais, não apenas a personalidade de um indivíduo conta, mas sim a de ambos, como indicam Roberts, Caspi e Moffitt (2000) no caso de seres humanos.

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33

4.2. Nível de díades

4.2.1. Métodos

As díades foram formadas considerando todas as combinações possíveis entre pares de indivíduos em cada grupo e numeradas para identificação, com os 25 indivíduos resultando em um total de 40 díades.

A determinação da similaridade da personalidade da díade foi feita de duas formas: por meio de subtração dos valores de cada indivíduo na mesma dimensão de personalidade como feito por Morton et al. (2015), e por meio de soma do valor de cada dimensão de personalidade entre os indivíduos. A escolha por ambos os modelos se deu após análise exploratória que indicou que a subtração resultava em curvas logísticas (ou seja, ao subtrair dois indivíduos com valores igualmente positivos ou dois igualmente negativos resulta em valores próximos a zero). Ao somar, criamos uma escala continua, com dois indivíduos com baixa pontuação resultando numa díade com menor pontuação, que outra formada por dois indivíduos que separadamente tem alto escore em determinada dimensão.

Devido a formação de díades constituir amostras dependentes, pelo fato dos indivíduos aparecerem em várias díades, as análises foram conduzidas usando um modelo de Bootstrap robusto para reduzir o efeito de potenciais

outliers. As influências do sexo e idade dos integrantes das díades sobre a

qualidade das relações sociais foi analisada através de testes de duas amostras utilizando a função FRBhotellingMM estimate com Bootstraping (Aelst & Willems, 2015) no programa R versão 3.1.2 (R Core Team, 2014). Para testar as influências do ranque sobre a qualidade das relações sociais, criamos modelos de regressão utilizando a função FRBmultiregMM estimate com Bootstrap (Aelst & Willems, 2015) no programa R versão 3.1.2 (R Core Team, 2014).

Considerando os efeitos já conhecidos na literatura dos fatores não disposicionais como sexo, idade e ranque (Ferreira et al. 2006) sobre as relações

(34)

34 sociais, realizamos correlações parciais considerando as dimensões de personalidade como variáveis previsoras, fatores não disposicionais como varáveis de controle e eixos de comportamentos sociais como variáveis resposta. Assim, foram gerados modelos de regressão com objetivo de examinar o efeito da composição das personalidades das díades sobre a qualidade das relações foi utilizada a função FRBmultiregMM estimate com Bootstraping (Aelst & Willems, 2015) no programa R versão 3.1.2 (R Core Team, 2014).

A análise foi conduzida em duas condições diferentes: 1) com a personalidade diádica determinada por subtração, considerando os fatores não disposicionais como controle, dimensões de personalidade como variáveis previsoras e comportamentos sociais como resposta; 2) com a personalidade diádica determinada por soma, considerando os fatores não disposicionais como controle, dimensões de personalidade como variáveis previsoras e comportamentos sociais como resposta.

O teste da relação entre somatório das diferenças de personalidade e tempo de proximidade entre as díades foi feito por meio de uma correlação Parcial utilizando sexo, idade e ranque como variáveis controle no SPSS 21.

4.2.2. Nível de díades: resultados

O teste Robust Hotelling revelou que há diferenças significativas na qualidade das relações mantidas entre díades do mesmo sexo e de sexos opostos. A afiliação foi maior entre díades de sexo diferentes (T²R = 749,85; p = < 0,0001), enquanto que o Agonismo foi maior entre díades do mesmo sexo (T²R = 3667,55; p = < 0.0001) e por fim, a Qualidade da Relação foi maior entre díades de sexos diferentes (T²R = 378,16; p = < 0,0001). A idade também influenciou significativamente, sendo que díades de idades diferentes se afiliam mais (T²R = 643,218; p = < 0,0001), as da mesma idade se agridem mais (T²R = 643,218; p = < 0,0001), e as de idades diferentes tem melhor qualidade de relação (T²R = 399,539; p = < 0,0001). Na função regressão múltipla Multireg verificamos que o ranque influenciou significativamente Afiliação (b = 0.958; p = 0,0001), Agonismo

(35)

35

(b = 0,803; p = 0,0001) e Qualidade de relação (b = 1,11; p = 0,0001) entre as díades.

Na analise de correlação parcial, calculando a similaridade da personalidade da díade por meio de subtração dos valores individuais em cada eixo, e considerando os fatores não disposicionais como variáveis de controle encontramos que a diferença em Assertividade apresentou correlação negativa significativa com Qualidade da Relação. Este resultado indica que díades mais diferentes em Assertividade têm relações de menor qualidade (Tabela 5).

Tabela 5

Correlação parcial entre dimensões de personalidade com eixos de comportamentos sociais utilizando fatores não disposicionais como variáveis de controle. Personalidade diádica determinada por subtração. Afiliativo Agonísm o Qualidad e r 95% IC p r 95% IC p r 95% IC p Assertiv idade -0,17 [-0,43 ~ 0,12] 0,27 0,15 [-0.19 ~ 0.46] 0,35 -0,33 [-0.63 ~ 0.03] 0,04 Sexo -0,13 [-0,42 ~ 0,12] 0,42 0,29 [-0.10 ~ 0.62] 0,08 -0,3 [-0.59 ~ 0.04] 0,06 Idade -0,15 [-0,37 ~ 0,08] 0,36 0,33 [-0.11 ~ 0.66] 0,04 -0,34 [-0.60 ~ 0.01] 0,03 Ranque -0,18 [-0,44 ~ 0,04] 0,28 0,22 [-0.23 ~ 0.64] 0,18 -0,28 [-0.63 ~ 0.09] 0,09 Abertur a -0,05 [-0,36 ~ 0,30] 0,78 -0,24 [-0.52 ~ 0.09] 0,14 0,12 [-0.20 ~ 0.44] 0,46 Sexo -0,10 [-0,35 ~ 0,27] 0,55 -0,13 [-0.39 ~ 0.22] 0,43 0,02 [-0.29 ~ 0.35] 0,92 Idade -0,10 [-0,35 ~ 0,25] 0,56 -0,15 [-0.46 ~ 0.25] 0,37 0,04 [-0.33 ~ 0.38] 0,82 Ranque -0,09 [-0,35 ~ 0,26] 0,59 -0,21 [-0.51 ~ 0.18] 0,2 0,08 [-0.26 ~ 0.43] 0,63 Neurotic ismo 0,03 [-0,30 ~ 0,35] 0,87 -0,12 [-0.44 ~ 0.19] 0,45 0,04 [-0.31 ~ 0.40] 0,79 Sexo 0,10 [-0,18 ~ 0,40] 0,55 -0,04 [-0.39 ~ 0.33] 0,79 0,11 [-0.22 ~ 0.42] 0,56 Idade 0,08 [-0,22 ~ 0,35] 0,63 -0,02 [-0.38 ~ 0.35] 0,92 0,07 [-0.26 ~ 0.40] 0,68 Ranque 0,09 [-0,18 ~ 0,40] 0,57 -0,05 [-0.39 ~ 0.34] 0,77 0,1 [-0.22 ~ 0.41] 0,55 Sociabil idade 0,14 [-0,17 ~ 0,45] 0,36 -0,08 [-0.42 ~ 0.30] 0,61 0,13 [-0.22 ~ 0.43] 0,4 Sexo -0,01 [-0,28 ~ 0,33] 0,97 -0,09 [-0.41 ~ 0.27] 0,58 0,06 [-0.24 ~ 0.32] 0,71 Idade -0,05 [-0,33 ~ 0,30] 0,76 -0,04 [-0.28 ~ 0.31] 0,83 0,01 [-0.28 ~ 0.25] 0,95 Ranque -0,02 [-0,26 ~ 0,32] 0,92 -0,12 [-0.37 ~ 0.22] 0,49 0,07 [-0.18 ~ 0.32] 0,69 Atentivi dade 0,13 [-0,22 ~ 0,44] 0,43 -0,07 [-0.39 ~ 0.23] 0,67 0,12 [-0.23 ~ 0.44] 0,44 Afiliativo Agonismo Qualidade

r 95% IC p r 95% IC p r 95% IC p Assertividade -0,17 [-0,43 ~ 0,12] 0,27 0,15 [-0,19 ~ 0,46] 0,35 -0,33 [-0,63 ~ 0,03] 0,04 Sexo -0,13 [-0,42 ~ 0,12] 0,42 0,29 [-0,10 ~ 0,62] 0,08 -0,3 [-0,59 ~ 0,04] 0,06 Idade -0,15 [-0,37 ~ 0,08] 0,36 0,33 [-0,11 ~ 0,66] 0,04 -0,34 [-0,60 ~ 0,01] 0,03 Ranque -0,18 [-0,44 ~ 0,04] 0,28 0,22 [-0,23 ~ 0,64] 0,18 -0,28 [-0,63 ~ 0,09] 0,09 Abertura -0,05 [-0,36 ~ 0,30] 0,78 -0,24 [-0,52 ~ 0,09] 0,14 0,12 [-0,20 ~ 0,44] 0,46 Sexo -0,10 [-0,35 ~ 0,27] 0,55 -0,13 [-0,39 ~ 0,22] 0,43 0,02 [-0,29 ~ 0,35] 0,92 Idade -0,10 [-0,35 ~ 0,25] 0,56 -0,15 [-0,46 ~ 0,25] 0,37 0,04 [-0,33 ~ 0,38] 0,82 Ranque -0,09 [-0,35 ~ 0,26] 0,59 -0,21 [-0,51 ~ 0,18] 0,2 0,08 [-0,26 ~ 0,43] 0,63 Neuroticismo 0,03 [-0,30 ~ 0,35] 0,87 -0,12 [-0,44 ~ 0,19] 0,45 0,04 [-0,31 ~ 0,40] 0,79 Sexo 0,10 [-0,18 ~ 0,40] 0,55 -0,04 [-0,39 ~ 0,33] 0,79 0,11 [-0,22 ~ 0,42] 0,56 Idade 0,08 [-0,22 ~ 0,35] 0,63 -0,02 [-0,38 ~ 0,35] 0,92 0,07 [-0,26 ~ 0,40] 0,68 Ranque 0,09 [-0,18 ~ 0,40] 0,57 -0,05 [-0,39 ~ 0,34] 0,77 0,1 [-0,22 ~ 0,41] 0,55 Sociabilidade 0,14 [-0,17 ~ 0,45] 0,36 -0,08 [-0,42 ~ 0,30] 0,61 0,13 [-0,22 ~ 0,43] 0,4 Sexo -0,01 [-0,28 ~ 0,33] 0,97 -0,09 [-0,41 ~ 0,27] 0,58 0,06 [-0,24 ~ 0,32] 0,71 Idade -0,05 [-0,33 ~ 0,30] 0,76 -0,04 [-0,28 ~ 0,31] 0,83 0,01 [-0,28 ~ 0,25] 0,95 Ranque -0,02 [-0,26 ~ 0,32] 0,92 -0,12 [-0,37 ~ 0,22] 0,49 0,07 [-0,18 ~ 0,32] 0,69 Atentividade 0,13 [-0,22 ~ 0,44] 0,43 -0,07 [-0,39 ~ 0,23] 0,67 0,12 [-0,23 ~ 0,44] 0,44 Sexo 0,05 [-0,27 ~ 0,40] 0,77 0,02 [-0,24 ~ 0,30] 0,9 0,02 [-0,29 ~ 0,34] 0,89 Idade 0,07 [-0,24 ~ 0,47] 0,69 -0,07 [-0,31 ~ 0,22] 0,66 0,1 [-0,22 ~ 0,42] 0,55

(36)

36

Na análise de regressão múltipla FRBmultiregMM estimate com os fatores não disposicionais utilizados como variáveis de controle, o resultado confirma que díades com maior diferença em Assertividade se relacionam de forma menos afiliativa, e mostra que díades compostas por indivíduos mais diferentes em Atentividade possuem relações mais afiliativas (Tabela 6).

Tabela 6

Regressão múltipla entre dimensões de personalidade com eixos de comportamentos sociais utilizando fatores não disposicionais como variáveis de controle. Personalidade diádica determinada por subtração.

Considerando a personalidade diádica determinada por soma, os resultados da Correlação Parcial, com fatores não disposicionais utilizados como variáveis de controle indicam que díades compostas por indivíduos em que ambos têm maior pontuação em Assertividade, Abertura, Sociabilidade e somatório em todas as dimensões, tem relações mais afiliativas. Enquanto díades compostas por indivíduos com maior pontuação em Atentividade, são menos afiliativas, o que se observa pela correlação negativa. Díades compostas por indivíduos com maior pontuação em Assertividade apresentam também maior agonismo entre si. Díades em que ambos pontuam mais em Sociabilidade apresentam uma melhor qualidade geral de relação (Tabela 7).

Ranque 0,08 [-0,24 ~ 0,45] 0,62 -0,18 [-0,40 ~ 0,14] 0,28 0,18 [-0,17 ~ 0,49] 0,27

Σ Diferenças 0,03 [-0,27 ~ 0,30] 0,85 -0,07 [-0,39 ~ 0,23] 0,65 -0,03 [-0,34 ~ 0,30] 0,83 Sexo -0,05 [-0,30 ~ 0,26] 0,79 0,03 [-0,29 ~ 0,36] 0,85 -0,06 [-0,35 ~ 0,28] 0,74 Idade -0,07 [-0,30 ~ 0,25] 0,67 0,05 [-0,25 ~ 0,37] 0,75 -0,09 [-0,38 ~ 0,22] 0,59 Ranque -0,05 [-0,32 ~ 0,25] 0,74 -0,1 [-0,40 ~ 0,22] 0,52 0,03 [-0,29 ~ 0,35] 0,84

Afiliação Agonismo Qualidade

b SE p b SE p b SE p Intercepto 4,566 1,000 0,001 3,341 0,767 0,001 5,721 1,89 0,007 Assertividade -0,91 0,481 0,05 -0,103 0,409 0,794 -0,66 1,18 0,507 Abertura -1,289 1,107 0,178 0,418 0,739 0,482 -1,484 2,6 0,54 Neuroticismo -0,284 0,87 0,603 0,217 0,401 0,728 0,636 1,56 0,715 Sociabilidade -0,001 0,603 0,941 0,146 0,489 0,751 1,252 1,11 0,143 Atentividade 2,984 1,42 0,003 -0,293 0,711 0,677 4,229 2,64 0,101

(37)

37 Tabela 7

Correlação parcial entre dimensões de personalidade com eixos de comportamentos sociais utilizando fatores não disposicionais como variáveis de controle. Personalidade diádica determinada por soma.

Na análise de regressão múltipla FRBmultiregMM estimate com os fatores não disposicionais utilizados como variáveis de controle, com a personalidade diádica determinada por soma, encontramos que díades compostas por dois indivíduos com maior pontuação em Assertividade desenvolvem relações mais afiliativas, e díades com dois indivíduos com maior pontuação em Neuroticismo desenvolvem relações com mais comportamentos agonísticos. Interessante notar que a relação entre Assertividade e comportamento agonístico não

Afiliativo Agonismo Qualidade

rs 95% Cl p rs 95% Cl p rs 95% Cl p Assertividade 0,55 [0,26 ~ 0,76] 0,001 0,35 [0,03 ~ 0,60] 0,03 0,23 [-0,12 ~ 0,50] 0,15 Sexo 0,49 [0,21 ~ 0,70] 0,002 0,31 [0,19 ~ 0,59] 0,05 0,15 [-0,15 ~ 0,42] 0,38 Idade 0,54 [0,30 ~ 0,71] 0,001 0,16 [-0,22 ~ 0,46] 0,32 0,26 [-0,07 ~ 0,54] 0,10 Ranque 0,50 [0,23 ~ 0,71] 0,001 0,07 [-0,20 ~ 0,33] 0,69 0,32 [0,02 ~ 0,53] 0,05 Abertura 0,40 [0,08 ~ 0,67] 0,011 0,23 [-0,16 ~ 0,57] 0,15 0,09 [-0,21 ~ 0,40] 0,58 Sexo 0,26 [-0,01 ~ 0,55] 0,10 0,24 [-0,12 ~ 0,55] 0,14 0,03 [-0,20 ~ 0,27] 0,85 Idade 0,25 [-0,05 ~ 0,52] 0,13 0,28 [-0,04 ~ 0,55] 0,08 -0,02 [-0,26 ~ 0,25] 0,89 Ranque 0,25 [-0,04 ~ 0,53] 0,12 0,15 [-0,19 ~ 0,45] 0,36 0,08 [-0,16 ~ 0,31] 0,62 Neuroticismo 0,09 [-0,24 ~ 0,41] 0,58 0,24 [-0,08 ~ 0,57] 0,13 -0,18 [-0,45 ~ 0,12] 0,25 Sexo 0,02 [-0,26 ~ 0,33] 0,88 0,20 [-0,14 ~ 0,50] 0,21 -0,13 [-0,43 ~ 0,22] 0,45 Idade -0,03 [-0,36 ~ 0,33] 0,84 0,31 [0,07 ~ 0,55] 0,05 -0,24 [-0,56 ~ 0,07] 0,14 Ranque 0,001 [-0,30 ~ 0,30] 0,99 0,21 [-0,06 ~ 0,46] 0,19 -0,14 [-0,41 ~ 0,15] 0,38 Sociabilidade 0,49 [0,23 ~ 0,69] 0,001 -0,005 [-0,34 ~ 0,36] 0,98 0,36 [0,07 ~ 0,59] 0,02 Sexo 0,34 [0,13 ~ 0,60] 0,02 0,02 [-0,35 ~ 0,37] 0,92 0,28 [-0,02 ~ 0,49] 0,09 Idade 0,39 [0,13 ~ 0,60] 0,02 0,04 [-0,27 ~ 0,31] 0,82 0,25 [-0,01 ~ 0,48] 0,13 Ranque 0,38 [0,16 ~ 0,59] 0,02 -0,04 [-0,41 ~ 0,31] 0,82 0,30 [0,07 ~ 0,51] 0,06 Atentividade -0,33 [-0,62 ~ 0,02] 0,04 -0,17 [-0,47 ~ 0,18] 0,29 -0,05 [-0,35 ~ 0,24] 0,78 Sexo -0,23 [-0,51 ~ 0,07] 0,16 -0,20 [-0,53 ~ 0,16] 0,23 -0,04 [-0,35 ~ 0,27] 0,83 Idade -0,20 [-0,56 ~ 0,10] 0,20 -0,23 [-0,52 ~ 0,07] 0,15 0,02 [-0,29 ~ 0,33] 0,91 Ranque -0,21 [-0,53 ~ 0,10] 0,19 -0,10 [-0,40 ~ 0,20] 0,56 -0,09 [-0,35 ~ 0,20] 0,59 Σ Diferenças 0,49 [0,18 ~ 0,73] 0,001 0,27 [-0,09 ~ 0,58] 0,09 0,17 [-0,14 ~ 0,46] 0,28 Sexo 0,39 [0,15 ~ 0,62] 0,02 0,26 [-0,08 ~ 0,53] 0,11 0,11 [-0,14 ~ 0,33] 0,51 Idade 0,39 [0,13 ~ 0,63] 0,02 0,25 [-0,08 ~ 0,49] 0,13 0,10 [-0,17 ~ 0,35] 0,55 Ranque 0,39 [0,16 ~ 0,60] 0,02 0,15 [-0,21 ~ 0,44] 0,36 0,18 [-0,05 ~ 0,40] 0,28

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