• Nenhum resultado encontrado

O que Esperar da Democracia? Uma revisita à teoria democrática

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "O que Esperar da Democracia? Uma revisita à teoria democrática"

Copied!
23
0
0

Texto

(1)

~

O QUE ESPERAR DA DEMOCRACIA? UMA REVISITA

À TEORIA DEMOCRÁTICA

Yunna D’Avila Carvalho Batista1

RESUMO: Este trabalho busca realizar uma reflexão acerca das perspectivas democráticas. Para isto, trilhar o caminho realizado pelo cientista político C. B. Macpherson sobre modelos de democracia liberal implica em revisitar a teoria democrática. Para enriquecer o diálogo, grandes nomes como: Marilena Chauí, Schumpeter e principalmente Norberto Bobbio são abordados. Assim, obtém-se uma exposição de quão imbricado está democracia e liberalismo, ao mesmo passo que aos nossos olhos aparenta-se ter uma evolução do regime democrático na forma representativa. Nesse sentido, é primordial compreender as origens da democracia liberal para saber o que esperar da democracia enquanto regime atual.

Palavras-chave: Democracia, democracia liberal, teoria democrática.

ABSTRACT: This work seeks to reflect on democratic perspectives. For this, to follow the path taken by political scientist C. B. Macpherson on models of liberal democracy it implies revisiting democratic theory. To enrich the dialogue, great names like: Marilena Chauí, Schumpeter and especially Norberto Bobbio are approached. Thus, one gets an exposition of how imbued with democracy and liberalism, while in our eyes it seems to have an evolution of the democratic regime in the representative form. In this sense, it is essential to understand the origins of liberal democracy to know what to expect from democracy as a current regime.

Keywords: Democracy, liberal democracy, democratic theory.

1 Mestranda em Ciência Política e Relações Internacionais pela Universidade Federal da

(2)

INTRODUÇÃO

Em meio a tantos debates sobre a democracia, não se pode deixar de pensar nas perspectivas e complicações que a atualidade põe em xeque. Obviamente não é nova a discussão sobre democracia, mas ela está muito presente nos últimos anos nos debates e questionamentos políticos em várias partes do mundo. Dahl (2001: 19), acredita que a democracia possa ser inventada e reinventada quando existirem condições adequadas em diferentes épocas ou lugares. Nessa linha de raciocínio questiona-se quais as limitações da democracia diante do atual modelo de democracia representativa. Para responder a essa problemática, ligeiramente enunciada, parte-se da hipótese de que a democracia não representa uma evolução nos níveis de participação desejada.

Este trabalho objetiva realizar uma reflexão acerca da teoria democrática à luz da contribuição do cientista político C.B. Macpherson. Para tanto, foi necessário apresentar as formas de democracia, sendo esta a primeira parte do trabalho; em sequência tem-se a proposta de Mapherson de um diferente modelo onde se atinge a participação; e por fim a atenção volta-se para democracia representativa fazendo um diálogo com Norberto Bobbio.

AS FORMAS DE DEMOCRACIA

É notório o aumento do número de países democráticos. Dahl (2004) evidencia este fenômeno nos fins do último século quando o percentual de democracias atinge 45% no final da década de 1990, enquanto o intervalo inicial comparado é de apenas 17% relativo ao início desta mesma década. De toda forma, para se chegar a percentuais relativamente elevados de favorecimento do regime democrático, utilizou-

(3)

se grande contribuição de ideias otimistas ou de defesa do regime democrático, aspecto que nem sempre foi constante.

Ao recordar o pensamento político tradicional até o século XIX, onde a principal ideia era ‘não democrática’ ou ‘antidemocrática’, pois a democracia era vista como norma para os pobres e ignorantes que estavam à custa da classe rica e instruída, as camadas mais elevadas da sociedade viam a democracia como um governo pela classe errada, incompatível com uma sociedade liberal2 (Macpherson: 1978).

De forma explícita, surgem já nos séculos XVI e XVII as duas principais correntes da teoria democrática, uma delas ficou conhecida por utopia democrática já que era baseada em uma sociedade sem classe, substituindo a divisão de classe e todo o sistema classista de poder. A outra surgia da esfera da igreja e costumava espalhar suas ideias nos mais diversos assuntos que condiziam com a política civil, mas que não avançaram em aspectos populares e privilégios democráticos. No século XVIII as teorias de Rousseau e Jeferson influenciaram, diferentemente, na reivindicação de uma sociedade possuidora de propriedade e de produtores independentes ao invés de existir uma divisão de assalariados dependentes e proprietários de terra e capital. Rousseau defende a igualdade, pois as diferenças na propriedade provoca a divisão dos homens por interesses distintos, em classes distintas e com interesses contrários, desaparecendo a possibilidade de uma vontade geral por um bem comum. De acordo com Macpherson (1978), essa vontade geral constante e necessária exigia uma classe única, a classe dos proprietários trabalhadores e o papel do governo seria impedir a desigualdade. Thomas Jefferson também deixou clara a confiança no trabalhador proprietário, repudiando a dependência, pois a democracia exigia a independência

2 Sociedade liberal no sentido de liberdade de mercado, o mercado que sustenta ao mesmo

tempo a liberdade de todos empregarem e desenvolverem suas capacidades no sistema, mas que o mais forte se sobressai e domina boa parte deste mercado (Macpherson: 1978).

(4)

econômica e assim como fora visto em Rousseau, democracia significava sociedade de classe única. No entanto, deve-se esclarecer que até nesses autores democráticos já do século XIX a concepção de sociedade ainda não permitia ser classe única, dado que as mulheres eram vistas como uma categoria subordinada, exploradas e dependentes.

Isso não significa que nesse período de “antidemocracia” não se tenha existido teóricos e defensores da democracia, pois se tinha, mas essas teorias e ideias de democracia defendiam uma sociedade sem classes ou de classe unitária e isso não se fundamentava na democracia liberal do século XIX e XX, fazendo com que essas teorias de democracia sem classe fossem chamadas de utópicas. Segundo Macpherson (1978), essa contradição entre a tradição liberal-democrática tornou-se claramente reconhecida que a sociedade se dividia em classes e que a estrutura democrática precisava se adequar. Alguns poucos teóricos começaram a instaurar o conceito de democracia liberal, isso só depois de acreditarem que a propriedade não estaria em perigo caso cada homem votasse.

Nesse contexto, uma sociedade de classe única os trabalhadores são detentores do direito à propriedade e isso os tornam iguais desde que não acumulem riqueza, desde que não usufruam mais do que necessitem para assim não gerar a desigualdade e promover o bem comum. No entanto, as mulheres estão incluídas como dependentes e não o contrário, pois elas não possuem o direito à propriedade, elas são subordinadas e não são tratadas como classe.

Considera-se as teorias antes do século XIX precursoras da democracia liberal, principalmente pelo fato de defender a sociedade de classe única ou sem classe; apenas em meios do século XIX para o XX que democratas-liberais iniciam a tentativa de uma sociedade capitalista de mercado com caráter ético humanista. E essa aceitação de uma sociedade capitalista implica automaticamente na aceitação de uma

(5)

sociedade dividida em classe, onde os pressupostos do mercado invadiram a teoria da democracia liberal (Macpherson: 1978).

A importância dada por Schumpeter (1984), ao falar sobre condições e proposições do funcionamento da democracia é clara ao dizer não ter significado se não tiver como referência a época, ou locais e até determinadas situações e a mesma coisa serve para os argumentos antidemocráticos.

Por isso, deve-se entender o contexto em que o mercado se transformou no espírito da democracia liberal, percebendo que:

Quando o liberalismo surgiu como democracia liberal isso se tornou reivindicação no sentido de libertar todos os indivíduos igualmente, e libertá-los para que empregassem e desenvolvessem plenamente suas capacidades humanas. Contudo, na medida em que houve uma economia de escassez, pareceu aos democratas liberais que o único meio para atingir aquela meta era através da produtividade do capitalismo de livre empresa (Macpherson, 1978: 28).

Partindo do caminho traçado por Macpherson, alguns modelos de democracia liberal prevaleceram desde o início do século XIX, sendo eles representados em democracia protetora, democracia desenvolvimentista e democracia de equilíbrio. Sendo apresentado posteriormente o projeto de democracia participativa, um modelo de democracia liberal proposto por Macpherson (1978) que traz um conjunto de pré-condições sociais da democracia.

Democracia Protetora

Neste primeiro modelo, seus primeiros formuladores partiam do pressuposto de uma sociedade capitalista de mercado com conceito de homem maximizador e uma sociedade constituída por interesses conflitantes dos indivíduos. Ou seja, o ponto de partida da democracia

(6)

liberal teve sua base no utilitarismo, que igualava a franquia democrática a um sistema de negócios de um mercado (Macpherson: 1978).

Tinham-se os pressupostos de economia clássica e de uma sociedade capitalista de mercado, aquela do homem utilitarista e da sociedade formada por indivíduos compostos de interesse conflitantes. Bentham e James Mill iniciaram essa ideia, onde o único critério defendido era da maior felicidade do maior número, assim cada um procura maximizar sua riqueza infinitamente adquirindo poder sobre os outros (Iserhard: 1985).

Sobre o Estado que se tornava necessário, tinha-se um duplo problema porque o sistema político devia produzir governos que sustentassem uma sociedade baseada no mercado livre, mas que também protegessem os cidadãos contra governos desonestos. A solução desse problema era vista com o voto censitário, o voto secreto, eleições periódicas, liberdade de imprensa, voto livre e expressão livre das vontades. Utilitaristas, como Bentham, pensaram sobre os sistemas políticos, onde ele primeiro era a favor do voto censitário que excluía os trabalhadores, não instruídos, dependentes e as mulheres. Anos mais tarde ele passa a defender votos para chefes de família com casa própria e pagadores de impostos direto sobre propriedade; anos depois ele passa a falar de uma virtude universal que ainda exclui menores de idade, analfabetos e mulheres, no entanto ele não demonstrava entusiasmo nessa tipo de voto, mas eram exigências da época, tal como o de tornar os governantes frequentemente removíveis pela maioria do povo e mesmo se posicionando a favor do voto universal ele dizia que a época não estava madura para isso, principalmente quando se referia às mulheres e aos pobres (Macpherson: 1978).

Com pressupostos burgueses a teoria de Bentham não o deixou perceber que a maximização da riqueza era diferente da maximização da utilidade, os modelos acabam sendo de um governo representativo e

(7)

assim fomentando uma sociedade de mercado livre para proteger o cidadão do Estado, mas com razões a favor de um regime democrático puramente protetor (Iserhard: 1985).

Outro teórico foi James Mill que argumentou e defendeu o voto universal, dizendo que o voto era um poder político e a falta dele também representava a falta do poder político, voto se iguala à autoproteção, e também chegou a indagar se uma franquia que excluísse as mulheres, homens menores de 40 anos e pobres teria a mesma segurança, mas assim como Bentham o ‘fato de Mill admitir exclusões estava baseado no interesse da reforma eleitoral que prejudicaria o interesse da pequena classe proprietária, mas o difícil para Mill foi sobre a qualificação da propriedade, porque veja bem, para agradar ambas as classes não se poderia defender o pleno sufrágio masculino acima de 40 anos e incluir os sem propriedade, pois isso desgostaria a classe média, por outro lado ao defender a qualificação pela propriedade acabaria excluindo boa parte da classe trabalhadora e acabou garantindo, mesmo que ocorresse inclusão de classes inferiores na franquia não existia risco porque aquela grande maioria seria orientada pela classe media’. Mesmo assim, alguns anos depois ele voltou a salientar que o sufrágio do povo seria a via para se ter um bom governo, pois assim melhoraria o desempenho dos ricos como governantes e protegeria os cidadãos (Macpherson: 1978).

Ou seja, nesse modelo básico de democracia não há entusiasmo nem perspectiva de transformação moral, significando apenas uma exigência lógica de um governo de indivíduos que entram em conflitos por conta dos próprios interesses. Essa democracia se ancora no pressuposto utilitarista, de que o homem é consumidor infinito e sua motivação é a maximização das suas utilidades retiradas da sociedade para si mesmo, sociedade esta que representa o conjunto desses indivíduos.

(8)

Democracia Desenvolvimentista

A democracia desenvolvimentista continha diferenças com o modelo de democracia protetora, tanto com respeito a visão que se tinha da classe trabalhadora, como uma classe que não apresentava perigo à propriedade e que após meados XIX começou a parecer perigosa, tanto com relação as condições de trabalho tão desumanas que até os liberais passaram a defender a necessidade de um novo modelo de democracia. O primeiro desses modelos foi criado por John Stuart Mill que acreditava que os trabalhadores não podiam ser calados por muito tempo, e com o surgimento dos movimentos democráticos a multidão precisava ser satisfeita, precisava de uma transformação no modelo de homem e sociedade. O jovem Mill não abandonou a função essencial do modelo anterior de democracia protetora, mas possuía uma visão moral da possibilidade de desenvolvimento da humanidade, da possibilidade de uma sociedade livre e igual (Macpherson: 1978).

Isso significa que a base do modelo de Mill estava na visão que o homem era capaz de desenvolver suas capacidades, que a humanidade pode se desenvolver e não ser um mero consumista ou apropriador como no modelo anterior. No entanto, Mill esbarrou no dilema de conciliar as inúmeras reivindicações de desenvolvimento igual em uma realidade de desigualdade de riqueza e poder.

Por isso comprovou-se que os modelos foram ficando menos realistas, primeiro em comparação com o primeiro modelo, em que Bentham e James Mill, reconheciam no capitalismo a geração da desigualdade de classes e isso mesmo defendendo a democracia protetora. Depois que Mill não conseguiu tratar esse dilema que ele enxergava como problema ‘acidental e remediável’, assumiu também a desigualdade de classe e a contrariedade com o seu modelo de democracia, no entanto os próprios seguidores da democracia

(9)

desenvolvimentista passaram a tratar esse dilema como encerrado, como se os problemas de classes não existissem ou tivessem acabado (Macpherson: 1978).

Outra diferença entre o primeiro modelo e o segundo é que a felicidade do primeiro estava embasada na utilidade, onde o prazer e o sofrimento implicam diretamente na felicidade ou infelicidade. O segundo não via dessa forma, mas via que a maior dificuldade estava na distribuição da riqueza e do poder econômico que não permite que a classe trabalhadora se desenvolva ou viva humanamente. Nisso, Mill opinava que a desigualdade de riqueza é produto de um acaso histórico. A distribuição violenta da propriedade até causou revolta a Mill, mas não o fez enxergar que o capitalista era responsável pela injusta distribuição, não o fez ver que as relações de mercado capitalista só fortaleceria essa desigualdade. Mas o dilema dele era na franquia universal e a solução foi recomendar o voto plural (Macpherson: 1978).

A desigualdade dos votos não permite classificar Mill como um defensor do igualitarismo. Mesmo assim, os indivíduos mais desenvolvidos, dentro do modelo de Mill, continuariam com a condição de se desenvolverem mais. É importante destacar que Mill também considerava que não poderia existir uma sociedade descente pelo fato da relação entre capital e trabalho. Outra coisa que ele fala é sobre o revezamento de classe: justificando que não ocorreu pela atuação partidária que só tenta amenizar o conflito de classe. O processo político democrático como um mercado faz surgir outro modelo, de mercado rígido e de aparência realista (Iserhard: 1985).

Democracia de Equilíbrio

Este modelo também pode ser chamado de democracia elitista pluralista, o pluralista é porque se pressupõe que a sociedade é plural,

(10)

formada por indivíduos que são conduzidos a várias direções e por vários interesses fazendo se juntarem em diferentes grupos em diferentes ocasiões; o elitista é porque atribui a principal função do processo político a grupos auto- escolhidos de dirigentes, o equilíbrio é como se apresenta o processo democrático: equilibrando a procura e a oferta de bens políticos (Macpherson: 1978).

Para o primeiro formulador deste terceiro modelo, o economista Joseph Schumpeter, a democracia entendida no século XVIII não tem utilidade para a vida política e que a genealogia da ação política se baseia em dois erros. Primeiro seria a crença em um consenso sobre o bem comum, que possui significados diferentes para os diferentes grupos de indivíduos. Segundo seria a crença de que os homens orientam suas ações racionalmente, sendo que eles agem de forma apaixonada e são movidos pelo domínio extra-racional (Hollanda: 2011).

Dessa forma, e opondo-se a concepção da democracia clássica, Schumpeter supõe a aproximação maior da realidade no sentido que,

Nessa concepção, não há distinção substantiva entre os ambientes e os sujeitos da política e do comércio. Um eleitor e um consumidor dispõem de informação superficial e mediada a respeito dos seus objetos de escolha. As possibilidades de voto ou consumo tendem a definir o desejo dos eleitores ou compradores, ao invés de serem definidas por eles. Inverte-se, assim, a relação de anterioridade do modelo democrático tradicional: as elites induzem (e não expressam) as escolhas do povo (Hollanda, 2011: 40).

Para Schumpeter, a democracia é apenas um mecanismo de mercado, em que os votantes são consumidores e os políticos são os empresários. Esse modelo de mercado passa a explicar não somente o comportamento político, mas também o comportamento de todo sistema. Assim, os principais conceitos desse modelo são: a democracia como mecanismo que escolhe e autoriza governo e nesse mecanismo há uma competição entre grupos de elite, reunida em partidos políticos, por votos

(11)

que os sustentarão até novas eleições. Com isso a função dos votantes e dos cidadãos não é resolver os problemas políticos e depois colocar o representante para executar o que foi decidido, o que ocorre é a escolha de homens que farão as decisões (Macpherson: 1978).

Aproximado de Schumpeter, Dahl explica que “o controle social dos governantes pelos governados pode ser mantido por intermédio de eleição regular e pela competição entre partidos, grupos e indivíduos pelo voto do eleitor”. Sim, o requisito mínimo para a existência de um regime democrático é o que permite aos cidadãos a oportunidade de formular suas preferências, de expressá-las na ação individual e coletiva e de serem consideradas igualmente nas políticas governamentais. É esse requisito que exige regras mínimas para que possa ter em operação a “liberdade de organização e expressão, eleições livres e limpas, sufrágio, direito de concorrer aos cargos eletivos, isonomia eleitoral, pluralismo de fontes de informação e igualdade na obtenção de informações acerca dos projetos políticos em disputa” (Duriguetto, 2007: 96).

Desse modo esse modelo pressupõe que o homem político, homem econômico, é um consumidor e apropriador; que as coisas que as diferentes pessoas desejam do governo são tão variadas que é necessário um sistema empresarial de uma economia de mercado concorrencial (Macpherson: 1978).

Parece até difícil considerar que em um sistema político do tipo empresarial exista um equilíbrio na troca dos que oferecem bens políticos e outros escolhem, via voto, a vontade da maioria, uma vez que, dentro de um conjunto de indivíduos com demandas diferentes será possível exprimir a vontade da maioria? Schumpeter explica que vontade da maioria é diferente da vontade do povo.

Quem quer que aceite a doutrina clássica da democracia e, em consequência, que o método democrático deva garantir que as questões sejam decididas e as políticas sejam estruturadas de acordo com a vontade do povo, deve aceitar também o fato de

(12)

que, mesmo que tal vontade seja inegavelmente real e definida, a decisão por maiorias simples irá, em muitos casos, destorcê-la, em lugar de efetivá-la. Evidentemente, a vontade da maioria é a vontade da maioria e não a vontade do “povo” (Schumpeter, 1984: 340).

De certo modo tudo isso se justifica de acordo com a adequação do modelo, ao atribuir a exposição do homem de mercado que opera de acordo com esse modelo; ao explicar como o sistema funciona e como decorrem os bons resultados e utilizar dessa justificação para dizer “que o sistema é, com todas as suas reconhecidas imperfeições, o único que pode desempenhar a função, ou o único que a pode desempenhar melhor.” Alegando-se que o sistema produz equilíbrio e certo grau de soberania do cidadão consumidor (Macpherson, 1978: 88).

Que, nesse contexto os pluralistas conhecem a possibilidade de tensão entre consenso e participação, podendo tomar evidencia quando esse processo de institucionalizar caminha mais devagar do que o processo de participar. Por isso que, são condições para um funcionamento “equilibrado” do Estado democrático que se tenha uma participação política moderada e uma institucionalização forte. Quando a participação popular está presente nas oportunidades mobilizando o indivíduo através da agregação de identidades e interesses comuns e da regularização das relações intergrupais, assim como a estabilidade das instituições exige a capacidade do governo na ampliação de organizações que incorporem os novos grupos e canalizem sua participação nos procedimentos democráticos legítimos (Duriguetto: 2007).

Em suma, para Macpherson esse modelo se sustenta nos pressupostos de que as demandas dos cidadãos são fixas e que se mantém o funcionamento do sistema estimulando a apatia política dos cidadãos dado as desigualdades econômicas e sociais que destina todo o poder político a uma elite econômica, criando ainda uma ilusão de que

(13)

existe uma soberania do consumidor numa sociedade de mercado oligopolista (Chauí: 1980).

A percepção dos teóricos do modelo de equilíbrio tenta reforçar a realidade do modelo com o discurso de que a sociedade é incapaz de ir além desse mercado econômico (oligopolista), disfarçando a desigualdade de classe, disseminando a ideia do consumidor soberano enquanto uma elite ‘fornecedora de bens políticos’ produz um equilíbrio ótimo para toda a sociedade. Mesmo que esse discurso não se sustente eles ainda argumentam que este modelo também funciona contra uma tirania.

UMA DEMOCRACIA PARTICIPATIVA

Diante das críticas feitas ao modelo de democracia de equilíbrio, Macpherson se habilita na criação de um quarto modelo, chamado de democracia participativa. Este se iniciou com o lema dos movimentos estudantis da Nova Esquerda, da década de 60, também na classe trabalhadora pela crescente insatisfação entre trabalhadores fabris e de escritório e dos sentimentos mais generalizados de alienação que entraram em moda (Macpherson: 1978).

De acordo com Chauí (1980), o modelo projetado por Macpherson possui condições sociais da democracia:

1) mudança da consciência popular que passa a ver-se não mais como consumidor, mas como agente e executor que desfruta de suas próprias decisões. Trata-se do sentimento de comunidade. 2) grande diminuição da atual desigualdade social e econômica, na medida em que a desigualdade o motor da coesão da ordem capitalista, ao impedir a participação político-partidária, sustentáculo da ordem vigente; 3) estimular procedimentos pelos quais viabilizam as propostas de Marx (ditadura do proletariado) e de Stuart Mill (alargamento das franquias e aumento da participação) numa democracia participativa. [...] 4) enfatizar o peso do ônus social trazido pelo crescimento do capitalismo, as dúvidas quanto às capacidades do capitalismo financeiro para satisfazer necessidades aumentadas pela desigualdade, a

(14)

consciência dos prejuízos causados pela apatia política (Chauí, 1980: 142-3).

A baixa participação e a iniquidade social estão de tal modo, interligadas e uma sociedade mais equânime e mais humana exige um sistema de mais participação política. Mas é possível mais participação política? É possível proporcionar essa participação quando o problema é a dimensão territorial/populacional? Ou ainda, seria possível atender a participação dentro de um circulo vicioso de possíveis aberturas?

No que diz respeito à dimensão, a tecnologia nos ajudaria a ter um sistema de democracia direta, sendo assim, avanços do computador e telecomunicações possibilitarão conseguir essa democracia direta nas comunidades muito populosas. Já sobre o círculo vicioso, seria resolvido com a mudança na consciência do povo e na diminuição da desigualdade econômica e social (Macpherson: 1978).

O problema está no fato de que alguém irá direcionar e formular as questões e mesmo abrindo opinião para o público será um tanto delicado de abordar determinados assuntos tão complexos, assuntos de economia, desemprego, inflação, imposto, vendas, salários, saúde e por aí vai. Mas isso traria ao sistema fracassos, pois ao mesmo tempo as pessoas decidiriam em prol de alguns interesses sem levar em conta a consequência de outro fator. Por exemplo: as pessoas podem decidir reduzir o desemprego e reduzir inflação, sem isso ser possível, pois o sistema teria de conciliar as inconsistências apresentadas pelas opiniões das pessoas (Macpherson: 1978).

Tem-se que considerar, ainda, que outros pontos fracos são presentes em meio a esse círculo vicioso, que até o surgimento da consciência a apatia política e as desigualdades só crescem, dado o desenvolvimento do capitalismo. Dessa forma o modelo de democracia participativa sugere a reflexão de ‘como seria se conseguíssemos chegar a ela’, ou ainda, ‘até onde haveria participação política.

(15)

Pressupõe-se que o modelo de democracia participativa atuasse de forma piramidal, com uma base de democracia direta e um sistema de delegação nos níveis depois dessa base, contudo e não diferente dos outros modelos de democracia liberal, seus riscos são apresentados: na ameaça de contra-revolução; um novo aparecimento de classes opostas e a própria apatia do povo que se instala na base, passando a demandar a atuação de partidos políticos e mantendo a apatia política (Chauí: 1980).

De certa forma isso não deixa de ser o que já foi abordado no modelo anterior, ou seja, de que o povo irá produzir um governo ou um executivo nacional e o método democrático é definido como um acordo institucional para se chegar a decisões políticas onde os indivíduos adquirem poder de decisão através de um luta competitiva pelos votos da população (Schumpeter: 1984).

Duriguetto diz que, a dinâmica democrática está centrada na influência que os sujeitos coletivos presentes na sociedade civil pudessem exercer, em termos de demandas e controle, sobre o aparato do Estado, assim Macpherson

estaria na adoção de uma perspectiva pela qual esses requisitos seriam paulatina e reciprocamente atingidos. Argumenta que as contradições estruturais do capitalismo geram, por si só, uma nova consciência social e essa, por sua vez, seria propulsora de uma pressão maior e mais qualitativa contra as formas de gestão capitalista de bens de “consumo” produzindo, dessa forma, os “novos movimentos sociais” que impulsionariam a expansão de mais participação política, o que, de sua parte acarretaria a expansão da consciência social e assim por diante (Duriguetto, 2007: 126).

Como balanço crítico, para o modelo de democracia participativa, Duriguetto argumenta que falta uma análise da sociedade civil no que diz respeito ao conflito de classes e a propriedade privada dos meios de produção, isso é o que provoca os crescentes processos de participação nos canais institucionais se convertendo numa renuncia de superar o

(16)

sistema capitalista. Sem falar que, ao restringir as principais decisões políticas aos “experts” se estará igualando também aos argumentos elitistas (Duriguetto: 2007).

A história confirma a sugestão de que a ideologia da democracia se apoia em um esquema racionalista da ação humana e dos valores da vida, com origem burguesa, assim a democracia moderna cresceu em conexão com o capitalismo. Conforme as palavras de Schumpeter:

a democracia, no sentido de nossa teoria da liderança competitiva, presidiu o processo de mudança política e institucional pelo qual a burguesia reformulou – e de seu próprio ponto de vista, racionalizou – a estrutura política e social que precedeu sua ascensão: o método democrático foi a ferramenta política dessa reconstrução (Schumpeter, 1984: 369).

Nesses termos, a teoria da democracia participativa repousa no conceito de participação como um fim em si mesmo. Isso porque os grandes teóricos desse modelo não propõem uma nova teoria da democracia, mas sim uma ênfase nova, pra não dizer ‘diferente’, na participação. E, essencialmente, a participação não é situada dentro de um contexto de reforma intelectual e moral para construção de uma vontade coletiva hegemônica (Duriguetto, 2007).

De toda forma, a utilização desses modelos nos auxilia até hoje na compreensão da democracia liberal, que mais do que nunca se tornou um elemento essencial para perpetuação do modo capitalista em que vivemos. Se por um lado, alguns estudiosos chamam esses modelos de sistemas teóricos ideais ou de modelos já ultrapassados, por outro lado o simples fato de se conhecer os precursores e seus modelos de democracia liberal é primordial, esclarecedor e até desmistificador de tudo que entendemos como democracia. Muitos outros autores trabalharam a evolução da democracia liberal, utilizando outros modelos e/ou outros autores, lembrando que aqui foi abordada a concepção de Macpherson

(17)

que realizou um percurso bem explicativo dos modelos até chegar em seu projeto de democracia participativa.

DEMOCRACIA REPRESENTATIVA: O QUE ESPERAR?

O termo ‘democracia’ continuou a ser utilizado, e isso é evidente. Não precisa ir muito longe pra observar que já no final do século XIX a quantidade de países que se autodeclararam democráticos aumentaram exponencialmente. Os modelos de democracia apresentados nos capítulos anteriores nos mostram que suas formas até se diferenciaram em muitos aspectos, no entanto o seu significado ainda remete ao ‘governo do povo’, ao ‘regime em que a maioria decide’, ou em que pessoas ‘representam o povo’, ‘em nome do povo e para o povo’. Para tanto,

Afirmo preliminarmente que o único modo de se chegar a um acordo quando se fala de democracia, entendida como contraposta a todas as formas de governo autocrático, é o considera-la caracterizada por um conjunto de regras (primárias ou fundamentais) que estabelecem quem está autorizado a tomar as decisões coletivas e com quais procedimentos (Bobbio, 2000a: 30).

É dessa forma que pensa Norberto Bobbio. Para ele a democracia nada mais é que um conjunto de regras que passam a estabelecer o ‘jogo democrático’. Assim, o termo ‘democracia’ não mudou, seu significado ainda continua o mesmo desde a Grécia antiga, e o que mudam são as regras, o jogo é o mesmo.

Ora, mas se um jogo representa um conjunto de regras, acaba também por estabelecer seus jogadores o modo que se deve jogar. Mas dentro do jogo democrático existe uma distinção entre essas regras, sendo elas constitutivas e reguladoras. As de caráter regulatório se limitam aos comportamentos que os homens desenvolvem mesmo que seja de forma naturalmente (ele cita como exemplo “o nutrir-se, o

(18)

acasalar-se, o passear pela rua”), já as de caráter constitutivos estabelecem comportamentos previstos e nesse caso, as regras do jogo são do tipo constitutivas, pois tem um sentido previsto desde que esteja no jogo; ou seja, “a obrigação de mover o cavalo daquele determinado modo não existe fora do jogo de xadrez”. Por isso que Bobbio (2000a) vê como absurdo a realização de um modo diferente de fazer política com atores e movimentos diversos sem levar em consideração que, dessa forma, é preciso mudar as regras que previram e criaram aqueles atores e organizaram aqueles movimentos em todos os seus detalhes.

A própria noção de Estado sofreu modificações na modernidade, onde essa entidade passou a governar a economia, fazendo dos atos administrativos uma forma de exercer poder na classe política além das formas tradicionais, práticas estas referentes ao Estado keynesiano, que vão desde o gerenciamento dos grandes centros de poder ao modo como consegue a própria legitimidade para governar (Bobbio: 2000a).

Em contrapartida, é esse mesmo Estado ‘interventor’ que se ajoelha às leis de mercado, isso porque de acordo com Teixeira (2005: 19-20), “o Estado é incapaz de quebrar, de forma absoluta, a racionalidade que rege a economia de mercado. Pois a ação estatal só acontece mediante intervenções ajustadas ao sistema; são atividades de contorno”.

É com essa concepção que a democracia moderna não deixa de representar uma extensão do liberalismo. Assim, mesmo que hajam diferenças entre a esfera do Estado e a esfera da economia, a esfera política será o resultado dos procedimentos competitivos de interesse nas “regras do jogo”, por isso que o Estado realiza políticas para atender diferentes grupos (Duriguetto: 2007).

Bobbio (2000a) diz ainda que todo grupo social toma decisões que tem como objetivo a sobrevivência do grupo, no entanto, essas decisões são tomadas por alguns indivíduos, pois o grupo como tal não decide. Aí está a aceitação dessas regras: pois para que a uma decisão seja tomada

(19)

por indivíduos e que seja aceita como decisão coletiva é necessário que ela seja tomada baseada em regras, e outra, que essas regras digam quem deve tomar a decisão e utilizando quais procedimentos.

Em outra passagem, Bobbio (2000b) elucida que na democracia moderna os cidadãos são a soberania e não o povo. E alerta,

O povo é um abstração, cômoda, mas também, como já dissemos, falaciosa; os indivíduos, com seus defeitos e seus interesses, são uma realidade. Não é por acaso que como fundamento das democracias modernas estão as Declarações dos Direitos do Homem e do Cidadão, desconhecidas da democracia dos antigos. A democracia moderna repousa em uma concepção individualista da sociedade. Se depois esse individualismo é proposto e reivindicado em nome da teoria utilitarista da felicidade do maior número ou mesmo da teoria dos direitos do homem, [...] é um tema que aqui pode ser posto em segundo plano, porque aquilo que me interessa avaliar é o lugar central que ocupa o individualismo no debate contemporâneo, qualquer que seja seu fundamento (Bobbio, 2000b:380).

Mas e a unanimidade? Não acontece? Segundo Bobbio, apenas em um grupo pequeno ou homogêneo. Até se define democracia por: “elevado número de cidadãos”; pela “existência de regras de procedimentos” ou ainda que “aqueles que são chamados a eleger os que deverão decidir devem ser colocados diante de alternativas reais e postos em condições de poder escolher entre uma e outra”. Para que realizem essas condições devem ser

garantidos os assim denominados direitos de liberdade, de opinião, de expressão das próprias opiniões, de reunião, de associação, etc. – os direitos à base dos quais nasceu o Estado liberal e foi construída a doutrina do Estado de direito em sentido forte, isto é, do Estado que não apenas exerce o poder sub leg, mas o exerce dentro de limites derivados do reconhecimento constitucional dos direitos “invioláveis” do indivíduo [...] As normas constitucionais que atribuem estes diretos não são exatamente as regras do jogo: são regras preliminares que permitem o desenrolar do jogo (Bobbio, 2000a: 32).

(20)

Dessa forma, esses direitos são necessários para o funcionamento dos mecanismos predominantemente procedimentais que caracterizam um regime democrático. Mas vai além disso, pois se confessa que o Estado liberal é o pressuposto histórico, mas também jurídico do Estado democrático. Cria-se uma interdependência entre o Estado liberal e Estado democrático na medida em que são necessárias certas liberdades para o exercício correto do poder democrático, mas por outro lado também é necessário esse poder democrático que venha a garantir as liberdades fundamentais (Bobbio: 2000a).

Em meio a essa complexidade, da sociedade moderna, entende-se a democracia como processo de expressão de preferências e demandas individuais e grupais por meio do voto. E acaba sendo esse o objetivo do processo de decisão democrático: possibilitar os indivíduos e grupos a decidirem quais líderes, regras e políticas melhor servirão aos seus interesses (Duriguetto: 2007).

Em resumo se tem que “a liberdade de dissentir necessita de uma sociedade pluralista, uma sociedade pluralista permite uma maior distribuição do poder, uma maior distribuição do poder abre portas para a democratização3 da sociedade civil” (Bobbio, 2000a: 76).

E realmente não se pode esperar que a democracia, principalmente a do modelo representativo, traga resultados satisfatórios, se a ação desse regime continua a ser conivente aos interesses de determinados grupos; se ainda defendem a decisão do indivíduo separadamente; se ainda continua de joelhos para as leis do mercado.

Logicamente, se as liberdades não podem ser admitidas ilimitadamente, isso acaba influenciando no grau de democracia de um sistema. Se tem-se os limites aumentados o sistema é alterado, se não

3 Quando se compara uma sociedade mais ou menos democrática que outra se está

comparando o nível de alargamento de voto. Isto é, ao se elevar o processo de democratização se eleva diretamente o número de indivíduos com o direito ao voto, isto é, que o número de indivíduos votantes sofreu grande alargamento (BOBBIO, 2000a).

(21)

são garantidas as liberdades, suprime-se em tal grau que a democracia deixa é de existir (Bobbio: 2000a).

Mas pensar alternativas não deixa de ser uma forma de conhecer questões de necessidade práticas, as alternativas existem e com elas suas condições também são impostas, melhor dizendo, suas regras são impostas. O que resta saber é se ela será um simulacro ainda maior que a democracia capitalista (Schumpeter: 1984).

CONCLUSÃO

No estudo da democracia tem-se o aparecimento de diferentes formas desse mesmo regime. Isso se deu principalmente pelo fato da própria transformação da sociedade, que conforme suas necessidades modificaram sistemas econômicos e políticos. O destaque é dado para o liberalismo, a principal influência que fez a democracia seguir se adaptando, isso permitiu o aparecimento de vários modelos com características cada vez mais complexa e ao mesmo tempo tão imbricada às leis de mercado.

No entanto, é a utilização desses modelos que nos permite compreender a democracia liberal, modo essencial para perpetuação do modo capitalista em que vivemos. Alguns estudiosos chamam esses modelos de sistemas teóricos ideais ou de modelos já ultrapassados, mas a importância de conhecer os precursores e seus modelos de democracia liberal está no ato primordial de desmistificar tudo que entendemos como democracia. A utilização dos modelos de ‘democracia protecionista’, ‘democracia desenvolvimentista’, ‘democracia de equilíbrio’ e o projeto de ‘democracia participativa’ abordada por Macpherson em seu trabalho sobre democracia liberal, permitiu a continuidade da pesquisa no entendimento sobre a democracia representativa, a forma moderna de democracia.

Com essa proposta teórica, com vista a explicar que a democracia representativa continua a ser conivente aos interesses de mercado, de

(22)

determinados grupos, que representa apenas adaptações exigíveis pelo sistema vigente. Muitos equívocos estão no fato dessa não compreensão sobre democracia, dessa ideia de igualdade, de liberdade de capacidade racional, de evolução para uma democracia “perfeita”. Quando na verdade o sistema produz uma sociedade desigual, produz regras de liberdade, domina o mundo e consequentemente a política, tudo isso vendendo a ideia de ‘governo do povo’, onde todos são democráticos por estarem em uma democracia.

REFERÊNCIAS

BOBBIO, N. (2000a) O futuro da democracia. São Paulo: Paz e Terra. ______. (2000b) Teoria geral da política: a filosofia política e as lições dos clássicos. Org. Michelangelo Bovero. Tradução: Daniela Beccaccia Versiani. Rio de Janeiro: Elsevier.

CHAUÍ, M. de S. (1980) A “questão democrática”. In.: A questão da democracia. Rio de Janeiro: Paz e Terra.

DAHL, R. A. (2004) Os Sistemas Políticos Democráticos nos países avançados: êxitos e desafios. In: Boron, A. A, organizador. Nova hegemonia mundial: alternativas de mudança e movimentos sociais. Buenos Aires: Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales. ______. (2001) Sobre a democracia. Tradução de Beatriz Sidou. Brasília: Editora Universidade de Brasília.

DURIGUETTO, M. L. (2007) Sociedade civil e democracia: um debate necessário. São Paulo: Cortez.

HOLLANDA, C. B. de. (2011) Teoria das elites. Rio de janeiro: Zahar Editores.

ISERHARD, A. M. (1995) Reflexões sobre a democracia liberal macphersoniana. In.: Revista Sequencia. Estudos Jurídicos e políticos. Vol. 6, n. 10. Santa Catarina: UFSC.

(23)

MACPHERSON, C.B. (1978) A democracia liberal: Origens e evolução. Tradução de Nathanael C. Caixeiro. Rio de Janeiro: Zahar Editores.

SCHUMPETER, J. A. (1984) Capitalismo, Socialismo e Democracia. Tradução de Sergio Góes de Paula. Rio de Janeiro: Zahar Editores.

TEIXEIRA, F.J.S. (2005) Sistema Público de Emprego: Caminhos, descaminhos...novas esperanças? Fortaleza: Prefeitura Municipal de Fortaleza.

Referências

Documentos relacionados

De seguida, vamos adaptar a nossa demonstrac¸ ˜ao da f ´ormula de M ¨untz, partindo de outras transformadas aritm ´eticas diferentes da transformada de M ¨obius, para dedu-

Os testes de desequilíbrio de resistência DC dentro de um par e de desequilíbrio de resistência DC entre pares se tornarão uma preocupação ainda maior à medida que mais

•   O  material  a  seguir  consiste  de  adaptações  e  extensões  dos  originais  gentilmente  cedidos  pelo 

3 O presente artigo tem como objetivo expor as melhorias nas praticas e ferramentas de recrutamento e seleção, visando explorar o capital intelectual para

6 Consideraremos que a narrativa de Lewis Carroll oscila ficcionalmente entre o maravilhoso e o fantástico, chegando mesmo a sugerir-se com aspectos do estranho,

Em média, a Vivo forneceu a melhor velocidade de download para os seus clientes em 2020... A Vivo progrediu em especial a partir de abril

O padre veio para eles e abraçou-se também, subitamente perturbado por uma analogia, assim dissera o italiano, Deus ele próprio, Baltasar seu filho, Blimunda

Os elementos caracterizadores da obra são: a presença constante de componentes da tragédia clássica e o fatalismo, onde o destino acompanha todos os momentos das vidas das