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Novo Plano de Contas Aplicado ao Setor Público: uma análise crítica

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Academic year: 2021

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Maurício Corrêa da Silva

Bacharel em Ciências Contábeis. Mestre em Ciências Contábeis pelo Programa Multiinstitucional das UnB/UFPB/UFPE/UFRN (Núcleo Nordeste). Professor Assistente I do Departamento de Ciências Contábeis da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Ex-Professor da Faculdade de Ciências Humanas ESUDA, Faculdade Boa Viagem (FBV) e da Faculdade Santa Catarina – Recife – PE.

Aneide Oliveira Araújo

Professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Doutora em Contabilidade e Controladoria pela FEA/USP

Halcima Melo Batista

Professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Mestra em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte

RESUMO

O estudo tem o objetivo de analisar se os registros contábeis sobre a despesa e receita orçamentária contemplados no novo dispositivo legal (Portaria STN nº 467/2009), atendem ao previsto na Lei 4.320/64, quanto à evidenciação do valor das despesas e receitas correntes e de capital para a elaboração do Balanço Orçamentário. Foram utilizadas as pesquisas exploratória, bibliográfica e qualitativa. Conclui-se que os registros contábeis padronizados da receita e despesa orçamentária não atendem a Lei 4.320/64, ou seja, os novos registros não são suficientes para a elaboração do Balanço Orçamentário.

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1 INTRODUÇÃO

As mudanças na contabilidade governamental estão sendo implantadas pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN), em cumprimento à Portaria do Ministério da Fazenda nº 184, de 25 de agosto de 2008, que trata das diretrizes a serem observadas no setor público quanto aos procedimentos, práticas, elaboração e divulgação das demonstrações contábeis, de forma a torná-los convergentes com as Normas Internacionais de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (IPSAS).

A Portaria STN nº 467, de 6 de agosto 2009, que aprovou o Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público - 2ª edição trata, no Volume II, dos Procedimentos Contábeis Patrimoniais, no Volume III, dos Procedimentos Contábeis Específicos e no, Volume IV, sobre o novo Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP).

Ressalta-se que o novo Plano de Contas Aplicado ao Setor Público deverá entrar em vigor de forma facultativa em 2010 e obrigatória em 2011 para União, 2012 para os Estados e em 2013 para os Municípios.

A importância deste estudo reside na discussão sobre os novos procedimentos para verificar o atendimento da legislação, visto que a Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964, ainda continua em vigor e é a principal norma sobre contabilidade governamental. Espera-se, dessa forma, contribuir no aperfeiçoamento de um plano de contas que atenda a referida lei e que apresente informações atualizadas sobre as contas públicas.

O presente estudo tem o objetivo de analisar se os registros contábeis sobre a despesa e receita orçamentária contemplados no novo dispositivo legal atendem ao previsto na Lei 4.320/64, quanto à evidenciação do valor das despesas e receitas correntes e de capital para a elaboração do Balanço Orçamentário.

O trabalho está dividido em 05 (cinco) seções. Após a introdução, a seção 2 trata da fundamentação teórica; a seção 3 da metodologia utilizada no presente estudo. A seção 4 dos resultados e discussões (críticas). A seção 5 das considerações finais, sugestão de lançamentos e a conclusão e finalizando, as referências utilizadas.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

De acordo com Lima e Castro (2000), conta é a denominação técnica dada aos componentes patrimoniais (bens, direitos, obrigações e patrimônio líquido) e aos elementos de resultado (despesas e receitas), que, direta ou indiretamente, podem interferir na constituição e na variação do patrimônio.

As contas, segundo Jund (2008), representam registros de débitos e créditos da mesma natureza ou espécie identificada por nomes (títulos) que qualificam elementos patrimoniais (bens, direitos, obrigações, patrimônio líquido, receitas e despesas).

(3)

Para Piscitelli, Timbó, Rosa (2002) o Plano de Contas é o conjunto de títulos, previamente definidos, representativos de um estado patrimonial e de suas variações, organizados e codificados com o objetivo de sistematizar e uniformizar o registro contábil dos atos e fatos de uma gestão, devendo permitir, de forma precisa e clara, a obtenção dos dados relativos ao patrimônio.

Silva (2004) esclarece que o Plano de contas é uma relação completa das contas julgadas necessárias à revelação dos elementos patrimoniais e na contabilidade governamental, o mesmo objetiva a relevação dos estágios da receita e despesas; entradas e saídas financeiras; fatos contingentes e aleatórios que afetam o patrimônio e ao registro de fatos e operações que não produzem alterações patrimoniais.

O atual Plano de Contas da Administração Pública Federal foi elaborado, inicialmente, conforme Instrução Normativa nº. 23, de 23 de dezembro de 1986, da Secretaria do Tesouro Nacional (STN). Periodicamente é atualizado e tem como parte integrante a Relação das Contas, a Tabela de Eventos e os Indicadores Contábeis. Possui uma estrutura complexa, visto que deve conter contas para os gestores públicos que realizam atos e fatos típicos da área pública (restos a pagar, dívida ativa, previsão de receitas, dotação de despesas, etc.) e, também, para registrar transações comerciais, industriais e financeiras peculiares da iniciativa privada, realizadas por algumas entidades da administração indireta (compra e venda de mercadorias, fabricação e produção de bens e serviços, etc.) (MOTA, 2006).

Plano de Contas é a relação das contas utilizadas por uma entidade em sua atividade, agrupadas segundo a sua natureza com o intuito de evidenciar o seu patrimônio. O Plano de Contas estabelece previamente a conduta a ser adotada na escrituração através da exposição das contas em seus títulos, funções, funcionamento, grupamento, análises, derivações, dilatações e reduções.

Um plano de contas ideal deve ter o elenco de contas (relação de todas as contas a serem utilizadas), a função das contas (finalidade de cada uma) e o mecanismo de funcionamento das mesmas (a maneira como se debita e credita e a relação com outras). Na elaboração do plano de contas são evidenciadas as contas sintéticas (aquelas que resumem os registros contábeis e não são escrituradas) e as contas analíticas (aquelas que recebem diretamente os registros contábeis).

No tocante aos registros contábeis (lançamentos) da receita, Niyama e Silva (2008), ao tratarem da definição da mesma, explicam que o lançamento da receita é feito por um crédito e tem correspondência com um lançamento a débito de valores a receber ou uma conta do ativo ou do passivo.

A literatura contábil ao conceituar registros de débitos e créditos pode ser resumida da seguinte forma: debitam-se as aplicações de recursos e creditam-se as origens de recursos. Desse modo, não é necessário separar as contas patrimoniais das contas de resultado. Ao realizar uma venda à vista, tem-se o movimento a débito de caixa/banco e o crédito da receita. Nas despesas com alimentação, por exemplo, pagas à vista, têm-se o registro a débito de despesas e o crédito no caixa/banco.

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O Plano de Contas da Administração Pública Federal é estruturado em classes, grupos, subgrupos, elementos, subelementos, itens e subitens (total de 09 dígitos).

A classe das contas do Plano de Contas atual é a seguinte: 1 – ATIVO

2 – PASSIVO 3 – DESPESA 4 – RECEITA

5 – RESULTADO DO EXERCÍCIO DIMINUTIVO 6 – RESULTADO DO EXERCÍCIO AUMENTATIVO

A estrutura contábil básica do atual Plano de Contas no 3º. nível (classe/grupo/subgrupo), usada para a consolidação de balanços consiste na seguinte disposição:

1 A T I V O 2 P A S S I V O

1.1 CIRCULANTE 1.1.1 Disponível

1.1.2 Créditos em Circulação 1.1.3 Bens e Valores em Circulação 1.1.4 Valores Pendentes a Curto Prazo

2.1 CIRCULANTE 2.1.1 Depósitos

2.1.2 Obrigações em Circulação

2.1.3 Empréstimos e Financiamentos em Circulação 2.1.4 Valores Pendentes a Curto Prazo

1.2 REALIZÁVEL A LONGO PRAZO 1.2.1 Depósitos Realizáveis a Longo Prazo 1.2.2 Créditos Realizáveis a Longo Prazo

2.2 EXIGÍVEL A LONGO PRAZO 2.2.1 Depósitos Exigíveis a Longo Prazo 2.2.2 Obrigações Exigíveis a Longo Prazo 2.2.9 Outras Exigibilidades

1.4 PERMANENTE 1.4.1 Investimentos 1.4.2 Imobilizado 1.4.3 Diferido

2.3 RESULTADO DE EXERCÍCIOS FUTUROS 2.3.1 Receitas de Exercícios Futuros

2.3.9 Custos ou Despesas correspondentes as receitas

2.4 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 2.4.1 Patrimônio/Capital 2.4.2 Reservas 2.4.3 Resultado Acumulado 2.4.9 Ajuste do Patrimônio/Capital 1.9 COMPENSADO

1.9.1 Execução Orçamentária da Receita 1.9.2 Execução Orçamentária da Despesa 1.9.3 Execução da Programação Financeira 1.9.4 Despesas e Dívidas do Estados/Municípios 1.9.5 Execução de Restos a Pagar

1.9.9 Compensações Ativas Diversas

2.9 COMPENSADO

2.9.1 Execução Orçamentária da Receita 2.9.2 Execução Orçamentária da Despesa 2.9.3 Execução da Programação Financeira 2.9.4 Despesas e Dívidas do Estados/Municípios 2.9.5 Execução de Restos a Pagar

2.9.9 Compensações Ativas Diversas

3 D E S P E S A 4 R E C E I T A

3.3 DESPESAS CORRENTES 4.1 RECEITAS CORRENTES 3.4 DESPESAS DE CAPITAL 4.2 RECEITAS DE CAPITAL

4.9 ( *) DEDUÇÕES DA RECEITA 5 R E S U L T A D O D I M I N U T I V O D O E X E R C Í C I O 6 R E S U L T A D O A U M E N T A T I V O D O E X E R C Í C I O 5.1 RESULTADO ORÇAMENTÁRIO 5.1.1 Despesa Orçamentária 5.1.2 Interferências Passivas 5.1.3 Mutações Passivas 6.1 RESULTADO ORÇAMENTÁRIO 6.1.1 Receita Orçamentária 6.1.2 Interferências Ativas 6.1.2 Mutações Ativas 5.2 RESULTADO EXTRA-ORÇAMENTÁRIO 5.2.1 Despesa Extra-orçamentária 5.2.2 Interferências Passivas 5.2.3 Mutações Passivas 6.2 RESULTADO EXTRA-ORÇAMENTÁRIO 6.2.1 Receita Extra-Orçamentária 6.2.2 Interferências Ativas 6.2.3 Mutações Ativas 6.3 RESULTADO APURADO Fonte: STN (2007) – adaptado.

(5)

O Novo Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP) possui as seguintes classes das contas e modelo:

Classe das Contas:

1 – ATIVO

2 – PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO

3 – VARIAÇÃO PATRIMONIAL DIMINUTIVA 4 – VARIAÇÃO PATRIMONIAL AUMENTATIVA

5 - CONTROLES DA APROVAÇÃO DO PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO 6 – CONTROLES DA EXECUÇÃO DO PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO 7 – CONTROLES DEVEDORES

8 – CONTROLES CREDORES

Modelo

1 ATIVO 2 PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO

ATIVO CIRCULANTE Disponível

Créditos em Circulação Bens e Valores em Circulação

Investimentos dos Regimes da Previdência ATIVO NÃO-CIRCULANTE

Ativo Realizável a Longo Prazo Investimento Imobilizado Intangível PASSIVO CIRCULANTE Valores de Terceiros Obrigações em Circulação PASSIVO NÃO-CIRCULANTE Obrigações Exigíveis a Longo Prazo Patrimônio Líquido

3 VARIAÇÃO PATRIMONIAL DIMINUTIVA 4 VARIAÇÃO PATRIMONIAL AUMENTATIVA

Pessoal e Encargos Benefícios Sociais Uso de Bens e Serviços Financeiras Transferências Tributárias e Contributivas Outras Tributárias Contribuições

Exploração de Bens e Serviços Financeiras

Transferências

5 CONTROLES DA APROVAÇÃO DO PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO

6 CONTROLES DA EXECUÇÃO DO PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO

Planejamento Aprovado Orçamento Aprovado Inscrição de Restos a Pagar

Execução do Planejamento Execução do Orçamento Execução de Restos a Pagar

7 CONTROLES DEVEDORES 8 CONTROLES CREDORES

Atos Potenciais Administração Financeira Dívida Ativa

Riscos Fiscais Custos

Execução dos Atos Potenciais Execução da Administração Financeira Execução da Dívida Ativa

Execução dos Riscos Fiscais Apuração de Custos Fonte: Portaria STN nº467, de 6 de agosto de 2009 (adaptado).

(6)

O grupo PLANEJAMENTO APROVADO compreende os seguintes subgrupos de contas:

PPA - Aprovado – registra os valores financeiros previstos para a execução dos

programas e ações estabelecidos no Plano Plurianual.

PLOA – registra os valores financeiros previstos para a execução dos programas e ações

estabelecidos no Projeto de Lei Orçamentária Anual.

O grupo ORÇAMENTO APROVADO compreende os seguintes subgrupos de contas:

Previsão da Receita – registra a previsão da receita orçamentária aprovada pela Lei

Orçamentária, bem como as previsões adicionais.

Fixação da Despesa – registra a fixação da despesa orçamentária aprovada pela Lei

Orçamentária, bem como os créditos adicionais.

O grupo EXECUÇÃO DO PLANEJAMENTO compreende os seguintes subgrupos:

Execução do PPA – registra a execução do Plano Plurianual.

Execução do PLOA – registra os valores aprovados para execução do Projeto de Lei

Orçamentária Anual.

O grupo EXECUÇÃO DO ORÇAMENTO compreende os seguintes subgrupos de contas:

Execução da Receita – registra a receita orçamentária a ser arrecadada e a receita

orçamentária arrecadada.

Execução da Despesa – registra o crédito orçamentário disponível e as diversas etapas

da execução das despesas orçamentárias, do empenho ao pagamento.

3 METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa exploratória com o objetivo de aprofundar conhecimentos das inovações introduzidas pela Portaria STN nº 467/2009, realizada por meio de pesquisa bibliográfica, a partir de material já elaborado em livros e artigos e com abordagem qualitativa, já que se propõe a descrever a complexidade do problema. [BEUREN et al., 2003].

A coleta de dados foi realizada no Volume IV - PCASP, aprovado pela Portaria STN nº 467, de 6 de agosto de 2009, especificamente no Anexo III, que trata dos lançamentos contábeis padronizados.

A análise dos dados foi realizada com base na Teoria Contábil (padronização de registros contábeis a débito como aplicações de recursos e a crédito origens de recursos)

(7)

e o atendimento a Lei 4.320/64 (evidenciação das despesas e receitas correntes e de capital).

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os registros contábeis de acordo com o Anexo III – Lançamentos Contábeis Padronizados do Volume IV – PCASP, aprovado pela Portaria STN nº 467, de 6 de agosto de 2009 para a receita e despesa orçamentária são os seguintes:

4.1 Previsão da Receita Orçamentária

Código da Conta Título da Conta Valor (R$)

D C

5.2.1.x.x.xx.xx 6.2.1.x.x.xx.xx

Previsão inicial da receita Receita orçamentária a realizar

1.200.000 1.200.000

4.2 Fixação da Despesa Orçamentária

Código da Conta Título da Conta Valor (R$)

D C

5.2.2.x.x.xx.xx 6.2.2.x.x.xx.xx

Dotação orçamentária inicial Crédito orçamentário disponível

1.200.000 1.200.000

Os registros 4.1 e 4.2 não apresentam novidades quanto aos procedimentos já utilizados no setor público. Os lançamentos nas contas das classes 5 e 6 passam a ser utilizados para a elaboração do Balanço Orçamentário.

4.3 Reconhecimento de Crédito Tributário

Código da Conta Título da Conta Valor (R$)

D C

1.1.x.x.x.xx.xx 4.1.1.x.x.xx.xx

Tributo a receber (P)

Variação patrimonial aumentativa - Tributárias

1.000.000 1.000.000

4.4 Arrecadação de Tributos

Código da Conta Título da Conta Valor (R$)

D C 1.1.1.x.x.xx.xx 1.1.2.x.x.xx.xx Disponível (F) Tributo a receber (P) 900.000 900.000

Código da Conta Título da Conta Valor (R$)

D C

6.2.1.x.x.xx.xx 6.2.1.x.x.xx.xx

Receita orçamentária a realizar Receita orçamentária realizada

900.000 900.000

(8)

Código da Conta Título da Conta Valor (R$) D C 7.2.2.x.x.xx.xx 8.2.2.x.x.xx.xx Disponibilidade de recursos

Disponibilidade por destinação de recursos

900.000 900.000

Observa-se que foram realizados novos lançamentos sobre Tributos a Receber (itens 4.3 e 4.4 anteriores) para evidenciar a situação de direitos a receber. Tais lançamentos tornarão mais real a situação dos ativos da entidade pública.

4.5 Operação de Crédito

Código da Conta Título da Conta Valor (R$)

D C 1.1.1.x.x.xx.xx 2.1.2.x.x.xx.xx Disponível (F) Obrigações em circulação (P) 200.000 200.000

Código da Conta Título da Conta Valor (R$)

D C

6.2.1.x.x.xx.xx 6.2.1.x.x.xx.xx

Receita Orçamentária a realizar Receita Orçamentária realizada

200.000 200.000

Código da Conta Título da Conta Valor (R$)

D C

7.2.2.x.x.xx.xx 8.2.2.x.x.xx.xx

Disponibilidade de recursos

Disponibilidade por destinação de recursos

200.000 200.000

Observa-se nos registros de Operação de Crédito a falta de registro do valor da Despesa de Capital, como despesa orçamentária realizada (executada), visto que o registro na conta 6.2.1.X.X.XX.XX - Receita Orçamentária Realizada encontra-se de forma sintética. Deve ter além desse registro o valor da Despesa de Capital da Operação de Crédito.

Na minuta do novo PCASP que a STN disponibilizou em 30 de janeiro de 2009 para consulta pública, os registros eram complementados com o registro abaixo:

D: Receita de Capital – Operações de Crédito C: Controle da Receita Orçamentária

A crítica a este registro se refere a tratar de lançamentos a débito de receitas realizadas (executadas), visto que as origens de recursos devem ser creditadas.

A sugestão para atender a Lei 4.320/64 (evidenciar no Balanço Orçamentário as Receitas de Capital realizadas - executadas) é proceder com o registro a mais da seguinte forma:

D: Controle da Execução Orçamentária da Receita C: Receita de Capital – Operações de Crédito 4.6 Contratação de Serviços

(9)

Registro de contrato de serviços

Código da Conta Título da Conta Valor (R$)

D C

7.1.2.x.x.xx.xx 8.1.2.x.x.xx.xx

Contratos de serviços

Obrigações contratadas a executar

120.000 120.000

Empenho da despesa de serviços

Código da Conta Título da Conta Valor (R$)

D C

6.2.2.x.x.xx.xx 6.2.2.x.x.xx.xx

Crédito orçamentário disponível Crédito empenhado a liquidar

120.000 120.000

Código da Conta Título da Conta Valor (R$)

D C

8.2.2.x.x.xx.xx 8.2.2.x.x.xx.xx

Disponibilidade por destinação de recursos Disponibilidade por destinação de recursos comprometida

120.000 120.000

Liquidação da despesa de serviços e entrega da nota fiscal

Código da Conta Título da Conta Valor (R$)

D C

3.3.2.x.x.xx.xx 2.1.2.x.x.xx.xx

Variação patrimonial diminutiva – Uso de bens e serviços

Obrigações em circulação (F)

10.000 10.000

Código da Conta Título da Conta Valor (R$)

D C

8.1.2.x.x.xx.xx 8.1.2.x.x.xx.xx

Obrigações contratadas a executar Obrigações contratadas executadas

10.000 10.000

Código da Conta Título da Conta Valor (R$)

D C

6.2.2.x.x.xx.xx 6.2.2.x.x.xx.xx

Crédito empenhado a liquidar Crédito empenhado liquidado a pagar

10.000 10.000

Pagamento da despesa de serviços

Código da Conta Título da Conta Valor (R$)

D C 2.1.2.x.x.xx.xx 1.1.1.x.x.xx.xx Obrigações em circulação (F) Disponível (F) 10.000 10.000

Código da Conta Título da Conta Valor (R$)

D C

6.2.2.x.x.xx.xx 6.2.2.x.x.xx.xx

Crédito empenhado liquidado a pagar Crédito empenhado pago

10.000 10.000

Código da Conta Título da Conta Valor (R$)

D C

8.2.2.x.x.xx.xx 8.2.2.x.x.xx.xx

Disponibilidade por destinação de recursos comprometida

Disponibilidade por destinação de recursos comprometida – utilizada

10.000 10.000

(10)

Analisando os registros contábeis da contratação de serviços (despesas correntes efetivas), observa-se a falta do registro da despesa orçamentária corrente (prestação de serviços), visto que os valores da conta 3.3.2.X.X.XX.XX - Variação patrimonial diminutiva – Uso de bens e serviços se referem ao resultado patrimonial da despesa efetiva e não atende o registro para compor o Balanço Orçamentário na questão da despesa corrente realizada.

Na minuta do novo PCASP que a STN disponibilizou em 30 de janeiro de 2009 para consulta pública, os registros eram complementados com o registro abaixo:

D: Despesa Corrente – Serviços de Terceiros C: Controle da Execução Orçamentária da Despesa

Este registro, além de debitar aplicações de recursos, atende a exigência da Lei 4.320/64, ou seja, evidenciar no Balanço Orçamentário o valor das despesas realizadas (executadas).

Os sistemas informatizados de contabilidade necessitam de contas que serão utilizadas para elaborar qualquer demonstração contábil. Quando se realiza um registro em determinada conta, o valor será transferido automaticamente pelo sistema para a demonstração contábil. Na administração pública federal são utilizados eventos para os lançamentos contábeis de despesas e receitas orçamentárias (correntes e de capital). Os eventos são registros contábeis com roteiro de contas previamente pré-determinadas.

Como será evidenciado o valor das despesas executadas e receitas realizadas, se não houver os valores registrados nas contas?

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS, SUGESTÃO DE REGISTROS CONTÁBEIS E CONCLUSÃO

Este artigo em atendimento ao objetivo proposto analisou os novos registros padronizados da receita e despesa orçamentária contemplados no novo dispositivo legal (Portaria STN 467/2009) para atender às exigências da Lei 4.320/64, quanto à evidenciação das despesas e receitas orçamentárias para serem utilizadas na elaboração do balanço orçamentário.

Como sugestão para atender a elaboração do balanço orçamentário (Lei 4.320/64), seria a criação dos seguintes subgrupos de contas:

5.2.3 Controle da Execução Orçamentária da Receita (Débito) 6.2.3 Execução da Receita Orçamentária (Crédito)

5.2.4 Execução da Despesa Orçamentária (Débito)

(11)

Conclui-se que os registros contábeis padronizados da receita e despesa orçamentária não atendem a Lei 4.320/64, ou seja, os novos registros não são suficientes para a elaboração do Balanço Orçamentário.

REFERÊNCIAS

BEUREN, Ilse Maria (Org.). Como elaborar trabalhos monográficos em contabilidade

- teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2003.

BRASIL. Lei nº. 4.320, de 17 de março de 1964. Estatui normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 23 de março de 1964.

BRASIL. Ministério da Fazenda. Portaria MF Nº 184, de 25 de agosto de 2008. Dispõe sobre as diretrizes a serem observadas no setor público (pelos entes públicos) quanto aos procedimentos, práticas, elaboração e divulgação das demonstrações contábeis, de forma a torná-los convergentes com as Normas Internacionais de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 26 de agosto de 2008.

BRASIL. Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional (STN). Portaria STN nº 467, de 06 de agosto de 2009. Aprova os volumes II - Procedimentos Contábeis Patrimoniais, III - Procedimentos Contábeis Específicos e IV - Plano de Contas Aplicado ao Setor Público, da 2ª edição do Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público, e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília.

BRASIL. Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional (STN). Instrução Normativa nº. 23, de 23 de dezembro de 1986. Plano de Contas da Administração Pública Federal. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília.

BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) – Ministério da Fazenda. Portaria-Conjunta Nº 2, de 6 de Agosto de 2009. Aprova o Volume I - Procedimentos Contábeis Orçamentários da 2ª edição do Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público - MCASP, e dá outras providências. Diário Oficial da

República Federativa do Brasil, Brasília.

JUND, Sérgio. Administração, orçamento e contabilidade pública: teoria e 850

questões. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.

LIMA, Diana Vaz; CASTRO, Róbison Gonçalves. Contabilidade Pública – integrando

(12)

MOTA, Francisco Glauber Lima. Curso básico de contabilidade publica: teoria com

exercícios comentados. 2. ed. Brasília: Cidade, 2006.

NIYAMA, Jorge Katsumi; SILVA, César Augusto Tibúrcio. Teoria da contabilidade. São Paulo: Atlas, 2008.

PISCITELLI, Roberto Bocaccio; TIMBÓ, Maria Zulene Farias; ROSA, Maria Berenice.

Contabilidade pública - uma abordagem da administração pública. 7. ed. São Paulo:

Atlas, 2002.

SILVA, Lino Martins da. Contabilidade governamental – um enfoque administrativo. 7 ed. São Paulo: Atlas, 2004.

Referências

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