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Aula 02. Flagrante em crimes de menor potencial ofensivo

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Academic year: 2021

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Resumo elaborado pela equipe de monitores. Todos os direitos reservados ao Master Juris. São proibidas a reprodução e quaisquer outras formas de compartilhamento.

Turma e Ano: Juizado Especiais Criminais (2016) Matéria / Aula: Juizados Especiais Criminais 02 Professora: Elisa Pittaro

Monitor: Gabriel Desterro e Silva Pereira

Aula 02

Flagrante em crimes de menor potencial ofensivo

A prisão em flagrante não é um ato único, ela segue algumas etapas. A primeira etapa é a captura, o ato de pegar e levar o indivíduo até a delegacia, a segunda fase é a elaboração do APF (Auto de Prisão em Flagrante) e a terceira e última etapa seria o encarceramento do indivíduo.

No flagrante dos crimes de menor potencial ofensivo da Lei nº 9.099 também é possível a condução coercitiva do indivíduo até a Delegacia, todavia, uma vez nela, há algumas peculiaridades nos próximos atos. A Lei nº 9.099 diz que os delegados devem dar ao indivíduo a possibilidade de

prestar o compromisso de comparecer.

Conduzido coercitivamente à DP em razão da prática de um delito de menor potencial ofensivo, o conduzido terá a oportunidade de prestar o compromisso de comparecer: assumido o compromisso, não será lavrado o APF e o agente será liberado; caso o agente se recuse a prestar o compromisso, o delegado deverá arbitrar fiança conforme art. 322, CPP.

Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança será requerida ao juiz, que decidirá em 48 (quarenta e oito) horas. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

Na concessão da fiança arbitrada em sede policial não há análise de qualquer requisito subjetivo, delegado levará em consideração apenas a capitulação do fato criminoso. O delegado deverá arbitrar a fiança, sob pena da prisão ser considerada ilegal e dele estar cometendo crime de abuso de autoridade. Caso o agente também não preste a fiança, ele será encarcerado e o delegado encaminhará as cópias do APF ao juiz, que provavelmente o colocará em liberdade.

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Caso o agente preste o compromisso, mas não compareça, não é possível restabelecer o efeito prisional do flagrante. Ou seja, em termos de medidas coercitivas não há nada a ser feito.

E se o indivíduo conduzido coercitivamente para a Delegacia em razão da prática de delito de menor potencial ofensivo apresentar transtornos mentais? O delegado terá duas opções: (i) nomear um curador imediatamente para que preste o compromisso em nome do indivíduo; (ii) deixar o indivíduo separado dos outros presos e comunicar imediatamente ao juízo para que este adote as medidas que entender cabíveis (se for o caso, instaurar o incidente de sanidade mental). O problema dessa situação é que o delegado deverá tomar uma decisão imediata, no ato da apresentação do indivíduo, sem que haja expressa disposição legal prevendo qual atitude tomar.

A ideia da Lei nº 9.099 era de que após a lavratura do termo circunstanciado, o indivíduo fosse imediatamente direcionado ao juizado para que a audiência fosse realizada no mesmo dia. Todavia, isso não é o que ocorre na realidade. Na prática, o indivíduo presta o compromisso e aguarda a intimação do juiz responsável pelo juizado dizendo o dia e a hora da audiência preliminar.

Audiência Preliminar

Os envolvidos e o MP, se possível, devem chegar em um consenso nessa audiência. Inicialmente, há proposta de composição civil dos danos (art. 74), após poderá ocorrer a transação penal (art. 76) e também poderá ocorrer o oferecimento da denúncia ou queixa.

 Composição civil dos danos

Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil competente.

Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação.

A composição civil dos danos é a proposta feita pelo suposto autor do fato à vítima para reparar os prejuízos causados pela infração. Aceita a proposta e homologado o acordo, o juiz declarará extinta a punibilidade.

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“Renúncia”, pelo CP e CPP, é um instituto típico das ações penais de natureza privada. No entanto, na Lei nº 9.099, a composição dos danos também poderá atingir a ação penal pública condicionada à representação.

Cabe composição civil dos danos em crimes de ação penal pública incondicionada?

Em tese, sim. No entanto, a composição civil, nesse caso, não obstará o oferecimento da denúncia. Já houve enunciado do FONAJE – hoje já cancelado – estabelecendo que este acordo retiraria do MP o interesse em oferecer denúncia.

É possível que a composição civil dos danos seja requisito para transação penal?

Em regra, composição e transação são institutos distintos, porém, na legislação ambiental o art. 27 da Lei nº 9.605 (Crimes contra o Meio Ambiente) estabelece que só será possível transação se antes houver ocorrido a prévia composição civil dos danos.1

o Questão polêmica:

“A”, “B”, e “C” cometeram um crime de ação penal privada. Na audiência preliminar, “A” e “B” compareceram e realizaram a composição civil dos danos na medida de seus quinhões, mas “C” não compareceu. Aceita a proposta e homologado o acordo, houve extinção da punibilidade de “A” e “B” pela renúncia. Este acordo também beneficiará o “C”?

1ª Corrente: A renúncia é uma causa de extinção da punibilidade comunicável, como não existe nenhum dispositivo em sentido contrário, todos serão beneficiados pela denúncia, até porque a vítima aceitou a composição civil dos danos. O último julgado sobre o tema no STJ se orientou por essa corrente.

2ª Corrente (Grandinetti): A renúncia na Lei nº 9.099 é diferente daquela prevista no CP, porque na primeira se pressupõe a prévia composição civil dos danos. Logo, só haverá extinção da punibilidade pela renúncia para aqueles que participaram do acordo.

 Transação Penal

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Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.

Transação penal é uma proposta feita pelo MP ao suposto autor do fato para cumprimento antecipado de pena restritiva de direito ou multa.

O §2º do art. 76 traz os requisitos para a transação penal (leitura a contrário sensu):

§ 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:

I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade, por sentença definitiva;

II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo;

III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida.

Na transação penal não se analisa culpa, é um acordo no qual o suposto autor do fato aceita se abdicar de um processo penal sob a condição de cumprimento de uma pena restritiva de direito ou multa.

O indivíduo não é considerado culpado ou reincidente pela aceitação da transação e cumprimento da pena restritiva de direito ou multa. No entanto, ele não poderá se valer do mesmo benefício pelo prazo de 5 anos.

A fonte de inspiração da transação penal advém do direito norte-americano, no instituto da “plea

bargaining”). Essa sistemática, inclusive, influenciou também a elaboração do PLS nº 156, que

prevê, para os crimes cujo procedimento seja o sumário, a possibilidade de dispensa da instrução e condenação do acusado à pena mínima em caso de confissão.

Na transação penal da Lei nº 9.099, no entanto, nem confissão há, vez que nesta não se discute culpa.

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1ª Corrente (Ada Pellegrini): Houve mitigação, pois o MP deixa de denunciar para propor uma medida alternativa, surgindo a chamada discricionariedade regrada.

2ª Correte (Afrânio): Não houve mitigação, pois quando o MP faz a proposta de transação ele está exercendo uma ação penal diferente: há imputação, análise de tipicidade e proposta de aplicação de pena perante o Judiciário.

o Qual a natureza jurídica da transação penal?

1ª Corrente (Ada): Presentes os requisitos legais, é direito subjetivo do acusado.

2ª Corrente (STJ): Não é direito subjetivo do acusado, mas um poder-dever do Ministério Público.

3ª Corrente: Nas ações penais privadas querelante pode perdoar, renunciar, mas nem por isso existe direito subjetivo ao perdão e à renúncia. Logo, toda a discricionariedade que havia nas ações penais privadas foi trazida para as ações penais públicas sem qualquer ilegalidade.

o O que poderá ser feito se o MP não fizer a proposta de transação penal?

1ª Corrente (já foi forte nos tribunais antigamente, hoje poucos julgados se orientam nesse sentido): Sendo um direito subjetivo do acusado, o juiz fará a proposta de ofício.

Crítica: Transação é acordo entre as partes. Não faz sentido o juiz fazer uma proposta de transação.

2ª Corrente (Damásio): Para que não haja ofensa à inércia, o juiz fará a proposta a pedido da defesa.

Crítica: Mesmas considerações feitas na 1ª corrente.

3ª Corrente (Mirabete; possui respaldo na jurisprudência paulista): Como é um poder discricionário do MP, se houver recusa, não há nada a ser feito.

4ª Corrente (Bitencourt): Não podemos aplicar o art. 28, CPP, pois é um dispositivo que tutela interesses do Estado, não do réu. A solução será impetrar um HC contra o membro do MP.

5ª Corrente (majoritária): Solução é aplicar analogicamente a Súmula nº 696, STF, remetendo o feito ao PGJ, conforme art. 28, CPP.

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Crítica: Havia uma resistência em aplicar o art. 28 porque haveria um prejuízo à celeridade,

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