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Alianças estratégicas

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA NATÁLIA ANGELO MASO

ALIANÇAS ESTRATÉGICAS: UMA ANÁLISE DAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS E COMO ELAS ACELERARAM O PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO DA

EMPRESA PORTOBELLO S/A

Florianópolis 2013

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NATÁLIA ANGELO MASO

ALIANÇAS ESTRATÉGICAS: UMA ANÁLISE DAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS E COMO ELAS ACELERARAM O PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO DA

EMPRESA PORTOBELLO S/A

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao curso de graduação em Relações Internacionais da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Relações Internacionais.

Orientador: Prof. Beatrice Maria Zanellato Fonseca Mayer, Msc.

Florianópolis 2013

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NATÁLIA ANGELO MASO

ALIANÇAS ESTRATÉGICAS: UMA ANÁLISE DAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS E COMO ELAS ACELERARAM O PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO DA

EMPRESA PORTOBELLO S/A

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado à obtenção do título de Bacharel em Relações Internacionais e aprovado em sua forma final pelo Curso de Relações Internacionais da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Florianópolis, 8 de julho de 2013.

________________________________________

Profa. e Orientadora Beatrice Maria Zanellato Fonseca Mayer, Msc. Universidade do Sul de Santa Catarina

_______________________________________ Profa Jurema Pacheco

Universidade do Sul de Santa Catarina

_______________________________________ Profa Rejane Roecker

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AGRADECIMENTOS

O Trabalho de Conclusão de Curso exige extrema dedicação e comprometimento. Através do último trabalho da universidade se encerra um longo período de estudos, os quais eu não poderia concluir se não fossem os incessantes esforços dos meus pais. Por isso, gostaria primeiramente de agradecer ao meu pai e à minha mãe, que me estimularam a aprender mais e a lutar sempre.

Agradeço também aos meus amigos, pelo apoio que me foi dado ao longo dessa jornada, por proporcionarem momentos de descontração, alegria e também pelo incentivo para concluir mais esta etapa. Em especial agradeço ao meu amigo Victor, que nunca mediu esforços em me ajudar a encontrar sinônimos, livros na biblioteca, dar sugestões e principalmente em me acalmar durante o semestre todo falando que eu iria conseguir entregar o TCC a tempo.

Agradeço também a empresa Imaginarium por haver me disponibilizado horas de trabalho para que eu pudesse estar finalizando esta pesquisa.

Enfim, agradeço aos gestores e colegas da Portobello S.A que sempre se disponibilizaram em me ajudar na pesquisa. À minha professora e orientadora, Beatrice Mayer, agradeço o empenho e a disponibilidade em avançar comigo neste projeto.

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“What you get by achieving your goals is not as important as what you become by achieving your goals”.

“O que você ganha por atingir suas metas não é tão importante quanto o que você se torna depois de atingi-las”.

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RESUMO

A presente pesquisa, caracterizada como um estudo de caso, buscando apresentar como a empresa Portobello S.A vem conduzindo suas alianças estratégicas e de que forma estas impulsionaram sua internacionalização. Uma aliança caracteriza-se por acordos que permitem às empresas, minimizar riscos e obter recursos complementares e insumos tecnológicos essenciais. É também um dos principais instrumentos das políticas de competitividade.Dessa forma, destacaram-se as atividades de Outsourcing Offshore, Outsourcing Inshore, Joint Venture e Investimento Direto. Para desenvolver a análise, estudaram-se as práticas de cooperação da empresa, além de entrevistas semiestruturadas com os gestores da Portobello S/A, as quais propiciaram informações essenciais sobre o desenvolvimento dessas práticas.Partindo sob o enfoque das teorias de internacionalização de empresas, as quais foram abordadas na fundamentação teórica, observou-se se o processo de expansão internacional da Portobello foi gradual ou descontínuo.Através desse estudo, constatou-se que a empresa iniciou seu processo de internacionalização de forma gradual e que as alianças e redes de cooperação não aceleraram sua internacionalização, porém foram de suma importância para o seu processo evolutivo.

Palavras-Chave: Alianças Estratégicas; Acordos; Internacionalização; Políticas de

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ABSTRACT

The present paper, which its characterized as a case study, analyses how the company Portobello S/A has developed its strategy alliances, and how it boosted its internationalization. An alliance is characterized by agreements that enable companies to minimize risks and gain additional resources and essential technological inputs. It is also one of the main instruments of political competitiveness. From this perspective, it was studied the company´s alliances like Offshore Outsourcing, Inshore Outsourcing, Joint Venture and Direct Investment. To develop the analysis it was settle semi-structured interviews with managers of Portobello S/A, which provided relevant information on the development of these practices.Based on the entrepreneur internationalization theories, which have been addressed in the theoretical basis of this research, it was observed how has been the process of international expansion of Portobello S/A.Through this study, it was verified that the company started its internationalization process gradually and that alliances and cooperation networks not accelerated its internationalization, but were extremely important for the evolutionary process of it.

Key-words: Strategic Alliances, Agreements; Internationalization, Competitiveness

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Premissas Modelo Upssala. ... 28

Figura 2: Entrada em mercados internacionais. ... 33

Figura 3: Um modelo de colaboração. ... 38

Figura 4: Cinco grandes passos na decisão de Outsourcing. ... 43

Figura 5: Mapa de orientação conceitual para a classificação das redes. ... 49

Figura 6: Parque fabril Portobello S/A. ... 58

Figura 7: Participação nos lucros da empresa 2011. ... 63

Figura 8: Participação nos lucros da empresa 2012. ... 63

Figura 9: Participação nos lucros da empresa 2013. ... 63

Figura 10: Características dos fornecedores II. ... 64

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Divergências quanto ao conceito de Born global. ... 31

Tabela 2: Formas de colaboração. ... 40

Tabela 3: Características dos fornecedores. ... 64

Tabela 4: Panorama histórico 2011-2013. ... 67

Tabela 5: Produtos comercializados pela Almeida para a empresa Portobello S/A. . 67

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LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

UNISUL – Universidade do Sul de Santa Catarina; S/A – Sociedade Anônima;

SC – Santa Catarina;

EMN – Empresa Multinacional;

IED – Investimentos Estrangeiros Diretos; P&D – Pesquisa e Desenvolvimento;

EBT´s – Empresas de Bases Tecnológicas; OI – Instituto de Outsourcing;

Inc. – Incorporação;

AMBEV – Companhia de Bebidas das Américas; MIT – Massachusetts Institute of Technology; CIO –Chief Information Officer;

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 13

1.1 EXPOSIÇÃO DO TEMA E DO PROBLEMA ... 14

1.2 OBJETIVOS ... 15 1.2.1 Objetivo Geral ... 15 1.2.2 Objetivos Específicos ... 16 1.3 JUSTIFICATIVA ... 16 1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ... 17 1.4.1 Caracterizações da Pesquisa ... 18

1.4.2 Métodos de Coleta e Análise dos Dados ... 19

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO ... 20

2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 22

2.1 GLOBALIZAÇÃO ... 22

2.2 INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS ... 23

2.2.1 Conceitos de Internacionalização de Empresas ... 24

2.2.2 Enfoque Econômico: Teoria do Paradigma Eclético de Dunning ... 25

2.2.3 Enfoque Comportamental: A Teoria de Internacionalização da Firma ... 27

2.2.4 Teorias de Aceleração de Internacionalização ... 29

2.3 FORMAS DE ENTRADA NO MERCADO EXTERIOR ... 33

2.4 CADEIA DE VALOR ... 35 2.5 ALIANÇAS ESTRATÉGICAS ... 37 2.6 LICENCIAMENTO ... 41 2.7 OUTSOURCING ... 41 2.7.1 Outsourcing Inshore ... 44 2.7.2 Outsourcing Nearshore ... 45 2.7.3 Outsourcing Offshore ... 45 2.8 JOINT VENTURES ... 46

2.9 A TEORIA DE REDES: CONCEITOS, HISTÓRICO, TIPOLOGIAS E MODELOS DE REDES INTERORGANIZACIONAIS. ... 47

3. ANÁLISE DE DADOS ... 52

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA PORTOBELLO S/A ... 52

3.1.1 Grupo Portobello S/A ... 52

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3.1.3 Crenças, Compromisso e Posicionamento ... 57

3.1.4 Parque Fabril ... 57

3.1.5 Canais Estratégicos de Distribuição da Empresa ... 58

3.2 ALIANÇAS ESTRATÉGICAS DA EMPRESA PORTOBELLO S/A ... 59

3.2.1 Portobello American Inc. ... 59

3.2.2 Outsourcing ... 62

3.2.3 Outsourcing Inshore ... 65

3.2.3.1 Histórico e caracterização da Empresa ... 65

3.2.3.2 Parceria Almeida # Portobello ... 66

3.2.4 Rede de Empresas ... 69

3.3. CONTRIBUIÇÕES DA REDE DE RELACIONAMENTOS ... 71

3.4 INTERNACIONALIZAÇÃO DA PORTOBELLO S/A ... 72

REFERÊNCIAS ... 79

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1 INTRODUÇÃO

Na sociedade contemporânea são perceptíveis às transformações sociais, econômicas, políticas e culturais, decorrentes do efeito da globalização.

O processo de globalização teve como fator propulsor o desenvolvimento na área tecnológica, que fizeram a comunicação se tornar mais rápida e as distâncias geográficas cada vez menores. Para Magnoli (1997, p.7), trata-se de “um processo pelo qual o espaço mundial adquiriu unidade”.

Esta unidade, como consequência da globalização, está presente na definição de Kuazaqui (1999, p.190) que explica:

De maneira simples, podemos conceituar a globalização como a diminuição das barreiras geográficas e econômicas, de forma que cada empresa poderá desenvolver negócios em qualquer país, usufruindo de mercados fornecedores de produtos, comercializadores e consumidores e clientes, respeitando as características que formam a base cultural de cada nação, como a cultura, língua, costumes e tradições.

Nas organizações, essas mudanças acabam impactando, muitas vezes, em uma reestruturação produtiva forçando-as a lidarem, de maneira rápida e eficaz, com a concorrência, focando em inovação constante e mantendo preços competitivos.

Como alternativa de expandir a competitividade, as empresas optam por atividades de cooperação estratégica e de internacionalização, e é sob esse enfoque, que o presente estudo pretende apresentar os modelos de alianças estratégicas e de redes de relacionamentos utilizados por uma empresa cerâmica do sul do Brasil e como essa prática pode potencializar o processo de internacionalização da empresa.

Neste primeiro capítulo, o trabalho se desenvolve com a seguinte temática: a exposição do tema e do problema, demonstração dos objetivos gerais e específicos no qual a pesquisa aspira alcançar, a justificativa da opção do tema, a metodologia científica a ser utilizada no desenvolvimento do trabalho, e, por fim, a estrutura da pesquisa.

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1.1 EXPOSIÇÃO DO TEMA E DO PROBLEMA

O presente estudo tem como variáveis de pesquisa as alianças estratégicas da empresa Portobello S/A e como elas potencializam o processo de internacionalização da empresa. Portanto, as duas variáveis de estudo estão vinculadas ao tema central: Gestão de Negócios Internacionais.

Os autores Chiusoli, Pacanhan e Stahl (2004, p. 24) afirmam que:

As alianças estratégicas são frutos de uma necessidade mercadológica de ganho de competitividade. [...] É a união de empresas em prol de um objetivo comum, utilizando-se para isso de suas competências individuais a fim de se fortalecerem mutuamente dentro do mercado no qual estão inseridas, sendo elas concorrentes ou não.

Essa prática é cada vez mais importante, pois representa umawin-win strategy, ou seja, são parcerias entre empresas, em que seus recursos, capacidades e competências são compartilhados para chegarem a um objetivo comum.

Para Aaker (2001), a importância está no fato das empresas não terem o principal fator de sucesso para um mercado como, por exemplo, a capacidade de distribuição, uma organização de vendas, tecnologia, marca, ou capacidade de produção. Resolver essa deficiência internamente pode exigir muito tempo e dinheiro. Quando as incertezas de operação em outros países são consideradas, uma aliança estratégica é a alternativa natural para reduzir o investimento, inflexibilidade e o risco resultante.

Essa atividade pode ser realizada pelas empresas com o objetivo de se inserirem em um novo mercado (geográfico ou setorial), adquirir novas competências ou ganhar dimensão crítica. (AAKER, 2001).

Sob esse aspecto, o estudo irá caracterizar os modelos de alianças estratégicas e de redes de relacionamentos utilizadas pela empresa Portobello, bem como, apresentará os motivos que a levaram a adotá-las, e como estas puderam potencializar a competitividade da empresa.

Nenhuma empresa nacional está, de todo, livre da influência de forças envolventes estrangeiras ou internacionais, porque existe sempre a possibilidade da concorrência de importações ou de concorrentes estrangeiros que estabelecem operações no seu próprio mercado. (BALL; MCCLLOCH, 1996, p.16).

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O estudo ainda abordará o tema internacionalização de empresas. A internacionalização, segundo Machado-da-Silva e Seifert Junior (2004), pode ser entendida como o conjunto de respostas estratégicas que promove o envolvimento em negócios internacionais.

Os modelos de redes de empresas, bem como, a categorização das empresas também recebem um tratamento especial, pois são aspectos relevantes para concluir o desenvolvimento do problema desta pesquisa.

Sob o enfoque das teorias de internacionalização de empresas verificar-se-á também se o processo de internacionalização da Portobello foi gradual ou descontínuo.

Todas essas análises e discussões conduzem à seguinte questão central de pesquisa, que direciona o desenvolvimento do trabalho:“Como as alianças

estratégicas da empresa Portobello S/A potencializaram sua internacionalização?”.

1.2 OBJETIVOS

Os objetivos tornam-se imprescindíveis para a realização da pesquisa, evidenciando e identificando o que se anseia aferir no decorrer do Trabalho de Conclusão de Curso - TCC. Com o intuito de expor as metas que se desejam alcançar, os objetivos são apresentados na forma de Objetivo Geral e Objetivos Específicos, expostos a seguir.

1.2.1 Objetivo Geral

O presente estudo tem como objetivo geral verificar se as alianças estratégicas estabelecidas pela empresa Portobello S/A propiciaram a aceleração do seu processo de internacionalização S/A.

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1.2.2 Objetivos Específicos

Para responder o problema de pesquisa e elaborar sequencialmente o presente trabalho, o objetivo geral foi decomposto nos seguintes objetivos específicos:

- Caracterizar a empresa Portobello S/A.

- Classificar os modelos de alianças estratégicas e de redes de relacionamentos utilizados pela Portobello S/A.

- Verificar quais foram às contribuições das redes de relacionamentos da Portobello S/A à sua internacionalização.

- Checar, sob o enfoque das teorias de internacionalização de empresas, se o processo de expansão internacional da Portobello foi gradual ou descontínuo.

1.3 JUSTIFICATIVA

Nas últimas décadas, diversas transformações estão sendo percebidas no modocomo as empresas conduzem suas relações comerciais.

O atual cenário de negócios demanda das empresas competitividade e inovação, premissas essas que acabam impulsionando as empresas a adotarem novas estratégias empresariais como a internacionalização de seus negócios e a busca de alianças estratégicas.

“A estratégia é vista como um jogo competitivo, ou seja, a soma das ações de empresas que competem em um mercado. É um guia para decisões que compreende ações e reações, e que envolve aspectos do negócio e preparação para obter vantagens nas interações”. (ZACCARELLI, 2004apud GIRARDI; SEHNEM, 2010, p. 120).

Richardson (1972, p. 883-896) sugere que a rede de relacionamentos com outras empresas seja indispensável para o sucesso no mercado competitivo. Entre as alianças possíveis, a prática do Outsourcing, Joint venture, licenciamento, entre outras, são vistas comoalternativas atraentes às organizações privadas, visto que essas atividades proporcionam um maior aproveitamento de recursos internos.

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Para a academia e para os acadêmicos do curso de Relações Internacionais, será apresentado um panorama histórico e uma contextualização atual do tema abordado, buscando conectar o tema proposto com as diversas disciplinas cursadas pelos mesmos. O estudo que será desenvolvido poderá servir como base de pesquisa aos acadêmicos interessados no assunto. As variáveis alianças estratégicas e internacionalização de empresas são áreas de estudos atuais, devido à rápida dinâmica do ambiente de negócios, aonde novos modelos e práticas vem sendo empregados. Os relacionamentos e as redes têm sido considerados uma forma rápida e eficaz de potencializar os negócios. Desta forma, pode-se afirmar que devido à atualidade e relevância, o tema de estudo é de interesse coletivo, abrangendo tanto a academia como as empresas.

No que tange a UNISUL, o trabalho configura-se no presente momento como um tema inédito, uma vez que as variáveis de estudo, alianças estratégicas e internacionalização, ainda não foram abordadas por outro acadêmico dentro da perspectiva Portobello S/A. Transformando-o em um objeto de valor para a base de dados da instituição.

Quanto à escolha do tema, ela ocorreu principalmente por duas vertentes, primeiramente pela experiência da autora, que atua profissionalmente na atividade de outsourcing emuma empresa do ramo da cerâmica em Santa Catarina e, posteriormente pela constatação empírica de que alianças, como as utilizadas pela empresa, na qual a autora atua, podem ser essenciais para o crescimento e aumento de competitividade dos negócios.

1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Os procedimentos metodológicos estão divididos nos itens caracterização da pesquisa e coleta e análise de dados, descritos na sequência, os quais pretendem esclarecer quais serão os métodos científicos utilizados para a realização desta pesquisa e de que forma serão aplicadas, a fim de atingir os objetivos predeterminados neste Trabalho de Conclusão do Curso em Relações Internacionais.

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1.4.1 Caracterizações da Pesquisa

Para identificação da pesquisa é necessário classificá-la em suas clássicas características e formas, pois conforme Marcantonio, Santos e Lehfeld (1993, p. 23):

Pesquisar é uma operação natural e necessária a todos os indivíduos. Nesse sentido, o termo é aplicado, genericamente, como sinônimo de busca, de indagação. Para alcançar a qualificação como um processo de investigação científica, requer o emprego da metodologia científica com o objetivo de descrever, explicar e compreender um objeto de pesquisa. A realização de uma pesquisa objetiva solucionar questões através de estudos científicos, ou seja, aqueles que aplicam a ciência a partir de procedimentos específicos, distinguindo-se assim do conhecimento vulgar ou popular, por ser um conhecimento questionador, sistemático e baseado em modelos.

Nesse sentido, o presente estudo apresenta-se como uma pesquisa cientifica à medida que busca seguir padrões aceitos pelas comunidades cientifica e acadêmica.

Considerando os objetivos definidos para a realização do projeto, a pesquisa que se segue pode ser definida como básica, visto que o estudo consiste na aquisição de conhecimento, sem fins de aplicabilidade imediata. Quanto aos objetivos, a pesquisa pode ser classificada como exploratória e descritiva.

A este respeito, Gil (2002, p.42) aponta que a pesquisa exploratória “tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses”. Já as pesquisas descritivas “têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis”.

Segundo Oliveira (1999, p.114), “o estudo descritivo possibilita o desenvolvimento de um nível de análise em que se permite identificar as diferentes formas dos fenômenos, sua ordenação e classificação”.

Portanto, baseando-se nessas definições de pesquisas exploratórias e descritivas, os objetivos serão alcançados por meio da contextualização de uma situação específica, considerando sua origem e efeitos.

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Esta pesquisa é caracterizada, ainda, como um estudo de caso, por analisar a situação ou caso de uma organização específica: a empresa Portobello S/A.

1.4.2 Métodos de Coleta e Análise dos Dados

Após apresentada a caracterização da pesquisa, faz-se indispensável determinar os métodos que serão aplicados para a concretização do projeto.

Para a fundamentação teórica e metodológica dessa pesquisa, far-se-á uso de conteúdos publicados em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas e artigos científicos, ou seja, uma pesquisa bibliográfica.

Para Fachin (2003, p. 125):

A pesquisa bibliográfica diz respeito ao conjunto de conhecimentos humanos reunidos nas obras. Tem como finalidade fundamental conduzir o leitor a determinado assunto e proporcionar a produção, coleção, armazenamento, reprodução, utilização e comunicação das informações coletadas para o desempenho da pesquisa.

Quanto à abordagem, a pesquisa classifica-se como qualitativa, ou seja, aquela a qual a análise de um problema se fundamenta em leituras sobre o tema da pesquisa a fim de chegar a uma conclusão (OLIVEIRA, 1999).

Quanto à coleta de dados, pode-se defini-la de acordo com duas técnicas: a de coleta de dados primários e a de coleta de dados secundários. Para esta pesquisa foram utilizados tanto os dados primários como os secundários.

Heerdt e Leonel (2007) classificam na primeira técnica os dados coletados diretamente na fonte ou que ainda não passaram por investigação e estudo. Assim, para essa pesquisa, foram coletados dados primários com o objetivo de descrever a internacionalização e parcerias da empresa Portobello S/A. Para tal, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com os gestores da área de Outsourcing da empresa Portobello S/A devido à aplicabilidade do tema com o departamento.

As entrevistas semiestruturadas se caracterizam por apresentarem um roteiro prévio com perguntas abertas, porém foram aplicadas de maneiras distintas, como conversas informais e gravações feitas pelo celular. O roteiro dessas entrevistas será apresentado no anexo deste presente estudo.

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Da mesma forma, foi utilizada a observação participativa, visto que a autora acompanhou os processos de cooperação nacional e internacional da empresa Portobello por trabalhar no departamento de Outsourcing da empresa. Em uma coleta de dados referente ao estudo de casos geralmente utilizam-se técnicas de pesquisa qualitativa, destacando a entrevista como o principal meio de coleta (HEERDT; LEONEL, 2007).

Na segunda técnica, por sua vez, Heerdt e Leonel (2007) incluem os dados que já foram analisados e estudados, aqueles que se encontram acessíveis em livros, CDs, teses. Os dados secundários desta pesquisa foram coletados em materiais relacionados ao tema do trabalho, presentes em artigos científicos, teses, livros e em meio eletrônico.

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO

A presente pesquisa encontra-se organizada em quatro capítulos que possuem subdivisões. No primeiro capítulo constam a introdução, o tema do trabalho e a limitação deste, a problematização, os objetivos gerais e específicos, bem como a justificativa e os procedimentos metodológicos.

O segundo capítulo apresenta o embasamento teórico que serve de alicerce para este trabalho. Nesta parte há uma abordagem acerca das alianças estratégicas e da internacionalização de empresas por meio da descrição dos tipos de negócios internacionais e de uma síntese das principais teorias desenvolvidas sobre o processo de internacionalização. Em seguida, faz-se uma exposição sobre as redes de cooperação empresariais e posteriormente sobre a teoria de aceleração da internacionalização.

No terceiro capitulo tem-se a apresentação e a análise dos dados que começa com uma breve contextualização da empresa Portobello S/A, a partir da história da empresa e do processo de internacionalização. Por fim, apresenta-se as alianças estratégicas utilizadas pela empresa Portobello S/A e os aspectos que envolvem a inter-relação entre as parcerias estabelecidas e sua internacionalização.

O quarto capítulo apresenta as considerações finais e algumas sugestões e observações. Finalmente, apresentam-se as referências bibliográficas utilizadas nesta pesquisa.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capítulo serão delineados os contornos que darão forma a esta pesquisa, com a apresentação da fundamentação teórica dos temas relacionados à problemática apresentada, bem como, suas respectivas abordagens teóricas e conceituais.

2.1 GLOBALIZAÇÃO

O período em que estamos inseridos e que vem ganhando forma e emergindo com mais força e dinamismo, tem como uma das suas principais características a presença de um contínuo e maciço fluxo de capitais, produtos, serviços, tecnologias, informações, pessoas, entre outros, envolvendo simultaneamente vários países e regiões do mundo. (BARBOSA, 2004).

Trata-se de um processo complexo e a fim de explicar as causas e consequências dessas transformações, surgiu o termo “globalização”.

Segundo Chesnais (1996), o termo globalização surgiu na década de 1980 em renomadas universidades norte-americanas e ganhou o mundo através da imprensa anglo-saxã.

A partir da dispersão do termo, passaram a existir vários conceitos para defini-lo. Para Hobsbawn (1995), globalização transmite a ideia de unificação do mundo. Na visão de Giddens (1996, p. 69), globalização é “a intensificação das relações sociais em escala mundial, que ligam localidades distantes de tal maneira que acontecimentos locais são modelados por eventos ocorrendo a muitas milhas de distância e vice-versa”.

O termo globalização ganhou evidência com as modificações políticas registradas no mundo todo, principalmente com o final da Guerra Fria. Após a dissolução da União Soviética, a globalização é, nas palavras de Santos (1995, p. 23) “o ápice do processo de internacionalização do mundo capitalista”.

Para Peng (2008) uma segunda visão sobre o termo alega que a globalização sempre fez parte da história humana. Empresas multinacionais, por exemplo, existem há mais de dois milênios, com raízes nos impérios assírio, fenício e romano. De acordo com o autor, no século Id. C.; o imperador romano Tibério estava tão incomodado com a enorme quantidade de importação de seda chinesa

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que instituiu a primeira cota de importação de tecidos conhecida do mundo. Para essa visão, a globalização não é novidade e sempre ocorrerá.

A globalização pode, ainda, ser compreendida como um processo cíclico onde há períodos em que o ritmo é intensificado, porém nunca deixa de acontecer. A este respeito, globalização pode significar segundo Moreira (2002, p. 95) “um processo social que atua no sentido de uma mudança na estrutura política e econômica das sociedades, ocorrendo em ondas com avanços e retrocessos separados por intervalos que podem durar séculos [...]”.

Desse modo, o processo de globalização sempre existiu, no entanto apresenta-se em velocidades diferentes em cada período. Durante as últimas décadas, ganhou mais evidência porque atingiu uma velocidade nunca antes experimentada.

A Intensificação do processo de globalização deriva também do aumento do fluxo de comércio, e do mesmo modo também o influencia a aumentar os seus níveis, o afetando assim a atuação das empresas multinacionais. Estas empresas são influenciadas a se comportarem de forma diferente para se inserirem competitivamente no mercado global. Novas formas como alianças estratégicas, internacionalização, e descentralização da cadeia de produção, são algumas das ações estratégicas que as empresas passam a adotar.

2.2 INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS

Conforme vimos anteriormente, a liberação de normas comerciais e financeiras, bem como a intensificação dos fluxos de comércio e financeiros em geral, entre outros fenômenos da globalização tem acarretado aumento recente, mas constante, de investimentos entre empresas originárias não apenas de países desenvolvidos, mas também de alguns países em desenvolvimento, como o Brasil.(ALMEIDA et al., 2007).

“A estreita correlação entre o comércio exterior e os investimentos externos diretos torna a internacionalização uma necessidade para que as empresas possam aumentar sua competitividade e enfrentar a concorrência internacional”. (ALEM; CAVALCANTI,2005, p. 44).

Nesse capítulo será abordado o tema “internacionalização de empresas”, explicitando as diferentes posições existentes sobre o conceito. Serão apresentadas

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duas correntes teóricas sobre o processo de internacionalização de empresas, uma sob a perspectiva comportamental e a outra sob a perspectiva racional econômica, sendo estas representadas pelo Modelo de Uppsala e pelo Paradigma Eclético Da Produção Internacional.

O capítulo ainda busca elucidar os principais meios de entrada para o mercado internacional, dentre os quais, encontram-se também as alianças estratégicas.

2.2.1 Conceitos de Internacionalização de Empresas

De acordo com uma pesquisa da Fundação Dom Cabral (2013) o grau de exposição internacional das empresas brasileiras é relativamente baixo, quando comparado com multinacionais de países desenvolvidos.

Depois de um século convivendo e competindo com multinacionais norte-americanas, europeias e japonesas no território brasileiro, as empresas brasileiras estão aprendendo a ser multinacionais. (AMATUCCI, 2009).Nesse sentido, mesmo que não exista um conceito claro definido sobre o tema, é de suma importância que se caracterize o processo de internacionalização,

Cyrino e Barcellos (2006) sugerem que a internacionalização pode ser definida como movimentos das organizações além das fronteiras de seu país de origem. Essas iniciativas podem ocorrer por meio de diversas dimensões, de forma isolada ou simultânea.

Para Hitt, Ireland e Hoskisson (2002, p.317), “as estratégias de internacionalização podem ser definidas como venda e/ou fabricação de produtos em mercados além das fronteiras do mercado doméstico de uma firma”.

“As estratégias de internacionalização também podem ser entendidas como uma combinação de inovação, pro - ativismo e comportamento de risco que atravessa fronteiras nacionais e tem como objetivo a criação de valor nas organizações”. (MCDOUGALL; OVIATT, 2000, p. 903, tradução nossa)1.

Para Mariotto (2007), se uma empresa fizer um primeiro investimento direto em instalações produtivas no exterior se tornará uma empresa multinacional

1International entrepreneurship, understood as “a combination of innovative, proactive and riskseeking

behavior that crosses national borders and is intended to create value in organizations”. (McDougall; Oviatt, 2000, p. 903. In: International Journal of Business and Economics, v. 9, n. 1, 2009).

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(EMN).Essa ação pode evoluir até o estabelecimento de subsidiárias em diversos países e, nesse sentido, o processo de envolvimento avançado da empresa em operações internacionais denomina-se “internacionalização”.

Para este estudo, o conceito que será utilizado será o de que a internacionalização não envolve somente a exportação, mas qualquer movimentação no exterior. Assim a internacionalização envolve também a instituição de filiais no exterior, o estabelecimento de parcerias, investimentos cruzados entre empresas, acordos de cooperação industrial e/ou comercial, ou ainda, a aquisição de empresas já constituídas no país alvo. (ALMEIDA, 2007).

As teorias que abordam a internacionalização de empresas desdobram-se em duas perspectivas: a comportamental e a econômica. (ROCHA, 2002).

A abordagem econômica, proporcionada pelo Paradigma Eclético da Produção Internacional de Dunning (1988)a partir das teorias de Poder de Mercado de Hymer e de Internalização de Bucley e Cassonparte do principio de que as empresas se internacionalizam por meio de Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) por três razões: ou para explorar as vantagens competitivas (de localização e de propriedade) ou para internalizar operações que seriam mais caras ou ineficientes se fossem feitas de acordo com os mecanismos de mercado. (FLEURY; FLEURY, 2007). Esta vertente teórica centra-se em explicar os motivos e fatores que influem na decisão das empresas em realizar investimentos diretos em países estrangeiros. (DUNNING, 1988).

Sob outra perspectiva de análise tem-se a abordagem com enfoque comportamental. Essa corrente enfatiza os aspectos comportamentais da internacionalização, que é vista como um processo composto de um conjunto de passos sequenciais dependentes do conhecimento obtido pela experiência, numa visão de processo gradual. (REZENDE, 2004 apud FLEURY; FLEURY, 2007).

2.2.2 Enfoque Econômico: Teoria do Paradigma Eclético de Dunning

Dunning (1995, 1998, 2000) procura explicar o processo de internacionalização com base no investimento estrangeiro. O autor explica que para que um processo de internacionalização tenha sucesso, este deve se embasar em três vantagens competitivas: vantagens específicas de propriedade (ownership advantages), vantagens específicas de localização (location advantages) e

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vantagens específicas de internalização (internalization advantages). As duas primeiras representam a base da teoria deHymere a última foi incorporada posteriormente. (FLEURY; FLEURY, 2007).

As Vantagens Específicas de Propriedade esclarecem como o atributo de certos ativos pode prover à empresa vantagens competitivas que serão levadas ao exterior com sucesso, como a propriedade sobre tecnologia, marca, processo, patente e ainda a propriedade monopolista sobre fontes de matéria-prima. (FLEURY; FLEURY, 2007).

A transferência de conhecimento não é um processo gradual de disseminação, o que requer alinhamento entre a capacidade de absorção do receptor e do transmissor para que não ocorram problemas no momento da transferência. (WINTER, 1995; SZULANSKI, 1996 apud OLIVEIRA JUNIOR, 2009). Ela consiste na ideia de que uma empresa que possua vantagens no mercado interno, como uma tecnologia superior, uma marca conhecida, economias de escala, tende a exceder as fronteiras nacionais para implantar novas instalações em outros países para que essas vantagens sejam exploradas.

A vantagem de localização caracteriza-se pelos benefícios decorrentes de localizar as atividades da empresa fora do mercado de origem. Tais vantagens poderiam ser obtidas pelo exercício, mesmo que provisório, do monopólio em um mercado sem concorrência; pela imposição do padrão de qualidade; pela proximidade do fornecedor com o cliente, pelo usufruto de incentivos governamentais; pelo acesso a matérias-primas locais e ainda pelo fato de a empresa ser a primeira a explorar o mercado. (AMATUCCI, 2009).

As Vantagens Específicas de Internalização defendem que uma corporação escolherá conservar a atividade dentro de sua empresa – internalizando-a – quinternalizando-ando os custos de negociinternalizando-ar com um pinternalizando-arceiro forem muito internalizando-altos. Os gastos de negociação abrangem o monitoramento do cumprimento de um contrato, o gerenciamento do cumprimento das leis de proteção à propriedade ou ao contrato; a garantia da qualidade do serviço ou produto; o controle do fluxo de informações entre as partes e a proteção do valor da marca de uma performanceinferior (AMATUCCI, 2009).

Para Dunning (1980) e Rocha (2002) a combinação dos fatores propriedade, localização e internalização são suficientes para explicar os IED, assim como os motivos pelos quais estas optarão pelo Investimento Direto

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(produção/estabelecimento internacional) como forma de entrada em determinado mercado.

2.2.3 Enfoque Comportamental: A Teoria de Internacionalização da Firma

O modelo de Uppsala é uma teoria que busca explicar os mecanismos básicos do processo de internacionalização de empresas além dos fatores meramente econômicos, considerando também a existência de outros fatores como cultural, ambiente, características da organização e de seus administradores, entre outros.

Em meados da década de 1970, pesquisadores da Universidade de Uppsala como Hornell, Johanson, Wiederscheim-Paul e Vahlne- analisaram o processo de internacionalização de firmas suecas manufatureiras e desenvolveram um modelo relacionado à forma como essas firmas escolhiam mercados e meios de entrada quando decidiam internacionalizar. (HEMAIS; HILAL, 2002).

Sob essa perspectiva, os autores constataram que o processo de internacionalização poderia ser explicado a partir de duas premissas: a cadeia de estabelecimento e a distância psíquica.

O conceito de cadeia de estabelecimento refere-se ao envolvimento da empresa com o novo mercado, ou seja, estabelece que a empresa desenvolve-se em determinado mercado internacional investindo recursos de forma sequencial. Os recursos investidos no mercado selecionado estão diretamente relacionados com o grau de conhecimento da empresa sobre esse mercado. Portanto se estabelece uma relação proporcional entre o grau de conhecimento sobre o mercado e o investimento de recursos da empresa no mesmo. (JOHANSON; VAHLNE, 1977, 1990).

A segunda característica observada por Johanson e Vahlne (1975) é a distância psíquica, definida como as diferenças percebidas entre valores, práticas gerenciais e educação existente entre os países. Segundo os autores, a teoria estabelece que “quanto maior a diferença entre o país de origem e o país estrangeiro em termos de desenvolvimento, nível e conteúdo educacional, idioma, cultura, sistema político, entre outros, maior o nível de incerteza”. (HEMAIS; HILAL, 2002, p. 22).

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Em outras palavras, o Modelo de Uppsala determina que quanto maior a distância psíquica com o novo mercado, menor o grau de conhecimento do mercado e menor o comprometimento de recursos investidos. É, portanto, sob essa perspectiva que as empresas iniciam sua internacionalização em países culturalmente próximos, onde a distancia psíquica é menor.

Ainda, Johanson e Vahlne (1977), estabelecem uma terceira premissa decorrente da observação do estudo anterior, a internacionalização para esses autores, é vista como um processo em que a empresa investe recursos gradualmente e busca capacidades no exterior de modo incremental.

Esse processo envolve uma internacionalização por meio de estágios. Pressupõe que uma empresa que detenha um bom posicionamento no seu mercado doméstico começa a explorar o mercado externo, vai acumulando experiências e, gradualmente, torna-se uma exportadora experiente que poderá, ou não, estabelecer unidades no exterior. (MARTIGNAGO, 2011).

A teoria consiste em uma sequencia de processos de desenvolvimento gradual. Para que esses processos sejam implementados, as empresas podem adotar várias formas organizacionais que incluem a opção de licenciamento, Joint venture ou ainda uma implantação de uma subsidiária (comercial e/ou fabril).

A teoria de Internacionalização da Firma de Johanson e Vahlne pode ser resumida em quatro principais premissas:

Figura 1: Premissas Modelo Upssala.

Fonte: Johanson e Vahlne (1977, 1990). Adaptado pelo autor.

Os estudos de Uppsala indicam que o maior obstáculo ao processo de internacionalização consiste na falta de conhecimento do mercado-alvo, sendo esse fator o que justifica o gradualismo do processo de internacionalização. Dessa forma, as empresas começam a internacionalização em países culturalmente próximos, que geralmente representam aqueles com os quais se tem proximidade geográfica.

1) A INTERNACIONALIZÃÇAO DAS EMPRESAS É UM PROCESSO GRADUAL E EVOLUTIVO QUE SEGUE ETAPAS.

2) AS EMPRESAS AUMENTAM SEU COMPROMETIMENTO DE RECURSOS NO MERCADO À MEDIDA QUE ADQUIREM CONHECIMENTO DESTE.

3) AS EMPRESAS SE EXPANDEM PARA PAÍSES COM CULTURAS E LÍNGUAS SEMELHANTES ÀS DOS PAÍS DE ORÍGEM.

4) AS EMPRESAS, INICIALMENTE, ADOTAM FORMAS DE ENTRADA QUE IMPLICAM MENOR COMPROMETIMENTO DE RECURSOS E RISCO.

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Conforme a empresa adquire conhecimento do processo, sente-se mais preparada para se inserir em novos mercados internacionais. (MARTIGNAGO, 2011).

Em face disso, subsidiárias e escritórios comerciais representam uma sequencia de maior comprometimento de recursos, resultado do maior conhecimento de mercado. (MARTIGNAGO, 2011).

Apesar da teoria, na sua essência, relacionar um caráter evolutivo à internacionalização, os estudiosos de Uppsala observam que as empresas passaram a apresentar reações diferentes, mais imediatas em termos de internacionalização. Houve uma aceleração do processo de internacionalização, e as empresas não necessariamente seguem o gradualismo sugerido pela teoria.

Outras pesquisas sugerem que as empresas entram e evoluem em mercados internacionais de maneira descontínua. (BENITO; WELCH, 1997; ZANDER, 1997). Nesse último caso, vários fatores têm sido apontados para explicar as razões pelas quais as empresas internacionalizam operações adotando padrões distintos daquele descrito pelo modelo sueco. Por exemplo, esse modelo foi formulado no final da década de 1970, época em que o ambiente de negócio era menos interligado internacionalmente. (HEDLUND; KVERNELAND, 1993). É também baseado em empresas ocidentais (FONFARA; COLLINS, 1990), altamente experientes em operações internacionais (MELIN, 1992).

2.2.4 Teorias de Aceleração de Internacionalização

Estudos sobre o processo de internacionalização foram relativamente populares nas décadas de 1970 e 1980, porém o conceito de que as empresas têm que adotar uma internacionalização padrão do tipo incremental tradicional, com um modelo step by step vem declinando. (PELTOMAKI, 2003).Os anos 1980 e 1990 foram caracterizados pela rápida internacionalização dos negócios. (PELTOMAKI, 2003).No ambiente atual existe muita integração regional e global de comércio e produção (UNCTAD, 2001), e com a intensificação das mudanças tecnológicas isso permite e facilita uma aceleração da internacionalização das empresas.

Pioneiro nos estudos, Rennie (1993) detectou o fenômeno ao analisar o comportamento de um conjunto de empresas australianas, batizadas por ele de Born Globals, que iniciaram a exportação nos primeiros dois anos de vida, dependiam fortemente dos mercados externos e consideravam o mundo o seu mercado natural.

(30)

O fenômeno, entretanto, ganhou visibilidade a partir dos estudos de Benjamim Oviatt e Patricia McDougall (1994 apudFERNANDES; SEIFERT JUNIOR, 2007).

“Estas firmas não construíram lentamente seu caminho em direção ao comércio internacional. De modo contrário ao senso comum, elas nasceram globais”. (RENNIE, 1993, p. 45).

Mais de uma década depois do trabalho pioneiro de Oviatt e McDougall (1994), muito se discutiu sobre o fenômeno, mas não há ainda definições gerais sobre o conceito. Na literatura, as diferentes denominações das empresas com internacionalização acelerada mostram-se como variações do mesmo fenômeno (RIALPet al., 2005), tais como international new ventures (OVIATT; MCDOUGALL, 1994), born globals (KNIGHT; CAVUSGIL, 1996), global start-ups (MADSEN; SERVAIS, 1997; OVIATT; MCDOUGALL, 1995), global high-tech firms (ROBERTS; SENTURIA, 1996), entre outras denominações.(ANPAD,2012).

Com relação ao conceito de Born global, para se determinar se uma empresa é ou não Born global utilizam-se quatro variáveis (data de fundação, intervalo de tempo entre a fundação e o início das atividades internacionais, percentual de faturamento proveniente de exportação e a abrangência dos mercados).Porém, não existe, todavia um consenso quanto aos valores destas variáveis que caracterizam uma empresa ser ou não ser uma empresa de internacionalização acelerada (DIB; ROCHA, 2008).

Isto pode ser verificado também pela tabela abaixo, que expõe algumas das diferenças existentes nas conceituações apresentadas pelos autores.

Para fins de aplicabilidade do estudo, o conceito de Born global estabelecido será o de Rennie (1993apud DIB; ROCHA, 2008). Em seus estudos, o autor busca diferenciar as empresas exportadoras “tradicionais” das “Born Global”.

- Empresa tradicional: É geralmente caracterizada por ter um modelo tradicional de exportação (em estágios); seus negócios principais já estão bem estabelecidos, com fortes capacitações, capacidade financeira sólida e um portfólio de produtos consistente. Empresa já atingiu uma base sustentável em seus mercados nacionais, dedica-se a crescer através do potencial de exportação, embora o foco principal continue sendo sempre o mercado doméstico. A idade média de tais empresas ao iniciar a exportação era de 27 anos e a média do percentual de exportação em relação ao total de vendas era de 20%.

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- Born Globals: São caracterizadas pelas empresas que, iniciam suas exportações apenas dois anos após sua fundação e atingiu 76% de suas vendas totais via exportações. Fatura em média um quarto do faturamento total de um exportador tradicional (incluídas as vendas domésticas).

Tabela 1: Divergências quanto ao conceito de Born global.

Fonte: Dib e Rocha (2008). Adaptado pelo autor.

Diversos são os fatores que influenciam no processo de internacionalização das Born globals. Os fatores internos da firma e os fatores ligados aos empreendedores são os mais comuns. Os trabalhos que fazem análise do ambiente externo dessas empresas são mais raros. (FERNHABER et al., 2008; ZAHRA; GEORGE, 2002). Zahra e George (2002) atribuem essa lacuna de estudos à complexidade e à variedade de combinações possíveis de fatores externos que

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poderiam ter alguma influência. (RIBEIRO; OLIVEIRA JUNIOR; BORINI, 2012). Respeitado as vertentes do trabalho, analisar-se-á somente os fatores determinantes da internacionalização das Born globals, os quais estejam correlacionados ao trabalho.

Influência dos Fatores Ambientais do País: A partir de uma revisão de

estudos anteriores, Moen (2002) concluiu que a situação tanto do mercado doméstico quanto dos mercados externos poderia influenciar o comportamento de exportação. O esperado é que uma situação de crise no mercado doméstico motive a empresa se lançar no mercado internacional. (DIB; ROCHA, 2008).

Parcerias e alianças estratégicas: Um fator apontado pela maioria dos

autores como fator essencial para as empresas Born globals são as parcerias e alianças estratégicas com outras empresas, universidades ou institutos de pesquisa. (AUTIO; SAPIENZA; ARENIUS, 2005; COVIELLO; MUNRO, 1995; DIB et al., 2010; OVIATT; MCDOUGALL, 1994). Os objetivos dessas parcerias vão desde a diminuição de riscos até a combinação de recursos essenciais, por exemplo, para o desenvolvimento conjunto de programas de P&D, entre outros. (FERNHABER et al., 2008; FERNHABER, GILBERT; MCDOUGALL, 2003). Nas empresas de pequeno porte, dada à limitada força organizacional e a limitação de recursos de várias naturezas, as ligações locais no país de origem são extremamente importantes para a competitividade e a inovação. (FERNHABER et al., 2003). Além disso, percebe-se o crescente número de multinacionais de grande porte que, em busca de recursos para facilitar a inovação e captar ideias geradas externamente, complementam suas áreas de P&D formando redes de alianças estratégicas com EBTs Born globals em diferentes países do mundo. (VAPOLA; TOSSAVAINEN; GABRIELSSON, 2008).

Integração a cadeias produtivas globais: Essa variável está

relacionada ao fato da articulação da empresa como fornecedora em cadeias produtivas globais ou competição em um setor altamente internacionalizado. (FERNHABERet al., 2007). Sob essa perspectiva, atuar em um setor integrado internacionalmente acelera a necessidade de internacionalização de sua empresa; optar por internacionalizar etapas do processo produtivo é um fator de competitividade e sobrevivência; a internacionalização de seu principal cliente gera a necessidade de rápida internacionalização de sua empresa para continuar o fornecimento, competir em um setor em que seus concorrentes diretos atuam no exterior acelera a internacionalização de sua empresa.

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2.3 FORMAS DE ENTRADA NO MERCADO EXTERIOR

Depois da decisão de se internacionalizar, a empresa deve propor uma estratégia de entrada em mercados externos (CATEORA; GRAHAM, 2001), ou seja, planejar a disposição institucional tomada para transferir para o mercado externo produtos, tecnologia, habilidades humanas, gerenciamento ou outros recursos. (ROOT, 1994). Entretanto esta decisão deve levar em conta os aspectos do mercado-alvo, como exemplo potencial, atratividade, tamanho, crescimento, competição, distância e acessibilidade, bem como aspectos da empresa divididos em recursos, filosofia e objetivos. (WHITELOCK, 2002).

Dunning (1998) explica que algumas características do país de destino condicionam diretamente na escolha da forma de entrada no mercado internacional. Entre os fatores de decisão estão o risco político, taxa de crescimento e dimensão do mercado.

A maior parte das decisões estratégicas de entrada em um mercado está relacionada à escolha de um país alvo, sendo este tipo de decisão afetada por interações específicas entre os tomadores de decisão e as características inerentes à empresa, seguindo um nível de abordagem mercadológica que varia conforme a figura abaixo. (NICKELS; WOOD, 1999).

Figura 2: Entrada em mercados internacionais.

Fonte: Nickels e Wood (1999).

Root (1994) sugere que os modos de entrada podem ser classificados da seguinte maneira:

- Modos de entrada de exportação, que abrangem as modalidades de Exportação Direta e Indireta e o modo de entrada de importação;

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- Modo de entrada contratual, que, adequando ao escopo desta pesquisa, refere-se a alianças estratégicas de Outsourcing, Licenciamento e Joint Venture;

- Modos de entrada de investimentos, que se referem às subsidiárias próprias e aquisições de empresas em mercados estrangeiros.

Os modos de Exportação representam a forma mais simples de entrada nos mercados internacionais. Nesta forma de entrada, os produtos de uma empresa são fabricados fora do mercado-alvo e, posteriormente, transferidos para ele. É considerada a forma de entrada com menores níveis de envolvimento, risco e controle. (ROOT, 1994; CATEORA; GRAHAM, 1999; TERPSTRA; SARATHY, 1994; NICKELS; WOOD, 1999).

O Investimento Estrangeiro Direto baseia-se em uma relação entre empresa matriz (investidora) e uma filial estrangeira, as quais juntas caracterizam-se por formarem uma empresa multinacional.

Esse tipo de investimento direto pode ser realizado por meio de fusões e aquisições, que representam uma alternativa para a adequação do porte e da estrutura organizacional das empresas diante do mercado e do cenário internacional. (VASCONCELLOS, 2008).

O investimento é caracterizado pela matriz controlando a sua filial. As Nações Unidas definem “controle” como a propriedade de 10% ou mais das ações ordinárias ou do voto de uma empresa de capital aberto, ou seu equivalente caso seja de capital fechado; a propriedade de menos de 10% do capital ou sem controle chama-se investimento de portfólio. (UNCTAD, 2013).

Fusões e aquisições são concretizadas, sob essa perspectiva, com o intuito de dominar o mercado afim de alcançar a liderança frente à competição internacional. As fusões consistem na combinação de duas ou mais empresas que resultam em uma nova empresa. De acordo com Brealey (1992 apud VASCONCELLOS, 2008), esta nova empresa mantém a identidade de uma delas e a outra desaparece sob o aspecto jurídico, apesar de os ativos humanos e materiais permanecerem geridos pela outra empresa.As aquisições representam uma ação na qual uma companhia compra a maior parte (ou toda) das participações acionárias da empresa a fim de controlá-la. (INVESTOPEDIA, 2012).

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Os modos contratuais representam uma forma de transferência de tecnologia ou habilidades humanas de uma empresa para um parceiro no mercado internacional através de uma associação entre ambos. (ROOT, 1994; CATEORA; GRAHAM, 1999; TERPSTRA; SARATHY, 1994; NICKELS; WOOD, 1999).

2.4 CADEIA DE VALOR

Para Porter (1989, p. 33), “toda empresa é uma reunião de atividades que são executadas para projetar, produzir, comercializar, entregar e sustentar seu produto. Todas estas atividades podem ser representadas, fazendo-se uso de uma cadeia de valores [...]”. Essa exposição do autor indica, em primeira mão, apenas a ideia de avaliar a cadeia interna da empresa.

Shank e Govindarajan (1993, p.13), ampliam e melhoram o conceito de Porter assim: “a cadeia de valor para qualquer empresa, em qualquer negócio, é o conjunto interligado de todas as atividades que criam valor, desde uma fonte básica de matérias-primas, passando por fornecedores de componentes, até a entrega do produto final às mãos do consumidor”.

Em geral, a cadeia de valor é formada por duas áreas: “atividades primárias e atividades de suporte”.(PORTER, 1985 apud PENG, 2008, p.70).

As atividades primárias são caracterizadas por Porter (1988, p. 87), como sendo:

a) Logística de entrada. Atividades associadas ao recebimento, armazenamento e distribuição de insumos, como manuseio de material, armazenagem, controle de estoques, programação de veículos e devoluções.

b) Operações. Atividades associadas à transformação de insumos no produto final, como usinagem, embalagem, montagem, manutenção de equipamento, teste, impressão e operações da instalação.

c) Logística externa. Atividades associadas à coleta, armazenagem e distribuição física do produto aos compradores, como armazenagem de produtos acabados, manuseio de material, operação de entrega, processamento de pedidos e programação.

d) Marketing e vendas. Atividades associadas ao fornecimento de uma forma pela qual os compradores possam adquirir o produto e induzi-los a fazê-lo, como publicidade, promoção, venda, seleção de canal, relacionamento no canal e definição de preços.

e) Serviços. Atividades associadas à oferta de serviços com o intuito de ampliar ou manter o valor do produto, como instalação, reparo, treinamento, fornecimento de peças e ajustes ao produto.

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As quatro atividades secundárias ou de apoio são:

a) Aquisição. Atividades relacionadas à compra de matéria-prima, suprimentos e outros itens consumíveis, além de máquinas, equipamentos de laboratório, equipamentos de escritório e instalações físicas.

b) Desenvolvimento da tecnologia. Atividades relacionadas à melhoria do produto e/ou processo, incluindo pesquisa e desenvolvimento, projeto de produtos, pesquisas de meio, concepção do processo, concepção dos procedimentos de serviço e assim por diante.

c) Gestão de recursos humanos. Atividades relacionadas ao recrutamento, contratação, treinamento, desenvolvimento e remuneração de pessoal.

d) Infraestrutura da empresa. Atividades como gerência geral, planejamento, finanças, contabilidade, questões governamentais, gestão da qualidade e assim por diante. (Porter, 1988, p. 87).

Em suma observa-se que as atividades primárias seriam todas as atividades que estão diretamente relacionadas com desenvolvimento, produção e distribuição de serviços e mercadores enquanto as atividades secundárias são atividades que dão um suporte as atividades primárias.

Saindo do pressuposto que provavelmente nenhuma empresa possui todas as capacidades e recursos para ser eficiente em todas as atividades primárias e secundárias, faz-se necessário uma analise da cadeia de valor da empresa para se tome uma decisão quanto a adotar uma atividade ou não.

Nesse contexto, Hansen e Mowen (2001, p.429) acreditam que a análise da cadeia de valor serve para “[...] fortalecer a posição estratégica de uma empresa”. À primeira vista, analisando a possibilidade de se estabelecerem parcerias sinérgicas, não se pode concordar com os autores, pois o objetivo não é fortalecer a posição de uma empresa, mas a de toda a cadeia ou, dito de forma um pouco mais realista, de um segmento proeminente dela. (HANSEN; MOWEN, 2001).

Finaliza-se a discussão da vantagem da análise da Cadeia de Valor com a percepção de Rocha (1999), para quem ela ajuda a fornecer subsídios para o processo de formulação de estratégias e tem por finalidades:

- detectar oportunidades e ameaças; - identificar estágios fortes e fracos;

- detectar oportunidades de diferenciação;

- identificar os principais determinantes de custos; - localizar oportunidades de redução de custos;

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- comparar com a cadeia de valor dos concorrentes etc.

2.5 ALIANÇAS ESTRATÉGICAS

À medida que economias nacionais abrem-se aos investimentos externos, passa a existir uma intensificação da concorrência entre as empresas. Ao mesmo tempo percebe-se um aumento significativo de informações disponíveis aos consumidores, tornando-os cada vez mais exigentes em relação à qualidade.

Diante desta acirrada competitividade as empresas sentem a necessidade de recorrer a outros métodos colaborativos, inovando e buscando assim adaptação a este ambiente.

A inovação já não é vista como a província de uns poucos heróis individuais que foram pioneiros ao transformar idéias (sic) em realidade– e com certeza muitos dos grandes nomes do século XIX confirmam esse estereótipo. No entanto, no século XXI, o jogo novamente avançou, e hoje, muito claramente, conta com a participação de muitos jogadores. (TIDD; BESSANT; PAVITT,2008, p. 72).

Ainda de acordo com os autores Tidd, Bessant e Pavitt (2008), a inovação é movida pela capacidade de constituir relações, buscar oportunidades e captar o melhor das mesmas.

Sob este aspecto as alianças estratégicas têm sido uma alternativa cada vez mais comum no cenário mundial.

Alianças estratégicas são “acordos voluntários entre empresas, envolvendo intercambio, transferência ou parceria no desenvolvimento de produtos, tecnologia ou serviços”. (GULATI, 1998, p. 293).

Os acordos de cooperação e as alianças estratégicas são um meio que permite às empresas, minimizando riscos e mantendo a possibilidade de se descomprometerem, obter os recursos complementares e insumos tecnológicos essenciais. São também um dos principais instrumentos das políticas de competitividade. (CHESNAIS, 1996, p 144).

Embora o termo “aliança” esteja genericamente associado às motivações econômicas, ao longo da história, o conceito tem mudado. A motivação vai além do lucro, mas também agora engloba as perspectivas de transferência de tecnologia e complementaridade.

(38)

De acordo com Tidd, Bessant e Pavitt (2008), os motivos que levam as empresas a adotarem uma aliança são inúmeros. Uma maneira sucinta de análise é a de agrupar as bases lógicas de cooperação em motivos tecnológicos, de mercado e empresariais como se observa na figura abaixo.

Figura 3: Um modelo de colaboração.

MOTIVOS

Estratégicos- liderança e aprendizagem

Táticos- custos, tempo e risco.

TECNOLOGIA

Importânciacompetitiva

Complexidade APRENDIZAGEM

Capacidade de codificação Intenção de aprender

Receptividade a conhecimentos

EMPRESA Transparência do Parceiro

Competênciasexistentes Cultura corporative Conforto na gestão PLANO DE ALIANÇA Seleção de parceiro Confiança e comunicação Objetivos e recompensas

Fonte:Tidd; Bessant e Pavitt (2008).

Sierra (1995 apud AMATO NETO, 2000) relaciona como principais razões para formação de alianças estratégicas entre empresas as seguintes:

- Penetrar em um novo mercado. Exemplo, alianças entre empresas de continentes ou mercados distintos.

- Competir via tecnologia e pesquisa e desenvolvimento. A aliança viabiliza investimentos que requerem elevados aportes de capital, inviáveis para as empresas individualmente.

- Introduzir um produto com inovação e rapidez, “segundo a visão schumpeteriana (SCHUMPETER, 1984) a primeira empresa a introduzir um novo produto no mercado desfruta de uma posição dominante e passa a auferir lucros extraordinários”. (AMATO NETO, 2000, p. 44). A aliança, neste caso, visa à redução do tempo entre o desenvolvimento e o lançamento no mercado do novo produto.

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- Aumentar o poder de competitividade. A aliança vai permitir a geração de volumes ou capacidades de produção necessária para atender o mercado, não permitindo, assim, que os concorrentes aumentem a sua participação.

- Competir via integração de tecnologia e mercados. Quando os clientes preferem comprar pacotes prontos, sistemas dos tipos turn-key, ou plug-and-play, as associações com outras empresas são necessárias para que haja um domínio de todas as tecnologias envolvidas.

- Construir competências classe mundial. As alianças, para empresas líderes do mercado, visam manter suas posições capturando novas ideias das empresas aliadas.

- Estabelecer padrões globais. Nos setores industriais em que a permanência no mercado depende do sucesso da busca incessante por inovações, as alianças, visando estabelecer padrões que coincidam com as características técnicas do produto, garantem a sobrevivência das empresas envolvidas.

- Romper barreiras em mercados emergentes e em blocos econômicos. As alianças com parceiros locais permitem a penetração em novos mercados e a concretização de negócios até então impraticáveis.

- Cortar custos de saídas. As alianças são feitas para eliminar ou minimizar os custos de encerramento das atividades da empresa.

- Obter oportunidades de negócios mundiais de meio ambiente. As alianças são feitas visando adequar os produtos existentes, ou criar novos produtos, para atender as necessidades criadas pela nova legislação sobre o meio ambiente.

A escolha do tipo de cooperação mais adequado aos objetivos, interesses e condições dos envolvidos é outro aspecto relevante na formação das parcerias. As experiências de outras empresas podem prover informações importantes sobre fatores que determinam o sucesso das parcerias. (LORANGE; ROOS, 1996; RACKHAM; FRIEDMAN; RUFF, 1996).

A tipologia utilizada neste trabalho será a proposta por Tidd, Bessant e Pavitt (2008). De acordo com os autores, nenhuma forma de colaboração é ideal em qualquer sentido genérico, Todavia na prática, características tecnológicas e de mercado limitarão as opções, e a cultura da companhia e considerações estratégicas determinarão o que é possível e o que é desejável.

(40)

Para os autores as alianças se caracterizam da seguinte maneira: terceirização, licenciamento, consórcios, alianças estratégicas, Joint venture e redes.

Tabela 2: Formas de colaboração.

Tipo de colaboração

Duração típica

Vantagens

(fundamentação) (custos de transação)Desvantagens

Terceirização/ Relações de suprimentos Curta Redução de custos e riscos Redução de tempo de espera Levantamento de custos, produto, desempenho e qualidade. Licenciamento Prazo fixo Aquisição de tecnologia Custo do contrato e restrições

Consórcios Prazo médio Perícia, padrões, fundo compartilhado Vazamento de conhecimento Subsequente diferenciação

Aliança Estratégica Flexível Baixo Comprometimento Acesso a mercado Vazamento de conhecimento Possível imobilização

Joint venture Longa complementar Gestão Conhecimento dedicada

Flutuação estratégica Desajuste cultural

Rede Longa Dinâmica, potencial de aprendizado Ineficiência, Imobilismo

Fonte:Tidd, Bessant e Pavitt (2008).

As alianças podem ser explicadas em diversas maneiras. Outra maneira seria dividi-las em horizontais e verticais.

Alianças horizontais se caracterizam por serem alianças que buscam complementaridade, em sua maioria das vezes, como por exemplo, o licenciamento cruzado, o consórcio e colaboração com possíveis concorrentes de fontes de tecnologia. Parcerias verticais visam essencialmente à redução de custo como a terceirização e alianças com fornecedores ou clientes.

Há outra forma de ver as alianças seria em termos de sua importância estratégica e duração (Tabela 2). Sendo assim, terceirização e licenciamento “são tipos táticos de colaboração, enquanto alianças estratégicas, empreendimentos conjuntos formais e redes de inovação são estratégicos e oferecem estruturas mais apropriadas para aprendizagem”. (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008, p. 312).

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2.6 LICENCIAMENTO

O licenciamento consiste em um acordo contratual em que uma empresa (a licenciadora) deposita um bem à disposição de outra (a licenciada), em troca de taxas de licenciamento, pagamento de royalties, ou outras formas de remuneração. (ROOT, 1994 apud KEEGAN, 2000).

O licenciamento representa uma estratégia de entrada no mercado global em grande expansão, visto que pode oferecer um bom retorno sobre o investimento.

Nesse contexto, uma empresa que possui tecnologia avançada, conhecimento ou uma forte imagem de marca pode operar por licenciamento com a finalidade de aumentar a rentabilidade mesmo com pouco investimento inicial.

Teoricamente, o licenciamento oferece uma série de vantagens em relação ao desenvolvimento interno, principalmente ao baixar os custos de desenvolvimento, diminuir risco tecnológico e de mercado e acelerar desenvolvimento de produto e entrada no mercado. (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008).

Os possíveis inconvenientes do licenciamento seriam cláusulas restritivas impostas pelo licenciante; perda de controle de questões operacionais, como fixação de preço, volume de produção e qualidade de produto; e o potencial custo de transação no que diz respeito à busca, negociação e adaptação. (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008).

2.7 OUTSOURCING

As empresas em todo o mundo estão procurando formas não tradicionais de aperfeiçoar suas capacitações, em benefício da forte competição e da crescente demanda por qualidade e inovação nos mercados globais. Trazer produtos considerados escassos no mercado interno ou mesmo novos produtos inovadores que são lançados no exterior, pode ser uma boa opção de ampliação de mercado.

Visando reduzir custos e aumentar sua flexibilidade, os parceiros de negócios estão reforçando seus relacionamentos ao longo da cadeia de suprimentos e, dessa forma, procurando concentrar recursos em suas próprias competências essenciais.

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