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LEONARDO MUNIZ ANDRADE

SISTEMA PRISIONAL:

RESSOCIALIZAÇÃO OU ESCOLA DO CRIME

Florianópolis 2010

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SISTEMA PRISIONAL:

RESSOCIALIZAÇÃO OU ESCOLA DO CRIME

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Direito da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Direito.

Orientador: Prof. Dr. Sidney Eloy Dalabrida.

Florianópolis 2010

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LEONARDO MUNIZ ANDRADE

SISTEMA PRISIONAL:

RESSOCIALIZAÇÃO OU ESCOLA DO CRIME

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado à obtenção do título de Bacharel em Direito e aprovado em sua forma final pelo Curso de Graduação em Direito da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Florianópolis, 14 de junho de 2010.

______________________________________________________ Professor e orientador Sidney Eloy Dalabrida.

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________ Prof. João Batista da Silva.

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________ Prof. Nome Pedro Adilão Ferrari Junior.

(4)

TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de direito e que se fizerem necessários, que assumo total responsabilidade pelo aporte ideológico e referencial conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Sul de Santa Catarina, a Coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o Orientador de todo e qualquer reflexo acerca desta monografia.

Estou ciente de que poderei responder administrativa, civil e criminalmente em caso de plágio comprovado do trabalho monográfico.

Florianópolis, 14 de junho de 2010.

_________________________________________________ Leonardo Muniz Andrade

(5)

Dedico,

Aos meus pais, João Moacir e Bernadete, que sempre estiveram ao meu lado e me ensinaram tudo que sei.

Ao meu irmão, Jonathan, que mesmo no ensino médio já esta empolgado com o TCC. Ao meu amor, Renata, que é a pessoa com quem pretendo passar o resto da minha vida.

(6)

AGRADECIMENTOS

A Deus em primeiro lugar, que rege tudo e todos nesse mundo.

A minha Família, meu pai, minha mãe, meu irmão e meu amor, que são as pessoas que mais amo no mundo e sei que sempre poderei contar com eles, seja nos momentos bons, seja nos momentos ruins.

Aos professores, que durante todo meu caminho pela academia, ensinaram a mim e a meus colegas tudo que deveríamos saber sobre o mundo do Direito.

Aos meus colegas de faculdade que juntamente comigo ultrapassaram todas as barreiras para chegar até aqui.

(7)

“Aprendi que um homem só tem o direito de olhar um outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se.”

(8)

RESUMO

Este trabalho de conclusão de curso tem como principal objetivo analisar o sistema prisional como forma de ressocialização do preso, buscando comprovar a eficácia ou não do trabalho como forma de promoção da recuperação do detento e sua ressocialização. Todo o cidadão tem direitos e deveres a cumprir e as sanções previstas em lei caso os mesmos não sejam respeitados. O aumento da violência ocasionou certa “desorganização” nesta sociedade organizada e a transformou em uma sociedade com graves problemas estruturais a serem resolvidos. Dentro dos problemas observados e discutidos está a falta de estrutura do sistema prisional brasileiro, com superlotações, rebeliões, fugas e reincidência nos delitos e crimes. Existe, em vários Estados, uma preocupação com o aspecto ressocializador dentro do sistema prisional, com programas de trabalho interno e, também externo, que promovem a reintegração do apenado à sociedade. A ociosidade, dentro do sistema prisional, precisa ser evitada com políticas eficazes quem mantenham os apenados ocupados, no trabalho diário, visando sua reinserção na sociedade instituída e a que o mesmo deve retornar com condições de se inserir no mercado de trabalho convencional. É preciso propostas eficazes para que o tempo em que o indivíduo fique a encargo do Estado, no sistema prisional, não se torne um laboratório para novos crimes e sim uma oportunidade de participar da sociedade de forma justa e correta. Para o alcance dos objetivos propostos esta pesquisa é de cunho bibliográfico.

(9)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO... 10

2 DAS PENAS NO DIREITO PENAL ... 12

2.1 CONCEITO E CARACTERISTICAS DAS PENAS ... 12

2.2 FINALIDADE DAS PENAS ... 13

2.2.1 Da Finalidade Retributiva ... 13

2.2.2 Da Finalidade Preventiva ... 14

2.2.3 Da Finalidade Ressocializadora ... 15

2.3 DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE ... 16

2.3.1 Reclusão e Detenção ... 18

2.3.2 Do Regime de Cumprimento de Pena ... 19

2.3.2.1 Regime fechado ... 20

2.3.2.2 Regime semi-aberto ... 21

2.3.2.3 Regime aberto ... 22

2.3.3 Dos Direitos dos Presos ... 24

3 DA EXECUÇÃO PENAL ... 27

3.1 DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA ... 27

3.1.1 Do Exame Criminológico ... 29

3.1.2 Da Comissão Técnica de Classificação ... 30

3.2 DA ASSISTÊNCIA ... 31 3.2.1 Da Assistência Material ... 31 3.2.2 Da Assistência à Saúde ... 32 3.2.3 Da Assistência Jurídica ... 33 3.2.4 Da Assistência Educacional ... 34 3.2.5 Da Assistência Social ... 35 3.2.6 Da Assistência Religiosa... 36 3.3 DO TRABALHO DO CONDENADO ... 37 3.3.1 Do Trabalho Interno ... 37 3.3.2 Do Trabalho Externo ... 38

4 SISTEMA PRISIONAL: RESSOCIALIZAÇÃO OU ESCOLA DO CRIME ... 40

(10)

4.1.1 Dos Efeitos Criminógenos da Prisão... 41

4.2 DA FALÊNCIA DO SITEMA PRISIONAL ... 43

4.2.1 Da Superlotação... Erro! Indicador não definido. 4.2.2 Da Falta de Pessoal e Profissionais Preparados ... Erro! Indicador não definido. 4.3 DA RESSOCIALIZAÇÃO E DA REINCIDÊNCIA ... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 4.4 DO DESCASO DO ESTADO...48

4.5 DA INEFICÁCIA DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL...49

4.6 DO ESTIGMA ATRIBUIDO AOS CONDENADOS...50

5 CONCLUSÃO ... 52

(11)

1 INTRODUÇÃO

Em toda a sociedade organizada e constituída de direito existem regras e normas a serem seguidas, leis a serem respeitadas e propostas que ajudam, aos diversos setores da sociedade, a viverem de maneira harmônica e justa.

O aumento da violência, enquanto delinqüência, provocou um caos nesta sociedade organizada e a transformou em uma sociedade com graves problemas estruturais a serem resolvidos. Dentro destes problemas sociais está incluída a organização, funcionamento e função do sistema prisional.

O estado prisional, visto que estar tolhido da liberdade constitui-se em um estado, em uma condição que pode ser resumido ao termo “preso”.

O Estado, entendido como ente criado pela sociedade e que tem como principal razão de ser a organização da vida em sociedade, dispõe do poder – dever para manter a paz social. Nosso país se submete a um ordenamento jurídico de cunho positivista que possui como fonte de direito principal a norma legal escrita, sendo na lei maior – Magna carta de 1988, desta emanando o poder de restringir a liberdade dos cidadãos em casos específicos. Desta forma, pode-se entender que a prisão (no sentido recolhimento prisional) possui um cunho punitivo condicionado pelo direito constitucional.

O modelo encontrado no país, em vários Estados, não é o modelo que prioriza a ressocialização do preso e a inserção do mesmo na sociedade. Não busca alternativas que promovam a capacitação, tanto intelectual, quanto social, para dar novas perspectivas a este indivíduo, que não agiu de acordo com as leis, colocada de forma justa, na nossa constituição.

Acredita-se que a instituição penal mantém o preso com o intuito de ressocializá-los e introduzi-ressocializá-los a sociedade, mas é visível a falta de estrutura para o desenvolvimento de atividades que possam promover esta reeducação e o convívio pacífico em sociedade.

Há, atualmente, em todo o sistema prisional do país uma superlotação da população carcerária, falta de material humano e de estrutura física para que o sistema prisional funcione adequadamente e não se torne um depósito de apenados com o único objetivo de afastá-los da sociedade, sem perspectivas ou objetivos definidos.

A ociosidade é um fator de grande influência na falta destas perspectivas, pois a falta de estrutura não propicia o desenvolvimento de atividades laborais que podem contribuir para a ressocialização do apenado, tornando-o um cidadão habilitado para sua reinserção na sociedade.

(12)

É preciso mudanças urgentes e investimentos na área de segurança pública, com o claro objetivo de estruturar e melhorar o sistema prisional atual.

O sistema prisional tem várias formas de trabalhar o indivíduo e prepará-lo para o seu retorno na sociedade, mas antes de tudo é preciso compreender o que levou este indivíduo à criminalidade, compreendendo todos os fatores que envolvem a problemática do crime e as possíveis mudanças de postura para a re-introdução deste cidadão à sociedade.

O trabalho pode promover uma redução na pena e uma motivação para sua total recuperação e reinserção na sociedade, onde o mesmo foi privado para que cumprisse sua pena.

(13)

2 DAS PENAS NO DIREITO PENAL

O Direito Penal trata-se de um conjunto de normas que definem certas condutas consideradas como infração, atribuindo aqueles que as infringem penas ou medidas de segurança entre outras conseqüências jurídicas.1

2.1 CONCEITO E CARACTERÍSTICAS DAS PENAS

As penas servem para retribuir e prevenir transgressões penais, objetivando evitar a reincidência de novos delitos e manter a segurança da sociedade. É isso que diz Damásio E. de Jesus, em seu conceito de Pena: “Pena é a sanção aflitiva imposta pelo Estado, mediante ação penal, ao autor de uma infração (penal), como retribuição de seu ato ilícito, consistente na diminuição de um bem jurídico, e cujo fim é evitar novos delitos”.2

E também Fernando Capez:

Conceito de Pena: sanção penal de caráter aflitivo, imposta pelo Estado, em execução de uma sentença, ao culpado pela prática de uma infração penal, consistente na restrição ou privação de um bem jurídico, cuja finalidade é aplicar a retribuição punitiva ao delinqüente, promover a sua readaptação social e prevenir novas transgressões pela intimidação dirigida à coletividade.3

Já para Rogério Greco a pena é imposta àquele que pratica uma infração penal, tendo o Estado como o encarregado para aplicá-la, tratando-se de uma conseqüência natural, pois ao cometer um fato típico, ilícito e culpável, dando a possibilidade ao Estado de aplicar o seu ius puniendi.4

1

GOMES, Luiz Flávio. Direito Penal, volume 1: Introdução e Princípios Fundamentais. São Paulo: Editora dos Tribunais, 2007, p.24.

2

JESUS, Damásio E. de. Direito Penal – volume 1. 24. ed, São Paulo: Saraiva, 2001, p. 754

3

CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal Volume 1, 12. ed. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 358-359

4

(14)

Percebe-se que a pena é algo necessário em nossa sociedade, idéia esta que é reforçada pela doutrina de Shecaria: “A pena privativa de liberdade (como de resto todas as penas) tem vínculo umbilical com o próprio Estado que a criou. A pena é um instrumento assecuratório do Estado, a reafirmação de sua existência, uma necessidade para sua subsistência”.5

Guilherme de Souza Nucci diz o seguinte sobre a pena em sua doutrina: “É a sanção imposta pelo Estado, através da Ação Penal, ao criminoso, cuja finalidade é a retribuição ao delito perpetrado e a prevenção a novos crimes”.6

2.2 FINALIDADE DAS PENAS

Como visto nos conceitos acima citados, a pena corresponde de duas formas para atingir a sua finalidade, a forma retributiva, que consiste na idéia de punição aquele que comete uma infração penal, retribuindo o mal causado pelo infrator com outro mal, no caso, a diminuição de um bem jurídico (a LIBERDADE), e a preventiva, tendo o objetivo de evitar a pratica de novas infrações, tanto para a sociedade, retirando o infrator do convívio social, como para o detento, que se corrigindo não tornará a cometer delitos.7

2.2.1 Da Finalidade Retributiva

Sobre a finalidade retributiva da pena, Bitencourt entende da seguinte forma:

É atribuída à pena, exclusivamente, a difícil incumbência de realizar a justiça. A pena tem como fim fazer justiça, nada mais. A culpa do autor deve ser compensada com a imposição de um mal, que é a pena, e o fundamento da sanção estatal está no

5

SHECARIA, Sérgio Salomão. Criminologia. São Paulo: Editora dos Tribunais, 2004, p. 60

6

NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Especial. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2005, p. 335

7

ANDREUCCI, Ricardo Antonio. Manual de Direito Penal. 4. ed. Reformulada, São Paulo: Saraiva, 2008, p. 88.

(15)

questionável livre arbítrio, entendido como a capacidade de decisão do homem para distinguir entre o justo e o injusto.8

Segundo Teles, A finalidade retributiva se traduz na necessidade de retribuir o mal causado por outro mal, ou seja, será retribuído com a pena, aquele que cometer um crime, tendo como sustentação o antigo espírito de vingança, existente desde a origem da pena, o que não é acreditável atualmente. 9

Percebe-se que a retribuição da pena se resume em retribuir o mal praticado com a aplicação de outro mal ao agente causador, e isso fica claro nas palavras de Fragoso ao dizer: “A pena se funda na justa retribuição, é um fim em si mesmo e não serve a qualquer outro propósito que não seja o de recompensar o mal com o mal”.10

2.2.2 Da Finalidade Preventiva

A finalidade preventiva tem como objetivo evitar a reincidência das práticas delituosas. Ésta se divide em prevenção geral (prevenção através da ameaça de ser punido) e especial (prevenção através da punição, evitando a reincidência do criminoso).

Sobre a finalidade preventiva, Rogério Greco tem um entendimento amplo, vejamos:

[...] o Estado se vale da pena por ele aplicada a fim de demonstrar à população, que ainda não delinquiu, que, se não forem observadas as normas editadas, esse também será o seu fim. Dessa forma, o exemplo dado pela condenação daquele que praticou a infração penal é dirigido aos demais membros da sociedade.11

Rogério Greco acrescenta na finalidade da pena a intimidação por ela causada ao restante da sociedade, como uma forma de prevenção geral, ou seja, mostra ao restante da

8

BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2003,p. 68.

9

TELES, Ney Moura. Direito Penal: parte geral. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2004, p. 321.

10

FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições de Direito Penal: Parte Geral, 17. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006, p. 345.

11

(16)

sociedade que punirá aqueles que transgredirem as normas penais. Utiliza os infratores como exemplo, punindo-os por seus delitos e mostrando ao resto da sociedade.

A prevenção geral tem o seu fundamento em duas idéias: a intimidação e o bom senso do ser humano. Esta teoria diz que a pena produz no individuo uma motivação para não cometer delitos, pois este temeria a pena e consequentemente seguiria seu bom senso e não infringiria a Norma. No entanto, não se levou em conta a confiança do delinquente em não ser descoberto, fator que torna a prevenção geral menos eficaz.12

Já sobre a prevenção especial Bitencourt diz o seguinte: “A teoria da prevenção especial procura evitar a prática do delito, mas ao contrário da prevenção geral, dirige-se exclusivamente ao delinquente em particular, objetivando que este não volte a delinquir”.13

2.2.3 Da Finalidade Ressocializadora

Ésta finalidade tem como meta ressocializar o condenado, para que quando volte a sociedade possa ter um convívio normal, sendo um homem útil e produtivo, para que com isso não volte a delinquir.

Segundo Flávio A. Monteiro de Barros:

O caráter reeducativo atua comente na fase de execução. Nesse momento, o escopo da pena, a ressocialização do condenado, isto é, reeducá-lo, para que, no futuro, possa reingressar ao convívio social, prevenindo, assim, a prática de novos crimes.14

Ramirez reforça a idéia do caráter ressocializador da pena:

A pena, segundo dizem, implica a liberdade ou a capacidade racional do indivíduo, partindo de um conceito geral de igualdade. Já, medida supõe que o delinqüente é um sujeito perigoso ou diferente do sujeito normal, por isso, deve ser tratado de acordo com a sua periculosidade. Como o castigo e a intimidação não têm sentido, o que se pretende, portanto, é corrigir, ressocializar, inocuizar.15

12

BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 77.

13

BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 79.

14

BARROS, Flávio Augusto Monteiro de. Direito Penal: Parte Geral. 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 2004 p. 191.

15

RAMIREZ apud BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal: parte geral. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2006, p.118-119.

(17)

2.3 DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE

A pena divide-se em três espécies, as quais estão previstas no artigo 32 do Código Penal, sendo elas as privativas de liberdade, restritivas de direitos e multa.

Porém, vamos tratar apenas das penas privativas de liberdade, uma vez que são essas que possuem relação direta com o tema central desta monografia, analisando sua efetividade e suas deficiências.

A respeito das penas privativas de liberdade Rogério Greco tece o seguinte trecho: “As penas privativas de liberdade previstas pelo Código Penal para os crimes ou delitos são as de reclusão e detenção. Deve ser ressaltado, contudo, que a Lei de Contravenções Penais também prevê sua pena privativa de liberdade, que é a prisão simples.”16

Segundo Mirabete e Fabbrini, atualmente as penas privativas de liberdade são as mais utilizadas, mesmo com o consenso da falência do sistema prisional. Elas se dividem em prisões temporárias e perpétuas, porém, a segunda não tem aplicação no Brasil, pois ela é vedada por nossa Constituição Federal. A pena restritiva de liberdade é bastante combatida, com a justificativa de que é um instrumento degradante, que destrói a personalidade humana e incrementa a criminalidade por imitação e contágio moral.17

Sobre a pena privativa de liberdade ensina Fragoso:

A prisão aparece para substituir a pena de morte e as penas corporais, como diz Di Genaro. A abolição da pena de morte foi favorecida e aceita pela opinião pública especialmente porque se considera como alternativa à destruição da vida, um cárcere duro e penoso, capaz de corresponder à natural reação vindicativa do público, e de constituir garantia segura para defesa da sociedade.18

Contudo, para Mirabete, a prisão não tem correspondido com a sua finalidade de recuperação do delinquente. Vez que as duas coisas se contradizem, sendo impossível a ressocialização de alguém que se encontra em um ambiente totalmente diferente daquele encontrado em nossa sociedade. Além do fato de existirem inúmeras deficiências no sistema

16

GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal, 7. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2006, p. 532. 17

MIRABETE, Julio F. e FABBRINI, Renato N. Manual de Direito Penal Volume 1, 25. ed. São Paulo: Atlas, 2009, p. 234.

18

(18)

penitenciário, como “a superlotação, os atentados sexuais, a falta de ensino e de profissionalização e carência de funcionários especializados”.19

Heleno Cláudio Fragoso reforça essa idéia:

[...] A experiência de dois séculos é desanimadora e veio demonstrar a falência completa da filosofia correcional. Países desenvolvidos inverteram grandes somas em seus programas correcionais, construindo prisões que suponham ser capazes de ressocializar ou de emendar o condenado, sem qualquer êxito. As taxas de reincidência se mantêm, qualquer que seja a prisão. Demonstrou-se o efeito devastador do confinamento sobre a personalidade humana e a contradição insolúvel entre as funções de custódia e de reabilitação.20

Como se percebe a pena privativa de liberdade não teve resultados promissores no que tange a correção dos delinquentes, isto não ocorre apenas nos países subdesenvolvidos, mais em todos os lugares, pois os países desenvolvidos investem alto nas prisões e programas de correção e estes não correspondem às expectativas.

Também leciona sobre o tema Raúl Cervini:

[...] Atualmente, nenhum especialista entende que as instituições de custódia estejam desenvolvendo as atividades de reabilitação e correção que a sociedade lhes atribuiu. O fenômeno da prisionização ou aculturação do detento, a potencialidade criminalizante do meio carcerário que condiciona futuras carreiras criminais (fenômeno de contágio), os efeitos da estigmatização, a instituição total inibem qualquer possibilidade de tratamento eficaz e as próprias cifras de reincidência são por si só eloquentes. Ademais, a carência de meios, instalações e pessoal capacitado agravam esse terrível panorama.21

Cervini foi claro, em seu pensamento, ao demonstrar que as penas privativas de liberdade não atingem um dos seus objetivos, o da reabilitação e correção do preso. Acrescenta ainda, que as instituições de custódia aumentam a influência criminal nos detentos, podendo dizer até que sairão de lá com mais chances de realizar crimes do que de se

19

MIRABETE, Julio F. e FABBRINI, Renato N. Manual de Direito Penal, Volume 1, 25. ed. São Paulo: Atlas, 2009, p. 238

20

FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições de Direito Penal: Parte Geral, 17ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006, p. 356.

21

(19)

emendar. Enfim, ele também concorda com os outros autores ao dizer que a carência de recursos piora essa situação inibindo as possibilidades de tratamento dos detentos.

No entanto, esta é a única alternativa do Estado para Mirabete:

Se do ponto de vista educativo e recuperatório, a pena apresenta tais aspectos negativos, não se pode, entretanto, questionar que continua ela a ser único recurso aplicável para os deliquentes de alta periculosidade. Mesmo, Foucault, acerbo crítico do sistema prisional, reconhece que nessa hipótese não há possibilidade de mudança, sendo a pena de prisão detestável solução de que não se pode abrir mão.22

Apesar de não ter a eficácia que deveria e não atender completamente a todas as suas finalidades, a pena privativa de liberdade continua sendo a única opção para punir e tentar ressocializar os infratores penais.

2.3.1 Reclusão e Detenção

No que ensina Rogério Greco, é previsto no Código Penal Brasileiro dois tipos de pena privativa de liberdade, sendo elas a reclusão e a detenção, as quais possuem uma serie de implicações tanto no Direito Penal como no de processo penal, entre elas “o regime de cumprimento a ser fixado na sentença e a possibilidade de concessão de fiança pela autoridade policial”.23

Contudo, para Fragoso, essa distinção quase não é percebida atualmente, podendo futuramente não existir mais, transformando-se em uma só espécie de pena, como se observa em suas palavras: “A tendência da legislação atual é no sentido da redução das distintas penas de prisão a uma única espécie”.24

Cezar Roberto Bitencourt possui um entendimento divergente, o qual segue neste trecho:

22

MIRABETE, Julio Fabbrini e FABBRINI, Renato N. Manual de Direito Penal, Volume 1, 25. ed. São Paulo: atlas, 2009 p. 238

23

GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: Parte Geral. 7ª ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2006, p.533.

24

(20)

Em realidade, no conjunto, permanecem profundas diferenças entre reclusão e detenção. A começar pelo fato de que somente os chamados crimes mais graves são puníveis com a pena de reclusão, reservando-se a detenção para os delitos de menor gravidade. Como consequência natural do anteriormente afirmado, a pena de reclusão pode iniciar o seu cumprimento em regime fechado, o mais rigoroso de nosso sistema penal, algo que jamais poderá ocorrer com a pena de detenção. Somente o cumprimento insatisfatório da pena de detenção poderá levá-la ao regime fechado, através da regressão. Essa é uma das diferenças mais marcantes entre as duas modalidades de pena de prisão.25

Vê-se que o grande fator de distinção entre detenção e reclusão é a gravidade do crime cometido, onde, o crime mais grave é punido com a reclusão, já os mais brandos com a detenção, e todas as outras diferenças seguem essa mesma idéia, diferenciando-as pela proporcionalidade dos delitos.

2.3.2 Do Regime de Cumprimento de Pena

O Brasil adotou o sistema progressivo de pena, o qual busca utilizar-se o mínimo possível o encarceramento, devolvendo gradativamente o condenado a liberdade, como é visto nas palavras de Azevedo:

O sistema penal brasileiro consagra a progressividade no cumprimento da pena, mero desdobramento do princípio constitucional da individualização. Desde a instituição dos regimes carcerários, através da Lei nº 6.016/73, temos um sistema em que se busca reduzir ao mínimo possível o encarceramento e em que a volta à liberdade não se faz de modo traumático.26

O sistema progressivo foi consagrado pelo Código Penal Brasileiro em seu artigo 33 parágrafo segundo, que assim dispõe: “As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, observando o mérito do condenado...”

25

BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal, volume 1: Parte Geral. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 449-450.

26

AZEVEDO, Tupinambá Pinto de. Crítica à Execução Penal. 2. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p. 465.

(21)

O artigo 33, em seu caput, prevê três espécies de regime, sendo eles: o fechado, o semi-aberto e o aberto.

Convém observar também o parágrafo terceiro desse mesmo artigo, pois o regime inicial far-se-á com observância dos critérios previsto no artigo 59 do CP, como aduz Rogério Greco em sua doutrina:

Assim, a escolha pelo julgador do regime inicial para o cumprimento da pena deverá ser uma conjunção da quantidade de pena aplicada ao sentenciado com a análise das circunstâncias judiciais previstas no art. 59 do Código Penal, principalmente no que diz respeito à ultima parte do referido artigo, que determina que a pena deverá ser necessária e suficiente para a reprovação e prevenção do crime.27

Convém agora analisar cada um dos regimes e suas características, para podermos mais a frente analisar sua influência no sistema carcerário e sobre a ressocialização dos detentos.

2.3.2.1 Regime fechado

Este é o mais rigoroso dentre os três regimes penais, onde o condenado cumpre sua pena em uma penitenciária e é obrigado a realizar os trabalhos comuns dentro do estabelecimento prisional, sempre de acordo com as suas aptidões ou ocupações anteriores e dentro do possível para a execução da pena. Outro fator desse regime seria o isolamento do condenado durante o seu repouso, no entanto, devido ao requisito de cela individual, essa regra não é e não tem como ser cumprida nas penitenciárias brasileiras, visto a superlotação destas, não passando de uma mera intenção da lei.28

Segundo Mesquita Junior:

O trabalho é um dos direitos de todo condenado. O trabalho será comum, visto que nos divorciamos, nessa parte, dos sistemas penitenciários clássicos. O CP preceitua

27

GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: Parte Geral. 7. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2006, p. 536.

28

BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 423.

(22)

que o trabalho durante o período diurno é coletivo, havendo recolhimento em isolamento durante o período noturno.29

As regras gerais desse regime, no que diz a doutrina de Delmanto, são as seguintes:

1. Exame criminológico (LEP, art. 8º, caput). É obrigatória sua realização para fins de individualização da execução. 2. Isolamento. Durante o repouso noturno. 3. Trabalho interno. Embora o trabalho seja meritório e ressocializante, parece-me que sua obrigatoriedade, prevista no §1º deste artigo e no art. 39, V, da LEP, bem como a caracterização de sua inobservância como falta grave (art. 51, III, da LEP), causadora da regressão de regime de pena (art. 118, I, segunda parte, da LEP), colidiriam com o art. 5º, XLVII, c, da CR, que proíbe “trabalhos forçados” e com os arts. 8º, 3, a do PIDCP e 6º, 2, primeira parte, da CADH, acolhidos pela nossa Magna Carta (art. 5º, §2º), que proíbe trabalhos forçados ou obrigatórios. 4. Trabalho externo. É admissível em serviços ou obras públicas.30

Diante de tais argumentos, percebe-se que o regime fechado não é como dita a norma, seja por falta de condições das penitenciárias e do descaso do Estado quanto a esta situação ou pelo conflito de normas. Tendo desta forma uma realidade muito longe do ideal de ressocialização.

2.3.2.2 Regime semi-aberto

Quanto ao regime semi-aberto, neste os condenados ficam sujeitos a serviços internos, podendo também realizar trabalhos externos, sendo estes e aqueles, obrigatoriamente durante o período diurno, além disto, pode frequentar cursos supletivos profissionalizantes de segundo grau ou superior.31

Quanto à forma e o local deste regime, ensina Fragoso:

29

MESQUITA JÚNIOR, Sidio Rosa de. Execução Criminal: Teoria e Prática. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2005 p. 232.

30

DELMANTO, Celso. et al. Código Penal Comentado. 7. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2007, p. 34-35.

31

(23)

Regime semi-aberto é a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar. O regime semi-aberto se cumpre em estabelecimentos de segurança média, nos quais as precauções contra a fuga são atenuadas. Podem os presos ser colocados em alojamentos coletivos (art.91, da Lei de Execução Penal).32

Por se tratar de estabelecimentos de segurança média, a segurança destes é muito mais fraca que a de uma penitenciária, não possuindo obstáculos materiais para impedir a fuga dos presos, vez que estão nessa condição devido ao seu comportamento, pelo qual, em tese, se deduz que não haverá tentativas de fuga.

Conforme ensina Leal:

Neste regime, não são utilizados mecanismos ou dispositivos ostensivos de segurança contra a fuga do condenado. Este não encontrará obstáculo material para se evadir do local do cumprimento da pena, que é cumprida em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar (art. 33 § 1°, letra b), ou seja, é um estabelecimento que se caracteriza pela inexistência de grades, fossos, muros, cercas eletrificadas ou guardas armados para evitar a evasão do preso, que ai permanece por revelar personalidade merecedora desta privação atenuada da liberdade de locomoção.33

Pelo que diz a norma, o regime semi-aberto trata-se de uma fase intermediária na reintegração do preso à sociedade, onde pode cumprir sua pena em estabelecimento de segurança média, podendo trabalhar e estudar durante o dia.

2.3.2.3 Regime aberto

O último dos regimes é o aberto, o qual serve de ponte para a reinserção do condenado a sociedade. Para que possa adentrar nesse regime, segundo a LEP, o detento deve ter um trabalho em vista, e então poderá exercê-lo fora do estabelecimento penal e sem a vigilância do Estado, tendo de se recolher ao albergue durante a noite.34

32

FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições de Direito Penal: Parte Geral. Rio de Janeiro: Forense, 2006, p.366.

33

LEAL, João José. Direito Penal Geral. São Paulo: Atlas, 1988, p. 332.

34

(24)

Para Celso Delmanto, as regras gerais do regime aberto, segundo o artigo 36 do Código Penal, são:

1. Fundamento. O regime aberto baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado. 2. Atividades. Deve, fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar, estudar ou desempenhar atividade autorizada, durante o dia. 3. Recolhimento. Deve permanecer recolhido na casa do albergado, no período noturno e dias de folga.35

No entanto, a falta de estrutura do Estado, no que tange a não disponibilizar albergue para o cumprimento da pena em regime aberto, faz com que o preso seja beneficiado com a prisão domiciliar. Como explica Mesquita Junior:

De outro modo, aquele que estiver cumprindo pena e for progredido de regime para o aberto, poderá ser beneficiado com a prisão domiciliar, caso a comarca não disponha de casa de albergue, pois a substituição só ocorrerá no momento da aplicação da pena. Depois de iniciada a execução, a solução adequada é a implementação da execução por parte do Estado, por meio da construção de estabelecimentos adequados para tal. Sua inércia manterá p problema que se manifesta no presente.36

35

DELMANTO, Celso, et all. Código Penal Comentado. Rio de Janeiro: Renovar, 2002, p. 77.

36

MESQUITA JÚNIOR, Sidio Rosa de. Execução Criminal: Teoria e Prática. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2005 p. 237.

(25)

2.3.3 Dos Direitos dos Presos

Apesar de presos, os condenados mantêm todos os seus direitos que não foram afetados por sua prisão, ou seja, o preso deve ter respeitado todos os direitos individuais e sociais de pessoa humana, como se estivessem em liberdade.37

Fragoso especifica os direitos dos presos através da LEP e da CF, como se vê a seguir:

Nossa lei vigente proclama que o preso conserva todos os direitos não atingidos pela perda da liberdade, impondo-se a todas as autoridades o respeito à sua integridade física e moral (art. 5º, XLIX, CF; e art. 3º, Lei de Execução Penal). Os direitos dos presos estão especificados na lei (art. 40,Lei de Execução Penal), compreendendo alimentação suficiente e vestuário; atribuição de trabalho e sua remuneração; previdência social; constituição de pecúlio; proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, o descanso e a recreação; exercício das atividades profissionais, intelectuais, artísticas e desportivas anteriores, desde que compatíveis com a execução da pena; assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosas; proteção contra qualquer forma de sensacionalismo; entrevista pessoal e reservada com o advogado; visita do cônjuge, da companheira,de parentes e amigos, em dias determinados; chamamento nominal; igualdade de tratamento, salvo quanto às exigências da individualização da pena; audiência especial com o diretor do estabelecimento; representação e petição a qualquer autoridade em defesa de direito; contato como mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura e de outros meios de informação que não comprometam a moral e os bons costumes.38

O trabalho do preso é considerado como dever social e condição de dignidade humana pela lei. No entanto ele é um direito, considerando que a pena visa à reinserção do condenado à sociedade. Pois, ao trabalhar, o preso está melhorando suas condições de volta para a sociedade assim como contribuindo para o crescimento desta. Este trabalho realizado pelo preso é remunerado, conforme consta no art. 39 do CP, com direitos aos benefícios previdenciários previsto na legislação específica, sua remuneração não poderá se inferior a ¾ do salário mínimo, a destinação de sua remuneração é a reparação do dano causado por sua conduta, assistência a família nas despesas pessoais menores e o ressarcimento do gasto que o

37

QUEIROZ, Paulo. Direito Penal. 4ª ed. Rio de Janeiro: 2008, p. 367.

38

(26)

Estado possui a manutenção do condenado. Contudo, as regras da CLT não se aplicam neste caso.39

Segundo Foucault:

O trabalho penal possui um significado e um sentido útil à sociedade capitalista, não enquanto atividade que produz e reproduz certo sistema econômico, político e social, mas porque veicula um poder rigoroso, que traz, com efeito, a possibilidade aos infratores de, através do trabalho, reincorporarem regras e hábitos idealmente indispensáveis a um bom relacionamento social.40

Ainda a respeito do trabalho prisional, ensina Cezar Roberto Bitencourt em sua doutrina:

O trabalho prisional é a melhor forma de ocupar o tempo ocioso do condenado e diminuir os efeitos criminógenos da prisão e, a despeito de ser obrigatório, hoje é um direito-dever do apenado e será sempre remunerado (art. 29 da LEP). A jornada normal de trabalho não pode ser inferior a 6 e nem superior a 8 horas diárias, com repouso aos domingos e feriados (art. 33da LEP). Não poderá ter remuneração inferior a três quartos do salário mínimo e estão assegurados ao detento as garantias e todos os benefícios da previdência social, inclusive a aposentadoria, apesar de não ser regulado pela Consolidação das Leis Trabalhistas (art. 28, § 2º, da LEP).41

Diante dos ensinamentos de Bitencourt, percebemos que o trabalho é um dos direitos do preso que possui maior importância para a ressocialização do preso, oportunizando para ele uma forma de ocupação, na qual além de sair do ócio ainda contribui para a sociedade.

De outro norte, alguns doutrinadores criticam o sistema e concluem que os direitos dos presos não são respeitados, e isso tem uma influência negativa para a ressocialização do preso.

Vejamos o que diz Rogério Greco:

39

SHECARIA, Sérgio Salomão; CORRÊA JUNIOR, Alceu. Teoria da Pena. São Paulo: Editora Revista Dos Tribunais, 2002, p. 198.

40

FOUCAUT, Michel. Vigiar e punir: história da violência nas prisões, 2002, p. 238.

41

BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral 1. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 471.

(27)

A toda hora testemunhamos, pelos meios de comunicação, a humilhação e o sofrimento daqueles que por algum motivo se encontram em nosso sistema carcerário. Não somente os presos provisórios, que ainda aguardam julgamento nas cadeias públicas, como também aqueles já foram condenados e cumprem pena nas penitenciárias do Estado. Na verdade, temos problemas em toda federação. Motins, rebeliões, mortes, tráfico de entorpecentes e de armas ocorrem com freqüência em nosso sistema carcerário. A pena é um mal necessário. Mas o Estado, quando faz vale o seu ius puniendi, deve preservar as condições mínimas de dignidade da pessoa humana. O erro cometido pelo cidadão ao praticar um delito não permite que o Estado cometa outro, muito mais grave, de tratá-lo como um animal. Se uma das funções da pena é a ressocialização do condenado, certamente num regime cruel e desumano isso não acontecerá. As leis surgem e desaparecem com a mesma facilidade. Direitos são outorgados, mas não são cumpridos. O Estado faz de conta que cumpri a lei, mas o preso, que sofre a conseqüência pela má administração, pela corrupção dos poderes públicos, pela ignorância da sociedade, sente-se cada vez mais revoltado, e a única coisa que pode pensar dentro daquele ambiente imundo, fétido, promíscuo, enfim, desumano, em fugir e voltar a delinqüir, já que a sociedade jamais o receberá com o fim de ajudá-lo.42

Com todo o exposto, percebemos que os detentos possuem uma série de direito, que visam ajudar em seu retorno a sociedade, recuperado de seus erros, mas ao nos depararmos com a realidade, percebemos que muitos desses direitos não são cumpridos.

42

(28)

3 DA EXECUÇÃO PENAL

Segundo o art. 1º da Lei de execuções penais são duas as finalidades dela, sendo a primeira a aplicação correta dos mandamentos existentes na sentença ou outras decisões de caráter criminal, que visam a controlar e prevenir a prática de delitos. Com este artigo fica formalmente registrada a realização da pena concreta composta pelas decisões e sentenças criminais. A segunda é garantir a harmonização da integração social dos condenados e internados, utilizando-se de instrumentos para que os apenados possam participar construtivamente da comunhão social.43

3.1 DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA

Antes de começar a cumprir a sua pena o detento deve ser classificado, atendendo assim o princípio da proporcionalidade e da personalidade da pena, como ilustra em sua obra Renato Marcão:

A classificação dos condenados é o requisito fundamental para demarcar o início da execução científica das penas privativas de liberdade e da medida de segurança detentiva. Além de constituir a efetivação de antiga norma geral do regime penitenciário, a classificação, é o desdobramento lógico do princípio da personalidade da pena, inserido entre os direitos e garantias constitucionais. A exigência dogmática da proporcionalidade da pena está igualmente atendida no processo de classificação, de modo que cada sentenciado, conhecida a sua personalidade e analisado o fato cometido, corresponda o tratamento penitenciário adequado.44

A individualização da pena é garantida constitucionalmente e aplica-se através da classificação dos condenados, tais garantias são percebidas no art. 5º da CF em seus incisos. O inciso XLVI estabelece que: “a lei regulará a individualização da pena...”, já o inciso

43

MIRABETE, Julio Fabbrini. Execução Penal. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2006, p. 28.

44

MARCÃO, RENATO. Lei de Execução Penal: Anotada e Interpretada. 2. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006, p. 32

(29)

XLVIII dispõe o seguinte: “a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo

com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado”, assim como inciso L o qual

encontrasse da seguinte forma: “às presidiárias serão asseguradas condições para que

possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação.”, diante de tais

preceitos pode-se afirmar que a individualização da pena é constitucionalmente reconhecida.45 Complementando as idéias já vistas, Carmen Silva traz uma descrição detalhada e comparada sobre a individualização da pena na Execução Penal:

O princípio da individualização da pena abrange os princípios da personalidade e da proporcionalidade. A personalidade determina que a pena seja dirigida àquela pessoa individualmente considerada, não podendo ultrapassá-la; que todo aquele que cumpre pena privativa de liberdade seja devidamente identificado e registrado e que sejam consignados os motivos da prisão, a autoridade que a determinou, a hora e o dia em que se deu a entrada no sistema prisional. Determina, ainda, a classificação dos presos e sua estrita separação de acordo com as características individuais, bem como a adoção de meios para seu rápido retorno ao convívio social; o oferecimento de trabalho de acordo com as aptidões pessoais de cada condenado e de assistência religiosa de livre escolha, acesso à instrução, formação profissional, assistência social, médica e psíquica de forma a possibilitar o livre desenvolvimento da personalidade individual. Corolário do princípio da individualização da pena, o princípio da proporcionalidade implica que, na execução penal, a pena e sua forma de cumprimento devem estar de acordo com a realidade vivida pelo condenado. A proporcionalidade, como garantia individual, assegura que a pena seja executada dentro do marco constitucional, de respeito à dignidade do sentenciado e não em função dos anseios sociais. Enquanto a individualização no processo de conhecimento implica proporcionalidade entre crime (fato) e pena e está voltada ao passado, a individualização no processo de execução implica proporcionalidade entre homem condenado e pena em execução e está voltada ao presente e ao futuro do sentenciado.46

Nesse contexto, percebesse a importância da individualização da pena para que o condenado tenha respeitada sua dignidade, assim como para que se possa oferecer, ao detento, meios para um retorno rápido ao convívio social.

Seguindo o pensamento de Shecaira e Corrêa Junior, entende-se que a individualização da pena, na sua execução, é a diferenciação dos condenados pelos seus delitos, idade e sexo, conforme o já citado art. 5º, XLVIII da CF. E consideram também que seria uma insensatez colocar no mesmo ambiente carcerário os condenados que praticaram

45

MESQUITA JÚNIOR, Sidio Rosa de . Manual de Execução Penal: Teoria e Prática. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2003, p. 31-32.

46

BARROS, CARMEN SILVIA DE MORAES. Individualização da Pena na Execução Penal. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001, p. 132-133.

(30)

crimes considerados mais leves como o furto, com outros que cometeram crimes como o homicídio, infringindo desta forma o direito dos presos a uma vida digna e sem risco a sua condição humana.47

3.1.1 Do Exame Criminológico

Segundo Nucci, o exame criminológico visa avaliar a maturidade do condenado, sua disciplina, capacidade de suportar frustrações e estabelecer laços afetivos com família ou terceiros, assim como avaliar também o grau de agressividade do condenado com o intuito de compor um conjunto de fatores, para assim construir um prognóstico de periculosidade, ou seja, medir o a tendência que este possui de reincidir no crime.48

No entender de Albergaria:

Realmente, o exame criminológico tem por objetivo o diagnóstico criminológico do delinqüente, a prognose de sua conduta futura e o programa de tratamento ou plano de readaptação social. Do resultado do diagnóstico da personalidade do criminoso se deduzem as conclusões quanto à probabilidade de reincidência e à responsabilidade de reeducação, a saber: são verificadas as causas de inadaptação social e carências fisiopsíquicas do delinqüente, bem como as dificuldades para a sua ressocialização, par indicação das medidas de tratamento reeducativo.49

O exame criminológico não é mais obrigatório para os sentenciados que tenha que cumprir sua pena em regime semi-aberto, conforme a Lei de Execuções Penais somente aqueles que forem condenados ao regime fechado são obrigados a realizá-lo, Renato Marcão salienta este aspecto em sua doutrina:

Visando a obtenção dos elementos necessários a uma adequada classificação e com vistas à individualização da execução, nos termos do art. 8º da Lei de Execução Penal, o condenado ao cumprimento de pena privativa de liberdade em regime fechado ainda deverá ser submetido a exame criminológico, sendo o mesmo exame

47

SHECARIA, SÉRGIO SALOMÃO; CORRÊA JUNIOR, Alceu. Teoria da Pena. São Paulo: Editora Revista Dos Tribunais, 2002, p. 84.

48

NUCCI, GUILHERME DE SOUZA. Manual de Processo Penal e Execução Penal. 4. ed. São Paulo: Revista dos tribunais, 2008, p. 997-998.

49

(31)

apenas facultativo para o condenado que tiver de iniciar o cumprimento da pena privativa de liberdade em regime semi-aberto.50

Contudo, para Mesquita Júnior, o exame criminológico prévio não vem sendo realizado na prática, inviabilizando a classificação adequada dos presos e consequentemente gerando a promiscuidade entre os condenados, misturando, desta forma, condenados com diferenças de personalidades ocasionando um aumento na periculosidade destes e incentivando a reincidência, pois com isso os criminosos eventuais irão dividir o mesmo espaço de criminosos profissionais.51

Contudo, o exame criminológico antes da condenação definitiva é algo que não poderia acontecer, devido ao principio da inocência, e assim ensina Fragoso: “é inadmissível que antes da condenação seja o réu (que se presume inocente, cf. art. 5º, LVII, CF) submetido a total devassa em sua intimidade.”52

3.1.2 Da Comissão Técnica de Classificação

A Comissão Técnica de Classificação é responsável pela elaboração do programa individualizador da pena de cada condenado, tal elaboração se da através do processo que demonstra Mirabete em sua doutrina:

Entre os estabelecimentos penais, prevê a Lei de Execução Penal para cada Estado da Federação um Centro de Observação, a ser instalado em unidades autônomas ou anexa ao estabelecimento penal onde devem ser realizados os exames gerais e criminológicos (itens 4.28 e 4.29). Os resultados desses exames devem ser encaminhados à Comissão Técnica de Classificação, que deve existir em cada estabelecimento destinado ao cumprimento de pena. Recebidos os exames, cabe à Comissão elaborar o programa de individualização das penas privativas de liberdade. Na falta do Centro de Observação, permite a lei que os exames sejam realizados no próprio presídio, pela Comissão Técnica de Classificação (art. 98).53

50

MARCÃO, RENATO. Lei de Execução Penal: Anotada e Interpretada. 2. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006, p. 37.

51

MESQUITA JÚNIOR, SIDIO ROSA DE. Manual de Execução Penal: Teoria e Prática. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2003, p. 89.

52

HEELENO, Cláudio. Lições de Direito Penal: Parte Geral. 17. Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006, p.368.

53

(32)

Dito isso, passamos para a formação dessa comissão, que será composta por policiais, psiquiatras, psicólogos e assistentes sociais. Porém, para Mesquita Júnior, essa não é a realidade, vez que na pratica a comissão é formada por um ou no máximo dois agentes de policia ou penitenciários. Tornando os critérios para a classificação do preso objetivos, analisando somente o quantum da pena para classificar o condenado.54

3.2 DA ASSISTÊNCIA

Conforme exposto no art. 10 da Lei de Execução Penal, o Estado tem o dever de dar assistência ao preso e ao internado, para que desta forma possa prevenir o crime e ressocializar o condenado.

Tal assistencialismo tem o objetivo de não discriminar e resguarda a dignidade da pessoa humana, desta forma abrange a todos os presos, sendo ele provisório ou definitivo, e também não poderia ficar de fora os internados. E outro fator importante é a garantia de assistência ao egresso do preso a sociedade, que também é garantido pelo parágrafo único do art. 10 da Lei de Execução Penal.55

3.2.1 Da Assistência Material

A assistência material está prevista no art. 12 da Lei de Execução Penal, garantindo ao condenado o fornecimento de alimentação, roupas e instalações higiênicas.

No entanto, não é só na Lei de Execuções Penais que está previsto essa assistência, ela se encontra também nas regras da ONU, e sobre a alimentação como um fator importante discorre Mirabete:

54

MESQUITA JÚNIOR, Sidio Rosa de . Manual de Execução Penal: Teoria e Prática. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2003, p. 90.

55

(33)

Segundo as Regras Mínimas da ONU, todo preso deverá receber da Administração, nas horas usuais, uma alimentação de boa qualidade, bem preparada e servida, cujo valor seja suficiente para a manutenção de sua saúde e de suas forças (nº 20.1). O tema de alimentação nas prisões é de grande importância, não só porque o interno tem direito a uma alimentação sã e suficiente para a sua subsistência normal, podendo ressentir-se sua saúde de sua insuficiência ou baixa qualidade, mas também porque é esse um poderoso fator que pode incidir positiva ou negativamente, conforme o caso, no regime disciplinar dos estabelecimentos penitenciários. Uma boa alimentação não vai fazer um homem que está na prisão, mas evita os motins e, por isso, a alimentação não deve ser descuidada, mas, pelo contrário, escrupulosamente atendida.56

A alimentação, como já dito antes, tem um fator muito importante, pois como serve para atender uma das necessidades básicas do homem não se deve descuidar dessa responsabilidade, para desta forma evitar revoltas e motins.

Contudo, a higiene da cela ou alojamento é obrigação do condenado, o qual deve também conservar os seus objetos de uso pessoal, porém os meios para que o preso possa realizar sua higiene pessoal e do local onde se encontra recolhido tem de ser fornecidos pelo Estado.57

3.2.2 Da Assistência à Saúde

Todo condenado possui direito a assistência à saúde, e esta assistência inclui a médica, odontológica, farmacêutica, preventiva e curativa. Conforme disposto no art. 14 da Lei de Execuções Penais.

No entanto, a realidade fática mostra que os estabelecimentos penais estão despreparados para dar tal assistência, aplicando, em virtude disto, o §2º do art. 14 da Lei de Execuções Penais, que prevê que não falta de preparo do estabelecimento o tratamento se dará em outro local com a autorização da direção do estabelecimento.58

56

MIRABETE, Julio Fabbrini. Execução Penal. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2006, p. 66.

57

MESQUITA JÚNIOR, Sidio Rosa de. Manual de Execução Penal: Teoria e Prática. 3. Ed. São Paulo: Atlas, 2003, p. 94.

58

(34)

E agravando esta situação a rede pública também não consegue atender tais necessidades de saúde, de acordo com o que expõe Renato Marcão:

Ocorre, entretanto, que também a rede pública, que deveria prestar tais serviços, é carente e não dispõe de condições adequadas para dar atendimento de qualidade mesmo à camada ordeira da população que também necessita de tal assistência estatal.59

Diante de tais argumentos, nota-se o total descaso do Estado com a condição de saúde dos presos, em virtude do despreparo e falta de estrutura dos estabelecimentos prisionais.

3.2.3 Da Assistência Jurídica

A assistência judiciária como o nome já esclarece, é o direito do condenado a ter um advogado para ampará-lo juridicamente, isso ocorre, pois como se sabe a grande massa carcerária de nosso país é formado de pobres, que não possuem condições para contratar um advogado.

Quanto à situação de pobreza dos condenados Mesquita Júnior discorre sobre o tema:

Quando estudamos a assistência material, mencionamos a conclusão do CNPCP no sentido de que 95% dos presos são pobres. Tal conclusão decorreu da constatação de que somente 5% do total dispunha de advogados particulares, enquanto os demais são assistidos por defensores públicos e advogados dativos. Com efeito, a maioria dos condenados são pobres, mas essa realidade decorre naturalmente da péssima situação econômica do povo brasileiro.60

59

MARCÃO, Renato. Curso de Execução Penal. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 53.

60

MESQUITA JÚNIOR, Sidio Rosa de . Manual de Execução Penal: Teoria e Prática. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2003, p. 99.

(35)

Segundo Manoel Pedro Pimentel, os três princípios básicos da disciplina, dentro dos estabelecimentos prisionais, são as visitas, a alimentação e a assistência judiciária. Dizia o nobre jurista:

Destas três exigências comumente encarecidas pelos sentenciados, a mais importante, parece-nos, é a assistência judiciária. Nenhum preso se conforma com o fato de estar preso e, mesmo quando conformado esteja, anseia pela liberdade. Por isso, a falta de perspectiva de liberdade ou a sufocante sensação de indefinida duração da pena são motivos de inquietação, de intranqüilidade, que sempre se refletem, de algum modo, na disciplina. É importante que o preso sinta ao seu alcance a possibilidade de lançar mão de medidas judiciais capazes de corrigir eventual excesso de pena, ou que possa abreviar os dias de prisão. Para isso, deve o Estado – tendo em vista que a maior parte da população carcerária não dispõe de recursos para contratar advogados - propiciar a defesa dos presos.61

Dentro do que pensa o doutrinar que acima expôs seus ensinamentos, percebe-se que, para o preso, a assistência jurídica seja mais importante do que todas as outras, pois o que mais anseia qualquer condenado é recuperar a sua liberdade, tendo na assistência judiciária o amparo necessário para abreviar seu tempo de cárcere, assim como a informação sobre o que se procede com o seu processo.

3.2.4 Da Assistência Educacional

A educação é um direito de todos, inclusive dentro da prisão. No entanto, isso não é uma realidade perante a comunidade internacional de educação, mesmo quando iniciativas são tomadas, quem trabalha para criação de atividades educacionais dentro das instituições penitenciarias são organizações não-governamentais e alguns governos.62

E ainda, como agravante desta situação, a grande maioria dos condenados possui um nível de educação abaixo da média nacional, Mayer concorda com este fato em seus dizeres: “E podemos dizer que aqueles que estão na prisão são pobres, são economicamente

61

PIMENTEL apud MIRABETE, Julio Fabbrini. Execução Penal. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2006, p. 73.

62

MAYER, Marc. Na prisão existe a perspectiva da educação ao longo da vida? Alfabetização e Cidadania. Revista de Educação de Jovens e Adultos. N. 19. Brasília, 2006, p. 21.

(36)

pobres e freqüentemente (auto) excluídos da escola formal ou nunca tiveram oportunidade de acesso a ela”.63

Apesar da realidade não conseguir atingi-los, os objetivos da assistência a educação teriam uma relevância muito grande na ressocialização do preso, como se observa na explicação de Renato Marcão:

A assistência educacional tem por escopo proporcionar ao executado melhores condições de readaptação social, preparando-o para o retorno à vida em liberdade de maneira mais ajustada, conhecendo ou aprimorando certos valores de interesse comum. É inegável, ainda, sua influência positiva na manutenção da disciplina do estabelecimento prisional.64

3.2.5 Da Assistência Social

A Lei de Execução Penal trata da Assistência Social e chama a atenção para os profissionais dessa área que devem manter uma postura crítica, uma vez que nesse ambiente atuarão em busca de condições carcerárias que dêem aos presos, dignidade, respeito aos direitos humanos e dando condições para que cumpram sua pena tendo seus direitos e deveres preservados, para que futuramente reintegrem-se à sociedade mantendo seus vínculos familiares. E também, promover discussões sobre uma consciência política e por condições sociais mais justas para todos.

E ainda, para salientar a importância de tal assistência observemos os ensinamentos de Mirabete:

Verifica-se a grande importância da figura do assistente social no processo de reinserção social do condenado, já que a ele cabe procurar estabelecer a comunicação entre o preso e a sociedade da qual se encontra temporariamente afastado. Os meios para que essa comunicação seja estabelecida estão previstos no art. 23 da Lei de Execuções Penal.65

63

MAYER, Marc. Na prisão existe a perspectiva da educação ao longo da vida? Alfabetização e Cidadania. Revista de Educação de Jovens e Adultos. N. 19. Brasília, 2006, p. 21.

64

MARCÃO, Renato. Curso de Execução Penal. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 56.

65

(37)

De tal modo, nota-se a grande responsabilidade da assistência social ao preso, buscando tornar menos sofrido o cumprimento da sanção penal e contribuindo para a reintegração do condenado a sociedade.

3.2.6 Da Assistência Religiosa

Os condenados possuem direito a exercer sua religião dentro dos estabelecimentos penais, respeitando as regras estabelecidas pela Lei de Execução Penal, e esta, assim como as outras, também tem sua importância.

Sobre a assistência religiosa ensina Mirabete:

Na atualidade, a assistência religiosa no mundo prisional não ocupa lugar preferencial nem é ponto central dos sistemas penitenciários, tendo-se adaptado às circunstâncias de nossos tempos. Não se pode desconhecer, entretanto, a importância da religião como um dos fatores da educação integral das pessoas que se encontram interessadas em um estabelecimento penitenciário, razão pela qual a assistência religiosa é prevista nas legislações mais modernas. Em pesquisa efetuada nos diversos institutos penais subordinados à Secretaria de Justiça do Estado de São Paulo por um grupo de trabalho instituído pelo então Secretário Manoel Pedro Pimentel, conclui-se que a religião tem, comprovadamente, influência altamente benéfica no comportamento do homem encarcerado e é a única variável que contém em si mesma, em potencial, a faculdade de transformar o homem encarcerado ou livre.66

Contudo, algumas autoridades mostram certa resistência em aceitar esse tipo de assistência dentro dos estabelecimentos penais, conforme expõe Rogério Greco:

Algumas autoridades têm certa resistência em permitir a assistência religiosa, sob o falso argumento de que a segurança daqueles que iriam pregar a palavra de Deus dentro dos estabelecimentos carcerários correria risco. Motins e rebeliões podem acontecer a qualquer momento, sabemos disso. Não só o pregador corre risco,como

66

(38)

também os amigos e parentes dos presos que vão visitá-los nos dias permitidos. Mas, embora sem o apoio do Estado, esse trabalho não pode cessar.67

Mais o diante do que Rogério Greco disse acima, nota-se que tal preocupação com a segurança só se da quanto aos que vão pregar a palavra e não aos parentes e visitantes.

3.3 DO TRABALHO DO CONDENADO

O trabalho dentro dos estabelecimentos prisionais já foi abordado inicialmente quando analisamos os diretos dos presos, contudo agora retomaremos esse assunto com o foco voltado para a Execução Penal.

O trabalho para o preso pode se dividir em duas espécies: o trabalho interno (dentro do estabelecimento penal) e o trabalho externo (fora do estabelecimento penal), os quais serão analisados a seguir.

3.3.1 Do Trabalho Interno

No que diz respeito ao trabalho realizado dentro dos estabelecimentos penais, devem ser respeitadas as aptidões, idade, habilidade, condição pessoal, capacidade e necessidades futuras dos condenados quando exercerem alguma atividade laboral, tendo como observação importante a faculdade desses para os presos provisórios, diante do princípio da inocência.68

Quanto à jornada de trabalho que poderá realizar o preso Renato Marcão assim ensina:

A jornada normal de trabalho não será inferior a seis, nem superior a oito horas, com descanso nos domingos e feriados, podendo ser atribuído horário especial de

67

GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: Parte Geral. 7. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2006, p. 555.

68

(39)

trabalho aos presos designados para serviços de conservação e manutenção do estabelecimento penal (art. 33 da LEP), tais como os que desempenham atividades de “faxina”, na administração, em enfermarias etc.69

Contudo, para Mesquita Júnior, os presídios não estão aparelhados de maneira correta para garantir a eficácia da lei e a grande maioria dos presos não possui classificação para o trabalho, estando desta forma fragilizado o direito do condenado ao trabalho, que tem como objetivo a sua reintegração social.70

3.3.2 Do Trabalho Externo

Quanto ao trabalho externo Mesquita Júnior explica o seguinte:

A LEP preceitua que o trabalho externo é admissível para o condenado que se encontra no regime fechado, enquanto o CP estabelece que o trabalho externo é admissível aos condenados que se encontrarem nos regimes fechado e semi-aberto. A noção de trabalho externo, ou atividade externa, não importa unicamente no trabalho no meio social em obras privadas, mas apenas a atividade laboral extramuros, ou seja, a mesma poderá ocorrer em estabelecimentos públicos.71

Nota-se que o trabalho externo é possível tanto na esfera privada como na pública, e também que pode ser aplicada tanto no regime fechado como no semi-aberto, desde que se trate de atividade laboral.

Outra observação importante sobre o trabalho externo é a aceitação do condenado em realizar o trabalho, conforme demonstra Mirabete:

Ao contrario do que ocorre no trabalho interno, a prestação pelo preso, quando se trata de empresa privada que realiza obra pública, depende do consentimento do

69

MARCÃO, Renato. Curso de Execução Penal. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 61 - 62.

70

MESQUITA JÚNIOR, Sidio Rosa de . Manual de Execução Penal: Teoria e Prática. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2003, p. 115.

71

MESQUITA JÚNIOR, Sidio Rosa de. Manual de Execução Penal: Teoria e Prática. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2003, p. 116.

(40)

condenado (Art. 36, §3º). Evita-se que o preso se veja obrigado ao trabalho para entidade que tem precipuamente o intuito de lucro, com a utilização inclusive do trabalho prisional, o que poderia ser visto por ele como tendo sentido de exploração econômica. A concordância do preso para este trabalho e para empresa privada elimina, ao menos em parte, essa característica em relação ao preso que o aceita.72

Além da vontade do preso em trabalhar, também é necessária uma autorização e esta pode ser revogada a qualquer momento, Renato Marcão comenta sobre isto em seus dizeres: “concedido o benefício, se o preso praticar fato definido como crime ou for punido com falta grave, ou, ainda, se faltar com o dever de disciplina e responsabilidade, será revogada a autorização de trabalho externo”.73

72

MIRABETE, Julio Fabbrini. Execução Penal. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2006, p. 107.

73

Referências

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