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U N I V E R S I D A D E D O V A L E D O I T A J AÍ CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR Curso de Engenharia Ambiental

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(1)

U N I V E R S I D A D E D O V A L E D O

I T A J A Í

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS

DA TERRA E DO MAR

Curso de Engenharia Ambiental

PROPOSTA DE AÇÕES PARA UM EVENTO SUSTENTÁVEL COM A

REDUÇÃO E COMPENSAÇÃO DE EMISSÕES DE GASES DE

EFEITO ESTUFA. ESTUDO DE CASO: CONGRESSO BRASILEIRO

DE OCEANOGRAFIA, ITAJAÍ, SC

Ac: Bruna Heloisa Zappelini

Orientador: Camila Burigo Marin, MSc.

(2)

U N I V E R S I D A D E D O V A L E D O

I T A J A Í

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS

DA TERRA E DO MAR

Curso de Engenharia Ambiental

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

PROPOSTA DE AÇÕES PARA UM EVENTO SUSTENTÁVEL COM A

REDUÇÃO E COMPENSAÇÃO DE EMISSÕES DE GASES DE

EFEITO ESTUFA. ESTUDO DE CASO: CONGRESSO BRASILEIRO

DE OCEANOGRAFIA, ITAJAÍ, SC

Bruna Heloisa Zappelini

Monografia apresentada à banca

examinadora

do

Trabalho

de

Conclusão de Curso de Engenharia

Ambiental como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do grau

de Engenheiro Ambiental.

(3)
(4)

DEDICATÓRIA

Aos meus pais, que acreditaram em mim e com muito apoio e carinho, não mediram esforços para que eu chegasse até aqui.

(5)

AGRADECIMENTOS

A Deus, pela minha vida e por ter me dado saúde e fé durante essa caminhada, e principalmente força, para superar as dificuldades.

A minha família, pelo amor, incentivo e apoio incondicional.

Ao meu namorado Roger, pela paciência, amizade, carinho e companheirismo, sempre presente.

A Professora MSc. Camila Burigo Marin, pela orientação, confiança, amizade e aprendizado.

A todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, professores, família e amigos, о meu muito obrigada.

(6)

RESUMO

A realização de eventos é uma prática rotineira e expressiva no país, tornando-se necessária a busca contínua por projetos criativos e inovadores, com ênfase na sustentabilidade. Nesse sentido, o presente trabalho objetivou propor ações de redução e compensação de emissões de gases de efeito estufa gerados em um evento por meio do entendimento do funcionamento do evento, da identificação das atividades que geraram emissões de gases de efeito estufa e da quantificação dessas emissões. Assim tornando o evento sustentável, tendo como estudo de caso o Congresso Brasileiro de Oceanografia, realizado entre os dias 25 e 29 de outubro de 2014 em Itajaí, Santa Catarina. Foi utilizada a metodologia apresentada pelo Programa Brasileiro GHG Protocol, englobando as emissões decorrentes do deslocamento de participantes e palestrantes, da geração de resíduos sólidos e efluentes, e do consumo de energia elétrica. A estimativa de emissão nos 3 Escopos resultou em 477,56 toneladas de Dióxido de Carbono equivalente (CO2e), sendo as emissões indiretas (Escopo 3),

responsáveis por 92% do total de emissões. Com a adoção de compensação para o total de emissões resultantes do evento, seria necessário o plantio de 1.775 árvores nativas da Mata Atlântica. Considerando apenas as emissões de Escopo 1 e 2, prática mais comum, esse valor reduziria para 150 árvores. Adotando-se práticas de redução de emissões como, uso de biocombustível nos veículos, limpeza de praias e videoconferências para os palestrantes internacionais, 69,75 toneladas de CO2e deixariam de ser emitidas, havendo a necessidade

de plantio de 1.514 árvores.

(7)

ABSTRACT

The realization of events is a routine and significant practice in the country, becoming necessary the continuous search for creative and innovation projects, with an emphasis on sustainability. Thus, this work aimed offer actions to reduce and offset the emissions of greenhouse gases produced by an event by understanding the operation of the event, the identification of the activities that generate greenhouse gases and the quantification of these emissions. So becoming the sustainable event, with a case study of the Brazilian Oceanographic Congress, realized between 25 and 29 of October of 2014, in Itajaí city, Santa Catarina State. The methodology used was presented by Brazilian Program GHG Protocol, encompassing the emissions resultant of the participants and speakers, the generation of solid waste and sewage, and electricity consumption. The estimated emission in three Scopes resulted in 477.56 tons of Carbon Dioxide equivalent (CO2e), and indirect emissions (Scope

3) account for 92% of total emissions. To compensate the all emissions resulted by event, the planting of 1,775 natives trees of the Atlantic Forest would be necessary. Considering only the emission Scope 1 and 2, usually common, would reduce this value to 150 trees. Adopting emission reduction practices as biofuel for vehicles, beach cleaning and videoconferences for international speakers, 69.75 tons of CO2e would no longer be made, and the need for planting

of 1,514 trees.

(8)

SUMÁRIO

Dedicatória ... i Agradecimentos ... ii Resumo ... iii Abstract ... iv Sumário ... v

Lista de Figuras ... viii

Lista de Tabelas ... x

Lista de Equações ... xi

Lista de Quadros ... xii

Lista de Apêndices ... xiii

Lista de Abreviaturas ... xv 1 Introdução ... 1 1.1 Objetivos ... 4 1.1.1 Geral ... 4 1.1.2 Específicos ... 4 2 Fundamentação Teórica ... 5 2.1 Poluentes na Atmosfera... 5

2.2 Gases de Efeito Estufa ... 8

2.3 Inventário de Gases ... 12

2.3.1 Programa Brasileiro GHG Protocol ... 13

2.4 Eventos ... 17

(9)

2.4.2 Sistemas de Gestão para Sustentabilidade de Eventos – ABNT NBR ISO

20.121:2012 ... 23

2.4.3 Benefícios de um Evento Sustentável ... 24

3 Metodologia ... 26

3.1 Estudo de Caso ... 27

3.1.1 Município de Itajaí, SC ... 27

3.1.2 Congresso Brasileiro de Oceanografia ... 27

3.2 Estrutura e Dinâmica do Evento ... 28

3.3 Identificação das Emissões de Gases de Efeito Estufa relacionadas ao Evento .... 30

3.4 Quantificação das Emissões de Gases de Efeito Estufa relacionadas ao Evento .. 32

3.4.1 Ferramentas de Cálculos do Programa Brasileiro GHG Protocol ... 33

3.5 Propostas de Medidas de Redução e/ou Compensação das Emissões ... 35

3.5.1 Redução por não emissão ... 36

3.5.2 Compensação ... 36

4 Resultados e Discussão ... 37

4.1 Dinâmica do Evento ... 37

4.1.1 Palestrantes ... 38

4.1.2 Participantes ... 42

4.1.3 Palestrantes e participantes internacionais ... 44

4.2 Emissões de Gases de Efeito Estufa Identificadas no Evento ... 47

4.2.1 Escopo 1 ... 47

4.2.2 Escopo 2 ... 50

(10)

4.2.4 Resumo das atividades identificadas emissoras de gases de efeito estufa . 53

4.3 Quantidade de Emissões no Evento ... 54

4.4 Ações Sustentáveis ... 58

4.4.1 Redução por não emissão ... 58

4.4.2 Compensação ... 61

4.4.3 Cenários com redução e compensação em conjunto ... 63

4.4.4 Fatores positivos da realização do CBO em Itajaí ... 64

5 Considerações Finais ... 66

5.1 Conclusão ... 66

5.2 Recomendações para trabalhos futuros ... 68

6 Referências ... 69

(11)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Esquematização do processo do Efeito Estufa, o qual ocorre por meio da absorção e reflexão para a superfície terrestre de grande parte do calor gerado pela luz solar. ... 8 Figura 2. Fluxograma para o desenvolvimento de um evento sustentável. ... 26 Figura 3. Fluxograma com as principais etapas para a compreensão da dinâmica do evento. ... 29 Figura 4. Fluxograma com as principais etapas para a identificação das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) relacionadas ao evento. ... 32 Figura 5. Menu de navegação da ferramenta de cálculo intersetorial do Programa Brasileiro GHG Protocol, disponível no Software Microsoft Excel. ... 33 Figura 6. Fluxograma com as principais etapas para a proposta de ações para reduzir, evitar ou compensar as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) relacionadas ao Evento. ... 35 Figura 7. Localização da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) e do Centro de Eventos em Itajaí, ambos envolvidos diretamente no Congresso Brasileiro de Oceanografia (CBO). ... 38 Figura 8. Mapa do Brasil com a origem dos palestrantes do CBO segregados pela quantidade representada por cada município. ... 39 Figura 9. Gráfico com a distribuição de palestrantes do CBO por regiões brasileiras. ... 40 Figura 10. Gráfico com os meios de transporte utilizados pelos palestrantes do CBO oriundos da região sul do Brasil. ... 41 Figura 11. Gráfico com a nacionalidade dos palestrantes do Congresso Brasileiro de Oceanografia (CBO). ... 42 Figura 12. Mapa do Brasil com a origem dos participantes do CBO segregados pela quantidade representada por cada município. ... 43 Figura 13. Gráfico com a distribuição de participantes do CBO por regiões brasileiras. ... 44 Figura 14. Mapa mundi com os locais de origem dos palestrantes e participantes internacionais do CBO. ... 45 Figura 15. Consumo estimado de água no CBO com base no consumo médio de um Congresso Religioso e de uma Feira de Exposição. ... 49 Figura 16. Consumo estimado de energia elétrica no CBO com base no consumo médio de um Congresso Religioso e de uma Feira de Exposição. ... 51

(12)

Figura 17. Gráfico comparativo entre as emissões de GEE de Escopo 1, 2 e 3 decorrentes da realização do CBO, em toneladas equivalentes de Dióxido de Carbono (CO2). ... 57

Figura 18. Gráfico comparativo entre as emissões de GEE de Escopo 1 e 3 decorrentes da realização do CBO, em porcentagens. ... 58

(13)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Classificação de eventos quanto à abrangência destes. ... 18 Tabela 2. Classificação de eventos quanto à temática destes. ... 19 Tabela 3. Indicadores de geração de resíduos sólidos em eventos decorrente de coffee break,

kits de participantes e material de divulgação. ... 31

Tabela 4. Palestrantes estrangeiros do CBO e seus respectivos locais de origem. ... 46 Tabela 5. Participantes estrangeiros do CBO e seus respectivos locais de origem. ... 46 Tabela 6. Consumo de água em dois eventos realizados no mês de maio de 2014 no Centro de Eventos de Itajaí, para a projeção do cenário do CBO. ... 48 Tabela 7. Projeção do consumo de água para o CBO. ... 48 Tabela 8. Produção estimada de efluente no CBO com base no consumo de água. ... 49 Tabela 9. Consumo de energia elétrica em dois eventos realizados no mês de maio de 2014 no Centro de Eventos de Itajaí, para a projeção do cenário do CBO. ... 50 Tabela 10. Projeção do consumo de energia elétrica para o CBO. ... 50 Tabela 11. Geração de resíduos sólidos decorrente de coffee break, kits de participantes e divulgação do evento, segregados em materiais recicláveis, orgânicos compostáveis e rejeitos. ... 52 Tabela 12. Atividades identificadas no CBO responsáveis pela emissão de gases de efeito estufa com seus respectivos valores e unidades para posterior cálculo das emissões no Programa Brasileiro GHG Protocol. ... 53 Tabela 13. Gases de Efeito Estufa e seus respectivos Potenciais de Aquecimento Globais (GWP). ... 54 Tabela 14. Quantidades emitidas de gases de efeito estufa durante a realização do CBO por atividades em ordem decrescente de emissões, em toneladas equivalentes de dióxido de carbono (CO2). ... 55

Tabela 15. Fatores médios mensais para o ano de 2014 e anuais para os anos de 2012 e 2013 para o consumo de energia elétrica do Sistema Interligado Nacional (SIN). ... 56 Tabela 16. Comparativo entre as emissões totais de GEE utilizando gasolina ou etanol no transporte rodoviário de palestrantes e participantes. ... 59 Tabela 17. Total de árvores a serem plantadas como compensação as emissões de GEE decorrentes da realização do CBO, considerando 5% de mortalidade destas. ... 62

(14)

LISTA DE EQUAÇÕES

Equação 1. Cálculo para determinação da quantidade de árvores a serem plantadas para compensar as emissões de GEE. ... 36

(15)

LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Gases de Efeito Estufa (GEE) e suas principais fontes de entrada e saída da atmosfera. ... 10

(16)

LISTA DE APÊNDICES

Apêndice 1. Ferramenta de cálculo do Programa Brasileiro GHG Protocol para as emissões decorrentes do transporte rodoviário de palestrantes e participantes, considerando o tipo de veículo, o ano da frota e o consumo total de combustível em litros. ... 78 Apêndice 2. Consumo total de combustível decorrente do transporte rodoviário de palestrantes e participantes, seu respectivo fator de emissão e o total de emissão. ... 78 Apêndice 3. Interface da ferramenta auxiliar do Programa Brasileiro GHG Protocol para o cálculo das distâncias aéreas e as emissões oriundas dessas, com a solicitação do aeroporto de partida e o de chegada e o número de trechos efetuados pela pessoa. Em questão, alguns dos aeroportos utilizados pelos palestrantes nacionais do Congresso Brasileiro de Oceanografia (CBO). ... 79 Apêndice 4. Fatores de emissão e distâncias percorridas pelo transporte aéreo de palestrantes nacionais, bem como as emissões totais decorrentes dessa atividade. ... 80 Apêndice 5. Interface da ferramenta auxiliar do Programa Brasileiro GHG Protocol para o cálculo das distâncias aéreas e as emissões oriundas dessas, com a solicitação do aeroporto de partida e o de chegada e o número de trechos efetuados pela pessoa. Em questão, todos os aeroportos utilizados pelos palestrantes internacionais do Congresso Brasileiro de Oceanografia (CBO). ... 81 Apêndice 6. Fatores de emissão e distâncias percorridas pelo transporte aéreo de palestrantes internacionais, bem como as emissões totais decorrentes dessa atividade. .... 82 Apêndice 7. Informações preenchidas na ferramenta de cálculo do Programa Brasileiro GHG

Protocol para a contabilização das emissões oriundas do tratamento do efluente gerado

(Passo 1 ao 5) e as emissões totais de CO2e para essa atividade. ... 83

Apêndice 8. Emissões decorrentes do consumo de energia elétrica proveniente do Sistema Interligado Nacional (SIN). ... 84 Apêndice 9. Interface da ferramenta auxiliar do Programa Brasileiro GHG Protocol para o cálculo das distâncias aéreas e as emissões oriundas dessas, com a solicitação do aeroporto de partida e o de chegada e o número de trechos efetuados pela pessoa. Em questão, alguns dos aeroportos utilizados pelos participantes nacionais do Congresso Brasileiro de Oceanografia (CBO). ... 85 Apêndice 10. Fatores de emissão e distâncias percorridas pelo transporte aéreo de participantes nacionais, bem como as emissões totais decorrentes dessa atividade. ... 86

(17)

Apêndice 11. Interface da ferramenta auxiliar do Programa Brasileiro GHG Protocol para o cálculo das distâncias aéreas e as emissões oriundas dessas, com a solicitação do aeroporto de partida e o de chegada e o número de trechos efetuados pela pessoa. Em questão, todos os aeroportos utilizados pelos participantes internacionais do Congresso Brasileiro de Oceanografia (CBO). ... 87 Apêndice 12. Fatores de emissão e distâncias percorridas pelo transporte aéreo de participantes internacionais, bem como as emissões totais decorrentes dessa atividade. ... 88 Apêndice 13. Informações preenchidas na ferramenta de cálculo do Programa Brasileiro GHG

Protocol para a contabilização das emissões oriundas do tratamento dos resíduos sólidos

gerados (Passo 1 ao 3). ... 89 Apêndice 14. Informações preenchidas na ferramenta de cálculo do Programa Brasileiro GHG

Protocol para a contabilização das emissões oriundas do tratamento dos resíduos sólidos

gerados (Passo 4 ao 5) e as emissões totais de CO2e e CO2 de biomassa para essa atividade.

(18)

LISTA DE ABREVIATURAS

CBO

Congresso Brasileiro de Oceanografia

CO

2

e

Dióxido de Carbono Equivalente

DBO5,20

Demanda Bioquímica de Oxigênio

ETE

Estação de Tratamento de Efluente

GEE

Gases de Efeito Estufa

(19)

1 I

NTRODUÇÃO

Inúmeras atividades humanas resultam em impactos ambientais negativos decorrentes desde o consumo de recursos até a geração de poluentes no ar, na água e no solo. A realização de eventos é uma dessas atividades, sendo necessário que esses ocorram de maneira mais sustentável, para que os seus benefícios sejam refletidos também ao meio ambiente.

O Congresso Brasileiro de Oceanografia (CBO) é um exemplo de evento que possui uma temática ambiental, com a participação de inúmeros profissionais associados às áreas de meio ambiente, tendo como objetivo principal a discussão de temas relacionados à oceanografia. Sendo assim, essas características se tornam um motivo a mais para que esse evento se preocupe com seus impactos ambientais negativos.

De forma geral, com o aumento populacional eleva-se a pressão sobre os recursos naturais e as terras cultiváveis. Desta forma, necessita-se de elevada industrialização, mecanização e produção de alimentos, aliados a combustão de combustíveis fósseis e ao desenvolvimento e proliferação do automóvel, introduzindo na atmosfera grandes quantidades de substâncias (FELLENBERG, 1980; SILVA, 1975).

Segundo Mouvier (1995), um poluente pode ter diferentes origens (fontes), seja de origem antrópica como a emissão de gases diretamente lançados na atmosfera pelas chaminés de fábricas e tubos de escape dos automóveis, ou de origem natural da transformação química dos constituintes do ar.

Um dos problemas ocasionados pela emissão de gases é a magnificação do efeito estufa. Neste fenômeno natural, os gases impedem que parte do calor absorvido do sol seja dissipado, porém devido aos gases de efeito estufa (GEE) estarem sendo emitidos cada vez mais em maiores quantidades e maiores proporções de maneira antropogênica, estes estão acarretando em mudanças nas características do clima e contribuindo com a poluição atmosférica (BARBIERI, 1998).

As mudanças no mercado com o contínuo avanço tecnológico, a elevada exigência dos consumidores e o grande número de concorrentes, fazem com que as empresas revejam as suas estratégias e os seus modelos de negócios. O mesmo ocorre no setor de eventos, onde o aumento no número de eventos torna evidente a necessidade na busca por projetos criativos e diferentes (GIACAGLIA, 2006).

Em meio a essa problemática e a preocupação em reduzir as emissões por parte de empresas, organizações, cidades, estados e países, surge também a ideia de realizar eventos

(20)

sustentáveis. Durante um congresso, por exemplo, no qual profissionais da mesma área de atuação se reúnem para discutir sobre temas em comum, avaliando as novas tendências de mercado e os conceitos, diversos participantes e palestrantes se deslocam de diferentes lugares, necessitando de meios de transporte que queimam combustíveis fósseis, emitindo substâncias para a atmosfera (GIACAGLIA, 2004).

Nesse contexto, um evento neutro conta com um inventário de gases que contemple, quantifique e compense essas emissões. Segundo o Programa Evento Neutro da ECCAPLAN Consultoria, um evento é neutro em carbono quando “as emissões de gases de efeito estufa devido ao evento são devidamente quantificadas e uma ação de compensação ambiental (neutralização) é realizada na mesma proporção”.

A organização de um evento neutro contempla três etapas principais, a medição e o registro das emissões, a implementação de ações de redução das emissões de GEE e a compensação das emissões que não puderam ser evitadas (SEBRAE, 2013).

Para combater as mudanças climáticas é preciso reduzir as emissões destes gases de efeito estufa, sendo necessário conhecer a quantidade e a origem das emissões. Neste contexto, existem os Inventários de Emissões de Gases de Efeito Estufa, conceituados por Corte (2013), como sendo “a avaliação que se faz em uma empresa, grupo de empresas, setor econômico, cidade, estado ou país para se determinar fontes de gases de efeito estufa (GEE) nas atividades produtivas e a quantidade de GEE lançada à atmosfera”.

Existem diversas metodologias para se aplicar um inventário, sendo o GHG Protocol a mais utilizada mundialmente pelas empresas e governos, desenvolvida nos Estados Unidos, em 1998, pelo World Resources Istitute (WRI). O Centro de Estudos em Sustentabilidade (GVces) e o WRI adaptaram essa metodologia ao contexto nacional, lançando em 2008, o Programa Brasileiro GHG Protocol.

O Programa Brasileiro GHG Protocol procura proporcionar a mensuração, publicação e gestão das emissões de GEE no país, de maneira voluntária e com os mesmos instrumentos e padrões de qualidade internacional. Conhecendo-se o perfil das emissões a partir do diagnóstico do inventário de gases, podem-se estabelecer estratégias, planos e metas para a redução e gestão das emissões de gases de efeito estufa (GVCES & WRI, 2008).

A realização de eventos gera grandes impactos ambientais, econômicos e sociais. Independentemente do local, do porte e do tipo de evento, todos envolvem milhares de pessoas, atividades e fornecedores que por meio da cadeia produtiva resultam em impactos indesejáveis (IBEV, 2014).

(21)

A ideia de eventos sustentáveis vem crescendo, assim como normas legais e outras recomendações nessa área estão sendo gradativamente regulamentadas, com o intuito de evitar ou reduzir os impactos associados à esses. Resultados adversos causados pelo elevado consumo de energia, pela queima de combustíveis fósseis com o deslocamento dos participantes e pela grande quantidade de resíduos sólidos gerada em shows, festivais, congressos, fóruns, entre outros eventos (INSTITUTO AKATU, 2008; IBEV, 2014).

A compensação ambiental ou neutralização de carbono acontece por meio da aquisição de créditos de carbono e quando se trata de um evento, esta ocorre com a adoção de práticas sustentáveis, antes, durante e após a realização do evento (SEBRAE, 2013).

Almeida & Govatto (2002) afirmam que, fazer menos do que já se tenha feito para combater os riscos ambientais é algo inaceitável ao analisar as proporções que estes atingiram, como os casos de esgotamento de recursos naturais, de aquecimento global e dos danos à biodiversidade. Dessa maneira, além das obrigações impostas por leis, as organizações possuem o dever de contribuir para o desenvolvimento sustentável, conceito que relaciona aspectos ambientais, econômicos e sociais.

A disponibilidade de literatura nesta área de eventos verdes é pequena e poucos trabalhos têm sido realizados com este tema. Assim, o enfoque deste trabalho foi analisar a hipótese de que um evento pode neutralizar e compensar as emissões de gases de efeito estufa relacionadas a ele, a fim de que seja um evento sustentável. Nesse contexto, as perguntas que determinaram este trabalho foram: Quais atividades do evento geram emissões de gases de efeito estufa? Quais são as quantidades emitidas? Quanto pode ser reduzido ou evitado? Quais ações podem ser propostas para o evento se tornar sustentável?

Sendo assim, a realização desse trabalho objetivou o entendimento da estrutura e da funcionalidade de um evento; a identificação das atividades que emitem gases de efeito estufa relacionadas ao planejamento, execução e conclusão do evento; a quantificação dessas emissões e a proposta de medidas de redução e/ou compensação das emissões. A metodologia utilizada seguiu a proposta do Programa Brasileiro GHG Protocol para a realização de inventários de emissões.

Em meio à isso, a principal contribuição do trabalho foi apresentar uma metodologia geral para tornar os eventos sustentáveis, pois independente do tipo de evento, este necessita de um local, do deslocamento de participantes, do consumo de energia elétrica e de água, gerando resíduos e efluentes, e emitindo poluentes atmosféricos, contemplando a importância de neutralizar essas ações.

(22)

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Geral

Propor ações de redução e compensação de emissões de gases de efeito estufa gerados em um evento, tendo como estudo de caso o Congresso Brasileiro de Oceanografia, realizado em Itajaí, SC.

1.1.2 Específicos

a) Entender a estrutura e a funcionalidade de um evento;

b) Identificar as atividades que geram emissões de gases de efeito estufa relacionadas ao planejamento, execução e conclusão do evento;

c) Quantificar as emissões de gases de efeito estufa associados ao evento; e

d) Sugerir medidas de redução e/ou compensação das emissões de gases relacionadas ao evento.

(23)

2 F

UNDAMENTAÇÃO

T

EÓRICA

2.1 POLUENTES NA ATMOSFERA

Segundo Murakami (2014), “o crescimento populacional, o consumismo e a tecnologia são vetores proporcionais aos danos ambientais”. Tais vetores exigem crescente industrialização de bens de consumo, fazendo aumentar também a poluição e consequentemente os problemas associados à ela.

Para se entender os efeitos da poluição do ar, faz-se necessário conceituar primeiramente o que é um poluente. A Resolução CONAMA nº 003/1990 conceitua em seu primeiro artigo, poluente atmosférico como sendo:

“Qualquer forma de matéria ou energia com intensidade e em quantidade, concentração, tempo ou características em desacordo com os níveis estabelecidos, e que tornem ou possam tornar o ar:

I - impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde; II - inconveniente ao bem-estar público; III - danoso aos materiais, à fauna e flora;

IV - prejudicial à segurança, ao uso e gozo da propriedade e às atividades normais da comunidade”.

A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) também possui uma definição de poluente com conteúdo similar ao citado pela Resolução CONAMA nº 003/1990:

“Qualquer substância presente no ar e que, pela sua concentração, possa torná-lo impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde, causando inconveniente ao bem estar público, danos aos materiais, à fauna e à flora ou prejudicial à segurança, ao uso e gozo da propriedade e às atividades normais da comunidade”.

O aumento das concentrações desses poluentes na atmosfera, principalmente o de gases de efeito estufa, contribuem para as mudanças climáticas e para a poluição atmosférica (MOUVIER, 1995).

A poluição atmosférica segundo Branco & Rocha (1987 apud Brilhante & Caldas, 1999, p. 20), é a “modificação prejudicial em um ambiente onde se encontra instalada uma forma de vida qualquer [...]”. Ainda para Brilhante & Caldas (1999, p. 20), a poluição pode ser definida do ponto de vista ecológico como sendo “qualquer alteração da composição e das características do meio que cause perturbações nos ecossistemas [...]”.

O nível de poluição do ar é medido pela quantidade de substâncias presentes nele e devido à variedade desses contaminantes ser muito grande, esses são divididos em dois grupos, os poluentes primários, oriundos de emissões diretas da fonte; e os poluentes secundários,

(24)

resultantes de reações químicas entre os poluentes primários e os componentes naturais da atmosfera. A concentração dos poluentes está diretamente ligada às condições meteorológicas, assim, os mesmos contaminantes que contribuem para a poluição atmosférica, também contribuem para as mudanças climáticas (CETESB, 2013).

As mudanças climáticas são muito discutidas atualmente, sendo um desafio contê-las. Há quem afirme que estas são decorrentes de ações humanas, mas há também quem considere que são ocasionadas por processos naturais. No entanto, o Plano Nacional sobre Mudança do Clima afirma que a mudança climática é decorrente de um acúmulo de gases de efeito estufa na atmosfera, ocorrente desde a Revolução Industrial. O Brasil, emitiu no ano de 1994, 1,5 toneladas de dióxido de carbono (CO2) por habitante (BRASIL, 2008).

Para o Ministério Brasileiro da Ciência e Tecnologia (2012), mudança no clima é conceituada como sendo aquela “atribuída direta ou indiretamente à atividade humana que altere a composição da atmosfera mundial e que se some àquela provocada pela variabilidade climática natural observada ao longo de períodos comparáveis”. Sendo assim, o homem contribui no seu cotidiano para as mudanças climáticas, seja ao utilizar seu meio de transporte que realiza a queima de combustível fóssil, seja pela emissão de poluentes na chaminé da empresa em que trabalha.

Ometto & Sousa Neto (2014) afirmam que as mudanças climáticas se definem como “variações de temperatura, precipitação, intensidade de ventos e outros fenômenos climáticos em relação às médias históricas, ou seja, o valor médio de ocorrência desses fenômenos com o passar dos anos”.

Os Gases de Efeito Estufa (GEE) impedem a liberação do calor emitido pela superfície terrestre para o espaço. Dentre os GEE, os mais significativos são o dióxido de carbono (CO2),

o metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O), ambos emitidos pela atividade humana (NAE, 2005;

OMETTO & SOUSA NETO, 2014). Porém, não é apenas a indústria que emite poluentes, muitas atividades agrícolas como o cultivo de arroz, são fontes de metano. Também deve-se considerar o desmatamento como uma mudança na circulação atmosférica, modificando o balanço hídrico e o regime de chuvas, e assim contribuindo com as mudanças climáticas (BRILHANTE & CALDAS, 1999; OMETTO & SOUSA NETO, 2014).

As hidrelétricas que são conhecidas por serem uma das fontes de energia mais limpas do mundo também emitem GEE. O gás carbônico é liberado por difusão na superfície do reservatório, que por ser um meio aeróbio (maior presença de oxigênio), as bactérias decompõem a matéria orgânica e emitem o gás. Já o metano é liberado por decomposição da matéria orgânica no fundo do reservatório em condições anaeróbias (com pouco ou

(25)

nenhum oxigênio) que por não se diluir na água, o gás chega na superfície em forma de bolhas. Assim, lagos profundos em pequenas áreas e com grande potencial energético, emitem pouco metano, caso da usina de Itaipu, e o contrário ocorre em lagos extensos e rasos, e com baixa potência energética, sendo grandes poluidores (FEARNSIDE, 2008; MELO, 2002).

Segundo o Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (2005), o desafio em conter as mudanças climáticas possui duas vertentes, de um lado a exposição dos biomas globais aos impactos resultantes das mudanças, e de outro a mitigação destas por meio de medidas de redução das emissões de gases, também pensando na limitação de seu crescimento futuro.

Os efeitos potenciais das mudanças climáticas nas cidades são exposição à tempestades, à erosão do solo, ao aumento do nível do mar nas cidades costeiras, à escassez de água potável, à necessidade de novas fontes de água e de infraestrutura para isso, ao aumento da poluição e de doenças infecciosas como dengue e febre amarela. Assim, os efeitos locais das mudanças no clima são econômicos, sociais e ambientais, sendo mais visíveis em países em desenvolvimento, devido às suas características e vulnerabilidades econômicas e sociais, fazendo-se necessária a implantação de ações efetivas nas esferas públicas (SAMANIEGO, 2009; LA TORRE et al., 2009; PHILIPPI JR. et al., 2010 apud PADILHA et. al., 2010).

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgou em 2013 o seu quinto relatório de avaliação, alegando que caso as emissões de gases de efeito estufa continuem crescendo desenfreadamente, a temperatura no planeta poderá aumentar até 4,8º Celsius neste século (TOLEDO, 2013).

Neste contexto, Brandão (2013) afirma que para conter as mudanças no clima faz-se necessária a redução das emissões de gás carbônico e de metano, sendo preciso investir em energias mais eficientes e limitar a geração desta a partir de carvão e outros combustíveis fósseis. Fato confirmado também por Freitas (2012), que avalia a necessidade de inovação na tecnologia de gestão brasileira, objetivando o melhor aproveitamento das áreas promissoras ligadas à uma economia verde, sendo vital o investimento em energias renováveis.

Segundo o SEBRAE (2013), uma economia de baixo carbono requer a conservação dos recursos naturais, o combate ao desperdício e o uso de fontes renováveis, enfatizando novamente o uso das fontes renováveis como sendo uma das soluções para uma economia sustentável.

(26)

Para equacionar as questões ambientais da atualidade, como o efeito estufa, a poluição das águas e do ar, o esgotamento dos recursos naturais, o desmatamento e a degradação do solo, faz-se necessária uma abordagem sistemática e integrada de todos os fatores envolvidos, contemplando-as como questões naturais, sociais e econômicas (FREITAS, 2012).

2.2 GASES DE EFEITO ESTUFA

Os gases de efeito estufa são aqueles que absorvem e reemitem radiação infravermelha, estando presentes na atmosfera de maneira natural e antrópica (Figura 1). A liberação desses gases na atmosfera, em dada área e em certo período de tempo é chamada de “emissão” (MCT, 2012).

Figura 1. Esquematização do processo do Efeito Estufa, o qual ocorre por meio da absorção e

reflexão para a superfície terrestre de grande parte do calor gerado pela luz solar.

Fonte: Cidade Verde (2014).

As atividades humanas vêm causando uma elevação na concentração de gases como o gás carbônico (CO2) e o metano (CH4), dificultando a dissipação da radiação refletida pela Terra,

perturbando o equilíbrio energético entre a Terra e a atmosfera, e consequentemente, o sistema climático (BRILHANTE & CALDAS, 1999).

No ano de 1992 foi criada a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (CQMC) no Rio de Janeiro, no contexto da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO-92), objetivando a redução das emissões de GEE e a

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adoção de políticas internas visando a adaptação às mudanças climáticas. O Brasil como país signatário da Convenção, tem como obrigação a elaboração e a atualização do seu Inventário Nacional de GEE (CORTE, 2013).

Em dezembro de 1997, uma conferência realizada em Quioto, no Japão, resultou na adoção do Protocolo de Quioto, no qual os países industrializados se comprometeram em reduzir suas emissões combinadas de GEE em no mínimo 5% em relação aos níveis de 1990, até o período entre 2008 e 2012. O Protocolo de Quioto foi o primeiro estímulo ao mercado de carbono, por meio das suas metas de redução de emissões dos gases de efeito estufa estabelecidas aos seus países signatários (CNI, 2011; MCT, 2008).

O Protocolo considera gases de efeito estufa o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4), o

óxido nitroso (N2O), os hidrofluorcarbonos (HFCs), os perfluorcarbonos (PFCs) e o

hexafluoreto de enxofre (SF6). Ainda os divide por categorias de fontes, sendo elas, energia,

processos industriais, uso de solventes e outros produtos, agricultura e resíduos. Entrou em vigor em 16 de fevereiro de 2005 e atualmente possui 169 países signatários, mais a União Europeia (MCT, 2008).

As fontes principais do dióxido de carbono (CO2)são a queima de combustíveis fósseis para

a produção de energia, por indústrias e pelo transporte; e o desmatamento e as queimadas, sendo o gás mais emitido por ações humanas. A produção natural se dá pela respiração das plantas, dos animais e no solo, pela decomposição da matéria orgânica. A retirada de CO2 da

atmosfera pela biosfera acontece pela fotossíntese, onde o gás é fixado na biomassa (OMETTO & MARTINELLI, 2008; SCHLESINGER, 1997 apud OMETTO & SOUSA NETO, 2014; IPAM, 2014; CORTE, 2013).

O metano (CH4) é emitido pela produção e transporte de gás natural e petróleo, e pela

agricultura (cultivo de arroz irrigado e pecuária bovina), sendo que a quantidade emitida é bem menor, porém, seu potencial de aquecimento é 25 vezes maior que o do CO2. Os lixões

a céu aberto representam uma das maiores fontes de emissão deste gás, sendo de extrema importância a gestão dos mesmos, já que aproximadamente 50,8% dos municípios brasileiros ainda recorrem à esta forma de disposição dos seus resíduos. De maneira natural o metano é produzido pela atividade de bactérias que reduzem o CO2 para o CH4,pela respiração

anaeróbia, e por processos digestivos de alguns animais, como os bovinos (IPAM, 2014; CORTE, 2013; FISCHER, 2013; ACOBSON, 2002 apud OMETTO & SOUSA NETO, 2014).

O óxido nitroso (N2O) é liberado pelos fertilizantes utilizados na agricultura, com concentração

muito pequena, porém seu potencial de aquecimento é 298 vezes maior que o de CO2. De

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oceanos e nos solos de regiões tropicais (IPAM, 2014; CORTE, 2013; BAIRD, 2002 apud OMETTO & SOUSA NETO, 2014).

Os clorofluorcarbonos (CFCs) possuem concentrações ainda menores, mas o potencial de aquecimento global é de 6.200 à 7.100 vezes maior do que o do CO2 e ocorrem durante o

processo produtivo de alumínio e por sprays aerossóis. O hexafluoreto de enxofre (SF6) é o

gás com maior poder de aquecimento global, sendo 23.900 vezes mais ativo do que o dióxido de carbono, usado na indústria elétrica para aplicações de alta tensão (CORTE, 2013; INSTITUTO CARBONO BRASIL, 2014).

Abaixo segue o Quadro 1 com os gases de efeito estufa e suas respectivas fontes, para síntese do conteúdo supracitado.

Quadro 1. Gases de Efeito Estufa (GEE) e suas principais fontes de entrada e saída da atmosfera.

Gases de Efeito Estufa (GEE) Principais Fontes de Entrada na Atmosfera Principais Fontes de Saída da Atmosfera Referências Bibliográficas Dióxido de Carbono (CO2) Queima de combustíveis fósseis, desmatamento e queimadas, respiração das plantas e animais e

decomposição da matéria orgânica

Processo de

fotossíntese das plantas e absorção pelos oceanos (fitoplâncton) OMETTO & MARTINELLI, 2008; SCHLESINGER, 1997 apud OMETTO & SOUSA NETO, 2014; IPAM, 2014; CORTE, 2013; FONSECA, 2013; MENDONÇA, 2012; MELO, 2002

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Quadro 1. (Continuação). Gases de Efeito Estufa (GEE) e suas principais fontes de entrada e saída da atmosfera. Gases de Efeito Estufa (GEE) Principais Fontes de Entrada na Atmosfera Principais Fontes de Saída da Atmosfera Referências Bibliográficas

Metano (CH4) Produção e transporte de gás natural e petróleo, agricultura (cultivo de arroz irrigado), lixões a céu aberto, atividade de bactérias que reduzem o CO2 para o CH4,

processos digestivos de alguns animais, como os bovinos e hidrelétricas

Principal retirada do gás ocorre pela reação com o radical oxidrila (OH) na troposfera, e também pela absorção por solos aerados e pelo transporte para a estratosfera IPAM, 2014; CORTE, 2013; FISCHER, 2013; ACOBSON, 2002

apud OMETTO &

SOUSA NETO, 2014; MELO, 2002; ALVALÁ & KIRCHHOFF & PAVÃO, 1999 Óxido Nitroso (N2O) Fertilizantes utilizados na agricultura, decomposição bacteriana de compostos de nitrogênio nos oceanos e nos solos de regiões tropicais

A remoção ocorre por meio da fotólise e, em menor extensão, pela reação com oxigênio atômico na estratosfera

IPAM, 2014; CORTE, 2013; BAIRD, 2002 apud OMETTO & SOUSA NETO, 2014; MARTINS et al., 2003 Clorofluorcarbonos (CFCs) Processo produtivo de alumínio, sprays aerossóis e em produtos de

refrigeração

Suas emissões são controladas pelo Protocolo de Montreal e estão sendo substituídos pelos HCFC’s e HFC’s CORTE, 2013; INSTITUTO CARBONO BRASIL, 2014; MOZETO, 2001; INOUE, 2013 Hexafluoreto de Enxofre (SF6)

Indústria elétrica para aplicações de alta tensão

Sua remoção é muito lenta na atmosfera. A redução das emissões está assumida no Protocolo de Quioto CORTE, 2013; INSTITUTO CARBONO BRASIL, 2014; INOUE, 2013

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O aumento da emissão de GEE está contribuindo para as mudanças climáticas, sendo comprovadas por diversos indicadores como as mudanças no nível do mar, o aquecimento e a acidificação dos oceanos, o derretimento das calotas polares e a redução da quantidade de gelo oceânico e continental, ocasionada pelo aumento da temperatura e pela alteração hidrológica (OMETTO & SOUSA NETO, 2014).

Neste contexto, o inventário de gases de efeito estufa se faz válido para conhecer as fontes e quantificar as emissões.

2.3 INVENTÁRIO DE GASES

As emissões de gases de efeito estufa necessitam ser estabilizadas para que estas não contribuam ainda mais com possíveis mudanças no clima. Para tanto, alterações nos processos produtivos, na gestão, no consumo de recursos naturais e de insumos, e na matriz energética são necessárias nas indústrias, as principais contribuintes com as emissões. Assumir este desafio demanda inovação tecnológica, criatividade, desenvolvimento de produtos e processos eficientes (CNI, 2011).

A preocupação com uma economia de baixo carbono requer incentivos, políticas de sustentabilidade, investimentos em energias renováveis, eficiência energética, estímulos ao desenvolvimento de tecnologias “limpas”, redução e reaproveitamento de resíduos e uma gestão climática que envolva inventário de emissões, políticas de corte nas emissões, projetos de créditos de carbono, entre outros (CNI, 2011). Um inventário de emissões de Gases de Efeito Estufa, segundo o Instituto Carbono Brasil (2014), “contabiliza, de maneira precisa, as emissões e remoções de GEE da organização e possibilita identificar projetos que gerem créditos de carbono”.

Para Corte (2013), contabilizar as emissões de GEE significa “quantificar e organizar dados sobre emissões com base em padrões e protocolos e atribuir essas emissões corretamente a uma unidade de negócio, empresa, país ou outra entidade”.

O GVces e o WRI (2008), afirmam que a elaboração de um inventário de gases é o primeiro passo para uma organização contribuir para o combate às mudanças climáticas. Conhecendo as emissões, pode-se elaborar metas e estratégias para geri-las e reduzi-las, e pode-se divulga-las por meio de um relatório de sustentabilidade.

A Global Reporting Initiative (GRI) é uma organização não-governamental fundada em 1997, que promove a elaboração de diretrizes para o desenvolvimento de relatórios de sustentabilidade, podendo ser adotadas por todas as organizações. Com isso, há maior

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transparência organizacional, possibilitando a análise e a divulgação de informações sobre a forma de gestão da organização, sobre o seu desempenho ambiental, social e econômico, os impactos gerados nessas áreas, e o estabelecimento de metas e mudanças objetivando operações mais sustentáveis (GRI, 2013).

Segundo a GRI (2013), a tendência é de que a elaboração de relatórios de sustentabilidade se intensifique à medida que as empresas, clientes e fornecedores se conscientizem da necessidade de promover uma economia que seja verdadeiramente sustentável.

Uma das principais referências para a análise do quão sustentável é a economia de uma organização por meio de um inventário de gases de efeito estufa é o Programa GHG Protocol.

2.3.1 Programa Brasileiro GHG Protocol

O Programa GHG Protocol surgiu por meio da parceria entre o Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (World Business Council for Sustainable Development) e o Instituto de Recursos Mundiais (World Resource Institute). Foi lançado em 1998 e revisado em 2004 e consiste em uma ferramenta internacional utilizada para contabilizar as emissões de gases de efeito estufa, sendo a mais utilizada mundialmente pelas empresas e governos (GVCES & WRI, 2008; CNI, 2011).

A metodologia apresentada pelo Programa GHG Protocol é compatível com as normas da International Organization for Standardization (ISO) e com as metodologias de quantificação do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC), que são as Diretrizes criadas em 2006 para Inventários Nacionais de Gases de Efeito Estufa (GVCES & WRI, 2008).

Uma das normas das quais o programa é compatível é a ISO 14.064 - Gases de efeito estufa, criada em 2006 e revisada em 2012. Ela é dividida em três partes, sendo a Parte 1 - Especificação e orientação a organizações para quantificação e elaboração de relatórios de emissões e remoções de gases de efeito estufa - utilizada para a concepção e o desenvolvimento de inventários de GEE para organizações. A Parte 2 - Especificação e orientação a projetos para quantificação, monitoramento e elaboração de relatórios das reduções de emissões ou da melhoria das remoções de gases de efeito estufa - utilizada para a concepção e a implementação de projetos de GEE. E a Parte 3 - Especificação e orientação para a validação e verificação de declarações relativas a gases de efeito estufa - para a verificação e a validação da informação de GEE (GLOBAL GREENHOUSE WARMING, 2014).

Diferentemente do Programa GHG Protocol, a norma não apresenta ferramentas e métodos de contabilidade das emissões, ela simplesmente apresenta orientações, sem dispor de

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requisitos específicos para desenvolver, implementar e avaliar os projetos de GEE (GLOBAL GREENHOUSE WARMING, 2014).

A aplicação do Programa GHG Protocol no Brasil, a partir do Programa Brasileiro GHG

Protocol, criado em 2008 pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio

Vargas (GVces) e do Instituto de Recursos Mundiais (WRI), aconteceu de modo adaptado ao contexto nacional. Ele promove a mensuração, publicação e gestão das emissões de GEE no Brasil, tendo como objetivo principal “promover uma cultura corporativa de caráter voluntário para a identificação, o cálculo e a elaboração de inventários de emissões de GEE” (GVCES & WRI, 2008).

O Programa define três “Escopos” para fins de contabilização e elaboração do inventário de GEE. O Escopo 1, que engloba as emissões diretas de GEE, oriundas de fontes que pertencem ou que são controladas pela organização, exceto aquelas associadas à geração de energia elétrica. O Escopo 2, que contabiliza as emissões indiretas de GEE, provenientes da aquisição de energia elétrica e térmica consumida na organização (energia, calor ou vapor). E o Escopo 3, que considera todas as demais emissões indiretas de GEE, associadas a atividades e serviços que não possuem relação direta com o negócio e aos processos intrínsecos da empresa (GVCES & WRI, 2008). Os subitens a seguir contemplam as emissões que se enquadram em cada Escopo de acordo com a ferramenta de cálculo do Programa Brasileiro GHG Protocol.

2.3.1.1 Emissão de Escopo 1

A ferramenta de cálculo de emissões do Programa Brasileiro GHG Protocol contempla para a emissão de Escopo 1, a combustão estacionária, a combustão móvel, as emissões fugitivas, os processos industriais, as atividades agrícolas, os resíduos sólidos e os efluentes.

O cálculo para a combustão estacionária depende do tipo de combustível utilizado e da quantidade consumida para cada unidade, local ou ponto da organização, sendo que os fatores de emissão dependem do setor de atividade.

A combustão móvel refere-se aos meios rodoviário, ferroviário, hidroviário e aéreo. O cálculo baseia-se em dados de quantidade de combustível consumida ou estima a emissão com base na distância percorrida pelos veículos utilizados.

O cálculo para as emissões fugitivas decorrentes da utilização de equipamentos de refrigeração, ar condicionado e extintores de incêndio, é feito pela estimativa de emissões referentes à instalação, operação, manutenção e disposição final do equipamento. Pode ser feito por três abordagens, sendo elas a análise do estágio do ciclo de vida do produto, o

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balanço de massa (baseado na quantidade de gás comprada e utilizada) e a triagem (estimada em fatores de emissão e taxas de vazamento padrão dos equipamentos). Já para o cálculo de emissões fugitivas pela utilização de Hexafluoreto de Enxofre (SF6) são

considerados o estoque inicial e final do gás e a quantidade comprada deste no ano inventariado.

As emissões por processos industriais são todas aquelas resultantes de processos físicos ou químicos, que não sejam de combustão. Os principais processos são siderurgia, produção de cimento, cal, alumínio, amônia e ácido adípico.

Segundo o Programa Brasileiro GHG Protocol, as emissões decorrentes das atividades agrícolas incluem principalmente a “fermentação entérica (CH4), o manejo de esterco (CH4 e

N2O), o cultivo do arroz (CH4), o preparo do solo (CO2, CH4, N2O), a queima prescrita da

vegetação nativa (CH4, N2O) e a queima dos resíduos agrícolas (CH4 e N2O)”.

As emissões decorrentes do tratamento de resíduos sólidos consideradas como sendo de Escopo 1 são aquelas de propriedade ou controladas pela organização. O cálculo diferencia o tratamento de resíduos enviados à aterros do tratamento por compostagem e permite apenas o relato das emissões oriundas do tratamento por incineração. Para os resíduos aterrados necessita-se dos dados do local de disposição e de dados climáticos do local (precipitação e temperatura médias anuais), das quantidades enviadas de resíduos por composição (papel, resíduo têxtil, resíduo alimentar, madeira, resíduo de jardim e parque, fralda, borracha e couro e outros materiais inertes), da qualidade do aterro e da recuperação de metano (CH4) no aterro, caso esse aconteça. Já para os resíduos tratados por

compostagem anaeróbia, a ferramenta considera as emissões de CH4 e N2O e necessita de

dados da massa de resíduos destinada à esse tratamento e da quantidade de metano recuperada, caso haja recuperação.

As emissões do tratamento anaeróbio de efluentes líquidos consideradas como sendo de Escopo 1 são aquelas onde o tratamento é de controle operacional ou de propriedade da organização, caso seja feito por terceiros, é considerado como Escopo 3. O cálculo considera se há tratamento sequencial aplicado ao efluente, a quantidade de efluente gerada, a composição orgânica: Demanda Biológica de Oxigênio (DBO5,20) ou Demanda Química de

Oxigênio (DQO), a quantidade de nitrogênio (N2O) presente no efluente, o tipo de tratamento

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2.3.1.2 Emissão de Escopo 2

As emissões de Escopo 2 decorrem da aquisição de energia elétrica ou térmica. O cálculo para energia elétrica consiste no consumo de energia elétrica do Sistema Interligado Nacional (SIN) ou do Sistema Isolado do Amazonas, proveniente de uma estimativa de consumo anual ou mensal da organização, sendo essa mais precisa. Para o cálculo com base em dado mensal, acrescenta-se na cédula o consumo decorrente do mês analisado (eletricidade comprada) e a ferramenta calcula a energia total adquirida, assim como as emissões atmosféricas de gás carbônico (CO2).

Para o cálculo das emissões decorrentes da compra de energia térmica (vapor) indica-se o combustível utilizado, a eficiência do fervedouro e o fator de emissão para cada unidade, local, ou ponto.

2.3.1.3 Emissão de Escopo 3

O reporte de emissões atmosféricas de Escopo 3 apresenta quinze categorias, porém, a ferramenta oferece apenas métodos de cálculos para cinco destas, sendo elas: Transporte e Distribuição de Produtos (categoria 4), Resíduos Sólidos Gerados na Operação (categoria 5), Efluentes Gerados na Operação (categoria 5), Viagens a Negócios (categoria 6) e Transporte e Distribuição de Produtos Vendidos (categoria 9).

A categoria de Transporte e Distribuição de Produtos refere-se aos produtos comprados ou adquiridos pela organização e transportados em veículos ou instalações que não são de propriedade nem operados pela organização, e outros serviços terceirizados de transporte e distribuição, incluindo logística de entrada e saída. O modo de transporte utilizado pode ser rodoviário, ferroviário, hidroviário ou aéreo e o cálculo das emissões pode ser feito pelo consumo de combustível, em litros, ou pela distância percorrida, em quilômetros, sendo esta última utilizada apenas quando não se conhece o consumo de combustível.

As emissões da categoria de Resíduos Sólidos Gerados na Operação são oriundas do tratamento e/ou disposição final dos resíduos sólidos decorrentes das operações da organização, realizados por terceiros. A ferramenta realiza o cálculo para resíduos enviados à aterros e para o tratamento de resíduos por compostagem, e permite o relato dos resíduos incinerados. Para os resíduos aterrados necessita-se dos dados do local de disposição e de dados climáticos do local (precipitação e temperatura médias anuais), das quantidades enviadas de resíduos por composição (papel, resíduo têxtil, resíduo alimentar, madeira, resíduo de jardim e parque, fralda, borracha e couro e outros materiais inertes), da qualidade do aterro e da recuperação de metano (CH4) no aterro, caso esse aconteça. Já para os

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e N2O e necessita de dados da massa de resíduos destinada à esse tratamento e da

quantidade de metano recuperada, caso haja recuperação.

Para a categoria de Efluentes Gerados na Operação, a ferramenta calcula as emissões decorrentes do tratamento por processos anaeróbicos e disposição final de efluentes líquidos gerados na operação, realizados por terceiros. O cálculo considera se há tratamento sequencial aplicado ao efluente, a quantidade de efluente gerada, a composição orgânica (Demanda Biológica de Oxigênio (DBO5,20) ou Demanda Química de Oxigênio (DQO)), a

quantidade de nitrogênio (N2O) presente no efluente, o tipo de tratamento e se há a

recuperação de metano.

A categoria Viagens a Negócios refere-se ao transporte de funcionários, prestadores de serviços, consultores, entre outros indivíduos para o local em análise. O cálculo considera as distâncias percorridas para viagens em aeronaves, trens, ônibus e automóveis.

A categoria Transporte e Distribuição de Produtos Vendidos considera as emissões decorrentes desde as suas operações até o consumidor final, incluindo varejo e armazenagem, em veículos e instalações de terceiros. O cálculo pode ser feito para os meios rodoviário, ferroviário, hidroviário e aéreo, considerando o combustível e a quantidade utilizados, e caso seja por meio rodoviário e não se tenha o dado de quantidade de combustível utilizada, estima-se as emissões pela distância percorrida.

Em suma, o Programa Brasileiro GHG Protocol disponibiliza ferramentas para a identificação e quantificação das emissões de GEE, contribuindo para a elaboração de um inventário de gases.

2.4 EVENTOS

Andrade (2002, p.41), conceitua evento como sendo um “fenômeno multiplicador de negócios, pelo seu potencial de gerar novos fluxos de visitantes e é capaz de alterar determinada dinâmica da economia”.

Os eventos são acontecimentos que possuem duração de um dia, podendo se estender por uma semana. Aliados à eles, uma grande quantidade de recursos é utilizada, como papel, eletricidade e combustível, gerando consequentemente uma ampla quantidade de resíduos e emissões de gases de efeito estufa (ECOGREENS, 2014).

São realizados oficialmente 300 mil eventos no país por ano, atingindo em torno de 80 milhões de pessoas. Cada participante produz cerca de um quilo de resíduo, totalizando-se assim 80.000 toneladas de resíduos (FREITAS, 2013). Segundo o Instituto Akatu (2008), são

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realizados cerca de 330 mil eventos por ano no Brasil, concentrando-se 52% na região sudeste e 19% na região sul. Um evento sustentável nessa situação visa a disponibilidade de produtos recicláveis durante o evento, programas de educação ambiental, neutralização dos gases e a destinação ambientalmente correta dos resíduos.

Existem diversos tipos de evento e esses podem ser classificados quanto à sua abrangência e quanto à sua temática. A tabela abaixo apresenta a classificação de eventos quanto a sua abrangência.

Tabela 1. Classificação de eventos quanto à abrangência destes.

Classificação quanto à abrangência do evento

Característica

Mundial Reúne participantes de todos os continentes

Internacional Pelo menos 20% do total de participantes representam outro continente que não seja onde se realiza o evento

Latino-americano Pelo menos 20% do total de participantes representam quatro outros países que não seja onde se realiza o evento

Brasileiro Reúne participantes de todos os Estados

Regional Reúne participantes de uma determinada região de um país, continente ou do mundo

Municipal De interesse local, limitado à um município

Fonte: Adaptado de Andrade (2002).

Outra classificação é com relação à temática dos eventos. A tabela abaixo apresenta os tipos de eventos nessa classificação e suas correspondentes características.

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Tabela 2. Classificação de eventos quanto à temática destes.

Classificação quanto à temática do evento

Característica

Colóquio Conversação entre duas ou mais pessoas

Conferência Conversação entre duas ou mais pessoas sobre assuntos de interesse comum

Congresso Reunião periódica de integrantes de determinadas categorias, promovida por entidade associativa que os agrega. Estuda e discute assuntos de

interesse das categorias

Convenção Reunião entre representantes de classes e/ou associações, para deliberação de determinados assuntos

Curso Conhecimentos ensinados de acordo com um programa previamente estabelecido

Exposição Apresentação de produtos, serviços e técnicas

Feira Local público com exposição e venda de mercadorias, formando canais de exposição

Fórum Discussão de um determinado assunto por representantes de diversas entidades, associações e/ou indivíduos

Mesa redonda Reunião de pessoas que discutem ou deliberam determinado assunto em igualdade

Mostra Apresentação de produtos e serviços

Painel Exposição geral de um assunto com um esboço de um panorama de algum tema

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Tabela 2. (Continuação). Classificação de eventos quanto à temática destes.

Classificação quanto à temática do evento

Característica

Seminário Grupo de estudos em que se debate a matéria exposta por todos os participantes

Simpósio Reunião de cientistas, técnicos, escritores e/ou artistas para discutir um determinado assunto

Fonte: Adaptado de Andrade (2002).

Giacaglia (2004) ainda classifica os eventos quanto à finalidade, podendo ser institucional, objetivando a geração de uma imagem positiva da empresa, ou promocional, com a finalidade comercial, de vendas imediatas. Apesar desta classificação, na maioria das vezes as duas finalidades estão associadas. A mesma autora classifica os eventos também quanto à periodicidade, podendo ser esporádicos, sem periodicidade predefinida e fixa; periódicos, com periodicidade definida; ou de oportunidade, diferenciando-se do primeiro citado por ser desenvolvido de acordo com uma oportunidade externa de mercado.

A tendência para os próximos anos é de um crescimento no mercado de eventos no Brasil, com um registro de expansão média anual de 7% (ABEOC apud GIACAGLIA, 2004). Aliado à isso, pode-se considerar um aumento também no número de eventos verdes.

Os problemas ambientais estão liderando uma mudança no setor de eventos. As expectativas dos clientes em relação aos eventos verdes vêm aumentando, antigamente a reciclagem em um evento colocava-o na liderança, atualmente é um requisito mínimo. As pessoas preocupam-se mais com a escassez dos recursos, principalmente da água, com as mudanças climáticas e com as alterações sazonais que irão impactar na realização do evento (INSTITUTO ALATUR & MPI, 2012).

O aumento no número de eventos explica-se pelos seus inúmeros benefícios, como a interação entre os profissionais da empresa e os clientes; a apresentação de produtos e serviços da empresa para o seu público alvo; a obtenção de novos clientes e de informações a respeito de novas tendências e concorrentes, e a atualização profissional técnica (GIACAGLIA, 2004).

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De acordo com Fontes et al. (2008, p.46 apud Mortean, 2010), os principais elementos de consumo de um evento são: “material de divulgação (cartazes, folders, faixas, banners); uniformes para as equipes organizadoras; kits de apoio aos participantes (sacolas, canecas, pastas, blocos de papel, crachás etc.); e alimentação (cafés, almoços e encontros culturais)”.

Para o Instituto Akatu (2008), “os impactos acontecem principalmente devido ao excesso de consumo de energia e da grande quantidade de lixo produzidos ao final de cada produção”. Como forma de minimização desses impactos, deve-se priorizar o uso de materiais recicláveis e reutilizáveis e imprimir apenas o necessário, assim é possível reduzir em até 80% o volume dos resíduos gerados em eventos (SOUZA apud INSTITUTO AKATU, 2008).

Para Leme & Mortean (2010), um evento verde tem a preocupação com a sustentabilidade desde a formação da comissão organizadora até a limpeza do local após a realização do evento, contemplando todas as etapas, a de pré-evento, o evento e a pós-evento.

A comissão organizadora precisa definir metas, objetivos e se empenhar no desenvolvimento de um evento sustentável, optando por patrocinadores que adotem práticas sustentáveis. Deve haver divulgação e a possibilidade de que as inscrições do evento sejam online, gerando o menor volume possível de resíduo com “panfletagem”. Um evento verde tem acessibilidade, diferenciando taxas de inscrições para grupos de pessoas e que portadores de necessidades especiais tenham acesso ao local. A organização deve indicar hospedagens próximas ao local, se preocupar com consumo de água e energia, com a geração de resíduos sólidos, com o transporte dos participantes e neutralizar suas emissões (LEME & MORTEAN, 2010). Para a Ecogreens (2014), empresa de soluções sustentáveis, “não é possível continuar com a lógica da produção de eventos ultrapassada, que não traz consigo práticas de sustentabilidade e redução de impactos enquanto os frequentadores de grandes eventos exigem cada vez mais isso”.

2.4.1 Sustentabilidade e Ações Sustentáveis

O termo sustentabilidade faz parte do cotidiano da vida moderna e integra aspectos ambientais, econômicos e sociais (FOLADORI, 2005 apud ENLAZADOR, 2010). Em 1987, a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, mais conhecida como Comissão Brundtland, publicou o relatório “Nosso Futuro Comum”, que trouxe o conceito de desenvolvimento sustentável para discussão na sociedade como sendo o “desenvolvimento que encontra as necessidades atuais sem comprometer a habilidade das futuras gerações de atender suas próprias necessidades” (ONU BR, 2013).

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Para Barbieri (1998, p. 31), o conceito de desenvolvimento sustentável implica em:

“Um legado permanente de uma geração a outra, para que todas possam prover suas necessidades, a sustentabilidade, ou seja, a qualidade daquilo que é sustentável, passa a incorporar o significado de manutenção e conservação dos recursos naturais”.

Freitas (2012, p.42) afirma que a sustentabilidade “consiste em assegurar, hoje, o bem-estar material e imaterial, sem inviabilizar o bem-estar, próprio e alheio, no futuro”. Assim, “o desenvolvimento não precisa ser contraditório com a sustentabilidade, ele pode e deve ser sustentável, contínuo e duradouro”.

A prática sustentável fundamenta-se com cinco princípios, o social, alcançando-se a equidade da renda econômica; a ecológica, conservando os recursos naturais; a econômica, com a gestão eficiente dos recursos e investimentos; a cultural, mantendo a cultura presente em cada sociedade; e a espacial, com a ocupação ordenada do solo (SACHS, 1993 apud ENLAZADOR, 2010).

Nesse contexto, fazem-se necessárias ações sustentáveis para que o meio ambiente e os recursos naturais sejam preservados, e assim haja equilíbrio entre as três esferas de desenvolvimento, a ambiental, a econômica e a social. Para Freitas (2012), além das dimensões ambiental, social e econômica, há ainda a ética e a jurídico-política, sendo que todas devem se conectar e constituir juntas, uma lógica da sustentabilidade.

A relação entre o meio ambiente e o desenvolvimento deve deixar de ser conflitante para que assim se possa ter um desenvolvimento econômico aliado à uma boa qualidade ambiental, sendo que estas variáveis são dependentes entre si. Assim, o desenvolvimento não é um crescimento econômico com o consumo elevado de energia e recursos naturais, pois desta forma se tornaria insustentável, ocasionando o esgotamento dos recursos naturais dos quais a humanidade necessita (CAMPOS & LERÍPIO, 2009).

As ações sustentáveis são consideradas pela Constituição Federal de 1988 como um dever do cidadão, o que pode ser visualizado no seu artigo 225:

“Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preimpondo-servá-lo para as presentes e futuras gerações”.

A norma ABNT NBR ISO 20.121:2012, Sistemas de gestão para a sustentabilidade de eventos - Requisitos com orientações de uso, classifica sustentabilidade no cenário de eventos, como sendo “grau de desenvolvimento sustentável no contexto da organização ou evento”. Sendo assim, conceitua desenvolvimento sustentável como “desenvolvimento que atende às

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necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras em atender suas próprias necessidades”.

Pode-se concluir então que, na fase de planejamento de um evento sustentável, há uma análise crítica de todas as ações a serem tomadas antes, durante e após o evento, e as selecionadas são aquelas que menos impactam negativamente o meio ambiente, os recursos naturais, e a comunidade como um todo, de modo que não comprometam as gerações futuras. Para tanto, deve-se atentar à fala de Fontes et al. (2008, p.3, apud Mortean, 2010), “Algo pode ser mais sustentável em um determinado aspecto e, ao mesmo tempo, menos em outro [...] Nada é sustentável em definitivo, porque a realidade é complexa e as mudanças são contínuas”.

2.4.2 Sistemas de Gestão para Sustentabilidade de Eventos – ABNT NBR ISO 20.121:2012

A crescente normatização referente a eventos também é um incentivo a promoção de eventos sustentáveis, como por exemplo, a norma ABNT NBR ISO 20.121 de 2012 – Sistemas de gestão para sustentabilidade de eventos — Requisitos com orientações de uso. Segundo a ABNT (2012), essa norma foi criada para garantir que eventos ou que as organizações que os promovem, desde pequenas festas locais até os grandes eventos, deixem um legado positivo após a sua realização. O documento foi criado por equipes técnicas de diferentes países e apresenta diretrizes para o desenvolvimento sustentável, sendo aplicável à todos os tipos e tamanhos de eventos.

Segundo a norma, a organização deve identificar as partes interessadas, os limites e a aplicabilidade do sistema de gestão de sustentabilidade e os propósitos para tal. Feito isso, deve-se planejar a gestão de modo que este alcance os resultados esperados, previna ou reduza os efeitos indesejáveis e alcance a melhoria contínua (Planejar, Executar, Verificar e Agir, do inglês, Plan, Do, Check, Act – PDCA). É na fase de planejamento que se faz necessária a análise de três aspectos:

 Aspectos ambientais, como por exemplo, a utilização e a conservação de recursos, a escolha de materiais, a redução de emissões e de poluentes no solo, ar e água e a preservação da natureza;

 Aspectos sociais, levando-se em consideração a legislação aplicável, as condições exigidas de trabalho, saúde e segurança, questões culturais, acessibilidade e patrimônio; e

Referências

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