Apresentam-se extractos de vários Conse- lhos de Cooperação Educativa seleccio- nados de uma recolha mais vasta, feita numa turma de 1º ano na sala da Inácia Santana no ano escolar 1997–1998. Abordam ocorrências decorrentes da organização do trabalho e da resolução de problemas ou conflitos.
(30/01/98)
Ocorrência: «Eu não gostei que o Emanuel fizesse armadilhas. Bruno»
Discussão:
Prof. – Este assunto já está discutido, não está?
Bruno – Não, porque o Emanuel continua a fazer armadilhas.
Emanuel – Eu não fui para os montes, o Pe- dro é que anda a dizer: o Emanuel vai para os montes para armarmos as armadilhas.
Nádia – Não foi, o Emanuel é que estava a chamar o Pedro.
Emanuel – Já falamos sobre isso.
Bruno – Continua ainda.
Prof. – Então, para que serve discutir isso, se o menino continua a fazer essas coisas?
Emanuel, porque é que a gente fala sobre as coisas, é para continuar a fazer? Não estou a perceber!
Emanuel – Não.
Bruno – O Emanuel continuava a fazer coi- sas escondidas, mas agora já não continua.
Quem ainda continua é o Pedro e o Flávio.
Emanuel – Eu agora já não faço armadilhas.
Bruno – É só o Pedro e o Flávio que fazem.
Flávio – Eu já não faço armadilhas.
Rui – Não se devem fazer armadilhas.
André – Mas quando o Flávio esteve lá ao pé o Pedro e o Emanuel e o Flávio tinham um isqueiro no bolso.
Bruno – Eles trazem armadilhas de casa.
Quando o Emanuel e o Pedro e o Flávio anda- vam a fazer armadilhas, o Pedro tinha um is- queiro no bolso. O isqueiro deve ser do pai.
João – Depois o Pedro trouxe umas chaves de casa.
Rui – E eles trazem armadilhas de casa.
Diogo – Pilhas!
Rui – Pilhas de casa é que eles trazem.
Emanuel – Eu trouxe, só que deitei fora e o isqueiro que o Bruno estava a dizer o Pedro trouxe, foi o Pedro que roubou ao pai.
Diogo – Ele tinha uma coisa, parece que eles trazem coisas de casa e depois escondem lá debaixo da terra, para ninguém as roubar.
Emanuel – Eu trazia armadilhas de casa, mas já não trago. E o Flávio estava a dizer que trazia as chaves do carro do pai cá para a es- cola. E agora é só o Pedro e o Flávio que an- dam a fazer armadilhas, eu já não faço.
Flávio – Meu pai não tem carro e eu hoje não fiz armadilhas.
Emanuel – Mas era o que estavas a dizer, que trazias as chaves.
Flávio – Então, estava a brincar.
Ivo – Eu vi o Emanuel também a mexer nas
coisas. ESCOLA MODERNANº 8•5ª série•2000
Momentos de Conselho de Turma
(recolha de)
Filomena Serralha
Sandro – Há dois meses que estavam lá em cima nos montes e eu disse ao Pedro que esta- vam lá a roubar as pilhas e isso tudo e depois eles foram lá a buscar. E depois o Pedro foi lá em cima e o Pedro depois saiu e o Emanuel foi lá em cima e viu as armadilhas noutro buraco.
O outro buraco era na parede.
Vanessa – Ó Bruno é para os meninos faze- rem as armadilhas aos outros meninos. O Emanuel e o Pedro andam com uma caixa de pilhas e parece que estavam a fazer armadi- lhas, com as pilhas.
Prof. – Presidente, eu acho que estamos a repetir muito as coisas, há meninos a repetir as coisas.
José – Não, não.
Ivo – Eu ontem vi uma armadilha que fize- ram com um prego e depois eu hoje queria ir aos montes para tirar essa armadilha, mas não fui. Era o prego que está preso à terra e ia a ar- rancar, depois uma pessoa tropeça ali e vai pa- rar lá em baixo, é mesmo para partir uma ca- beça.
Bruno – Eu sei porque o Emanuel prendeu eles esconderam num buraco as armadilhas e depois puseram um pau, por baixo estava uma armadilha.
Emanuel – Eu hoje só fui aos montes porque o Pedro estava a dizer que andava lá um bicho que chupava o sangue, e eu não acreditava.
Diogo – Que chupava o sangue!
Prof. – O Diogo não está a conseguir cum- prir as regras.
José – Eu quero fazer uma pergunta para o Flávio. Se o teu pai não tem burro o que é que tem?
Prof. – Se eu fosse Presidente dizia assim:
José essa pergunta não é oportuna, não tem a ver com a discussão deste assunto.
Sérgio – Eu vi eles fazerem armadilhas e es- conderem as armadilhas todas.
Prof. – Olhem, o que eu queria dizer é que percebo que vocês gostem de brincar a fazer ar- madilhas, desde que: primeiro, não utilizem objectos que sejam perigosos. Não podem uti- lizar isqueiros, não podem utilizar fósforos,
não podem utilizar ferros. Agora, podem fazer coisas com pedras, construções e fingir que são armadilhas. Eu não vejo nada contra isso Ivo, desde que isso não seja feito nos montes.
O problema é que vocês vão para os montes a fazer essas coisas e é um pretexto tal como o Sandro inventou essa da gaiola, vocês inventam essas coisas para ir para os montes e os montes vocês já sabem que são muito perigosos. Por- tanto, vamos acabar com essas histórias para terem que ir aos montes, não vale a pena. Que- rem fazer armadilhas? Podem construir com paus, terra, a fingir, é tudo a fingir, nós sabemos que é a fingir. Agora, não trazemos coisas sem pedir aos pais, porque senão eu tenho que fazer uma reunião com os pais e dizer o que se está a passar. Não podemos trazer as chaves de casa nem chaves de carros, nem isqueiros, não se pode, não se pode. Eu acredito que se vocês ti- vessem uma conversa com os vossos pais, que eles não gostavam. Isto é cumprido, para cum- prir. Eu vou aqui escrever: pode-se fazer arma- dilhas desde que não sejam os montes e desde que não seja com objectos perigosos. De acordo?Posso escrever isto?
Decisão:
O Emanuel continua a fazer armadilhas nos montes. O Emanuel disse que ele já não faz, só faz o Pedro e o Flávio.
Foi dito que o Pedro tinha um isqueiro no bolso, que tinha trazido uma chave de casa para a enterrar e que ia trazer uma pilha. Tam- bém foi visto um prego perto das armadilhas.
Decidimos que se podem fazer armadilhas, desde que não seja nos montes e que não se utilizem objectos perigosos ou importantes, nem se tragam objectos de casa.
(13/03/98)
Norma 16 – «Só devemos pedir ajuda aos outros quando cada um já tiver tentado»
ESCOLA MODERNANº 8•5ª série•2000
Ocorrência: «O Flávio anda-me sempre a chatear, quando eu estou a trabalhar. Cláudia»
Discussão:
Cláudia – É para discutir, porque o Flávio anda-me sempre a chatear. É assim, quando estamos a fazer um trabalho está sempre as- sim do lado: «ajuda-me, ajuda-me» e eu às ve- zes ainda não comecei a trabalhar e já está:
«ajuda-me Cláudia».
Rui – Não se deve chatear os outros. Eu acho que o Flávio deve pedir desculpa à Cláudia.
Bruno – Quando estamos a fazer um traba- lho, o Flávio não devia voltar a fazer isso.
Rogério – Eles deviam trabalhar e não se deve chatear.
J. João – Não se deve chatear. Eu concordo com o Rogério e com o Bruno.
Sandro – O Flávio escolhe ir para ao pé da Cláudia para ela o ajudar, depois quando a Cláudia está a fazer a data, o Flávio pede-lhe ajuda e depois ela engana-se na letra.
Pedro – O Flávio não deve fazer isso à Cláudia senão a Cláudia também faz a ele.
José – Até um dia eu estava a fazer aquilo, a ficha, e depois o Emanuel andava-me a cha- tear, a dizer assim: «José ajuda-me, José ajuda- -me».
Pres. – Mas não estamos a falar do Emanuel é do Flávio.
José – O Flávio não pode ir para ao pé dos outros. Eu acho que a professora devia esco- lher quem era para ficar com o Flávio. O Flá- vio só vai para ao pé das outras pessoas só para chatear.
Sandro – Já falamos sobre isso, que não se deve chatear.
Cláudia – Quando nós estávamos a fazer o texto do Emanuel era assim, eu ainda só ia a meio e ele: «ó Cláudia ajuda-me, ó José ajuda- me». Ele pede sempre ajuda, o José ainda está a trabalhar e eu também. Ai! Esqueci-me do nome dele, ah! Flávio, Flávio não peças ajuda que a gente ainda está a trabalhar e depois ele disse assim: «cala-te Cláudia, que tu não estás a trabalhar, é mentira». E depois eu disse as-
sim: «eu vou escrever no Diário de Turma» e ele não pediu desculpa.
Prof. – Eu acho que é assim, nós já falamos que, quando estamos a trabalhar devemos pedir ajuda uns aos outros. Mas eu também acho que se calhar a Cláudia devia ver qual era a dificul- dade do Flávio, para ver se de facto precisava de ajuda ou não. Eu acho que às vezes o Flávio
Cláudia – É que ele tem preguiça de ler. Eu ainda só ia a meio de ler e ele tem preguiça de ler, estava-me a pedir a mim para eu ler.
Prof. – Eu ia dizer, o Flávio sabe muito bem ler e se quiser pensar sabe muito bem escrever.
Agora, para nós pedirmos ajuda temos que tentar, nós primeiro fazermos.
Cláudia – Sim, mas é que ele
Prof. – Ó Cláudia, agora não interrompa.
Flávio, o problema é que o Flávio antes de ler, se calhar já está a dizer que quer ajuda. E aju- dar, eu já disse isto muitas vezes, ajudar não é fazer pelos outros meninos. Ajudar, por exem- plo, se eu vou ajudar o Marco não digo: «olha Marco, agora escreve assim como eu tenho aqui», isso não á ajudar. Ajudar é ajudar a pen- sar, é dizer: olha então vê lá qual é esta pala- vra, olha está no texto de, não sei quantos.
Isto é ajudar, não é?
Vários – É, é!
Prof. – Agora, mostrar como é que é, não é ajudar. O que me parece é que o Flávio..., por- que a Cláudia gosta de ajudar os outros meni- nos, o Flávio estava era a querer que a Cláudia fizesse o trabalho dele e ajudar não é fazer o trabalho pelos outros, está a ver Flávio?Só po- demos pedir ajuda quando nós já tentamos, está bem Flávio?
Então vocês já disseram que não se pode chatear e eu ia a escrever aqui outra coisa: de- vemos pedir ajuda só depois de tentarmos fa- zer nós próprios, acham que sim?
Grupo – Sim, sim.
Decisão:
A Cláudia queixou-se que o Flávio a anda sempre a chatear enquanto ela está a trabalhar.
Vários meninos lembraram o Flávio de que ESCOLA MODERNANº 8•5ª série•2000
não se devem chatear as pessoas, sobretudo quando estão a trabalhar.
O Sandro acrescentou que o Flávio escolhe ir para ao pé da Cláudia e depois passa o tempo a pedir-lhe ajuda. Então ela engana-se.
O José acrescentou que o Flávio também o chateava a ele e que só ia para ao pé das pes- soas para chatear.
O Flávio pediu desculpa e combinámos co- locar a regra à vista de todos: Não se deve chatear os colegas.
Se é para pedir ajuda, combinámos que só devemos pedir ajuda aos outros quando cada um já tiver tentado.
(27/03/98)
Ocorrência: «O Ivo estava-me a ajudar mal. José»
Discussão:
Nádia – Foi porque o Ivo não ajudou. Por- que o José tinha que fazer aquele problema, o Ivo disse que era dezanove, só que não era.
Prof. – Portanto, o Ivo estava a ajudar mal o José, é isso que estás a tentar dizer?
Nádia – Sim.
Ivo – O José tinha três a mais, eu tinha de- zoito, o José tem três a mais.
Prof. – Ao José tinham-lhe caído três den- tes, a ti tinham-te caído dois.
Ivo – Sim. Eu tinha dezoito, ele tinha deza- nove.
Prof. – Ao contrário, não acham que é ao contrário?
Grupo – Sim.
Prof. – A quem é que caiu mais dentes?
José – A mim.
Prof. – Então a quem é que faltam cair me- nos dentes?
Vários – Ao José.
Prof. – Ao José! Portanto, se a ti te falta mu- dar dezoito dentes, ao José faltam mudar de- zassete. Pronto, o Ivo estava a ajudar mal o
José porque ele de facto, não estava a entender bem o problema.
Ivo – Porque eu contei três, só que era de- zanove.
Prof. – Estão a ver! Quando a gente ajuda outros meninos, às vezes também aprende coisas, estamos a pensar os dois em conjunto.
Só que o Ivo, por acaso, não estava a pensar bem, mas até ajudou, agora, a perceber me- lhor, não é?
Ivo – Mas só que enganava-me.
Prof. – Pois, estavas a enganar o José.
Decisão:
O Ivo estava a ajudar mal o José. Lembrá- mos ao Ivo as regras que afixámos na parede sobre o que é ajudar a ler.
(22/05/98)
Norma 17 – «Para se fazer um trabalho em conjunto temos de conversar para decidir o que se vai fazer e o que cada um faz»
Ocorrência: «O Diogo não me deixava fa- zer mais coisas no desenho. Flávio»
Discussão:
Flávio – Foi o Diogo que não me deixava fazer mais coisas no desenho. Naquele dese- nho que fizemos quando fomos ao Parque de Monsanto.
Diogo – Ó professora, eu não lhe deixava porque aquilo já estava muito grande e dizia lá: Lisboa dantes era pequenina, não podia fa- zer maior!
Flávio – Mas Diogo, ainda cabia lá mais uma árvore pequenina e eu disse ao Diogo para fazer uma árvore pequenina e o Diogo não quis. Quando nós começamos a escrever o Diogo primeiro escreveu a lápis, por causa da ideia do Diogo eu fiz um bocado juntinho.
Ivo – O Diogo é que fez o trabalho, ele é que sabia se cabia mais coisas ou se não.
Flávio – Mas o Diogo também se podia en-
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ganar. O Diogo não fez lá muito bem a letra!
Porque o Diogo faz sempre a letra para baixo, se a letra fosse para cima ia para baixo.
Diogo – Eu queria dizer ao Flávio se era um «p».
Flávio – Era.
Diogo – Se é um «p» tem de ser para baixo a perninha.
Flávio – Eu sei mas não era a letra «p» era a letra «b».
Ivo – Eu também não escrevi a lápis, es- crevi a caneta e também não me enganei. O Diogo podia-se ter enganado, mas então via se estava mal e corrigia, se estivesse mal a letra.
Flávio – Eu não estou de acordo com o Ivo porque na letra «b» se a letra «b» fosse para baixo a professora já não podia corrigir, por- que aquilo era uma caneta preta.
Prof. – Posso dizer uma coisa? Começou por criticar o Diogo porque o Diogo não dei- xou fazer não sei quê no desenho, mas agora já está a falar na letra. Vamos lá ver se a gente se lembra do que está a discutir e não começa a discutir outra coisa qualquer sem ser isso. Eu só quero dizer uma coisa em relação a este as- sunto. Eu acho que quando os meninos estão a fazer um desenho, não estou de acordo com o Ivo, não é um o dono do desenho, estão dois a fazer um desenho, então têm que combinar e têm que se entender. E para eles se entende- rem têm que, aquilo que o Diogo disse agora:
eu não acho bem que faça mais coisas porque aqui está escrito que dantes Lisboa era peque- nina, era isso que devia ter dito ao Flávio.
Olha não devemos fazer mais coisas porque dantes Lisboa era pequenina, está aqui escrito, então não podemos fazer uma Lisboa grande.
E o Flávio tinha que entender isto, ou então di- zia: podemos só fazer mais uma árvore? E o A8 concordava ou não e chegavam a um acordo. Agora, não é só dizer: eu não quero ou quem manda sou eu. Os meninos têm que conversar quando o desenho é feito por duas pessoas. E não somos nós aqui todos, agora, que vamos dizer quem é que tem razão. Acho que estes meninos têm que habituar-se a dizer
porquê e a ouvir o que os outros têm para di- zer. Quando estamos a elaborar um trabalho em conjunto, cada um tem que dizer a sua opinião e depois têm que chegar a um acordo, para aquele desenho ser dos dois, se não, não podem assinar os dois.
Diogo – Eu não disse assim: sou eu que mando, eu não disse.
Prof. – Está bem, mas foi o que o Ivo disse.
Portanto, para a próxima vez, o que eu acho é que o Flávio em vez de escrever aqui no Diá- rio de Turma, devia conversar com o Diogo e o Diogo conversar com o Flávio, não é? Têm que aprender isto! Eu vou escrever aqui: para fazer um trabalho em conjunto têm que che- gar a um acordo. Estão de acordo?
Grupo – Estamos.
Prof. – Posso escrever isto? Então, para fa- zer um trabalho em conjunto temos que com- binar o quê?
Flávio – Conversar com os pares.
Prof. – Muito bem, conversar com os pares.
Decisão:
O Flávio criticou o Diogo porque ele não o deixava fazer mais coisas no desenho. O A8 disse que estava lá escrito que dantes Lisboa era pequenina e ele não queria fazer maior.
Combinámos que, para se fazer um traba- lho em conjunto, temos de conversar para de- cidir o que se vai fazer e o que cada um faz.
(19/06/98)
Norma 20 – «Não rebentar pacotes de leite ou sumo dentro da escola»
Ocorrência: «O Emanuel, com um pacote de sumo, andava a entornar o sumo para as calças do Pedro. Cláudia»
Discussão:
Cláudia – O Emanuel tinha um pacote de sumo na mão e depois entornou-o para cima
do Pedro. ESCOLA MODERNANº 8•5ª série•2000
Prof. – É uma crítica?
Emanuel – Eu não queria rebentar o pacote só que o Pedro queria rebentar o pacote, só que eu não deixei, mas o pacote rebentou-se por trás.
J. João – Acho que podiam resolver sozi- nhos professora.
Cláudia – Devia haver uma regra na escola para não rebentar pacotes. Porque eu vejo os outros, estão sempre a rebentar pacotes, paco- tes, pacotes. Assim a escola fica mais suja. Eu acho que as senhoras não têm nada que andar sempre a apanhar o lixo do chão, os meninos também têm que se portar bem e ajudar as se- nhoras a apanhar o lixo do chão.
Rita – Devem pôr no lixo.
Margarida – Se querem beber bebem, se não quiserem põem no lixo, não é preciso es- tarem a rebentarem.
Emanuel – Uma vez eu tinha um pacote, estava a beber leite, depois o Marco disse:
quando beberes o pacote dás-mo que é para eu rebentar, só que eu depois bebi o leite todo e não lho dei, pus no lixo.
Rui – Quando andam a rebentar põem no lixo. Mas só mais uma coisa, que é assim. Al- guns quando estão a rebentar os pacotes dei- xam-nos no chão.
... – Outras vezes vão para a casa de banho, põem no chão e depois rebentam-no com o pé.
Emanuel – Uma vez foram para a cozinha e estavam lá pacotes, depois o P. e o T. (da ou- tra sala) andavam a tirá-los de lá para os re- bentar.
Prof. – Eu estou de acordo com a proposta da Cláudia. Embora toda a gente tenha falado a seguir e não tenha reparado que ela fez uma proposta, a Cláudia propôs que se fizesse uma regra da escola a dizer que não se pode reben- tar pacotes dentro da escola. E como vocês acabaram de dizer, vocês rebentam pacotes e os pacotes que rebentam deixam-nos no chão.
Mesmo que os rebentem e ponham no lixo, quando se rebenta o pacote ele tem sempre al- guma coisinha lá dentro, nunca fica completa-
mente vazio e o que acontece é que quando vocês põem o pé em cima do pacote sai o ar todo, por isso é que rebenta e sai o resto ou de leite ou de sumo e suja os meninos que estão à volta, suja o chão, o chão é de pedra e fica cheio de manchas. Portanto, eu estou comple- tamente de acordo com a Cláudia e se toda a gente estiver de acordo, propunha que se fi- zesse essa regra, que se fosse ler às salas, se perguntasse aos meninos e aos professores se estão de acordo e se estivessem de acordo pas- sávamos a ter uma regra da escola para pôr nos cartazes que estão ali com as regras: não rebentar pacotes de leite ou sumo dentro da escola. Portanto, eu acho que o Presidente tem que perguntar a todos quem está de acordo com a proposta da Cláudia e quem não está de acordo.
Pres. – Quem está de acordo?
Prof. – Pergunta ao contrário, quem não está de acordo.
Pres. – Quem não está de acordo.
Grupo – Ninguém.
Prof. – Pronto, então eu vou escrever esta regra e na próxima semana o Presidente, o Se- cretário e a Cláudia, que fez a proposta, vão às salas ler e ver se estão de acordo com esta nova regra. Por enquanto ainda não é regra da escola, por enquanto ainda só é uma proposta.
Uma proposta aceite pelos meninos desta sala.
Portanto, os meninos desta sala todos têm a responsabilidade. Se vão propor à escola toda esta regra, têm a responsabilidade de ser os primeiros a cumprir esta regra.
Decisão:
A Cláudia criticou o Emanuel porque este sujou as calças do Pedro com um pacote de sumo.
A Cláudia fez uma proposta: devia haver uma regra na escola sobre rebentar pacotes, pois se os meninos rebentarem os pacotes a escola fica mais suja.
Todos concordaram com a proposta apre- sentada pela Cláudia.
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