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FIM DO MUNDO: CRENDICE OU POSSIBILIDADE?

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Academic year: 2021

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Orientadora: Pricila Rocha dos Santos

Resumo

O presente artigo tem como objetivo apresentar o que foi desenvolvido ao longo do projeto sobre “O fim do mundo” realizado pelos alunos da turma 62 da Escola Estadual de Ensino Fundamental Reinaldo Vaccari, localizada em Imbé, no litoral norte do Rio Grande do Sul. O que levou os alunos à questão “Será que o mundo vai acabar?” foram as numerosas previsões que circulavam pelos meios de comunicação de massa, principalmente a de que o mundo acabaria no ano de 2012, após o choque de um asteróide com o planeta Terra. Os alunos, amedrontados e curiosos com os vídeos encontrados na Internet e com as reportagens lidas em algumas revistas, logo quiseram saber a opinião dos moradores de Santa Terezinha, balneário no qual a escola está inserida. Houve muito burburinho e muita agitação em toda a comunidade escolar. Os alunos contagiaram os professores, a supervisão, a direção, os pais e muito mais gente do que se imagina com este trabalho. Desde a elaboração do questionário até a sua aplicação, uma série de hipóteses e indagações foram levantadas, as quais foram muito além do problema inicial, buscando nos caracteres sócio-histórico- culturais reflexões que pudessem gerar ao longo do projeto, não só uma resposta científica e sim, um a mudança geral de comportamento.

Palavras-chave: Pesquisa, Fim do Mundo, Mitos, Realidade

A idéia de realizar um projeto de pesquisa que partisse de assuntos do interesse do aluno foi recebida com estranheza entre os docentes da Escola Reinaldo Vaccari, afinal de contas, esta poderia ser uma idéia perigosa e desafiadora dentro de um contexto tradicional e de um fazer pedagógico arraigado a métodos e técnicas que visam promover o aprendizado sem ferir a ordem natural das coisas. Desta forma, o NEPSO parecia ter tudo para ficar na semente.

Entretanto, ele floresceu em função do protagonismo dos alunos, são eles que fazem com que o projeto tenha êxito. A essência do NEPSO está justamente no fato de os alunos puderam sentir-se livres e ao mesmo tempo desafiados a desenvolver um trabalho que tenha a sua identidade, que apresentem em sua estrutura, indícios de que o que se busca é simplesmente saber algo, de forma despretensiosa, pelo mero prazer da descoberta.

No início, os alunos da turma 62, acharam um pouco estranha a proposta de trabalho que a professora Fernanda dos Santos Teixeira e eu, professora Silvana Rocha dos Santos, lançávamos para eles. Ora, que idéia maluca era aquela que duas professoras, uma de Ensino Religioso e a outra de Artes, estavam inventando?

Que tipo de professoras entram juntas na sala de aula para sugerir que os alunos façam uma pesquisa sobre o que quiserem?

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Na verdade, a turma encarou a idéia com certa desconfiança e quando pedíamos sugestões de assuntos que pudessem ser abordados durante a pesquisa, logo vinham os velhos temas previstos no conteúdo escolar e que pareciam não oferecer muitos atrativos. Assim, a situação foi mudando somente quando os alunos passaram a se dar conta de que a proposta do NEPSO era desenvolver um projeto de pesquisa cuja raiz era uma incógnita impossível de ser resolvida somente com a utilização de matérias didáticos, na verdade era um problema muito mais abrangente que envolveria a opinião das pessoas e a capacidade que elas têm de agir e reagir no mundo que as cerca.

Concomitantemente com a escolha do tema para o projeto NEPSO, alguns alunos andavam dispersivos e muito interessados na reportagem de uma revista que haviam trazido para a sala de aula. O artigo tratava das previsões de que o mundo acabaria em 2012. Desta forma natural e expontânea, o tema de pesquisa tornou-se evidente já que o debate sobre o fim do mundo vinha causando um frenesi entre a garotada.

Daquele dia em diante, não se falava em outra coisa, tanto nas aulas de artes quanto nas de Ensino Religioso. Outros professores passaram a se interessar pelo que estava acontecendo e aos poucos foram descobrindo que a temática adotada pelos alunos poderia servir como um bom recurso pedagógico. A turma em geral passou a trazer para a sala de aula reportagens, filmes, histórias ,enfim,uma gama de matérias que evidenciassem que o fim do mundo era iminente.

No entanto, precisávamos delimitar um problema para a pesquisa. Os alunos já sabiam que iam sair a campo para entrevistar algumas pessoas a respeito do assunto.Mas afinal,o que eles queriam saber ?As pessoas também não teriam uma resposta definitiva sobre este assunto, já que isto é um grande mistério. Então, eles resolveram que o problema de pesquisa deveria ser “será que o mundo vai acabar”

e que teriam que direcionar as perguntas para que as pessoas respondessem sua opinião a respeito do assunto com base em suas vivências, sua cultura, sua escolaridade e classe social.

Algo que chamou atenção durante a estruturação do projeto, foi o fato de que os alunos, embora estando na 6º série, apresentaram maturidade e clareza de pensamento, ,justificando o tema de forma plausível e traçando objetivos transversais capazes de dar uma funcionalidade sócio educativa ao assunto que

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somente pessoas da sua idade que estudassem ali mesmo na escola. Resolveram que deveriam confrontar opiniões e que a melhor maneira para isto seria realizando entrevistas com dois segmentos de faixas etárias distintas. Realizariam então 50 questionários para pessoas que tivessem entre 15 e 35 anos e 50 para pessoas de 36 anos em diante, todos moradoras do balneário Santa Terezinha, no município de Imbé onde a escola está situada. Com base nisto, os alunos pensaram que, hipoteticamente, os mais velhos tenderiam a acreditar na iminência do fim do mundo,enquanto os mais jovens duvidariam desta teoria.

Depois de estruturado o projeto, a turma estava ansiosa por constatar o que para ela ainda não passavam de hipóteses. E foi com o título “Fim do mundo:

crendice ou possibilidade?” que os alunos elaboraram um questionário com 17 questões, em sua maioria fechadas e objetivas, que tinham o intuito de, além de saber das pessoas seu ponto de vista a respeito do fim do mundo, promover a reflexão através de perguntas que aceitassem respostas referentes à degradação ambiental, à desigualdade social e à intolerância entre os seres humanos. Houve uma preocupação por parte dos alunos de desenvolver no ato da entrevista, uma conscientização da população através de perguntas do tipo: “Você acha que suas atitudes podem estar contribuindo para o fim do mundo?” ou “O que você acha que pode fazer para evitar que o mundo se encaminhe para o fim?” Na verdade, a idéia era que as pessoas, depois de responder estas questões, retornassem aos seus afazeres com uma “pulga atrás da orelha”, analisando até que ponto teriam compromisso com seu habitat e com os problemas enfrentados por ele na atualidade.

No dia previsto, os alunos saíram pela comunidade devidamente identificados, dispostos a entrevistar os transeuntes e descobrir o que tinham a dizer sobre o tema que tanto lhes intrigava. Planilha numa mão, caneta na outra, e lá iam eles, a princípio tímidos, abordar cada pessoa que passava na rua. O que mais chamava a atenção durante a execução dos questionários não era a espontaneidade e a postura dos alunos, que logo estavam confortáveis com a nova situação; o que mais chamava a atenção era a estranheza que estas crianças causavam às pessoas da comunidade. Na verdade isto atentou para o fato de quanto a sociedade está despreparada para visualizar uma escola moderna, inovador, que não se restrinja aos limites da sala de aula, assim como compreender

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a ação pedagógica que pode estar por trás de atividades concretas como esta, proposta pelo NEPSO.

Logo a pesquisa chegava ao fim. Era chegada a hora de tabular de tabular os dados coletados, comparar, discutir, analisar e verificar se o palpite inicial tinha se confirmado. Será que os mais velhos acreditariam mais no fim do mundo do que os mais novos? Embora esta não fosse a primeira pergunta do questionário, foi a que os alunos quiseram encontrar a resposta primeiramente. Na verdade, eles tiveram uma grande surpresa, pois, ainda que com uma diferença mínima, o número de pessoas entre 15 e 35 que acredita na iminência do fim do mundo é maior que entre as pessoas acima dos 36 anos.

Foi possível perceber também que, apesar de a maioria das pessoas serem católicas, seguido de um número bem expressivo de evangélicos, apenas um entrevistado respondeu que o mundo iria acabar por causa da Ira de Deus, o que levou a turma a perceber que as pessoas sabem que o mundo pode acabar como conseqüência de suas próprias atitudes.

Outra peculiaridade evidenciada ao longo da pesquisa foi o fato de, a grande maioria das pessoas, de ambos os segmentos, apesar de observarem que o mundo vem passando por inúmeras transformações e de ter consciência de que são agentes desta mudança, dizem não saber o que poderá gerar o fim do mundo e que medidas devem adotar em sua prática cotidiana a fim de melhor as condições do planeta.

Após tabulados os dados, os alunos chegaram a conclusão de que precisavam realizar um trabalho de conscientização junto a comunidade, afinal de contas, se a maioria dos entrevistados acredita que o mundo vai acabar, sabe que está tendo atitudes que ferem o planeta, mas não tem noção de quê atitudes são estas, não estaria na hora de mobilizar uma campanha significativa que abordasse temas relacionados ao meio ambiente, à violência, ao uso indevido de drogas, ou qualquer outro assunto que servisse como meio de prevenção e sinalizasse um pedido de socorro para o nosso planeta?

Constatamos que o NEPSO foi um projeto muito bem sucedido, pois além de promover a integração da turma, proporcionou aos alunos e a todos que nele estiveram envolvidos, a construção efetiva do conhecimento. A pesquisa realizada por estes meninos e meninas foi muito mais do que um trabalho escolar; ela

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suas vidas de maneira plena. Hoje, certamente, os alunos da turma 62, da Escola Reinaldo Vaccari sabem a relevância da elaboração de um planejamento bem estruturado para a execução de qualquer pesquisa e conhecem, também, a importância de se estabelecer valores sólidos e democráticos para que haja um bom entrosamento em todo empreendimento grupal que se queira executar, dentro e fora do ambiente escolar.

Em suma, vimos que este projeto não terminou após alguns meses de trabalho. Percebemos que, mesmo após termos analisado os dados e construído os gráficos, não houve uma culminância, pois entendemos que ao traçar um problema de pesquisa, buscamos respostas geradoras de transformações relevantes tanto no meio escolar quanto na vida em sociedade. “Será que o mundo vai acabar?” Não se sabe. A pesquisa não revelou esta resposta, no entanto, cabe agora aos professores, com base nos resultados da pesquisa, desenvolver um trabalho eficiente a respeito de muitos problemas que podem estar desencadeando a degradação do planeta terra. Se todos nós professores entendermos que somos mediadores do conhecimento destes alunos que já sabem o potencial que têm, alcançaremos a plenitude em nossa prática pedagógica.

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