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RELAÇÃO ENTRE FATORES PSICOSSOCIAIS E ALTERAÇÕES DE HUMOR ENTRE PUÉRPERAS DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19

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RELAÇÃO ENTRE FATORES PSICOSSOCIAIS E ALTERAÇÕES DE HUMOR ENTRE PUÉRPERAS DURANTE A PANDEMIA DE COVID-191

Larissa Lehmkuhl2

RESUMO: Os fatores psicossociais exercem uma importante influência na forma que se experiencia cada etapa de vida, mas para mulheres gestantes e puérperas, o surgimento de dificuldades e transtornos, principalmente no puerpério, são comuns e estão diretamente relacionados. Face à pandemia de Covid-19 e suas consequências sanitárias e psicossociais, torna-se relevante compreender e discutir a relação entre os fatores psicossociais pandêmicos e as alterações de humor de puérperas, visto que tais alterações podem levar a transtornos psicológicos. O estudo caracterizou-se como descritivo, com abordagem de dados quantitativa e com delineamento de levantamento de dados. Será administrado um questionário de 46 questões entre mulheres puérperas de todos os estágios, desde que não ultrapasse um ano desde o parto. Os dados foram analisados por meio de análise de correlação com o software SPSS. Dentre os principais resultados, observou-se que os fatores psicossociais, principalmente os de risco, como o isolamento social, a violência doméstica e a pobreza afetaram negativamente a percepção das mulheres sobre a vivência do puerpério, principalmente devido ao mais abrangente destes fatores, a pandemia.

Palavras-chave: puerpério. pandemia. fatores psicossociais. transtornos de humor.

1 INTRODUÇÃO

No recente contexto da saúde pública mundial, foi descoberta um novo tipo de coronavírus (nCoV), nomeado “SARS-CoV-2”, ou como ficou conhecida, a COVID-19, caracterizada como uma infecção respiratória transmissível pelo contato com pessoas infectadas, diretamente (através de gotículas respiratórias), ou indiretamente, pelo contato com superfícies ou objetos que foram utilizados por uma pessoa infectada. Os sintomas da doença incluem um espectro clínico que varia de infecções respiratórias assintomáticas a quadros graves, tendo causado mais de 6 milhões de mortes em todo o planeta até o presente momento (GOVERNO DE SANTA CATARINA, 2020).

Desde então, o vírus e sua rápida expansão exerceram importantes mudanças nas sociedades como um todo. Trata-se de um vírus que atingiu todas as parcelas da população e, devido à amplitude de sua transmissão, a Organização Mundial de Saúde (OMS) decretou

2Acadêmica do curso de Psicologia da Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul.

larssalehmkuhl21@outlook.com.

1Artigo apresentado como requisito parcial para a conclusão do curso de Graduação em Psicologia da Unisul.

2022. Orientador(a): Professor Douglas Garcia, MSc.

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estado de pandemia global a partir de março de 2020. Dentre algumas implicações psicológicas da doença, é possível citar, por exemplo, o aumento nos níveis de estresse, distúrbios do sono e depressão (Naurin et al., 2021 apud Silva et al., 2021). De acordo com Nabuco et al. (2015), baseando-se em situações semelhantes de desastres e epidemias recentes, entende-se que o adoecimento mental é inevitável e, no cenário brasileiro, esta situação se torna ainda mais grave devido à crise político-institucional que se deu neste período. Com isso, o sistema de saúde do país entrou em colapso, os profissionais de saúde ficaram exaustos com as longas horas de trabalho e, além disso, o método de controle mais efetivo da doença, que é o distanciamento social, impactou consideravelmente a saúde mental da população em geral (BROOKS et al., 2020 apud FARO et al., 2020).

Entre as diferentes parcelas da população que dependem dos serviços de saúde, as mulheres puérperas que vivenciaram a pandemia estão entre aquelas que podem sofrer complicações adicionais, principalmente no que se refere ao contato inicial com os bebês.

Diferentemente do período de gestação, o puerpério carrega significações, aprendizagens e sentimentos complementares, porém distintos, de seu período predecessor. Trata-se de um período de tempo que se inicia imediatamente após o parto, “e se encerra quando os órgãos genitais e o estado geral da mulher voltam às condições anteriores à gestação, quando a mulher retoma a sua função reprodutiva” (GONÇALVES e HOGA, 2016). Esse período dura em média 6 a 8 semanas e pode ser classificado como imediato, do 1º ao 10º dia pós parto;

tardio, do 11º ao 45º dia pós parto; e remoto, a partir do 45º dia, com término imprevisto (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2021).

Portanto, o pós-parto constitui-se como um período extremamente sensível na vida das mulheres, podendo ser facilmente permeado pelo sofrimento mental das mesmas (ARAÚJO et al., 2020). Trata-se de um período que envolve inúmeras mudanças e aprendizagens nas vidas das mulheres, como a recuperação do parto, o contato de maternagem com o bebê, o aleitamento, a sexualidade, a dieta, entre outros. Algumas mulheres, por sua vez, ainda precisam lidar com outros aspectos do parto, como a desigualdade racial na assistência à saúde, a violência obstétrica ou o diagnóstico ou desenvolvimento de doenças/síndromes físicas e psicológicas, tanto na mãe quanto na criança (BRAYNER et al., 2020). Assim, além das preocupações referentes ao processo em si, há ainda os perigos causados por eventos catastróficos, desastres naturais e pandemias, afetando negativamente a saúde mental das mulheres (SALEHI et al., 2020 apud SILVA; SANTOS et al., 2021).

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Entre as implicações provenientes do sofrimento psíquico referente à gravidez e puerpério, Cantilino et al. (2010) destacam que alguns transtornos psiquiátricos mais comuns nesta fase incluem, em ordem de prevalência, a disforia puerperal, que ocorre em 50 a 85%

das mulheres, a depressão pós-parto, afetando em torno de 13%, e a psicose pós-parto, mais rara, aparecendo em cerca de 0,2% das puérperas. Segundo os autores, os transtornos ansiosos, por sua vez, “podem ser exacerbados ou precipitados no pós-parto, especialmente o transtorno de ansiedade generalizada, o transtorno de estresse pós-traumático e o transtorno obsessivo-compulsivo” (CANTILINO et al., 2010, p. 290).

1.1 ALTERAÇÕES DE HUMOR REFERENTES AO PERÍODO PÓS-PARTO

Durante o puerpério, ocorrem mudanças bruscas não somente nas áreas sociais e psicológicas da vida da puérpera, como também nos tão importantes níveis hormonais, que influenciam a forma de sentir as emoções. Trata-se de um período marcado pela vulnerabilidade ao aparecimento de dificuldades psicológicas, denominadas como os Transtornos Mentais Puerperais (TMP) (CARVALHO et al., 2019). De acordo com Cantilo et al (2010, p. 288), “apesar de não serem reconhecidas como entidades distintas nos sistemas classificatórios atuais, a disforia puerperal, a depressão pós-parto e a psicose pós-parto têm sido consideradas transtornos relacionados ao pós-parto”. Outros transtornos podem estar presentes, associadamente, ou não, como os transtornos ansiosos diversos, entre eles o Transtorno de ansiedade generalizada (TAG), Fobia social, Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), Transtorno de pânico ou Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) (CANTILINO et al., 2010).

Entre os TMP, a disforia puerperal, tristeza puerperal ou baby blues, como pode ser denominado, caracteriza-se como um distúrbio transitório de humor decorrente de alterações hormonais relativas ao parto, em que sintomas depressivos mais brandos são sentidos de forma breve, podendo durar de uma a duas semanas, ou mesmo evoluir para uma depressão pós-parto após este período (LEITE et al., 2021). Atinge cerca de 70% a 90% das novas mães e é marcado pela instabilidade emocional, com sentimentos de intensa tristeza, hipersensibilidade, fadiga, preocupações excessivas com a lactação e com a saúde do bebê, ou ainda, podem apresentar dificuldade de concentração, raciocínio e problemas com a memória, mas são manifestações que não chegam a impedir a realização de atividades diárias (LEITE et al., 2021).

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A psicose pós-parto, por sua vez, é caracterizada por Mastellini & Silva (2012, apud LEITE et al., 2021) como o transtorno mental mais grave que pode surgir no puerpério, pois pode colocar em risco a saúde física e mental tanto das mães quanto dos bebês, tendo em vista que estas perdem sua conexão com a realidade, e o suicídio e a violência podem se tornar possibilidades. Sua prevalência está em torno de 0,1% a 0,2%, com porcentagens mais altas para mulheres bipolares, e geralmente tem início rápido, com os primeiros sinais surgindo desde os primeiros dias até duas semanas após o parto, como por exemplo sentimentos de “euforia, humor irritável, compulsão para falar, agitação, insônia, delírios, mania de perseguição, alucinações e comportamento desorganizado, desorientação, confusão mental, perplexidade e despersonalização podendo perder o contato a realidade” (LEITE et al., 2021).

Segundo Camacho et al. (2006), os principais fatores de risco psicossociais relacionados aos transtornos do puerpério incluem o histórico de transtorno prévio, vivência de eventos estressantes, conflitos conjugais, desemprego, falta de suporte social, esperar um bebê do sexo oposto ao desejado, relações afetivas limitadas e/ou deficientes, ou abortamentos espontâneos ou de repetição, entre outros. Compreende-se, portanto, que as mulheres passam por muitas mudanças, não somente físicas, mas psicológicas, antes, durante e após o parto e, com a instalação da pandemia de COVID-19, infere-se que as alterações emocionais sofridas por elas potencializam-se, principalmente aquelas com histórico anterior de depressão (SCHIAVO e CASTRO, 2020; ESTRELA et al., 2020).

Apesar doblues puerperalser bastante comum, atingindo até 90% das novas mães, e a psicose pós-parto ser classificada como um transtorno de extrema gravidade, é fato que a depressão pós-parto é, de longe, o TMP mais abordado pela literatura científica.

Compreende-se, contudo, que a depressão pós-parto carrega ambas as características de seus transtornos primos, podendo ser bastante comum, principalmente quando fatores de cuidado ao baby blues não são eficazes, assim como podem se tornar de extremamente graves ao ponto de ameaçar o bem estar da puérpera e seu bebê. De fato, tais combinações tornam os estudos sobre a depressão pós-parto em esforços necessários para a compreensão deste transtorno de destaque para a contemporaneidade.

Entre a literatura da área, a depressão pós-parto (DPP) é caracterizada como um transtorno capaz de desencadear a manifestação do sofrimento e da dor materna e que atinge um número considerável de mulheres no mundo (10% a 15%), com início estendido desde o período peri-parto ou a qualquer momento do primeiro ano pós-natal (MORAES et al., 2006;

CARVALHO et al., 2019). Os sintomas mais comuns envolvem “tristeza, choro,

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desesperança, falta de energia e/ou motivação e falta de interesse com as atividades diárias” (CARVALHO et al., 2019, p. 3546).

Segundo Assef et al. (2021), a prevalência da DPP varia de acordo com os níveis de desenvolvimento de cada país: fatores envolvendo o perfil socioeconômico, nível de escolaridade e a convivência entre o casal parental, assim como os hábitos maternos relacionados ao uso de substâncias psicoativas, estão diretamente ligados ao desenvolvimento da DPP. Destaca-se a importância da qualidade do relacionamento entre a mulher e seu parceiro enquanto influência na incidência da depressão pós-parto, onde a “deficiência na intimidade e no suporte no casamento, histórico prévio de depressão, ansiedade durante a gravidez e falta de apoio social são considerados fatores de risco” (JEONG Y-J et al., 2021 apud ASSEF et al., 2021).

Deste modo, o presente estudo compreende que deve-se estar atento às diferentes variações de humor possíveis de serem observadas durante a aplicação da pesquisa, principalmente devido ao grande destaque da depressão pós-parto na literatura acadêmica, o que pode propiciar a subnotificação de quadros distintos, sombreados e confundidos pelos avaliações superficiais. Devido aos sintomas de DPP poderem ser parecidos com os de outros transtornos, torna-se imprescindível à pesquisa, portanto, adotar-se um maior cuidado para identificar nuances e, assim, possibilitar-se uma atenção preventiva ou de emergência em saúde objetivamente direcionada, que cumpra, por fim, o papel de cuidar da saúde da família como um todo.

1.2 FATORES PSICOSSOCIAIS E SUAS IMPLICAÇÕES PARA PUÉRPERAS

Compreendendo-se, então, que os fatores psicossociais, como o trabalho, os estudos, a situação financeira ou as relações sociais, influenciam várias esferas da vida humana, e que a pandemia de COVID-19 se tornou parte do cotidiano recente, com todas as suas mudanças e aprendizados, percebe-se que, de fato, a pandemia, enquanto fator psicossocial, atingiu um lugar de importância na readaptação da vida de toda a população mundial nos últimos anos, com o uso de máscaras e hábitos de distanciamento físico e social. Tais mudanças e as inseguranças geradas por ela afetam, em especial, mulheres grávidas e puérperas, que encontram-se em situação de vulnerabilidade física e psicológica.

Nesse sentido, os fatores psicossociais adquirem um peso importante no surgimento de dificuldades e transtornos presentes no puerpério, e de acordo com a história de vida de cada mulher, o investimento de projeções que o bebê receberá dependerá da forma com que a

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mãe experiencia o mundo em situação de pandemia à sua volta. Segundo Paz et al. (2021), a amamentação, enquanto momento primordial de fortalecimento do vínculo mãe-bebê, pode ser afetada diretamente, por exemplo, pelas medidas protetivas que visam evitar a transmissão de COVID-19 entre ambos trazendo prejuízos na relação.

Além disso, o isolamento social contribuiu ainda para um desgaste psicológico e, consequentemente, uma experiência de maternidade repleta de ansiedades e depressão (ESTRELA et al., 2020). Estudos de Silva et al. (2020 apud SANTANA et al., 2021) evidenciaram que uma grande maioria das gestantes afirmaram, inclusive, ter sido vítimas de uma escalada da violência física e/ou psicológica em seus lares e, por isso, entende-se que se trata de um grupo extremamente vulnerável por estarem fragilizadas emocionalmente com a gravidez e com suas próprias sobrevivências.

Segundo revisão integrativa dos artigos publicados no período de 2020 a 2021 realizada por Santana et al. (2021), acerca da influência do isolamento social decorrente da pandemia da COVID-19 sobre a saúde mental das gestantes, demonstraram que a ansiedade e depressão foram os sintomas mais prevalentes nas gestantes desde que foram instruídas a se isolarem socialmente devido à COVID-19. Por outro lado, verificou-se que ações da rede como apoio psicológico via telefone ou pela internet foram eficazes para amenizar os receios do isolamento (SANTANA, et al., 2021).

Portanto, é justamente a partir de suas próprias visões do que é ser mãe em momento de pandemia que estas mulheres tomarão este papel, o que pode resultar em um puerpério saudável ou não. Assim, investigar quais são os fatores psicossociais que podem estar relacionados às alterações de humor no pós-parto durante a pandemia de COVID-19 torna-se uma forma relevante de compreensão deste fenômeno social do puerpério, tendo em vista a existência de uma vasta literatura que estabelece esta relação em períodos livres de pandemia (ASSEF et al., 2021; BARROS; AGUIAR, 2019; CORREIA, 2006).

Desta forma, compreende-se que os estudos que investiguem esta relação tão recente e igualmente complexa ainda podem adquirir mais contextos e embasamentos teórico-científicos que fortaleçam os métodos de prevenção e tratamento de transtornos relacionados ao puerpério. Compreendendo-se que a pandemia de COVID-19 foi um período delicado e que merece atenção no contexto da produção de conhecimento, o presente estudo visou como objetivo, portanto, caracterizar a percepção de puérperas acerca da relação entre os fatores psicossociais e alterações de humor no pós-parto durante a pandemia de COVID-19. Com isso, é possível associar de que forma estes fatores e alterações de humor

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podem interferir na manutenção do vínculo de maternagem entre mãe e filho, tão importante para o processo de desenvolvimento psíquico do bebê.

3 MÉTODO

A presente pesquisa é de nível descritivo em relação à característica do objetivo proposto e possui natureza quantitativa em relação à forma proposta para abordagem dos dados (GIL, 2002). Justifica-se a classificação da pesquisa como descritiva em relação aos objetivos porque pretendeu-se observar as percepções de puérperas acerca da relação entre fatores psicossociais e alterações de humor no pós-parto durante a pandemia de COVID-19, o que possibilita uma maior proximidade com o tema e o torna mais visível para que se levantem novas possibilidades de intervenção (GIL, 2002).

A pesquisa teve corte transversal e foi realizada em um curto período de tempo, pois se trata do registro de “um único momento (o mesmo), quando o pesquisador registra uma

"fotografia" dos fatos (variáveis) de interesse e não o "filme de sua evolução”

(ZANGIROLAMI-RAIMUNDO, ECHEIMBERG e LEONI, 2018, p. 2). Em consonância a esta opção por um corte transversal é que se justifica a opção de uma abordagem quantitativa de dados, haja vista a mesma proporcionar maior abrangência de participantes e dados. A pesquisa foi delineada por levantamento de dados através de questionário, definido por Marconi e Lakatos (1991) como sendo constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador. Por fim, destaca-se que a pesquisa também tem característica de delineamento retrospectivo, haja vista que o efeito da intersecção entre puerpério e pandemia não foi vigente no momento da coleta de dados.

Tal delineamento foi considerado fundamental pelos pesquisadores na proposta de testagem das hipóteses suscitadas neste projeto.

3.1 PARTICIPANTES

A amostra de pesquisa foi constituída por 34 participantes mulheres, maiores de 18 anos, que vivenciaram as condições de puerpério entre 20 de março de 2020 a 20 de maio de 2022.

O período definido para o critério de inclusão da composição da amostra de pesquisa justifica-se em razão da janela de emergência em saúde pública associada à pandemia de Covid-19, a qual iniciou-se com o Decreto Legislativo nº 6 de 20 de março de 2020 e

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findou-se com o Decreto Legislativo nº 11.077 de 20 de maio de 2022. Os critérios de exclusão abrangeram mulheres que passaram pelo puerpério após o decreto Nº 11.077, de 20 de maio de 2022, que declarou o fim do estado de emergência da pandemia de Covid-19.

O recrutamento das participantes aconteceu por meio de divulgação de flyer na rede social da pesquisadora e da comunidade acadêmica disponível. O modelo de divulgação foi composto por uma arte gráfica com informações da pesquisa. As participantes responderam ao questionário virtualmente a partir de todo o território nacional. O processo de amostragem foi definido por conveniência e delimitado por critério não probabilístico, haja vista a não identificação de parâmetros de efeito relacionando os mesmos construtos na literatura..

3.2 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS

Os dados foram coletados a partir de questionário estruturado, composto por 46 questões fechadas, dividido entre questões relacionadas a dados sociodemográficos, questões relacionadas a fatores psicossociais e questões relacionadas a alterações de humor. Para mensuração de fatores de humor, optou-se por utilizar como referência prevalente de itens a Escala de Depressão Pós-parto de Edimburgo (EPDS), que consiste em um questionário auto avaliativo composto por 10 itens referentes aos sintomas depressivos frequentemente observados no puerpério (MALLOY-DINIZ et al., 2010) respondido em escala ordinal do tipo Likert, um tipo de escala de mensuração de atitudes “na qual o respondente indica seu grau de concordância ou discordância em relação a determinado objeto” (APPOLINÁRIO, 2007, p. 81). Para fins de operacionalização da pesquisa optou-se pela versão traduzida por Monteiro (2020). Já os fatores psicossociais considerados foram os identificados na revisão proposta por Kliemann, Boing e Crepaldi (2017), os quais são definidos como fatores de risco para depressão e ansiedade na gestação. Na tabela 1 é apresentada uma síntese das variáveis incluídas no instrumento e as respectivas siglas utilizadas para análise.

Tabela 1 - Síntese das variáveis e das respectivas siglas utilizadas nas análises FP1 Convivência com família extensa

FP2 Histórico de transtorno(s) prévio(s)

FP3 Recebi suporte da minha rede de apoio de familiares e amigos(as) FP4 Sofri algum tipo de violência física.

FP5 Sofri algum tipo de violência psicológica

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FP6 Passei por eventos estressores causados por desastres naturais ou por condições sociais adversas.

FP7 Tive problemas com o meu relacionamento conjugal FP8 Tive problemas com o meu relacionamento familiar.

FP9 Senti altos níveis de estresse

FP10 Penso em ter uma estrutura familiar com mais de um filho(a) FP11 Tive uma gestação(ções) não planejada(s)

FP12 Fiz uso de substâncias psicoativas (álcool, cigarro ou outras drogas)

FP13 Tive intercorrências físicas maternas e/ou fetais, incluindo aborto, parto prematuro e/ou gestação de alto risco, entre outros (é permitido marcar mais de uma opção) FP14 Passei por violência obstétrica durante o parto.

AU Soma dos aspectos de alteração de humor PERC_ Soma da percepção do impacto da COVID

Fonte: Produzido pela própria autora, 2022.

O instrumento foi aplicado de forma virtual através da ferramenta Google Forms, sendo a administração online justificada pelo interesse de maior quantidade de participantes de pesquisa. Após etapas prévias referentes ao processo de recrutamento por meio da divulgação da pesquisa na rede social, as participantes tiveram acesso ao questionário de coleta de dados, o qual pode ser respondido no prazo máximo de 15 dias após sua publicação.

Ao receberem o link com o questionário, na página inicial constou uma apresentação da pesquisa e as particularidades do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE . Só caso confirmassem ciência das informações referentes a sua participação no estudo e desejassem continuar, teriam acesso ao questionário.

3.3 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DE DADOS

Os dados foram tabulados em planilhas eletrônicas e foram identificadas estimativas de estatística descritiva (média, frequência e desvio padrão). Como procedimento de análise de estatística inferencial, foi utilizado coeficiente de correlação para identificar o nível de associação entre as dimensões de alterações de humor em relação a fatores psicossociais e aspectos sociodemográficos. O procedimento foi conduzido apenas considerando casos

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completos por paridade de análise (pairwise deletion), embora não tenham sido identificados missings. Dado o tamanho amostral (n = 34) e a distribuição não paramétrica das variáveis (testada por meio do teste Shapiro-Wilk) foi utilizado o coeficiente de correlação rho de Spearman. Ademais, para comparar diferenças de desfecho entre grupos foi utilizado o teste U de Mann Whitney, correspondente não paramétrico do teste t de Student para amostras independentes. Os procedimentos de análise foram realizados com o software Jamovi.

Em relação aos dados qualitativos os procedimentos de análise consistiram em: A fazer uma leitura integral dos materiais; B identificar categorias que sintetizam agrupamento de significado; C identificar falas que indicassem essas categorias; D discutir essas categorias a luz do referencial teórico proposto.

3.4 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS

A presente pesquisa foi analisada e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Unisul (CAAE 62701822.5.0000.5369) e teve como embasamento ético as Resoluções 466/2012 e 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, s.d), respeitando-se a autonomia individual, definida como o direito de decidir participar de uma pesquisa ou não;

visando a beneficência, ou seja, algo que possa trazer benefícios, e analogamente, a não maleficência, devendo a pesquisadora garantir que os riscos previsíveis sejam evitados, além de prestar assistência quando causar algum dano às participantes; e finalmente, devendo-se buscar a justiça, que determina que todas as pessoas possam ser participantes de pesquisas e devam ter acesso aos benefícios dos seus resultados.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 RESULTADOS DESCRITIVOS

Os resultados obtidos com a amostra de pesquisa (n = 34) identificaram alguns padrões de resposta, apresentados de maneira descritiva em relação às variáveis sociodemográficas. Uma caracterização de perfil de resposta mais prevalente caracteriza a amostra como mulheres que auto relataram possuírem emprego (n = 25), recebendo dois salários mínimos ou mais (n = 29), com filho único (n = 22), com casa própria (n = 25), vínculos familiares com a família extensa (n = 31) e autorrelato de recebimento de algum suporte de familiares e amigos (n = 31).

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Esses dados sugerem que a amostra de pesquisa é composta em sua maioria por puérperas que apresentaram alguns fatores de proteção social importantes. De acordo com Gomes e Pereira (2005, p. 360), as condições socioeconômicas e de vínculos familiares são determinantes relevantes aos riscos sociais, já que para ser vivida efetivamente, a vida familiar depende de condições práticas para sua sustentação e manutenção de seus vínculos, cuja perda ou o rompimento “produz sofrimento e leva o indivíduo à descrença de si mesmo, tornando-o frágil e com baixa auto-estima, [...] incorporando um sentimento desagregador”.

No entanto, enquanto para a maioria da amostra tais necessidades básicas podem ser facilmente sanadas, para uma menor, porém significativa parcela (n = 5), a renda familiar média é de até um salário mínimo e meio, ou dois salários mínimos (n = 7), tornando estas mulheres sujeitas aos riscos inerentes à pobreza. Na tabela 2 é apresentada uma síntese dos principais resultados descritivos dos desfechos em relação às variáveis sociodemográficas.

Tabela 2 - Estatística descritiva

PERCEPÇ ÃO DO IMPACTO DA COVID

SOMA DA ESCALA DE HUMOR

SEGUIR RIGOROSAME NTE AS MEDIDAS DE PREVENÇÃO

Média (DP) Média (DP) Média (DP)

Idade Entre 18 a 25 anos 6,71 (1,94) 33,6 (7,41) 1,86 (0,66) Entre 35 anos ou

mais

5,75 (2,36) 33,0 (8,51) 1,70 (0,80)

Escolaridade Ensino superior em diante

5,80 (2,12) 32,3 (7,57) 1,85 (0,74)

Ensino médio completo

7,00 (2,34) 34,5 (8,58) 1,50 (0,74)

Renda salarial

um salário mínimo 4,80 (2,17) 33,4 (9,94) 1,20 (0,44) três salários

mínimos

6,38 (2,18) 33,2 (7,78) 1,86 (0,74)

Estado civil Solteira 6,00 (2,12) 30,2 (4,58) 1,89 (0,78)

Casada 6,20 (2,29) 34,4 (8,68) 1,72 (0,74)

Fonte: produzido pela própria autora, 2022

Conforme é possível observar na tabela 2, identificou-se que há uma prevalência majoritária de valores equivalentes dos desfechos (alteração de humor, atitude em relação a cuidados na pandemia, percepção de impacto da Covid) em relação às variáveis

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sociodemográficas. Algumas diferenças maiores foram observadas e analisadas por meio de estatística inferencial, a partir da comparação de grupos.

Em relação a possíveis diferenças nos desfecho em relação a subgrupos da amostra de pesquisa não foram identificadas diferenças de alteração de humorentre mulheres casadas (m = 34,4; dp = 8,68) e mulheressolteiras (m = 30,2; dp = 4,58 | gl(33), p = 0,197), nem em relação a faixas salariais mais elevadas (m =33,2 ; dp = 7,78) e mais baixas (m = 33,4; dp

=9,94 | gl(33), p = 0,981). Também não foram identificadas diferenças entre mulheres de maior escolaridade (m = 32,3, dp = 7,57 ) e menor escolaridade (m =34,6 ; dp =8,58 | gl(33), p = 0,494) e de maior (m =32,8; dp =7,96) e menor idade (m = 34,0; dp = 8,23 | gl(33), p = 0,875). Assim, os resultados indicaram uma homogeneidade nos níveis de alteração de humor em relação às variáveis sociodemográficas. Em relação a dados absolutos, os níveis médios de alteração de humor identificados (amplitude de 30,2 a 34,5) não denotaram interpretação independente, visto não serem disponíveis na literatura estudos normativos para comparação.

Em relação a percepção de impacto da Covid não observou-se diferença significativa entre mulheres de menor idade (m = 6,71; dp = 1,94) e de maior idade(m = 5,75; dp = 2,36 | gl (33), p = 0,227), em mulheres com menor escolaridade (m = 7,00; dp = 2,34) e de maiorescolaridade(m = 5,80; dp = 2,12| gl (33), p = 0,282) e com faixassalariais mais baixa (m = 4,80; dp = 2,17) e mais alta (m = 6,38; dp = 2,18| gl (33), p = 0,144). Em relação ao estado civil, entre mulheres casadas (m = 6,20; dp = 2,29) esolteiras (m = 6,00;

dp = 2,12| gl (33), p = 0,821) também não foram identificadas diferenças significativas.

Apesar da inexistência de diferenças entre grupos, os valores escalares puderam ser considerados elevados - o que suscita uma discussão acerca dessa dimensão.

Um fator psicossocial relevante para a contextualização dos impactos da pandemia é o fato de ter sido um período extremamente politizado mundialmente, com um lado conservador menos preocupado ou cético quanto aos efeitos do vírus, e do outro lado, liberais preocupados em cumprir as recomendações de cuidados sanitários e de distanciamento social (ROTHGERBER et al., 2020, apud OLATUNJI et al., 2022). No Brasil, que viveu uma escalada da politização voltada à obtenção das vacinas, recém-desenvolvidas para o combate ao vírus, Couto et al. (2021) aponta uma divisão importante: segundo pesquisas, as famílias de maior índice socioeconômico apresentam cobertura vacinal significativamente menor do que famílias de estrato socioeconômico baixo, que por sua vez apresentaram maior probabilidade de estar com a vacinação completa aos 18 meses de vida.

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Nesse sentido, as famílias de alta renda e escolaridade que recusam, selecionam ou postergam a vacinação justificam suas ações através de argumentos que incluem, por exemplo, “a noção de que a doença é leve ou está erradicada; o receio das reações vacinais e a crença de que as vacinas não são seguras; [...] a crença de que boas condições socioeconômicas e estilo de vida são fatores protetores contra as doenças”, entre outras (BARBIERI; COUTO, 2015 e MILLS et al., 2005 apud COUTO et al., 2021, p. 05).

Portanto, considerando o cenário de divisão política sobre o cenário de impactos da pandemia, a renda e escolaridade desempenham influências distintas entre as percepções de cada mulher.

Em relação à atitude sobre cuidados na pandemia observou-se diferenças descritivas entre grupos, porém, essas diferenças não foram estatisticamente significativas (p

< 0,05). Entre às diferenças observadas, cita-se de mulheres de menor escolaridade (m = 7,00; dp = 2,34) e de maiorescolaridade(m = 5,80; dp = 2,12| gl (33), p = 0,431) com faixas salariais mais baixa (m = 4,80; dp = 2,17) e mais alta (m = 6,38; dp = 2,18| gl (33), p = 0,064). Em relação a mulheres de menos idade (m = 6,71; dp = 1,94) e maioridade (m = 5,75; dp = 2,36| gl (33), p = 0,551) ecasadas(m = 6,20; dp = 2,29) esolteiras (m = 6,00; dp

= 2,12| gl (33), p = 0,566) não foram identificadas diferenças significativas.

Em consonância à discussão sobre os efeitos da polarização política na percepção dos impactos da pandemia pelas puérperas, as atitudes de cuidados para evitar o contágio também estão conectadas ao posicionamento sócio-político individual. Muitas das regras mais básicas de higiene e distanciamento para a prevenção de uma epidemia abandonam as populações que vivem em uma camada social de maior de vulnerabilidade, “especialmente mulheres e meninas, pois são elas que enfrentam maiores riscos de viver as consequências negativas da pandemia, sejam estas adoecimento, desemprego, pobreza e morte” (AL-ALI, 2020 apud MATTA et al., 2021, p. 64). Desta forma, percebe-se que, com uma percepção de menor intensidade sobre os impactos e, consequentemente, com menos atitudes de cuidado para evitar o contágio, é possível que a parcela mais abastada economicamente perceba menos riscos e, portanto, não tome os cuidados com tanta seriedade. Por outro lado, a parcela menos favorecida destas mulheres percebe os impactos de forma mais abrangente, mas não possuem os meios necessários para manter tais hábitos de cuidado.

4.2 RESULTADOS CORRELACIONAIS

(14)

De acordo com a matriz de correlação (tabela 2), algumas correlações significativas foram observadas em relação ao importante papel do convívio familiar saudável na qualidade de vida das mulheres puérperas. Foi possível observar que a vivência de eventos estressores causados por desastres naturais ou por condições sociais adversas, como é o caso da pandemia, está significativamente correlacionada aos altos níveis de estresse sentido pelas mulheres (ρ3 = 0,439; p4 < 0,05), às alterações de humor (ρ = 0,382; p < 0,05) e à existência de intercorrências físicas maternas e/ou fetais, incluindo aborto, parto prematuro e/ou gestação de alto risco, entre outros (ρ = 0,384; p < 0,05). Os altos níveis de estresse vividos durante a pandemia estão significativamente correlacionado aos problemas com o relacionamento familiar (ρ = 0,475; p < 0,05), e estes também influenciam as alterações de humor (ρ = 0,406; p < 0,05).

Os problemas com o relacionamento familiar, por sua vez, estão intimamente correlacionados tanto ao uso de substâncias psicoativas como álcool, cigarro ou outras drogas (ρ = 0,483; p < 0,05), quanto à vivências de intercorrências físicas maternas e/ou fetais (ρ = 0,351; p < 0,05). Percebe-se, por outro lado, que a quantidade de suporte da rede de apoio de familiares e amigos(as) é inversamente proporcional a quantidade de conflitos no relacionamento familiar (ρ =-0,429; p < 0,05), ou seja, quanto mais suporte, menos conflitos familiares. A existência de conflitos, finalmente, está significativamente relacionada à convivência com a família extensa (ρ = 0,378; p < 0,05), convívio este que também influencia o uso de substâncias psicoativas (ρ = 0,422; p < 0,05).

Tais dados corroboram estudos que caracterizam como fatores de risco para o desenvolvimento de transtornos de humor no puerpério: o histórico de transtorno prévio, o estresse, durante e após a gestação, relações conflituosas com o parceiro e a família, desemprego e baixa renda familiar, falta de suporte social, abortamentos e gravidez de risco, entre outros (ZINGA, PHILLIPS E BORN, 2005, apud ALIANE, MAMEDE E FURTADO, 2011; CAMACHO et al., 2006). Portanto, tais fatores psicossociais representam vieses de importância para a manutenção das necessidades básicas de qualidade de vida deste grupo e devem ser levadas em consideração na busca por sua saúde mental integral.

Além das preocupações referentes ao estado pandêmico e às relações familiares abaladas pelas medidas de contenção, um outro fator de risco se mostrou presente na amostra, os conflitos conjugais e as violências sofridas pelas mulheres. Conforme observado na matriz de correlações, os problemas de relacionamento com a família estão associados aos conflitos

4Valor-p, referente a probabilidade de um evento acontecer

3Símbolo rho, referente ao coeficiente de correlação não paramétrico de Spearman

(15)

conjugais (ρ = 0,506; p < 0,05), enquanto estes são influenciados pelos altos níveis de estresse (ρ = 0,386; p < 0,05), pelo uso de substâncias psicoativas (ρ = 0,366; p < 0,05) e pelas violência física (ρ = 0,355; p < 0,05) e psicológica (ρ = 0,538; p < 0,05). Além disso, a vivência de violência psicológica está associada ao histórico de transtorno(s) prévio(s) (ρ = 0,377; p < 0,05), enquanto este histórico está correlacionado à percepção da gravidez como indesejada (ρ = 0,479; p < 0,05).

Nesse sentido, Mattar et al. (2007) corroboram que a violência doméstica (termo abrangente a diversos tipos de violência baseada no gênero) é caracterizada como qualquer ato que resulte em danos físico, sexual, mental ou sofrimento, incluindo ameaças, coerção ou privação da liberdade. A violência doméstica é vista como um indicador de risco no rastreamento da depressão pós-parto, estimando-se que um terço das mulheres agredidas sofram de depressão e que esta foi a principal responsável por cerca de um quarto das tentativas de suicídios entre suas vítimas. De modo geral, as agressões podem ocasionar uma baixa auto-estima e sentimentos como vergonha, medo ou culpa e, conseqüentemente, inicia-se um processo de isolamento social, escapando ao suporte familiar, o que já foi estabelecido como fator de proteção contra quadros de depressão pós-parto (MATTAR et al., 2007).

Portanto, percebe-se que com a devida parcimônia na generalização dos dados desta pesquisa, a pandemia afetou as puérperas de diferentes maneiras, direta e indiretamente. Seja pelo medo de contaminação pelo vírus, seja pelo isolamento e distanciamento social que geram ou intensificam conflitos conjugais e familiares, é fato que um conjunto de fatores psicossociais afetam as alterações de humor vividas com maior intensidade por este grupo específico, os sintomas que passam a corroborar com esses fatores e podem se manifestar, são: ansiedade, ataque de pânico, culpa, insônia, perda de apetite e falta de concentração (FIOCRUZ, 2016). Assim, sendo de extrema importância um encaminhamento e acompanhamento com uma equipe multiprofissional, com um olhar sensível e a escuta qualificada são essenciais.

Em relação a estas alterações de humor, observaram-se correlações significativas com os altos níveis de estresse (ρ = 0,437; p < 0,05), as gestações não planejadas (ρ = 0,418;

p < 0,05), ao uso de substâncias psicoativas (ρ = 0,478; p < 0,05), a existência de intercorrências físicas maternas e/ou fetais (ρ = 0,361; p < 0,05) e às percepções de impactos da COVID (ρ = 0,431; p < 0,05). Esta última, por sua vez, é de grande importância à compreensão do puerpério em tempos de pandemia como se propôs inicialmente.

De modo ambivalente, as alterações de humor encontram-se conectadas às percepções

(16)

de impactos da pandemia e dessa forma, os dados obtidos reforçam os estudos que apontam para a vivência do puerpério durante a pandemia como um período de incertezas, em que o medo do desconhecido, a interrupção do atendimento pré-natal de rotina e a interrupção da vida social por causa da quarentena causaram drásticas mudanças nos planos de gestação e puerpério tranquilos de inúmeras mulheres (ESTRELA et al., 2020; SILVA et al. 2021).

Incertezas e cuidados a qual foram intersectados pelos desdobramentos da pandemia da COVID-19, a qual estão significativamente relacionados ao estresse, sobrecarga, falta de apoio e crises.

(17)

Tabela 3- Matriz de correlação

FP1 FP2 FP3 FP4 FP5 FP6 FP7 FP8 FP9 FP10 FP11 FP12 FP13 FP14 AU PERC

FP1

FP2 0,027

FP3 -0,311 -0,152

FP4 -0,078 -0,161 -0,009

FP5 0,172 0,377* -0,151 0,347*

FP6 0,135 0,264 -0,103 0,079 0,222

FP7 -0,078 0,153 -0,225 0,355* 0,604 -0,129

FP8 0,378* 0,169 -0,429** 0,232 0,538** 0,272 0,506**

FP9 0,317 0,127 -0,218 0,341* 0,409* 0,439** 0,386* 0,475**

FP10 0,262 -0,146 0,218 -0,019 -0,157 -0,107 -0,204 0,087 0,013

FP11 -0,122 0,479** 0,051 0,236 0,155 0,201 0,054 -0,027 0,212 -0,12

FP12 0,422** 0,213 -0,202 0,25 0,611 0,315 0,366* 0,483** 0,381* 0,137 0,145

FP13 -0,013 0,064 -0,064 0,085 0,268 0,384* 0,036 0,351* 0,393* 0,165 -0,044 0,321

FP14 0,072 0,098 -0,14 0,450** 0,302 0,087 0,116 0,122 0,352* -0,216 0,106 0,149 0,316

AU 0,169 0,323 -0,277 0,316 0,286 0,382* 0,226 0,406* 0,437** -0,041 0,418* 0,478** 0,361* 0,166

PERC_ 0,161 0,027 -0,221 -0,168 0,003 0,05 0,109 0,216 -0,063 -0,213 -0,012 0,393* -0,013 0,029 0,431** Fonte: produzido pela própria autora, 2022/ *p < 0,05; **p < 0,01

(18)

Por fim, a análise de dados qualitativos viabilizada pela resposta ao item

“Experiências vivenciadas durante o puerpério, acredito que a pandemia afetou negativamente minha vida” (n= 12), permitiu rastrear alguns dos fatores psicossociais relacionados à falta de convivência com a família extensa e, consequentemente, com a falta de rede de apoio. Deste modo, correlacionados a este fatores negativos da pandemia, destacam-se quatro relatos:

“Fiquei sem rede de apoio devido a pandemia, grávida, em casa uma outra criança. Se não houvesse pandemia poderia ter saído mais e recebido mais auxílio”; (P1)

“Ficar presa em casa e sem rotina me fez entrar em pânico e ficar muito ansiosa por pouca coisa”; (P2)

“Pós-parto sem acompanhante no hospital. Sem rede de apoio no puerpério”. (P3)

“Ter ficado dois dias sozinha na maternidade me abalou muito no último dia, me senti incapaz, desesperada “; (P4)

Portanto, a caracterização deste cenário corrobora e intensifica os níveis de estresse, e o medo passa a ser prevalente em pessoas saudáveis (Ramírez-Ortiz et al., 2020). Com isso, é possível identificar a percepção negativa deste item. Os relatos mostraram que as implicações psicossociais de fato foram prejudicadas, se confirmando como citado anteriormente, que o impacto do isolamento social corrobora para um desgaste psicológico e, consequentemente, para uma vivência materna repleta de ansiedades e depressão (ESTRELA et al., 2020).

Ainda em análise ao item “Experiências vivenciadas durante o puerpério, acredito que a pandemia afetou negativamenteminha vida” observou-se significativa relação aos fatores envolvendo o ambiente de trabalho, destaca-se três relatos:

“Muita pressão tudo junto. Na área da saúde o trabalho exigiu muito e era muita incerteza junto ao que seria a pandemia.”; (P1)

“No trabalho fui mandada pra rua e foi um momento bem complicado.. paga aluguel e só no aperto, logo em seguida engravidei... foi um momento muito difícil"; (P2)

“Sim, porque trabalho com saúde, aí o risco era maior.

Principalmente o estresse, foi o pior... 6 meses de trabalho e começou a pandemia, loucura e logo depois fiquei grávida"; (P3)

(19)

Segundo o estudo de Carlos, Diene Monique et al (2020) diante do novo cenário de enfrentamento à pandemia, o trabalho foi remanejado de forma imediata, em muitos casos os equipamentos de segurança individual eram escassos. Esse contexto fragilizado preocupou ainda mais as mulheres puérperas, pois junto com o grande volume de informações, veio a preocupação de se contaminar com o vírus e consequentemente passar para o recém-nascido, contribuindo para a insegurança e fragilidade desse momento, corroborando com os relatos mencionados.

Entretanto, no item “Experiências vivenciadas durante o puerpério, acredito que a pandemia afetoupositivamenteminha vida” (n= 5), foram destacados cinco relatos:

“A minha filha por si só, já é algo bom, apesar dos problemas e das dificuldades financeiras com o pai dela, consigo pensar melhor nas soluções, resguardo melhor o ambiente da minha filha.”; (P1)

“Mais aproximação com a família”; (P2)

“A empresa começou a trabalhar home office, por isso não precisei me preocupar. Com a Pandemia, recebemos poucas visitas, tendo melhor tempo para descansar quando possível.”; (P3)

“Bom, eu me casei, comprei minha casa, abri minha empresa, engravidei e ganhei minha filha , tudo isso ocorreu na pandemia.“;

(P4)

“Meu filho é tudo pra mim apesar das dificuldade”; (P5)

Em comparação ao item “Experiências vivenciadas durante o puerpério, acredito que a pandemia afetou negativamente minha vida” (n= 12), observou-se uma significativa diferença da percepção entre os efeitos positivos e negativos, indicando que os efeitos negativos da COVID-19 foram mais evidentes e perceptíveis em relação aos aspectos positivos. Entretanto é possível observar nos relatos, que o fato de ter sido mãe, talvez tenha ajudado em alguns aspectos em relação ao enfrentamento da pandemia, pois existem questões relacionadas à maternagem, a qual é definida como proteção e cuidado dos filhos, de forma afetuosa e carinhosa (GRADVOHL; OSIS; MAKUCH, 2014). Pode-se concluir, assim, que apesar das dificuldades, o filho(a) manifesta nas puérperas sentimentos amorosos e de proteção, o que faz com que a vivência do puerpério durante uma pandemia tenha um impacto significativo na saúde mental destas mulheres.

(20)

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo buscou compreender e caracterizar a percepção de puérperas acerca da relação entre os fatores psicossociais e alterações de humor no pós-parto durante a pandemia.

Face aos resultados e discussões apresentados foi possível identificar que a pandemia apresentou impactos sobre a alteração de humor e sobre os fatores psicossociais de puérperas durante tal período. Destaca-se, sobretudo, em relação à influência da alteração de humor, fatores como falta de convivência com a família extensa, falta de rede de apoio, altos níveis de estresse e a relação do trabalho, foram tais fatores que se sobressaíram com mais relevância nos estudos qualitativos apresentados. Sendo assim, o impacto da pandemia da COVID-19 na influência dos fatores psicossociais mencionados demonstram que os níveis de alteração de humor foram significativos neste período.

Os dados obtidos caracterizaram a amostra de pesquisa como composta, em sua maioria, por puérperas que apresentaram fatores de proteção social importantes e indicaram uma homogeneidade nos níveis de alteração de humor em relação às variáveis sociodemográficas. Em relação à percepção de impacto da Covid, apesar de não haver diferenças significativas entre grupos, os valores escalares elevados suscitam uma discussão acerca da pandemia como um período extremamente politizado mundialmente. Considerando este cenário de divisão política sobre os impactos da pandemia, a renda e escolaridade desempenham influências distintas entre as percepções de cada mulher e as atitudes de cuidados para evitar o contágio também estão conectadas ao posicionamento sócio-político individual, em que no cenário brasileiro, a parcela mais abastada economicamente percebe menos riscos e, portanto, não toma os cuidados com a devida seriedade.

Foi possível observar também que a vivência de eventos estressores causados pela pandemia está significativamente relacionada às alterações de humor das mulheres e aos problemas com o relacionamento familiar, que por sua vez, são inversamente proporcionais à quantidade de suporte recebido desta rede de apoio. Além disso, um outro fator que se mostrou presente na amostra foram os conflitos conjugais e as violências físicas e psicológicas sofridas pelas mulheres.

Por fim, a análise de dados qualitativos mostrou que as implicações psicossociais foram realmente prejudicadas pela pandemia e o impacto do isolamento social foi crucial para o desgaste psicológico e para uma vivência materna repleta de ansiedades e depressão.

Nesse sentido, obteve-se uma visão geral sobre os dados que indicam que os efeitos negativos

(21)

da COVID-19 foram mais evidentes e perceptíveis do que os aspectos positivos, mas estes últimos também possuem sua força em relação ao enfrentamento da pandemia.

Assim, conclui-se que os fatores psicossociais, principalmente os de risco, como o isolamento social, a violência doméstica e a pobreza afetaram negativamente a percepção das mulheres sobre a vivência do puerpério, principalmente devido ao mais abrangente destes fatores, a pandemia. Nesse sentido, compreende-se que novos estudos e o aprofundamento nos impactos destes fatores psicossociais e em sua relação com os transtornos psicológicos derivados das alterações de humor nas mulheres podem ser de grande importância. Afinal, está claro que as alterações de humor dependem tanto dos processos subjetivos de cada mulher, como também das contingências ambientais. Novos estudos sobre o tema podem contribuir para o desenvolvimento de uma compreensão mais abrangente e consolidada dos diversos níveis de impacto psicológico gerados por grandes eventos de mobilização mundial, principalmente para este grupo já tão sensibilizado por seus processos naturais.

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