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A integração da saúde mental nos cuidados de saúde primários a nível local

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Academic year: 2021

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A INTEGRAÇÃO DA SAÚDE MENTAL NOS CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS A NÍVEL LOCAL

Dissertação de Mestrado em Psicologia Clínica

Tatiana Nunes Varela Madureira

Orientadora: Prof.ª Doutora Maria Cristina Quintas Antunes

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A INTEGRAÇÃO DA SAÚDE MENTAL NOS CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS A NÍVEL LOCAL

Dissertação de Mestrado em Psicologia Clínica

Tatiana Nunes Varela Madureira

Orientadora: Prof.ª Doutora Maria Cristina Quintas Antunes

Composição do Júri:

Ricardo Nuno Serralheiro Gonçalves Barroso Maria da Conceição Alves Rainho Soares Pereira Maria Cristina Quintas Antunes

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

A INTEGRAÇÃO DA SAÚDE MENTAL NOS CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS A NÍVEL LOCAL

Dissertação de Mestrado em Psicologia Clínica

Tatiana Nunes Varela Madureira Orientadora: Prof.ª Doutora Maria Cristina Quintas Antunes

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Dissertação apresentada à Universidade de Trás-Os-Montes e Alto Douro, a fim de obter o grau conducente a Mestre de Psicologia, especialização em Psicologia Clínica, sob a orientação da Professora Doutora Maria Cristina Quintas Antunes.

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Agradecimentos

“A mente que se abre a uma nova ideia, jamais volta ao seu tamanho inicial”

Albert Einstein

Decorrida esta jornada é chegada a hora dos balanços… A realização desta tese de mestrado contou com importantes apoios e incentivos, sem os quais teria sido impossível finalizá-la e pelos quais estou imensamente grata. Todos eles constituíram, sem dúvida, fonte de inspiração e crescimento pessoal.

Deixo um agradecimento sentido e muito especial à família (especialmente mãe, irmã e marido) que me encorajou e fortaleceu nos momentos de maior dificuldade, desânimo e que muito contribuiu para garantir a prossecução do trabalho com vista ao alcance do objetivo final.

À Professora Maria Cristina Antunes pela sua orientação, apoio, total disponibilidade, pelos saberes transmitidos, opiniões, críticas e total colaboração na dissolução de dúvidas que foram surgindo ao longo da elaboração deste trabalho e pelas suas palavras de incentivo.

Aos Coordenadores Clínicos das Unidades Funcionais do ACES - Douro I – Marão e Douro Norte, no nome do Dr. Alejandro Suarez e da Dra. Maria João Serafino que se mostraram disponíveis para conjugar esforços com a equipa de profissionais de saúde para o preenchimento dos questionários a eles dirigidos e também na disponibilização dos questionários aos utentes.

A todos os profissionais de saúde e utentes das Unidades Funcionais que se disponibilizaram e participaram no presente estudo.

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Índice

1-Introdução ... 9

ESTUDO I: ... 12

PERCEÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE SOBRE OS CUIDADOS PRIMÁRIOS EM SAÚDE MENTAL ... 12

RESUMO ... 13

ABSTRACT ... 14

Introdução ... 15

1.1- Cuidados de Saúde Primários e Saúde Mental ... 15

1.2- A Psicologia nos Cuidados de Saúde Primários... 16

2-Metodologia ... 25

2.1 - População e amostra ... 25

2.2 - Procedimentos ... 26

2.3 - Instrumentos ... 26

3-Resultados ... 27

4-Discussão dos Resultados ... 29

5-Conclusões ... 31

6-Referências ... 33

ESTUDO EMPÍRICO II: ... 36

ANSIEDADE, DEPRESSÃO E STRESSE NOS UTENTES DE UM ACES DO NORTE ... 36

RESUMO ... 37

ABSTRACT ... 38

1-Introdução ... 39

1.1- Saúde Mental ... 39

1.2-Cuidados de Saúde Primários ... 41

1.2.1- Cuidados de Saúde Primários em Portugal ... 42

1.2.2- Atuação do psicólogo nas USF ... 44

1.3- Prevalência de Perturbação Mental/Psicológica nos CSP ... 45

1.3.1- Ansiedade ... 47

1.3.2- Depressão ... 50

1.3.3- Stresse ... 53

1.3.4- Stresse e estilos de coping ... 55

1.4- Modelo tripartido de Clark e Watson ... 55

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1.6-Perspetivas de evolução dos CSP em Saúde Mental em Portugal ... 59 2- Metodologia ... 61 2.1- Hipóteses ... 61 2.2- População e Amostra ... 62 2.3- Procedimentos ... 62 2.4- Instrumentos ... 62

2.4.1- Questionário de Caracterização Social ... 63

2.4.2- Depression, Anxiety and Stress Scales (DASS-21) ... 63

3-Resultados ... 64

3.1- Resultados diferenciais em função da idade ... 64

3.2- Resultados diferenciais de género ... 65

3.3 - Resultados correlacionais entre as variáveis depressão, ansiedade e stresse ... 66

4-Discussão dos Resultados ... 67

5- Conclusão ... 68

6-Referências ... 70

Considerações Finais ... 75

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Índice de Tabelas Artigo 1

Tabela 1- Protocolo/registo de procedimentos de diagnóstico ... 28 Tabela 2- Perceção dos profissionais de saúde sobre as dificuldades/necessidades nos

cuidados primários de saúde mental ... 29

Artigo 2

Tabela 1- Correlação de Pearson (r) entre as variáveis depressão, ansiedade e stresse e a idade. ... 65 Tabela 2- Teste t para as diferenças de médias entre os géneros na depressão, ansiedade e stresse ... 66 Tabela 3- Valores estatísticos referentes à análise das diferenças de género na depressão, ansiedade e stresse ... 66

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Lista de Abreviaturas/Siglas

ACES: Agrupamento de Centros de Saúde APA: Associação Americana de Psicologia CSP: Cuidados de Saúde Primários

DASS-21: Depression, Anxiety and Stress Scales – 21 itens DP: Desvio-padrão

DSM: Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders n: Amostra

OMS: Organização Mundial de Saúde OPP: Ordem dos Psicólogos Portugueses r: Correlação de Pearson

SPSS: Statistical Product and Service Solutions UAG: Unidade de Apoio à Gestão

UCC: Unidade de Cuidados na Comunidade

URAP: Unidade de Recursos Assistenciais Partilhados USF: Unidade de Saúde Familiar

USP: Unidade de Saúde Pública α: Alfa de Cronbach

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1-Introdução

Estudos epidemiológicos recentes revelam que os problemas de saúde mental e as perturbações psiquiátricas tornaram-se a principal causa de incapacidade e uma das principais causas de morbilidade nas sociedades atuais, inclusive em Portugal (Ministério da Saúde, 2008; OPP, 2011; WHO, 2010).

Os Cuidados de Saúde Primários representam o contexto de saúde mais próximo da vida das pessoas e o mais indicado para a educação para a saúde, bem como para atender às suas necessidades, de bem-estar físico e de cuidados psicológicos no contexto de outras necessidades, através de medidas psicoeducativas (Costa & Lopez, 2010, cit por OPP, 2013).

Assim, a deteção precoce dos casos de doença existentes na comunidade e a promoção da Saúde Mental são propósitos pertinentes no contexto dos Cuidados de Saúde Primários. Por outro lado, diariamente, os profissionais dos cuidados de saúde primários (em particular, os médicos, enfermeiros e psicólogos) são confrontados com a inevitabilidade de encontrar estratégias que vão ao encontro dos objetivos delineados pelas instituições onde trabalham, sem, no entanto, deixar de considerar as necessidades dos utentes que acompanham. A auscultação de profissionais de diferentes áreas da saúde no contexto dos CSP justifica-se pela importância de identificação de dificuldades e constrangimentos no atendimento e referenciação de utentes que apresentam sintomatologia característica de um quadro de mal-estar psicológico ou mesmo de perturbação psicológica, resultantes da escassez de profissionais, designadamente de psicólogos, da falta de especialização adequada dos técnicos, do limitado trabalho em equipa com outros técnicos de saúde, das limitações do sistema de referenciação para os cuidados especializados psiquiátricos, entre outros fatores. Neste sentido, uma estratégia eficaz de integração da saúde mental nos cuidados primários passaria pelo aumento de profissionais, designadamente de psicólogos, representando um importante contributo ao nível da promoção da saúde e da prevenção da doença, além da deteção e encaminhamento de situações de doença. Necessariamente, dessa estratégia faria parte uma intervenção em rede com a colaboração de profissionais de várias áreas e dos diferentes sistemas de saúde, por forma a dar resposta às necessidades das pessoas e a diminuir o sofrimento e os custos com a saúde. Para tal, seria necessário facilitar o acesso aos cuidados de saúde mental a todas as pessoas, através da sua integração no sistema geral de saúde.

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Tendo em conta, por um lado, a existência de um índice crescente de problemas de saúde mental das populações e a importância dos contextos de atuação dos profissionais dos cuidados de saúde primários e, por outro lado, a escassez de estudos nestas áreas em Portugal, torna-se pertinente a presente investigação (DGS, 2012). A pertinência deste estudo está ainda associada ao facto de os resultados constituírem uma mais-valia para o reconhecimento e integração efetiva dos psicólogos no contexto dos cuidados primários, à semelhança do que tem sido revelado em estudos anteriores que comprovam a eficácia da intervenção psicológica. Deste modo, numa fase inicial da investigação (estudo I) procedeu-se à avaliação da perceção dos profissionais de saúde sobre as principais necessidades a nível dos cuidados de saúde mental, e dificuldades inerentes ao exercício da sua atividade profissional no contexto dos cuidados primários de saúde mental e ainda sobre a sua perceção acerca do estado de saúde mental dos utentes. Numa segunda fase (estudo II), procedeu-se à descrição dos níveis de depressão, ansiedade e stresse numa amostra composta por utentes de duas Unidades Funcionais, considerando as diferenças etárias e a relação existente entre as três variáveis.

Desta forma, delinearam-se como objetivos principais deste trabalho: i) conhecer a perceção dos profissionais de saúde sobre as características da saúde mental dos utentes de duas unidades funcionais (estudo I); ii) aferir as dificuldades e necessidades percecionadas pelos profissionais de saúde no atendimento dos utentes das unidades funcionais ao nível da saúde mental (estudo I); iii) verificar a perceção dos profissionais de saúde sobre a necessidade de psicólogos nos CSP (estudo I); iv) descrever a ansiedade, stresse e depressão dos utentes de um ACES do Norte do país (estudo II); v) analisar a relação entre a depressão, ansiedade e stresse dos utentes (estudo II); e vi) verificar se o stresse, ansiedade e depressão dos utentes das duas Unidades Funcionais se relacionam com a sua idade e género (estudo II).

A partir da definição dos objetivos do presente estudo, formularam-se as seguintes questões de investigação:

 Qual é a perceção dos profissionais de saúde sobre as características da saúde mental dos utentes das unidades de saúde (estudo I)?

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 Qual é a perceção dos profissionais de saúde sobre as dificuldades e necessidades sentidas no atendimento dos utentes das unidades de saúde, ao nível da saúde mental (estudo I)?

 Qual é a perceção dos profissionais de saúde sobre a necessidade de psicólogos nos CSP (estudo I)?

 Existem diferenças etárias significativas de sintomatologia de depressão, ansiedade e stresse nos utentes das unidades de saúde (estudo II)?

 Existem diferenças de género significativas de sintomatologia de depressão, ansiedade e stresse nos utentes das unidades de saúde (estudo II)?

 Qual é a relação que existe entre as variáveis depressão, ansiedade e stresse nos utentes das unidades de saúde (estudo II)?

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ESTUDO I:

PERCEÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE SOBRE OS CUIDADOS PRIMÁRIOS EM SAÚDE MENTAL

Tatiana Nunes Varela Madureira

Orientador: Prof.ª Doutora Maria Cristina Quintas Antunes

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RESUMO

Este estudo tem como objetivo aferir a perceção dos profissionais de saúde sobre os cuidados primários em saúde mental, designadamente sobre as características da saúde mental dos utentes de duas unidades funcionais, sobre as dificuldades e necessidades sentidas pelos profissionais no exercício da sua atividade ao nível dos cuidados de saúde mental e ainda sobre a necessidade de psicólogos nos CSP. Para dar resposta aos objetivos foi aplicado um questionário elaborado com o propósito de ser especialmente dirigido a médicos, enfermeiros e psicólogos de duas unidades funcionais do ACES Douro I – Marão e Douro Norte. Participaram no estudo 21 profissionais, com idades compreendidas entre os 28 e os 64 anos, 71,4% do sexo feminino e 28,6% do sexo masculino. Os resultados obtidos indicam que os profissionais de saúde identificam de modo frequente na sua prática diária sintomatologia depressiva, ansiosa e de stresse nos utentes que acedem aos cuidados de saúde primários, de modo particular os que pertencem à faixa etária adulta. As principais necessidades/dificuldades identificadas pelos profissionais de saúde no exercício da sua atividade são o deficiente acesso do Sistema de Referenciação para os cuidados especializados psiquiátricos, o insuficiente número de profissionais, designadamente de psicólogos, o insuficiente trabalho em rede com os serviços gerais de saúde, o limitado trabalho em equipa com outros técnicos de saúde e a falta de especialização adequada dos técnicos, sendo necessária mais formação na área da saúde mental.

Palavras-Chave: Perceção dos profissionais de saúde, Cuidados de saúde primários, atividade

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ABSTRACT

The following study aims to inquire the health professionals’ perception about mental health care in primary health national system, namely the mental health characteristics of the local health unity patients and their needs. Besides that, this study also intends to explore the difficulties felt by the health mental professionals in their daily activity, in the mental health level, and the need of psychologists in the primary health care. In order to accomplish the study goals it was applied a questionnaire aimed to doctors, nurses and psychologists of the two health local units: ACES Douro I – Marão e North Douro. The participants in this study were twenty-one health professionals aged from twenty-eight to sixty-four years old, 71,4% were female and 28,6% male. The study results indicated that the health professionals in their daily health practice, often identify in the patients, particularly in adults, depressive, anxiety and stress symptomatology, The main needs/difficulties identified by health professionals in the exercise of their activity were the poor access of the referency system for the specialized psychiatric care, insufficient number of professionals, particularly psychologists, the insufficient networking with health general services, the limited teamwork with other health technicians and the lack of appropriate specialization.

Keywords: Health professionals perception, primary health care, health professionals activity,

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Introdução

Os dados epidemiológicos de estudos europeus recentes apontam para um aumento da prevalência da perturbação mental na Europa e em Portugal. Em 2008, a União Europeia estimava que cerca de 50 milhões de pessoas (cerca de 11% da população) sofria de algum tipo de perturbação mental. Em Portugal e relativamente à prevalência ao longo da vida, um em cada cinco cidadãos experienciou uma perturbação mental (23%). Assim, conclui-se que Portugal apresenta uma prevalência de perturbações mentais acima da média europeia (OPP, 2011).

1.1- Cuidados de Saúde Primários e Saúde Mental

Os cuidados de saúde primários, através dos médicos de clínica geral e familiar, constituem o primeiro ponto de contacto do utente com o sistema de saúde, proporcionando-lhe acesso aberto e ilimitado a cuidados médicos. Estes profissionais, através de uma abordagem holística (física, psicológica, social) têm um papel fulcral no diagnóstico e correto encaminhamento dos doentes com patologias de natureza fisiológica ou psiquiátrica.

Grande parte dos países em desenvolvimento deverá aumentar e aperfeiçoar a formação contínua de profissionais para a saúde mental, com o intuito de prestar cuidados especializados e apoiar programas de cuidados primários de saúde. Idealmente, as equipas especializadas em cuidados de saúde mental deverão incluir profissionais médicos e não médicos, entre eles: psiquiatras, psicólogos clínicos, enfermeiros psiquiátricos, assistentes sociais psiquiátricos e terapeutas ocupacionais, que podem trabalhar em conjunto, tendo em vista os cuidados e a integração total dos doentes na comunidade (DGS, 2002).

A maioria dos indivíduos com perturbação psiquiátrica recorre ao clínico geral/médico de família quando procura cuidados de saúde, pois é frequente apresentarem problemas de saúde física associados. Por este motivo, estes profissionais têm normalmente o primeiro acesso à maioria dos utentes com patologia psiquiátrica ou problemas de saúde mental, estando numa posição privilegiada para poder prestar cuidados de saúde mental de qualidade e promovendo a interface com outras especialidades. O diagnóstico atempado e a interdisciplinaridade no âmbito dos cuidados de saúde mental reveste-se de importância, uma vez que se sabe que as situações precocemente reconhecidas têm maior possibilidade de receber tratamento específico

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e têm melhor prognóstico em termos de funcionamento pessoal e ajustamento social (Allen et al, 2005).

De acordo com dados disponíveis na OCDE uma em cada duas pessoas terá uma doença mental na vida, com consequências negativas a nível de empregabilidade, produtividade e salários (OCDE, 2014). Na União Europeia, estima-se que pelo menos 165 milhões de pessoas (38% da população) tenham problemas de saúde mental, a qualquer momento, sendo a mais comum a ansiedade, que atinge 14% da população (Petrea e McCulloch, 2013 cit in ERS, 2015). Apesar da elevada prevalência de problemas de saúde mental que continua a observar-se em Portugal, cerca de 65% dos doentes com diagnóstico de uma perturbação psiquiátrica moderada não utilizou cuidados de saúde mental, nos 12 meses anteriores à entrevista realizada no âmbito da World Mental Health Survey Initiative (Caldas de Almeida e Xavier, 2013 cit in ERS, 2015). Contudo, o treatment gap (diferença entre o número de pessoas que necessitam de tratamento e as que realmente a ele têm acesso) em Portugal era inferior comparativamente a países como a Alemanha, a França ou a Itália (Wang et al., 2011 cit in ERS, 2015).

1.2- A Psicologia nos Cuidados de Saúde Primários

Nas diferentes unidades de saúde portuguesas, a integração de profissionais da área da Psicologia aconteceu há relativamente poucos anos, principalmente no que se refere aos Cuidados de Saúde Primários. O ramo de psicologia clínica na carreira dos técnicos superiores de saúde, através do Decreto-Lei nº 241/94 de 22 de Setembro, foi apenas incluído nos Cuidados de Saúde Primários em 1994. Tal como refere este Decreto-Lei, compete ao psicólogo clínico o estudo psicológico de indivíduos e/ou de grupos populacionais para fins de prevenção e tratamento: a participação em programas de educação para a saúde; o aconselhamento psicológico e a intervenção psicológica e psicoterapia. Contudo, será fundamental efetuar-se uma adequação das funções anteriormente descritas ao contexto de saúde, onde estão integrados pois os objetivos e metas de atuação que serão necessariamente diferentes (Gunn & Blount, 2009).

A reforma dos Cuidados de Saúde Primários iniciada em Portugal em 2005 conduziu a alterações organizacionais significativas. Os psicólogos integrados nos ACES passaram a exercer a sua atividade nas UCC, com vista a uma atuação comunitária em grupos com necessidades especiais, e/ou nas URAP, como parte de uma equipa multiprofissional para

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garantir serviços assistenciais e de consultadoria a todas as outras unidades funcionais (Ministério da Saúde, 2011). Assim, e no que concerne aos CSP passaram a exigir cada vez mais aos psicólogos conhecimentos não apenas relacionados com a patologia e doença, mas também com a prevenção e bem-estar (McDaniel et al., 2004).

O Committee for the Advancement of Professional Practice Task Force on Primary

Care da Associação Psicológica Americana (APA, 1998), divulgou algumas recomendações

para a adaptação da intervenção psicológica nos cuidados de saúde primários. Dada a relevância e aplicabilidade destas recomendações à realidade portuguesa, importa referir que: nos cuidados de saúde primários os psicólogos podem e devem prestar vários serviços bem como desempenhar vários papéis. Deste modo, destacam-se a consulta psicológica, educação para a saúde, formação, investigação e desenvolvimento de parcerias comunitárias que suportem a continuidade dos cuidados. Os psicólogos devem estar fisicamente próximos e acessíveis dos médicos de família e ainda considerar a possibilidade de fazerem domicílios. Os psicólogos podem, ainda, assumir a função de consultores da equipa de cuidados de saúde primários a propósito de um utente, assim como proceder à avaliação destes e colaborar na implementação de métodos facilitadores da informação sobre saúde.

Um estudo realizado em Portugal sobre a efetividade da psicoterapia permitiu concluir que 28% da amostra estudada recorreu a ajuda profissional, nomeadamente ao médico de família (39,1%), seguindo-se o psiquiatra (29,6%) e médicos de outras especialidades (27,7%). Os psicólogos surgem em 4º lugar, sendo consultados apenas em 14,9% das situações (Vasco, Santos & Silva, 2003).

O binómio trabalho /tempo apresenta-se como uma área potencial de conflito entre psicólogos e médicos de família. Para dirimir este conflito, existem algumas estratégias úteis que facilitam a colaboração dos psicólogos com os médicos de família, designadamente: realizar a consulta centrada em problemas, preparar informações clínicas escritas sucintas e dar resposta aos pedidos de informação dos médicos. Os psicólogos serão tanto mais bem-sucedidos quanto melhor forem capazes de adaptar os seus conhecimentos e competências ao contexto de saúde onde estão a trabalhar. Em certos casos, isto significa desenvolver conhecimento aprofundado sobre uma doença ou uma população, enquanto em outros casos é necessário um conhecimento genérico sobre uma ampla variedade de problemas médicos que podem ocorrer em diferentes fases do ciclo de vida (APA, 1998).

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Não obstante estas recomendações, e no que se refere à realidade portuguesa, é importante considerar, entre outros aspetos, que: “[…] A integração efectiva do psicólogo nos

Centros de Saúde relaciona-se com a sua visibilidade social na organização, com a qualidade das suas relações com os outros técnicos e com a obtenção de ganhos para a saúde dos utentes que resultem das suas intervenções específicas […]” (Trindade, 1999).

Assim, os profissionais de psicologia nos cuidados de saúde primários têm responsabilidades na prestação de serviços psicológicos aos indivíduos, famílias e comunidades, incluindo na promoção da saúde e na prevenção das doenças, bem como na função assistencial.

Concretamente, no que se refere à prevenção, a intervenção do psicólogo é importante ao nível da saúde escolar, oral, materna, infantil, ocupacional e saúde dos idosos, bem como na prevenção de diversas doenças, designadamente cardiovasculares, cancro e doenças sexualmente transmissíveis, entre outras. Uma estratégia preventiva eficaz deve combinar a abordagem comunitária com a individual e a de grupo. É, contudo, importante adequar as mensagens preventivas aos níveis de desenvolvimento psicológico dos destinatários e conferir credibilidade aos canais de transmissão junto do grupo-alvo (Trindade, 1999).

No âmbito da consulta de psicologia, o psicólogo deverá torná-la numa consulta de referência para os médicos de família, bem como para os diferentes programas e projetos. Vários estudos comprovam a multiplicidade de benefícios da intervenção psicológica no contexto dos cuidados primários, sendo que um deles é a diminuição do volume de trabalho dos médicos de família, a melhoria do estado de saúde dos cidadãos, a redução de custos com consultas, medicamentos, internamentos e de outros custos relacionados com o absentismo profissional ou a diminuição da produtividade (OPP, 2011).

A necessidade de intervenção psicológica é premente face ao aumento da prevalência das perturbações mentais na Europa e em Portugal. O papel do psicólogo não passa apenas pela avaliação psicológica e intervenção com pessoas portadoras de deficiência mental, mas passa também pelo apoio ao desenvolvimento dos cuidados integrados de saúde mental em equipas diferenciadas (OPP, 2013). No que se refere à participação nos cuidados continuados, o psicólogo deverá ser um recurso/mais-valia nos programas de cuidados continuados. A este nível, o psicólogo deve identificar as especificidades de cada utente, através da promoção de estratégias de coping adaptativas à doença e/ou incapacidade (OPP, 2013).

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Na participação em atividades de humanização e qualidade em saúde, o psicólogo deverá participar em grupos e comissões de qualidade nos cuidados de saúde, gabinetes do utente e estudos de satisfação dos utentes. O psicólogo poderá ainda ter um envolvimento ativo em atividades formativas a estagiários de psicologia, a outros técnicos de saúde, voluntários, etc. (OPP, 2013).

No contexto do sistema de saúde português, e dado o envelhecimento da população portuguesa, é especialmente importante o aconselhamento em saúde para idosos (principalmente nas áreas do comportamento alimentar e do exercício físico e lazer) e uma intervenção associada a dificuldades de memória e perturbações cerebrovasculares. Consoante as necessidades da população de cada unidade de saúde, poderão ser desenvolvidas algumas atividades específicas relacionadas com programas de cessação tabágica, controlo da dor crónica e aconselhamento preventivo. A este nível, o psicólogo poderá ter um papel facilitador da comunicação entre os diversos protagonistas dos cuidados de saúde primários, designadamente os enfermeiros e médicos. Ajudar os utentes a desenvolver competências comunicacionais que facilitem a interação com os técnicos de saúde é um pilar essencial da intervenção do psicólogo nesta área e na relação que estabelece com os restantes profissionais de saúde (Trindade, 1999).

Deste modo, alguns autores consideram o psicólogo nos CSP como um “generalista” com vários papéis (Fitzgerald, Galyer & Ryan, 2009; McDaniel et al., 2004), por um lado, distinguindo-se dos profissionais dos cuidados especializados que estão responsáveis pelos utentes que apresentam estados mais severos e crónicos (Lyons & Low, 2009), e, por outro lado, com responsabilidades de atuação nos problemas comuns de saúde dos indivíduos e famílias (McDaniel et al., 2004). Assim, o psicólogo não é considerado um técnico de saúde mental, poderá considerar-se um “generalista”, porque a sua área de intervenção é a saúde global dos indivíduos ao longo do ciclo de vida, da família e comunidade e não apenas a avaliação e acompanhamento de casos de doença mental ou perturbação psicológica. A intervenção do psicólogo no contexto dos cuidados de saúde primários deverá reger-se pela promoção do bem-estar psicológico e/ou de mudanças comportamentais necessárias a processos de adaptação em determinadas fases da vida.

Para a concretização destes objetivos, será necessária uma abordagem psicológica em saúde que considere simultaneamente o sujeito, a família, os técnicos de saúde e de suporte

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social, que veja o indivíduo como um sistema complexo em que a doença pode ser causada por múltiplos fatores, e em que os fatores psicológicos sejam considerados não apenas consequências da doença, mas também como tendo um contributo para a sua etiologia (Ogden, 1999). Esta é a perspetiva da Psicologia da Saúde, descrita por Matarazzo (1980), como “o

conjunto das contribuições específicas educacionais, científicas e profissionais da disciplina da Psicologia para a promoção e a manutenção da saúde, prevenção e tratamento da doença, e disfunções relacionadas” (p. 815).

Sennfelt (1992), num artigo de fundo conhecido sobre CSP e saúde mental em Portugal, descreve na sua revisão da literatura portuguesa sobre clínica geral/medicina familiar, que realizou para o período de 1984 a 1987, que os três principais problemas referidos pelos médicos de família, no que dizia respeito à área da saúde mental consubstanciavam-se da seguinte forma: 1) no número crescente de doentes com episódios recorrentes e necessidades em cuidados de saúde mental; 2) numa formação pré e pós-graduada insuficiente na área da saúde mental; 3) e num sistema de referenciação para os cuidados especializados psiquiátricos de deficiente acesso. Segundo o mesmo autor, e citando cinco estudos realizados em vários Centros de Saúde (CS) em território português, durante a segunda metade da década de 80 e apresentados na Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) (Almeida 1987; Gonçalves 1985; Goulart 1987; Robalo 1989; Simões 1988), cerca de 41% dos doentes que recorriam aos CS apresentavam perturbações emocionais ou psiquiátricas sendo que 24 a 31% dos casos não eram diagnosticados como tal, mas eram grandes utilizadores de cuidados de saúde (Robalo 1989; Simões 1988). Num outro estudo, eram prescritos psicofármacos pelos médicos de família a 12.7% dos utentes dos CSP – 17.4% de antidepressivos e 71.9% de benzodiazepinas (Goulart 1987) com resultados semelhantes em outros dois estudos (Almeida 1987; Robalo 1989).

Rodrigues (2004) realizou um censo na década de 90, numa amostra de 145 médicos de família/clínicos gerais de quatro CS na região da Grande Lisboa, com o objetivo de aferir e caracterizar as perceções, atitudes, expetativas e conhecimentos dos médicos de família/clínicos gerais relativamente à psiquiatria e saúde mental. De acordo com este censo, para 95.1% dos médicos de família inquiridos, os doentes do foro psiquiátrico requeriam um trabalho acrescido em relação aos outros doentes e 37.7% consideraram que os doentes do foro psiquiátrico eram pouco gratificantes. Apenas 8.2% dos inquiridos consideraram que o treino e a formação obtidos pelos médicos de família era suficiente para lidar com a patologia mental e na opinião de 21.3% os métodos de tratamento disponíveis para os doentes com patologia mental eram

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pouco eficazes. Por outro lado, o estigma estava presente em 39.4% dos médicos de família quando concordavam que os doentes com perturbações psiquiátricas utilizavam a sua doença como fator de desresponsabilização. Para 21.3% dos inquiridos, os psiquiatras davam frequentemente alta precoce aos doentes, independentemente ou não de apresentarem uma melhoria significativa. Para 82.8% dos médicos de família inquiridos, nos últimos anos, ocorreu uma diminuição da resistência, por parte dos doentes, ao seu envio para consulta de psiquiatria. Para apenas 10.7% dos médicos de família o encaminhamento para a consulta de psiquiatria levava o doente a pensar que o seu médico assistente não valorizava as queixas por ele apresentadas. Em contradição com os resultados de estudos mais objetivos, a perceção dos médicos de família era a de que prescreviam antidepressivos habitualmente quando existia essa indicação – muitas vezes para 45.1% e algumas vezes para 43.4% e quase sempre para apenas 9% – mas quando a resposta parecia insuficiente estes admitiam ser mais renitentes no aumento das doses (39.3% nunca ou quase nunca o faziam) do que no switch terapêutico (67.2% fazendo a mudança de medicação algumas a muitas vezes). Segundo 45.9% dos médicos de família, a disponibilidade de tempo de que dispunham era escassa, nunca ou quase nunca tendo tempo. A referência para uma equipa de saúde mental do serviço de psiquiatria era a norma sempre ou quase sempre para 69.7% dos médicos de família e para 21.7% o envio era sempre para um psiquiatra específico. O aprofundamento da articulação CSP com outros serviços (designadamente psiquiatria) era importante ou muito importante para 98.4% dos médicos de família. Para o futuro, a referência a um psiquiatra específico com informação de retorno era o tipo de articulação preferido pelos médicos de família. A reunião para discussão de casos foi considerada útil ou muito útil por 82.8% destes profissionais.

Uma revisão de literatura de 2008 que implicou a análise de 42 estudos concluiu que a intervenção psicológica nos CSP permitia reduzir o número de consultas dos médicos de família, o número de prescrições de psicofármacos, os custos de prescrição e referenciação de doentes (Harkness & Bower, 2008). De acordo com os autores, a poupança nos custos verificar-se-ia porque a intervenção psicológica seria mais acessível e permitiria, simultaneamente, uma redução da utilização dos cuidados de saúde e do consumo de recursos de saúde. As intervenções psicológicas breves nos centros de saúde podem permitir melhorar o funcionamento ou adaptação psicológica dos utentes e reduzir em 50% o número de consultas médicas (Golden, 1997; Hunsley, 2002b).

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Foi realizado um estudo preliminar em Portugal no Centro de Saúde São João (CSSJ) com o objetivo de analisar a influência das consultas de psicologia clínica no volume de trabalho dos médicos. Os resultados sugeriram que os médicos de família tendiam a referenciar os seus utentes para a consulta de psicologia (Hespanhol, Veiga & Ricou, in press). Este estudo contabilizou o número de consultas diretas de medicina geral e familiar, realizadas seis meses antes e seis meses após a primeira consulta de Psicologia em 2001 e em 2003. Este estudo permitiu concluir que se verificava uma diminuição, em média, de quase uma consulta de medicina familiar por cada um dos utentes inscritos nessa mesma consulta. Assim, a consulta de psicologia clínica no Centro de Saúde São João (CSSJ) parece ter conduzido à diminuição do volume de trabalho dos médicos de família com os utentes inscritos nas suas consultas (Hespanhol et al, in press).

Outros estudos sugerem que os indivíduos com várias patologias, que estão inseridos em programa de psicoterapia apresentam uma redução de 40% na procura de consultas com o médico de família, representando uma elevada poupança para os serviços de saúde (Carlson & Bultz, 2003; Sobel, 2000a). Por outro lado, em intervenções psicológicas prolongadas a redução na procura dos serviços de saúde seria mais acentuada, sobretudo após o segundo ano da intervenção (Carlson & Bultz, 2003; Sobel, 2000a).

Estudos realizados nos Estados Unidos pelo Kaiser Permanente Institut permitiram constatar que a intervenção psicológica em doentes com várias patologias e em situações de internamento levou a uma redução de 77,9% na duração média de internamento, de 66,7% na frequência de hospitalizações, de 47,1% nas idas ao médico, 45,3% na redução das idas à urgência e em cerca de 4% nas prescrições recebidas. Estes estudos permitiram ainda concluir que as intervenções psicológicas conduzem à redução em 48,6% o número de prescrições escritas e em 31,2% os contactos telefónicos (Carlson & Bultz, 2003; Hunsley, 2002a; Sobel, 2000a).

A London School of Economics and Political Science desenvolveu um conjunto de estudos que sugerem que a intervenção psicológica cognitivo-comportamental nas situações de depressão e ansiedade generalizada é efetiva (Layard, 2005; Layard, 2006a; Layard, 2006b; Layard et al. 2007), designadamente na redução dos custos indiretos associados à redução do absentismo laboral; na poupança de custos diretos, nomeadamente redução do número de

(24)

consultas e de consumo de outros cuidados de saúde, como por exemplo o número de internamentos, referenciação para cuidados de especialidade e consumo de medicamentos.

No que se refere aos casos de depressão e perturbações de pânico existem evidências que sugerem que as intervenções psicológicas possam ter maior custo-efetividade que o tratamento farmacológico, em termos de redução da utilização dos cuidados de saúde, menor abandono da terapêutica e redução das recaídas (Hunsley, 2002a).

Em suma, os estudos realizados nos últimos anos comprovam que a intervenção psicológica permite uma poupança em todas as vertentes, não só na redução dos custos diretos (número de consultas, medicação, etc.), como dos custos indiretos (redução do absentismo, aumento da produtividade, redução dos encargos do Estado com benefícios fiscais associados à doença) permitindo uma poupança a curto e médio prazo (Carlson & Bultz, 2003; Hunsley, 2002b).

A maioria dos cidadãos que sofre de ansiedade ou depressão são tratados com psicofármacos, estes podem não chegar a obter todos os benefícios do tratamento uma vez que há taxas reduzidas de adesão à terapêutica. Este aspeto tem elevados custos diretos para o sistema de saúde (maior consumo de cuidados) e elevados custos indiretos (maior absentismo e menor produtividade) (The Centre for Economic Performance’s Mental Health Policy Group, 2006). De acordo com alguns estudos, de todas as pessoas com depressão apenas metade recebe tratamento, sendo 8% fornecido por psiquiatras; e apenas 3% recebem acompanhamento psicológico, sendo que a maioria é acompanhada pelo médico de família (Layard, 2005).

Na generalidade das situações de perturbação da saúde mental verifica-se que quando esta é tratada ao nível dos médicos de família, o tratamento farmacológico é a primeira opção. Este facto contribui, muitas vezes, para o aumento do consumo de psicofármacos e/ou para tratamentos demasiadamente prolongados, para o aumento dos efeitos secundários e eventual desenvolvimento de dependência face a determinados medicamentos (Hunsley, 2002a). Análises de custo-efetividade parecem apontar para que a terapia cognitivo-comportamental seja tão efetiva, a curto prazo, como a terapêutica farmacológica para a depressão, ansiedade generalizada e outras perturbações mentais (PTSD, fobias, etc.) (Layard, 2006a). Contudo, a intervenção psicológica é mais eficaz que a terapêutica farmacológica a longo prazo, prevenindo com maior efetividade as recaídas e recorrências de episódios depressivos/ansiosos. Para que este aspeto fosse garantido pela medicação esta teria de ser continuada no tempo

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(Layard et al 2007; The Centre for Economics Performance’s Mental Health Policy Group, 2006).

A terapia cognitivo-comportamental e a terapia farmacológica têm uma efetividade comparável nas perturbações de pânico, porém os custos estimados desta intervenção psicológica são cerca de 10% a 50% inferiores aos tratamentos farmacológicos (Hunsley, 2002a). A terapia cognitivo-comportamental parece ser mais efetiva e apresenta custo-efetividade no tratamento da ansiedade generalizada e perturbações de pânico face a vários psicofármacos (antidepressivos tricíclicos; inibidores da recaptação da serotonina) (Heuzenroeder et al. 2004).

Diversos estudos desenvolvidos ao longo dos anos em Portugal apontam para a efetividade e potencial da intervenção psicológica na melhoria do estado de saúde do cidadão e na redução dos custos diretos. Estes dados constam do relatório denominado “Evidência

científica sobre custo-efetividade de intervenções psicológicas em cuidados de saúde” publicado

pela Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP), em que se conclui que: “Os estudos são consensuais

em considerar as intervenções psicológicas, sobretudo as intervenções cognitivo-comportamentais…como custo-efectivas tanto nos cuidados de saúde primários como nos cuidados hospitalares.…A intervenção psicológica constitui-se como um instrumento com potencialidade para contribuir para a melhoria da saúde da população, para a contenção dos custos no sector e para a produtividade do país.” (OPP, 2011, p. 47). Dos resultados finais obtidos neste estudo concluiu-se que a melhoria do estado emocional geral foi encontrada em 80% dos casos seguidos por psicólogos e psiquiatras, em detrimento do apoio fornecido pelo médico de família (50.4%).

Outro estudo português realizado no Centro de Saúde de São João (CSSJ) referente ao consumo de benzodiazepinas apontou para a existência de um consumo exagerado destes psicofármacos. Como principais conclusões os autores salientam a necessidade de informação do utente sobre as alternativas às benzodiazepinas, nomeadamente a intervenção psicológica em perturbações psicológicas. Grande parte dos participantes deste estudo manifestou intenção ou vontade de solicitar apoio psicológico. Este estudo aponta ainda que a percentagem de sujeitos que beneficia deste apoio é reduzida (Ricou, Duarte, Lopes, Canário & Correia, in press).

(26)

Assim, para que toda a população tenha acesso à intervenção psicológica, e mais especificamente a cuidados de saúde mental ao nível dos cuidados primários, e para que se obtenha o máximo potencial de ganhos é necessário tornar a psicologia acessível a todos os doentes, o que implica aumentar o número de psicólogos nos centros de saúde (Layard et al., 2006a; Layard et al., 2007; The Centre for Economic Performance’s Mental Health Policy Group, 2006).

Neste sentido, e considerando a importância do acesso das populações aos cuidados de saúde mental, continua a ser pertinente conhecer a perceção dos profissionais de saúde sobre o contexto da sua atividade nos CSP ao nível dos cuidados de saúde mental, que constitui o objetivo deste estudo. Assim, os objetivos específicos deste estudo são: i) conhecer a perceção dos profissionais de saúde sobre as características da saúde mental dos utentes de duas unidades funcionais; ii) aferir as dificuldades e necessidades percecionadas pelos profissionais de saúde no atendimento dos utentes das duas unidades funcionais ao nível da saúde mental; iii) verificar a perceção dos profissionais de saúde sobre a necessidade de psicólogos nos CSP.

2-Metodologia

Em seguida, será apresentado o plano metodológico que orientou o estudo, como forma de responder às questões de investigação e atingir os objetivos equacionados. Em primeiro lugar, será apresentada a amostra utilizada e a respetiva caracterização; seguir-se-á a apresentação do instrumento de colheita de dados, a análise e discussão dos resultados obtidos e, finalmente, as conclusões sobre o estudo realizado.

2.1 - População e amostra

A população escolhida para este estudo foram os profissionais de saúde (médicos, enfermeiros e psicólogos) de duas Unidades Funcionais, pertencentes ao Centro de Saúde de Vila Real II do ACES Douro I – Marão e Douro Norte, que perfazem um total de 35 profissionais de saúde, entre médicos, enfermeiros e psicólogos.

O método de amostragem utilizado foi o de conveniência e não probabilístico. Participaram no estudo 21 profissionais com idades compreendidas entre os 28 e os 64 anos,

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sendo a média de 45,5 anos e o desvio padrão (DP=12,4). Relativamente à distribuição da amostra por género, 71,4% dos profissionais pertencem ao género feminino e 28,6% pertencem ao género masculino. No que se refere às habilitações literárias, 71,4% dos profissionais são licenciados e 28,6% concluíram o mestrado. Relativamente à situação profissional, 57,1% dos participantes são médicos, 33,3% são enfermeiros e 9,5% são psicólogos. Quando questionados sobre os anos de atividade, 14,3% dos profissionais responderam que trabalham há 15 anos; 9,5% trabalham há mais de 21 anos e até 36 anos; 4,8% referiam que trabalham há 39 anos e a mesma percentagem de profissionais respondeu que trabalha há pelo menos 2 anos e até ao máximo de 12 anos. Relativamente aos anos de atividade exercida na instituição de saúde, 23,8% responderam que trabalham há 9 anos; 19% responderam que estão na instituição há 8 anos; 14,3% referiram que trabalham há 3 anos na Unidade Funcional; 9,5% responderam que exercem atividade pelo menos há 1 ano e no máximo há 5 anos e 4,8% afirmaram que trabalham na Unidade Funcional há mais de 10 anos.

2.2 - Procedimentos

Numa primeira fase da investigação enviou-se a proposta de investigação para a Comissão de Ética da ARS Norte, a qual aprovou a realização do estudo (anexo A).

Após a aprovação pela Comissão de Ética foram contactados os coordenadores clínicos de cada uma das unidades de saúde local, a fim de agendar datas para a realização das entrevistas e aplicação do questionário aos profissionais de saúde.

A recolha de dados foi efetuada em contexto de consultório médico e de enfermagem, sendo que antes da mesma ser realizada os profissionais de saúde foram informados acerca dos objetivos do estudo e sobre a possibilidade de desistência a qualquer momento, bem como sobre a confidencialidade e anonimato dos dados. Todos os profissionais que aceitaram participar no estudo assinaram o consentimento informado.

2.3 - Instrumentos

O instrumento escolhido para a aplicação do estudo foi um questionário elaborado especificamente para servir de suporte à entrevista semiestruturada aos profissionais de saúde. Numa primeira parte, o questionário é constituído por questões que visam a caracterização sociodemográfica dos participantes, designadamente a idade, o género, a formação académica,

(28)

a atividade profissional desempenhada (médico/a, enfermeiro/a, psicólogo/a), a Unidade Funcional onde exercem a atividade profissional, os anos em que exercem a profissão e o tempo em que exercem atividade na instituição de saúde (Anexo B). Na segunda parte do questionário, são dirigidas questões aos profissionais sobre a sua perceção relativamente ao exercício da sua atividade no contexto dos cuidados de saúde primários e sobre a saúde mental dos utentes (Anexo C).

3-Resultados

Em seguida, serão apresentados os resultados referentes ao estudo da perceção dos profissionais de saúde, designadamente psicólogos, médicos e enfermeiros, sobre a saúde mental dos utentes de cada uma das unidades funcionais, as dificuldades e necessidades sentidas no exercício da sua atividade no contexto dos CSP no âmbito da saúde mental e sobre a necessidade de psicólogos nos CSP. Os dados foram analisados de forma descritiva, sendo apresentadas as percentagens de resposta nas questões fechadas e, por vezes, as frequências absolutas.

Quando questionados acerca da importância da integração da saúde mental ao nível dos cuidados de saúde primários, 100% dos profissionais responderam afirmativamente. Questionados sobre se a saúde mental está integrada ao nível dos cuidados de saúde na comunidade/primários, 76,2% dos profissionais afirmaram que não, contra 23,8% que afirmaram que sim.

Considerando a prática profissional na instituição, 57,1% dos profissionais afirmaram que entre 11% e 20% dos utentes que acedem à unidade de saúde apresentam sintomatologia depressiva. Cerca de 33% dos profissionais referiram que, de acordo com a sua perceção, a presença de sintomatologia depressiva se verifica entre 21% a 50% dos utentes e 9,5% dos profissionais afirmaram que a presença de sintomatologia depressiva é em mais de 50% dos utentes. Quando questionados sobre a presença de sintomatologia depressiva na sua prática profissional na instituição, 85,7% dos profissionais afirmaram que ocorre frequentemente. Acerca da presença de sintomatologia ansiosa na prática profissional, também 85,7% dos profissionais responderam que ocorre frequentemente. Relativamente à presença de sintomatologia de stresse, 81% dos profissionais afirmaram que está presente, frequentemente, na sua prática profissional na instituição.

(29)

No que se refere à fase de desenvolvimento em que existe uma maior taxa de incidência desta tríade de sintomatologia nos utentes, 90,5% dos profissionais referiu que é na fase de adulto e 9,5% respondeu que é na fase de adulto idoso.

Quando questionados os profissionais sobre a utilização de algum protocolo/registo de procedimentos no diagnóstico dos utentes da unidade de saúde que apresentam sintomatologia depressiva, de ansiedade e stresse, 52,4% afirmaram que não e 47,6% responderam afirmativamente. Em caso afirmativo, os profissionais assinalaram uma ou mais opções, de acordo com o que se apresenta na tabela 1.

Tabela 1- Protocolo/registo de procedimentos de diagnóstico

Opções de resposta frequência

absoluta

%

Observação direta/entrevista com o utente 10 47,6% Observação direta/entrevista com familiar próximo do

utente

4 19%

Diagnóstico através da aplicação de testes psicológicos 1 4,8% Referenciação para os serviços de psiquiatria 5 23,8%

Registou-se ainda a identificação de outra opção de resposta pelos profissionais, designadamente a referenciação para consultas de psicologia e o acompanhamento psicológico como estratégias de diagnóstico dos utentes que apresentam esta tríade de sintomatologia.

Quando questionados sobre a observação de episódios recorrentes de problemas de saúde mental nos seus utentes, 61,9% dos profissionais referiram que ocorre frequentemente e 38,1% referiram que ocorre raramente.

Em relação à observação de necessidades de cuidados continuados em saúde mental nos seus utentes, 61,9% dos profissionais responderam que ocorre frequentemente, 33,3% referiram que ocorre raramente e 4,8% referiram que nunca ocorre. Quando questionados sobre o tipo de limitações/insuficiências que constatam a nível dos cuidados primários de saúde mental, no

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exercício da sua atividade profissional, os profissionais indicaram várias fatores, conforme se indica na tabela 2.

Tabela 2- Perceção dos profissionais de saúde sobre as dificuldades/necessidades nos cuidados primários de saúde mental

Respostas Frequência

absoluta

%

Insuficiente número de profissionais 12 57,1%

Falta de especialização adequada dos técnicos 4 19% Insuficiente trabalho em rede com os serviços gerais de

saúde

11 52,4%

Limitado trabalho em equipa com outros técnicos de saúde

9 42,9%

Horários/turnos desadequados 1 4,8%

Deficiente acesso do Sistema de Referenciação para os cuidados especializados psiquiátricos

15 71,4%

Os participantes indicaram ainda aspetos importantes no campo de resposta aberta “observações”, do questionário, acerca do exercício da sua atividade profissional ao nível dos cuidados primários de saúde mental, designadamente a existência de um rácio insuficiente de psicólogos por número de utentes; melhoria do trabalho em rede, com melhor articulação entre os cuidados de saúde primários e cuidados diferenciados, bem como a priorização dos cuidados na comunidade e o aumento da formação nesta área; aumento do tempo de consulta. Foi ainda apontada a falta de cuidados que auxiliem os familiares e os utentes com problemas de saúde mental ou com doença mental.

4-Discussão dos Resultados

De acordo com os resultados apresentados, na perspetiva dos profissionais de saúde, a integração da saúde mental nos cuidados de saúde primários é de inegável importância. Contudo, a maioria dos profissionais (76,2%) reconhece que não existe uma efetiva integração da saúde mental ao nível dos cuidados de saúde primários, o que vai ao encontro dos dados resultantes de estudos anteriormente realizados e de uma avaliação mais recente da ERS (2015)

(31)

que aponta desfasamentos significativos relativamente à concretização das medidas que constam do Plano Nacional de Saúde Mental 2007-2016 (Ministério da Saúde, 2008).

De acordo com a perceção dos profissionais de saúde, pelo menos 11% a 20% dos utentes que acedem às unidades de saúde apresentam sintomatologia depressiva. Na prática profissional diária, a maioria dos profissionais de saúde identificam, frequentemente, nos utentes sintomatologia depressiva, de ansiedade e de stresse, o que é corroborado por estudos nacionais e internacionais (ERS 2015; OPP 2011). É na fase de desenvolvimento adulto que mais está presente esta tríade de sintomatologia, sendo também frequente na fase adulto idoso (WHO, 2010). No diagnóstico dos utentes que apresentam esta sintomatologia, em grande parte das vezes (52,4%), não é utilizado nenhum protocolo ou registo de procedimentos por parte dos profissionais de saúde, contudo há uma divergência assinalável, pois segundo outros profissionais de saúde, este registo é utilizado (47,6%). Estes resultados sugerem que se questione a real importância da integração da saúde mental nos cuidados primários para os profissionais de saúde.

O protocolo de procedimentos seguido pela maioria dos profissionais é a observação direta/entrevista com o utente (47,6%), seguido da referenciação para os serviços de psiquiatria (23,8%); a observação direta/entrevista com um familiar próximo do utente e a aplicação de testes psicológicos são procedimentos realizados pelos profissionais de saúde com menor frequência. Por seu turno, a referenciação para consultas de psicologia e o acompanhamento psicológico aos utentes são procedimentos seguidos por uma minoria de profissionais das unidades locais de saúde. Estes resultados são contraproducentes com os que resultam da observação recorrente e contínua de problemas de saúde mental pela maioria dos profissionais (61,9%) no atendimento diário dos utentes.

Os profissionais de saúde identificaram como principais dificuldades/necessidades no exercício da sua profissão, o deficiente acesso do Sistema de Referenciação para os cuidados especializados psiquiátricos, seguido pelo insuficiente número de profissionais, designadamente psicólogos, o insuficiente trabalho em rede com os serviços gerais de saúde, o limitado trabalho em equipa com outros técnicos de saúde e com os cuidados de saúde secundários, bem como a falta de especialização adequada dos técnicos, sendo necessário proporcionar formação contínua aos profissionais na área da saúde mental. Estes resultados

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permitem corroborar os resultados de estudos nacionais anteriores (DGS, 2002; Rodrigues, 2004; Sennfelt, 1992).

Como medidas de melhoria para o futuro, os profissionais de saúde sugerem a priorização dos cuidados na comunidade, o aumento do tempo de consulta e a prestação de cuidados que auxiliem os familiares e os utentes com problemas de saúde mental ou com doença mental.

5-Conclusões

O presente estudo revelou que os profissionais de saúde reconhecem o predomínio e a recorrência de episódios de problemas de saúde mental nos utentes que acedem aos cuidados de saúde primários, designadamente pela apresentação de sintomatologia depressiva, ansiosa e de stresse. Assumem, contudo, uma posição dissonante no que se refere à utilização de procedimentos de diagnóstico dos utentes, designadamente a referenciação para os serviços de psiquiatria e para consultas de psicologia/acompanhamento psicológico. Um dos fatores que poderá justificar a escassez de utilização de instrumentos de avaliação dos utentes e também a referenciação para outros serviços pelos profissionais de saúde é o reduzido tempo de consulta, aliado ao elevado número de utentes. Há, contudo, outros fatores que poderão justificar as dificuldades dos profissionais de saúde na referenciação para cuidados diferenciados, designadamente: a falta de formação adequada, o estigma associado aos problemas de saúde mental, as falsas conceções sobre a origem dos problemas de saúde mental e a sobrevalorização dos sintomas físicos que, por vezes, mascaram os sinais de perturbação psicológica, podendo levar a erros na prescrição de medicamentos.

Assim, pese embora os profissionais de saúde considerem importante a integração dos cuidados de saúde mental nos cuidados primários, na prática, não se verifica, o que vai ao encontro dos dados divulgados pelo Programa Nacional para a Saúde Mental que revelaram que os níveis mais baixos de realização alta são os que pertencem à área da integração da saúde mental nos cuidados de saúde primários (DGS, 2015). Algumas das principais razões para este facto prendem-se com a centralização de recursos, a resistência à mudança por parte dos recursos humanos, a falta de consenso entre os diversos grupos de decisão ligados à saúde mental, e a nível institucional o financiamento insuficiente e inadequado às necessidades.

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Recomenda-se que, em estudos futuros, sejam estudados os motivos que dificultam a implementação das orientações da Organização Mundial da Saúde e das medidas que constam dos sucessivos Planos de Saúde nacional para a área da saúde mental que apelam para uma maior equidade e eficiência no acesso aos cuidados de saúde primários, através da disponibilização de um maior número de profissionais, designadamente de psicólogos, mas também médicos e enfermeiros com formação contínua na área da saúde mental. Deste modo, espera-se que haja uma maior articulação com os serviços de saúde diferenciados e uma melhoria do trabalho em equipa entre os profissionais, além do contributo para o aumento da qualidade de vida dos utentes e para uma redução de custos com a saúde.

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(37)

ESTUDO EMPÍRICO II:

ANSIEDADE, DEPRESSÃO E STRESSE NOS UTENTES DE UM ACES DO NORTE

Tatiana Nunes Varela Madureira

Orientador: Prof.ª Doutora Maria Cristina Quintas Antunes

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RESUMO

A saúde mental dos portugueses, tal como na maioria dos países desenvolvidos ou em desenvolvimento, tem sido preocupação do Sistema Nacional de Saúde. O presente Plano Nacional da Saúde Mental 2007-2016 (Ministério da Saúde, 2008) procura dar resposta às necessidades das populações, assegurando o acesso equitativo a cuidados de saúde mental de qualidade a todas as pessoas com problemas de saúde mental, em especial as que pertencem a grupos mais vulneráveis. Pretende-se alcançar esse objetivo reduzindo o impacto das perturbações mentais e contribuindo para a promoção da saúde mental das populações; promovendo a descentralização dos serviços de saúde mental, de modo a permitir a prestação de cuidados mais próximos das pessoas e a facilitar uma maior participação das comunidades, dos utentes e das suas famílias; promovendo a integração dos cuidados de saúde mental no sistema geral de saúde, tanto a nível dos cuidados primários, como dos hospitais gerais e dos cuidados continuados de saúde mental, de modo a facilitar o acesso e a diminuir a institucionalização.

O presente estudo tem como finalidade descrever os níveis de depressão, ansiedade e stresse dos utentes de duas unidades funcionais de um ACES do norte do país, analisar a relação entre as três variáveis e entre estas e a idade e género dos utentes. Participaram 129 utentes de duas unidades funcionais, sendo 44 do sexo masculino e 85 do sexo feminino, com idades compreendidas entre os 17 e os 71 anos. Utilizaram-se como instrumentos o Depression,

Anxiety and Stresse Scales (DASS-21) (Lovibond & Lovibond, 1995a) adaptado à população

portuguesa por Vasconcelos-Raposo, Fernandes e Teixeira (2013) e um questionário de dados de caracterização sociodemográfica. Este é um estudo descritivo de tipo quantitativo, correlacional e de corte transversal. Os resultados obtidos confirmam a prevalência acentuada de perturbações de saúde mental nos serviços de saúde primários e que esta tende a aumentar com a idade, não se verificando diferenças de género estatisticamente significativas. As variáveis depressão, ansiedade e stresse relacionam-se positivamente.

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ABSTRACT

The Portuguese mental health, like in the majority of the developed countries, has been a major worry to the National health System. The current National Mental Health Plan of 2007-2016 (Ministério da Saúde, 2008) seeks an answer in order to respond people´s needs and reassuring the equal access to mental health care with quality to everyone who have mental diseases, mainly people that belong to certain vulnerable risk groups. It is intended to achieve this objective reducing this way the mental disorders impact and providing the promotion of the mental´s population health; promoting, this way the decentralization of the mental health services, in order to allow a close health provision care to people and facilitate a major community participation including patients and their families; promoting this way the integration of the mental health care in the national health system, both at primary care level, as the main hospitals and the ones which provide continued mental care, in order to ease the access and reduce institutionalization.

The following study aims to describe the levels of depression, anxiety and stress of the patients from two local health units. In fact, the study object allows to analise the relation between the three variables and with age and gender. The participants were 129 patients, from two health family units, 44 were male and 85 were female, aged from 17 to 71 years old. The instruments used were the Depression, Anxiety and Stress scales (DASS-21) (Lovibond & Lovibond, 1995a) adapted to the portuguese population by Vasconcelos-Raposo, Fernandes e Teixeira (2013) and a sociodemographic characterization data questionnaire. This is a descriptive study, correlational and cross-sectional type. The results confirmed the accentuated prevalence of mental health disorders at primary health services, which seems to increase with age. However there was no evidenceof gender diferences in the simptomatology.The variables depression, anxiety and stress are positively related.

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Tabela 1- Protocolo/ registo  de procedimentos de diagnóstico
Tabela 2- Perceção dos profissionais de saúde sobre as dificuldades/necessidades nos  cuidados primários de saúde mental
Tabela 1- Correlação de Pearson (r) entre as variáveis depressão, ansiedade e stresse e a  idade
Tabela 2- Teste t para as diferenças de médias entre os géneros na depressão, ansiedade e  stresse

Referências

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