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A estética gótica e sua influência no vestuário

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Academic year: 2021

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(1)

COORDENAÇÃO DO CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM DESIGN DE MODA

CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM DESIGN DE MODA

KARLA FERNANDA PASSONI DE OLIVEIRA

A ESTÉTICA GÓTICA E SUA INFLUÊNCIA NO VESTUÁRIO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

APUCARANA 2016

(2)

KARLA FERNANDA PASSONI DE OLIVEIRA

A ESTÉTICA GÓTICA E SUA INFLUÊNCIA NO VESTUÁRIO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial à obtenção do título de Tecnólogo em Design de Moda do Curso Superior de Tecnologia em Design de Moda, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

Orientadora: Profª Me. Gabriela Martins de Camargo

APUCARANA 2016

(3)

Ministério da Educação

Universidade Tecnológica Federal do Paraná Câmpus Apucarana

CODEM – Coordenação do Curso Superior de Tecnologia em Design de Moda

TERMO DE APROVAÇÃO

Título do Trabalho de Conclusão de Curso Nº 190 A estética gótica e sua influência no vestuário

por

KARLA FERNANDA PASSONI DE OLIVEIRA

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi apresentado aos vinte e um dias do mês de junho do ano de dois mil e dezesseis, às dezenove horas, como requisito parcial para a obtenção do título de Tecnólogo em Design de Moda, linha de pesquisa Processo de Desenvolvimento de Produto, do Curso Superior em Tecnologia em Design de Moda da UTFPR – Universidade Tecnológica Federal do Paraná. A candidata foi arguida pela banca examinadora composta pelos professores abaixo assinados. Após deliberação, a banca examinadora considerou o trabalho aprovado.

__________________________________________________________

PROFESSOR(A) GABRIELA MARTINS DE CAMARGO–

ORIENTADOR(A)

__________________________________________________________ PROFESSOR(A) ALAN KARDEC DA SILVA – EXAMINADOR(A)

__________________________________________________________ PROFESSOR(A) MARCIO ROBERTO GHIZZO – EXAMINADOR(A)

“A Folha de Aprovação assinada encontra-se na Coordenação do Curso”. UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

PR

(4)

AGRADECIMENTOS

Creio que seja uma tarefa muito difícil citar aqui todos os nomes e agradecer a todos os que me apoiaram nesse projeto. Mas queria deixar meu agradecimento a Deus, por ter me dado a oportunidade de fortalecer minha fé inúmeras vezes durante esse projeto. À minha família, pelo amor e apoio incondicionais. Aos amigos que me ajudaram a dar vida ao meu sonho. E também ao meu pai, que por uma desventura do destino, deixou este mundo quatro anos atrás, porém me incentivou e me deu forças pra perseguir os meus sonhos.

(5)

“Fashion is neither dead nor alive. Like the vampire, fashion is undead.”

(6)

RESUMO

OLIVEIRA, Karla Fernanda Passoni de. A estética gótica e sua influência no vestuário. 2016, 167 pág. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso Superior de Tecnologia em Design de Moda). Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR. Apucarana, 2016.

O estilo gótico surgiu no final da década de 1970 com uma nova proposta estética envolta em uma atmosfera dark. E com passar de três décadas, evoluiu de um simples movimento musical se tornando uma subcultura, com diversas referências que remontam até o século XII, passando pela arquitetura, literatura e cinema. E assim como outros movimentos culturais do século XX, a vestimenta foi usada como forma de expressão, o que os diferencia do

mainstream, pelo uso das cores - ou falta delas, pelos símbolos, tecidos, entre

outros elementos. Sabendo disso, o objetivo do presente estudo é desenvolver uma coleção de moda para o público inserido na subcultura gótica, assim como estudar a influência do gótico na moda e demonstrar seus aspectos estéticos e simbólicos. Para tanto, a metodologia utilizada foi pesquisa de caráter exploratório, com a finalidade de conhecer melhor o público estudado e familiarizar-se com suas necessidades de consumo. Os resultados do estudo apresentaram-se satisfatórios por atender as necessidades do público estudado e pelo feedback positivo dado aos produtos desenvolvidos.

(7)

ABSTRACT

The gothic style emerged in the late 1970 with a new aesthetic proposal wrapped in a dark atmosphere. And for the past three decades, it has evolved from a simple musical movement to a subculture, using many references that dates back to the twelfth century, among them we have architecture, literature, cinema. And similar to other cultural movements of the last century, clothing was used as a form of expression, what sets them apart of the mainstream culture, by the use of the colors – or lack of them, symbols, fabrics, among other things. That said, the purpose of this study is to develop a fashion collection for the gothic public, and study the goth influence in high fashion and demonstrate its aesthetic and symbolic aspects. Therefore, were used the exploratory reasearch for a better understanding the public and their consumption needs. The results were satisfatory for meeting the needs of the public and by the positive feedback for the developed products.

(8)

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01 – Faixa etária...44

Gráfico 02 – Fator mais importante ao comprar uma peça de roupa...45

Gráfico 03 – Tipo de loja preferido para fazer compras...46

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LISTA DE QUADROS

(10)

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 – Abadia de Saint Denis...18

Figura 02 – Interior de uma mansão vitoriana...20

Figura 03 – Filme “Das Kabinett des Doktor Caligari”...21

Figura 04 – Androginia………...……….26

Figura 05 – Fetish Fashion………...………..27

Figura 06 – Trad Goths………30

Figura 07 – Patricia Morrison e Andrew Eldtrich………31

Figura 08 – Victorian Goth………..32

Figura 09 – Deathrocker Girl………33

Figura 10 – Cybergoths...34

Figura 11 – Vestido Medieval...35

Figura 12 – Gothabilly...36

Figura 13 – Casal Gothabilly...36

Figura 14 – Emilie Autumn...37

Figura 15 – Corporate Goth………38

Figura 16 – Marc Jacobs Fall 2016………...………40

Figura 17 – Beauté Marc Jacobs Fall 2016……….40

Figura 18 – Savage Beauty – Alexander McQueen...41

Figura 19 – Reinaldo Lourenço Inverno 2012...42

Figura 20 – Logo...49

Figura 21 – Interior - Gotik Haus...50

Figura 22 – Interior – Gotik Haus...50

Figura 23 – Embalagem...52

Figura 24 – Embalagem para presentes...52

Figura 25 – Cartão de visitas...53

Figura 26 – Tag...53

(11)

Figura 28 – Universo público-alvo...55

Figura 29 – Painel estético – Raven...56

Figura 30 – Shapes...58

Figura 31 – Painel semântico...60

Figura 32 – Cartela de cores...61

Figura 33 – Cartela de materiais...62

Figura 34 – Geração de alternativas 01...63

Figura 35 – Geração de alternativas 02...64

Figura 36 – Geração de alternativas 03...65

Figura 37 – Geração de alternativas 04...66

Figura 38 – Geração de alternativas 05...67

Figura 39 – Geração de alternativas 06...68

Figura 40 – Geração de alternativas 07...69

Figura 41 – Geração de alternativas 08 ...70

Figura 42 – Geração de alternativas 09...71

Figura 43 – Geração de alternativas 10...72

Figura 44 – Geração de alternativas 11...73

Figura 45 – Geração de alternativas 12...74

Figura 46 – Geração de alternativas 13...75

Figura 47 – Geração de alternativas 14...76

Figura 48 – Geração de alternativas 15...77

Figura 49 – Geração de alternativas 16...78

Figura 50 – Geração de alternativas 17...79

Figura 51 – Geração de alternativas 18...80

Figura 52 – Geração de alternativas 19...81

Figura 53 – Geração de alternativas 20...82

Figura 54 – Geração de alternativas 21...83

Figura 55 – Geração de alternativas 22...84

(12)

Figura 57 – Geração de alternativas 24...86

Figura 58 – Geração de alternativas 25...87

Figura 59 – Análise look 13...88

Figura 60 – Análise look 16...89

Figura 61 – Análise look 11...90

Figura 62 – Análise look 10...91

Figura 63 – Análise look 06...92

Figura 64 – Análise look 19...93

Figura 65 – Análise look 05...94

Figura 66 – Análise look 07...95

Figura 67 – Análise look 09...96

Figura 68 – Análise look 15...97

Figura 69 – Análise look 17...98

Figura 70 – Análise look 21...99

Figura 71 – Ficha técnica blusa página 01...100

Figura 72 – Ficha técnica blusa página 02 ...101

Figura 73 – Ficha técnica blusa página 03...102

Figura 74 – Ficha técnica saia página 01...103

Figura 75 – Ficha técnica saia página 02...104

Figura 76 – Ficha técnica saia página 03...105

Figura 77 – Ficha técnica saia página 04...106

Figura 78 – Ficha técnica top página 01...107

Figura 79 – Ficha técnica top página 02...108

Figura 80 – Ficha técnica top página 03...109

Figura 81 – Ficha técnica blusa arrastão página 01...110

Figura 82 – Ficha técnica blusa arrastão página 02...111

Figura 83 – Ficha técnica blusa arrastão página 03...112

Figura 84 – Ficha técnica saia com fenda página 01...113

(13)

Figura 86 – Ficha técnica saia com fenda página 03...115

Figura 87 – Ficha técnica saia com fenda página 04...116

Figura 88 – Ficha técnica casaco página 01...117

Figura 89 – Ficha técnica casaco página 02...118

Figura 90 – Ficha técnica blusa mulet página 01...119

Figura 91 – Ficha técnica blusa mulet página 02...120

Figura 92 – Ficha técnica blusa mulet página 03...121

Figura 93 – Ficha técnica saia de couro com fenda página 01...122

Figura 94 – Ficha técnica saia de couro com fenda página 02...123

Figura 95 – Ficha técnica saia de couro com fenda página 03...124

Figura 96 – Ficha técnica saia de couro com fenda página 04...125

Figura 97 – Ficha técnica mourning cape página 01...126

Figura 98 – Ficha técnica mourning cape página 02...127

Figura 99 – Ficha técnica mourning cape página 03...128

Figura 100 – Ficha técnica vestido catedral página 01...129

Figura 101 – Ficha técnica vestido catedral página 02...130

Figura 102 – Ficha técnica vestido catedral página 03...131

Figura 103 – Ficha técnica vestido catedral página 04...132

Figura 104 – Ficha técnica vestido teia de aranha página 01...133

Figura 105 – Ficha técnica vestido teia de aranha página 02...134

Figura 106 – Ficha técnica vestido teia de aranha página 03...135

Figura 107 – Ficha técnica capa página 01...136

Figura 108 – Ficha técnica capa página 02...137

Figura 109 – Ficha técnica capa página 03...138

Figura 110 – Ficha técnica vestido página 01...139

Figura 111 – Ficha técnica vestido página 02...140

Figura 112 – Ficha técnica vestido página 03...141

Figura 113 – Prancha visual look confeccionado 01...142

(14)

Figura 115 – Prancha visual look confeccionado 03...144

Figura 116 – Prancha visual look confeccionado 04...145

Figura 117 – Prancha visual look confeccionado 05...146

Figura 118 – Prancha visual look confeccionado 06...147

Figura 119 – Look confeccionado 01...148

Figura 120 – Look confeccionado 02...148

Figura 121 – Look confeccionado 03...149

Figura 122 – Look confeccionado 04...149

Figura 123 – Look confeccionado 05...150

Figura 124 – Look confeccionado 06...150

Figura 125 – Site – página inicial...151

Figura 126 – Site – editorial...152

Figura 127 – Site – produtos mais procurados...152

Figura 128 – Referência de maquiagem – desfile...153

Figura 129 – Referência de cabelo – desfile...153

(15)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 32 1.1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA ... 33 1.2 OBJETIVOS ... 33 1.2.1 Objetivo geral ... 33 1.2.2 Objetivos específicos ... 33 1.3 JUSTIFICATIVA ... 33 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 34 2.1 DEFINIÇÃO DO TERMO ... 34

2.2 CONTEXTO HISTÓRICO DO GÓTICO ... 34

2.2.1 A arquitetura gótica - Século XII ... 34

2.2.2 Gothic Revival – séculos XVIII e XIX ... 36

2.2.3 “Deustch Expressionismus” – século XX ... 37

2.3 A SUBCULTURA GÓTICA ... 39

2.3.1 O que é uma subcultura? ... 39

2.3.2 A origem da subcultura gótica ... 39

2.4 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA SUBCULTURA: ... 41

2.4.1 “When the shadows lay darkest” – o lado sombrio ... 41

2.4.2 Androginia ... 42

2.4.3 Fetichismo ... 43

2.5 A IMPORTÂNCIA DA VESTIMENTA NA SUBCULTURA ... 45

2.6 SUBGRUPOS DO GÓTICO ... 46

2.6.1 Trad Goth ... 47

2.6.2 Victorian Goth ... 49

2.6.3 Deathrocker ... 50

(16)

2.6.5 Medieval ... 51

2.6.6 Goth-a-billy ... 52

2.6.7 Cabaret Goth ... 54

2.6.8 Corp Goth ... 55

2.7 HAUTE MACABRE – o estilo gótico no mundo fashion ... 56

3 METODOLOGIA ... 60

3.1 COLETA E ANÁLISE DE DADOS ... 60

4 DIRECIONAMENTO MERCADOLÓGICO ... 65 4.1 EMPRESA ... 65 4.1.1 Nome da empresa ... 65 4.1.2 Porte ... 65 4.1.3 Marca ... 65 4.1.4 Conceito ... 66 4.1.5 Segmento ... 66

4.1.6 Distribuição e Pontos de Venda ... 67

4.1.7 Concorrentes ... 68 4.1.8 Promoção e Marketing ... 68 4.1.9 Preços praticados ... 68 4.1.10 Planejamento Visual ... 68 4.2 PÚBLICO-ALVO ... 71 4.3 TENDÊNCIAS ... 72 4.3.1 Socioculturais ... 72 4.3.2 Estéticas ... 73 5 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO ... 74

5.1 NECESSIDADES A SEREM ATENDIDAS ... 74

5.2 ESPECIFIAÇÕES DO PROJETO ... 74

(17)

5.2.2 Nome de coleção ... 74 5.2.3 Referência de coleção ... 75 5.2.4 Cores ... 75 5.2.5 Materiais ... 75 5.2.6 Formas e estruturas ... 75 5.2.7 Tecnologias ... 76 5.2.8 Mix de coleção ... 76 5.3 PAINEL SEMÂNTICO ... 77 5.4 CARTELA DE CORES ... 78 5.5 CARTELA DE MATERIAIS ... 79 6 GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS ... 80

6.1 ANÁLISE E SELEÇÃO JUSTIFICADA DAS ALTERNATIVAS ... 105

6.2 FICHAS TÉCNICAS ... 117

6.3 PRANCHAS VISUAIS DOS LOOKS CONFECCIONADOS ... 157

6.4 LOOKS CONFECCIONADOS ... 163

6.5 DOSSIÊ ELETRÔNICO ... 166

6.6 PRODUÇÃO DO DESFILE ... 168

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 170

(18)

1 INTRODUÇÃO

O ano é 1979, e às sombras do movimento punk, surgiu um novo comportamento na cena underground de Londres. Com a música “Bela

Lugosi’s Dead”, o movimento gótico teve seu início. Misterioso, sombrio, niilista

e com um quê de “Victorian Era Revival”, até hoje o movimento gera discussões, opiniões controversas e adeptos nas mais diversas partes do mundo.

Roupas pretas, maquiagem carregada, influências do cinema expressionista alemão da década de 1930, e entre tantas outras referências, estudar a subcultura, seus subgêneros e as mais diversas ramificações é um desafio. Pois é um desafio estabelecer um limite do que é e do que não é gótico, sendo a subcultura algo tão amplo e diversificado. Os próprios adeptos do movimento não se intitulam “góticos”. O termo inclusive é posterior ao dado surgimento do que hoje é considerado gótico.

E como pode ser observado em outros movimentos socioculturais do século XX, a forma de se vestir tem um papel fundamental neste, que é muito mais do que um movimento musical, é também uma subcultura, o que torna essa abordagem mais complexa, pois a vestimenta, neste caso, não apenas os difere do “mainstream” (do inglês normal, convencional), como também os individualiza em seu grupo, pelos diversos símbolos utilizados ou pelo subgrupo ao qual ele pertence.

Sabendo disso, o objetivo do presente estudo é desenvolver uma coleção de moda com influências estéticas góticas, e para tanto se utilizou de uma pesquisa de caráter exploratório para melhor conhecimento do assunto e familiaridade com o público estudado.

(19)

1.1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA

Tomando a vestimenta como forma de inserção em determinados meios sociais e também instrumento de expressão pessoal, qual é o seu papel dentro de uma subcultura? De que forma as diversas referências adotadas pelos góticos os individualizam dentro de seu meio e os tornam homogêneos perante a sociedade?

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral

Desenvolver produtos de moda para o público inserido na subcultura gótica.

1.2.2 Objetivos específicos

 Comparar aspectos góticos do passado e do presente;

 Estudar a influência do gótico na moda, principalmente na alta-costura;

 Demonstrar aspectos da cultura gótica – tanto estéticos como simbólicos;

 Desmitificar a subcultura e seus elementos. 1.3 JUSTIFICATIVA

Segundo Barthes (1983), a moda é um fato social, que abrange diversas esferas da sociedade, a cultural, por exemplo, tendo como resultado expressão e identidade, gerando infinitos significados. Tomando como base a ideia de que a moda e a indumentária são formas de expressão pessoal, comunicação social e um fenômeno cultural, é importante elucidar de que forma isso se dá dentro de uma subcultura, analisando além do comportamento dos indivíduos, as referências adotadas por eles e os mais diversos signos utilizados.

(20)

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 DEFINIÇÃO DO TERMO

A fim de elucidar o estudo sobre a subcultura gótica e seus respectivos elementos, é necessário saber o significado do termo, como é utilizado e o que ele designa. Dessa forma, gótico é:

Adj. (lat. goticu, melhor que gothicu) 1 Que se refere aos godos ou provém deles. 2 Diz-se de um gênero de arquitetura, também chamado ogival. 3 Tip. Designativo dos caracteres que se empregaram nas primeiras tentativas tipográficas. 4 Lit. Diz-se dos romances de crimes e horrores, sobretudo ingleses, do século XVIII. sm 1 A arquitetura gótica. 2 A língua gótica. 3 A escrita gótica.

O que o dicionário nos traz não faz referência à subcultura, o termo anteriormente apresentado como “gótico” foi cunhado por Giorgio Vasari (1511-1574), e era utilizado de forma pejorativa. Fazia referência aos povos bárbaros (godos), que invadiram o Império Romano em seu declínio, pois toda a arte da Idade Média era vista como oposto à perfeição, obscuro e negativo. Esta visão só se modificou no século XIX, quando surgiu o Romantismo, onde a filosofia estética do gótico passou a ser admirada. (ESCOLA PROFISSIONAL DE DESENVOLVIMENTO RURAL DE ABRANTES, 2007, p. 2).

2.2 CONTEXTO HISTÓRICO DO GÓTICO

2.2.1 A arquitetura gótica - Século XII

O estilo gótico surgiu no século XII, na região onde hoje se localiza a França, e difundiu-se por toda a Europa até o século XV, quando sua estética foi substituída pelos ideais da Renascença. (PINTO, 2014)

A arte gótica, representada maciçamente pela arquitetura, é representante da imponência da Igreja Católica na Alta Idade Média, e foi através de construções majestosas e nunca antes imaginadas que essa exuberância se espalhou pelo velho continente.

(21)

Com elementos de construção que são considerados até hoje um marco na história da engenharia e da arquitetura – visto que na época, os construtores não tinham a tecnologia e as modernas técnicas de construções a que temos acesso hoje. Contrapondo-se ao estilo românico até então vigente, o qual possuía construções baixas de estrutura maciça, com densas paredes e pouca iluminação, o estilo gótico pode ser representado por arranha-céus de pedra com paredes de vidro, os vitrais, que criavam uma atmosfera mística.

No estilo gótico, as estruturas das construções são mais leves, formadas por vãos mais amplos, cujo objetivo é conseguir uma maior luminosidade no interior das edificações, auxiliada pela utilização de janelas delicadamente trabalhadas e de vitrais em forma de rosáceas. (PINTO, 2014, p. 1)

Na figura 1 pode ser observada a Abadia de Saint Denis, localizada na França, a primeira igreja considerada gótica no mundo.

Figura 1 – Abadia de Saint Denis

(22)

2.2.2 Gothic Revival – séculos XVIII e XIX

O século XVIII ficou conhecido como “o século das luzes”, foi neste período que o pensamento racionalista se formou, opondo-se ao clericalismo da Idade Média. (ROSSI, 2008.)

O século XVIII foi o chamado "século das luzes”, apogeu do pensamento Iluminista e Racionalista, e do "cogito ergo sum" de Descartes, que deram a tônica geral. Newton depois descreve as leis gerais da Física e o Mecanicismo se estabelece. O tempo passa a ser dividido em unidades iguais e vazias. A percepção de mundo como o conhecemos hoje é esboçada neste período. Tanto que na segunda metade do século XVIII temos a explosão da primeira Revolução Industrial e das Revoluções sociais que derrubariam os primeiros absolutismos: a Independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa. Obviamente o Racionalismo e o Cientificismo geraram reações contra sua excessiva tentativa de "desmistificar", mensurar e controlar totalmente a realidade. (KIPPER, 2008, p. 110)

Essa reação, na literatura, deu-se por meio do Romantismo. Sua principal característica era a potencialização da emoção, dos sentimentos. Tinha como cenário, em grande parte das suas histórias, a Idade Média sob uma perspectiva idealizada. Em contrapartida, o autor inglês Horace Walpole abordou a Idade Média de forma soturna, com castelos e ruínas que evocavam o mal-assombrado, clima de mistério e sobrenatural, características essas que permanecem até hoje na literatura gótica. Sua obra “O castelo de Otranto”, de 1764, é considerada a precursora da chamada “Gothic Novel”. Assim como

Walpole, Mary Shelley e seu clássico “Frankstein” delimitaram a literatura

gótica com histórias fantásticas, misteriosas e sobrenaturais.

Esta "ficção" e romantização de uma época imaginária e fantástica foi o que embebeu a palavra "Gótico" de boa parte dos sentidos com os quais a recebemos. E a estes sentidos acrescentamos outros. (KIPPER, 2008, p.111)

Ainda na Inglaterra, até o fim do século XIX, têm-se um Revival, ou “survival” segundo alguns estudiosos, pois o estilo nunca deixou de existir de fato, Neogótico com a arquitetura, agora não com a construção de templos, mas de edifícios civis – a nova casa do Parlamento, o Big Ben e a Tower

Bridge, localizados em Londres. O que hoje é conhecido como “Victorian Gothic” faz referência a esse período, onde a Rainha Vitória vestiu preto até o

(23)

Na figura 2 podem-se notar as referências arquitetônicas do gótico da Idade Média já na Era Vitoriana, mas não em um templo religioso, e sim no interior de uma mansão.

Figura 2: Interior de uma mansão vitoriana.

Fonte: Pinterest, https://www.pinterest.com/pin/271201208787795413/.

2.2.3 “Deustch Expressionismus” – século XX

Com sua atmosfera soturna e personagens caricatos que remontam aos romances neogóticos do século XIX (KIPPER, 2008, P. 113), o cinema expressionista alemão do início do século passado é tido como uma das principais influências estéticas pra a subcultura que surgiria cinco décadas mais tarde, a maquiagem com olhos marcados e pele extremamente branca, a silhueta alongada com roupas pretas. Isso tudo graças à fotografia dos filmes, que criava esse efeito com jogos de luz e sombra.

(...) como o jogo de luzes e holofotes, presentes na maioria dos filmes. Em vez de movimentos de câmera, a iluminação de um detalhe, a aparência fantástica das sombras ou a máscara nas lentes da câmera compunham os efeitos mais frequentes. Os espelhos

(24)

foram outro recurso importante (usado, por exemplo, para deformar rostos). (SILVA, 2006, p. 2)

Como pode se observar na figura 3, a seguir, retirada do filme “O Gabinete do Doutor Caligari” de 1920, as figuras alongadas e com aspecto disforme.

Figura 3: Filme “Das kabinett des Doktor Caligari” de Robert Wiene. Fonte: Pinterest, https://www.pinterest.com/pin/440226932303429510/.

Segundo Kipper (2008), o expressionismo procurava retratar a realidade na proporção em que era sentida, sendo assim, expunha de forma mais exacerbada os sentimentos de temor, drama e suspense, e era esse também o gênero cinematográfico ao qual os filmes pertenciam. O cinema expressionista foi o precursor e continua sendo uma das principais influências para o suspense e horror clássico do cinema até hoje.

(25)

2.3 A SUBCULTURA GÓTICA

2.3.1 O que é uma subcultura?

Diferente dos outros movimentos socioculturais da segunda metade do século XX, entre estes podem ser citados os “beatnicks”, “mods”, “rockers”,

“hippies” e “punks”, o gótico é classificado como uma subcultura, por ter um

sistema simbólico próprio e um padrão de comportamento que difere da cultura vigente, porém não os exclui deste meio. Segundo Zago (2013, p. 109),

A diversidade permite a convivência e a complementaridade, não através da uniformidade, mas da unicidade na multiplicidade (FRAGA, 1990. p. 23), o que é possível quando, apesar de haverem especificidades em cada grupo, há também uma estrutura de pressupostos básicos e princípios que norteiam os comportamentos, que é a cultura organizacional maior, cujo potencial atinge coerência holográfica ao exercer o papel de unificador entre cada.

Para Kipper (2008), a subcultura está inserida na sociedade e na sua cultura e, simultaneamente, tem uma representação própria e única do mundo, tanto comportamental quanto simbólica.

2.3.2 A origem da subcultura gótica

Como já dito anteriormente no contexto histórico, o termo gótico é usado há um bom tempo para designar estilos na arquitetura e literatura. Aqui, no entanto, este ganha um novo significado.

Se tratando do início da subcultura gótica, existem divergências quanto a uma data, porém é de comum acordo entre diversos estudiosos que o final da década de 1970 foi o momento de seu nascimento.

Surgido em uma atmosfera pós-punk e tendo como cenário Londres, não existe como separar o inicio da subcultura da música, visto que “gótico” neste período era a alcunha dada às bandas de rock pós-punk com letras mais envoltas em sentimentalismo, atmosfera obscura e um tanto quanto melancólica, entre estas podem ser citadas Joy Division, The Cure, Bauhaus.

(26)

Segundo informações do site gothicsubculture.com, o termo foi usado pela primeira vez na mídia em 1978 por Anthony Wilson, quando em uma entrevista o empresário da banda Joy Division afirmou que “a banda era gótica em relação ao pop convencional”.

Em 1982, quando o termo “gótico” já estava popularizado, músicos da banda Specimen abriram a boate Batcave em Londres. O local passou a ser ponto de referência para o estilo musical e artistas influentes na cena como

Siouxsie Sioux, vocalista da banda Siouxsie and The Bandshees, Robert Smith (The Cure), entre outros, eram frequentadores da casa. Segundo Ribeiro

(2012, p. 22), “a estética local se compunha de roupas negras, metais, couro e maquiagem pesada.”.

Contemporâneo à cena britânica, e também com a origem comum no movimento punk, nos Estados Unidos o gótico se desenvolvia sob a faceta do

“deathrock”, tendo como principais expoentes as bandas Christian Death, 45 Grave, TSOL, entre outras. Há controvérsias quanto ao pertencimento do deathrock na subcultura gótica – alguns a consideram uma cultura à parte.

O deathrock foi uma tomada macabra do punk-rock que se inspirava alternadamente na teatralidade de Alice Cooper (a exemplo, o cover feito pela 45 Grave da música School’s Out, de Cooper), no shock

rock primitivo de Screamin’ Jay Hawkins e Screming Lord Sutch, e as

figuras de retórica de filmes mudos, b-movies, e terror. A maioria das bandas fundamentais do movimento passou a existir em 1980. (SHEPPARD, 2012, p. 1)

No decorrer da década de 1980, o termo gótico já tinha se estabelecido e prosperado na cena musical. “A sonoridade pós-punk se dilui em outras influências como um rock mais acessível e sonoridades influenciadas pelo

synth, coldwave e EBM.” (KIPPER, 2008, p. 90). Bandas como The Sisters of Mercy, Mephisto Walz, Nick Cave and The Bad Seeds, Fields of the Nephillin,

estão entre os grandes nomes da música gótica que estava em alta na época.

A década de 1990 traz a chamada 2ª geração da subcultura e também está renovada em muitos aspectos. Enquanto na década anterior o desenvolvimento da subcultura foi quase que essencialmente britânico, a partir de 1991, a cena Alemã e dos EUA se fortificam. Acerca disso, Kipper comenta:

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A Alemanha passa a sediar o maior evento Gótico mundial, o Wave

Gotik Treffen, e estrutura uma micro-mídia subcultural especializada,

o que vai acontecer depois também em outros países. O som eletrônico se refina com a Darkwave alemã. Nos EUA, o selo Projekt vai dar um sentido um pouco diferente ao termo Darkwave, mas o importante é que em ambos os lados do Atlântico, temos uma proliferação de bandas que fazem a felicidade de Góticos de todo o mundo, renovando e atualizando as sonoridades Gothic e Darkwave. (KIPPER, 2008, p. 89)

Entre os nomes de destaque na música da época, temos: Inkubus

Sukkubus, Das Ich, London After Midnight, Sopor Aeternus, The 69 Eyes,

Rosetta Stone, entre outros.

2.4 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA SUBCULTURA:

2.4.1 “When the shadows lay darkest” – o lado sombrio

A associação com algo sombrio e macabro é muitas vezes automática quando se trata da subcultura gótica. Uso excessivo da cor preta é mal visto pela cultura mainstream por se tratar, historicamente, de uma cor que remete ao luto, e também por se tratar da cor escolhida como protesto entre os movimentos culturais do século XX, como observamos entre os rockers, punks e na subcultura gótica. “Góticos são caracterizados principalmente pelo uso da cor preta, como cor única, em suas roupas, o que lhes dá um lado escuro. Além de todos esses significados, esta cor simboliza seriedade.” (OSTERNO, 2013, p. 5)

Essa fixação pelas “sombras” pode ser observada desde os primórdios da subcultura.

Historicamente, a base do vestuário Gótico é preta, aceitando algumas cores como sobreposição. Quais cores e a quantidade delas é uma tendência interna que varia ao longo das décadas dentro da própria subcultura Gótica e em cada cena local. (KIPPER, 2008, p. 48)

Uma justificativa para o uso excessivo de roupas pretas é que isso era uma reação contra o uso efusivo de cores comuns na Era Disco. (DMOZ, 2015)

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Traduzida em vários elementos, essa preferência e símbolo da subcultura pode ser observada também nas músicas, tanto nas letras quanto em sua sonoridade. A letra da música “Painted Black” regravada pela banda

Mephisto Walz (a música originalmente é da banda Rolling Stones), reflete

essa fixação pelo sombrio, representado pela cor preta.

“I see a red door and I want it painted black No colors anymore I want them to turn black. I look inside myself and see my heart is black I see my red door and its pattern paint is black.

I want it painted, painted, painted black Black as night, black as white, black, black, black.”

2.4.2 Androginia

Uma das maiores heranças das subculturas é a desconstrução de conceitos pré-estabelecidos. Questões como o que é belo, o que é masculino e feminino, são abordadas nesse meio. Kipper (2008, p. 64), afirma que “a cultura oficial nos dita comportamentos despersonalizados, impede a individualidade, nega a morte enquanto experiência vital, e é apolínea, (...) e predominantemente "Yang” (masculino no sentindo humano).”.

Essa característica andrógina da subcultura, herdada do “glam-rock”, foi expressa pelo outro movimento de forma bastante caricata. Um exemplo visual é a banda New York Dolls.

O cantor David Bowie pode ser citado como o maior expoente dessa estética. O visual causou polêmicas, por ser uma forma radical de expressão em meio a uma sociedade tão conservadora. “Foi realmente um choque radical para criar a ruptura com uma sociedade que ainda preservava modelos tradicionais do que é ser homem e o que é ser mulher”. (KIPPER, 2008, p. 67)

Ainda sobre Bowie, Harriman e Bontje afirmam:

A maestria de transformações camaleônicas combinadas com sua persona no palco influenciou a comunidade pós-punk esteticamente. A busca pelo drama, por atravessar fronteiras, e desafiar convenções se tornariam o componente principal da cena gótica. (2009, p. 14)

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Na figura 4, observa-se um exemplo de visual andrógino. Onde se encontram elementos como a saia, o salto alto e a maquiagem que evocam o universo feminino.

Figura 4: Androginia

Fonte: Pinterest, https://www.pinterest.com/pin/21814379418642099/.

É valido lembrar que a androginia é uma opção estética e não sexual. Ainda sobre a androginia, Kipper (2008, p. 68) comenta “talvez fosse mais apropriado dizer que a subcultura gótica valoriza certo tipo de „feminilidade estética‟ tanto para homens como para mulheres.”.

2.4.3 Fetichismo

O fetichismo encontra suas raízes também no Reino Unido e logo se expande para a Alemanha, onde essa estética é mais bem desenvolvida em termos de manufatura. Suas contribuições para a moda gótica em geral são muito significativas.

“Corsets de couro e “chokers”, botas de cano alto e salto altíssimo, e PVC, um tipo de couro de látex que tem um brilho lustroso. ”(WIKIA)

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Na figura abaixo, observam-se elementos típicos dessa estética, tal como o uso do corset, meia-calça arrastão e botas de PVC.

Figura 5: Fetish Fashion

Fonte: Pinterest, https://www.pinterest.com/pin/483362972484542347/.

Sendo algo bastante “dark” e muitas vezes desprezado, a comunidade

Fetish encontrou uma casa ao lado de todos os outros góticos. Embora nem

todos apreciem sua sexualidade explícita, a sua contribuição para a cena tem sido inestimável. (REBELS MARKET, 2015)

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2.5 A IMPORTÂNCIA DA VESTIMENTA NA SUBCULTURA

Quando entendido como subcultura, o estilo gótico e sua vestimenta característica se tornam uma fonte de expressão individual e de grupo. Individual, pois cada adepto da subcultura utiliza deste ou daquele símbolo para sua expressão pessoal; e de grupo, pois perante a cultura mainstream eles têm aparência uniforme. Acerca dessa diferenciação diante da sociedade, Hodkinson (2002) comenta “apesar de consistir de numerosos elementos agrupados de diferentes fontes e em diferentes estágios, existia um estilo gótico diferenciado bem discernível, o qual se manifestava consistentemente de um indivíduo para o outro.”.

Uma das entrevistadas do livro “Some Wear Leather, Some Wear Lace:

The Worldwide Compendium of Postpunk and Goth in the 1980s”, Amber Lott

afirmou que não fazia sentido ser gótico e vestir o mesmo que os outros membros da subcultura utilizavam, era importante se expressar criativamente. E completa “se eu comprasse algo novo de uma loja, sempre me esforçava pra colocar a „minha marca‟ nisso, e costumava comprar em brechós e lojas de trocas e fazer a mesma coisa.” (p. 82)

Dentro da cena, a diferenciação encontra suas bases na herança punk do “do it yourself” (faça você mesmo), que ia de encontro aos padrões de consumo da época como forma de protesto ao consumismo massificado e sem originalidade e expressão do indivíduo.

Não se dependia mais necessariamente de aguardar as criações saírem prontas das maisons ou da imaginação de um estilista profissional. Todo mundo fazia suas próprias roupas, e todos bancavam ser seus próprios estilistas. (RODRIGUES, 2012, p. 61)

As subculturas têm na vestimenta sua manifestação mais nítida, pois “o estilo, quando manifestado através da vestimenta, do visual, dos sons, das performances, é um meio poderoso de dar ao grupo validação e coerência” (GELDER e THORNTON, 1997, p. 373).

A indumentária gótica era uma mistura coletiva de símbolos, cores, texturas e objetos colocados sobre o corpo. Visto como um todo, esses elementos falavam ao mundo como um monólogo – um trabalho artístico vivo e pulsante. Caveiras, um símbolo inicialmente do punk, passou a fazer parte da vestimenta gótica, juntamente com

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couro e PVC, saias e “meia-arrastão”, crucifixos e ankhs, todos se tornaram texturas e motivos indispensáveis. (HARRIMAN; BONTJE, 2014, p. 82)

Assim sendo pode-se dizer que o estilo expressa algo a respeito da subcultura, mesmo que nem sempre seu conteúdo esteja claro. A busca por algo que expresse o modo de pensar, que alinhe as referências buscadas em uma roupa que não só veste, como também se comunica com o mundo exterior. E essa comunicação se dá, dentre outras formas, através dos signos utilizados. Signos estes que fazem parte do sistema simbólico da subcultura.

Sobre este sistema simbólico, Kipper (2012) afirma que quanto maior for a quantidade de informação estética do indivíduo, maior será o repertório de elementos estéticos que sejam condizentes com sua personalidade e sua intenção de expressão, o que contribui para a construção de sua individualidade dentro do grupo.

Naharro (2012) reafirma a ideia de que as mais diversas tribos têm em comum a caracterização pelo estilo para expressar-se individual e coletivamente, no entanto salienta que não é possível caracterizar inteiramente um indivíduo, ou mesmo um grupo, somente pela forma da indumentária, pois até mesmo dentro de um grupo podem existir subgrupos, os quais podem atribuir significados diferentes à vestimenta usada por seus membros. E isso se dá, de fato, na subcultura gótica, onde encontramos várias definições de subgrupos, cada um com mais inclinação a uma determinada estética e diferentes referências.

2.6 SUBGRUPOS DO GÓTICO

Existe uma grande variedade de subtipos de góticos, alguns que só se diferenciam esteticamente, e outros que além da estética, apresentam diferenças comportamentais. Kipper (2012) afirma que essas diferenças são meramente didáticas, pois a liberdade de se adotar determinada referências faz com que o indivíduo transite por mais de um grupo dentro da subcultura.

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2.6.1 Trad Goth

Muito influenciado pelo do-it-yourself que veio do movimento punk, já salientado anteriormente, e também com tendências ora do New Wave/Pós-punk, ora New Romantic. É a primeira fase do movimento, então todas as variações posteriores tem suas bases aqui. A maior referência visual desse período são os músicos de bandas tais como The Cure, Siouxsie and The

Bandshees. Uma curiosidade a respeito desse grupo é que eles defendem que

a subcultura está morta desde meados da década de 1980, defendem como única fase verdadeira a inicial.

Na figura a seguir, os componentes que mais chamam atenção são as botas “Winklepickers” – botas pretas de couro, com fivelas e bico fino e pontudo, e o corte de cabelo sidecuts, que apresentava uma ou ambas as laterais do cabelo raspadas.

Figura 6: Trad. Goths

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A banda The Sisters of Mercy também é referência de estilo para os

trad. goths. Patricia Morrison, ex-baixista da banda, tem o estereótipo perfeito

da garota gótica:

A perfeita garota gótica, com suas altas sobrancelhas arqueadas, delineador preto, vermelho-sangue nos lábios, cabelos esmiuçados, unhas pretas longas, uma reunião de fetiche e da renascença com roupas teatrais. (PARK; STEELE. 2008, p 146)

Na figura abaixo, Patricia junto de Andrew, frontman da banda de grande sucesso da década de 1980.

Figura 7: Patricia Morrison e Andrew Eldtrich, do The Sisters of Mercy. Fonte: Tumblr, http://nowthisisgothic.tumblr.com/post/112727917397/.

Ainda que os fãs admirassem a forma como os artistas em alta na época se vestiam, “o objetivo não era copiar, um gótico tinha que apropriar e reexaminar, parecer semelhante, mas distinguível como um indivíduo.” (HARRIMAN e BONTJE, 2014, p. 82).

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2.6.2 Victorian Goth

O Victorian Goth, também conhecido como gótico romântico, busca suas referências na Era Vitoriana, que é também uma grande base referencial de toda a subcultura, sua atmosfera soturna e de luto. É um visual “de época”, que ou busca recriar a indumentária do século XIX, ou agregar elementos a esse estilo criando um estilo “Neo-Vitoriano”. Seus hábitos incluem atividades que eram comuns à época, como ir ao teatro, bailes de máscaras, entre outros.

Na figura abaixo, o uso de tecidos com aspecto fetichista, látex, representa o estilo Neo-Vitoriano da roupa. Como já citado acima, a incorporação de elementos com diferentes referências faz parte da individualização do estilo, muito presente dentro da subcultura gótica.

Figura 8: Victorian Goth

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2.6.3 Deathrocker

Alguns classificam os “deathrockers” como o elo perdido entre a subcultura gótica e o movimento punk.Com aparência e gosto musical similares ao Trad Goth, diferenciam-se por acreditar que a subcultura ainda está “viva”, se contorcendo e sofrendo mutações de uma forma adequadamente “zumbificada”. (BLACKWATERFALL, 2015)

Na figura abaixo, observa-se a representação típica do estilo Deathrock. Acerca disso, Kipper (2008, p. 63) comenta “o visual seria o Gótico Clássico ou

Pós-Punk levado aos extremos de sobreposição de texturas e exageros, com

sobreposição de tecidos e meias rasgadas ou reutilizadas, maquiagens mais agressivas ou surreais.”

Figura 9: Deathrocker girl.

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2.6.4 Cybergoth

Visual mais colorido e futurista dentro da cena emergiu da música Industrial da década de 1990, considerada “o primo experimental do gótico”. Mescla preto com cores neon – no cabelo, na roupa, tem adoração pelo futurismo e lembram personagens de ficção cientifica. “A verdadeira antítese de tudo que é considerado gótico”. (BLACKWATERFALL, 2015)

Acerca do estilo, Kipper (2008, p. 62) comenta “se parece às vezes com um visual deathrock com elementos futuristas.” Na figura abaixo, podemos notar um exemplo típico de roupa usada pelos cybergoths.

Figura 10: Cybergoths

Fonte: Pinterest, https://www.pinterest.com/pin/408209153698323893/.

2.6.5 Medieval

Este estilo evoca as origens de emprego do termo gótico (séculos XII – XV). O estilo se resume à vestimenta característica da época, vestidos longos e fluídos, podendo conter algumas referências diversas, como por exemplo,

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cultura Celta. Por ser também visual de época, difere do “Victorian Goth” por ser menos soturno, sem remeter ao luto.

Na figura abaixo, um vestido medieval com elementos que evocam o gótico, como as rendas e o crucifixo.

Figura 11: Vestido medieval

Fonte: Pinterest, https://www.pinterest.com/pin/362680576211800503/.

2.6.6 Goth-a-billy

Fusão do estilo rock-billy (Rock americano dos anos 1950) com o

psyco-billy (punk dos anos 1980 com influências do rockapsyco-billy), é um visual retro-dark.

“Um tipo raro de gótico, com guarda-roupa e gosto musical bastante ecléticos”. (BLACKWATERFALL, 2015)

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Figura 12: Gothabilly

Fonte: Instagram, https://instagram.com/p/8bOTrzAkuB/.

Na figura 12, observam-se grandes referências cinquentistas com inclinação dark. “Saia-lápis, sapatos peep-toe, “Victory Rolls” presos com caveirinhas, tatuagens de pin-ups zumbi e um senso de estilo Morticia

Addams.” (REBEL CIRCUS, 2014)

Figura 13: Casal Gothabilly

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Como mostrado na figura 13, se tratando do estilo masculino, o

gothabilly pode ser descrito como “um encontro entre Elvis Presley e Dave Vanian.” (REBEL CIRCUS, 2014)

2.6.7 Cabaret Goth

O Cabaret Goth evoca o período conhecido como “Cabaret Culture” da República de Weimar (Alemanha entre 1ª e 2ª Guerra Mundial), onde o país foi tomado por uma atmosfera de prosperidade artificial causada por um grande número de investimentos americanos e liberdade política. (ARAUJO, 2014)

O filme “Cabaret”, estrelado por Liza Minelli, é referência visual para este grupo. “Coincidindo com o imaginário "glam-decadent" da época Glam dos anos 70, a estética e temática do filme teria virado moda em certos círculos londrinos (...)”. (KIPPER, 2008, p. 98)

Bastante sexy e extravagante, mas não sem elegância, com referências fetichistas – corset, cinta-liga, que acompanham toda a subcultura e não só este subgrupo específico.

Figura 14: Emilie Autumn

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Na figura 14, a cantora Emilie Autumn. Seu estilo tem muitas referências visuais dos figurinos de cabaret e também do teatro de Vaudeville.

2.6.8 Corp Goth

O “gótico corporativo” define a indumentária usada para o trabalho, que não fuja dos padrões-base da subcultura. “Estes góticos tentam encontrar um equilíbrio entre o “gótico” e roupas que são condizentes com a vestimenta adequada ao trabalho”. (BLACKWATERFALL, 2015)

Figura 15: Corporate Goth Fonte: Mothmouth.blogspot.com

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2.7 HAUTE MACABRE – o estilo gótico no mundo fashion

A alta-costura, assim como o Gótico, instiga a exceder limites, é extremamente criativa e causa um sentimento misto de apreensão e temor em seus espectadores. Não é de se espantar que, ocasionalmente, essas duas atmosferas se encontrem. Seu repertório de inspirações é vasto e varia entre a literatura do século XVIII, fetichismo, horror clássico e romantismo sombrio, e tem sido há muito utilizado na moda. Estilistas como Alexander McQueen, John

Galliano, Ann Demeulemeester, Yohji Yamamoto, Comme des Garçons, Gareth Pugh e Rick Owens estão entre os que utilizam essas influências, ainda que

muitos destes negassem essa associação, pois o gótico infelizmente sempre foi alvo de julgamentos errôneos e más interpretações.

Segundo Steele (2008, p. 78), a moda atualmente desconstrói a moda de um século. Isso acontece porque todos os possíveis meios de construção da roupa já foram descobertos, e hoje o que é buscado é a sua desconstrução. E disso emerge uma noção de decadência, deformação e perversidade. Com base nisso é possível fazer uma ligação com o primeiro significado atribuído à palavra gótico, ou seja, oposto à perfeição, obscuro e negativo. E aliado a essa noção de decadência, existe uma vasta gama de referências, citadas anteriormente, que se responsabilizam por caracterizar a moda gótica visualmente.

E muito embora aliar o gótico com a moda pareça retirar do movimento sua característica subcultural para torná-lo comercial e utilizável, essa associação é negada por Spooner, onde afirma que:

No discurso gótico, as roupas são a vida: o „gothic chic‟ não é uma falsa superfície para a psique gótica, mas uma parte intrínseca desta. Certamente, portanto, dentro do trabalho de moda, essa é a potência duradoura da figura gótica para sua auto identificação imaginativa que leva a sua revitalização perene. (SPOONER apud STEELE, Gothic: Dark Glamour, 2008, p. 108)

E a citada revitalização perene pode ser observada e reafirmada, por exemplo, na última coleção apresentada pelo estilista Marc Jacobs, durante a semana de moda de Nova Iorque (NYFW 2016), que utilizou de muitos

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elementos visuais da subcultura e seus subgrupos em diversos dos looks apresentados. Permeada por dramaticidade e exageros, combinava saias mídi volumosas, referência vitoriana, com plataformas pretas com saltos altíssimos,

cybergoth; sobreposições diversas de tecidos e estampas, e muitas roupas

com aspecto desconstruído, semelhante ao deathrock, como se estivessem em ruínas, onde também pode ser feita uma analogia aos castelos medievais presentes na literatura do século XVIII.

Figura 16: Marc Jacobs Fall 2016 Fonte: Adaptado de Pinterest

A maquiagem do desfile foi também pontuada com dramaticidade, adotando referências Cabaret juntamente com cinema Expressionista Alemão, onde olhos e bocas marcados com excesso de preto foram apresentados com cabelos à moda dos anos 20.

Figura 17: Maquiagem - Marc Jacobs Fall 2016 Fonte: Pinterest

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Ao fazer uma retrospectiva no âmbito da moda, um expoente da moda gótica foi Alexander McQueen. Sempre ousado, o estilista utilizou profusamente referências góticas em suas criações. Sua obra foi pautada não somente por sua genialidade, como também pelo uso de elementos que recorrem ao macabro, principalmente com imagens do Memento Mori atreladas à iconografia religiosa medieval, “evocando tanto espiritualidade quanto blasfêmia, ascetismo e perversão sexual.”. (STEELE, 79)

Figura 18: Savage Beauty – Alexander McQueen

Fonte: Pinterest, https://br.pinterest.com/pin/532691462152049262/.

Em âmbito nacional, o estilista Reinaldo Lourenço serviu-se da estética gótica para o desenvolvimento de sua coleção de inverno 2012. Onde misturando elementos conhecidos do universo gótico, a coleção foi permeada de elegância e austeridade.

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Figura 19: Reinaldo Lourenço Inverno 2012 Fonte: FFW

Juntamente com a indumentária, a fotografia de moda também foi responsável pela reafirmação do conceito macabro que o estilo gótico sempre carregou consigo, pois afirma Steele (2008, p. 98) “os temas góticos na moda não podem ser separados daqueles que permeiam a cultura popular.”.

(46)

3 METODOLOGIA

O presente estudo foi desenvolvido por uma pesquisa de caráter exploratório, feita através do levantamento bibliográfico do assunto e estudo de campo, com a finalidade de conhecer melhor o público estudado, observar seus hábitos comportamentais e visuais e também tomar conhecimento de suas necessidades de consumo de produtos de moda especializados.

Segundo Gil (1987), pesquisas exploratórias têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema. Em grande parte dos casos essas pesquisas envolvem levantamento bibliográfico e entrevistas com pessoas que tiveram problemas práticos com o assunto estudado, neste caso, que fazem parte da subcultura que é o objeto de estudo.

O estudo de campo terá abordagem qualitativa, realizado através de entrevistas e aplicação de questionário com perguntas abertas e fechadas, a fim de conhecer melhor o público alvo e satisfazer suas necessidades de consumo.

3.1 COLETA E ANÁLISE DE DADOS

O levantamento de dados para a metodologia foi realizado através da aplicação de um questionário na plataforma Google Docs, onde 57 participantes foram submetidos a perguntas abertas e fechadas a fim de conhecer suas necessidades de consumo.

Quanto à faixa etária das participantes, o gráfico número 01 indica que 68% das entrevistadas têm entre 18 e 23 anos, seguido de 21% de entrevistadas com idade entre 23 e 27 anos e 11% com 27 anos ou mais.

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Gráfico 01: Faixa etária Fonte: Questionário aplicado

Quando indagadas se tem alguma dificuldade para encontrar roupas que lhes são esteticamente agradáveis, 73,7% das entrevistadas responderam que sim, e justificaram as dificuldades na pergunta subsequente. Entre as respostas é interessante citar que muitas das entrevistadas têm dificuldade em encontrar peças minimalistas, com modelagem adequada, sem estampas e cores fortes e sem aviamentos e acessórios desnecessários. E acrescentam que existe pouca variedade de produtos na cor preta e que a maior parte das lojas segue um mesmo estereótipo que não as agrada. Em suma, as respostas indicam que elas buscam originalidade e um preço justo nas peças.

O segundo gráfico, se refere à terceira questão “qual o fator mais importante ao comprar uma peça de roupa?”. Pode-se inferir que a maior carência em relação ao consumo do público refere-se à parte estética, 63,20%, seguido de conforto, 52,60% e colocando “preço” e “tecidos e acabamento” empatados com 45,60% das respostas. Essa questão aberta revelou mais de uma resposta por participante.

68% 21%

11%

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Gráfico 02: Fator mais importante ao comprar uma peça de roupa Fonte: Questionário aplicado.

No que se refere ao uso das cores em seu vestuário cotidiano, além do já conhecido preto, vermelho e cinza são as cores mais utilizadas pelas adeptas da subcultura, com 47,4% e 50,9% das respostas, respectivamente. Seguido por azul, 29,8%, roxo, 17,5% e verde, 12,3%. Ainda 19,3% das entrevistadas assinalaram a opção “outros”. Essa também era uma questão aberta a mais de uma resposta.

Em relação a inspirações na hora de se vestir, 50,8% das entrevistadas alegaram que não utilizam referências específicas ou não se inspiram em alguém. Porém, entre os outros 49,2%, as referências mais citadas foram Kat Von D e Dita Von Teese. Também foram lembradas Siouxsie Sioux, Debbie Harry, Elvira, Amy Winehouse e a estilista Vivienne Westwood.

De acordo com as respostas da questão 06, 71,9% das entrevistadas optam por lojas físicas ao fazer compras. Deste modo, para atender melhor ao público, a marca contará com uma loja própria e também com um e-commerce

45,60% 40,40% 45,60% 52,60% 63,20% 1,80% Tecidos e acabamento Modelagem Preço Conforto Estética Outros 0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00%

(49)

para suprir as necessidades de 28,1% das consumidoras.

Gráfico 03: Tipo de loja preferida para fazer compras Fonte: Questionário aplicado.

Para conhecer melhor o poder aquisitivo das entrevistadas, a pergunta 07 indagava quanto elas estariam dispostas a pagar por uma peça com influências estéticas góticas, 77,2% responderam “entre R$50 e R$150”, seguido de 36,8% de respostas para “entre R$150 e R$200”. A partir desse conhecimento, procurou-se desenvolver peças que pudessem atender aos preços acima citados.

E por fim, a oitava pergunta trazia seis imagens com diferentes referências da subcultura e perguntava com qual das imagens a entrevistada se identificava mais. 38% das entrevistadas assinalaram “minimalista”, que conta com peças básicas em cor preta, seguido de 18% com “neogótico”, linha casual de vestuário com referências da subcultura como uso do couro e crucifixos em roupas. Na sequência, gótico clássico, 13%, fetichista e coldwave com 11% e gothabilly com 9% das respostas.

Lojas físicas Lojas online

(50)

Gráfico 04: Estilo

Fonte: Questionário aplicado

38% 13% 11% 9% 18% 11%

(51)

4 DIRECIONAMENTO MERCADOLÓGICO

4.1 EMPRESA

4.1.1 Nome da empresa

A empresa se denomina Gotik Ind. e Comércio de Confecções Ltda. Possui como nome fantasia Gotik Kvlt.

4.1.2 Porte

A Gotik Kvlt é classificada como microempresa segundo os critérios do SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (2016), de acordo com a renda bruta anual, neste caso igual ou inferior a R$360.000,00.

4.1.3 Marca

Gotik Kvlt é uma marca voltada para a subcultura gótica que busca explorar a vestimenta de forma diferente da encontrada no mercado, com referências estéticas enraizadas na subcultura. A logo traz a imagem de uma cruz estilizada, com pontas afiadas que lembram garras, sua expansão perto das extremidades lembram as asas de um morcego abertas, este que é um animal de hábitos noturnos e também referência de clássicos personagens do imaginário subcultural gótico, tal como Drácula.

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Figura 20: Logo Fonte: Autora (2016)

4.1.4 Conceito

Gotik Kvlt é uma marca com fortes influências da subcultura gótica e voltada esse para público, especificamente. Surgiu com um conceito de quebrar tabus e estereótipos em relação aos góticos perante a sociedade. Mostrar através da vestimenta, com muita elegância e um toque macabro, de que ser gótico não é uma simples fase da adolescência rebelde, mas sim uma forma diferente de enxergar o mundo e se expressar.

4.1.5 Segmento

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4.1.6 Distribuição e Pontos de Venda

A empresa tem sede em São Paulo, na região Baixo Augusta. Sua sede contará com a loja física, nomeada de Gotik Haus, traduzido do alemão “casa gótica”, com um ambiente personalizado para que a experiência de compra seja mais do que simplesmente adquirir uma peça de roupa, mas também fazer o consumidor “se sentir em casa”.

Figura 21: Interior - Gotik Haus Fonte: Autora (2016)

Além dos produtos autorais, a loja comercializará acessórios e produtos de decoração, todos seguindo referências estéticas da subcultura para que a loja seja um ponto de referência para compra desses produtos e com a intenção de sempre promover o conceito da marca. Junto à loja estará localizado o departamento de criação e produção, contando também com setor administrativo e marketing. A capacidade produtiva da empresa inicialmente será de 600 peças por mês. A distribuição direta dos produtos será feita através da loja física e também através do e-commerce.

Figura 22: Interior - Gotik Haus Fonte: Autora (2016)

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4.1.7 Concorrentes

A Gotik Kvlt concorre diretamente com as marcas alternativas Haute Xtreme e Stooge, tanto por atender a um público semelhante, quanto por seguir a mesma linha de criação, o casualwear alternativo com referências góticas. Mas não somente pelas roupas, as marcas também trazem consigo o intuito de promover um lifestyle, que aqui se demonstra através do estilo da subcultura gótica. Entre os concorrentes indiretos podem ser citados as marcas House Of

Widow, Lip Service Cult e Killstar Co., que também seguem a linha de criação casualwear alternativo porém são marcas internacionais e com pouca ou

nenhuma distribuição em território nacional.

4.1.8 Promoção e Marketing

A cada troca de coleção será realizado um desfile para o lançamento dos novos produtos, e serão convidados DJs e músicos da cena gótica local para ambientar a festa. A marca terá parceria com festas e outros eventos onde possam também ser comercializados os produtos, procurando sempre um relacionamento muito direto com seu público.

Estará também presente em redes sociais, como o Facebook e Instagram, para um alcance maior de divulgação e também para o relacionamento próximo ao consumidor, sempre se interando de seus desejos de consumo.

4.1.9 Preços praticados

Os preços dos produtos da marca Gotik Kvlt terão variação entre R$50,00 e R$450,00.

4.1.10 Planejamento Visual

As embalagens da marca serão confeccionadas em papel duplex 240g/m² e alça em gorgurão preto. Na figura 23, o modelo desenvolvido para compras comuns, com template minimalista, é impressa em preto com o logo da marca centralizado em acabamento fosco. Na figura 24, o modelo desenvolvido como embalagem pra presente ou compras acima de R$300,00. Com design geométrico, lembra um cristal fragmentado, seu acabamento é

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fosco. E com a logo impressa no canto direito com acabamento em verniz localizado.

Figura 23: Embalagem Fonte: Autora (2016)

Figura 24: Embalagem para presentes Fonte: Autora (2016)

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A tag e o cartão de visitas da loja serão impressos em papel couchê, 300 g/m², com verniz localizado e laminação fosca. O acabamento da tag será feito com ilhós circular preto.

Figura 25: Cartão de visitas Fonte: Autora (2016)

Figura 26: Tag Fonte: Autora (2016)

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4.2 PÚBLICO-ALVO

Mulheres jovens, dos 21 aos 30 anos, que desde o início de sua adolescência se identificam com a estética e valores da subcultura e não a trataram como mera fase de rebeldia juvenil. Dessa forma, elas revelam sua autenticidade, de permanecerem fieis a si mesmas em seu estilo mesmo que a “vida adulta” imponha regras quanto ao modo de se vestir e à maneira de ser. E por serem autênticas, são também ousadas, e refletem isso com suas roupas, com suas músicas prediletas, seus escritores favoritos, entre outros.

Figura 27: Público-Alvo

Fonte: Through The Looking Glass (Blog)

E conforme o passar dos anos, adaptaram seu vestuário, deixando de lado a vestimenta com características adolescentes. Porém ainda conservam costumes como frequentar festas góticas e também outros eventos que reúnem a subcultura, como feiras, shows e festivais. Provando dessa forma que o estilo gótico não é somente uma opção estética, mas é parte integrante de suas vidas.

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Figura 28: Universo público-alvo Fonte: Autora (2016)

4.3 TENDÊNCIAS

4.3.1 Socioculturais

Com o tema Create Tomorrow, a WGSN apresentou quatro macrotendências socioculturais para o ano de 2017. A máxima que resume essas quatro vertentes é “The future is now”.

Aquela imagem de robôs e naves espaciais que haviam projetado exatamente para essa época, como um futuro distante, não tornou-se realidade. E o importante é não aguardar grandes transformações, faça a sua mudança agora, enxergando as coisas de um jeito diferente. (FASHION MAG, 2016)

Dentre as quatro macrotendências, as selecionadas foram Artisan – co-criadores e Remaster – editores do tempo.

Artisan recobra o espírito do “faça você mesmo”, porém agora de forma

coletiva, democratizando a criação do individual para alimentar o coletivo. “O lado humano dentro da avalanche digital.” (FASHION MAG, 2015)

Por sua vez, Remaster nos diz que o futuro já chegou, o que era fantástico virou realidade e nos resta fazer acontecer. E apresenta uma mescla

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de realidade e fantasia, opulência e cotidiano. “A pergunta é: como podemos fazer diferente?” (FASHION MAG, 2015)

4.3.2 Estéticas

Trazendo um redesign de estilo gótico já conhecido, a Raven – homônima ao poema narrativo de Edgar Allan Poe, propõe a celebração da dicotomia do mundo, o claro e o escuro; extravagante e recatado.

Sua propriedade é cheia de cantos enigmáticos, superfícies perfeitamente resistidas e a quantidade exata de grandiosidade. O guarda-roupa ornamentado é uma carta de amor gótico para a formalidade de uma época passada, quando coisas como o veludo flocados, florais sonhadores, tapeçarias ricas e delicadas rendas realmente representavam algo em vez de ser decoração gratuita. (THE KEY TO CHIC, p. 01. 2015)

Estilisticamente, essa tendência é aplicada através de cores em tons de joias, materiais românticos e femininos, padronagens escuras e detalhes que carregam muitas influências vitorianas, como golas altas, babados e capas. E ainda bordados muito ricos e tons sobre tons de preto.

Figura 29: Painel estético – Raven Fonte: The Key To Chic

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5 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO

5.1 NECESSIDADES A SEREM ATENDIDAS

O objetivo da coleção é criar peças que resgatem as influências estéticas da subcultura gótica fugindo da obviedade. Apesar de amplamente utilizadas atualmente, essas influências seguem padrões clichês que insistem no estilo streetwear alternativo de forma infanto-juvenil. O intuito é vestir mulheres jovens no início da vida adulta, mas não de forma exageradamente séria. Góticas que não passaram pela subcultura apenas como uma fase de rebeldia adolescente e dar a elas poder através da roupa. Unir a elegância da estética aristocrática vitoriana com a desenvoltura e ousadia do gótico

underground da década de 1980.

5.2 ESPECIFIAÇÕES DO PROJETO

5.2.1 Conceito de coleção

A coleção se baseia na austeridade decadente. Assemelha-se à imponência e peso de uma catedral de pedra desgastada pelo tempo, as ruínas dos castelos medievais fantasiados por Walpole, em sua obra “O Castelo de Otranto” marco do início da literatura gótica, que deixaram suas marcas na história, mas que foram devastados pelo tempo.

5.2.2 Nome de coleção

A coleção debute da Gotik Kvlt denomina-se Daughters of Decay, (do inglês, Filhas da Decadência), inspirada no conto de Giacomo Leopardi, “Dialogue Between Fashion and Death” de 1824.

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5.2.3 Referência de coleção

A referência da coleção é representada por uma catedral gótica, fria e austera, que está se desfragmentando em seu centro e sangrando, tornando-se uma ruína mesmo que ainda esteja em pé, uma morta-viva.

5.2.4 Cores

As cores utilizadas na coleção serão tons de vermelho, variando entre vermelho carne e vermelho sangue, e cinza, tendo como base as cores preto e branco.

5.2.5 Materiais

Os materiais escolhidos para a coleção foram vinil, cetim, malha arrastão, couro, veludo, sarja resinada, chiffon, malha e oxford.

5.2.6 Formas e estruturas

Os shapes escolhidos foram ampulheta e trapézio invertido.

Ampulheta por enaltecer as curvas femininas através da cintura marcada, muito sensual. Triângulo invertido por ser um shape tradicionalmente masculino, com os ombros marcados e quadril enxuto e fino.

Figura 30: Shapes Fonte: Autora (2016)

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