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Análise do cumprimento da NR-18 em obras de pequeno porte na Cidade de Tucunduva, RS

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL - UNIJUÍ

AMANDA SUÉLEN DALBEM

ANÁLISE DO CUMPRIMENTO DA NR 18 EM OBRAS DE PEQUENO PORTE NA CIDADE DE TUCUNDUVA, RS

Santa Rosa 2019

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AMANDA SUÉLEN DALBEM

ANÁLISE DO CUMPRIMENTO DA NR 18 EM OBRAS DE PEQUENO PORTE NA CIDADE DE TUCUNDUVA, RS

Trabalho de Conclusão de Curso de Engenharia Civil apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro Civil.

Orientador: Professora Me. Paula Weber Prediger

Santa Rosa 2019

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AMANDA SUÉLEN DALBEM

ANÁLISE DO CUMPRIMENTO DA NR 18 EM OBRAS DE PEQUENO PORTE NA CIDADE DE TUCUNDUVA, RS

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para a obtenção do título de ENGENHEIRO CIVIL e aprovado em sua forma final pelo professor orientador e pelo membro da banca examinadora.

Santa Rosa, 05 de dezembro de 2019.

Professora Paula Weber Prediger Engenheira Civil Mestre pela Universidade de Passo Fundo – Orientadora Professor Mauro Fonseca Rodrigues Coordenador dos Cursos de Engenharia/UNIJUÍ-SR

BANCA EXAMINADORA

Professora Paula Weber Prediger Engenheira Civil Mestre pela UPF – Orientadora Professor Igor Norbert Soares Arquiteto e Urbanista Mestre pela UPF

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AGRADECIMENTOS

Desejo agradecer imensamente a todas as pessoas que me ajudaram nessa longa caminhada, pelo apoio e conselhos dados a mim.

Agradeço ao meus pais por todo o amor incondicional e incentivo em todas as etapas da minha vida. Ao meu pai Adimir, por ser meu professor fora da Universidade, mesmo não tendo a formação, me ajudando e incentivando em busca de conhecimento durante todos os anos do curso. A minha mãe Elizete, por ser a minha calma e me manter focada nos estudos. Ao meu irmão Vitor, por ser companheiro nas horas que precisava de uma pausa. Muito obrigada, vocês são a minha base. Eu amo imensamente vocês.

A minha orientadora Professora Mestre Paula Weber Prediger, pelo tempo dedicado a mim, pela paciência e confiança que teve comigo, pela competência e participação. Você foi parte fundamental dessa pesquisa, orientando e sanando dúvidas, incentivando em busca de novas ideias, meus mais sinceros obrigada.

Quero agradecer também, as empresas, todos os trabalhadores e aos donos das obras, por me ajudaram na realização desta pesquisa.

A todos os meus amigos, tantos os mais antigos como os novo, que me apoiaram e participaram dessa caminhada, compreendendo as minhas necessidades, tornando minha vida mais iluminada e alegre.

A Prefeitura Municipal de Dr. Maurício Cardoso, que me disponibilizou tempo de sair do estágio para poder realizar essa pesquisa, muito obrigada pela compreensão.

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Mesmo que já tenha feito uma longa caminhada, sempre haverá mais um caminho a percorrer.

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RESUMO

DALBEM, Amanda Suélen. Análise do cumprimento da NR 18 em obras de

pequeno porte na cidade de Tucunduva, RS. 2019. Trabalho de Conclusão de

Curso. Curso Engenharia Civil, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, Santa Rosa, 2019.

A construção civil é um setor que está sempre avançando, seja em novas tecnologias construtivas ou em novos materiais, buscando sempre proporcionar melhor qualidade de vida para os usuários do produto final. Mas ainda hoje, apesar do grande avanço tecnológico que ocorre no setor, muitos acidentes de trabalho são registrados na área. Somente no ano de 2017, ocorreram no Rio Grande do Sul, cerca de 1.786 acidentes no setor da construção civil (REVISTA PROTEÇÃO, 2019), representando cerca de 4,89 acidentes por dia no setor. O Ministério do Trabalho e Emprego criou as Normas Regulamentadoras com o intuito de proporcionar melhores condições no ambiente de trabalho para os trabalhadores, contemplando o setor da construção civil com a NR 18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção, mas apesar da significativa importância desta norma para a segurança e a saúde dos trabalhadores, a mesma encontra-se com dificuldades de implantação nos canteiros de obras. A preocupação aumenta ainda mais quando analisado canteiros de obras de pequeno porte, foco da pesquisa, e aliado a isso o porte da cidade onde os canteiros estão localizados. Esta pesquisa aborda os conceitos relacionados ao tema da segurança e saúde no trabalho, a análise da aplicação da NR 18 nos canteiros de obras de pequeno porte da cidade de Tucunduva e o estudo do perfil dos profissionais desse tipo de obra. Para as três obras, a análise da norma resultou em notas inferiores a 2, em uma escala de zero a dez, representando assim, a inexistência de condições de segurança para com os trabalhadores. Em relação ao perfil destes trabalhadores, percebeu-se que a grande maioria não utilizava EPI e nem possuíam conhecimento das Normas Regulamentadoras.

Palavras-Chave: Acidentes, canteiro de obras, Lista de Verificação, segurança do

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ABSTRACT

DALBEM, Amanda Suélen. Análise do cumprimento da NR 18 em obras de

pequeno porte na cidade de Tucunduva, RS. 2019. Trabalho de Conclusão de

Curso. Curso Engenharia Civil, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, Santa Rosa, 2019.

Civil construction is a sector that is always moving forward, whether in new constuction technologies or new materials, always seeking to provide better life quality for final product users. But today, despite the great technological advance that occurs in this sector, many occupational accidents are registered. In 2017 alone, there were about 1,786 accidents in the civil construction sector in Rio Grande do Sul (REVISTA PROTEÇÃO, 2019), representing about 4,89 accidents per day in the sector. The Labor and Employment Ministry created the Regulatory Standards in order to provide workers better work environment conditions, contemplating the civil construction sector with NR 18 – Construction Industry Conditions and Work Environment, but despite this standard’s significant importance for the workers safety and health, it is difficult to implemente on construction sites. The concern is even bigger about small construction sites, this research focus, and still, the size of the city where the sites are located. This research approaches the concepts related to work safety and health, the analysis of the study of this king of construction’s professionals’ profile. For the three construction, the standard’s analysis resulted in scores lower than 2, on a scale of zero to tem, thus representing the workers’ safety conditions’ absebce. Regarding the workers’ profile, it was noticed that the vast majority did not use individual protection equipment and did not have knowledge about the Regulatory Standards.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Desenvolvimento da pesquisa ... 40

Figura 2 - Obra A ... 42

Figura 3 - Obra B ... 43

Figura 4 - Obra C ... 43

Figura 5 - Rampa para a transposição de nível ... 49

Figura 6 - Escada de mão ... 50

Figura 7 - Estocagem de material ... 51

Figura 8 - Estocagem de areia e pedra brita ... 52

Figura 9 - Local destinado à dobra de aço ... 53

Figura 10 - Trabalho em altura ... 53

Figura 11 - Andaime ... 54

Figura 12 - Cavaletes para andaimes simplesmente apoiados ... 57

Figura 13 - Escada de mão ... 58

Figura 14 - Escada de mão ... 59

Figura 15 - Armazenamento dos fios condutores ... 59

Figura 16 - Armazenamento dos materiais ... 60

Figura 17 - Materiais utilizados para a pintura ... 61

Figura 18 - Destinação dos entulhos gerados pela obra... 61

Figura 19 - Local destinado aos serviços de dobra do aço ... 63

Figura 20 - Escada de mão ... 64

Figura 21 - Trabalho em altura ... 65

Figura 22 - Organização e limpeza do canteiro ... 66

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Série histórica dos acidentes do trabalho (CAT) em Tucunduva ... 17

Gráfico 2 - Número de trabalhadores e acidentes nos últimos 48 anos ... 25

Gráfico 3 - Número de acidentes e óbitos nos últimos 48 anos ... 26

Gráfico 4 - Histórico de acidentes do trabalho no setor da construção ... 27

Gráfico 5 - Quantidade de acidentes típicos no setor da construção ... 27

Gráfico 6 - Quantidade de acidentes de trajeto no setor da construção ... 28

Gráfico 7 - Idade dos trabalhadores da Obra A ... 68

Gráfico 8 - Tempo de serviço na construção civil dos trabalhadores da Obra A ... 68

Gráfico 9 - Percentual de conhecimento das NR ... 69

Gráfico 10 - Idade dos trabalhadores da Obra B ... 70

Gráfico 11 - Tempo de serviço dos trabalhadores da Obra B ... 70

Gráfico 12 - Idade de início dos trabalhadores na construção civil ... 71

Gráfico 13 - Percentual de conhecimento das NR ... 72

Gráfico 14 - Idade dos trabalhadores da Obra C ... 73

Gráfico 15 - Tempo de serviço dos trabalhadores da Obra C ... 74

Gráfico 16 - Percentual de conhecimento das NR ... 74

Gráfico 17 - Idade dos trabalhadores das três obras analisadas ... 76

Gráfico 18 - Acidentes de trabalho registrados em 2017 por grupos de idades ... 76

Gráfico 19 - Tempo de serviço dos trabalhadores das três obras ... 77

Gráfico 20 - Trabalhadores que sofreram acidentes de trabalho ... 78

Gráfico 21 - Conhecimento dos trabalhadores em relação a comunicação à Previdência Social ... 78

Gráfico 22 - Tipos de EPI utilizados pelos trabalhadores ... 79

Gráfico 23 - Conhecimento das NR ... 80

Gráfico 24 - Trabalhadores que possuem treinamentos de capacitação ... 81

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Itens da lista de verificação ... 45 Quadro 2 - Questionário ... 46

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LISTA DE SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas CAT Comunicação de Acidente de Trabalho

CIPA Comissão Interna de Prevenção de Acidentes CLT Consolidação das Leis do Trabalho

DRT Delegacia Regional do Trabalho EPI Equipamento de Proteção Individual

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística INSS Instituto Nacional do Seguro Social

MTE Ministério do Trabalho e Emprego NBR Norma Brasileira

NR Norma Regulamentadora

OIT Organização Internacional do Trabalho

PCMAT Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção

PCMSO Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional PPRA Programa de Prevenção e Riscos Ambientas

SESMT Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho

SSST Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho SST Segurança e Saúde no Trabalho

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 14 1.1 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA ... 16 1.2 OBJETIVOS ... 18 1.2.1 Objetivo Geral ... 18 1.2.2 Objetivos Específicos ... 18 1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO ... 18 2 EMBASAMENTO TEÓRICO ... 20 2.1 ACIDENTES DO TRABALHO ... 20

2.2 A SEGURANÇA E A SAÚDE DO TRABALHADOR NA CONSTRUÇÃO CIVIL EM UM CONTEXTO GERAL ... 22

2.3 BREVE HISTÓRICO SOBRE A NORMATIZAÇÃO ... 28

2.4 NORMAS REGULAMENTADORAS PARA O SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL ... 30

2.4.1 NR 18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção ... 33

2.4.2 Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção ... 37

2.5 COMUNICAÇÃO DE ACIDENTES DO TRABALHO ... 38

3 METODOLOGIA... 40

3.1 TÉCNICAS DE PESQUISA ... 41

3.1.1 Descrição do Município de Tucunduva ... 41

3.1.2 Descrição das Obras Acompanhadas ... 42

3.1.3 Lista de Verificação ... 43

3.1.4 Questionário ... 45

3.1.5 Determinação do Grau de Cumprimento da NR 18 ... 46

4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ... 48

4.1 LISTA DE VERIFICAÇÃO ... 48

4.1.1 Obra A ... 48

4.1.2 Obra B ... 56

4.1.3 Obra C ... 62

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4.2.1 Obra A ... 67

4.2.2 Obra B ... 70

4.2.3 Obra C ... 73

4.2.4 Comparativo dos resultados das Três Obras Analisadas ... 75

4.3 GRAU DE CUMPRIMENTO DA NR 18 ... 81

5 CONCLUSÃO... 83

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 86

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1 INTRODUÇÃO

O setor da construção civil gera muitos empregos para a população brasileira, movimentando assim a economia do país. É uma área que está sempre avançando, seja em novas tecnologias construtivas ou em novos materiais, visando sempre proporcionar uma melhor qualidade de vida para os usuários do produto final, tanto de uma edificação como de uma rodovia, por exemplo. Mas os acidentes do trabalho continuam presentes, mesmo ocorrendo esse grande avanço tecnológico no setor. Segundo Saliba (2004, p. 24) “nos ambientes de trabalho, existem inúmeras situações de risco que variam conforme a natureza da atividade, o processo produtivo, as medidas de controle existentes, etc.”. De acordo com os dados do Anuário Estatístico de Acidentes de Trabalho no ano de 2017, ocorreram cerca de 46.736 acidentes do trabalho somente no estado do Rio Grande do Sul (BRASIL, 2017).

Os problemas encontrados no setor da construção civil, em relação à segurança do trabalho, são maiores que em outros setores, devido a uma série de peculiaridades (FARIA; GRAEF; SANCHES, 2006). Por apresentar características dinâmicas os riscos acabam sendo múltiplos e variáveis, em cada uma das fases do processo produtivo, como na escavação, demolição, alvenaria entre outros, além de outras atividades de apoio como a carpintaria e central de armação por exemplo (SALIBA, 2004). A mão de obra no setor da construção civil ainda é, em muitos casos, não especializada, principalmente se analisadas obras de pequeno porte, que, muitas vezes ainda são executadas sem um responsável técnico presente. Essa não especialização da mão de obra deve-se ao fato de que os trabalhadores veem o trabalho no canteiro de obras como um serviço temporário e ao se encontrarem com dificuldades econômicas, migram para a construção civil em busca de um aumento na renda familiar, um trabalho secundário para aumentar a renda além do emprego atual. Além disso muitos desses trabalhadores possuem um baixo grau de escolaridade, sendo assim acabam não procurando conhecimento técnico para este serviço.

O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), com o intuito de melhorar o cenário brasileiro de acidentes, cria então as Normas Regulamentadoras (NR), as quais possuem caráter obrigatório, devendo ser cumpridas pelos empregadores como

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pelos trabalhadores, objetivando a garantia de um trabalho seguro e sadio, prevenindo através de suas obrigações, direitos e deveres, doenças e acidentes de trabalho (BRASIL, 2019).

A NR 18 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção, criada pelo MTE, dispõe de diretrizes tanto de ordem administrativa, de organização como planejamento, tento como objetivo implantar medidas de controle e sistemas preventivos de segurança, tanto nas condições e no meio ambiente de trabalho como nos processos produtivos do setor (BRASIL, 2018).

Apesar da NR 18 ter sido publicada no ano de 1978, ainda se encontram muitas falhas na sua aplicação, tanto pela não aplicação em si da mesma, como por falta de entendimento. Por conta disso, ainda é comum que acidentes ocorram durante os processos produtivos.

Para Welter (2014), apesar das muitas dificuldades encontradas no setor da construção civil, tanto empresários como trabalhadores confirmam que as condições de segurança têm melhorado muito nos canteiros de obras desde 1996. Mas ainda é comum encontrar em obras onde a segurança consiste apenas sendo a utilização dos equipamentos de proteção individual (EPI). O mercado exige cada vez mais que o produto final resultante da construção civil seja capaz de melhorar a qualidade de vida dos usuários, mas não dá prioridade, durante o processo produtivo, às condições de trabalho dos operários. É comum encontrar nos canteiros de obras, trabalhadores que não utilizam nenhum tipo de EPI, onde trabalhos realizados em altura estão totalmente em desacordo com a normatização. São esses tipos de situações que acabam muitas vezes contribuindo para a ocorrência dos acidentes no local de trabalho. Atitudes não praticadas no dia-a-dia de obra, onde não se tem controle de segurança, acabam colocando em risco a saúde do trabalhador.

A organização do processo de trabalho é influenciada pelas medidas de controle e prevenção de acidentes, implicando assim, em mudanças de atitudes de todos aqueles que dela participam. A racionalização das tarefas visa atender a segurança da obra e dos seus trabalhadores, e não apenas o cumprimento de cronogramas e elaboração de planilhas (ROUSSELET; FALCÃO, 1999).

As medidas presentes na NR 18 visam a prevenção de acidentes e da saúde do trabalhador, evitando situações desagradáveis que possam ocorrer no canteiro de obras. A sua aplicação ocorre de forma lenta, e é pouco visível em obras de

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pequeno porte, sendo assim, o trabalhador fica exposto a riscos que poderiam ser evitados caso ocorresse a adoção criteriosa das suas diretrizes.

Desta forma, o presente trabalho propõe uma análise da aplicabilidade da NR 18 em obras de pequeno porte, onde as condições de segurança do trabalho são muitas vezes negligenciadas pelos trabalhadores, expondo a sua saúde à riscos que poderiam ser evitados.

1.1 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

Os acidentes do trabalho ainda são uma presença constante no dia a dia do trabalhador. Somente na Região Sul do Brasil no ano de 2017, foram registrados 120.147 acidentes do trabalho, com um total de 647 óbitos, segundo dados do Anuário Brasileiro de Proteção (BRASIL, 2019), ou seja, ocorreu no ano de 2017 cerca de 1,78 mortes por dia na Região Sul do Brasil devido a um acidente do trabalho.

Se analisar somente o estado do Rio Grande do Sul, no mesmo ano, 2017, ocorreram cerca de 46.953 acidentes do trabalho registrados com cerca de 221 óbitos (BRASIL, 2019).

Quando analisado somente o setor da construção civil, no estado do Rio Grande do Sul, ocorreram no ano de 2017, 1.786 acidentes do trabalho registrados, com 8 óbitos, isso representa aproximadamente 4,89 acidentes de trabalho por dia somente na construção civil (BRASIL, 2019). Esse número de acidente não inclui aqueles em que não ocorreu a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), mais precisamente, aqueles acidentes sofridos por trabalhadores que não possuem a carteira de trabalho assinada, sendo assim, esses números tendem a aumentar.

Como a cidade de Tucunduva é o enfoque da pesquisa, o Gráfico 1 representa os números de acidentes do trabalho com CAT registrada na cidade, sendo que estes números são os acidentes em geral ocorridos na cidade no período de 2002 a 2018. Esses dados foram publicados por MPT-OIT (2019) sendo resultado de coletas de dados realizadas pelo INSS e CATWEB.

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____________________________________________________________________ Gráfico 1 - Série histórica dos acidentes do trabalho (CAT) em Tucunduva

Fonte: Adaptado de MPT-OIT (2019)

De acordo com os dados do Gráfico 1, ocorre por ano, na cidade de Tucunduva, em média 10,29 acidentes do trabalho com CAT registrada, mas como no setor da construção civil de Tucunduva, muitos dos trabalhadores não possuem a carteira de trabalho assinada, os acidentes ocorridos acabam não compondo as estatísticas.

Com essa pesquisa pretende-se responder algumas questões referentes a segurança dos trabalhadores nos canteiros de obra de construção civil, nos quais a NR 18 é a principal norma referente ao assunto. A pesquisa será desenvolvida em canteiros de obras de pequeno porte, na cidade de Tucunduva.

As questões são referentes a verificação do grau de cumprimento da NR 18 nessas obras e o perfil dos trabalhadores nelas envolvidos: como se encontra a real situação das condições de segurança do trabalho nos canteiros de obras na cidade, quais são as medidas de proteção que os trabalhadores utilizam e se estas estão em conformidade com a legislação.

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1.2 OBJETIVOS

O trabalho a ser realizado busca verificar o cumprimento da NR 18 em canteiros de obras de pequeno porte, na cidade de Tucunduva, RS.

1.2.1 Objetivo Geral

O estudo tem por objetivo geral comparar as condições encontradas nas obras analisadas na cidade, com o que determina a NR 18, e verificar por que, nesse tipo de obra, questões como segurança são negligenciadas.

1.2.2 Objetivos Específicos

São objetivos específicos desta pesquisa:

• Estudar detalhadamente a norma NR 18 – Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção civil.

• Acompanhar a execução de três obras na cidade de Tucunduva, sendo obras somente de pequeno porte, até 160,0m².

• Verificar a aplicação dos itens da norma NR 18.

• Verificar a opinião dos trabalhadores referentes ao conhecimento da norma e a sua capacitação,

• Analisar as aplicações da norma na prática, • Analisar o perfil dos trabalhadores das três obras.

1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO

A pesquisa está estruturada em cinco capítulos. Neste primeiro capítulo foram introduzidos os assuntos abordados na pesquisa, formulando o problema encontrado e os objetivos.

No capítulo dois, é realizado o embasamento teórico, onde foi abordado aspectos conceituais, a segurança e a saúde do trabalhador na construção civil, dados estatísticos apresentando um panorama geral dos acidentes de trabalho ao longo dos anos no brasil e no setor da construção civil, um breve histórico sobre a

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normatização existente, as normas regulamentadoras para a construção civil, apresentado também a NR 18, o PCMAT e a definição e diretrizes da CAT.

No capítulo três, é apresentado a metodologia utilizada para o desenvolvimento da pesquisa, juntamente com a lista de verificação utilizada e o questionário desenvolvido.

No capítulo quatro, é apresentado os resultados obtidos na pesquisa.

No capítulo cinco, são apresentadas as conclusões desenvolvidas com o final da pesquisa.

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2 EMBASAMENTO TEÓRICO

O embasamento teórico aborda questões referentes à segurança e à saúde do trabalhador no ambiente da construção civil.

2.1 ACIDENTES DO TRABALHO

Segundo a NBR 14.280 - Cadastro de Acidentes do Trabalho – Procedimento e Classificação (ABNT, 2001, p. 2) “acidente do trabalho é uma ocorrência imprevista e indesejável, instantânea ou não, relacionada com o exercício do trabalho, de que resulte ou possa resultar em lesão”. Já o acidente de trajeto, ocorre quando o empregado sofre um acidente no percurso da residência para o local de trabalho ou ao contrário, sendo qualquer tipo de meio de locomoção, até mesmo o veículo do próprio empregado, desde que o percurso não seja interrompido ou alterado por motivos alheios ao trabalho (ABNT, 2001).

Já o acidente típico se caracteriza como aquele acidente decorrente das atividades profissionais exercidas pelo acidentado, esse tipo de dado somente é possível se obter com a realização do registro da Comunicação do Acidente de Trabalho (BRASIL, 2017).

Brasil (1978) afirma que o acidente de trabalho é toda ocorrência, seja ela imprevista ou não, que irá interferir na atividade de trabalho normal do trabalhador, podendo ocasionar danos materiais, perda de tempo, lesão ou morte, ou até as três coisas ao mesmo tempo.

Para Brasil (1978) ao considerar que acidente não somente é aquele que resulte em lesões, mas também, aquele que causa danos materiais, está dando uma definição mais abrangente para o que é acidente de trabalho. Pode-se definir, em termos prevencionistas, causa de acidentes como qualquer que seja o fator que, se removido a tempo, possa evitar o acidente. Sendo assim, os acidentes possuem uma causa, não são inevitáveis e não surgem por acaso, assim são passíveis de prevenção através da eliminação ou remoção adequada da causa (BRASIL, 1978).

Para Sampaio (1998, p. 20) “o risco é o perigo ou a possibilidade de perigo; a contingência ou proximidade de um dano, que pode afetar a integridade física do trabalhador, ou o processo de execução da obra”.

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As doenças que surgem no ambiente de trabalho podem ser de dois tipos, doença do trabalho e doença profissional. A primeira, segundo a NBR 14.280, é “decorrente do exercício continuado ou intermitente de atividade laborativa capaz de provocar lesão por ação mediata” (ABNT, 2001, p. 4). Já a doença profissional é uma “doença do trabalho causada pelo exercício de atividade específica, constante de relação oficial” (ABNT, 2001, p. 4).

A norma NBR 14.280 ainda contém em seu texto, as causas dos acidentes, os quais podem ser por fator pessoal de insegurança (fator pessoal), ato inseguro e condição ambiente. O fator pessoal possui causas referentes ao comportamento humano, podendo levar para à prática de atos inseguros ou à ocorrência dos acidentes. Os atos inseguros se referem as ações ou omissões, que acabam contrariando princípios de segurança, os quais podem acabar favorecendo ou causando acidentes (ABNT, 2001). Ou seja, o ato inseguro é relativo ao indivíduo que executa determinada tarefa (BRASIL, 1978). Já o fator ambiente se caracteriza pelas condições do meio que acabou contribuindo para que o acidente ocorresse ou que gerou o acidente em si (ABNT, 2001).

O ato inseguro pode ser alguma ação ou omissão que a pessoa fez em um determinado momento que não deveria ter feito ou deveria ter feito de maneira diferente, ou até mesmo, algo que deveria ter sido feito, mas o deixou de fazer. O ato pode ser praticado tanto por terceiros como pelo próprio acidentado, sendo que a pessoa pode estar agindo consciente ou não de pratica-lo inseguramente. Não significa, necessariamente, que o ato inseguro ocorre devido a desobediência das normas ou regras (ABNT, 2001).

Os acidentes do trabalho causam consequências, que de acordo com a NBR 14.280 (ABNT, 2001) podem ser classificadas como lesão pessoal, a qual se origina no momento do acidente (lesão imediata), ou uma lesão tardia, que não se manifesta imediatamente após o acidente, doença do trabalho, cuja origem decorre do trabalho contínuo ou intermitente de alguma atividade capaz de provocar lesão por ação imediata, além de poder causar até mesmo a morte do trabalhador.

“A consequência, em termos legais, do acidente do trabalho, consiste sempre na morte ou numa incapacidade” (BRASIL, 1978, p. 21).

A consequência mais grave e irreparável do acidente é a morte, seja ela instantânea ou não. Está configurado acidente do trabalho quando provado a sua

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causa e efeito. Na grande maioria das vezes, a incapacidade atinge órgão diretos do trabalho como mãos e pés, membros inferiores, sistema nervoso, aparelhos auditivos e vocais, órgão sensoriais, já outras incapacidades atingem órgão indiretos do trabalho, os quais são responsáveis pela vida de nutrição, ou seja, respiração, circulação, digestão, excreção, que para o desempenho do trabalho, sua integridade e bom funcionamento são necessários (BRASIL, 1978).

2.2 A SEGURANÇA E A SAÚDE DO TRABALHADOR NA CONSTRUÇÃO CIVIL EM UM CONTEXTO GERAL

Para Brasil (1978) as consequências, que atingem todos os países, dos acidentes do trabalho e doenças profissionais vão além das perdas de horas de trabalho e destruição de bens materiais, mas também a perda de vidas humanas e a redução da capacidade física dos trabalhadores.

“A segurança do trabalho é a ciência que atua na prevenção dos acidentes do trabalho decorrentes dos fatores de risco operacionais” (SALIBA, 2004, p. 19). Segundo Saliba (2004) a análise de fatores de risco em todas as fases do processo é fundamental para a prevenção, pois existem inúmeras situações de riscos passíveis de provocar algum tipo de acidente nos ambientes de trabalho.

Para Rocha (1999) garantir que as atividades sejam executadas da forma como estavam previstas e sem expor o trabalhador aos perigos, eliminando riscos e demais fatores que possam expor o trabalhador a sofrer qualquer tipo de acidente ou incidente é o objetivo geral da segurança do trabalho.

O setor da construção civil é reconhecido como uma poderosa fonte geradora de empregos, que agrega, inclusive, um perfil de profissionais com pouca qualificação e socialmente mais carentes, um setor econômico que cria empregos com um baixo custo (GODINHO, 2005).

Sampaio (1998) afirma que as ocorrências dos acidentes fatais que acontecem na indústria da construção são muitas vezes superiores às ocorrências de outros setores de atividade, devido ao fato de a indústria da construção ser a atividade que mais emprega trabalhadores no Brasil e porque as condições de execução das obras são ainda muito inseguras, aliando-se a isso o pouco treinamento e informação dado aos operários.

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“Segundo a Previdência Social, a construção civil é o segundo setor com o maior número de mortes por acidentes de trabalho, perdendo apenas para área de Transporte Rodoviário de Carga” (DOMINGOS et al., 2017, p. 103).

Segundo Lima Júnior, López-valcárcel e Dias (2005), o trabalho com edificações tem algumas peculiaridades como os altos índices de rotatividade de pessoal, a baixa qualificação profissional, o período de duração das obras e o porte da empresa.

De acordo com Costella (1999) é comum no trabalho na construção civil a existência de riscos e por conta disso, a prevenção de acidentes é uma tarefa com muitos desafios. As mudanças do time de trabalho que ocorrem em cada uma das fases do processo produtivo e a rotatividade de mão de obra que é característica do setor, sujeita para os trabalhadores um período curto de permanência em cada obra, esse é um dos fatores que podem explicar a ocorrência de tantos acidentes no setor. Outro fator é o uso intensivo da mão de obra, já que grande parte dos trabalhadores desenvolvem tarefas para as quais não são devidamente treinados.

Fatores como chuva, umidade, frio, vento, aliados com o cumprimento do cronograma da obra e a variedade dos riscos nas diferentes fases do processo, contribuem para o aumento do número de acidentes de trabalho no setor, pois dificultam um efetivo gerenciamento do ambiente de trabalho e a aplicação de medidas preventivas (LIMA JÚNIOR; LÓPEZ-VALCÁRCEL; DIAS, 2005).De acordo com Felix e Costa Neto (2018) todos os riscos que envolvem o processo construtivo, juntamente com o cronograma da obra, o pouco tempo entre a licitação e o início da obra, os fatores ambientas, e vários outros, geram consequências que vão além dos acidentes e doenças do trabalho, como também a baixa produtividade, retrabalho, desperdícios, comprometimento da qualidade e ainda demandas nos setores trabalhistas, previdenciário, civil e penal.

Uma característica da construção civil que favorece ainda mais para a ocorrência de acidentes é o perfil da sua mão de obra, o qual se caracteriza pela baixa qualificação profissional, a elevada rotatividade no setor, os baixos salários, e ainda carências sociais como, grau de escolaridade e o alcoolismo (LIMA JÚNIOR; LÓPEZ-VALCÁRCEL; DIAS, 2005).

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Essas características acabam expondo a saúde e a segurança do trabalhador, pois um funcionário que possui pouca qualificação profissional acaba em muitos casos, executando tarefas das quais não possui conhecimento técnico.

Outra característica que contribui para elevar os números de acidentes do trabalho é a inexperiência de trabalhadores novos no ambiente de trabalho (SAMPAIO, 1998). De acordo com Sampaio (1998, p. 172) “numerosos estudos sobre segurança mostram que os operários novos têm quase duas vezes mais probabilidades de sofrer acidentes do que os operários com mais experiência”. Em contrapartida, empresas que possuem orientação formal para os novos trabalhadores têm, em média, 25% menos acidentes se comparado a empresas que não possuem orientação formal (SAMPAIO, 1998). Seguramente, quando colocado um trabalhador que não possui experiência, em uma frente de trabalho, sem que este tenha um treinamento, as chances de que ocorra acidentes aumentam (SAMPAIO, 1998).

Segundo Godinho (2005) os acidentes acabam gerando custos que irão aumentar o custo para a atividade produtora, seja ela qual for. Através de uma adequada avaliação dos custos dos acidentes, a empresa pode perceber que, o gasto com um programa adequado de segurança não é apenas um custo financeiro, mas sim um instrumento que acaba favorecendo na produtividade.

Para Domingos et al. (2017, p. 101) “os acidentes de trabalho representam um grande custo para as empresas e toda a sociedade, aumentando a necessidade de controle dos riscos”.

Ainda há dificuldades para os empregadores em se adequar as normas regulamentadores, além de contribuir na criação e na manutenção de uma cultura de segurança e saúde nos canteiros de obras. Um fato justificando essa realidade é a visão errada que se tem hoje sobre o custo de investir em segurança do trabalho (LOPES et al., 2017).

As empresas, em função da necessidade de sobrevivência e pela alta concorrência, estão concentrando seus esforços no controle dos custos e em aumentar a sua produtividade, descuidando-se, em muitos casos, no controle dos riscos, o que acaba favorecendo a ocorrência de acidentes no ambiente de trabalho e consequentemente gerando prejuízos (DOMINGOS et al., 2017).

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O Anuário Brasileiro de Proteção (REVISTA PROTEÇÃO, 2019) contém os números médios de acidentes do trabalho registados no Brasil, nos últimos 48 anos, ou seja, desde 1970 até 2017, os quais estão apresentados no Gráfico 2.

Gráfico 2 - Número de trabalhadores e acidentes nos últimos 48 anos

Fonte: Adaptado de Revista Proteção (2019)

De acordo com os dados do Anuário Brasileiro de Proteção (REVISTA PROTEÇÃO, 2019), houve ao longo dos 48 anos um aumento significativo no número de trabalhadores no Brasil, mas diferentemente desse aumento da mão de obra, o número de acidentes do trabalho sofreu oscilações, diminuindo da década de 70 até a década de 90, sendo que neste último foi registrado o menor número médio de acidentes, após a década de 90, ou seja nos anos 2000 até 2017, o número médio de acidentes do trabalho acabou crescendo de 512.275 acidentes do trabalho nos anos 2000 até 2009 para 667.433 acidentes do trabalho nos anos de 2010 até 2017.

Essa diminuição nos números de acidentes a partir da década de 70 pode ser justificada pois no ano de 1978 foram criadas as Normas Regulamentadores (BRASIL ,1978) sendo assim, a partir daí começou-se a ter melhores condições de segurança nos ambientes de trabalho.

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Já o Gráfico 3 representa, nesse mesmo período de 48 anos, o número médio de óbitos registrados em função do número de acidentes pelo Anuário Brasileiro de Proteção (REVISTA PROTEÇÃO, 2019).

Gráfico 3 - Número de acidentes e óbitos nos últimos 48 anos

Fonte: Adaptado de Revista Proteção (2019)

De acordo com os dados do Gráfico 3, o número médio de óbitos registrados no Brasil em comparação com o número de acidentes sofre oscilações durante as décadas registradas, representando na década de 80 o período com o maior número de óbitos registrados de todos os anos, e nos anos de 2001 a 2017 o período com o menor número de óbitos registrados.

Quando analisados os dados dos acidentes de trabalho somente no setor da construção civil, os números de acidentes do trabalho sofrem variações ao longo dos anos, conforme o Gráfico 4.

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____________________________________________________________________ Gráfico 4 - Histórico de acidentes do trabalho no setor da construção

Fonte: Adaptado de Revista Proteção (2019)

Conforme os dados do Anuário Brasileiro de Proteção (REVISTA PROTEÇÃO, 2019) representados no Gráfico 4, o número de acidentes do trabalho no setor da construção sofreu um aumento nos três primeiros anos registrados, sendo que no ano de 2012 houve um pico nos números registrados, de 64.161 acidentes do trabalho. A partir de 2013, os números de acidentes passaram a diminuir chegando em 2017 com o número de 30.025 acidentes do trabalho registrados.

Quando analisados os dados específicos sobre acidentes típicos ocorridos no setor da construção civil, o Anuário Brasileiro de Proteção (REVISTA PROTEÇÃO, 2019) contém os dados históricos, apresentados no Gráfico 5.

Gráfico 5 - Quantidade de acidentes típicos no setor da construção

Fonte: Adaptado de Revista Proteção (2019)

Como pode ser observado no Gráfico 5, o número de acidentes típicos ocorridos no setor da construção, segue a mesma ordem que os dados do Gráfico 4,

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ou seja, nos três primeiros anos registrados, ocorreu um aumento do número de acidentes típicos, e no ano de 2012, como ocorreu o maior número de acidentes de trabalho registrados no setor, também ocorreu a maior quantidade de acidentes típicos, cerca de 41.748 acidentes. Nos anos posteriores, esse número foi regredindo até chegar em 2017 com cerca de 20.821 acidentes típicos registrados no setor da construção civil (REVISTA PROTEÇÃO, 2019).

Já os acidentes de trajetos registrados pelo Anuário Brasileiro de Proteção (REVISTA PROTEÇÃO, 2019) no mesmo período estão disponibilizados no Gráfico 6.

Gráfico 6 - Quantidade de acidentes de trajeto no setor da construção

Fonte: Adaptado de Revista Proteção (2019)

Diferentemente dos gráficos anteriores, nos quais havia um aumento dos números registrados nos três primeiros anos, e após uma diminuição dos números registrados, no Gráfico 6, que representa os números de acidentes de trajeto ocorrido no período de 8 anos, o pico dos acidentes ocorre no ano de 2014, com 7.486 acidentes de trajeto. Nos cinco primeiros anos o número de acidentes de trajeto foi crescente, e após 2014 ocorre uma diminuição dos números registrados.

2.3 BREVE HISTÓRICO SOBRE A NORMATIZAÇÃO

De acordo com Saliba (2004) existem poucos relatos até o início da Revolução Industrial sobre acidentes e doenças do trabalho, sendo que neste período o trabalho escravo e manual era predominante. A produtividade aumentou com o

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advento da máquina a vapor e o trabalhador passou a conviver com um ambiente agressivo no local de trabalho. Nesse contexto, doenças originadas do trabalho e os riscos de acidentes começaram a aparecer com rapidez.

“As primeiras leis de acidentes do trabalho surgiram na Alemanha, em 1884, estendendo-se logo a vários países da Europa, até chegar ao Brasil por meio do Decreto Legislativo n. 3.724, de 15 de janeiro de 1919” (SALIBA, 2004, p.17).

As leis trabalhistas cresceram desordenadamente e de forma independente, sendo que cada profissão possuía uma norma específica, o que prejudicava outras profissões que acabavam ficando de fora da proteção legal. Em função disso, o Governo resolveu compilar todos os textos legais em um só diploma, o qual foi denominado Consolidação, porém essa junção de textos legais foi além de uma simples compilação, pois acrescentou inovações, aproximando-se assim de um verdadeiro código. Outras leis ainda continham separadamente a matéria de previdência social e de acidentes do trabalho (NASCIMENTO; NASCIMENTO, 2014).

No dia 1º de maio de 1943 foi promulgada a Consolidação das Leis do Trabalho pelo Decreto-lei n. 5.452, o qual reunia as leis sobre o direito individual, o direito coletivo e o direito processual do trabalho (NASCIMENTO; NASCIMENTO, 2014).

E no ano de 1978, através da Portaria nº. 3.214 foram aprovadas as Normas Regulamentadoras (NR) do Capítulo V, Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho relativas à Segurança e Medicina do Trabalho (BRASIL, 1978).

Atualmente, tem-se 37 NR em vigor as quais são relativas à segurança e medicina do trabalho e são de cumprimento obrigatório por empresas tanto públicas como privadas, por órgãos públicos da administração direta e indireta e pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, os quais possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Aplicam-se as disposições contidas nas NR, no que couber, aos empregadores e seus empregados, tanto urbanos como rurais (BRASIL, 2019).

O cumprimento das NR não desobriga as empresas de outras efetivas disposições em relação à segurança e medicina do trabalho, sejam incluídas em códigos de obras ou regulamentos sanitários tanto dos estados como dos

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municípios, e outras, provenientes de convenções e acordos coletivos de trabalho (BRASIL, 2019).

“A criação das NR, foi um marco para a segurança do trabalho no Brasil. A partir daí, teve início um maior controle, e uma redução significativa nos índices de acidentes de trabalho em nosso país” (GRINGS, 2017, p.23).

2.4 NORMAS REGULAMENTADORAS PARA O SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL

A Portaria nº 3.214, de 08 junho de 1978, a qual aprovou as Normas Regulamentadoras, do Capítulo V, Título II da Consolidação das Leis do Trabalho, sobre Segurança e Medicina do Trabalho, contemplou a indústria da construção civil com a NR 18, que inicialmente teve a denominação de Obras de Construção, Demolição e Reparos. Em 1983 ocorreu a primeira modificação da NR 18, a qual deu uma maior abrangência na mesma e um conteúdo mais técnico e atualizado (LIMA JÚNIOR, 2015).

A Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho (SSST) deu início no dia 10 de junho de 1994 ao processo de revisão da NR 18, em função dos métodos de trabalho e do avanço da tecnologia e das relações de trabalho, essa revisão deu-se por meio de um Grupo Técnico de Trabalho. No dia 17 de novembro de 1994, publicou-se através da Portaria nº 17 a minuta do Projeto de Reformulação da NR 18, o qual estipulava um prazo até a data de 20 de dezembro do mesmo ano para receber sugestões e contribuições. E através da Portaria nº19 publicada na data de 20 de dezembro de 1994, o prazo foi prorrogado por mais noventa dias. Cerca de trezentas entidades, empresas e profissionais autônomos participaram enviando cerca de três mil sugestões, propostas e contribuições (LIMA JÚNIOR, 2015).

Foi submetida à Consultoria Jurídica do Ministério do Trabalho o texto aprovado na referida reunião, proveniente do consenso entre trabalhadores, empregadores e Governo. Posteriormente, em julho de 1995, foi publicada pela SSST a nova Norma Regulamentadora, NR 18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção (LIMA JÚNIOR, 2015).

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Outras alterações foram publicadas desde a publicação da norma, sendo que a última alteração ocorreu no ano de 2018, alterada pela Portaria nº 261/2018 (BRASIL, 2018).

Uma das mais importantes melhorias das condições de segurança e saúde do trabalhador, apresentadas na nova redação da NR 18, é a introdução do Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção (PCMAT) (GRINGS, 2017).

Mas conforme afirma Welter (2014), vários estudos realizados por diferentes autores demonstram que ainda ocorre nos canteiros de obras a dificuldade da devida aplicação da NR 18, apesar dos esforços realizados tanto pelo governo a as classes sindicais, como também especialistas na área de segurança e saúde no trabalho, as universidades e outras instituições de pesquisas. E entre essas dificuldades estão a não priorização por parte das empresas, de ações relacionadas à segurança e a falta de conhecimento do conteúdo da NR (WELTER, 2014).

Além da NR 18 que é específica para a construção civil, outras NR estão aliadas para a prevenção da saúde e da segurança do trabalhador na construção, como a NR 6 – Equipamentos de Proteção Individual – EPI, a qual considera EPI “todo o dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde do trabalhador” (BRASIL, 2018, p. 1). A norma ainda determina que a empresa é obrigada a fornecer aos seus empregados os EPI adequados aos riscos que o mesmo estará exposto, de forma gratuita e em perfeito estado de conservação e funcionamento, quando as medidas de ordem geral não oferecerem uma completa proteção para os trabalhadores dos riscos de acidentes ou das doenças profissionais e do trabalho, para atender alguma situação de emergência ou ainda enquanto houverem sendo implantadas as medidas de proteção coletivas (BRASIL, 2018).

A NR 04 – Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT), tem seu dimensionamento vinculado ao número de empregados total do empreendimento e ao grau de risco da atividade principal, tendo como objetivo no local de trabalho, proteger a integridade e promover a saúde dos trabalhadores (BRASIL, 2016).

Já a CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, estabelecida pela NR 05, objetiva a “prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de

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modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a prevenção da vida e a promoção da saúde do trabalhador” (BRASIL, 2011, p. 1). A CIPA possui atribuições como a identificação dos riscos que envolvem o processo de trabalho, elaboração de mapas de riscos e de um plano de trabalho que possibilite ações preventivas para solucionar problemas relacionados à saúde e segurança no trabalho, é responsável também pela divulgação de informações relativas à saúde e segurança aos trabalhadores do estabelecimento, por avaliar, através de cada reunião, o cumprimento de metas fixadas no plano de trabalho e por debater quando identificadas as situações de risco existentes, além de várias outras atribuições (BRASIL, 2011).

Outra norma que possui grande importância para a segurança e a saúde do trabalhador no setor da construção civil é a NR 35 – Trabalho em Altura, a qual considera que toda atividade executada acima de dois metros do nível inferior e que haja risco de queda é trabalho em altura. Esta norma determina as medidas de proteção e os requisitos mínimos para o trabalho em altura, envolvendo questões de planejamento, organização e execução, visando garantir a saúde e a segurança de todos os trabalhadores envolvidos com esta atividade, tanto de forma direta como indireta (BRASIL, 2016).

A NR 09 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, estabelece em sua redação que todos os empregadores e instituições que possuem trabalhadores como empregados, são obrigados a elaborar e implantar o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), o qual visa à preservação da integridade e da saúde dos trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento, avaliação e controle da ocorrência de riscos ambientais que existam ou venham a existir no ambiente de trabalho, considerando a prevenção dos recursos naturais e do meio ambiente (BRASIL, 2017). A norma NR 09 considera ainda, como riscos ambientais, agentes biológicos, físicos e químicos, que em função de sua natureza, intensidade, tempo de exposição e concentração, podem ser capazes de causar danos para a saúde dos trabalhadores no ambiente de trabalho. De acordo com Sampaio (1998) para a implantação das ações de melhorias das condições do ambiente de trabalho, é necessário que se conheça os riscos que são provocados por aquentes químicos, como por exemplo a poeira e os gases, os agentes físicos (ruído, temperaturas

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extrema, entre outras), e os agentes biológicos, como as bactérias, vírus, fungos, etc.

O PPRA faz parte do conjunto mais amplo de iniciativas no campo da prevenção da saúde e da integridade do trabalhador na empresa, devendo estar articulado com as demais NR, principalmente a NR 07 – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) (BRASIL, 2017). A NR 07 tem o objetivo de promover a preservação da saúde de todos os trabalhadores da empresa ou instituição, através do estabelecimento do PCMSO, o qual a empresa e instituição é obrigada a elaborar e implantar o programa (BRASIL, 2018).

A construção civil conta ainda com a NR 8 – Edificações, a qual “estabelece requisitos técnicos mínimos que devem ser observados nas edificações, para garantir segurança e conforto aos que nela trabalhem” (BRASIL, 2011, p. 1).

Além da NR 28 – Fiscalização e Penalidades (BRASIL, 2019), a qual aplica penalidades às infrações em relação à regulamentação e/ou aos preceitos legais que são relacionados à segurança e a saúde do trabalho (BRASIL, 2019). A NR 17 – Ergonomia (BRASIL, 2018) que estabelece “parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo conforto, segurança e desempenho eficiente” (BRASIL, 2018, p. 01).

2.4.1 NR 18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção

A NR 18 traz em seu contexto, determinações relacionadas à segurança e saúde do trabalhador no setor da construção civil.

Esta Norma Regulamentadora – NR estabelece diretrizes de ordem administrativa, de planejamento e de organização, que objetivam a implantação de medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na Indústria da Construção (BRASIL, 2018, p. 2).

A norma proíbe, no canteiro de obras, o ingresso ou a permanência de trabalhadores, que não estejam assegurados pelas medidas previstas pela mesma e compatíveis com cada uma das fases da obra (BRASIL, 2018). Estabelece ainda que:

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A observância do estabelecido nesta NR não desobriga os empregadores do cumprimento das disposições relativas às condições e meio ambiente de trabalho, determinadas na legislação federal, estadual e/ou municipal, e em outras estabelecidas em negociações coletivas de trabalho (BRASIL, 2018, p. 2).

Segundo a NR 18 (BRASIL, 2018) deve-se obrigatoriamente comunicar previamente à Delegacia Regional do Trabalho (DRT), com informação referentes à obra que será executada como, endereço da obra e do contratante, empregador ou condomínio, o tipo de obra, com as datas previstas do início e fim da obra e o número máximo de trabalhadores previstos para a obra. A norma ainda obriga a elaboração e o cumprimento do PCMAT o qual deve contemplar as exigências contidas na NR 9 - Programa de Prevenção e Riscos Ambientais, nos estabelecimentos com número de trabalhadores igual ou superior a 20 trabalhadores. O PCMAT deve ser elaborado por profissionais legalmente habilitados na área de segurança do trabalho, e sua implementação é de responsabilidade do empregador ou do condomínio.

Entre os documentos que integram o PCMAT estão um memorial que leva em consideração as doenças do trabalho e os riscos de acidentes com suas respectivas medidas preventivas; as especificações técnicas das proteções que serão utilizadas tanto coletivas como individuais; o projeto de execução, conforme cada etapa da obra, das proteções coletivas; o programa educativo sobre prevenção de acidentes e doenças do trabalho, com a carga horária; um cronograma de implantação, conforme cada etapa da obra, das medidas preventivas que foram definidas no PCMAT e o layout inicial e atualizado do canteiro de obras (BRASIL, 2018).

Para as áreas de vivência a NR 18 (BRASIL, 2018) determina que os canteiros de obras devem possuir instalações sanitárias; vestiário; local adequado para as refeições, tendo um equipamento adequado e seguro para aquecer o alimento, em um local exclusivo para isso; cozinha quando existir preparo de refeições; e quando houver trabalhadores alojados os canteiros de obras devem dispor de alojamento, lavanderia e área de lazer, a qual pode ser no local de refeições. Quando o canteiro de obras tiver um número de trabalhadores igual ou superior a 50, deve dispor também de um ambulatório. A norma permite que as áreas de vivência sejam em instalações móveis, desde que cumpram medidas estabelecidas pela mesma.

Para as instalações sanitárias, a norma regulamentadora determina que a cada 20 trabalhadores ou fração, deve existir no canteiro de obras um conjunto de vaso

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sanitário, lavatório e mictório, e para cada 10 trabalhadores ou fração, um chuveiro (BRASIL, 2018).

Segundo a norma, deve existir em todos os canteiros de obras um vestiário para os trabalhadores que não residirem no local, o qual deve ter sua localização próxima à entrada da obra e/ou o alojamento, não tendo ligação direta com o local de refeições (BRASIL, 2018).

Quando se trata de serviços de demolições, a NR 18 (BRASIL, 2018) estabelece que exista inspeção prévia e periodicamente das construções lindeiras, para a preservação da integridade e estabilidade física de terceiros. Ainda determina que o fornecimento de energia elétrica, água e qualquer outra linha de fornecimento sejam desligados, protegidos, isolados ou retirados.

Para os serviços de desmonte de rochas, escavações e fundações deve existir um responsável técnico legalmente habilitado. Quando as escavações forem realizadas em canteiros de obras ou vias públicas, deve existir em todo o seu perímetro uma barreira de isolamento e sinalização de advertência, noturna inclusive. Caso haja desmonte de rocha por detonação, deve, obrigatoriamente, existir um alarme sonoro (BRASIL, 2018).

A NR 18 (BRASIL, 2018) define para os serviços de carpintaria, que somente um trabalhador qualificado nos termos da própria norma regulamentadora, possa realizar as operações em máquinas e equipamentos para esta atividade.

A norma ainda conta com diretrizes para os serviços de amarrações de aço, estruturas de concreto e metálicas e para as operações de soldagem e corte a quente.

As diretrizes desta norma fixam a obrigatoriedade de instalação de rampas ou escadas provisórias de uso coletivo nos meios de circulação de trabalhadores para a transposição de níveis. Ainda determina que as rampas escadas e passarelas, cujo uso é coletivo para a circulação de pessoas e materiais, devem ser dotadas de corrimão e rodapé e ter sua construção sólida, e que deve ser feita por meio de escada ou rampa a transposição de pisos acima de 40 cm (BRASIL, 2018).

Para as medidas de proteção contra quedas de altura, NR 18 (BRASIL, 2018) estabelece a obrigatoriedade da instalação de uma proteção coletiva nos locais que houver riscos de projeção de matérias ou quedas de trabalhadores, devem ter fechamento provisório e resistente todas as aberturas nos pisos. Ainda fixa a

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obrigatoriedade de instalação em toda a periferia da edificação, a partir dos serviços para a concretagem da primeira laje, de uma proteção contra a projeção de matérias e a queda de trabalhadores. Para construções de edifícios com mais de 4 pavimentos ou altura similar, a norma estabelece algumas diretrizes específicas de medidas de proteção.

Quando se tratar de andaimes, a NR 18 determina que estes “devem ser dimensionados e construídos de modo a suportar, com segurança, as cargas de trabalho a que estão sujeitos” (BRASIL, 2018, p. 26). Ainda estabelece, entre várias outras medidas, que devem dispor em todo o perímetro, com exceção da face de trabalho, de um sistema de guarda-corpo e rodapé (BRASIL, 2018).

Os trabalhos a serem realizados em telhados e coberturas devem conter dispositivos que permitam a movimentação segura dos trabalhadores, os quais devem ser dimensionados por um profissional legalmente habilitado (BRASIL, 2018). A norma fixa a obrigatoriedade de “instalação de cabo guia ou cabo de segurança para fixação de mecanismo de ligação por talabarte acoplado ao cinto de segurança tipo paraquedista” (BRASIL, 2018, p. 37). Já para o cabo de segurança, a norma determina que, “deve ter sua(s) extremidade(s) fixada(s) à estrutura definitiva da edificação, por meio de espera(s) de ancoragem, suporte ou grampo(s) de fixação de aço inoxidável ou outro material de resistência, qualidade e durabilidade equivalente” (BRASIL, 2018, p. 37).

Para o armazenamento e estocagem de materiais a norma estabelece que:

Os materiais devem ser armazenados e estocados de modo a não prejudicar o trânsito de pessoas e de trabalhadores, a circulação de matérias, o acesso aos equipamentos de combate a incêndio, não obstruir portas ou saídas de emergência e não provocar empuxos ou sobrecargas nas paredes, lajes ou estruturas de sustentação, além do previsto em seu dimensionamento (BRASIL, 2018, p.43).

No que se refere à proteção contra incêndio, a normatização determina a obrigatoriedade de “adoção de medidas que atendam, de forma eficaz, às necessidades de prevenção e combate a incêndio para os diversos setores, atividades e equipamentos do canteiro de obras” (BRASIL, 2018, p.45). Estabelece ainda que deve existir um sistema de alarme para alertar a todos em caso de algum sinistro e que deve existir no canteiro de obras, equipes de operários treinadas para realizar o primeiro combate ao fogo (BRASIL, 2018).

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Com relação à sinalização de segurança, alguns dos seus objetivos dentro do canteiro de obras é de alertar sobre a obrigatoriedade da utilização dos EPI, identificar os acessos, equipamentos da obra e a circulação de veículos, identificar as saídas e alertar quanto ao risco de quedas (BRASIL, 2018).

A norma orienta também em relação ao treinamento dos trabalhadores, que visa garantir para os trabalhadores a execução de suas atividades de forma segura. Estes treinamentos devem ser admissionais, que devem ser ministrados no horário de trabalho, antes do início das suas atividades na empresa e periódicos (BRASIL, 2018).

Para garantir a segurança dos trabalhadores e de terceiros, é obrigatório a colocação de tapumes, com altura mínima de 2,20 m (dois metros e vinte centímetros) ou barreiras, o que evita que estranhos entrem no canteiro de obras (BRASIL, 2018).

2.4.2 Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção

Para Felix e Costa Neto (2018) a grande inovação relacionada à segurança e saúde no trabalho (SST) na indústria da construção que ocorreu na NR 18 após a sua reformulação foi o PCMAT, o qual, segundo o autor, permite dentro do canteiro de obras um efetivo gerenciamento do processo produtivo, do ambiente de trabalho e de orientações aos trabalhadores, sendo ideal que esse programa considere todo o ciclo de vida do empreendimento, e que sua concepção ocorra desde o planejamento e o projeto.

O PCMAT deve considerar na sua concepção e implementação, as condições climáticas como umidade, temperatura, chuva e velocidade dos ventos; e a altitude além de contemplar a legislação vigente e as convenções e recomendações da Organização Internacional do Trabalho (OIT) (FELIZ; COSTA NETO, 2018).

Para Saurin (2002, p. 2) “apesar de constituir a exigência central da norma, o PCMAT apresenta deficiências na sua concepção, além de muitas vezes ser implementado precariamente”.

Segundo Saurin (2002), a implementação do PCMAT é considerada, na maioria das vezes, pelos gerentes das empresas como atividade extra, pois o mesmo não é incluído às atividades que são de rotina na gestão da produção. Não

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ocorre o envolvimento de gerentes de produção, trabalhadores e subempreiteiros na elaboração do PCMAT, já que este é normalmente realizado por especialistas externos à empresa. Outro problema encontrado por Saurin (2002) é que o PCMAT normalmente negligencia as ações gerenciais necessárias, como por exemplo, a implementação de indicadores de desempenho proativos, para a obtenção de um ambiente de trabalho seguro, enfatizando somente as proteções físicas contra acidentes.

O PCMAT tem por objetivo, segundo Felix e Costa Neto (2018) garantir que as empresas do setor da construção desenvolvam um programa preventivo de acidentes e doenças do trabalho, no qual promova a inclusão entre segurança do trabalho, projeto e obra, tudo em conformidade com a NR 18.

Os princípios básicos de segurança para elaboração do PCMAT segundo Felix e Costa Neto (2018) são: evitar os riscos, tanto no projeto, através da previsão dos riscos e a eliminação dos mesmos mediante soluções adequadas durante a concepção; e na execução por meio de um planejamento de processos e métodos de trabalho e escolha de equipamentos e máquinas que resultem na ausência de riscos. Avaliar aqueles riscos que não podem ser evitados; combater os riscos na sua origem; adaptação do trabalho ao homem; organização do trabalho, o qual permitirá o isolamento e ou afastamento da fonte de risco, eliminação e ou redução ao tempo de exposição ao risco, redução do número de trabalhadores que são expostos ao risco, integração das várias medidas de prevenção e eliminação da sobreposição de tarefas incompatíveis.

2.5 COMUNICAÇÃO DE ACIDENTES DO TRABALHO

Segundo o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o documento que é emitido para reconhecer um acidente de trabalho, e neste se enquadra o acidente de trajeto bem como a doença ocupacional, é denominado Comunicação de Acidente de Trabalho (INSS, 2018).

Quando ocorrer um acidente fatal no local de trabalho, a NR 18 determina a obrigação da comunicação do acidente fatal imediatamente, para as autoridades policiais competentes e para o órgão regional do Ministério do Trabalho, o qual repassará ao sindicato da categoria do local da obra. O isolamento do local onde

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ocorreu o acidente deve ser realizado, visando manter as características até que ocorra a sua liberação (BRASIL, 2018).

É obrigatório que a empresa comunique à Previdência Social, todos os acidentes do trabalho, mesmo aqueles que não houve o afastamento do empregado de suas atividades, este comunicado deve ser realizado até o primeiro dia útil seguinte após ocorrido o acidente de trabalho. Caso o acidente resulte em morte, este deve ser comunicado imediatamente (BRASIL, 2018).

Se a empresa dentro do prazo legal, não informar sobre o acidente, estará sujeita à aplicação de multa. E caso a empresa não realizar o registro da CAT, o próprio trabalhador ou qualquer outra pessoa, poderá efetuar o registro da CAT junto à Previdência Social, mas isso não exclui a possibilidade de aplicação da multa para com a empresa (BRASIL, 2018).

Para Felix e Costa Neto (2018), quando acontecer um acidente de trabalho com grandes lesões, devem ser tomadas medidas como o acionamento do Corpo de Bombeiros, a comunicação à administração da obra e também comunicar o acidente ao SESMT. Quando se tratar de um acidente que resulte em óbito deve-se isolar a área do acidente, realizar a comunicação à administração da obra e ao SESMT além de comunicar o Departamento de Recursos Humanos.

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3 METODOLOGIA

A pesquisa tem como base a revisão da literatura, considerando bibliografias na área de engenharia de segurança do trabalho. Os assuntos abordados vão desde o conceito de acidente do trabalho até as condições de segurança nos canteiros de obra.

Além da bibliografia de autores da área, a pesquisa baseou-se em trabalhos acadêmicos que abordam o tema e nas normas regulamentadoras criadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego.

A Figura 1 representa como se procedeu o desenvolvimento da pesquisa.

Figura 1 - Desenvolvimento da pesquisa

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3.1 TÉCNICAS DE PESQUISA

Segundo Goldenberg “a pesquisa é a construção de conhecimento original, de acordo com certas exigências científicas. É um trabalho de produção de conhecimento sistemático, não meramente repetitivo, mas produtivo” (GOLDENBERG, 2004, p. 105).

A pesquisa pode ser considerada tanto qualitativa pois busca descrever as condições de segurança nos canteiros de obras e o perfil dos trabalhadores, como quantitativa, pois gera dados numéricos, relacionados a porcentagem de itens e respostas dos trabalhadores. Também pode ser considerado um estudo de caso, pois foram avaliadas as condições específicas de três obras. Para o autor citado anteriormente, “o estudo de caso reúne o maior número de informações detalhadas por meio de diferentes técnicas de pesquisa, com o objetivo de aprender a totalidade de uma situação e descrever a complexidade de um caso concreto” (GOLDENBERG, 2004, p.33). Pode ser considerada também, uma pesquisa teórica, pois a partir da bibliografia pretende-se adaptar uma lista de verificação desenvolvida por outros autores, para a aplicação nos canteiros de obras.

Serão realizadas visitas às três obras selecionadas e, nestas, serão preenchidas listas de verificação e aplicados questionários relacionados a aplicação da NR 18 em canteiros de obras no Município de Tucunduva.

3.1.1 Descrição do Município de Tucunduva

O município de Tucunduva, escolhido para a análise das condições de segurança nos canteiros de obra, possui uma área territorial de 181,198 km², e uma população estimada para 2019, pelo último censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística– IBGE de 5.678 pessoas (BRASIL, 2010).

De acordo com os dados do IBGE (BRASIL, 2017) em relação ao trabalho, a média salarial mensal dos trabalhadores formais de Tucunduva é de 2,1 salários mínimos. Tucunduva possui cerca de 7,40% das residências com esgotamento sanitário adequado (BRASIL, 2010).

O município de Tucunduva está localizado na Região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul e é limítrofe dos municípios de Novo Machado, Tuparendi, Horizontina, Doutor Maurício Cardoso, Três de Maio e Santa Rosa (BRASIL, 2017).

Referências

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