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ESTADO DO PARANÁ

T R I B U N A L D E J U S T I Ç A

1ª VICE-PRESIDÊNCIA

MEDIDA CAUTELAR INCIDENTAL

1.344.163-7/04.

REQUERENTES: ALFREDO KAEFER E CIA LTDA E OUTROS.

REQUERIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO

ESTADO DO PARANÁ.

1. Trata-se de Medida Cautelar Incidental, por meio da qual ALFREDO KAEFER E CIA LTDA E OUTROS, postulam a atribuição de efeito suspensivo aos Recursos Especial e Extraordinário interpostos em face do Acórdão proferido pela 17ª Câmara Cível que, por unanimidade de votos, manteve a decisão monocrática proferida pelo Eminente Desembargador Tito Campos de Paula.

O decisum restou assim ementado:

AGRAVO INOMINADO - RECUPERAÇÃO

JUDICIAL CONVOLADA EM FALÊNCIA -

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO OPOSTOS EM FACE DA SENTENÇA DE QUEBRA SEM INTERRUPÇÃO DE PRAZO - INCONFORMISMO - NÃO ACOLHIMENTO - NATUREZA DE PEDIDO DE RECONSIDERAÇÃO - INEXISTÊNCIA DE PREJUÍZO - MÉRITO DA QUESTÃO NÃO ACOLHIDA EM SEDE DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO QUE FOI OBJETO DE ANÁLISE EM OUTRO AGRAVO DE INSTRUMENTO OU QUE PODERÁ SER DEBATIDO QUANDO DO JULGAMENTO DOS INCIDENTES ABERTOS EM

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RELAÇÃO ÀS PARTES PARA AS QUAIS HOUVE A EXTENSÃO DOS EFEITOS DA FALÊNCIA - EMBARGOS DE DECLARAÇÃO QUE NÃO É O MEIO HÁBIL PARA A DISCUSSÃO PRETENDIDA

PELOS AGRAVANTES - DECISÃO

MONOCRÁTICA DO AGRAVO DE INSTRUMENTO QUE DEVE SER MANTIDA - PRECEDENTES - NEGADO PROVIMENTO AO RECURSO. (TJPR - 17ª C.Cível - A - 1344163-7/01 - Cascavel - Rel.: Tito Campos de Paula - Unânime - - J. 20.05.2015).

Irresignadas com o venerando acórdão, ALFREDO KAEFER E CIA LTDA E OUTROS opuseram embargos de declaração (fls. 484/491).

Os aclaratórios foram rejeitados, oportunidade em que se destacou a inexistência de omissão, contradição ou obscuridade (fls.493/495).

Encerrada a prestação jurisdicional no âmbito daquele órgão fracionário, as requerentes manejaram, então, Recursos Especial (fls. 497/515) e Extraordinário (fls. 530/549), bem como a presente Medida Cautelar.

Ao demonstrar os requisitos autorizadores do deferimento liminar da presente tutela acautelatória, afirmaram que “tanto a sentença de falência quanto o venerando acórdão violaram

a literalidade do art. 58 c/c art. 61, § 1º c/c e art. 73, IV da Lei n. 11.101/05” (fl. 25).

Argumentaram que o Ministério Público não detém legitimidade para requerer a convolação da recuperação

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judicial em falência, na medida em que o órgão ministerial não figura no rol dos legitimados do art. 97, da Lei 11.101/05 (fl. 07).

Sustentaram que o “venerando acórdão, que,

lamentavelmente, não viu que ‘ninguém deveria ser privado de seus bens sem o devido processo legal’ (...) e que, se fosse o caso, os efeitos da desconsideração da personalidade jurídica deveriam ficar restritos a ‘certas e determinadas relações de obrigações’ (CC, art. 50), e não todas (LFRJ, art. 83, I a VIII).

Ainda, afirmaram que “a sentença de falência

determinou ‘a instauração de incidentes para adequar o processamento do pedido do Ministério Público referente à extensão dos efeitos da falência e desconsideração da personalidade jurídica”,

o que violaria o princípio do contraditório.

Houve o aditamento da petição inicial às fls. 597/599, 619/621, 650/652 e fls. 657/659, oportunidade em que se ressaltou a ilegalidade da convolação em falência em relação às empresas RCK Comunicações Ltda., Dial – Distribuição, Abastecimento e Logística Ltda., Cizal Construções e Empreendimentos Ltda. e Interagro Indústria e Comércio Ltda.

É o relatório, em síntese. Passo a decidir.

2. Pois bem. Os recursos direcionados aos Tribunais Superiores não possuem, de regra, efeito suspensivo.

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Todavia, a jurisprudência tem admitido, em casos excepcionais, a concessão desse efeito em sede de tutela

acautelatória, desde que se verifique pronta e conjuntamente a

presença do periculum in mora e do fumus boni juris, além da comprovação da viabilidade do recurso a que se pretende a atribuição do efeito almejado, ou de manifesta teratologia na decisão objurgada.

Cumpre enfatizar que nesta via incidental, é inviável a reanálise do mérito do acórdão, pois à Vice-Presidência desta Corte, no exercício de suas atribuições regimentais, não cabe revisar as decisões dos órgãos jurisdicionais fracionários, eis que não funciona como instância recursal.

O que vem sendo admitido é a concessão de efeito suspensivo aos recursos direcionados às Cortes Superiores desde que se vislumbre a possibilidade de êxito e, na situação fática, restar evidenciado o risco da ineficácia de uma eventual reforma da decisão recorrida.

Em outras palavras, apesar de o juízo de admissibilidade ser realizado em momento oportuno, antes de se adentrar no mérito desta tutela acautelatória convém a realização de um prévio e perfunctório exame de viabilidade do recurso aviado pela parte.

Afinal, na verificação dos pressupostos da tutela cautelar, é de se ter em conta que o fumus boni iuris, imprescindível à concessão do pleito, está intimamente relacionado

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com a presença dos requisitos de admissibilidade do recurso especial e com a possibilidade de sucesso deste. Daí que, na Cautelar, convém se aprecie, ainda que superficialmente, os requisitos e o mérito do Especial (neste sentido, confira-se a MC nº 22.399/PE, julgada pelo Min. Sidnei Beneti, decisão monocrática publicada em 06/03/2014).

No caso em análise, em um exame perfunctório, os Recursos Especial e Extraordinário se afiguram adequados e tempestivos, na medida em que protocolados dentro do prazo recursal de 15 (quinze) dias1.

Quanto ao mérito, antes de se adentrar na análise dos pressupostos cautelares, uma breve digressão há de ser feita.

É que, muito embora o recurso associado à presente Medida Cautelar tenha sido interposto em face da decisão que deixou de acolher os embargos de declaração, a pretensão do requerente relaciona-se, em verdade, com o próprio decreto de falência, cujos efeitos já foram devidamente apreciados por ocasião da análise da MC nº 1.321.808-3/042.

Essa afirmação é corroborada pelo próprio pedido formulado à fl. 24, em que o peticionário pleiteia:

1 O acórdão que julgou os Embargos de Declaração foi publicado em 10/08/2015 e os recursos protocolizados em 25/08/2015.

2

Naquela oportunidade, esta 1ª Vice-Presidência entendeu por deferir parcialmente o efeito suspensivo, estendendo-o, inclusive, as demais empresas do denominado “Grupo Kaefer” (fls. 24/25).

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“Isto posto, respeitosamente requer seja deferida a liminar (...), a fim de emprestar efeito suspensivo tanto ao recurso especial (...) quanto ao recurso extraordinário (...) interpostos contra o venerando acórdão que manteve a extensão dos efeitos da falência contra os sócios e terceiros prejudicados, determinando que o requerido presta ‘caução suficiente e idônea’ (...), compreendendo os salários dos administradores, do contador, o

pro labore dos sócios, os juros dos ativos

financeiros e os alugueis dos bens móveis e imóveis dos últimos 12 meses bem como dos meses vincendos”.

Destarte, levando-se em consideração que o decreto falimentar já foi objeto de outra Medida Cautelar (há pouco mencionada) e de que, naquela oportunidade, houve a suspensão de alguns dos efeitos da sentença de falência (inclusive quanto às estendidas), não seria de todo desarrazoado reconhecer a perda de objeto desta tutela acautelatória.

Como, todavia, o ato judicial atacado nesta cautelar é distinto daquele outrora apreciado nesta Corte de Justiça (ao menos em tese) e, considerando, ainda, inexistir identidade entre as partes, por ora entendo como presente o interesse de agir das requerentes.

No mais, como a presente tutela acautelatória fora ajuizada ainda na vigência do Código de Processo Civil de 1973, os pressupostos acautelatórios e os requisitos de

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admissibilidade recursal devem ser examinados em consonância com a antiga legislação processual civil.

Nesse sentido, inclusive, é o Enunciado Administrativo nº 02, do Superior Tribunal de Justiça, segundo o qual, “aos recursos interpostos com fundamento no CPC/1973

(relativos a decisões publicadas até 17 de março de 2016) devem ser exigidos os requisitos de admissibilidade na forma nele prevista, com as interpretações dadas, até então, pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça”.

Feitas essas breves considerações, passo a examinar a presença dos requisitos desta tutela acautelatória.

I – Dos pressupostos acautelatórios

a) Do Recurso Especial

Dentre os fundamentos trazidos pelas requerentes, vislumbro a fumaça do bom direito em relação à alegada violação ao disposto nos artigos 535, incisos I e II, e 538, cabeça, ambos Código de Processo Civil de 1973.

Ao alegar violação aos referidos dispositivos legais, sustentaram que (fls. 08/09):

“No dia 21 de janeiro passado (CPC, art. 184, § 1º, I), diante das omissões e até das contradições que padeciam na sentença de falência, os terceiros prejudicados (CPC, art. 499) interpuseram embargos de declaração

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(CPC, art. 535, incisos I e II), ‘na primeira oportunidade em que lhes cabia falar nos autos’ (CPC, art. 267, § 3º).

E, como se sabe, ‘os embargos de declaração interrompem o prazo para a interposição de outros recursos, por qualquer das partes’ (CPC, art. 297).

(...)

Os embargos de declaração não foram apreciados.

E, subestimados como se fossem ‘atípico pedido de reconsideração’, lhes foi negado até mesmo ‘o efeito interruptivo’.

Por isso foi interposto agravo de instrumento (LFRJ. Art. 100), com pedido de efeito suspensivo (art. 527, III, c/c art. 558).

(...).

E, simplesmente, negou-lhe seguimento. O caso passou a ser de nulidade (CPC, art. 243, por denegação jurisdicional (CF. art. 5º, XXXIV, “a” e XXXV) e carência de fundamentação (CF, art. 93, IX), o que é muito grave”.

Ainda que o Órgão Colegiado tenha ratificado o procedimento adotado no primeiro grau de jurisdição, argumentando, para tanto, que “embora a jurisprudência já admita a interrupção do

prazo pelos embargos mesmo quando eles são protelatórios, essa interrupção não se admite quando eles se tratam de verdadeiro pedido de reconsideração, como no caso dos autos”, a concessão

desta tutela é medida que se faz necessária.

Sobre essa questão, veja-se que a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça, em recente decisão (divulgada, inclusive, junto ao informativo nº 575), reconheceu que o recebimento de Embargos de Declaração como pedido de

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reconsideração configura violação ao artigo 538, do Código de Processo Civil de 1973.

Transcrevo a ementa do referido julgado:

RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL.

RECEBIMENTO DE EMBARGOS DE

DECLARAÇÃO COM PEDIDO DE EFEITO MODIFICATIVO COMO MERO PEDIDO DE RECONSIDERAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. VIOLAÇÃO AO ART. 538 DO CPC.

RECURSO PROVIDO.

1. Configura violação ao art. 538 do CPC o recebimento de embargos de declaração como mero "pedido de reconsideração", ainda que contenham nítido pedido de efeitos infringentes.

2. Tal descabida mutação: a) não atende a nenhuma previsão legal, tampouco aos requisitos de aplicação do princípio da fungibilidade recursal; b) traz surpresa e insegurança jurídica ao jurisdicionado, pois, apesar de interposto tempestivamente o recurso cabível, ficará à mercê da subjetividade do magistrado; c) acarreta ao embargante grave sanção sem respaldo legal, qual seja a não interrupção de prazo para posteriores recursos, aniquilando o direito da parte embargante, o que supera a penalidade objetiva positivada no art.

538, parágrafo único, do CPC.

3. A única hipótese de os embargos de declaração, mesmo contendo pedido de efeitos modificativos, não interromperem o prazo para posteriores recursos é a de intempestividade, que conduz ao não conhecimento do recurso. 4. Assim como inexiste respaldo legal para se acolher pedido de reconsideração como embargos de declaração, tampouco há arrimo legal para se receber os aclaratórios como pedido de reconsideração. Não se pode

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transformar um recurso taxativamente previsto no art. 535 do CPC em uma figura atípica, "pedido de reconsideração", que não possui previsão legal ou regimental.

5. Recurso especial provido.

(REsp 1522347/ES, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, CORTE ESPECIAL, julgado em 16/09/2015, DJe 16/12/2015, destaquei)

Em razão disso, diante da verossimilhança da tese ventilada pelas requerentes, bem como do perigo da demora existente na não atribuição do almejado efeito suspensivo3, de rigor a concessão desta tutela acautelatória em limites abaixo especificados.

b) Do Recurso Extraordinário

Da mesma forma, também em relação ao Recurso Extraordinário o efeito suspensivo há de ser deferido, nos moldes a seguir descritos.

A afirmação de que “ninguém deveria ser

privado de seus bens sem o devido processo legal” (art. 5º, LIV”,

encontra guarida na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, que assim já se manifestou:

“(...) A Constituição da República estabelece, em seu art. 5º, incisos LIV e LV, considerada a essencialidade da garantia constitucional da plenitude de defesa e do contraditório, que ninguém pode ser privado de sua liberdade, de seus bens ou de seus direitos sem o

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devido processo legal, notadamente naqueles casos em que se viabilize a possibilidade de imposição, a determinada pessoa ou entidade, seja ela pública ou privada, de medidas consubstanciadoras de limitação de direitos. - A jurisprudência dos Tribunais, especialmente a do Supremo Tribunal Federal, tem reafirmado o caráter fundamental do princípio da plenitude de defesa, nele reconhecendo uma insuprimível garantia que, instituída em favor de qualquer pessoa ou entidade, rege e condiciona o exercício, pelo Poder Público, de sua atividade, ainda que em sede materialmente administrativa ou no âmbito político-administrativo, sob pena de nulidade da própria medida restritiva de direitos, revestida, ou não, de caráter punitivo. Doutrina. Precedentes”. (ACO 1889 MC-REF, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, julgado em 15/12/2011, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-148 DIVULG 31-07-2014 PUBLIC 01-08-2014).

II – Da mitigação do efeito suspensivo

Todavia, tal como já destacado na Medida Cautelar Incidental nº 1.321.808-3/04, a prudência recomenda que o efeito suspensivo aqui deferido seja mitigado, a fim de se evitar a integral paralisação do processo falimentar.

Afinal, em relação ao Recurso Especial, não há como deixar de se destacar a existência de precedentes contrários àquele colacionado em linhas anteriores.

Apenas para ilustrar tal assertiva, confira-se o seguinte julgado da Corte Superior:

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“(...)1. ‘Os embargos de declaração, ainda que rejeitados, interrompem o prazo recursal. Todavia, se, na verdade, tratar-se de

verdadeiro pedido de reconsideração,

mascarado sob o rótulo dos aclaratórios,

não há que se cogitar da referida

interrupção. Precedentes (REsp

1.214.060/GO, Rel. Min. MAURO CAMPBELL, Segunda Turma, DJe de 28/9/10)’. (AgRg no AREsp 560.091/RS, Rel. Ministro MOURA RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, julgado em 14/04/2015, DJe 28/04/2015).

A mesma afirmação deve ser estendida ao Recurso Extraordinário.

Registre-se que, não obstante os argumentos ventilados em sede recursal, diversos precedentes no Supremo Tribunal Federal seguem no sentido de que “os princípios da ampla

defesa, do contraditório, do devido processo legal e dos limites da coisa julgada, quando debatidos sob a ótica infraconstitucional, revelam uma violação reflexa e oblíqua da Constituição Federal, decorrente da necessidade de análise de malferimento de dispositivo infraconstitucional, o que torna inadmissível o recurso extraordinário”

(ARE 723458 AgR, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em 18/11/2014, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-240 DIVULG 05-12-2014 PUBLIC 09-12-2014).

Destarte, como não há a possibilidade de se prever qual será o posicionamento adotado pelos Tribunais Superiores e, tendo em vista o grande lapso temporal a ser

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percorrido até o julgamento do feito, por ora mostra-se prudente deferir o efeito suspensivo apenas e tão somente para se evitar a realização do ativo, obstando a prática de quaisquer condutas que impliquem na:

I – alienação das empresas, com a venda de seus estabelecimentos em bloco;

II – alienação das empresas, com a venda de

suas filiais ou unidades produtivas

isoladamente;

III – alienação em bloco dos bens que integram cada um dos estabelecimentos do devedor;

IV – alienação dos bens individualmente considerados.

Ressalto, por oportuno, que todos os demais efeitos da sentença de falência deverão ser mantidos, inclusive no que concerne ao afastamento dos devedores da gestão das falidas.

3. Quanto ao processamento deste feito, sabido é que inexiste4 previsão processual específica que

4 O novo Código de Processo Civil, em período atual de vacatio legis, prevê a

concessão de efeito suspensivo a Recursos Especial e Extraordinário, nos seguintes termos:

Art. 1.029. O recurso extraordinário e o recurso especial, nos casos previstos na Constituição Federal, serão interpostos perante o presidente ou o vice-presidente do tribunal recorrido, em petições distintas que conterão:

(...)

§ 5o O pedido de concessão de efeito suspensivo a recurso extraordinário ou a recurso especial poderá ser formulado por requerimento dirigido:

I - ao tribunal superior respectivo, no período compreendido entre a interposição do recurso e sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento para julgá-lo;

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regulamente a medida cautelar onde a parte autora visa o empréstimo ao seu recurso de efeito que suspenda a execução provisória do julgado proferido em seu desfavor. A respeito disso, é interessante colacionar o escólio do jurista Araken de ASSIS:

"Em razão da ausência de norma genérica, a concessão de efeito suspensivo ao recurso especial encaminha-se por intermédio da etiqueta cautelar. A verdadeira natureza da providência, contrariando a communis opinio, revela-se na forma do respectivo processamento. Trata-se de simples pedido formulado à autoridade competente. Distribuído com o rótulo formal de 'medida cautelar', todavia, esgota-se no deferimento ou no indeferimento da medida, não exigindo ulterior processamento de acordo com o rito próprio (art. 812). Em realidade, cuida-se de medida urgente de índole satisfativa (retro, 85.2.3), e não de autêntica cautelar. A 3.ª Turma do STJ apreendeu a verdadeira natureza da medida: 'O pedido de efeito suspensivo ao recurso especial não possui natureza jurídica própria de ação cautelar autônoma, tratando-se de incidente que se exaure com o acolhimento ou rejeição do pedido (sujeito a recurso), dispensando a necessidade de citação e, em consequência, de condenação honorária.' Explicitamente, a 1.ª Turma do STJ proclamou que a medida não exibe natureza de ação cautelar autônoma.

O julgado esclarece os problemas respeitantes à tramitação do pedido de outorga de efeitos suspensivo. Não processamento

III - ao presidente ou vice-presidente do tribunal local, no caso de o recurso ter sido sobrestado, nos termos do art. 1.037.

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autônomo. A citação do recorrido é desnecessária. (...)"5

Nessa linha é o entendimento do Colendo Superior Tribunal de Justiça:

MEDIDA CAUTELAR. ATRIBUIÇÃO DE

EFEITO SUSPENSIVO A RECURSO

ESPECIAL. INDEFERIMENTO. CITAÇÃO DA PARTE CONTRÁRIA. A medida cautelar que visa atribuir efeito suspensivo a recurso especial se exaure com o deferimento, ou não, do pedido, sem margem para a citação da contraparte. Agravo regimental desprovido. (AgRg na MC 19.410/MT, Rel. Ministro ARI PARGENDLER, PRIMEIRA TURMA, julgado em 03/09/2013, DJe 10/09/2013)"

No mesmo sentido é o posicionamento do Excelso Pretório, todavia quando defronte de tutela acautelatória requerida ao Recurso Extraordinário:

"Ementa: PROCESSUAL CIVIL. EFEITO

SUSPENSIVO. RECURSO

EXTRAORDINÁRIO. EFICÁCIA NO TEMPO.

AGRAVO REGIMENTAL. MERO

ARQUIVAMENTO DOS AUTOS APÓS O

REFERENDO DA MEDIDA LIMINAR.

PREJUÍZO DA “AÇÃO CAUTELAR”.

PERSISTÊNCIA DA MEDIDA DE URGÊNCIA. FALTA DE INTERESSE JURÍDICO. A medida liminar concedida para atribuir tutela de urgência ao recurso extraordinário deve ser mantida segundo as condições ou os termos declinados no respectivo dispositivo. A manutenção da liminar poderá ser reavaliada antes da satisfação de sua condição ou de seu

5 ASSIS, Araken de. Manual dos Recursos. 5. ed., rev. e atual. São Paulo: RT,

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termo, por provocação das partes ou por dever de ofício, se houver modificação do quadro fático-jurídico que justifique a nova decisão. Em ambos os casos, a medida liminar continuará a projetar seus efeitos, e a respectiva revisão será possível, independentemente do arquivamento dos autos rotulados de

“ação cautelar”. Nos termos da

jurisprudência desta Suprema Corte, a concessão de efeito suspensivo ou de outro tipo de tutela de urgência ao recurso extraordinário é medida que se exaure em si mesma, não demandando citação, nem contestação. Como os efeitos da medida liminar restaram incólumes ao arquivamento dos autos, não há interesse jurídico a amparar o pedido feito no agravo regimental. Agravo regimental ao qual se nega provimento." (AC 2318 AgR, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado em 14/02/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-047 DIVULG 06-03-2012 PUBLIC 07-03-2012).

Portanto, doravante esta 1ª Vice-Presidência passará a analisar os pedidos acautelatórios em petição instruída pela parte interessada e, independente do resultado manifestado no provimento jurisdicional, tão somente intimará a parte adversa, para fins de ciência. Não haverá mais formação de contraditório e caberá à parte que se sentir prejudicada com a decisão manejar contracautela endereçada perante a Corte Superior a que estão endereçados os apelos (Especial ou Extraordinário).

No caso em apreço, tendo em vista que o efeito suspensivo está parcialmente deferido, conforme fundamentação acima, caberá ao requerido (ou mesmo as próprias requerentes, caso pretendam buscar a integral concessão desta tutela acautelatória) pleitear perante o Superior Tribunal de Justiça

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ou Supremo Tribunal Federal, dado o caráter satisfativo da medida. A jurisprudência daquele Sodalício assim já se assentou:

"PROCESSUAL CIVIL. MEDIDA CAUTELAR. ATRIBUIÇÃO DE EFEITO SUSPENSIVO A RECURSO ESPECIAL PENDENTE DO JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE. DECISÃO DA VICE-PRESIDÊNCIA DO TRIBUNAL DE ORIGEM.

REVOGAÇÃO. 1. A medida cautelar

proposta no STJ é via processual apta a permitir o controle de decisão do Tribunal de origem que confere efeito suspensivo a recurso especial. 2. "Nas hipóteses em que

a parte pretende reverter o efeito

suspensivo concedido, pelo Tribunal de origem, a recurso especial da parte adversa, os requisitos da aparência do direito e do perigo de demora assumem função inversa: a cautelar somente não será deferida caso tais requisitos sustentem a pretensão manifestada pela parte contrária, perante o

Tribunal de origem, justificando a

concessão do efeito suspensivo.

Inexistentes razões excepcionais, o recurso

especial deve tramitar com efeito

meramente devolutivo" (AgRg na MC n. 15.889). 3. Agravo regimental desprovido." (AgRg na MC 21.953/MT, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, TERCEIRA TURMA, julgado em 06/02/2014, DJe 14/02/2014)

Há também precedente na Corte Constitucional, a título de reforço de fundamentação:

"EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM

AÇÃO CAUTELAR. RECURSO

EXTRAORDINÁRIO A QUE SE DEU EFEITO SUSPENSIVO NA ORIGEM. PEDIDO DE CONTRACAUTELA PARA QUE SE PERMITA

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A OPERAÇÃO DE PROLONGAMENTO DE LINHA DE TRANSPORTE INTERESTADUAL

DE PASSAGEIROS. ART. 175 DA

CONSTITUIÇÃO FEDERAL. Decisão agravada que negou seguimento à ação cautelar, ao entendimento de que o Tribunal de origem não usurpou a competência do Supremo Tribunal Federal, ante as Súmulas 634 e 635. De toda forma, ainda que se considere inaugurada a jurisdição cautelar desta egrégia Corte, a decisão recorrida extraordinariamente está em sintonia com a jurisprudência da Casa, no sentido de que a exploração de transporte coletivo de passageiros há de ser precedida de processo licitatório. Precedentes: Recursos Extraordinários nºs 140.989, 214.383, 264.621 e 412.978. Agravo regimental a que se nega provimento." (AC 1066 AgR, Relator(a): Min. CARLOS BRITTO, Primeira Turma, julgado em 15/05/2007, DJe-112 DIVULG 27-09-2007 PUBLIC 28-09-2007 DJ 28-09-2007 PP-00029 EMENT VOL-02291-01 PP-00013)

Também não mais se submeterá o petitório ao crivo do Órgão Especial, notadamente porque cabe exclusivamente ao 1º Vice-Presidente a atribuição institucional que se refere ao juízo de admissibilidade dos recursos endereçados às Cortes Superiores:

Art. 15. Ao 1º Vice-Presidente incumbe substituir o Presidente nas férias, licenças, ausências e impedimentos eventuais.

(...)

III. processar e exercer juízo de admissibilidade de recursos para as instâncias superiores e decidir questões sobre eles incidentes, inclusive suspensão do trâmite de recursos repetitivos e medidas cautelares;

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II – Da petição nº 0043391/2016

Em relação ao contido na petição protocolizada sob nº 0043391/2016, entendo que o peticionário não se valeu da melhor técnica processual ao noticiar nestes autos (Medida Cautelar nº 1.344.163-7/04) o descumprimento da decisão proferida quando da análise de outra Medida Cautelar (nº 1.321.808-3/03).

Em outras palavras, o peticionamento em autos estranhos ao provimento jurisdicional cuja eficácia estaria, em tese, sendo restringida, afigura-se como medida desarrazoada.

Afinal, a simples notícia do descumprimento (em tese) da decisão proferida em sede cautelar, não teria o condão de, por si só, autorizar a adoção de quaisquer medidas por esta 1ª Vice-Presidência, nem tampouco de justificar a concessão de outra tutela acautelatória em favor das requerentes.

A uma, porque o ordenamento pátrio expressamente prevê recurso para preservar a competência e autoridade das decisões emanadas por esta Corte (incluindo-se aqui aquelas proferidas em sede cautelar).

Nesse sentido, inclusive, dispõe o artigo 349, do Regimento Interno deste Tribunal:

“Art. 349. Para preservar a competência do Tribunal ou garantir a autoridade de suas decisões, caberá reclamação da parte interessada ou do Ministério Público”.

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E, a duas, porque, em se tratando de alegação unilateral, necessário seria a prévia ouvida da Administradora Judicial, em observância ao princípio do contraditório.

Levando-se em consideração, porém, que tal diligência é inviável em sede acautelatória, a análise de tal questão deverá ser feita pela visa processual adequada.

Destarte, seja em razão da necessidade de se prestigiar a lógica do sistema recursal (inadequação da via eleita pelo peticionário), seja pelo fato de sequer ter se oportunizado à Administradora Judicial o exercício do contraditório, por ora infere-se não ser possível a recondução dos falidos na gestão dos negócios.

4. Assim, diante do exposto, com fundamento no artigo 15, § 3º, inciso III do Regimento Interno do Regimento Interno do Tribunal de Justiça do Paraná, defiro parcialmente o pedido, para o fim de atribuir efeito suspensivo ao Acórdão nº 1.344.163-7, apenas e tão somente para se evitar a realização do ativo, obstando a prática de quaisquer condutas que impliquem na: a) alienação das empresas, com venda de seus estabelecimentos em bloco; b) alienação das empresas, com a venda de suas filiais ou unidades produtivas isoladamente; c) alienação em bloco dos bens que integram cada um dos estabelecimentos do devedor; e d) alienação dos bens individualmente considerados.

No mais, todos os demais efeitos da sentença de falência devem ser mantidos.

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5. Intimem-se.

6. Traslade-se cópia desta decisão para os autos principais e comunique, imediatamente, o Juízo de Origem.

7. Oportunamente, após o esvaimento dos prazos afetos aos meios de impugnação desta decisão (tão somente os embargos de declaração), apense-se o caderno processual aos autos principais de Agravo de Instrumento nº 1.344.163-7.

Curitiba, 2 de maio de 2016.

Assinado digitalmente

DES. RENATO BRAGA BETTEGA 1º Vice-Presidente

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