• Nenhum resultado encontrado

ALTERNATIVAS POPULARES À MEDICINA OFICIAL: ASSISTÊNCIA À SAÚDE E RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2020

Share "ALTERNATIVAS POPULARES À MEDICINA OFICIAL: ASSISTÊNCIA À SAÚDE E RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA"

Copied!
11
0
0

Texto

(1)

ALTERNATIVAS POPULARES

À MEDICINA OFICIAL:

ASSISTÊNCIA À SAÚDE

E RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA*

MONICA PINCHEMEL NASCIMENTO**,

PAULO CEZAR BORGES MARTINS***

Resumo: entre tantos outros atos baixados por Dom João VI, ao ensejo de sua vinda à frente

da família real para esta sua colônia americana, no ano de 1808, resolveu o monarca portu-guês criar a Escola de Cirurgia da Bahia, na cidade do Salvador, primeiro curso de medicina em território brasileiro. Durante, portanto, longos 300 anos, a busca por assistência à saúde, diante da inexistência de profissionais com formação científica, levava a população necessi-tada a buscar serviços assistenciais então dispensados seja por benzedeiras, seja por raizeiros e curandeiros, seja por religiosos, nos locais de cultos de matriz africana.

Palavras-chave: Alternativas sociais. Medicina. Religiões.

* Recebido em: 17.10.2019. Aceito em: 05.12.2019.

** Psicóloga, Formação em Gestalt-terapia, professora da Universidade do Estado da Bahia - UNEB, Curso de Pedagogia, Valença. E-mail: mpinchemel@uneb.br

*** Doutor em Sociologia, Mestre em Ciência Política, professor-adjunto da Universidade do Estado da Bahia- UNEB, Curso de Direito, Valença. E-mail: profpaulocezar@gmail.com

DOI 10.18224/frag.v29i4.7778

DOSSIÊ

E

ntre tantos outros atos baixados por Dom João VI, ao ensejo de sua vinda à frente da fa-mília real para esta sua colônia americana, no ano de 1808, resolveu o monarca português criar a Escola de Cirurgia da Bahia, na cidade do Salvador, primeiro curso de medicina em território brasileiro. Durante, portanto, longos 300 anos, a busca por assistência à saúde, diante da inexistência de profissionais com formação científica, levava a população necessitada a buscar ser-viços assistenciais então dispensados seja por benzedeiras, seja por raizeiros e curandeiros, seja por religiosos, nos locais de cultos de matriz africana. Na cidade do Rio de Janeiro, ainda no mesmo século, existia, em cada bairro da cidade, um cirurgião africano, geralmente com seu consultório situado na entrada de uma venda; os clientes não pagavam pelas consultas, mas, sim, pelos medi-camentos receitados, que ele mesmo preparava, não raro envolvendo uma formulação complicada. Convém registrar o lugar central que sempre têm ocupado os vegetais nas práticas religiosas da matriz africana, sendo imprescindíveis nas liturgias, paralelamente ao seu largo emprego

(2)

medici-nal, alternativamente à medicina oficial. No passado, os terreiros contavam com a presença de um sacerdote de Ossain, orixá ligado às plantas, o babalosanyin, cujos conhecimentos foram apropria-dos pelas mães e pais-de-santo. Mais tarde, com o incremento da demanda de mercado por ervas, esses religiosos foram sedes ligando de suas casas, para participarem ativamente desse novo ramo comercial (BARROS; NAPOLEÃO, 2015, p. 19-20). O que não se pode fazer é reduzir a arte do olossaim ao conhecimento de curandeiros e ervanários, sejam brancos, sejam caboclos, na medida em que aquele é detentor de um carisma, para além do conhecimento terapêutico ou fitoterapia, como se diz nos dias correntes.

Somente ele introduz imediatamente a planta num sistema classificatório e de correspon-dências: entre uma divindade e uma parte do corpo humano, entre esta parte do corpo humano e a planta salvadora, finalmente entre esta planta e seu orixá correspondente. De tal modo que se fecha o círculo (BASTIDE, 2001, p. 152).

Ainda hoje, passados mais de 200 anos da chegada do rei Bragança ao Brasil, a indisponibi-lidade de serviços de saúde continua a afligir o povo brasileiro, haja vista o impacto negativo que se abateu sobre a população depois da súbita destruição do programa federal Mais Médicos, res-ponsável pela vinda de cerca de 10.000 médicos cubanos para o país, fruto de mais uma desastrada decisão do governo central, que decidiu expulsá-los, sem que profissionais brasileiros se dispusessem a assumir os claros por eles deixados. Por outro lado, como se isso não bastasse, o ministério da saúde anuncia sua intenção de reverter a política de saúde mental vigente, propondo a reabertura do sistema de internamento manicomial, ressuscitando, por incrível que pareça, o tratamento de eletrochoque, ao lado do fechamento dos Centros de Atenção Psicossocial- CAPS (VELLEDA, 2018). Um outro ponto importante demandando atenção diz respeito à instrumentalização do acesso a esses serviços como moeda, acionando uma estratégia de manipulação das pessoas deles necessitadas, no contexto de troca de favores.

Caso exemplar foi registrado em pesquisa que traçou o diagnóstico do setor pesqueiro artesanal no Estado do Espírito Santo (MARTINS, 1984), onde as Colônias de Pescadores desempenhavam ativo papel na prestação de serviços médicos a seus associados, exatamente com o propósito de evitar que estes não se sentissem obrigados a entregar aos intermediários da compra de pescado sua produção recebendo preços vis, simplesmente por que tais comerciantes, astuciosamente, com vistas ao estabelecimento desse vínculo de dependência, levavam-nos e/ou suas famílias para o recebimento de serviços de saúde nos municípios mais próximos das respectivas residências.

Da deficiência constatada no que toca às necessidades desse pequeno segmento do povo traba-lhador que não contrasta, lastimavelmente, com a lacuna existente no elenco total de serviços assis-tenciais, e não apenas na área médico-hospitalar, todos basicamente a cargo dos municípios, decorrem consequências que agravam sobremaneira as penosas condições de existência dos excluídos pelo sistema.

Muitas prefeituras têm o desplante de investir seus recursos de saúde somente na compra de ambulâncias, com o propósito de remover seus munícipes enfermos para localidades providas de hospitais e ambulatórios, sobrecarregando, com esse acréscimo de pacientes, o pessoal médico e de apoio, instalações, equipamentos e insumos dos municípios que assim se veem obrigados a prestar esses atendimentos extraordinários, que não podem ser recusados, quer pelo aspecto humanitário em causa, quer por tratar-se, sob a ótica do Direito Administrativo, de um Sistema Único de Saúde.

É clara hipótese de parasitismo, vez que não existe compensação. Para atalhar essa prática desonesta, uma solução justa seria a constituição de consórcios municipais, alimentados por cotas

(3)

pagas pelos Municípios de emissores dos pacientes ao acolhedor. Como isso não ocorre, a regra tem sido instalações insuficientes e descuidadas, ausência de profissionais médicos e de apoio, falta de medicamentos, superlotação dos leitos existentes, equipamentos quebrados, entre outras, são algumas das mazelas com que se defrontam os brasileiros mais pobres, cujo suprimento depende de maior protagonismo do Estado para minorar-lhes as agruras.

Em Brasília-DF, a rede hospitalar pública é usualmente pressionada pela vinda de ambulân-cias conduzindo enfermos moradores não apenas no entorno goiano imediato, mas também muitos outros mais distantes, procedentes de Minas Gerais e até do Oeste da Bahia. Igualmente Vitória da Conquista é ponto para onde confluem expressivos números de clientes forasteiros, cujo itinerário tem origem em diversas comunas do Sudoeste da Bahia, bem como em Minas Gerais. Ainda a respeito deste último município, importante trazer à colação estudo feito sobre a problemática de distribuição de medicamentos pelo SUS (ANDRADE, 2016), a partir de ações judiciais propostas por beneficiários daquele sistema contra Vitória da Conquista, tendo sido verificado que, em inú-meros processos, figurou como autor cidadão não residente neste Município, o que não impediu, todavia, que os magistrados tivessem julgado procedentes as demandas ajuizadas. Igualmente nessa questão, fica posto em evidência, mais uma vez, o abandono a que foi relegado o estrato mais pobre da população, como resultado de políticas públicas aplicadas sem critérios.

Em pouco mais de 500 anos de história, o Brasil ainda está muito longe de proporcionar serviços de qualidade à maioria de seu povo na saúde, e também na educação, pelos reflexos que daí poderão advir em termos de ascensão social dos segmentos subalternizados, modificando um modelo de estratificação extremamente hierarquizado e perverso. Todos os governos que tentaram alterá-lo caíram vítimas de grave crise de legitimidade, que se irradiou pela sociedade a partir dos formadores de opinião da chamada classe média, conforme observou o professor Jessé Souza:

Quando as classes médias indignadas saíram às ruas a partir de junho de 2013, não foi, certamente, pela corrupção do PT, já que os revoltados ficaram em casa quando a corrupção dos outros partidos veio à tona. Por que a corrupção do PT provocou tanto ódio e a corrupção de outros partidos é encarada com tanta naturalidade? É que o ódio ao PT, na realidade, foi o ódio devotado ao único partido que diminuiu as distâncias sociais entre as classes no Brasil moderno. A corrupção foi mero pretexto. Não houve, portanto, nos últimos 150 anos, um efetivo aprendizado social e moral em direção a uma sociedade inclusiva entre nós (SOUZA, 2017, p. 67).

Prosseguindo, inarredáveis as conclusões que fluem da análise da oferta de saúde que, assim como a de educação, vem seguindo, no Brasil, um modelo dual, compatível com o desenho da distribuição das pessoas em classes sociais: mercado de serviços de primeiro mundo, obviamente para quem pode pagar por eles, uma minoria formada por rentistas, proprietários dos meios de pro-dução, profissionais a serviço do grande capital ou ocupando cargos de altíssimo escalão no Estado, notadamente no Legislativo e no Judiciário; e serviços públicos disponibilizados para o grosso da população, cuja má qualidade foi descrita acima, porém com núcleos de excelência incrustados que chegam a ser disputados por pessoas dos altos estratos, caso dos hospitais da rede Sarah Kubitschek, na saúde, e, no ensino, as universidades públicas. Ora, diante desse cenário, não espanta o fato de que continuou a sobrar para os excluídos o tradicional atendimento de rezadeiras, benzedeiras, raizeiros, curandeiros e religiosos nos cultos de matriz africana.

(4)

A expressão dizer que sobrou para o povo merece uma reflexão mais aprofundada sobre a relação entre a medicina oficial e seus usuários das camadas populares. Impensável avançar na com-preensão dessa relação desprezando o currículo de formação acadêmica dos médicos, influenciado pela tarefa ideológica que a academia chamou para si, na condição de representante das elites, no início do século passado. Naquele momento, a produção intelectual dos corpos docentes foi a de intelectuais orgânicos das classes terratenentes, recém saídas, naquela ocasião, social e juridicamente da posição de polo beneficiário das relações de produção escravistas, mas, irresignadas com esse desfecho claramente imposto por ato do governo imperial, embora fosse o Brasil o último país do mundo ao abolir o estatuto servil, conspiraram abertamente para a implantação de uma República, ao passo que os escravizados foram atirados à marginalidade urbana, destino minuciosamente descrito na pesquisa que consubstanciou a tese de livre-docência de Florestan Fernandes (FERNANDES, 1978), sem direito a nenhuma compensação pela contribuição que deram à riqueza nacional, nem se cogitou sequer de algo parecido com os 40 acres e uma mula dos norte-americanos, decisão que nem naquela terra foi implantada amplamente. Simplesmente foram expulsos do antigo sistema, sem chance alguma de inclusão nas cidades que então começaram a se industrializar. Para as elites, era preciso, em lugar do antigo figurino de dominação, inventar forma nova de controle sobre a população negra, agora livre nas cidades. Foi aí que entraram os intelectuais médicos da academia.

Prosseguindo com essa discussão, foi escolhido o caso da Bahia, exatamente por ter começa-do aqui a história começa-dos cursos de medicina, cuja componente curricular Medicina Legal foi o local onde se entrincheirou o professor Raimundo Nina Rodrigues (ARAGÃO,1977, p. 47), introdutor da Escola Antropológica no pensamento médico-legal no Brasil. Os estudiosos dessa corrente, de que CesareLombroso (ARAGÃO, 1977, p. 47)é o mais conhecido, definem sua disciplina como:

[...] o ramo da antropologia geral que trata do delinquente e dos seus tipos fundamen-tais. Nela se estuda o criminoso sob o ponto de vista somático e psíquico, isto é, nas suas qualidades anatômicas, fisiológicas e psicológicas, bem como, ainda na sua vida de relação com o meio físico e social (ARAGÃO, 1977, p. 47).

Na perspectiva dessa corrente ou escola, somente se pode compreender a transgressão da lei quando associada ao conceito de raça, esta portadora de uma carga moral em sua natureza. Para o fundador dessa tendência, o autor do delito reproduziria nas sociedades contemporâneas o homem primitivo, como consequência da manifestação do atavismo que permitiria que aflorassem instintos

bárbaros, ferocidade e falta de sensibilidade moral (ARAGÃO, 1977, p. 109). Ora, pretendia Nina

Rodrigues com seu discurso invalidar a importância da contribuição do africano e seus descendentes para a cultura baiana e, por conseguinte, a brasileira, e, mais do que isso, dotado de grande conhe-cimento sobre as religiões de matriz africana, tanto que foi considerado o maior cientista social do Brasil na abalizada opinião de uma antropóloga norte-americana que o conheceu na Bahia, autora do livro A Cidade das Mulheres (LANDES, 2002), revelou-se superficial no exame das tradições africanas, incidindo em erros graves, como o cometido ao afirmar que inexistia na Bahia o culto de Dã, a serpente, falha denunciada por Edison Carneiro (CARNEIRO, s/d, p. 87), e pelo recente Parés (PARÉS, 2007, p. 303-4 ). É muito provável, que, obstinado no seu afã de desconstruir a herança civilizatória yorubá, jeje e banta, ele não cuidasse de esconder esses traços de ignorância, afinal, por mais escorregões que tivesse cometido, seu auditório, por outro lado, não era detentor de ferramentas teóricas nem de conhecimento acumulado em pesquisas para exigir um texto mais consentâneo com a realidade da vida do negro na Bahia.

(5)

Foi graças a contributos como o de Nina Rodrigues que se montou um cenário favorável à reivindicação, aceitação e normalização de um controle repressivo do Estado sobre o negro liber-to, prolongando, assim, numa forma de governo caracterizada pela igualdade entre os cidadãos, expectativa normal que se poderia alimentar pela instalação de uma República, o apartheid que sempre existiu até 1888. De acordo com essa visão de mundo, o negro era selvagem, seus costumes bárbaros, sua sexualidade degenerada, sua religião um conjunto de práticas de feitiçaria, propenso geneticamente à criminalidade, entre tantos outros atributos negativos. Esses pseudo-argumentos, reforçados pelo local de fala e das credenciais acadêmicas de seu emissor, emprestavam roupagem científica para uma política criminal que visava, primeiro que tudo, colocar na ilegalidade o candom-blé enquanto espaço de sociabilidade dos africanos e seus descendentes, que, no espaço do sagrado, esforçam-se “por reencontrar a identidade perdida com a separação da África” (HURON, 1988, p. 85), daí as constantes e violentas investidas policiais de que era alvo. A dimensão de sociabilidade vivenciada nos Ilês estendera-se ao acolhimento de escravos fugidos do cativeiro, como, num passado mais recente, serviu de esconderijo para militantes de esquerda que escapavam da perseguição da repressão policial-militar nos anos pós-golpe de 1964, fatos históricos que corroboram a busca da religião nesse locus que passa a ser construído como possível foco de resistência do escravo, em sua luta numa sociedade desfiguradora, porquanto estava sujeito, por força de uma lei de 1693, expedida pelo rei Dom Pedro II, não imperador do Brasil, mas o de Portugal, a um batismo compulsório (QUERINO, 2010, p. 42), ou seja, sequer seu nome poderia mais conservar. De qualquer sorte, no alvorecer da República, desaparecidas as condições que davam suporta ao mito da revolta haitiana, espantalho, que consistira em nutrir o medo de uma revolta negra, semelhantemente àquela que ocorrera no Haiti, conforme registrado alhures (MARTINS, 2004, p. 21), só que agora havia uma cobertura científica contra o suposto perigo dos libertos.

Fique claro que ainda persistem na sociedade brasileira, se bem que dissimuladas, as mesmas formas de controle policial sobre o negro, conforme registrado em outro momento (MARTINS, 2016), seja como alvo preferencial da ação frequentemente letal das patrulhas da força pública, cujos recrutas são treinados para enxergá-lo como potencial transgressor, seja na ocupação mili-tar das favelas cariocas, seja na tentativa de banir os bailes funk, espaço favorito de criatividade, lazer e encontro dos jovens dos morros e periferias, seja, ainda, encarcerando elevado número de afrodescendentes, desproporcionalmente à representatividade percentual que detêm na população. Independentemente da repressão estatal, a própria sociedade vem intervindo de forma não menos violenta ora não admitindo o negro nos programas televisivos, ora voltando-se contra os adoles-centes em situação de rua que costumam dormir nas calçadas dos bairros privilegiados da Zona Sul, derramando, a partir da janela dos apartamentos, água quente sobre eles; ora nas favelas, onde os narcovarejistas evangélicos expulsam dali os praticantes de cultos da matriz africana, sob ameaça de morte; devendo ser registrada também a mobilização dos bem nascidos praticantes de artes marciais, habitantes dos bairros litorâneos, organizados para impedir com selvageria a circulação domingueira de ônibus provenientes da periferia, e o consequente desembarque de jovens que ali chegam em demanda das praias, tudo isso acontecendo sob o olhar leniente da polícia e com apoio dos moradores dos bairros da orla marítima carioca.

SERVIÇOS ALTERNATIVOS DE SAÚDE, O RECONHECIMENTO OFICIAL

A contrapartida dada pela elite governante do Estado brasileiro à categoria dos médicos, em troca de sua conduta ofensiva nessa guerra de deslegitimação da cultura afrodescendente, consistiu

(6)

na criminalização das atividades curativas que não fossem por eles proporcionadas, tal era o alcance do tipo penal curandeirismo, capitulado no art. 158 do Código Penal de 1890, do que caberia ser dito, em linguagem mais contemporânea, impôs-se uma reserva de mercado. Na prática, embora a Constituição da República garantisse a liberdade religiosa, persistia o ataque ao candomblé a pretexto de reprimir aquelas práticas por terem sido acionadas por líderes religiosos, como mães e pais-de-santo, não se preocupando as autoridades em sindicar os resultados alcançados. O professor Josivaldo Pires de Oliveira (OLIVEIRA, 2011) relata as ocorrências, na cidade de Feira de Santana, onde Maria Carolina da Cruz figurou como ré com base no citado dispositivo do estatuto repressivo. Ademais, como já lembrado pelo prof. Júlio Braga (BRAGA,1999), era também possível enquadrar os ministrantes desses processos curativos nas disposições que penalizavam a feitiçaria, o delito de “exploração da credulidade pública mediante sortilégios, predição do futuro, explicação de sonho ou prática congênere”, porém não como crime, e sim como contravenção penal, de acordo com o artigo 27 da LCP, dispositivo somente revogado, é de pasmar, ao findar o século XX, pela Lei nº 9521/1997.

Convém notar, apesar disso, que esse expediente de criminalização não era novidade no país, remontando ao período coberto pelas Ordenações do Reino, como historiou o promotor paulista Djalma Barreto (BARRETO,1972): começara com as Afonsinas, em 1446, e prosseguira, suces-sivamente, com as Manuelinas, de 1521, as Filipinas, de 1603, e as Vicentinas, de 1747, valendo inclusive no Brasil, até 1830, com a edição do Código Criminal do Império, que inovou ao não contemplar vedações àquelas práticas. Importa assinalar que não é de hoje a ambiguidade por que sempre tem matizado a aplicação do direito no Brasil, nesse sentido Roger Bastide (1971), na picada aberta por Gilberto Freyre (1969), foi um dos que rememoraram a atitude ambivalente do branco em relação ao negro, de quem construíra o estereótipo de feiticeiro:

De um lado, aceitará sua magia medicinal, seus filtros amorosos que darão aos senho-res esgotados sexualmente o vigor desaparecido, e de outro, terá receio do escravo que conhece as plantas venenosas, e prepara os venenos, para se desembaraçar de senhores odiosos (BASTIDE, 1971, p. 189).

Nessa dubiedade residia uma das matrizes do grande paradoxo no terreno do jurídico, na medida em que, nos idos da colônia e do império, muitas condenações de negros houve pelo crime

de feitiçaria e presunção de pacto com o Diabo (BASTIDE, 1971, p.189), simultaneamente o mesmo

Dom João VI da faculdade de medicina outorgara prêmio em dinheiro a um soldado negro que curava usando palavras poderosas. Outro ponto polêmico consistiu na obrigatoriedade de registro dos terreiros numa repartição policial, no caso, a Delegacia de Jogos e Costumes, onde eram expedidas licenças para realização das festas públicas. Essa obrigatoriedade valeu até o final da ditadura Vargas (PRANDI, 1991, p. 55). Também aqui grassou a usual incoerência, uma vez que os candomblés que desfrutavam de grande influência na Bahia sequer se fichavam na polícia nem tiravam licença para suas festas (BRAGA, 1995, p. 27), mercê das ilustres personalidades que, convidadas pelas mães-de-santo, enriqueciam seus quadros na condição de ogãs, transferindo à casa o prestígio de que desfrutavam na sociedade.

Retomando a questão da assistência à saúde, diziam e ainda dizem mães e pais-de-santo que se chega ao candomblé por dois caminhos, o do amor ou o da dor. Muito já se escreveu sobre isso:

(7)

resolver casos recorrentes, por não terem encontrado respostas aos seus problemas em outro segmento. Estes problemas podem ser de tipos variados: de ordem econômica, psicológica, de saúde, amorosos, de intranquilidade, de equilíbrio etc. Uma vida espi-ritual bem resolvida também ajuda as pessoas a teremsua vida terrena mais fortificada (KILEUY; OXAGUIÃ, 2014, p. 48).

Também recebem atenção e tratamento as doenças e os graves problemas existenciais que podem conduzir ao sofrimento mental. Filho de mãe Senhora, do Opô Afonjá, uma das mais respeitadas ialorixás da Bahia, homenageada por Vinícius de Moraes nos versos que compôs para a letra de seu Samba da Bênção, Mestre Didi, quando menino, sentia dores fortes no corpo, o que parecia ser caso de somatização, sem encontrar diagnóstico e tratamento, foi levado por sua mãe ao terreiro de egunna ilha de Itaparica, onde se curou em poucos dias (BRAGA, 1995, p. 104).

Considera-se oportuno trazer à luz o contributo de um professor universitário e babalorixás sobre os procedimentos usuais com pessoas aflitas que demandam atendimento, é a consulta, mo-mento em que se decide sobre o tratamo-mento:

Os passos delimitados para a terapia, seja ela direcionada para o corpo, para a mente ou para o espírito, não constituem um conjunto de impressões aleatórias. Ao contrário, são resultantes de uma leitura atenciosa, cuidadosa, que se baseia num código sofisticado que a cultura negra engendrou. Toda a prática obedece a um rigor pautado na fala dos orixás (PÓVOAS, 1999).

Aqui é muito importante adicionar uma informação: é que, diferentemente da umbanda, onde as entidades usam da fala para transmitir suas orientações aos consulentes, no candomblé a linguagem dos orixás é outra, como lecionou ainda o intelectual citado: “a cautela dessas pessoas, no entanto, faz com que a consulta ao jogo-de-búzios seja imprescindível ao início de qualquer ação” (PÓVOAS, 1999). Descrevendo uma situação ocorrente na Chapada Diamantina, seus autores procuraram mostrar como se manifesta a percepção das pessoas que buscam amparo no Jarê, culto de matriz africana presente naquela região, com muitas adesões de garimpeiros:

Os clientes de Curadores de Jarê creem fielmente nos poderes médicos ou milagrosos desses homens. O Curador tem uma vantagem sobre o médico oficial: além do corpo, cura também o espírito. A medicina herbácea e de pólvora a que se dedicam, além da formação curativa, engloba, também credos e poderes mágicos (SENNA; AGUIAR, 2016, p. 165).

Outra relação importante detectada nas pesquisas foi a relação entre os orixás e as partes do corpo humano, uma “anatomia topológica mística”, conforme se explica a seguir. Assim, Exu é o guardião das entradas, conectando-se, assim, à carrapateira, que fornece grãos para a confecção de fios-de-contas destinados a debelar inflamações nos gânglios localizados na região do pescoço. Xangô, sendo ligado ao fogo, tem ligação com vegetais que combatem as febres. Oxalá, por sua vez, corresponde à cabeça e terá para si as plantas que eliminam as cefaleias. Oxum e Iemanjá correspondem às ervas antissépticas, desinflamatórias, como o malmequer (BASTIDE, 2001, p. 152). A relação é enorme, merecendo até um tratado.

Isto posto, cabe agora demarcar a diferença entre, de um lado, essa medicina de raiz mística e a medicina oficial, na tradição do saber universitário, como foi feito, aliás, numa outra oportunidade

(8)

(MARTINS, 2016), pontuando, em primeiro lugar, que mães e pais-de-santo, sendo portadores de uma compreensão própria do adoecimento, recusaram a “lógica individualista da medicina ocidental, na medida em que sua lógica religiosa desresponsabiliza o indivíduo em função do re-curso ao sobrenatural” (GOMBERG, 2011, p. 36), e exercem essa recusa acolhendo os pacientes que nunca deixaram de procurar os terreiros; em segundo lugar, observando que o conceito de

illness, em que a enfermidade está associada ao universo subjetivo da pessoa, envolvidos aspectos

socioculturais, biológicos e sobrenaturais, e o de disease, que considera a doença como um processo biológico, para que fiquem caracterizadas as visões terapêuticas do candomblé, no primeiro, e da saúde oficial, no segundo.

Releva, ainda, salientar que a procura dos serviços do candomblé ocorre frequente e cumu-lativamente com o atendimento da medicina oficial, comportamento que coloca os dois sistemas em relação de complementaridade. Não se pode desconhecer, ainda, que o uso terapêutico de vegetais compõe a parte mais substancial do legado material da diáspora ao Brasil e demais países americanos, sendo os terreiros de candomblé grandemente responsáveis pela custódia e transmis-são desse conhecimento, cuja validade tem recebido a aprovação da academia, com pesquisas na Antropologia, Botânica e Etnobotânica.

Deve ser gizado aqui também que, na frequência ao candomblé, com o propósito de se utilizar do arsenal de seus recursos mágicos e terapêuticos, não se exige vínculo religioso dos demandantes (PRANDI, 1991, p. 198-9), apenas existe uma cobrança de valor módico, na maioria das vezes, pelo jogo-de-búzios. Essa clientela, usualmente, procura o Ilê na hipótese de sentir necessidade de ameni-zar algum sofrimento, como doença ou grave padecimento existencial. É preciso insistir também no fato de que a assiduidade na presença nos terreiros, por si só, não é garantia de ingresso na religião.

A ideia de complementariedade, verificada cotidianamente nos comportamentos constatados de pacientes na relação do candomblé e a outras intervenções terapêuticas, cresceu ao ponto de ser agasalhada por uma decisão da Conferência Internacional sobre Atenção Primária em Saúde, de Alma-Ata, em 1978. Esse encaminhamento repercutiu na Organização Mundial de Saúde, na mesma ocasião, tendo sido, por isso, criado um Programa de Medicina Tradicional, contemplando diretrizes de caráter político para esse segmento. O Brasil, na sequência, descentralizando e a abrindo o processo decisório na área de saúde à participação popular, aquela concretizada pela criação do SUS e esta pelas conferências, especialmente a VIII Conferência Nacional de Saúde, em decorrência de que práticas alternativas começaram a ser disponibilizadas aos usuários. Estava aberta a comporta para que as ancestrais práticas das religiões afro-brasileiras passassem por uma releitura, o que se defrontou com muitas oposições, especialmente aquelas advindas dos médicos, cujo lobby conseguiu a criminaliza-ção da atividade curativa desenvolvida nos terreiros, dando assim suporte para a atuacriminaliza-ção do aparelho repressivo do Estado, mormente em se tratando de candomblé, quando o racismo antinegro aflorava em expressões do tipo inferioridade civilizatória (PUTTINI, 2011).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Desde a colonização do Brasil que as religiões de matriz africana vêm ocupando papel relevante na prestação de assistência à saúde beneficiando sobretudo o estrato mais excluído da população, especialmente em razão da oferta insuficiente de serviços da medicina científica, seja em função da demora na instalação dos cursos de formação de profissionais, seja pelo alto custo de seus atendimentos.

(9)

de saúde a partir da criminalização do curandeirismo, previsto para atingir exatamente as religiões de matriz africana. As faculdades de medicina cuidaram de criar um clima racista extremamente adverso ao candomblé a partir da componente curricular Medicina Legal, que foi ministrada com o viés da escola da antropologia criminal, de feição escancaradamente racista; em contrapartida, o Estado brasileiro criou uma reserva de mercado para os profissionais de medicina por elas titulados. O resultado foi trazer para a República, forma de governo em que os cidadãos devem ser tratados igualmente, a abissal desigualdade que existia entre os súditos do império. Tudo mudou para que nada tivesse que ser mudado, segundo a lógica lampedusiana.

Outra perversa consequência foi deixar a maioria do povo brasileiro à margem das conquistas científicas, sobretudo por uma hierarquização da prestação de serviços de saúde altamente segmentada e hierarquizada, em que os ricos têm acesso à caríssima medicina de I Mundo, enquanto o povo periferizado e favelizado conta com o SUS que, filosoficamente foi muito bem engendrado, mas que deixa de receber recursos no cotidiano, apresentando instalações precárias, falta de leitos, ausência de profissionais médicos ede apoio, inexistência de equipamentos, carência de medicamentos e de insumos para a prática dos atos médicos. O descalabro é tamanho que municípios há, e não são poucos, cujas ações de saúde limitam-se à compra de ambulâncias para remoção de seus cidadãos para outras localidades onde existam atendimentos.

Felizmente, mães e pais-de-santo nunca se deixaram intimidar pelas ameaças do Aparelho Repressivo do Estado, prosseguindo não só com os atendimentos dos excluídos, inclusive recebendo pessoas que, de alguma forma, já eram clientes da medicina oficial, daí o seu caráter complementar em relação a esta última modalidade. Recentemente, a partir da Conferência Internacional Atenção Primária em Saúde, no Cazaquistão, em 1978, firmou-se um entendimento que veio a inspirar não somente a Organização Mundial de Saúde, mas também as Conferências do Brasil, para que pas-sasse a viger a complementariedade de práticas como a candomblé, em relação à medicina oficial, o que afasta a criminalização das lideranças religiosas.

POPULAR ALTERNATIVES TO ORTHODOX MEDICINE: HEALTH CARE AND AFRI-CAN DIASPORIC RELIGIONS

Abstract: Among the numerous acts left by Dom João VI, on the occasion of him leading the royal family

to his American colony, in 1808, the Portuguese monarch decided to create the Bahia School of Surgery, in the city of Salvador, the first medical course in Brazilian territory. Therefore, for 300 long years, the search for health care, in the absence of scientifically trained professionals, led the population in need to seek health care services then dispensed either by traditional healers, by herbalists or by religious persons, in the places of worship of African diasporic religion.

Keywords: Social alternatives. Medicine. Religion

Notas

1 ''Ossain ou Osanyn- Orixá masculino originário da cidade yorubá de Irawô que é dono das folhas, médico e conhecedor das propriedades medicinais das folhas (JAGUN, 2017, p. 185-6)

2 Babalosanyn – sacerdote do culto a Osanyn (JAGUN, 2017, p. 116)

3 Olossaim ou olossanyn – sacerdote do culto a Osanyn (JAGUN, 2017, p. 123) 4 Divindade ou Vodun dos povos Fon (JAGUN, 2017, p. 166)

5 Ilê tem o significado de casa. Em geral, identifica espaços de culto dos orixás, os terreiros. (LOPES, 2004) 6 Na linguagem técnica do Direito Processual é o feminino de réu, dado a quem ocupa o polo passivo numa

(10)

relação jurídica processual

7 Ogã- cargo conferido a homens que não entram em transe. Trata-se de cargo masculino (JAGUN, 2017, p. 121). 8 Ilê Axé do Opô Afonjá – tradicional terreiro de candomblé de Salvador, fundado em 1910, localizado no

bairro do Cabula.

9 Vinícius de Moraes, carioca, poeta e diplomata: 19/10/1913-09/07/1980 10 Samba da Bênção - 1967

11 Deoscóredes Maximiliano dos Santos, liderança reconhecida no culto de Babá Egum, na Ilha de Itaparica, casado com a antropóloga Juana Elbein dos Santos

12 Egun- espírito. Uma das formas de designar os espíritos ancestrais masculinos de determinada família ou comunidade (JAGUN, 2017, p. 166)

13 Yalorixá e Babalorixá são autoridades máximas nos terreiros ou ilês (JAGUN, 2017, p. 116)

14 O Ministério da Saúde, em vários documentos, como a Portaria nº 971, de 03/05/2006, ao aprovar a Política Nacional das PIC no SUS, faz referência à valorização da medicina tradicional no âmbito da Organização Mundial da Saúde. Essa medicina é o conhecimento técnico e procedimentos importados das crenças e as experiências indígenas de diferentes culturas, com abono ou não da ciência,

15 Referente ao escritor siciliano Tomasi Di Lampedusa (1896-1857), autor do romance Il Gatopardo (O Leopardo), que encerra uma das máximas do pragmatismo político, qual seja, se quisermos que tudo continue como está, é preciso que tudo mude.

Referências

ANDRADE, Luana Caetano. Direito à Saúde e Judicialização: estudos dos processos em saúde no Município de Vitória da Conquista. 2016. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) - Fundação Oswaldo Cruz. Vitória da Conquista-BA, 2016.

ARAGÃO, Antonio Moniz Sodré de. As Três Escolas Penais: clássica, antropológica e crítica (estudo comparativo). 8.ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1977.

BARRETO, Djalma.Parapsicologia, Curandeirismo e Lei. Petrópolis-RJ: Vozes, 1972.

BARROS, José Flavio Pessoa de; NAPOLEÃO, Eduardo. Ewé Orixá: uso litúrgico e terapêutico dos vegetais nas casas de candomblé Jêje-Nagô. 7.ed. Rio de Janeiro: Bertrand, 2015.

BASTIDE, Roger. As Religiões Africanas no Brasil. Tradução Maria Eloisa Capellato e Olívia Krähenbühl. São Paulo: Pioneira, 1971, 2v. v1.

BASTIDE, Roger.O Candomblé da Bahia: rito nagô. Tradução Maria Isaura Pereira de Queiroz. São Paulo: Cia das Letras, 2001.

BRAGA, Júlio.Ancestralidade Afro-Brasileira: o culto de Babá Egum. 2.ed. Salvador: EdUFBA:Ianamá, 1995¹.

BRAGA, Júlio.Na Gamela do Feitiço: repressão e resistência nos candomblés da Bahia. Salvador: EdUFBA, 1995².

BRAGA, Júlio. A Cadeira de Ogã e Outros Ensaios. Rio de Janeiro: Pallas, 1999. CARNEIRO, Edson.Candomblés da Bahia. Rio de Janeiro: EdOuro, s/d.

FERNANDES, Florestan. A Integração do Negro na Sociedade de Classes. 3. d. São Paulo: Ática, 1978.

FREYRE, Gilberto.Casa Grande e Senzala. 16.ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1969.

GOMBERG, Estélio. Percursos e Significados terapêuticos na religião afro-brasileira candomblé. Forum Sociológico {Online], v. 22, 2012. Disponível em: http//sociológico.revues.org/562. Acesso em: 26 fev. 2013.

(11)

BRASIL. Ministério da Saúde, Portaria n. 971/2006.

HURON, Laënnec.O Deus da Resistência Negra: o vodu haitiano. Tradução Valdecy Tenório. São Paulo: Paulinas, 1988.

JAGUN, Márcio de. Yorubá: vocabulário temático do candomblé. Rio de Janeiro: Litteris, 2017. KILEUY, Odé; OXAGUIÃ, Vera de. O Candomblé Bem Explicado (nações Bantu, Iorubá e Fon). Rio de Janeiro: Pallas, 2014.

LANDES, Ruth. A Cidade das Mulheres. Tradução de Maria Lúcia do Eiraldo Silva. 2.ed. Rio de Janeiro: EdUFERJ, 2002.

LOPES, Nei. Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana. São Paulo: Selo Negro, 2004. MARTINS, Paulo Cezar Borges et al. Governo do Estado do Espírito Santo, Secretaria de Agri-cultura, Instituto Jones dos Santos Neves, Apoio à Pesca Artesanal- Projeto Executivo. Vitória, março de 1984. Disponível em: http://www.ijsn.es.gov.br/ConteudoDigital/20120814_ij00614_ apoioapescaartesanal_1parte.pdf. Acesso em: 16 ago. 2019.

MARTINS, Paulo Cezar Borges. Entra, Entra, ‘Inda Há P’ra Ti Lugar: pentecostalismo e cidadania do negro no Brasil. 2004. Tese de Doutorado (Doutorado em Sociologia) - Universidade de Brasília-UnB, Brasília-DF, 2004.

MARTINS, Paulo Cezar Borges. Mães e Pais-de-santo no banco dos réus: criminalização e des-criminalização das curas no candomblé. In: ECCO, Clóvis; SILVA, Rosemary Francisca Neves; QUADROS, Eduardo Gusmão de; SIGNATES, Luiz (orgs.).Religião, Saúde e Terapias integrativas. Goiânia: Espaço Acadêmico, 2016.

OLIVEIRA, Josivaldo Pires de. Curandeirismo e saúde pública: poder e resistência cultural no interior da Bahia. Fundação Cultural Palmares. Brasília, 2011. Disponível em: http://www.palmares. gov.br/wp-content/uploads/2010/11/Curandeirismo-e-sa%C3%BAblica.pdf

PARÉS, Luis Nicolau. A Formação do Candomblé: história e ritual da nação jeje na Bahia. 2.ed. Campinas-SP: EdUnicamp, 2007.

PÓVOAS, Ruy do Carmo. Dentro do quarto.In:CAROSO, Carlos; BACELAR, Jeferson (orgs.).

Faces da Tradição Afro-Brasileira: religiosidade, sincretismo, anti-sincretismo, reafricanização, práticas

terapêuticas, etnobotânica e comida. Rio de Janeiro: Pallas; Salvador: CEAO, 1999. PRANDI, Reginaldo.Os Candomblés de São Paulo. São Paulo: HUCITEC: EdUSP,1991.

PUTTINI, Rodolfo Franco. Curandeirismo, Curandeirices Práticas e Saberes Terapêuticos: refle-xões sobre o poder médico no Brasil. Revista de Direito Sanitário, São Paulo, v. 11, n. 3, p. 32-49, nov. 2010/fev. 2011.

QUERINO, Manoel.Costumes Africanos no Brasil. 2.ed. Salvador: EdUNEB, 2010.

SENNA, Ronaldo; AGUIAR, Itamar.Remanso: uma comunidade mágico-religiosa. Feira de Santana-BA: EdUEFS, 2016.

SOUZA, Jessé. A Elite do Atraso. Rio de Janeiro: Leya, 2017.

VELLEDA, Luciano. Corte de verba ameaça Reforma Psiquiátrica e sinaliza preferência por internações, 24/11/2018. Rede Brasil Atual. Disponível em:https://www.redebrasilatual.com.br/ saude-e-ciencia/2018/11/corte-de-verba-ameaca-a-reforma-psiquiatrica-e-sinaliza-a-volta-das-internacoes/. Acesso em: 16 ago. 2019.

Referências

Documentos relacionados

Nesse contexto, em momentos em que as condições econômicas melhoram, as pessoas têm mais renda disponível (e, consequentemente, acesso à cobertura de seguro), que pode ser usada

Neste âmbito as religiões de matriz africana buscam colocar este tema como parte da formação dos educadores, na compreensão da importância religiosidade africana

Deputado Emílio Carlos, nº 299 - Vila Maia Tel... Listagem dos Credenciados de Itanhaem

nada se faz no candomblé sem a licença expressa da mãe-de-santo. A sua vontade é lei, só ela poderá revogar ou modificar as normas e regras anteriormente estabelecidas. Todo o peso

Os dados coletados demonstram que os prestadores locais de assistência à saúde, incluindo as equipes das Sociedades Nacionais da Cruz Vermelha e do Crescente

No que concerne à necessidade de construção de uma Etnopsicologia bra- sileira, produzida a partir de referenciais nacionais acerca de fenômenos obser- vados neste trabalho, como

Foco 7 – Recomendações para as forças armadas estatais: passagem segura nos postos de controle O relatório do CICV Promoção das práticas operacionais militares que facilitem

- É possível entender e organizar a assistência farmacêutica como sistema de apoio (categoria na qual alguns serviços farmacêuticos podem ser incluídos) e como ponto de