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Rev. Soc. Bras. Med. Trop. vol.22 número4

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Academic year: 2018

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R e v i s t a d a S o c i e d a d e B r a s i l e i r a d e M e d i c i n a T r o p i c a l 2 2 ( 4 ) : 2 2 1 - 2 2 7 , O u t - D e z , 1 9 8 9 .

R E L A T Ó R IO T É C N IC O

E N C O N T R O T É C N I C O - C I E N T Í F I C O D E C O M B A T E À M A L Á R I A . P O R T O V E L H O , R O N D Ô N I A , 11 A 1 4 D E S E T E M B R O D E 1 9 8 9

S e c r e t a r ia d e S a ú d e / G o v e r n o d e R o n d ô n i a

P or iniciativa d a S ecretaria de S aúde de Rondô­ nia e com o apoio do M inistério da Saúde reuniu-se em P orto Velho, no período de 11 a 14 de setem bro de 1989, um G ru p o de Trabalho, com a finalidade de analisar os fatores que concorrem para a persistência d a transm issão d a m alária em R ondônia e sugerir a m aneira de to rn ar m ais eficaz a luta contra a referida endemia.

P articiparam do Encontro:

• A n a Lúcia E scobar: S E S A U /S U C A M , P orto Ve­ lho, RO.

• A luízio P ra ta (Coordenador): F aculdade de M edi­ cina do Triângulo M ineiro, U beraba, M G .

• Carlos C atão P rates Loyola: S E P R O E /M S /

S U C A M . M inistério da Saúde, Brasília, D F . • D ilerm ando F azito de Resende: D E C E N -M S /

S U C A M . M inistério da Saúde, Brasília, D F . • E lizabeth M . do Carm o: D U C E N -/S U C A M . M i­

nistério da Saúde, Brasília, D F .

• F ernando Acosta: F undação S E S P, P orto Velho, RO.

• F ra n z Rulli Costa: S U C A M /A ssessor-M S . M inis­ tério da Saúde, Brasília, D F .

• H em ando C ardenas G utierrez: A ssessor Regional de M alária. O P A S /O M S , W ashington, U SA . • Izabel F ra zã o Paiva: S E D E P . S U C A M /R O , P orto

Velho, RO.

• José M aria de Souza: U niversidade F ederal do P ará, Belém, PA.

• João B atista Zibetti: D N O S , P orto Velho, RO. • Joaquim de C astro Filho: D E C E N -M S /S U C A M .

M inistério da Saúde, Brasília, D F .

• Luiz M arcelo A ran h a Camargo: Secretaria de E s­ tado da Saúde da U S P , São Paulo, SP.

• M auro Shugiro Tada: S ecretaria da Saúde, P orto Velho, RO.

• M arcos A ntonio M onteiro G uim arães: M JN T E R - F U N A I, Brasília, D F .

• M ário R oberto Castellani: M inistério da Saúde, Brasília, D F .

• O rlando José de Souza Ramires: M inistério da Saúde, P orto Velho, RO.

• Olympio T áv o ra D erze Corrêa: Secretário de E sta­ do da Saúde de Rondônia, P orto Velho, RO.

S e c r e t a r ia d e S a ú d e / G o v e r n o d e R o n d ô n ia .

R e c e b id o p a r a p u b l i c a ç ã o 1 6 / 1 0 / 8 9 .

• P hilip M arsden: U niversidade de B rasília, Brasília, D F .

• R osinha Borges Dias: Pesquisadora do C N P q , Belo

H orizonte, M G .

• R oraim a M oreira da Rocha: S U C A M . M inistério d a Saúde. R io Branco, A C.

• Rom eo Rodrigues Fialho: M inistério da Saúde, P o rto Velho, RO.

• Silvana M o ta D av is Lourenpo: S U C A M -M inisté- rio da Saúde, P o rto Velho, RO.

• Sílvio M o ta G a s p a r Planejam ento do D epartam en­ to de O bras e Saneam ento, Rio de Janeiro, RJ. • Silvio Rodrigues Persivo Cunha: S ecretaria de P la­

nejam ento e C oordenação de R ondônia, Porto Ve­ lho, RO.

• Termstocles Sanchez (Relator): O P A S /O M S , Bra­ sília, D F .

• W agner C osm e M orhy T errazas: S U C A M M inis­ tério da S aúde, Porto Velho, RO.

O E ncontro foi inaugurado pelo Exm o. Sr. Vice- G ovem ador do E stado, D r. O restes M uniz Filho, que deu boas-vindas aos participantes em nom e do Exm o. Sr. G overnador do E stado, D r. Jerônim o G arcia de Santana, com a presença do D r. Jo aq u im de C astro F ilho, representante do Exm o. Sr. M inistro da Saúde, Dr. Seigo Tsuzuki, do D r. O lym pio T ávora D erze C orrêa - lim o. Secretário de E stad o d a Saúde de Rondônia e dem ais autoridades.

Logo no início dos trabalhos o Sr. Secretário de Saúde encareceu a necessidade de que fossem estabe­ lecidas as diretrizes que facilitassem a integração dos serviços de saúde, principalm ente a Superintendência de C am panhas (S U C A M ), a F u n d ação Serviço E sp e­ cial de Saúde P ública (S E S P ), a S ecretaria de Saúde do G overno do E stad o (S E S A U ) e os Serviços de Saúde M unicipais e que se obtivesse um consenso p ara elaboração de orientações p ara o C ontrole Integrado de M alária em Rondônia.

A P R E S E N T A Ç Õ E S

1. M IG R A Ç Õ E S D E R O N D Ô N IA

(2)

R e l a t ó r i o T é c n i c o . S e c r e t a r i a d e S a ú d e / G o v e r n o d e R o n d ô n i a . E n c o n t r o T ê c n i c o - c i e n t i f i c o d e c o m b a t e a m a l á r i a . P o r t o

V e l h o , R o n d ô n i a , 1 1 a 1 4 d e s e t e m b r o d e 1 9 8 9 . R e v i s t a d a S o c i e d a d e B r a s i l e i r a d e M e d i c i n a T r o p i c a l 2 2 : 2 2 1 - 2 2 7 ,

O u t - d e z , 1 9 8 9 .

entre 150 a 160 mil pessoas. Depois deste ano o fluxo de migrantes parece ter diminuído, como pode apreciar-se pelo registro de 103.654 em 1987 e 51.950 migrantes em 1988.

Em conclusão foram destacados os seguintes fatos: 1.1 Existe dificuldade para o registro de dados devido à diminuição de funcionários, que repercute na qualidade da informação.

1.2 Observa-se sensível diferença entre o número e profissão de migrantes: anteriormente 70-75% eram agricultores e vinham em busca de terras. Nos últimos 3 anos esta porcentagem decresceu a 18,5%. Os migrantes atuais freqüentemente são trabalhadores urbanos que procuram emprego nas cidades e pretendem organizar negócios. No ano passado, por exemplo, 32% de migrantes ficaram na cidade de Porto Velho.

1.3 ‘ Os investimentos e o apoio do Governo Federal têm diminuído, a partir de 1984, o que coincide com o aumento de saída de migrantes de Rondônia para outros Estados.

1.4 A população migrante é composta principal­ mente por jovens, sendo 60% menor de 30 anos. 1.5 M ais de 50% dos migrantes têm renda normal inferior a 2 salários mínimos.

Unicamente 6 a 8% de migrantes têm instrução superior ao 2° grau de ensino. Os participantes comentaram as variações anuais e a influência do aparecimento de casos de malária em outros E sta­ dos, procedentes de Rondônia, assim como os mecanismos a serem ativados para se obter melhor controle dos migrantes.

2. SITUAÇÃO D A M ALÁ RIA E M R O N D Ô N IA

O Dr. Orlando José de Souza Ramires, informou que Rondônia, em 1971, era responsável por 7% dos casos de malária do Brasil, e, em 1988, os casos do Estado representaram 50% do total do país. Atualmente, cinco Municípios (Porto Velho, Ari- quemes, Jaru, Machadinho e Costa Marques) dão origem a 70% dos casos do Estado. Informação sobre mortalidade atribuída à malária (Tabela 1). N os seis , meiros meses de 1989 observou-se tendência decrescente no número de amostra de sangue positivos para a malária, em relação a igua] período de 1988.

Período Exames positivos

traduzem o novo enfoque dado ao controle integra­ do de malária, o qual pode ser assim resumido: 2.1 Aplicação de medidas conforme o perfil epidemiológico local. N ão se acredita que uma medida única possa traduzir impacto suficiente para controlar a malária. Além do tratamento de casos de malária, fez-se o combate ao vetor adulto com aplicação de inseticida no intradomicílio, em forma de “ arrastão” , complementando, quando necessá­ rio, com borrifação espacial e controle larvário.

Janeiro-Junho 1988

1979 Diferença

Rondônia 140.236 111.456 28.780 (20% )

Porto Velho 37.173 21.139

16.034 (43,1%)

Esta diminuição de casos de malária poderia ser interpretada como resultante das medidas que estão sendo implementadas atualmente. Tais medidas

2.2 Descentralização da análise epidemiológica da informação para tomada de decisões a nível local.

(3)

R e l a t ó r i o T é c n i c o . S e c r e t a r i a d e S a ú d e / G o v e r n o d e R o n d ô n i a . E n c o n t r o T é c n i c o - c i e n t í f i c o d e c o m b a t e à m a l a r i a . P o r t o V e l h o , R o n d ô n i a , 1 1 a 1 4 d e s e t e m b r o d e 1 9 8 9 . R e v i s t a d a S o c i e d a d e B r a s i l e i r a d e M e d i c i n a T r o p i c a l 2 2 : 2 2 1 - 2 2 7 , O u t - D e z , 1 9 8 9 .

2.4 P articipação d a C om unidade e divulgação das atividades realizadas pela S U C A M .

A discussão com pletou aspectos referentes à neces­ sidade de se identificar a procedência dos casos descobertos: localidade de infecção e localidade de detecção. Isso é necessário p ara se avaliar o im pacto/efetividade do inseticida aplicado e das outras m edidas com plem entares. A ssim , por exem ­ plo, tem -se com provado que, dos casos descobertos em Porto Velho, som ente 18% são autóctones.

M uita im portâancia vem sendo d ad a à pesquisa, ressaltando-se que a S U C A M deve incentivar as Universidades, p ara realizarem investigações sobre a dinâm ica atual de transm issão da m alária. Identi­ ficaram -se cam pos tão im portantes com o o estudo econôm ico da m alária em Rondônia, os aspectos sociais d a endem ia, a m ortalidade atribuída à m esm a e os m ecanism os p ara se obter a participa­ ção social.

O D r. Joaquim de C astro F ilho informou sobre as disponibilidades e interesse da S U C A M em fi­ nanciar as pesquisas necessárias4.

3. P O R Q U E P E R S IS T E A T R A N S M IS S Ã O D E M A L Á R IA E M R O N D Ô N IA ?

O Dr. W agner C osm e M orhy T errazas iniciou sua apresentação fazendo paralelo entre incidência da m alária e as migrações. Os fatores de risco, que condicionam a persistência da transm issão malári- ca em Rondônia, podem ser classificados nos seguintes grupos:

3.1 Sócio-econôm icos

a) A condição social da população que habita áreas com alta transm issão m alárica é caracterizada por baixa renda, escasso nível de educação, parcos conhecim entos sobre a doença e sobre as m edidas

para preveni-la e tratá-la adequadam ente; b) Reduzido senso de com unidade.

3.2 Bioecológicos

a) M igrantes com escasso grau de imunidade; b) E levada densidade de anofelinos e m aior longe­ vidade dos mesmos;

c) H ábitos de p icada e repouso (endo-exofagia; endo-exofilia);

d) E levada proporção de P . f a l c i p a r u m e cepas

resistentes aos m edicam entos antim aláricos;

e) Persistência de fonte de infecção. 3.3 A dm inistrativos e operacionais a) C oncentração adm inistrativa;

b) A plicação incom pleta e falta de periodicidade de m edidas de controle (aplicação de inseticidas, uso indiscrim inado de m edicam entos antim aláricos, tratam ento incompleto);

c) F alta de recursos financeiros, equipam entos e m aterial de consumo interferindo na program ação; d) F a lta de consolidação da integração institucional a qual, atualm ente, é feita na base de pessoas e não de instituições;

e) P ersistência da estrutura de Cam panha; f) F alta de continuidade das atividades que devem ser executadas pelos Serviços de Saúde;

e) Regime inapropriado de salários e diárias. O s participantes da discussão concordaram que a dinâm ica de transm issão da m alária é um processo de grande com plexidade e que aos fatores de risco bio-ecológicos, sócio-econôm icos, adm inistrativos e operacionais, som am -se fatores de ordem política que, às vezes, interferem com a program ação e im plem entação das intervenções de controle.

4. C O N T R O L E D A M A L Á R IA E M C O S T A M A R Q U E S

O Dr. M auro Shugiro T ad a inform ou que o projeto “ M alária” da U niversidade de Brasília, Secretaria de Saúde de Rondônia e da S U C A M iniciou-se em dezem bro de 1986. O s febris são atendidos no Posto agregado à U nidade M ista p ara Triagem, realizando-se, im ediatam ente, a coleta de sangue, o exame m icroscópico e o tratam ento. As pessoas negativas são enviadas à U nidade M ista. A popula­ ção do projeto é de 20 .0 0 0 habitantes, dos quais 6.000 estão na sede do M unicípio.

O resum o d a situação da m alária no período de 1987 a agosto de 1989 é o seguinte:

Ano 1987 1988 1989 (até agosto)

Casos 14.898 8.441 3.377

P . v i v a x 6.822 4.189(49,6%) 2.135 (63,2%)

P . fa l c i p a r u m 8.076 (54,2%) 4.252 (50,4%) 1.242 (36,8%)

E m 3 1/2 anos de estudo foram capturados 12 espécies de anofelinos sendo 90% A . d a r l i n g i . O A . d a r U n g i e A . a l b i t a r s i s apresentam a m aior suscep­ tibilidade à infecção com P . v i v a x e P . f a l c i p a r u m . S ão destacados os seguintes fatores im portantes para o controle da transm issão de malária: a) T ratam ento im ediato de pacientes com sintom a­ tologia clínica;

b) Lim peza de cursos e depósitos de água m ais próxim os à casa;

(4)

R e l a t ó r i o T é c n i c o . S e c r e t a r i a d e S a u d e / G o v e r n o d e R o n d ô n i a . E n c o n t r o T é c n i c o - c i e n t i f i c o d e c o m b a t e à m a l a r i a . P o r t o V e l h o , R o n d ô n i a , I I a 1 4 d e s e t e m b r o d e 1 9 8 9 . R e v i s t a d a S o c i e d a d e B r a s i l e i r a d e M e d i c i n a T r o p i c a l 2 2 : 2 2 1 - 2 2 7 ,-O u t - D e z , 1 9 8 9 .

tiu-se o com entário sobre a (facilidade de se controlar a m alária quando os fatores de risco são poucos e simples. A o contrário, as dificuldades aum entam e o controle tom a-se m ais difícil p o r causa da m ulti­ plicidade de fatores de risco, que condicionam a com plexidade do processo de transm issão.

5. E X P E R IÊ N C IA D O C O N T R O L E D A M A L Á R IA N O P R O JE T O M A C H A D IN H O , A R IQ U E M E S

O D r. Rom eo Rodrigues F ialh o indicou que o projeto de colonização em M achadinho foi dese­ nhado com o projeto piloto. Iniciou-se com 5.000 habitantes em 1984. E n tre julho de 1985 e junho de 1988 houve um período epidêm ico que alcançou a cifra m áxim a m ensal de 3.900 casos em 1987, em um a população de 12.000 habitantes.

O seguimento deste projeto perm itiu identificar-se a cronologia de ocupação da área. E m cada etap a deve-se aplicar m edidas adequadas ao perfil epi- demiológico. C om o isso não foi feito, a epidem ia não pode ser contida.

A tática de “ m icrozonagem ” contem pla a aplica­ ção de m edidas integradas, porém requer a multi­ plicação de recursos. C om esta tática, posterior­ mente, logrou-se conter a epidem ia e, atualm ente, se reportam cerca de 6 00 casos por mês.

F o i acentuado que a descentralização da análise epidem iológica facilita as decisões a nível local p ara rápida aplicação de intervenções. A m icrozona­ gem, além de perm itir o estreitam ento dos vínculos entre a com unidade e os trabalhadores da Saúde Pública, facilita a inform ação e a educação em saúde. R essaltou-se a necessidade de se tom ar m edidas p ara evitar a form ação de criadouros de anofelinos feitos pelo hom em , assim com o sua elim inação nas proxim idades das casas.

IN T E G R A Ç Ã O

“ A integração do sistem a de saúde deverá ser progressiva, consolidada em cada etap a de evolução, desenvolvida com responsabilidade e respeitando as peculiaridades locais. E m um a prim eira etapa deve ser realizado um diagnóstico situacional de cada institui­ ção antes de se iniciar a unificação. A consolidação institucional com vistas à unificação do sistem a exigirá planejam ento participativo, desenvolvim ento de re­ cursos hum anos e agilização do sistem a de inform a­ ção, o que significa em outras palavras, m elhor estruturação dos órgãos que com porão o sistema.

O processo de integração deve-se d ar de acordo com a realidade local, no sentido centrípeto.

N a im plantação das ações integradas de saúde que é a principal diretriz d a nova política de saúde que desenvolve os M inistérios d a Saúde, P revidência e A ssistência Social e E ducação, tom a-se im perativa a

participação efetiva d a rede b ásica de saúde, inclusive na notificação, diagnóstico e tratam ento, usando a tecnologia apropriada em um trabalho conjugado e harm ônico, no qual as responsabilidades sejam igual­ m ente com partilhadas pelos órgãos envolvidos.”

Os sistem as locais de saúde devem ser desen­ volvidos de acordo com os seguintes aspectos funda­ mentais:

• “ Reorganização do nível central p a ra assegurar a apropriada condução do setor e o desenvolvim ento dos sistem as locais.

• D escentralização e desconcentração • P articipação Social

• Intersetorialidade

• R eadequação dos m ecanism os de financiam ento • D esenvolvim ento de um novo m odelo de atenção • Integração dos program as de prevenção e controle • Reforço da capacidade adm inistrativa

• C apacitação da força de trabalho em saúde • Pesquisa.”

C O M E N T Á R IO S G E R A IS

N os com entários gerais foram ressaltados os seguintes aspectos relacionados ao controle da m alá­ ria:

1. E xistem várias situações epidem iológicas em R on­ dônia. C a d a um a delas deve ser estudada p ara aplicação das intervenções adequadas. U m G rupo de Peritos m encionou 13 delas.

2. Identificação dos fatores lim itantes ao controle da m alária em Rondônia:

a) Insuficiência no conhecim ento das diferentes situações epidemiológicas;

b) C arência de recursos hum anos capacitados p ara lidar com a m alária nas com unidades;

c) C arência de conhecim ento e cum prim ento de padronização de esquem as terapêuticos no trata­ m ento d a malária;

d) F a lta de conhecim ento p a ra um bom diagnóstico laboratorial;

e) A proveitam ento inadequado da rede de saúde p ara diagnóstico e tratam ento.

3. P a ra um controle eficaz contra a m alária é necessá­ rio que haja:

Integração D ecisão Política

R esponsabilidade Institucional P articipação Com unitária R educação dos F ato res Lim itantes

(5)

R e l a t ó r i o T é c n i c o . S e c r e t a r i a d e S a u d e / G o v e r n o d e R o n d ô n i a . E n c o n t r o T é c n i c o - c i e n t í f i c o d e c o m b a t e à m a l á r i a . P o r t o

V e l h o, R o n d ô n i a . 1 1 a 1 4 d e s e t e m b r o d e 1 9 8 9 . R e v i s t a d a S o c i e d a d e B r a s i l e i r a d e M e d i c i n a T r o p i c a l 2 2 : 2 2 1 - 2 2 7 , O u t - D e z , 1 9 8 9 .

5. O delineamento destas ações e preparação do Projeto Estadual para controle da malária deveriam ser objeto de uma reunião, o mais breve possível, lembrando-se que os prazos de programação são diferentes para cada instituição e que devem ser conciliadas.*

6. A integração deve ser institucional e não pessoal, o que garante a sua permanência e a sua independên­ cia de pessoas ou partidos políticos.

7. A Secretaria de Saúde deve conduzir o processo de integração e coordenação dos órgãos de saúde do Estado.

Neste sentido sugere-se uma Conferência Interins- titucional Estadual com representação da co­ munidade, a fim de se obter apoio político.

8. O saneamento ambiental deve ser incentivado, pois a não ser a abertura de 27 km de canais em Porto Velho, quase nada está sendo feito em Rondônia.

9. Foi externada a preocupação de que as recomenda­ ções deste Encontro não fossem levadas na devida consideração, como já ocorreu em outras ocasiões! Lembrando-se que as resoluções tomadas na pre­ sente reunião não terão nenhum valor se não forem viabilizadas através de decisões políticas.

R EC O M EN D A Ç Õ ES PARA UM PRO G R A M A IN T E G R A D O D E CO N TR O LE D A M ALÁRIA

Os participantes distribuíram-se em quatro grupos de trabalho. Com base nas apresentações e discussões e la b o ra ra m relató rio s, a seguir m en cio n ad o s.

2. SA N EA M EN TO BÁSICO E M EIO A M BIENTE

2.1 Viabilizar meios para executar o programa de drenagem dos criadouros escoando as águas para­ das, principalmente nos Municípios de Porto Velho e Ariquemes;

2.2 G arantir a manutenção dos serviços de drenagem executados, evitando-se a formação de novos focos;

(6)

R e l a t ó r i o T é c n i c o . S e c r e t a r i a d e S a ú d e / G o v e r n o d e R o n d ô n i a . E n c o n t r o T é c n i c o - c i e n t i f i c o d e c o m b a t e à m a l á r i a . P o r t o V e l h o, R o n d ô n i a , 1 1 a 1 4 d e s e t e m b r o d e 1 9 8 9 . R e v i s t a d a S o c i e d a d e B r a s i l e i r a d e M e d i c i n a T r o p i c a l 2 2 : 2 2 1 - 2 2 7 , O u t - D e z , 1 9 8 9 .

2.4 Incluir na legislação m unicipal dispositivos que proibam a ocupação d as áreas de drenagem, e que facilitem as desapropriações de áreas já ocupa­ das;

2.5 D iscu tir as possibilidades de fazer aterros hidráulicos nas m argens dos rios e em áreas alaga­ das;

2.6 O rien tar a população com relação ao desm a- tam ento n a beira dos rios evitando a criação de áreas com águas represadas e som breadas; 2.7 D iscutir com as várias instituições, com o a SE M A R O , D E R , IB D F , D N O S , IN C R A , IE F etc., com relação ao controle de criadouros ao longo das estradas vicinais provocadas pelo represam ento dos igarapés;

2.8 E nvolver as S ecretarias de Obras, M eio A m biente, D E R e Prefeituras, no planejam ento de ações conjuntas que visem m inim izar o problem a de form ação de criadouros nas áreas urbanas, rurais de form ação de criadouros nas áreas urbanas, rurais e de garimpos;

2.9 A m pliar as fontes de recursos p ara o com bate à m alária, envolvendo os program as “ N o ssa N atu ­ reza e “ Saneam ento R ural” ;

2 .10 A s ações de saneam ento são m ais eficazes em áreas urbanas e em certas situações especiais nas áreas rurais. F altam ser identificadas as ações de saneam ento que possam ser eficazes nas áreas de garimpo.

3. M O B IL IZ A Ç Ã O C O M U N IT Á R IA

O grupo correspondente ao tem a de M obilização C om unitária elegeu alguns princípios que regem e em basam as recom endações e encam inham entos que estabelecem . São os seguintes princípios: 3.1 M alária em R ondônia não é somente um problem a técnico-cientifico, m as prevalentem ente um problem a de natureza política.

3.2 A s soluções p ara o problem a m alária, em Rondônia, dependem da organização de esforços que se logrem obter dos níveis M unicipal, E stadual e Federal.

3.3 O equacionam ento da questão da m alária, em Rondônia, não pode estar dissociado dos princípios e práticas que regem e traduzem a Reform a Sanitá­ ria brasileira em curso.

3.4 A solução do problem a da m alária, em Rondônia, está intim am ente ligada ao com ponente M obilização Com unitária, entendido não no senti­ do restrito das populações, m as na perspectiva do envolvimento interinstitucional das organizações governam entais e não-govem am entais.

O grupo discutiu os principais com ponentes técni­ cos da M obilização C om unitária e os aspectos que condicionam e perm item sua m elhor inserção num a política sanitária pública, e considerou seu dever

encam inhar as seguintes recom endações, tom ado em conta o problem a da m alária, no E stad o de Rondônia:

a) Q ue seja retom ado o docum ento de 1 9863, p ara que eventualm ente sejam incorporadas propostas nele contem pladas, consideradas sua atualidade e pertinência.

b) Q ue seja realizada um a reunião estadual, com participação aberta aos m ais diversos segmentos organizados e representativos d a sociedade, p ara discussão e apresentação de um a política de com ba­ te à m alária, no E stado de Rondônia.

c) Q ue seja oportunizada ocasião p a ra abordagem da política de Saúde p ara o E stad o de R ondônia nos moldes previstos no item 2 das presentes recom en­ dações.

d) Q ue os eventos de nível estadual propostos nos itens 2 e 3 das presentes recom endações sejam precedidos de reuniões m enores no âm bito das principais instâncias políticas, técnicas e adm inis­ trativas, que perm item a incorporação de um a proposta b ásica p ara discussão nas referidas oca­ siões.

e) Que, paralelam ente, as principais instituições de representação estadual, na área de S aúde, integrem por vontade política explícita e decisão legal suas instâncias referentes a:

- Planejam ento; - Epidemiologia; - Recursos H um anos; - M obilização Com unitária.

f) Q ue se encam inhem , objetivam ente, ações p a ra a superação de eventuais divergências politico-insti- tucionais existentes nas instâncias que realizam ações sanitárias de caráter coletivo e público. g) Que a postura político-institucional de integração das partes, considerada de princípio e de fundam en­ tal im portância, seja assum ida publicam ente, com a utilização dos meios de com unicação disponíveis. h) Q ue o docum ento básico da proposta M S / S U C A M /B IR D 5 seja, logo que possível, am pla­ m ente estudado e discutido p ara im ediata realiza­ ção conjunta do Projeto de C ontrole de M alária p ara o E stad o de Rondônia.

i) Q ue se assegure perm anentem ente a contem pla­ ção do com ponente M obilização Com unitária nas propostas, nos projetos, program as e atividades respeitantes à m alária, no E stado de Rondônia. j) Que contem plem , adequadam ente, abordagens

realistas p ara o m elhor em prego das técnicas de m obilização com unitária, consideradas as situa­ ções especiais ou particulares das regiões objeto da ação.

(7)

R e l a t ó r i o T é c n i c o . S e c r e t a r i a d e S a ú d e / G o v e r n o d e R o n d ô n i a . E n c o n t r o T è c n i c o - c i e n t i f i c o d e c o m b a t e a m a l á r i a . P o r t o V e l h o , R o n d ô n i a , 1 1 a 1 4 d e s e t e m b r o d e 1 9 8 9 R e v i s t a d a S o c i e d a d e B r a s i l e i r a d e M e d i c i n a T r o p i c a l 2 2 : 2 2 1 - 2 2 7 , O u t - D e z , 1 9 8 9 .

tem interesse de participação na área de saúde, nas form ulações das propostas de controle da m alária no E stad o de Rondônia, considerando o com ponen­ te M obilização Com unitária.

Concluindo, o grupo enfatizou a necessidade do seguinte encam inham ento, com o form a de viabilizar e catalisar os processos e procedim entos recom en­ dados:

• C onstituição de um grupo m ultiprofissional e inte- rinstitucional que tenha no seu horizonte de ação a form ulaçao de program ação p ara 1990, do Projeto de C ontrole d a M alária p a ra o E stad o de Rondônia.

4. D IA G N Ó S T IC O E T R A T A M E N T O

O diagnóstico e tratam ento nos program as de controle' devem visar a descoberta precoce e o tratam ento oportuno do m aior núm ero de casos possível, com duas finalidades: com o ferram enta epidem iológica e utilização clínica.

A tividades de diagnóstico e tratam ento devem ser repassadas, gradativam ente, às unidades existentes no Estado, dentro de um cronogram a estabelecido p ela S U C A M e os órgãos que assum irem esta tarefa.

H á três níveis de diagnóstico:

1. Clínico-epidem iológico: feito pelo A gente de Saúde.

2. M icroscópico: p ara aqueles que não responde­ ram ao nível 1. D ev erá ter um microscópio. 3. Terciário: estrutura L aboratorial e hospitalar que tenha condições de tratam ento da m alária grave.

Repassando o diagnóstico e tratam ento p ara a rede básica, o contingente de pessoal d a S U C A M ficará liberado p ara desenvolver outras atividades. O diagnóstico clinico-epidem iológico deverá ser a norm a geral p ara as localidades que não tenham acesso ao diagnóstico m icroscópico. E ste tipo de diagnóstico deverá ser feito por A gentes de Saúde. N este caso, este A gente de Saúde deverá fornecer o esquem a terapêutico. Se persistir o quadro clínico, o paciente deverá ser encam inhado p ara local de re­ ferência. E sta unidade ou pessoa, estará sujeita à

supervisão. D eve ser considerado que para aquele paciente que não responder à m edicação, o diagnós­ tico m icrocópico será facilitado.

O nível secundário deverá fazer o diagnóstico parasitòlógico. P a ra isto, seus agentes precisam ser treinados p a ra executar o m étodo da gota espessa. D everá haver revisão de todas as lâm inas positivas e 10% das negativas, à guiza de controle de qualidade. P ertencem a este nível todas as unidades que possuem m icroscópio, independente da presen­ ça de m édico. A s estruturas que executarão tais

atividades/instalações, equipam entos, pessoal

forão parte da rede de serviços básicos da saúde.

N o terceiro nível, todo o arsenal terapêutico estará disponível.

A terapêutica da m alária em R ondônia deve obe­ decer às norm as estabelecidas no M anual de T e­ rapêutica d a M alária do M inistério da Saúde. D eve

ser recom endada, enfaticam ente, a investigação de novos esquem as de b o a tolerância, elevada eficácia e grande operacionalidade, p ara uso sobretudo das instituições de Saúde Pública, a nível de campo. Recom enda-se que seja reexam inada a possibili­ dade de utilização de quim ioprofilaxia em situações epidemiológicas especiais.

R E F E R Ê N C IA S B IB L IO G R Á F IC A S

1. C o m it é d e e x p e r t o s d e l a O M S e n P a lu d is m o . 1 8 ? I n fo r m e , 1 9 8 6 .

2 . D e s a r o l l o y F o r t a l e c i m ie n t o d e l o s S is t e m a s L o c a le s d e

S a lu d O P A S / O M S , 1 9 8 6 .

3 . J o r n a d a d e M a la r io lo g ia . P o r t o V e l h o 2 6 / 2 8 m a i o d e

1 9 8 6 .

4 . M a la r ia D i a g n o s i s . W H O / M A L , 1 9 8 8 .

5 . P r o g r a m a d e C o n t r o le d a M a la r ia n a B a c ia A m a z ô n i c a ( S í n t e s e ) . M S / S U C A M / B I R D , 1 9 8 9 .

6 . R e p o r t o n a t e c h n ic a l c o n s u lt a t io n o n r e s e a r c h in s u p p o r t o f m a la r ia c o n t r o l in t h e A m a z o n B a s in . W H O / T R D / -F I E L D M A L / S C / A M A Z 3 , 1 9 8 8 .

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