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Paulo Dias de Novais e o desenvolvimento das relações entre os portugueses e o Ndongo, século XVI

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44 Paulo Dias de Novais e o desenvolvimento das relações entre os portugueses e o Ndongo,

século XVI

Paulo Dias de Novais and the development of relations between the Portuguese and Ndongo, 16th century

Luciana Lucia da Silva*

Resumo:

O artigo apresenta alguns aspectos da relação mantida entre portugueses e povos mbundu – denominação dada aos falantes do kimbundu que ocupavam uma larga faixa da África Central Ocidental – no momento inicial dessa presença estrangeira na região, que se deu já no século XVI. O reino do Ndongo, habitado por um subgrupo entre os mbundu, se situava na região que ficou conhecida como Angola a partir do início da presença portuguesa no local. O artigo tem como foco a atuação de Paulo Dias de Novais, encarregado de duas embaixadas portuguesas ao Ndongo na segunda metade do século XVI. Em sua segunda viagem Paulo Dias de Novais vai ao Ndongo como portador da “carta de doação da capitania de Angola”, concedida a ele por D. Sebastião em 1571. Paulo Dias de Novais chega a Ilha de Luanda como capitão donatário e governador, fundando em seguida a cidade de São Paulo de Luanda. Através da análise de documentos e da historiografia sobre a presença portuguesa no Ndongo buscaremos pensar a relação entre este agente português e os chefes do Ndongo, com foco nas negociações e conflitos surgidos nesse momento.

Palavras-chave:

Angola; Ndongo; Presença portuguesa; Paulo Dias de Novais.

Abstract:

The following article presents some aspects of the relationship between the Portuguese and the Mbundu folks– a denomination given to the Kimbundu speakers who occupied a wide range of West Central Africa - at the initial moment of this foreign presence in the region, which occurred in the 16th century. The kingdom of Ndongo, inhabited by a subgroup among the Mbundu, was located in the region that became known as Angola from the beginning of the Portuguese presence in the site. The article has it focus on the acting of Paulo Dias de Novais, once in charge of two Portuguese embassies to Ndongo in the second half of the 16th century. On his second voyage, Paulo Dias de Novais goes to Ndongo as the bearer of the "donation letter of the captaincy of Angola" granted to him by Dom Sebastião in 1571. Paulo Dias de Novais arrives on the Island of Luanda as aacquirer captain and governor, founding then the city of São Paulo de Luanda. Through the analysis of documents and the historiography about the Portuguese presence in Ndongo we will reflect upon the relationship between this Portuguese agent and the Ndongo chiefs, focusing on the negotiations and conflicts that emerged at that moment.

Keywords:

Angola; Ndongo; Portuguese presence; Paulo Dias de Novais.

* Mestranda do Programa de Pós-Graduação em História Social da UFRJ, orientada pela Professora Doutora

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45 1.

Introdução

O Ndongo era habitado por um subgrupo entre os mbundu, os falantes do kimbundu, uma língua do troco linguístico Bantu1, que ocupavam uma larga faixa da África Central Ocidental, ao longo do baixo Kuanza e do médio Kuango2. Sua área era limitada a norte pelos povos Bakongo, a sul pelos Ovimbundu, a leste pelos povos Chokwe-Lwena e fazia parte da região que foi chamada de Angola pelos portugueses. De acordo com Selma Pantoja, é possível afirmar que era uma sociedade de características predominantemente matrilineares, aquelas onde os tios têm maior domínio sobre os filhos das irmãs que os maridos destas, nesse regime a descendência se estabelece entre o irmão da mãe e os filhos desta. A estrutura social do Ndongo tinha como base formas linhageiras de organização, mas seu desenvolvimento político fez com que o Ndongo pudesse ser considerado um núcleo de poder ao estabelecer um nível de controle que perpassava um grande número de linhagens – porém, sem interferir no interior destas. O chefe com título mais importante era o ngola e cada parte do território era governada por chefes que tinham poder a nível local, os sobas, chefes das linhagens e que exerciam o poder em contato direto com a população.3

No século XVI, em decorrência da associação do Ndongo ao tráfico atlântico de escravizados, portugueses e povos mbundu estabeleceram uma série de relações que levaram a presença estrangeira na região. O Ndongo era o centro de poder de maior relevância no momento do deslocamento dos portugueses para a região a sul do reino do Congo, pois havia atingido posição de destaque em relação aos demais grupos mbundu, ao desenvolver certo grau de centralização política e uma estrutura hierárquica que possibilitou sua expansão numa grande dimensão, como afirma Joseph Miller4. Ao se relacionar com europeus, em especial os portugueses, e enviar um enorme contingente de pessoas para as Américas, o Ndongo esteve intimamente ligado ao Atlântico, sendo influenciado e influenciando suas dinâmicas, o que o levou a estar em contato com

1 De acordo com Selma Pantoja, grupos Bantu migraram para a África Central e introduziram a

agricultura e a metalurgia na região ocupada pelo Ndongo, assim como difundiram suas técnicas e língua. PANTOJA, Selma. Nzinga Mbandi: mulher, guerra e escravidão. Brasília: Thesaurus, 2000. pp. 35-44.

2 BIRMINGHAM, David. África Central até 1870: Zambézia, Zaire e o Atlântico Sul. Luanda:

ENDIPU/UEE, s/d. p. 22.

3 PANTOJA, Selma. Uma antiga civilização africana: história da África Central ocidental. Brasília:

EDU-UNB, 2011. p. 26.

4 MILLER, Joseph C. Poder Político e Parentesco. Os Antigos Estados Mbundu em Angola. Luanda:

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46 difere

ntes saberes e mercadorias.5 As relações estabelecidas entre portugueses e mbundu nesse momento possuem aspectos que podem trazer ricas análises, pois, nas palavras de Marina de Mello e Souza, esta foi uma região “na qual foram mantidas com os nativos relações bastante diferentes daquelas estabelecidas com o reino do Congo”,6e em outras localidades da costa africana até então. Pois, nela deram-se contatos, estabeleceram-se alianças e conflitos de forma bastante intensa e peculiar entre portugueses e africanos, o que pode ser exemplificado pela fundação de São Paulo de Luanda, em 1575, e pelos sucessivos conflitos que se iniciaram já no século XVI.

Entre as características dessa relação nesse período, para além do comércio de escravizados e de outros itens, está a tentativa do estabelecimento de contatos diplomáticos formais entre os soberanos mbundu e portugueses que levou ao envio de embaixadas portuguesas ao Ndongo.7 Essas embaixadas tinham o objetivo de fazer

contato com os soberanos locais, melhor conhecer a região, avaliar os lucros e benefícios que esta poderia trazer a coroa e cristianizar a população mbundu. Alguns dos mais importantes acontecimentos referentes ao contato entre os portugueses e os mbundu durante o século XVI contaram com a participação do agente português Paulo Dias de Novais que foi encarregado de duas missões em Angola, a primeira em 1559 e outra em 1571, em que foi como portador de uma carta de doação que o instituía como capitão donatário e governador.

2. A trajetória de Paulo Dias de Novais em Angola

Na segunda metade do século XVI, após os contatos informais baseados no comércio e as primeiras tentativas de contatos mais formais protagonizadas por ambos os lados na primeira metade deste século, as relações entre portugueses e mbundu se tornaram mais intensas. Nesse momento o interesse português se volta de forma mais direta para a região do Ndongo – entre os motivos para tal está o crescente atrativo da região em resultado de seu desenvolvimento comercial –8, levando a coroa a enviar, em

5 THORNTON, John Kelly. A África e os africanos na formação do mundo atlântico 1400-1800. Rio de

Janeiro: Campus, 2004.

6 MELLO E SOUZA, Marina de. Reis negros no Brasil escravista: história da festa de coroação de Rei

Congo. Vol. 71. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002. p. 99.

7 PINTO, Alberto Oliveira. História de Angola: da pré-história ao início do século XXI. Lisboa: Mercado

de Letras, 2015. pp.189-199.

8 Alberto Oliveira Pinto traz um rico histórico do desenvolvimento das relações entre os mbundu e os

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47 1559,

uma segunda embaixada9 com o objetivo de manter contato com o soberano mbundu, a primeira de Paulo Dias de Novais. Esta teria sido enviada em resposta ao envio de uma embaixada por parte do próprio ngola, que após esperar por nove anos na ilha de São Tomé, teria conseguido chegar a Portugal e solicitado a ida de padres para levar a cristandade ao Ndongo, pois o ngola gostaria de se tornar cristão.10 D. Sebastião envia, assim, Paulo Dias de Novais com quatro padres da Companhia de Jesus a Angola, onde chegam em 1560.11 Aportaram na barra do rio Kuanza, aí permanecendo por meses apenas mandando recados ao ngola na tentativa de confirmar se este estava de fato disposto a recebê-los; Paulo Dias de Novais devia ter dúvidas quanto a isso, pois:

Escreueo elRey ao capitão de São Tomé, que antes de responder aos Embaixadores delRey de Angola, soubera de sua morte; mandalhe que se informe, se está o Rey que lhe suçedeo no preposito de ser christão, e aceitar Religiosos que lhe preguem a fee, para com o que achar despedir os Embaixadores e mandar com eles os Padres, e Embaixador particular[...].12

Por isso, apenas seis meses depois, de acordo com o que escreve Antonio Mendes em carta datada de 156213, após receber resposta afirmativa do ngola que lhe mandou recado dizendo que se “seu jrmão lhe mandara Christandade que elle queria ser Christão”14, é que Paulo Dias de Novais desembarca e se dirige a corte do ngola. Apesar

de sua resposta afirmativa e de receber os enviados portugueses em sua corte, o soberano mbundu se recusa a aceitar o cristianismo e passa a manter Paulo Dias de Novais e os padres Francisco de Gouvea e Antonio Mendes como cativos15, acusando-os de traidores16. De acordo com Oliveira Pinto, Paulo Dias é libertado de forma

de a sul do Congo, habitada pelos mbundu, foi mais importante para o desvio de interesse dos portugueses do Congo para o Ndongo do que os problemas portugueses no Congo. PINTO, op. cit., pp. 189-211.

9 Uma primeira embaixada portuguesa, liderada por Manuel Pacheco e de Baltazar de Castro, já havia

sido enviada ao reino do Ndongo em 1520. O Regimento que regulamentava esta embaixada afirmava que os embaixadores deveriam proceder ao “descobrimento do reino de Angola até ao Cabo da Boa Esperança”. PINTO, op. cit., p. 194; BRÁSIO, 1952. v. I, pp. 431-440.

10 BRÁSIO, 1953. v. II, p. 466; p. 497. 11 Ibid., pp. 465-468. 12 Ibid., p. 466. 13 Ibid., pp. 488-489. 14 Ibid., p. 467. 15 Ibid., p. 489.

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mática em 1565, conseguindo retornar a Portugal apenas em 156717, onde inicia uma intensa luta em busca de receber uma nova missão em Angola18.

O que acontece já em 1571 quando é encarregado de uma segunda embaixada a Angola, dessa vez como portador de uma “carta de doação” que o nomeia capitão donatário e governador dos Reinos de Sebaste e com a missão de “sogeitar e conquistar o Reynno dAngola”, de acordo com os termos da carta de doação19, em que D.

Sebastião diz:

ẽcarreguey disso a Paullo Diaz de Nauais (sic) pella muyta confiança que delle tenho e pello conheçimẽto e experiençia que tem das cousas do dito Reyno, do tempo que nelle esteue por meu ẽbaixador; pello qual avendo respeito aos seruiços que o dito Paullo Diãz me tem feytos, asy no dito Reyno dAngola como em outras partes onde me serujo, em que sempre deu de sj toda boa conta e aos que espero que me faça na conquista do dito Reynno [...]20

De forma que, por meio desta carta o soberano português afirma estar fazendo mercê e irrevogável doação “de trinta [e] çinquo legoas de terra na costa do dito Reynno dAngola, que começará no rio Quanza e agoas vertentes a elle pera o sul e ẽtrará pella terra dentro tanto quanto poderem ẽtrar e for de minha conquista”21. Assim, ao fazer doação dos territórios mbundu em forma de capitania, o soberano português demonstra sentir-se dono desses territórios. Como nos alerta Alberto da Costa e Silva, que salienta que através deste ato a Coroa portuguesa buscava transferir à Paulo Dias de Novais “o governo e a posse de terras que não pertenciam a Portugal, mas a reis africanos”.22

Além disso, este trecho demonstra o desejo de expandir as áreas de influência portuguesa cada vez mais para o interior, aspecto que se configurará como um dos principais pontos de tenção das relações estabelecidas entre os mbundu e os portugueses e que levará a diversos embates.

Posteriormente, D. Sebastião especifica, ainda, as terras que estariam sendo concedidas a Paulo Dias de Novais apenas em sua vida:

17 Ibid., p. 221. 18 Ibid., p. 239. 19 BRÁSIO, 1953. v. III, p. 36. 20 Ibid., p. 37. 21 Idem, p. 37.

22 SILVA, Alberto da Costa. A manilha e o libambo: a África e a escravidão, de 1500 a 1700. Rio de

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aço doação e merçê ao dito Paulo Dias, em dias de sua vyda somente, das terras que estão do Rio Dange para o Sul até os limites do Rjo Quoanza, o qual Rio Dange pello sertão dentro vaj deuidindo o Reynno de Congo do Reynno dAngolla, e terá as ditas terras ẽ sua vida [...] e por falecimento do dito Paulo Dias ficarão as ditas terras do Rio Dange até os limites do Rio Quoanza livres a mim e a coroa de meus Reynnos, pera fazer delas o que ouuer por meu seruiço, sẽ ficarẽ nellas aos erdeiros do dito Paullo Diãz, jur[i]dição, allçada nẽ renda allguã somẽte ficarão aos dytos seus erdeiros de juro e derdade, pello modo de subçeder acima decllaraado, as allcaydaryas mores dos tres castellos que hade fazer na dita terra, [...] e sete legoas de terra cada huũ dos ditos castellos pera fora e as agoas que nellas ouuer[...].23

Definição que demonstra um razoável conhecimento da geografia da região a sul do Congo habitada pelos mbundu por parte do soberano português e aponta para a possibilidade deste possuir interesses específicos nas diferentes partes do território mbundu. Visão que está de acordo com a afirmação da historiadora Flávia Maria de Carvalho de que durante os tempos de governo de Paulo Dias de Novais a capitania era pensada como dividida em duas partes, uma a sul e a outra a norte do rio Kuanza, esta última mais importante do ponto de vista da coroa portuguesa e que deveria ser devolvida após a morte do governador.24

Ainda no trecho transcrito acima temos outra importante informação, a de que já nesse momento havia o objetivo de construir três castelos ao longo da região que por meio desta carta julgavam tomar posse; o que nas páginas seguintes do documento é colocado como uma condição para que a doação se efetivasse, devendo estes ser construídos em até dez anos. Nesse sentido, o documento coloca outras condições (sete ao todo) para a efetivação da doação, entre elas a de se começar a guerra na região em até vinte meses após a partida de Paulo Dias de Novais e a de que dentro de seis anos se tenha em Angola cem moradores com suas mulheres e filhos.25 Paulo Dias de Novais seria, também, obrigado a levar clérigos para darem os sacramentos e construir igrejas às suas custas, sendo a primeira destas construída em homenagem a São Sebastião.26

De acordo com a carta de doação, que traz detalhes de como deveria ser a administração do território a ser conquistado, estabelecendo quais instancias governativas da metrópole deveriam estar presentes em Angola e como deveriam

23 BRÁSIO, 1953. v. III, pp. 46-47.

24 CARVALHO, Flávia Maria de. Sobas e homens do rei: interiorização dos portugueses em Angola

(séculos XVII e XVIII). Maceió: Edufal, 2015. p. 77.

25 BRÁSIO, 1953. v. III, pp. 47-49. 26 Ibid., pp. 50-51.

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onar, Paulo Dias de Novais teria jurisdição civil e criminal nestas terras.27 Estabelecimentos que revelam que o rei buscava integrar essa região à lógica política, administrativa e jurídica vigente nos espaços sob seu domínio. Além disso, a carta era enfática ao estabelecer que o capitão e governador deveria fazer a conquista com despesas próprias, pois a coroa não daria ajuda nem em dinheiro nem de outra espécie28, informação repetida por várias vezes ao longo do documento. O que nos aponta a importância atribuída por Paulo Dias de Novais a este empreendimento, bem como sua crença em relação aos rendimentos futuros que este poderia lhe trazer, valendo tão grandes investimentos e sacrifícios.

De posse desta carta de doação Paulo Dias de Novais chega à ilha de Luanda em 1575, onde permanece por quase um ano, apenas mudando-se para a faixa continental fronteira à ilha em janeiro do ano seguinte, onde fundou a vila de São Paulo de Luanda.29 De acordo com Oliveira Pinto, apesar de a documentação não especificar o

nome do ngola que governava nesse momento, este era o soberano que assumiu o poder após a morte do ngola que havia feito Paulo Dias de Novais prisioneiro anos antes. Ainda de acordo com este autor, ao ser informado por um de seus embaixadores sobre a presença dos portugueses na ilha de Luanda, o ngola teria enviado presentes ao embaixador português e o recado de que se agradava em saber que este vinha com o poder não para lhe fazer guerra, mas para ajudá-lo nas suas. De modo que, assim, teria se selado um pacto de aliança entre o soberano do Ndongo e o governador português; esta aliança teria sido harmoniosa no princípio e obrigava Paulo Dias de Novais a prestar socorro militar ao ngola, sempre que este o requeresse, contra os muitos súditos que contra ele se levantavam.30 De acordo com Flávia de Carvalho, Paulo Dias de Novais teria usado a estratégia de se aliar ao ngola, oferecendo ajuda militar contra sobas rebeldes, o que faria também em relação a outras chefias, fazendo crescer o prestígio português entre a elite política mbundu31, o que o teria ajudado a conduzir suas possibilidades de ação na região.

De acordo com Alberto de Oliveira Pinto, Paulo Dias de Novais apenas começou a tomar medidas ativas para a conquista de Angola depois de janeiro de 1578, quando

27 Ibid., pp. 38-40.

28 Ibid., p. 37.

29 PINTO, op. cit., pp. 246-251. 30 Ibid., p. 250.

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51 chega

ram a São Paulo de Luanda os primeiros reforços saídos de Portugal.32 Nesse momento se inicia a busca por adentrar ao território mbundu de forma efetiva e a construção de presídios ao longo do rio Kuanza; de acordo com Oliveira Pinto, “o objectivo do capitão e governador já era atingir Cambambe e as míticas minas de prata”33 que teriam

incentivado boa parte da ação portuguesa na África Central ao longo do século XVI. Um dos marcos dessa empreitada foi a chegada até Anzele, na província de Ilamba e posteriormente Massangano. Mas, entre 1575 e 1589, foram fundados ao todo seis presídios portugueses ao longo do Kuanza, Luanda, Tombo, Calumbo, Anzele, Mocumbe e Massangano. 34

Durante os anos de atuação como governador de Angola Paulo Dias de Angola manteve intensa comunicação com Portugal; entre os principais interlocutores estavam o rei de Portugal, seus familiares e outros agentes portugueses no ultramar; o que pode ser constatado através da grande quantidade de cartas assinadas por ele, ou a ele endereçadas, presentes na compilação feita por António Brásio35. Em seu conteúdo

aparecem diferentes temas, sendo bastante recorrentes apontamentos feitos por Paulo Dias de Novais com relação ao estado da conquista, onde salienta não apenas seus feitos, mas as necessidades que impedem sua ampliação e os grandes benefícios que se poderiam alcançar com melhores recursos. O conteúdo dessas cartas revelam sua intensa busca por obter ajuda de Lisboa para efetivar a conquista que a todo o momento era ameaçada pelas dificuldades impostas pela geopolítica local, levando-o a uma constante necessidade de maiores recursos. Fator que pode ser percebido neste trecho de uma das cartas de Paulo Dias de Novais endereçadas a seu pai:

Hora elRey nosso Senhor, se ouuer quem lho diga de boa tinta, tem muita rezão de folgar de assentar ẽ seu tenpo mais huã casa grande a Portugall cõ tanto proueito e aumento do mesmo Reyno.

[...] se as provisões que peço no roll se me pasarem ficará pera este negoçio muito menos que fazer e podese dilatar mais hũs [...] annos ẽ que esta ter[r]a mostrará tanto de sy que poderey por [...] aonde quiser, aynda que deseya muito de me ver forteficado [...].36

Neste trecho da carta datada de 1575 percebemos a tentativa de usar o intermédio de seu pai para conseguir que D. Sebatião lhe conceda provisões para o alargamento da

32 PINTO, op. cit., p. 255. 33 Ibid., p. 256.

34 Ibid., pp. 255-256. 35 BRÁSIO, op. cit.

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uista usando o argumento de que, tendo recursos, com o tempo, Angola trará muitos proveitos e o crescimento dos Reinos de Portugal.

Em outra carta, em que não aparece destinatário, datada de janeiro de 1578, Paulo Dias de Novais enumera algumas das necessidades de sua missão em Angola. Ele afirma que a melhor maneira de empregar os lucros obtidos com o comércio de escravos era a aquisição de pólvora fina e outras munições de guerra e fazenda para o comércio, além de marguaridetas de boa qualidade e vinho da Ilha da Madeira.37 Quanto a estes dois últimos itens afirma que “estas duas cousas são muito neçesarias, porque desta maneira podem todas correr por minha mão e sostemtar sempre a terra em huũs preços e ter os senhores della tão sojeitos como com fina guerra”38. Quanto às fazendas enfatiza que são muito importantes porque “fazenda faz fazenda” e que por isso fazenda e munições são o que mais importa, sendo o ponto principal em que devem o acudir.

Nessa mesma carta faz apontamentos sobre algumas das conquistas por ele empreendidas:

E eu com aver hum anno e me[i]o que estou neste sitio tem que dizer, avendo nelle portuguezes cazados e eguoas cõ hum potro muito fermozo e estar cozendo hum forno de cal de que tenho esperaõças de sajr muito bem, porque não lhe faltaõ já senão tres dias. Ora veja v. m. qual foy a comquista em que em tempo de hum anno e me[i]o o ouuese jsto, e estar feyto ho forte de Anzelle, quatorze legoas pella terra dentro.39

Este tipo de informação aparece em diversos outros documentos assinados por Paulo Dias de Novais como em uma carta datada de 1582 enviada por ele ao rei de Portugal40, onde especifica que sua carta se destina a dar notícia do estado da conquista:

Nesta darej conta há V. Magestade dos augmentos temporaes e espirituaees que o Senhor foi seruido dar a esta sua conquista pera gloria Sua e de V. Magestade.

Os temporaees são que de obra de hũ anno a esta parte temos comquistado pasante de sesenta fidallgos, que são senhores de vasallos e muitos delles tão grandes que cada hũ per sj resiste a todo [o] poder deelRei de Angola. E os espirituaẽs são que jaa começaõ allgũs a receber nossa santa fee. Dos quais já se baptizou jaa hum dos principais [...].41 37 Ibid., pp. 296-297. 38 Ibid., p. 297. 39 BRÁSIO, 1954. v. IV, p. 294. 40 Ibid., pp. 335-338. 41 Ibid., p. 335.

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53 E segue detalhando seus feitos no que ele chama de dilatação da conquista do Reino de Angola, mas aproveitando para pedir que D. Felipe I faça algum favor e mercê para a obra da cristandade e assim possa animar outros a fazer o mesmo.42 Em carta que escreve já em Massangano, em 1584, pede que busque “se pouoar daqui até ho mar, he mandar duzentas eguoas [...] e vinte cavalos [...]; [para que] em menos de sete años lhe conquiste daqui até Manipotapa he até o Cabo de Boa Esperança”43.

Outra característica de seu governo foi a concessão de terras e direitos a religiosos da Companhia de Jesus como no trecho que se segue, presente em uma de suas Cartas de Doação aos Padres da Companhia, escrita em Mocumbe e datada de 1581:

Paulo Dias de Nouais, Capitão e Gouernador destes nouos Reynos de Sebaste na Conquista de Hetiopia, faço saber aos que esta carta de doaçam virem, que auendo respeito ao muyto fruito spiritual que os Padres da Companhia de Iesvs tem feitos nestes Reynos na conuersam da gente delles e portugueses que nelles residem, e ao diante, diguo e ao que se espera que façam; e assi á muyta necessidade que há pera ao diante de muyta copia de Padres e Irmãos, ey por seruiço de Deus e del Rey Nosso Senhor e bem e augmento, e conuersam destas prouincias, de dar de sesmaria ao Padre Baltesar Barreira, superior dos Padres da Companhia de Iesvs nestes Reinos [...].44

Em outra carta do mesmo ano, Paulo Dias de Novais faz concessão à Companhia de Jesus, em nome do mesmo Baltasar Barreira de uma mina de prata em cada veio de metal que se descobrir para que possam construir edifícios, igrejas, obter ornamentos, para o sustento dos padres e tudo o mais que necessitarem e a eles bem parecer. 45

É interessante notar que os membros da Companhia de Jesus enviados para a região tiveram importante papel na condução das ações de Paulo Dias de Novais, estimulando que este empregasse a força na conquista do vale do Kuanza. Os Jesuítas teriam tido uma importante participação no desenrolar dos acontecimentos relacionados ao início da presença portuguesa nessa região. De acordo com Oliveira Pinto, os Jesuítas tinham a convicção de que os africanos dificilmente deixariam as suas feitiçarias e que só poderiam aderir ao cristianismo se avassalados pela força, o que pode nos ajudar a compreender a ação portuguesa nessa região da África. A Companhia

42 Ibid., p. 337.

43 Ibid., p. 421.

44 BRÁSIO, 1988. v. XV, p. 265. 45 Ibid., p. 263.

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54 de

Jesus foi a primeira ordem religiosa a se fazer presente em Angola, com padres da Companhia sendo enviados para acompanhar Paulo Dias de Novais e ajudando inclusive a pleitear a ida deste em sua segunda missão no Ndongo junto às autoridades portuguesas, de modo que se pode perceber a forte ligação dos Jesuítas com a elite colonial e supor que possuíam um projeto de poder para a região.46

Paulo Dias de Novais morre em 09 de maio de 1589 em Massangano, pobre, endividado e sem herdeiros diretos47 e é enterrado na Igreja dos Jesuítas de Nossa Senhora da Vitória, no mesmo local.48 De acordo com Oliveira Pinto “a figura de Paulo Dias de Novais tornar-se-ia emblemática para a História de Angola” e a fundação de Luanda estaria sempre a ele associada.49

Após sua morte, o rei Felipe I precisou recorrer ao aparato jurídico para rescindir na doação feita a Paulo Dias de Novais com o argumento de que este não cumprira as cláusulas necessárias a efetivação da doação. Ao examinar os termos contidos na carta de doação, as leis vigentes nesse período e o cumprimento das sete condições importas ao enviado português, o Parecer Jurídico de Jorge de Cabedo sobre a Doação de Angola a Paulo Dias de Novais , datado de janeiro de 1590, termina por estabelecer que

se pode collegiar que não comprindo Paulos Dias as condições da doação, não pode fazer seus os direitos que leuou nas terras do Rio de Ange (sic), pois o não comprimento das condições faz com que a doação a principio não ualesse [...]

De tudo isso resulta que sua magestade pode mandar tomar posse de todas as terras, jurisdição e direitos que per doação feita a Paulos Dias ele pesuia de fato no Reino de Angola [...].50

Durante os anos que atuou como governador de Angola, Paulo Dias de Novais teve algumas conquistas, conseguindo a adesão de importantes sobas, porém precisou sempre lidar com a resistência imposta por outros chefes locais, em especial do ngola que promoveu com seus exércitos diversos cercos às localidades a que os portugueses conseguiam chegar. Desse modo, Paulo Dias de Novais chega a avançar até uma localidade que ficaria a apenas uma légua de Cambambe, mas foi obrigado a recuar a

46 PINTO, op. cit., pp. 244-252. 47 Ibid., p. 264.

48 BRÁSIO, 1954. v. IV, p. 512. 49 PINTO, op. cit., p. 264.

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55 Mass

angano, nunca alcançando esta localidade. Deste modo, Massangano se torna o baluarte central da conquista de Paulo Dias de Novais em Angola.51

3. A atuação de Paulo Dias de Novais como parte do projeto colonial português Os apontamentos feitos a respeito da trajetória de Paulo Dias de Novais em Angola se mostram em conformidade com as colocações feitas pelo historiador Diogo Ramada Curto com relação aos projetos coloniais para a África Ocidental que defende a existência de uma cultura imperial e de projetos coloniais para essa região.

De acordo com Ramada Curto, um dos principais meios utilizados para tornar Angola parte do Império Português foi o desenvolvimento de uma estratégia de conquista e ocupação territorial, que colocava em discussão diferentes projetos e interesses pessoais que questionavam a forma como era pensada a presença portuguesa na Costa Ocidental africana52; já que projetos coloniais divergentes existiam, muitas

vezes com diferenças de objetivo entre a própria coroa e os agentes portugueses em Angola.

De qualquer forma, a materialização dos projetos coloniais em Angola se deu, como busca salientar Ramada Curto, através da construção de fortalezas e de igrejas, e do aforamento e tributação de sobas, efetivados por diferentes meios ao longo dos anos de presença portuguesa na região. As fortalezas eram a expressão material de uma das funções urbanas mais importantes do ponto de vista português: a defesa e a criação de uma ordem política que visava fortalecer o intercâmbio comercial com a região.53 As igrejas, por sua vez, eram a marca da conquista espiritual, efetivada em Angola pelas ordens religiosas, inicialmente exclusivamente pela Companhia de Jesus, instituição que teve grande centralidade nos processos ocorridos nos primeiros anos de presença portuguesa na região,54 como vimos.

O fato de a guerra ser um elemento estruturante das relações entre europeus e africanos durante esse período inicial de contato está em concordância com a lógica da cultura imperial portuguesa de conquista temporal e espiritual, de forma que a presença portuguesa em Angola tinha um caráter militar. Assim, Ramada Curto tenta

51 PINTO, op. cit., pp. 260-264.

52 CURTO, Diogo Ramada. Cultura imperial e projetos coloniais: séculos XV a XVIII. São Paulo:

Editora Unicamp, 2009. p. 307.

53 CURTO, op. cit., p. 311. 54 Ibid., p. 317.

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reender a importância atribuída à figura de Paulo Dias de Novais, primeiro governador de Angola. Pois, a memória da conquista empreendida por ele se dá através da narrativa histórica militarizada, uma das marcas dessa cultura imperial portuguesa, vinculada a um modelo de nobre, capitão, acompanhado por seu exército, que deveria ser sempre rememorada. Porém, Diogo Ramada Curto enfatiza que entre as estratégias militares utilizadas por Paulo Dias de Novais para a conquista de Angola está a utilização de divisões internas das sociedades mbundu; de modo que as conquistas por ele efetivadas podem ser atribuídas à existência de lutas internas dessas populações, e ao apoio de líderes locais, através de alianças feitas com grupos da região. O que possibilitou que grupos locais também se beneficiassem do apoio militar dos portugueses para o alcance de seus objetivos.55

Nesse sentido, é importante perceber que a existência de uma ordem política imperial de caráter militar está vinculada ao fato de a guerra já ser uma característica daquela sociedade – ser algo latente em Angola –, de modo que os portugueses apenas teriam se utilizado da realidade local em benefício próprio, não introduzido uma lógica de guerra externa. Assim, as chamadas “guerras angolanas” seriam o resultado de ações militares empreendidas por portugueses em decorrência da resistência local às suas investidas, não tendo, porém, como finalidade principal a produção de escravos, como muitos defendem. A obtenção de escravos a partir delas devia-se ao fato de a guerra ter, internamente, a característica de produzir escravos.56 Além disso, as tropas portuguesas eram formadas por soldados de forças irregulares locais, cujo recrutamento dependia de alianças com soberanos africanos, que formavam a “guerras preta”, onde africanos enfrentavam africanos.

Ramada Curto analisa, também, a importância do discurso centrado na figura do rei como fator de grande relevância para se compreender a ordem política imperial e a construção dos quadros que davam sentido ao império português. O que, por sua vez, seria fundamental para a percepção que se tem das sociedades e unidades políticas africanas. Isso porque a associação entre títulos e estruturas locais e europeias era uma característica dessa relação, que pode ser observada na escrita dos agentes portugueses. Além disso, empreendeu-se, nas sociedades coloniais uma série de mecanismos jurídicos e administrativos de controle que se encontravam a serviço do rei. Mesmo que

55 Ibid., pp. 319-321.

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agentes portugueses encontrassem meios de se utilizar deles em benefício próprio, um forte sentido de hierarquia permeava toda a organização política e social, como pudemos perceber através do conteúdo da Carta de Doação a Paulo Dias de Novais. Nesse sentido, era de grande importância o constante conselho ao rei através de cartas que não apenas enfatizavam essa ligação ao rei e o sentimento de pertencimento ao Império, quanto estava associado aos interesses individuais ligados à obtenção de mercês. Demonstrando que é necessário se refletir sobre o papel dos agentes imperiais, devido ao fato de que suas ações – assim como os pareceres e projetos escritos por eles –, além de nos ajudarem a compreender o sentido prático da presença portuguesa em Angola, possuem grande conexão com a produção de significados e discursos a nível mais abrangente. O recurso constante à prática da escrita, que era o principal veículo de circulação de ideias, revela a necessidade de justificar a continuidade da conquista de Angola, de rememorar e de justificar seus próprios feitos, como vemos no caso de Paulo Dias de Novais.57

Dessa forma, concordamos com Ramada Curto, na afirmação de que, para a compreensão das dinâmicas locais das sociedades que os portugueses buscaram colonizar, é importante se adotar um ponto de vista que não elimine a existência de fatores imperiais e coloniais, já que esses aspectos são importantes para se entender as sociedades africanas em contato com essa estrutura imperial. Pois, em certa medida, houve de fato um sistema colonial português, com uma ideologia própria aplicado à costa ocidental da África, o que também compreende conflitos e diferenças de interesses entre as partes. Diogo Ramada Curto conclui, nesse sentido, que para se compreender os negócios e interesses presentes nesse contexto, é crucial incluir as iniciativas locais, sobretudo as que envolviam os chefes políticos africanos, já que a agência africana influenciava essas dinâmicas, através de sua capacidade de manipulação desses negócios e de seus interesses.58

4. Considerações Finais

Desse modo, de acordo com o que vimos até aqui, podemos perceber que neste momento a região do Ndongo passa a fazer parte do projeto colonial português. O que não nos impede de reconhecer a importância das realidades, concepções e iniciativas

57 Ibid., pp. 327-333.

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s em prática pelas diversas elites do Ndongo como dado importante na configuração das dinâmicas envolvidas nesse contato. Fatores que podem ser observados através da trajetória de Paulo Dias de Novais ao longo das duas temporadas que esteve na região a que os portugueses chamaram de Angola. Pois, como vimos, a documentação aponta não só para a busca por negociação, mas para uma dependência por parte dos portugueses em relação a respostas e autorizações do soberano mbundu, inclusive para que os portugueses se sentissem no direito de desembarcar de seus navios. Bem como apontam para o poder de decisão dos ngola, demonstrado nas indicações que a documentação traz sobre suas iniciativas ao aceitar ou não se converter ao cristianismo, ao autorizar ou não a presença ou a partida dos estrangeiros. Além disso, mesmo no momento em que a ação portuguesa se torna mais agressiva, buscando submeter a região, como observamos na Carta de Doação à Paulo Dias de Novais, estes enfrentam resistência – que muitas vezes tomou a forma de guerra – e necessitam fazer alianças com chefes locais na tentativa de alcançar seus objetivos. Questões que nos demonstram que o Ndongo, apesar de nesse momento passar a estar em contato com o comércio atlântico de escravizados, com a coroa portuguesa e seus agentes, possuía interesses próprios e que suas dinâmicas internas influenciaram de forma direta os acontecimentos desse período.

Referências

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Bibliografia:

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