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Rev. Bras. Ensino Fís. vol.26 número2

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Academic year: 2018

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Revista Brasileira de Ensino de F´ısica,v. 26, n. 2, p. 89 - 89, (2004) www.sbfisica.org.br

Editorial

Reforma universit´

aria em marcha

Uma reforma no ensino superior est´a sendo discutida por uma comiss˜ao ampla constitu´ıda por representantes de diversas instituic¸˜oes, associac¸ ˜oes profissionais e estudantis, e organismos governamentais. Segundo Tarso Genro, ministro da Educac¸˜ao, a proposta dever´a ser enviada ao Congresso Nacional em meados de novembro.

Sem entrar no m´erito da discuss˜ao acerca da pertinˆencia de se propor uma reforma, ainda que imperiosa, sem ter ainda assegura-dos os recursos financeiros necess´arios para a sua implementac¸˜ao - rendas de uma nova loteria espec´ıfica, como veiculado, s˜ao clara-mente insuficientes - torna-se mister que a comunidade acadˆemica tome conhecimento das diferentes propostas apresentadas e par-ticipe ativamente da discuss˜ao dos v´arios itens em pauta (veja http://www.mec.gov.br/reforma/). Cumpre salientar ainda que a nova Lei de Inovac¸ ˜oes, em discuss˜ao no Congresso Nacional, j´a estabelece profundas modificac¸˜oes na estrutura universit´aria atual. Na reuni˜ao t´opica de F´ısica da Mat´eria Condensada em maio deste ano, a Sociedade Brasileira de F´ısica promoveu interes-sante mesa-redonda com a participac¸˜ao dos nossos colegas f´ısicos Ronaldo Mota, secret´ario-executivo do Conselho Nacional de Educac¸˜ao (CNE), Jos´e Fernandes de Lima, reitor da UFSE e Luis Davidovich, diretor da Academia Brasileira de Ciˆencias (ABC) e seu representante na referida comiss˜ao. De interesse mais pr´oximo `a comunidade atuando no ensino, ´e a quest˜ao dos paradigmas curriculares. Segundo Davidovich ´e importante “montar uma estruturac¸˜ao curricular baseada em grandes ´areas de conhecimento - por exemplo, Ciˆencias B´asicas e Engenharia, Ciˆencias da Vida, e Humanidades, Artes e Ciˆencias Sociais e fundamentalmente ofere-cer uma formac¸˜ao s´olida e diversificada - ensinar a aprender, ensi-nar a pensar”. Para alcanc¸ar este objetivo ´e imperioso “rever a atu-al carga did´atica, extremamente pesada, buscar melhor aproveita-mento do corpo docente e discente; estimular o trabalho pes-soal (biblioteca, acesso a laborat´orio e rede computacional), e dar tratamento especial a alunos excepcionais ou com dificuldades de aprendizado, entre outros”.

Os aspectos mais importantes da estruturac¸˜ao curricular na proposta da ABC, que, em linhas gerais, ´e defendida pelo tamb´em f´ısico Enio Candotti, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciˆencia (SBPC), tamb´em com representac¸˜ao na Comiss˜ao, seriam a busca da interdisciplinaridade e a criac¸˜ao de cursos com ciclos de curta durac¸˜ao. Neste aspecto, a proposta contemplaria um ciclo inicial de dois anos de formac¸˜ao b´asica, ap´os o qual o estudante receberia o t´ıtulo de - Estudos Univer-sit´arios Gerais - sem valor de habilitac¸˜ao. O ciclo seguinte seria um ano de especializac¸˜ao com a oportunidade de ampliac¸˜ao da formac¸˜ao b´asica ou introduc¸˜ao de disciplinas pedag´ogicas (na li-cenciatura, por exemplo). O ciclo final levaria `a especializac¸˜ao do

profissional (est´agio supervisionado para a licenciatura, no caso espec´ıfico). Segundo Davidovich, a proposta contribuiria para diminuir o alto ´ındice de evas˜ao nos primeiros anos do curso, con-siderando que boa parte dessa evas˜ao decorre da escolha precoce da futura profiss˜ao por parte dos alunos; facilita a interiorizac¸˜ao de instituic¸˜oes p´ublicas de ensino superior e um vestibular menos especializado, por definic¸˜ao.

De algum modo, a proposta ressuscita os “ciclos b´asicos” in-troduzidos em algumas universidades brasileiras na d´ecada de 70 e o modelo sugerido se assemelha ao adotado nos EUA. Sem d´uvida, a id´eia de um “ciclo b´asico comum” para todas as ´areas com a entrada no vestibular sem escolha pr´evia da carreira ´e de dif´ıcil implementac¸˜ao pr´atica por alterar drasticamente posic¸˜oes de pro-fessores encastelados em seus feudos curriculares e a gigantesca estrutura burocr´atica organizacional montada no ensino superior brasileiro. J´a com ciclos por “grandes ´areas”, a proposta teria maior probabilidade de sucesso. Ou, quem sabe, um passo menor, intermedi´ario: sua implantac¸˜ao nas faculdades profissionais como sugerido por Roberto Macedo (O Estado de S˜ao Paulo, 10/06/1999, p.2): “por exemplo, numa faculdade de economia, administrac¸˜ao e contabilidade, os dois primeiros anos seriam comuns, s´o depois havendo a escolha de um desses cursos. Freq¨uentemente, os egres-sos desses curegres-sos competem por uma mesma ocupac¸˜ao no mercado de trabalho, digamos, analista financeiro. Mas, nessa ocupac¸˜ao, as empresas preferem um economista que tamb´em conhec¸a contabi-lidade e administrac¸˜ao, um administrador versado em economia e contabilidade, ou um contador com conhecimentos de econo-mia e administrac¸˜ao”. A Escola Polit´ecnica da USP partiu na frente nesse aspecto com a introduc¸˜ao de um vestibular ´unico e um ciclo b´asico de um ano, 750 alunos no total, com escolha ao final do ano para uma das grandes ´areas (Civil, Mecˆanica, El´etrica e Qu´ımica) e opc¸˜ao, ao final do segundo ano, para uma das especializac¸ ˜oes (13 ao todo). No caso espec´ıfico dos cursos de graduac¸˜ao em F´ısica, a proposta ´e muito semelhante `aquela elabo-rada pela Comiss˜ao de Especialistas do MEC que foi aprovada in-tegralmente pelo CNE (Resoluc¸˜ao CNE/CES n. 9, de 11/03/2002). Relembrando, de acordo com essa Resoluc¸˜ao, o curso de F´ısica se estrutura em um n´ucleo comum de dois anos atendendo a todas as modalidades (bacharel, licenciado, tecn´ologo, interdisciplinar) e em m´odulos seq¨uenciais especializados. Por outro lado, a pro-posta da ABC/SBPC contraria frontalmente as diretrizes curricu-lares para a formac¸˜ao de professores de educac¸˜ao b´asica - cursos de licenciatura plena - institu´ıdas pela Resoluc¸˜ao CNE/CP n. 1 de 19/02/2002, que estabelece uma formac¸˜ao b´asica e espec´ıfica desde o in´ıcio do curso. Como se vˆe o impasse sobre a formac¸˜ao do bacharel e do licenciado em F´ısica persiste e uma soluc¸˜ao (se existir!) est´a longe de ser alcanc¸ada.

Referências

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