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Rev. Bras. Ensino Fís. vol.23 número2

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Academic year: 2018

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RESENHA

A Vida de Isaa Newton

por Rihard S.Westfall(tradu~aode Vera Ribeiro),

EditoraNova Fronteira, 328 pp. (1995).

Reebidoem16/05/2001. Aeitoem06/08/2001

Inumeross~ao os livros sobre a vida de Isaa Newton.

Tanto emportugu^esquanto emoutrosidiomas

enon-tramostextosqueseprop~oemadesreveravidadeste

quefoi um dosmaioresientistas detodosostempos.

Entretanto, pouos s~ao oslivros que onseguem

atin-gir tanto o publio leigo quanto oespeializado. Sem

qualquersombradeduvida,opresentelivroenontra-se

entreessespouos.

Como e sugerido pelo proprio ttulo, o livro trata

dabiograadeIsaaNewton. Estabiograaretrataa

vidapessoaleaarreira ientadeNewton, fazendo

uma desri~ao abrangentedo homem, do ientista, do

losofo, do teologo e da gura publia. Trata-se de

uma vers~ao ondensada daobra de grande porte,

Ne-ver at Rest: A Biography of Isaa Newton, publiada

pelomesmoautorem1980.

Conformeoautordeixalaronoprefaio,seu

obje-tivoaoesrevereste livroeodeproduziruma

biogra-aompletadavida deNewton,tantodasuaarreira

ienta omo da sua vida pessoal, de uma maneira

aessvelao publio em geral. Sendo este o objetivo,

semduvidasele foialanado.

Olivroedivididoemtrezeaptulosqueprouram

analisaros84anosdevidadeNewton.

Oaptulo1,intitulado\Umgarotosobrio,

sileni-osoepensativo",desreveainf^aniaeadoles^eniade

Newton, desdeoseunasimento noNatal de1642ate

suatransfer^eniaparaoTrinityCollegeemCambridge,

em junho de 1661. Neste aptulo o autor apresenta

indiosdequeNewtonjaquandoriana

demonstrava-se uma pessoa diferente, n~ao so por suas habilidades

paraainven~aodeaparelhosme^aniosomotambem

porseuisolamentoeavers~aoaoutrasrianas.

O aptulo 2, \O estudante solitario", retrata os

quatro primeiros anos de Newton no Trinity College

(1661-1664)emCambridge. \NewtonentrounoTrinity

omoumsubsizar-oestudantepobrequeganhavaseu

sustentoprestandoserviosdomestiosaosprofessores,

aos alunos n~ao subvenionados (estudantes rios...) e

aospensionistas(alunosmeramenteabastados)."

New-pois n~ao seinteressavamuito por eles, em geral

estu-davarapidamentetaisonteudosnasvesperasdos

exa-mes,oupandoamaiorpartedoseutempoomoutros

assuntosmaisomplexosomoageometriade

Desar-tes. Entretanto, algunsindios apontamquejanessa

epoaNewtonesreveuseuprimeirotrabalho,n~ao

pu-bliado,intitulado\Algumasquest~oeslosoas".

Em\Anni mirabiles", aptulo 3, oautor faz uma

desri~ao do perodomais fertildavida inteletualde

Newton (anosde1664a1666). Neste perodoNewton

tevequevoltarparaafazendadeseuspais,poisapeste

bub^oniaqueassolouaInglaterraforouofehamento

das universidades. Em Woolsthorpe, sua terra natal,

Newtondesenvolveuasbasesdetodaasuaobra,omo

elepropriorelatou: \Noiniodoanode1665,desobri

ometododeaproxima~aoaumaseriedessetipo&a

re-graparareduzirqualquerpot^eniadequalquerbin^omio

atalserie. Nomesmoano,emmaio,desobriometodo

das tangentes de Gregory & Slusius &, em novembro

obtiveometododiretodasux~oes,&noanoseguinte,

emjaneiro,ateoriadasores,&emmaioseguinte

des-vendeiometodoinversodasux~oes. &nomesmoano,

omeeiapensar nagravidadeomoseestendendoate

aorbitadaLua&... deduziqueasforasquemant^em

os planetas em suasorbitas devem [variar℄,

reiproa-mente,omoquadrado desuadist^aniado entroem

tornodoqualelesgiram... . Tudoissofoinosdoisanos

dapeste, 1665-1666. Pois,nessaepoa, euestavano

augedeminhafasedeinven~ao&meinteressavamais

pela matematia & pela losoa do que em qualquer

oasi~aoposterior." Oautorfazumaanalise

pormenori-zadadesteperododavidadeNewton,destaandoque

nestetr^esanosNewton lanaraasbasessobreasquais

onstruiria suaobra,porem,nadaestavaonludo no

nalde1666.

O aptulo 4, intitulado \Professor luasiano",

re-trata a trajetoria que onduziu Newton a posi~ao de

professor luasiano deMatematiado Trinity.

Conta-se que Newton foi um professor medore, que n~ao

(2)

omeam as orrespond^enias entre Newton e

Olden-burg,seretariodaRoyalSoiety. Apartirdestaepoa

Newton saideseuanonimatoparanunamaisvoltar.

Oaptulo5,\Publia~aoerise",oupa-seem

ana-lisarasonsequ^eniasdaprimeirapublia~ao de

New-ton,oartigosobreasores,remetidoaRoyalSoietyno

iniode 1672. Este artigofoi alvode muitas rtias

rebatidas om irrita~ao por Newton. A partir desta

data, Newton travauma batalha inteletualom tr^es

personagens que v~ao protagonizaroutros episodios de

sua vida: Robert Hooke, Christiaan Huygens e

Leib-niz. Correspond^eniasalorosass~aotroadasentreeles,

o que vai ontribuir para Newton tornar-se averso a

qualquer tipo de publia~ao de seus trabalhos. Neste

aptulopodemosperebermuitostraosda

personali-dadedeNewton,herdadostalvezdesuainf^ania.

Em \Rebeldia", aptulo 6, Newton, omo forma

deprotestoasrtiasreebidasporseustrabalhos,

re-solveabandonarseusestudosemlosoaematematia

dediando-se aalquimiaeteologia. Nestaepoa,

New-ton, que normalmente era um sujeito sovina, resolve

gastar parte de suaseonomias na aquisi~ao de livros

sobrealquimiaetambememequipamentosparaa

mon-tagem de um pequeno laboratorio em seu esritorio.

Newton esreveualgunstratados de alquimia quen~ao

tiverammuitaimport^ania,ateporquen~aoforam

pu-bliados. Jaem teologia,ostratados deNewton, aso

tivessemsido publiados, provavelmentedariam oque

falar e talvez ate o ondenassem a fogueira, isso por

queNewtonn~aoeramuitoortodoxo,seusartigos

riti-avamasantssimatrindadeouotrinitarismoem

on-traposi~aoaounitarismo.

Em 1679, morre a m~ae de Newton e a partir

desta epoa Newton vai viver seus\Anos de sil^enio"

(aptulo7)em quevaimergulharaindamais emseus

estudos teologios ealqumios. Neste aptulo, o

au-tor fazuma desri~aomaisdetalhadadostrabalhosde

Newton nessas duasareas, queser~aodeixadas delado

porvoltade1684omavisitadeEdmondHalley.

Oaptulo8,intitulado\Prinipia",omooproprio

nome sugere trata dag^enese da grande obra de

New-ton: Os Prinpios Matematios da Filosoa Natural.

O autor faz uma desri~aodetalhadssima dos fatores

que anteederama publia~ao dosPrinipia e dos

fa-toresquepermearamoproesso. Segundopalavrasdo

autor: \Os Prinipia n~ao foram apenas a realiza~ao

monumentaldeNewton. Foramtambemaguinada

de-isivaemsuavida. Comosabemosporseuspapeis,ele

haviarealizadoprodgios em varios ampos. E, omo

tambem sabemos, n~aoonlura nada. ... Se Newton

houvesse morrido em 1684 e seus papeisse

preservas-sem, saberamos por eles que um g^enio tinha vivido.

Mas, em vezde enalte^e-lo omouma guraque

mol-dou ainteletualidade moderna, no maximo o

meni-onaramosem pequenos paragrafos,lamentando a

im-possibilidadedeatingiraplenarealiza~ao." Oaptulo

ipia, os assuntos que s~ao tratados em ada volume,

omosedivide adavolumeeassimpordiante.

A \Revolu~ao", aptulo 9, apresenta as

on-sequ^eniasdapublia~aodosPrinipia,n~aosonavida

de Newton mas, em toda a soiedade da epoa. O

aptulo onta um pouo sobre a divulga~ao da obra

emtodaaEuropaesuasreperuss~oesnosrulos

inte-letuais. Oaptuloaindatratado episodio,posterior

apublia~aodosPrinipia,doolapsonervosode

New-tonque,segundoalgunsrelatos,teriaduradoera de

umano emeio.

Oaptulo10,intitulado \ACasadaMoeda",

des-reveo ontextoqueenvolveuanomea~ao deNewton

paratrabalharnaCasadaMoedaemLondres,em1696,

eosfatoresquepromoveramsuaasens~aoparaoargo

de diretor em 1699. O autor apresenta detalhes do

trabalho desenvolvido por Newton, mereendo

desta-queaaa aosfalsiadoresde moedas,atividade que

Newtondesempenhou omoninguem. Oaptulotraz

ainda relatos sobre a atividade de Newton no

Parla-mentoBrit^anio,atividadequeeleabandonouem1705.

Oaptulo11, \PresidentedaRoyalSoiety",

ana-lisaalonga trajetoriade Newton enquanto presidente

daRoyalSoiety, desdesuanomea~ao,em 1703oma

mortedeHooke,atesuamorte,em1727. Nesteaptulo

podemosperebertraosdemudanasnapersonalidade

deNewton, segundo palavrasdo autor: \EmNewton,

aimpai^eniadiantedaontradi~ao,queemsua

juven-tudesemanifestaraomoumadisposi~aodejogarfora

aautela,ontestandoautoridadesestabeleidas omo

Hooke,transformou-se navelhie, numdesejotir^anio

dedomina~ao,umtraoantipatioqueeimpossvel

ig-norar." Nesteaptuloenontramos,tambem,detalhes

sobreapublia~aodasegundaobrade Newton, a

Op-tiks,datadade16defevereirode1704.

No aptulo 12, intitulado \A disputa pela

priori-dade", oautorproura forneeruma leitura imparial

doepisodioqueenvolveuLeibnizeNewton nadisputa

pelaprioridadedeinven~aodoalulo. Segundoas

pa-lavrasdo autor,adisputa pela prioridadedemonstrou

a \inapaidade de ambos de ompartilha-la

amisto-samente". Esta disputa atingiu propor~oes tais que,

mesmo om a morte de Leibniz em 1716, levaram-se

maisseisanosparaqueelasedissipasse.

Finalmente, o aptulo 13 trata dos \Anos de

delnio". Oautorprourafazeruma analisedaetapa

nal da vida de Newton, desde o m dadisputa pela

prioridade,em1723,ateasuamorteem1727. Comoo

ttulodoaptulosugere,essesforamanos dedelnio,

omoeradeseesperarnumhomemdesuaidade.

Olivrotrazumariquezainrveldedetalhesdas

di-versasetapasdavidadeNewton. Emalgunsmomentos

oautorexp~oefatosomtantalarezaerealismoquenos

sentimosviveniandotaisfatos. Aontextualiza~aodos

episodios tambem e outra araterstia marante na

(3)

quandoestaeinevitavel,eapresentadadeformaan~ao

prejudiaroentendimento dosfatos.

Em varios momentos do deurso dahistoria o

au-torapresentasuasinterpreta~oespessoais. Sempreque

fazissoelesejustiaeapresentaargumenta~oesmuito

plausveisparadefenderseupontodevista. Sua

argu-menta~aosempresebaseianosindios historioseou

naontextualiza~aodosfatos. Emoutrosmomentosem

quepretendefazerumaleitura imparialdos

aontei-mentos,omonoasodadisputapelaprioridade,ele a

fazdeuma maneiraadmiravel,onseguindo manter-se

ompletamenteneutro eexternoasquest~oes.

O autor mostra-se muito bem informado sobre o

assunto que pretende analisar. Todos os fatos, por

mais detalhados que sejam, apresentam um respaldo

historio bastante onavel,quer sejapor meio de

re-latos de tereiros quer sejam pororrespond^eniasdo

proprioNewtontransritosaolongodotexto. Quando

algumfaton~aopossuiumadoumenta~aoquegaranta

sua autentiidade o autor proura deixar isto bem

laro para o leitor, o mesmo aontee quando as

in-terpreta~oes s~ao baseadas em informa~oes de outros

biografos de Newton, nestes asos ele preoupa-se

in-lusiveemitar as fontes. Alem detudoisso, nonal

dolivroeleapresentaumensaiobibliograodequatro

paginasemque,n~aosoitabibliograasparaonsulta

eaprofundamentoomo tambemomentaada

biblio-graaitada.

Trata-se realmente de uma belssima obra, a

omear pela apa: o primeiro retrato pintado de

Newton, aos 46 anos, dividindo espao om algumas

representa~oes matematias, alguns instrumentos

as-tron^omioeme^anioseuma grandenuvem preta

en-metaforaaluzqueNewtonlanouastrevasemquese

esondia a Ci^enia. A linguagem utilizadapelo autor

tambemmereedestaque. Umalinguagemlaraporem

polida,riqussimaempalavrasenvolventese

penetran-tes omonumbomromane. A leitura dolivro

torna-se muito agradavel e estimulante. O texto tambeme

rio em ilustra~oes, n~ao em gravuras, que s~ao pouas

porem oportunas, mas, em orrespond^eniasoriginais

entre Newton e os diversos personagens que zeram

partedesuahistoria,eemopiasdememorandos

oi-aisqueajudamaontarahistoriadestegrandehomem

quefoiNewton. Todasestasilustra~oesfazemomque

oleitormergulhenaepoaemqueNewtonviveuevibre

omseusfeitosouseassusteomseuestranho

ompor-tamento.

Rihard Westfall e um dos maiores biografos de

Newton. Eleeprofessor emerito doDepartamento de

Historia eFilosoa daCi^eniada Universidade de

In-diana. Suagrande obra sobreNewton, Never atRest,

ganhouopr^emioLeoGershoydaAssoia~aoAmeriana

deHistoria.

A presente vers~ao ondensada da sua grande obra

e literatura obrigatoria para professores de Fsia ee

umaotimaindia~aodeleitura,n~aosoparaaquelesque

se interessam pela vidade Newton mastambem para

aqueles quesimplesmente prouramumaliteraturade

qualidade.

RenatoPontoneJunior

MestrandoemEdua~aoemCi^enias,FaE{UFMG

CoordenadordoDepartamentodeFsiadoColegio

Ba-tistaMineiro

Referências

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