• Nenhum resultado encontrado

FERNANDA DEGILIO ALVES. O Preparo Bioético do Graduando de Fisioterapia à luz do Código de Ética da Profissão

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "FERNANDA DEGILIO ALVES. O Preparo Bioético do Graduando de Fisioterapia à luz do Código de Ética da Profissão"

Copied!
87
0
0

Texto

(1)

FERNANDA DEGILIO ALVES

O Preparo Bioético do Graduando de Fisioterapia à luz do Código de Ética da Profissão

SÃO PAULO

2007

(2)

Livros Grátis

http://www.livrosgratis.com.br

Milhares de livros grátis para download.

(3)

FERNANDA DEGILIO ALVES

O Preparo Bioético do Graduando de Fisioterapia à luz do Código de Ética da Profissão

Dissertação apresentada ao programa de Pós Graduação do Centro Universitário São Camilo para obtenção do Titulo de Mestre em Bioética.

Orientador

Prof. Dr. Marcos de Almeida Co-Orientador

Prof. Dr. William Saad Hossne

São Paulo

2007

(4)

Fernanda Degilio Alves

O Preparo Bioético do Graduando de Fisioterapia à luz do Código de Ética da Profissão

São Paulo, de de 2007.

_______________________________________________________________

Prof. Orientador: Dr. Marcos de Almeida

______________________________________________________________

Profa. Co-orientador: Dr. Willian Saad Hossne

_______________________________________________________________

Prof. Examinador 1

_______________________________________________________________

Prof. Examinador 2

(5)

DEDICATÓRIA

Por todo amor a mim oferecido, por todas as oportunidades a mim concedidas, por todo esforço que sei que tiveram, por toda compreensão frente a meus erros, por todas as vibrações nas minhas vitórias e conquistas, por todos os ensinamentos ao longo da minha vida, dedico este trabalho a meus queridos e amados Pais.

Mesmo não conhecedores da teoria da Bioética, foram vocês que, desde a mais tenra idade, plantaram em mim as sementinhas que me levaram a ela.

Sempre me mostraram na prática, o que é ser um indivíduo Bioético.

Sem vocês, eu não seria eu. Tenho orgulho de ter como pais, pessoas dotadas de tantos valores e que tanto me alegram.

Amo vocês com todo meu coração.

Dedico também, a todas as pessoas que ajudaram na realização deste trabalho de forma direta ou indireta.

Obrigada!

(6)

AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Prof. Dr. Marcos de Almeida por aceitar me orientar e pelo apoio concedido neste período.

Ao Prof. Dr. Willian Saad Hossne sou grata pela paciência, solidariedade e orientações que contribuíram para a elaboração deste trabalho.

Prof. Luis Mochizuki, não tenho palavras para expressar meu agradecimento. Seu apoio, sugestões e atenção foram fundamentais para a realização e conclusão deste. Uma pessoa iluminada, benevolente e solícita que muito admiro. Obrigada!

À amiga Aline Bigongiari, que me auxilia e está ao meu lado em todos os momentos. Nesta fase da minha vida, não foi diferente. Aliviou minhas ansiedades e conflitos, dedicando seu tempo e experiência.

À amiga Amanda que além de oferecer apoio nos momentos críticos, contribuiu com seus conhecimentos na língua inglesa.

À grande companheira de trabalho, mestrado e amiga Daiane Spalvieri que me inspirou desde o tema desta pesquisa até considerações relevantes para a sua execução.

Agradeço a todos os alunos que participaram deste trabalho, que não seria realizado sem esta contribuição.

Obrigada!!

(7)

ALVES, Fernanda D. O Preparo Bioético do Graduando de Fisioterapia à luz do Código de Ética da Profissão. [Dissertação] São Paulo (SP): Centro Universitário São Camilo; 2007.

RESUMO

O avançado desenvolvimento da Fisioterapia aliado às drásticas mudanças na área da educação e da saúde faz com que a autonomia e os dilemas éticos do fisioterapeuta sejam maiores a cada dia, expandindo seu papel no cuidado dos pacientes. A prática da fisioterapia está aumentando sua complexidade, o que traz aos cursos uma responsabilidade maior na capacitação dos alunos. O objetivo deste trabalho foi analisar a capacidade na tomada de decisões éticas em situações hipotéticas referentes ao Código de Ética Profissional, do graduando no último ano do curso de Fisioterapia, relacionando os resultados obtidos à estrutura curricular de duas Universidades da cidade de São Paulo, sendo que uma delas apresenta a disciplina de Bioética e a outra não. Após a aprovação da pesquisa pelo Comitê de Ética, 50 alunos de cada Universidade, responderam questionário elaborado, com três questões introdutórias e nove questões referentes a dilemas éticos, correspondentes a alguns artigos do Código de Ética da Profissão. Cada questão apresenta três alternativas de resposta: uma bioética com valor de três pontos, outra que diz respeito ao Código de Ética, valendo um ponto e uma não-ética com valor igual a zero. A pontuação total do questionário é de 27 pontos. Foi considerado como bom preparo bioético, pontuação acima de 70%;

como preparo razoável a pontuação de 50 a 70% e como preparo ruim, abaixo de 50% da pontuação. As questões foram divididas em dois grupos:

relacionamento fisioterapeuta-paciente; e fisioterapeuta e profissionais da área

ou de outras áreas da saúde. Através de análise descritiva e estatística por

meio do teste de Kruskal-Wallis, foi encontrado na Universidade I, que não

apresenta a disciplina de Bioética, que 52% dos alunos afirmam que não

conhecem o Código de Ética. Enquanto que na Universidade II, que tem a

disciplina de Bioética, 22%. Nenhum aluno dos dois grupos estudados

considera ter um alto conhecimento a respeito deste documento. A

Universidade II mostra apresentar 12% a menos de alunos classificados com

(8)

preparo ruim, quando comparada com a Universidade I. A análise estatística comparativa da pontuação total das duas Universidades, não mostrou diferença significante. A diferença foi detectada (H=5,5, p=0,01), com relação ao melhor preparo dos alunos da Universidade II, no quesito relacionamento do fisioterapeuta com outros profissionais. Concluímos que existe, principalmente na Universidade I, carência de conhecimento a respeito do Código de Ética de Fisioterapia, instrumento considerado a base para a conduta moral profissional.

E que a disciplina de Bioética na grade curricular universitária oferece melhor preparo ético para os graduandos que necessitam de um maior desenvolvimento dos valores e virtudes requeridas na profissão Além de, proporcionar uma base mais adequada para as ações vinculadas ao relacionamento interprofissional, fator importante para o crescimento do status da fisioterapia.

Palavras Chave: Fisioterapia; Bioética; Ética; Ensino.

(9)

ALVES, Fernanda D. The Bioethical Preparation of Physical Therapy Students based in Professional Code of Ethics. [Dissertation] São Paulo (SP): Centro Universitário São Camilo; 2007.

ABSTRACT

The advanced development of the Physiotherapy allied to the extreme changes in the areas of Education and of Health make the physiotherapists’ autonomy and ethical dilemmas bigger every day, expanding their role in the patients' care. The practice of the physiotherapy is increasing its complexity, what brings to the courses a bigger responsibility in the students' training. The purpose of this work was to analyze the capacity to make ethical decisions in hypothetical situations regarding the Professional Code of Ethics, of the senior students of the Physiotherapy course, listing the results obtained to the curriculum structure of two Universities in São Paulo. One of them presents Bioethics discipline whereas the other does not.

After the approval of this research by the Ethics Council, 50 students of each College answered an elaborated questionnaire with 3 preliminary questions and 9 ethical dilemma questions, corresponding to some Code of Professional Ethics articles. Each question presents 3 alternative answers: one is bioethical and is worth 3 points; another about the Code of Ethics which is worth 1 point;

and a non ethical one that is worth zero points. The Total Punctuation of this questionnaire is 27 points. It was considered as a good bioethical preparation, a punctuation above 70%; as acceptable preparation the punctuation between 50 and 70%; and as a bad preparation the punctuation below 50%.

The questions were divided in 2 groups: physiotherapist-patient relationship and physiotherapists and professionals of the area or other areas of health By the descriptive and statistics analysis with the Kruskal-Wallis test, it was found in University I, which doesn’t offer the subject matter of Bioethics, that 52% of the students don’t know the Code of Ethics, while in University II, which offers the subject matter of Bioethics, only 22%. No student of the two studied groups believes to have a high knowledge regarding this document.

University II presents 12% less students classified with a bad preparation when

compared to University I. The comparative statistical analysis of the total

punctuation of these two Universities does not show a significant contrast. The

(10)

difference was detected (H= 5,5 , p= 0,01) regarding the best preparation of University II’s students, regarding the relationship between the physiotherapist with other professionals.

We conclude that there is, specially in University I, a lack of knowledge about the Physiotherapy’s Code of Ethics, tool that is considered the foundation for the professional moral conduct. And that the discipline of Bioethics in the curriculum of Universities offers a better ethical preparation for the senior students who need a bigger development of the values and virtues requested in the profession. Moreover, it provides the most appropriate base for the actions linked with the inter-professional relationship, an important factor for the growth of Physiotherapy’s status.

KEY WORDS: Physical Therapy, Bioethics, Ethics, Teaching.

(11)

SUMÁRIO

RESUMO...vi

ABSTRACT...viii

Lista de figuras...xii

INTRODUÇÃO...1

1.1 O Código de Ética Profissional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional ... 3

1.2 Caso Ramón Sampedro ... 6

1.3 Bioética, Ética no Cuidado e Fisioterapia ... 8

1.4 A importância do Ensino da Ética/Bioética na Fisioterapia ... 11

1.5 O ensino da ética na fisioterapia ... 14

OBJETIVO...15

1.6 Objetivo Geral: ... 15

1.7 Objetivos Específicos: ... 15

CASUÍSTICA E MÉTODO...16

1.8 Instrumento ... 16

1.9 Seleção da Amostra ... 17

1.10 Coleta de Dados ... 17

1.11 Análise dos Dados ... 18

RESULTADOS...19

1.12 Comparação do percentil das respostas entre as duas Universidades . 19

1.12.1 Questões Introdutórias do Questionário ... 19

1.12.2 Questões referentes aos Dilemas Éticos ... 21

1.13 Escala Classificatória ... 30

1.14 Análise Estatística ... 31

DISCUSSÃO...33

1.15 A Base da Ética e da Deontologia ... 33

1.16 Reflexão à luz da Bioética ... 36

1.17 Reflexão baseada no Escore da Escala Classificatória ... 44

1.18 Reflexão por meio da análise estatística ... 45

CONCLUSÃO...48

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...50

Apêndice I - Instrumento da Pesquisa – Questionário...55

(12)

Apêndice II - Questionário apresentado aos graduandos...59

Apêndice III - Termo de consentimento livre e esclarecido... 62

Anexo I - código de ética profissional de fisioterapia e terapia ocupacional

aprovado pela resolução coffito-10 de 3 de julho de 1978... 64

(13)

Lista de figuras

Figura 1 - Questão 1 - Na graduação você teve aulas de ética profissional?... 20

Figura 2 - Questão 2 - Você conhece o Código de Ética da sua Profissão?...20

Figura 3 - Questão 3 - Quantifique o seu conhecimento sobre o Código de

Ética. (Respostas somente dos indivíduos que responderam SIM na questão 2)

...21

Figura 4 - Questão 4 - Durante a terapia, ao realizar um determinado manuseio,

de grande importância ao tratamento, o paciente em questão relata estar

intimamente desconfortável nesta posição. BIOÉTICA explica a importância do

mesmo, porém não mais o realiza até que o paciente dê o consentimento

novamente; CÓDIGO de ÉTICA pára imediatamente e não realiza mais,

respeitando o pudor do paciente; NÃO-ÉTICA explica a importância do mesmo

e continua a realizá-lo, por considerar que este manuseio trará benefícios para

ele...22

Figura 5 - Questão 5 - Você variou a conduta rotineira com um paciente

usando, numa sessão, um recurso fisioterapêutico de ótima qualidade pra

patologia em questão. Na sessão seguinte porém, ele lhe diz que não gostaria

de usá-lo novamente pois não se sentiu bem, apresentando dores durante toda

a semana. BIOÉTICA explica os benefícios, no entanto, dá autonomia ao

paciente de decidir por si mesmo o que ele julga melhor; CÓDIGO de ÉTICA

não mais utiliza o recurso, respeitando o direito do paciente de decidir sobre

seu bem estar; NÃO ÉTICA explica os benefícios do recurso e combina com o

paciente em empregar tal método mais uma vez, para realmente ter certeza de

que o mesmo foi o causador do mal estar. Sendo a resposta negativa, você

continuará com esta nova forma de tratamento...23

Figura 6 - Questão 6 - Você considera como seu DEVER, informar seu

paciente e/ou familiares quanto ao diagnóstico e prognóstico fisioterapêutico,

mesmo que essas informações possam acarretar sérios danos para o

paciente? BIOÉTICA sim, já que todos tem o direito de saber a verdade a

respeito da sua própria vida, independente de trazer pioras significativas ao

quadro; CÓDIGO de ÈTICA não, pois estando certo que isso prejudicaria muito

o quadro do paciente, a omissão da informação seria benéfica; NÃO ÉTICA

(14)

não considera um dever, pois estas informações são responsabilidades do médico...24 Figura 7 - Questão 7 - O paciente lhe relata confidencialmente o que lhe ocorreu, para estar necessitando de fisioterapia. E pede para este fato não ser revelado a ninguém. Você acredita ser seu DEVER manter sigilo ABSOLUTO sobre o assunto? BIOÉTICA só seria permitido quebrar o sigilo, quando houvesse um imperativo categórico de consciência moral para fazê-lo ou quando as circunstâncias indicarem uma necessidade inevitável para tal;

CÓDIGO de ÈTICA sim, pois a confidencialidade, sigilo e fidelidade devem ser

mantidos no relacionamento fisioterapeuta-paciente; NÃO ÉTICA não, já que

revelar estas informações a outras pessoas não irá alterar ou prejudicar o

quadro de saúde do paciente...25

Figura 8 - Questão 8 - Seu colega de trabalho, atuante com você em uma

Instituição, pede demissão e convida alguns dos pacientes dele para

acompanhá-lo para seu consultório particular. BIOÉTICA só seria adequado

eticamente, caso ele tivesse mais recursos terapêuticos pra oferecer; CÓDIGO

de ÉTICA não julga adequado; NÃO ÉTICA julga este procedimento adequado

do ponto de vista ético...26

Figura 9 - Questão 9 - Você presencia, de um grande companheiro de trabalho,

um grave delito do ponto de vista ético durante o expediente. BIOÉTICA

conversa seriamente com seu colega, aponta seus erros e explica os princípios

éticos profissionais envolvidos, para que o fato não se repita; CÓDIGO de

ÉTICA informa imediatamente seu superior e/ou encarregado já que atitudes

assim podem causar danos sérios às pessoas envolvidas; NÃO ÉTICA não

toma providência, pois conversar diretamente com ele seria intromissão na sua

vida profissional e informar para o superior seria anti-ético...27

Figura 10 - Questão 10 - Paciente chega ao seu consultório com

encaminhamento médico, solicitando tratamento fisioterapêutico. Ao avaliar o

caso, você conclui que este paciente não necessita de fisioterapia. BIOÉTICA

entra em contato com o médico, explica as razões pelas quais a fisioterapia

não irá funcionar e põe-se à disposição para informar o paciente; CÓDIGO de

ÉTICA não atende e explica ao paciente que ele não necessita do tratamento já

que a fisioterapia não irá melhorar o seu problema; NÃO ÉTICA atende o

paciente mesmo assim, e realiza o tratamento, pois ele possui indicação

(15)

médica para tal...28 Figura 11 - Questão 11 - Você precisa encaminhar seu paciente ao seu colega de trabalho, já que no seu local atuante, falta um recurso fundamental ao tratamento do mesmo. BIOÉTICA explica o caso ao fisioterapeuta e sugere uma conduta a ser seguida com o propósito de continuidade da reabilitação, associada ao recurso em questão; CÓDIGO de ÈTICA explica o caso ao fisioterapeuta e deixa que ele mesmo estabeleça a conduta que achar adequada, associada ao recurso que possui; NÃO ÉTICA explica o caso para o fisioterapeuta e estabelece a conduta fisioterapêutica a ser realizada, além do recurso em questão...29 Figura 12 - Questão 12 - Outro fisioterapeuta lhe encaminha seus pacientes, pois está afastado do trabalho temporariamente. Você os atende por um certo período de tempo, até que o fisioterapeuta retorna apto a trabalhar novamente.

BIOÉTICA informa os pacientes do retorno do fisioterapeuta e só mantém os que se manifestarem expressamente desejosos de ficar; CÓDIGO de ÉTICA imediatamente reencaminha os pacientes ao fisioterapeuta responsável; NÃO ÉTICA aguarda um contato do fisioterapeuta para fazer o reencaminhamento.

...30

Figura 13 - Escala classificatória das duas Universidades... 31

Figura 14 - Escore obtido pelos alunos das Universidades I e II nas questões 4

a 12...32

Figura 15 - Escore obtido pelos alunos das Universidades I e II nas questões 4

a 8, que estão relacionadas ao relacionamento fisioterapeuta e paciente... 32

Figura 16 - Escore obtido pelos alunos das Universidades I e II nas questões 9

a 12, que estão relacionadas ao fisioterapeuta com outros profissionais da área

e de outras áreas da saúde...33

(16)

INTRODUÇÃO

O desenvolvimento da fisioterapia aliado aos avanços tecnológicos da educação e as variadas formas de cuidar da saúde, faz com que a autonomia, a responsabilidade e os dilemas éticos do fisioterapeuta sejam maiores a cada dia, expandindo seu papel no cuidado dos pacientes. Entre 1970 a 1980, houve um crescimento na quantidade de cursos de Fisioterapia, especialmente no estado de São Paulo, por causa do investimento de instituições públicas e particulares de ensino superior (DIERUF, 2005; GAVA, 2004; POVAR, BLUMEN, DANIEL et.al, 2004; SWISHER, 2002; TRIEZENBERG, 1996).

A prática da fisioterapia está cada vez mais complexa. Cabe ao fisioterapeuta a autonomia para: avaliar o paciente, escolher conduta terapêutica, reavaliar, reformular a mesma e conceder alta. Além de estabelecer prognóstico e promover a educação e orientação do paciente e da família. A capacidade de realizar estas atividades de maneira adequada e precisa, traz aos cursos de Fisioterapia uma responsabilidade maior na capacitação e habilitação dos alunos.

Porém, a formação do profissional de fisioterapia no país nem sempre está direcionada para alcançar as características atuais, desejáveis na profissão (DIERUF, 2005; GAVA, 2004; JENSEN, GWYER, SHEPARD, HACK, 2000;

STILLER, 2000; REBELLATO e BOTOMÉ, 1999).

A Proposta de Diretrizes Curriculares do Curso de Fisioterapia em 2001

(MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2001; GAVA, 2004) no artigo 3º afirma que: “O

Curso de Graduação em Fisioterapia tem como perfil do formando egresso

profissional o Fisioterapeuta, com formação generalista, humanista, crítica e

reflexiva, capacitado a atuar em todos os níveis de atenção à saúde, com base no

rigor científico e intelectual. Detém visão ampla e global, respeitando os princípios

éticos/bioéticos, e culturais do indivíduo e da coletividade.” Entretanto,

determinados aspectos da formação profissional na fisioterapia levam a maioria

dos profissionais considerarem os pacientes como objetos do cuidado, com uma

mentalidade exclusivamente técnico-científica, utilizando os conhecimentos e

habilidades técnicas sem considerar a relação ou o vínculo terapeuta-paciente. O

graduando ou o novo profissional espera detectar o problema dos pacientes,

estabelecer a conduta correspondente, visando um resultado bem sucedido do

(17)

ponto de vista técnico, pois acredita que isto é o suficiente (ROMANELLO, 2000).

Ainda é visto nos cursos de Fisioterapia a tendência educacional baseada no Modelo Médico Tradicional, que compara o corpo a uma máquina, o mesmo é objeto de estudo e intervenções terapêuticas. No entanto, os fisioterapeutas se deparam com a prática que requer o envolvimento maior com o ser humano, que requer humanização, termo que tem sido muito utilizado no atendimento ao paciente (GAVA, 2004).

Olhar apenas o corpo não é ver o indivíduo como um todo, o Fisioterapeuta é o profissional que usa o toque no corpo do outro. É impossível tocar de forma terapêutica, sem importar-se com o paciente. Para conhecer e atender bem os pacientes é necessário o uso de outras metodologias além das científicas, sendo o conhecimento e as habilidades no comportamento ético e moral, requeridas (ROMANELLO, 2000; GAVA, 2004).

A ética profissional exige a consideração de muitos fatores: primeiramente o paciente e o que o traz a terapia; a doença e suas conseqüências, os medos e inseguranças quanto aos resultados da reabilitação; implicações econômicas para a família; pressões do trabalho; limitações no estilo de vida durante o tratamento ou até a exclusão social. Às vezes, o paciente pode sentir a inadequação porque é incapaz de encontrar expectativas e alternativas para executar simples tarefas da vida diária. Os questionamentos sobre a probabilidade de retorno à

“normalidade” são freqüentes e podem preocupar o paciente enquanto experimenta a reabilitação. Ignoradas estas questões o tratamento torna-se difícil para o fisioterapeuta, pois o paciente não encontrará soluções para seus conflitos internos. Em decorrência destes fatores, o profissional eficaz deverá estabelecer uma relação humana profunda, na qual os valores humanos e a concepção do homem estão envolvidos, aprofundando-se desta forma no campo da ética e bioética (ROMANELLO, 2000; GAVA, 2004).

A fisioterapia é uma profissão de doação, na qual é necessário abrir-se para os problemas do outro, ajudando-o a mudar a realidade ou adaptar-se a ela (GAVA, 2004).

Nos cursos superiores da área da saúde, incluindo a fisioterapia, é

obrigatória a inclusão da disciplina de ética na grade curricular do curso. Contudo,

o programa, foco e extensão da disciplina variam entre instituições, podendo levar

(18)

a lacunas na formação. Atualmente, a mentalidade de ensino e preparação do estudante de fisioterapia no Brasil, consiste em sua maior parte, na transmissão de conhecimentos técnicos e científicos e não no educar e formar um fisioterapeuta ético e com boa estrutura moral (GAVA 2004). Constatando-se que não tem sido atribuída ao enfoque moral, ético e bioético a devida importância, torna-se então fundamental um replanejamento na elaboração e programação do conteúdo ético nos cursos de graduação de fisioterapia, para garantir o futuro da profissão mantendo os padrões elevados e os ideais preservados, dentro da área da saúde (TRIEZENBERG, 2000; PURTILLO, 2000; SWISHER, 2002).

Na análise do quadro atual do papel do fisioterapeuta na sociedade, sabe- se que os pedidos ao Ministério da Educação e Cultura (MEC) de autorização para abertura de novos cursos de Fisioterapia no Brasil e principalmente em São Paulo são muitos e o número de Universidades que estão abrindo os cursos aumentam a cada ano, com a carga horária e duração da graduação reduzida (COFFITO, 2000). Surge então o questionamento: Os graduandos de fisioterapia estão saindo das Universidades preparados e hábeis para tomar as decisões éticas necessárias em suas rotinas de trabalho?

Esta problematização também é apontada por Hossne e Zaher (2006) quando questionam: Até que ponto a equipe profissional foi ou está preparada para enfrentar os desafios bioéticos existentes na prática clínica?

Em virtude da importância deste questionamento, da escassez de literatura relacionada a este tema e da evidente ascensão da Bioética no Brasil, tornam-se fundamentais e necessárias maiores pesquisas na área da Fisioterapia, já que esta vem demonstrando crescimento desordenado nas últimas décadas.

1.1 O Código de Ética Profissional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional

O Código de Ética Profissional é um documento oficial que se refere às

relações humanas e representa uma declaração articulada do papel moral dos

membros da profissão. O objetivo dos Códigos de Ética Profissionais é

estabelecer a conduta do profissional no exercício da profissão, de maneira a não

prejudicar terceiros e a garantir uma qualidade eficaz de trabalho. Instrumento

que se preocupa com o exercício de uma virtude, uma mentalidade ética e de

uma educação permanente que conduza a vontade de agir, porém de uma forma

(19)

obrigatória na qual a disciplina é requerida através de um contrato de atitudes (BEAUCHAMP & CHILDRESS, 2002; SÁ, 2005; ALONSO, 2006).

O código é um documento centrado na auto-identidade do profissional e no ideal de serviço, características consideradas comuns nas profissões que procuram certo grau de autonomia (NASCIMENTO, SAMPAIO, SALMELA et. al, 2006).

A criação do código de ética profissional do fisioterapeuta no Brasil deu-se em 1978. Esse código contém seis capítulos, são eles: Das Responsabilidades Fundamentais, Do Exercício Profissional, Do Fisioterapeuta Perante as Entidades de Classe, Do Fisioterapeuta Perante os Colegas e Demais Membros da Equipe de Saúde, Dos Honorários Profissionais e Disposições Gerais. Nesses capítulos, pode-se observar o enfoque no profissional indo ao encontro da auto-identidade, e o enfoque no cliente indo ao encontro do ideal de serviço (CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL, 1978;

NASCIMENTO, SAMPAIO, SALMELA et. al, 2006).

Quanto ao enfoque no profissional, é evidente a valorização da honra, o prestígio e as tradições da profissão. A responsabilidade de fazer o diagnóstico fisioterapêutico e elaborar o programa de tratamento, e é colocado como um dever pertencer a uma entidade associativa de classe. Como direito, afirma a justa remuneração, como necessidade, a concorrência leal e o tratamento com respeito entre os colegas (CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL, 1978; NASCIMENTO, SAMPAIO, SALMELA et. al, 2006).

No enfoque do cliente, são colocados como dever a proteção, o respeito à vida e à intimidade, o poder de decisão e o sigilo profissional. Como proibições, não permite a negação ou abandono de assistência, divulgar terapia cuja eficácia não seja publicamente reconhecida ou prescrever tratamento sem examinar (CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL, 1978; NASCIMENTO, SAMPAIO, SALMELA et. al, 2006).

Na área de Fisioterapia ele ainda é considerado superficial e vago já que é

demasiadamente simplificado quanto às exigências morais e impõe mais

autoridade e deveres, do que direitos. As regras apresentadas são

freqüentemente pouco específicas para ajudar nos dilemas éticos diários do

(20)

fisioterapeuta, fornece as diretrizes gerais que representam os compromissos de uma profissão, mas não estão justificando e nem esclarecendo. Estes itens deontológicos, que formulam os deveres e as obrigações do profissional e aquilo que é preciso exigir no desempenho de suas funções, oferecem pouca orientação prática para as abordagens éticas e bioéticas, sugerindo somente que os fisioterapeutas ajam de forma benevolente, demonstrando a beneficência para promover ao paciente uma boa ação direta, porém como uma exigência (ROMANELLO, 2000; BARNITT, 2000; PURTILLO, 2000; BEAUCHAMP &

CHILDRESS, 2002; SÁ, 2005; ALONSO, 2006).

É declarado no Código de Ética Profissional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, resolução nº 10, de 03 de julho de 1978, Capítulo I Das responsabilidades fundamentais, Art.4°. que O fisioterapeuta e o terapeuta ocupacional avaliam sua competência e somente aceitam atribuição ou assumem encargo, quando capazes de desempenho seguro para o cliente. No entanto, não fica claro ao profissional, se o preparo ético e os conceitos morais estão inclusos.

Reforçando mais uma vez, a importância das habilidades técnicas e conhecimento científico. O que é encontrado no Art. 5º. é: O fisioterapeuta e o terapeuta ocupacional atualizam e aperfeiçoam seus conhecimentos técnicos, científicos e culturais em benefício do cliente e do desenvolvimento de suas profissões. A importância dos conhecimentos culturais é evidenciada. Porém o quê, especificamente, é considerado o conhecimento cultural? Não fica explícito qual o conteúdo deste conhecimento e quais os conceitos que precisam ser integrados dentro da vida profissional do fisioterapeuta, para ser considerado como um ser dotado de conhecimento cultural adequado para a prática. Estamos diante de um Código de Ética Profissional que não prioriza a aquisição de conhecimentos éticos e morais, para um melhor desempenho das funções requeridas (CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL, 1978).

Quando o Capítulo II, do Exercício Profissional, é analisado, encontramos

no Art.7°., que expõem os deveres do fisioterapeuta, item I - exercer sua atividade

com zelo, probidade e decoro e obedecer aos preceitos da ética profissional, da

moral, do civismo e das leis em vigor, preservando a honra, o prestígio e as

tradições de suas profissões. Apesar de mencionar a ética e a moral profissional,

(21)

o objetivo em questão é manter o prestígio da profissão e não o de promover um adequado relacionamento entre o fisioterapeuta e o paciente (CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL, 1978).

Ainda no Capítulo II, porém item II, também é um dever do fisioterapeuta, respeitar a vida humana desde a concepção até a morte, jamais cooperando em ato em que voluntariamente se atente contra ela, ou que coloque em risco a integridade física ou psíquica do ser humano. No item IV - utilizar todos os conhecimentos técnicos e científicos a seu alcance para prevenir ou minorar o sofrimento do ser humano e evitar o seu extermínio. Consecutivamente no item V - respeitar o natural pudor e a intimidade do cliente. E no VI - respeitar o direito do cliente de decidir sobre sua pessoa e seu bem estar. Aparentemente, estes tópicos do Capítulo II, Art. 7°., estão relacionados com referenciais da bioética como a beneficência, respeitabilidade e dignidade à vida, não-maleficência e autonomia do paciente. Porém, freqüentemente, na prática clínica da fisioterapia são encontradas situações complexas do ponto de vista bioético, que o Código nem sempre é capaz de guiar, de forma clara, os profissionais (CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL, 1978).

Apesar da deontologia se manifestar através de regras e condutas, a compreensão e o entendimento do Código de Ética, instrumento que reflete a ética da profissão e guia o comportamento dos fisioterapeutas, é uma etapa importante para a formação do caráter moral do estudante, pois predispõe uma boa conduta na prática clínica. Entretanto, há habilidades adicionais e hábitos de pensamento que precisam ser desenvolvidos para o bom relacionamento terapeuta-paciente (TRIEZENBERG, 2000; STILLER, 2000; SILVA, SEGRE, SELLI, 2007).

1.2 Caso Ramón Sampedro

O caso de Ramón Sampedro originou o Filme Mar Adentro. Ramón em 23 de agosto de 1968, aos 25 anos de idade, sofreu lesão medular completa ao nível de C7, devido a um mergulho em águas rasas, acarretando em tetraplegia. Viveu como tetraplégico por 30 anos sonhando com a liberdade por meio da morte.

Lutou e reivindicou seus direitos por uma morte digna e consentida, através da

eutanásia, não recebendo aprovação para tal. Em janeiro de 1998, em segredo e

(22)

provavelmente assistido por uma mão amiga, realizou seu tão esperado, fundamentado e consciente desejo (SAMPEDRO, 2005).

Analisando minuciosamente as idéias de Rámon, através dos relatos em seu livro Cartas do Inferno, é descoberto um ser humano com extremo discernimento, convicto em suas decisões e estabelecendo filosofias exclusivamente através do raciocínio ético. Deseja a morte, não como um indivíduo desesperado que a deseja para escapar da realidade, mas como meio de obter a liberdade, como possibilidade de movimento e de encontro ao equilíbrio que foi perdido com sua lesão. Ele defende, no capítulo O conceito de igualdade ou autoridade moral, que a pessoa tem o direito de renunciar à sua vida a partir do instante que adquire uma consciência ética. “Primeiro porque está capacitada para formar um juízo de valor sobre o sentido da vida como um todo genérico e de seus direitos pessoais e coletivos entrelaçados. E segundo, porque está capacitada para compreender o valor de sua vida individual e as conseqüências de renunciar a ela conscientemente” (SAMPEDRO, 2005).

Quando emite sua opinião sobre a reabilitação do indivíduo tetraplégico, no capítulo As alternativas da reabilitação, fica claro que nem sempre é respeitado o direito do paciente de decidir sobre sua pessoa, como descrito no Art. 7°., do Código de Ética. Rámon constata que o único fim do sistema de reabilitação é aceitação e a resignação do paciente diante de qualquer desequilíbrio. Justifica afirmando que “a alternativa da reabilitação será ética quando corresponder à vontade do paciente, e não o será se for uma imposição. Quando a única alternativa que resta para a pessoa é a de suportar um sofrimento involuntário, porque a moral dos demais assim o impõe, para essa pessoa, reabilitada à força ou condenada ao inferno da vida, para dissimular que foi vencida, não lhe resta outra alternativa senão beijar a mão de seus verdugos reabilitadores. Não existe melhor protetor de uma vida que seu próprio dono!” (SAMPEDRO, 2005).

Diante dos argumentos apresentados nos relatos do paciente, muitos dos

Artigos do Código de Ética de Fisioterapia tornam-se vagos, não auxiliando o

profissional que necessita de esclarecimento a este dilema ético. Sabe-se que

neste caso a fisioterapia retarda e ameniza a instalação de deformidades

músculo-esqueléticas, com o objetivo de facilitação aos cuidados de higienização

e melhora da qualidade de vida. No entanto, este não é desejo do paciente,

(23)

apesar de saber a importância deste recurso. Como então, um fisioterapeuta despreparado do ponto de vista ético, enfrenta e toma decisões adequadas?

O Código é importante, mas incompleto, porque apenas lista os princípios morais ou regras deontológicas, que somente guiam parcialmente os fisioterapeutas e educadores não sendo suficiente para definir o papel profissional e social de cada um deles. Por isso, é considerado ineficaz para aprofundar os cursos de Graduação sobre este tema (MOSTROM, 2000; ROMANELLO, 2000).

No capítulo Disposições Gerais, o art. 34 do Código, existe a possibilidade de alteração do documento pelo COFFITO. Apesar desta especificação, não houve nenhuma modificação desde que foi criado (CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL, 1978;

NASCIMENTO, SAMPAIO, SALMELA et. al, 2006).

1.3 Bioética, Ética no Cuidado e Fisioterapia

A palavra Bioética tem origem grega (bios significa vida e ethos significa ética), nasceu do tronco da filosofia moral. O termo foi utilizado pela primeira vez em um artigo do cancerologista Van Rensselaer Potter em 1970, intitulado

“Bioethics, the Science of Survival” e retomado posteriormente em 1971 no seu livro Bioethics: a bridge to the future. O autor propõe a seguinte definição: “Pode ser definido como o estudo sistemático do comportamento humano na área das ciências humanas e da atenção sanitária, quando se examina esse comportamento à luz de valores e princípios morais” (FERNANDEZ, 2000).

Ela está inserida na ética que a condiciona, mas permite dentro de sua abrangência, a reflexão crítica. Surgiu a partir de dilemas originados no âmbito da saúde, para oferecer subsídios para decisões de caráter moral referente à vida, saúde ou morte, em função da necessidade da humanização do atendimento oferecido em saúde (CARVALHO, MULLER, RAMOS, 2005; ANJOS &

SIQUEIRA, 2007).

Também definida como o estudo sistemático das dimensões morais –

incluindo a visão moral, as decisões, as condutas e as políticas – das ciências da

vida e do cuidado da saúde, usando uma variedade de metodologias éticas num

contexto interdisciplinar, pode ser considerada uma ponte entre a cultura das

(24)

ciências naturais e a cultura das ciências humanas. O emprego da Bioética na Fisioterapia une o conhecimento biológico com o conhecimento dos valores humanos, sendo este último fundamental aos cuidados com o paciente, promovendo um melhor preparo ao graduando que irá se deparar constantemente com dilemas éticos em sua profissão (FERRER & ALVARÉZ, 2005).

A Bioética inicialmente foi apoiada em quatro princípios que serviram como base para a prática clínica e assistencial. A não-maleficência, que implica na obrigação de não causar o mal intencionalmente. A beneficência, que dentro da linguagem comum, pode ser definida como compaixão, bondade, caridade, amor e até humildade, porém entenderemos esta ação com um sentido mais amplo, incluindo todas as ações decorrentes do benefício aos outros. Justiça que defende a equidade, merecimento (o que é merecido) e prerrogativa (algo que alguém tem direito). E por fim, a autonomia que preza que os indivíduos devem agir de acordo com sua própria vontade baseada nos seus valores pessoais (sociais e intelectuais), isto é, não é um valor absoluto, podendo ser limitado pelo respeito a outros valores e princípios como o da beneficência e justiça (FERNANDEZ, 2000; LOLAS, 2001; BEAUCHAMP & CHILDRESS, 2002;

FERRER & ALVARÉZ, 2005; HOSSNE, 2006).

Atualmente, a “teoria dos princípios” é considerada importante e necessária, porém insuficiente para permitir a reflexão de modo profundo e abrangente. Por esse motivo, Hossne (2006) defende os referenciais da Bioética que não se enquadram no aspecto deontológico, mas sim como pontes de referência para as reflexões.

Além dos princípios básicos, a bioética engloba valores como a dignidade, solidariedade, fraternidade, confidencialidade, privacidade, vulnerabilidade, responsabilidade, sobrevivência, qualidade de vida (HOSSNE, 2006).

Os valores são fatores altamente determinantes do comportamento humano. Eles são baseados nas crenças pessoais, naquilo que é considerado importante e nas ações que proporcionarão os resultados desejados. Para fisioterapeutas, os valores são fundamentais, pois servem como guias do comportamento profissional. Dentro da prática clínica estão sendo ressaltados valores humanos indispensáveis na atuação dos fisioterapeutas, tais como:

humanização, reciprocidade, honestidade, respeito, compaixão, veracidade e

(25)

responsabilidade (NOSSE & SAGIV, 2005; POVAR, BLUMEN, DANIEL et.al, 2004).

A compaixão no relacionamento terapeuta-paciente, a confiança e o bem- estar do indivíduo e da comunidade são dependentes das decisões feitas pelos profissionais. A confiança, que envolve a fidelidade e a honestidade, é o requisito mais importante neste relacionamento, pois garante que os interesses do paciente sejam atendidos e que as informações sejam mantidas de forma confidencial (POVAR, BLUMEN, DANIEL et. al, 2004).

A ética no cuidado é a relação entre aquele que cuida e aquele que é cuidado, também do ponto de vista emocional. O cuidado com o paciente exige que o fisioterapeuta tenha virtudes éticas, tais como: caráter confiável, bom senso moral e responsabilidade emocional. O ato de cuidar envolve a receptividade, sensibilidade e a reciprocidade. A receptividade é a capacidade do fisioterapeuta, entender as dificuldades e motivações do paciente. A sensibilidade consiste na habilidade do cuidador ver e sentir através do ser cuidado. E a reciprocidade é a troca que ocorre com o vinculo terapeuta-paciente (GREENFIELD, 2007).

A relação entre terapeuta-paciente deve ser feita de igual para igual, entendendo o universo da pessoa. A sensibilidade e a preocupação neste relacionamento devem gerar no profissional uma reflexão sobre os valores profundos, crenças, cultura e comportamento do paciente, para que haja uma interação mútua, construtiva e uma intervenção ao mesmo tempo efetiva e apropriada (EKELMAN, 2003; GAVA, 2004; ROMANELLO, 2007).

O fisioterapeuta precisa respeitar, acima de tudo, o paciente como pessoa, sua autonomia, seu domínio de si mesmo, sua individualidade, porque este tem que ser visto como um indivíduo dotado de autoconsciência, comunicação, sentimentos e de alma (GAVA, 2004).

O fisioterapeuta deve acoplar uma prática centrada, escutar os interesses do paciente, usar o conhecimento de experiências passadas e considerar o aspecto cultural do paciente que irão afetar o problema específico. A doença que faz parte do contexto de vida diária deve ser avaliada juntamente com a ética do cuidado. Ou seja, o fisioterapeuta demonstra sua própria motivação para ver e sentir com o paciente, compreendendo a situação através dos olhos dele.

Centrando o plano do tratamento nos interesses deste que será um participante

(26)

ativo em sua reabilitação, assim facilitando sua recuperação (ROMANELLO, 2000; EKELMAN, 2003; GAVA, 2004; ROMANELLO, 2007).

Manifestar as éticas do cuidado requer um determinado jogo das habilidades. Importar-se exige tempo e energia por parte do fisioterapeuta e dos pacientes. Para que isso suceda, é preciso que o graduando de Fisioterapia se reconheça como pessoa humana, ou seja, sensibilizem-se com os medos e com os penosos sentimentos de insegurança gerados pela doença, para que possa tratar seu paciente com respeito e integridade. Portanto, é necessário que na Universidade, os alunos e professores sejam estimulados a isso, para que descubram a pessoa que são e todo o seu potencial de doar-se ao outro (ROMANELLO, 2000; GAVA, 2004).

1.4 A importância do Ensino da Ética/Bioética na Fisioterapia

Espera-se que todos os profissionais da área da saúde tenham comportamento ético adequado. O processo de identificação dos problemas, tomada de decisões e aquisição de habilidades, requer o desenvolvimento deste aprendizado (TRIEZENBERG, 2000).

O ensino da prática clínica na fisioterapia ocorre com a exposição do estudante às atividades com o paciente, onde a probabilidade de aprendizado é alta já que os componentes teóricos e práticos são integrados nas situações reais.

O resultado deste aprendizado pode ser intencional ou não, positivo ou negativo e influenciará todo o desempenho profissional (JARSKI, KULLG, OLSON, 1990).

A educação profissional dos fisioterapeutas consiste no ensino do domínio cognitivo, considerado como conhecimento científico e habilidades práticas como o manuseio específico; e do domínio não-cognitivo, que envolve o aspecto afetivo e atitudes pertinentes dentro da profissão, incluindo a conduta moral e ética.

Muitas vezes a maior dificuldade dos alunos está em aplicar os aspectos não- cognitivos, transferindo estes, da teoria para a prática. Esta dificuldade é mais freqüente do que a transferência dos aspectos cognitivos (HAYES, HUBER, ROGERS, SANDERS, 1999).

O aprendizado profissional envolve tanto o domínio das habilidades

necessárias para um atendimento eficaz, quanto à interiorização dos valores e

crenças agregados por outros profissionais para caracterizar a identidade do novo

(27)

fisioterapeuta. Dentro do processo educacional não-cognitivo, o estudante precisa adaptar seus valores culturais dentro da ética profissional. É necessário deixar de ser um estudante aplicado e responsável, para ser um profissional competente.

Essa transformação começa a ocorrer quando o graduando desenvolve de forma clara e precisa a percepção do papel da profissão para a sociedade e de sua responsabilidade dentro da profissão (STILLER, 2000).

A identificação de falhas nos aspectos cognitivos e não-cognitivos no processo de aprendizado do graduando permite um maior conhecimento sobre o comportamento e características dos estudantes, podendo alertar os professores sobre as performances clínicas ineficazes, tanto do ponto de vista científico quanto do ponto de vista ético (HAYES, HUBER, ROGERS, SANDERS, 1999).

As decisões éticas/bioéticas em um contexto da saúde são requeridas constantemente na prática clínica e o terapeuta é o único responsável por uma conduta adequada. Embora não exista nenhuma garantia que o ensino da ética resultará em um comportamento mais ético por parte dos terapeutas, há evidência para sugerir que ensinar pode melhorar o raciocínio ético-moral. Para que isso ocorra, é necessário realçar habilidades reflexivas, de modo que a teoria ética/bioética possa ser aplicada a uma escala de dilemas éticos clínicos. Desta forma, futuros fisioterapeutas poderão incorporar a integridade e a autonomia que os profissionais da saúde têm trabalhado para alcançar (BARNITT, 2000;

TRIEZENBERG, 2000; SWISHER, 2002).

Para Triezenberg (2000), o processo de ensino ético-moral deve abordar

atividades que promovam: o desenvolvimento moral; a integração dos valores,

comportamentos profissionais e a habilidade de inserir no diálogo os

componentes éticos da prática fisioterapêutica. Segundo Rest (1994, apud

Swisher 2002 e Greenfield 2007), o comportamento ético envolve pelo menos

quatro componentes psicológicos: a sensibilidade ética, que consiste em

reconhecer e interpretar situações, além da percepção de como as ações de um

indivíduo podem afetar outros; o julgamento moral, inclinado a identificar o certo e

o errado na tomada de decisões, determinando o curso das ações; a motivação

moral para priorizar os valores éticos antes de outros valores; e a coragem moral

para aquisição de perseverança contra adversidades. A respeito da coragem

moral Purtilo (2000), enfatiza que ela consiste na iniciativa de uma ação voluntária

(28)

diante de uma situação que desperte medo e ansiedade para a realização de algo provido de grande valor (TRIEZENBERG, 2000; PURTILLO, 2000; SWISHER, 2002; GREENFIELD, 2007).

Outro fator importante dentro do ensino da ética/bioética na fisioterapia é a percepção das emoções dos estudantes diante dos dilemas enfrentados. Muitos profissionais da saúde ainda acreditam que para a escolha de uma decisão clínica ou ética, é necessário apenas o raciocínio lógico e que as emoções e sentimentos, nestas situações, demonstram uma atitude de fraqueza que não cabe no contexto profissional. No entanto, para a elaboração de opiniões, tanto morais e éticas quanto clínicas, sensações positivas ou negativas são afloradas e incorporam este processo (GREENFIELD, 2007).

As respostas emocionais não podem ser isoladas da habilidade em reconhecer e identificar os conflitos morais e éticos, como também na disposição para a ação adequada. As emoções são consideradas como parte da experiência emocional e do domínio afetivo, que influenciam as respostas das situações clínicas. E os sentimentos e sensações definidas como emoções morais são aquelas que estão relacionadas com o bem-estar da sociedade ou de outra pessoa (GREENFIELD, 2007).

O ensino da Bioética, não restringe somente à transmissão cognitiva.

Trata-se de uma área de discussão, reflexão e interação entre pessoas que estejam interessadas em debater e estabelecer hierarquias de valores. É a reflexão a respeito de situações pensadas e sentidas por pessoas com experiências diferentes, em que, a partir do confronto de idéias, buscará encontrar um consenso (CARVALHO, MULLER, RAMOS, 2005).

No Brasil, o ensino da Bioética ocorreu por volta do final da década de

1980. Desde então, vem sendo incluída de forma lenta nos núcleos acadêmicos

em virtude da carência de propostas que se tem nesta área, e também por

enfrentar o desafio de superar o paradigma de desenvolver sua contribuição

específica de conteúdos éticos aplicados em cada área. Além disso, aparecem

questões da organização curricular com o cuidado especial para que a bioética

não seja apenas o novo nome das antigas disciplinas encarregadas dos aspectos

disciplinares e legais das práticas profissionais. Na relação de ensino-

aprendizagem, a bioética se refere à formação do indivíduo ético, capaz de refletir

(29)

e participar ativamente do discernimento ético em sua área de atuação profissional (CARVALHO, MULLER, RAMOS, 2005; ANJOS, 2007).

1.5 O ensino da ética na fisioterapia

Dieruf (2004) relata haver poucos estudos que abordam o nível de desenvolvimento moral e os efeitos da educação na tomada de decisão ética. O mesmo foi detectado por Swisher em 2002, quando afirma que a literatura que examina a ética dentro da fisioterapia é relativamente pequena, apesar de ter ocorrido um aumento no número de artigos e em estudos científicos sociais, nos anos de 1970 a 2000. Esta escassa bibliografia na área contrasta agudamente com a extensa literatura específica em outras áreas da saúde, sobretudo na medicina e enfermagem (BARNITT, 2000; SWISHER, 2002; DIERUF, 2005).

A maioria das pesquisas que discutem a importância da ética, moral e valores humanos na área da fisioterapia, são estudos qualitativos que abordam os pontos relevantes do ensino para os futuros profissionais e a importância deste aprendizado na prática clínica (JARSKI, 1990; BARNITT, 2000; ROMANELLO, 2000; TRIEZENBERG, 2000; PURTILO, 2000; STILLER, 2000; MOSTROM, 2000;

JENSEN et. al. 2000; EKELMAN et. al, 2003; GREENFIELD, 2007; ROMANELLO, 2007).

Foi encontrado apenas um estudo da área de Fisioterapia que analisou de forma quantitativa, por meio da utilização do “Defining Issues Test” (DIT), o nível do desenvolvimento moral e os efeitos do processo educacional na tomada de decisão de alunos de fisioterapia e terapia ocupacional. Dieruf (2004) avaliou 58 fisioterapeutas e 36 terapeutas ocupacionais da Universidade do Novo México, no primeiro dia de aula e aproximadamente dois anos depois. O DIT é um instrumento validado e confiável para a identificação do raciocínio moral. O autor observou que não houve diferença significante de escore entre fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais. O mesmo foi identificado a respeito dos resultados do teste inicial e final dos dois grupos. Foi concluído que o programa educacional não esta facilitando o desenvolvimento moral desses estudantes.

Nenhuma pesquisa que ressalta o conhecimento do Código de Ética ou o

preparo ético e moral universitário, baseado neste documento, foi encontrada.

(30)

De acordo com os fatos apresentados, quantificar o nível do preparo moral, ético e bioético que o graduando de fisioterapia possui ao iniciar o contato com o paciente é fundamental à atuação prática. O Código de Ética Profissional é considerado a base para uma boa conduta e requisito mínimo obrigatório para que o fisioterapeuta seja capaz de incorporar os valores da profissão. Os alunos apresentam conhecimento suficiente do Código para a escolha de uma conduta moral adequada?

Não podemos desconsiderar também, o aumento dos dilemas éticos da profissão decorrentes, principalmente, do avanço tecnológico e das diversas formas de cuidar, que evidenciou a importância da Bioética no relacionamento com o paciente e para a busca das soluções que ultrapassam o campo da moral e da ética.

Além do preparo básico oferecido pelo Código de Ética, os referenciais da Bioética são incorporados ao ensino do graduando? Os universitários absorvem o conteúdo para aplicarem na prática clínica?

Estes questionamentos motivaram a realização desta pesquisa.

OBJETIVO

1.6 Objetivo Geral:

O objetivo deste trabalho é analisar a capacidade na tomada de decisões bioéticas em situações hipotéticas referentes ao Código de Ética Profissional, do graduando no último ano do curso de Fisioterapia, relacionando os resultados obtidos à estrutura curricular de duas Universidades da cidade de São Paulo.

1.7 Objetivos Específicos:

• Comparar o preparo ético dos graduandos de fisioterapia das duas Universidades, onde uma delas apresenta em sua grade curricular, a disciplina Bioética e a outra não, por meio da análise descritiva das respostas ao questionário.

• Comparar a pontuação total, atingida no questionário, entre as duas

(31)

Universidades avaliadas, por meio da classificação do escore (preparo bom, preparo razoável e preparo ruim).

• Comparar as pontuações relativas de dois grupos de questões do questionário (1-relacionamento fisioterapeuta-paciente e, 2- relacionamento fisioterapeuta e profissionais da área e de outras áreas da saúde).

CASUÍSTICA E MÉTODO

Trata-se de uma pesquisa de caráter prospectivo e quantitativo controlado, realizada através da aplicação de um questionário elaborado pela pesquisadora.

A pesquisa bibliográfica foi realizada por meio dos bancos de dados:

Medline, Scielo, PubMed e Findarticles. As palavras-chave cruzadas, na língua portuguesa, foram: fisioterapia, ética, ensino, código de ética e bioética. Em inglês foram cruzadas as palavras: physical therapy, ethics, biethics e code of ethics.

A presente dissertação teve seu projeto aprovado nas duas Universidades.

As Universidades onde a pesquisa foi realizada, não foram mencionadas, sendo mantido em total sigilo suas identificações, evitando-se assim, exposição desnecessária.

Não há benefícios diretos aos sujeitos participantes, porém baseado nos resultados da pesquisa, surge à possibilidade de iniciar-se uma discussão com os coordenadores das Instituições sobre uma possível reformulação curricular nos cursos de Fisioterapia.

1.8 Instrumento

A elaboração do questionário (Apêndice I) foi baseada no CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL APROVADO PELA RESOLUÇÃO COFFITO-10 DE 3 DE JULHO DE 1978 (Anexo I), com 12 questões de múltipla escolha. As três primeiras questões são de caráter introdutório e geral. As questões de quatro a 12 são correspondentes a um artigo do Código que a mesma julgou importante dentro da prática da fisioterapia.

Estes artigos foram escolhidos, pois apresentam em seu contexto dilemas

(32)

éticos importantes e comuns dentro da rotina fisioterapêutica, que valorizam o relacionamento terapeuta-paciente ou do terapeuta com os demais colegas de profissão e outras áreas da saúde. Além de possibilitar, uma reflexão bioética a respeito dos referenciais de beneficência, não-maleficência, autonomia e justiça.

Os demais artigos foram excluídos em virtude da ausência ou mínima ocorrência na prática terapêutica, não envolvendo conflitos relevantes na rotina clínica.

Os enunciados das questões de quatro a 12 correspondem aos dilemas éticos. Para cada questão, há três alternativas de resposta (uma alternativa à tomada de decisão baseada na Bioética, outra alternativa baseada no Código de Ética e a outra sobre a opção fora do contexto da ética, considerada Não-Ética).

As respostas foram organizadas no questionário de forma aleatória para não tendenciar as respostas (Apêndice II).

O questionário foi aplicado previamente à coleta de dados, em um grupo de 10 fisioterapeutas com mais de três anos de exercício profissional, com o objetivo de identificar a clareza deste e a fidedignidade das respostas. Os profissionais responderam o questionário e em seguida deram o parecer à pesquisadora. Não houve nenhuma sugestão de mudança na estrutura e nas questões propostas.

1.9 Seleção da Amostra

Participaram da pesquisa 50 alunos de cada Universidade, totalizando 100 indivíduos.

Critérios de inclusão: alunos que aceitaram participar desta, do último ano de graduação em Fisioterapia, e que cursavam o sétimo semestre, já que é neste período que os mesmos estão iniciando contato direto com os pacientes.

Critérios de exclusão: alunos no oitavo semestre do curso e com dependência do estágio específico, pois nestas duas situações, o aluno já teve contato com o paciente e vivenciou dilemas éticos durante os atendimentos.

1.10 Coleta de Dados

A coleta de dados ocorreu no início do ano letivo, no mês de fevereiro,

caracterizando o primeiro contato do aluno com o paciente. Na Universidade I,

(33)

que não apresenta a disciplina Bioética na grade curricular, a coleta durou um dia.

Já na Universidade II, que apresenta a disciplina Bioética, foi realizada em três dias devido a menor quantidade de alunos presentes nos dias.

Na Universidade I, os alunos que atendiam os critérios de inclusão foram selecionados e levados para um ambiente reservado onde a pesquisadora convidou os mesmos a participarem da pesquisa, por meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido TCLE (Apêndice III), apresentado verbalmente e por escrito, esclarecendo os objetivos e procedimentos da pesquisa. Foi explicado que não era necessária identificação do discente no questionário e que este não proporcionaria riscos à integridade psíquica ou social dos participantes.

Após o esclarecimento que a participação era espontânea e não obrigatória, foi solicitado que os graduandos que não tinham o desejo de participarem da pesquisa poderiam devolver o TCLE e se retirar da sala. Ninguém se recusou a participar da pesquisa. Os sujeitos que aceitaram participar assinaram o TCLE e receberam o questionário. A pesquisadora permaneceu na sala para acompanhar o procedimento e para esclarecer as eventuais dúvidas e questionamentos.

Na Universidade II o mesmo procedimento foi adotado. Após o esclarecimento que a participação era espontânea e não obrigatória, dois graduandos optaram por não participar da pesquisa, e devolveram o TCLE. A coleta foi realizada por três dias consecutivos com grupos menores de alunos, devido ao número reduzido de graduandos presentes na clínica de fisioterapia.

1.11 Análise dos Dados

Para a análise das respostas obtidas no questionário, as informações foram categorizadas a partir dos seguintes critérios:

1. Comparação do percentil das respostas entre as duas Universidades: para cada questão foi estabelecido o número percentual das alternativas de resposta comparando os dois grupos estudados;

2. Classificação através de escore para os resultados das Universidades,

conforme a escala classificatória: para cada alternativa de resposta foi

atribuído um valor. A resposta Bioética corresponde a três pontos, a resposta

referente ao Código de Ética um ponto e a alternativa Não-Ética nenhum

(34)

ponto. Desta forma, o escore máximo do questionário é de 27 pontos, já que são nove questões neste formato.

Escala classificatória:

• Preparo Bom - resultado acima de 70% da pontuação, correspondente ao valor de 19 a 27 pontos;

• Preparo Razoável – resultado acima de 50% da pontuação, equivalente a 14 até 18 pontos;

• Preparo Ruim – resultado abaixo de 50%, referente à pontuação de 13 pontos para baixo.

A porcentagem 70% foi adotada como um bom preparo por corresponder à avaliação mínima aceita para aprovação nas disciplinas nas Universidades.

3. Análise estatística da pontuação obtida na escala classificatória, entre as Universidades por meio do teste Kruskal-Wallis. Análise da pontuação total das universidades e análise dos dois grupos de questões: relacionamento do fisioterapeuta e o paciente (questões quatro a oito), e questões relacionadas ao relacionamento do fisioterapeuta com profissionais da área e outras áreas da saúde (questões nove a 12).

RESULTADOS

Inicialmente serão apresentados os resultados da análise descritiva realizada a partir do questionário, aplicado em estudantes universitários.

1.12 Comparação do percentil das respostas entre as duas Universidades

Participaram do estudo 100 alunos no último ano da graduação de Fisioterapia, sendo 50 pertencentes a uma Universidade que não apresenta na grade curricular a disciplina Bioética (Universidade I) e os outros 50 de uma Universidade que contém a disciplina Bioética (Universidade II).

1.12.1 Questões Introdutórias do Questionário

A Figura 1 mostra a presença da disciplina de Ética nas Universidades. Na

(35)

Universidade I os 50 alunos (100%) responderam que tiveram aulas de Ética Profissional na graduação. Na Universidade II, 49 indivíduos (98%) afirmaram que sim e um (2%) relata que não teve esta disciplina.

Universidade 1

sim 100%

não 0%

Universidade 2

sim 98%

não 2%

Figura 1 - Questão 1 - Na graduação você teve aulas de ética profissional?

A Figura 2 diz respeito ao conhecimento do Código de Ética da profissão.

Na Universidade I, 24 alunos (48%) afirmam que conhecem o Código de Ética enquanto 26 (52%) não conhecem. Na Universidade II, 39 alunos (78%) responderam que conhecem, enquanto 11 não (22%).

Universidade 1

sim não 48%

52%

Universidade 2

sim 78%

não 22%

Figura 2 - Questão 2 - Você conhece o Código de Ética da sua Profissão?

Na Figura 3 podemos observar como os graduandos quantificam seu

conhecimento a respeito do Código de Ética. Na Universidade I, dos 24 alunos

(36)

que responderam que conhecem o Código na questão dois, todos (100%) quantificaram seu conhecimento como médio. Na Universidade II, dos 39 alunos que disseram conhecer o Código, 21 deles (54%) classificaram este conhecimento como médio e 18 (46%) julgam como baixo seu conhecimento.

Universidade 1

Baixo 0%

Medio 100%

Alto 0%

Universidade 2

Baixo Medio 46%

54%

Alto 0%

Figura 3 - Questão 3 - Quantifique o seu conhecimento sobre o Código de Ética. (Respostas somente dos indivíduos que responderam SIM na questão 2)

1.12.2 Questões referentes aos Dilemas Éticos

As questões quatro a 12 apresentam dilemas éticos distintos que correspondem aos artigos do Código de Ética de Fisioterapia e Terapia Ocupacional. O graduando escolheu a alternativa de resposta que equivale a sua tomada de decisão frente à situação relatada. Para todas as questões, há uma alternativa que diz respeito a uma atitude Bioética, outra que revela a atitude prescrita no Código de Ética e por fim, uma atitude fora dos dois conceitos, denominada atitude Não- Ética.

A Figura 4 diz respeito ao capítulo II (do exercício profissional); Art. 7º, item

V - respeitar o natural pudor e a intimidade do cliente. É possível observar que na

Universidade I, 42 indivíduos (84%) optaram pela conduta Bioética, três (6%)

escolheram a conduta do Código de Ética e cinco alunos (10%) agiriam de forma

Não – Ética. Na Universidade II, 41 alunos (82%) agiriam de acordo com a

Bioética, dois (4%), através do Código de Ética e sete deles (14%) optaram pela

atitude Não-Ética.

Referências

Documentos relacionados

Our contributions are: a set of guidelines that provide meaning to the different modelling elements of SysML used during the design of systems; the individual formal semantics for

A seleção portuguesa feminina de andebol de sub-20 perdeu hoje 21-20 com a Hungria, na terceira jornada do Grupo C do Mundial da categoria, a decorrer em Koprivnica, na

4- A responsabilidade profissional está muito bem estabelecida no Código de Defesa e Proteção ao Consumidor, pois coloca em questão a efetiva participação preventiva e

No final, os EUA viram a maioria das questões que tinham de ser resolvidas no sentido da criação de um tribunal que lhe fosse aceitável serem estabelecidas em sentido oposto, pelo

Apart from the two nuclear energy companies that were strongly hit by the earthquake effects (the Tokyo and Tohoku electric power companies), the remaining nine recorded a

Taking into account the theoretical framework we have presented as relevant for understanding the organization, expression and social impact of these civic movements, grounded on

Driver: Apesar do cenário interno desafiador para o mercado de papéis e embalagens diante da crise econômica, a Klabin tem apresentado desempenho acima do setor, o que se explica

Uma visão convincente, tanto resoluta quanto criativa, para contar sua história e tomar medidas para fazer acontecer. Líderes com visão " …podem ver