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APPLICABILITY OF INTERNATIONAL TREATIES AND HUMAN RIGHTS

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Academic year: 2021

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APLICABILIDADE DOS TRATADOS INTERNACIONAIS E OS DIREITOS HUMANOS

APPLICABILITY OF INTERNATIONAL TREATIES AND HUMAN RIGHTS

Édina Aparecida Lopes1 Raiane Bocardi2 Dakari Fernandes Tessmann3

RESUMO

O artigo em questão busca analisar, de forma clara e objetiva, a disciplina dos tratados internacionais, que versam sobre direitos humanos. Assim, tal estudo se preocupou em esboçar um raciocínio jurídico originado à luz do direito comparado, e em especial, a partir das peculiaridades do ordenamento jurídico pátrio. A integração entre o direito internacional e o direito interno, de forma eficaz, visa a proteção dos direitos humanos. Nesse sentido, veremos a influência dos tratados internacionais de proteção aos direitos humanos no direito interno brasileiro. Para se enfrentar de forma correta o presente tema, necessário se faz o esclarecimento dos conceitos de tratado internacional e como ele é aplicado dentro de um ordenamento jurídico já existente, considerando ainda a primazia dos direitos humanos. Veremos a forma como o tratado é inserido e qual a sua hierarquia, considerando a legislação pátria vigente. A aplicabilidade dos tratados internacionais frente aos direitos humanos traz como primazia a norma mais favorável ao ser humano e o processo de sua integração no direito interno do país. Neste sentido, primeiramente serão apresentados o conceito e as características dos tratados, bem como de sua fonte, qual seja, o Direito Internacional dos Direitos Humanos. Também será explanado acerca da posição do Brasil, em face dos instrumentos internacionais de proteção dos direitos humanos. Ainda, será desenvolvida a avaliação do modo pelo qual a Constituição Brasileira de 1988 tece a incorporação desses tratados. Podemos dizer que os tratados internacionais de direitos humanos têm como fonte

1 Graduanda em Direito pela FADAF – Faculdade de Direito de Alta Floresta. 10º Semestre. 2 Graduanda em Direito pela FADAF – Faculdade de Direito de Alta Floresta. 10º Semestre.

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um campo extremamente recente do direito, chamado Direito Internacional dos Direitos Humanos, que adveio como resposta às atrocidades e aos horrores cometidos pela guerra.

Palavras-chave: Tratados. Direitos Humanos. Direito Internacional.

ABSTRACT

The article in question is to analyze, in a clear and objective way, the discipline of international treaties, which deal about human rights. Thus, this study bothered to draft a legal reasoning originated in the light of comparative law, and in particular from the peculiarities of the Brazilian legal system. The integration between international law and domestic law, effectively, aims to protect human rights. In this sense, we see the influence of international treaties to protect human rights in the Brazilian domestic law. To address correctly this theme, is necessary to clarify the concepts of international treaty and how it is applied within an existing legal system, also considering the primacy of human rights. We will see how the treaty is inserted and what their hierarchy, considering the current Brazilian legislation. The applicability of international human rights treaties front brings primacy as the most favorable rule to human and the process of integration into the internal law of the country. In this sense, will be first presented the concept and characteristics of treaties, as well as its source, which is the International Human Rights Law. It will also be explained about Brazil's position in the face of international instruments of human rights protection. Still, the assessment of the way in which the Brazilian Constitution of 1988 weaves the incorporation of these treaties will be developed. We can say that international human rights treaties are sourced a very new field of law, called the International Law of Human Rights, which stemmed in response to the atrocities and horrors committed by the war.

Keywords: Treaties. Human Rights. International Law.

1 INTRODUÇÃO

Atualmente vários estudos tem se desenvolvido acerca da influência do Direito Internacional no ordenamento jurídico interno dos países.

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O direito internacional dos Direitos Humanos consiste em um sistema de normas internacionais, procedimentos e instituições desenvolvidas para implementar esta concepção e promover o respeito dos direitos humanos em todos os países, no âmbito mundial.

Uma das principais questões do Direito Internacional é a relação entre o direito internacional e o direito interno e a grande discussão acerca desse tema reside no fato da prevalência ou não de um tratado internacional sobre as leis internas. É certo que compete ao Congresso Nacional resolver definitivamente sobre os tratados, acordos ou atos internacionais. O Supremo Tribunal Federal, mesmo após várias controvérsias, manteve por décadas o entendimento de que o tratado e a lei ordinária estão no mesmo plano.

A Emenda Constitucional nº 45, inseriu o § 3º, ao artigo 5º, fixando que “os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos, que forem aprovados em cada casa do congresso nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes a emendas constitucionais”.

Pode-se dizer que, dentro do direito internacional, o estudo das relações entre o Direito Internacional e o ordenamento interno se afigura como um dos mais difíceis de compreender e a controvérsia reside no fato de saber qual norma prevalecerá em havendo um conflito entre a norma internacional e a norma interna.

Segundo o Supremo Tribunal Federal (STF), o Brasil se enquadra no sistema monismo nacionalista, onde há mais de vinte anos vigora na jurisprudência o sistema paritário, onde o tratado, uma vez formalizado, passa a ter força de lei ordinária, portanto, tem poder de revogar as disposições em contrário, ou ser revogado.

O que se pode afirmar, é que sempre será levado em consideração o princípio da dignidade da pessoa humana. Ao adotar o valor da primazia da pessoa humana, estes sistemas se complementam, interagindo com o sistema nacional de proteção, a fim de proporcionar a maior efetividade possível na tutela e promoção de direitos fundamentais. Este é inclusive, o princípio basilar do Direito Internacional dos Direitos Humanos.

2 CONCEITO DE DIREITOS HUMANOS

Os direitos humanos são aqueles decorrentes da própria natureza humana e existem independentemente do Estado, são inalienáveis e imprescritíveis e buscam proteger o ser humano das ingerências dele. Podemos destacar dentro dos direitos humanos o direito à vida e

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à liberdade e ainda, dizer que são de plano internacional.

Os direitos humanos ganharam destaque a partir do fim da Segunda Guerra Mundial, sendo proclamadas então várias declarações e pactos neste sentido, na qual teve destaque a Conferência de Viena, que se baseou na Carta das Nações Unidas de 1945 e com a promulgação da Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948, passando a terem maior relevância na esfera internacional.

Nesse sentido, o processo de internacionalização dos direitos humanos passa a ser uma importante resposta na busca da reconstrução de um novo paradigma, diante do repúdio internacional às atrocidades que estavam vivenciando.

3 TRATADOS INTERNACIONAIS

O tratado é principal fonte do direito internacional, que expressa os acordos de vontades entre as partes, de forma livre e soberana, sendo estabelecido entre as partes, com direitos e obrigações mútuas.

3.1 Conceito de Tratado Internacional

Por tratado entende-se que é o ato jurídico pelo qual se manifesta os acordos de vontade realizados entre dois ou mais sujeitos de direito internacional. Em outras palavras, tratado é a expressão do acordo de vontades, no qual são estipulados direitos e obrigações entre sujeitos de direito internacional.

Tratado é considerando o gênero, do qual se incluem as convenções, os pactos, as cartas e os demais acordos internacionais, sendo regulado pelo Direito Internacional.

Ele é uma fonte do Direito Internacional. O artigo 38, do Estatuto da Corte Internacional de Justiça, dispõe que os tratados ou convenções internacionais são considerados fontes do Direito Internacional, funcionando como importantes mecanismos jurígenos ao lado dos costumes e dos princípios gerais do Direito.

Cada país regula, de forma individual, a incorporação do tratado internacional ao seu sistema jurídico interno. Um tratado internacional no Brasil, não pode ferir a Constituição Federal e está sujeito ao controle de constitucionalidade.

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Tratados), tratado pode ser definido como sendo um “acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica” – artigo 2º, § 1ª, a.

Na definição de Clóvis Beviláqua, “tratado internacional é um ato jurídico, em que dois ou mais Estados concordam sobre a criação, modificação ou extinção de algum direito”, complementando que:

A definição acima exposta abrange todos os atos jurídicos bilaterais ou multilaterais do direito público internacional, que, realmente, podem ser designados pela denominação geral de tratados, mas que recebem, na prática e nos livros de doutrina, qualificações diversas.

Feitas estas ponderações, podemos concluir que os tratados são manifestações de vontades concordantes, imputável a dois ou mais sujeitos de direito internacional e seu objetivo é produzir efeitos jurídicos para as partes contratantes, estando elas de acordo com os seus termos.

3.2 Características dos Tratados Internacionais

Os tratados internacionais se revestem do caráter de ato jurídico, eis que são originados de um ato lícito de vontade humana e geram efeitos no direito e do caráter de norma e, do seu resultado alcançado pela sua aplicação na prática advém o seu caráter de norma. Nesse sentido dispõe José Francisco Rezek:

O acordo formal entre Estados é o ato jurídico que produz a norma, e que, justamente por produzi-la, desencadeia efeitos de direito, gera obrigações e prerrogativas, [e] caracteriza enfim, na plenitude de seus dois elementos, o tratado internacional.

O princípio do direito internacional, nascido na revolução francesa e posteriormente do positivismo jurídico, é o livre consentimento das nações. Esse princípio passou a ser um dos elementos mais importantes dos tratados internacionais. É certo dizer que inexiste tratado internacional, caso falte o animus contrahendi, ou seja, a livre vontade de contratar.

Outra característica dos tratados internacionais é que eles são acordos essencialmente formais, e sendo assim, são celebrados por escrito, a fim de se deixar expresso o propósito a que as partes chegaram após a negociação. Segundo o artigo 2º, da Convenção de Havana

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sobre Tratados de 1928 “é condição essencial nos tratados a forma escrita”, sendo condenável a admissão da oralidade.

A Convenção de Viena de 1969 admite outros atos jurídicos internacionais, desde que exprima de maneira válida, tendo ele valor jurídico no cenário internacional, porém, não serão aplicadas as regras dos tratados abrigados pela Convenção.

Os tratados só podem ser concluídos por entes capazes de assumir direitos e obrigações no âmbito externo, tem-se então a característica de concluído entre Estados. Todavia, a partir de 1986, com o advento da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados entre Estados e Organizações Internacionais ou entre Organizações Internacionais, as organizações internacionais (ONU e OEA) passaram a ter capacidade para celebrar tratados, diferindo apenas em sua amplitude, que no caso, diz respeito à celebração de tratados necessários à realização da missão a que se propuseram.

No caso do Brasil, dispõe o artigo 21, inciso I, da Constituição Federal de 1988 que compete à União “manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais”.

Os tratados também devem ser regidos pelo direito internacional público, uno e único para todos os países e expresso a partir dos princípios de direito internacional geral.

Além do mais, os tratados podem ser firmados em instrumento único ou em dois ou mais instrumentos conexos e não há denominação específica para eles, eis que varia de acordo com a sua forma, conteúdo, objeto ou seu fim.

Assim, conforme nos leciona Mazzuoli, tratado internacional pode ser definido “como sendo um acordo formal de vontades concluído entre os sujeitos de direito internacional público, regido pelo direito das gentes e destinado a produzir, imprescindivelmente, efeitos jurídicos para as partes que a ele aderiram” (2004, p. 48).

Importante salientar que os tratados internacionais ao se incorporarem ao nosso direito interno, não podem ser revogados por leis ordinárias, é necessário que se faça a denúncia. Assim é o entendimento do Ministro Cordeiro Guerra, afirmando que ela é o meio próprio de revogar um tratado internacional, no campo do direito internacional.

4 O ESTADO BRASILEIRO EM FACE AO SISTEMA INTERNACIONAL DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS

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humanos a partir de 1985, com a democratização do país, tendo como marco principal a Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos Cruéis, Desumanos ou Degradantes, no ano de 1989.

Para tanto, é fundamental a aplicação do princípio orientador das relações internacionais, qual seja, a prevalência dos direitos humanos, introduzido pela Constituição Federal de 1988.

Antes de qualquer discussão, importante frisar que o tratado internacional tem a mesma posição hierárquica de lei ordinária, e a lei interna superveniente poderá afetar tratado em vigor, com exceção de matéria tributária, de acordo com o disposto no artigo 98, do Código Tributário Nacional.

4.1 Incorporação das Normas Internacionais de Proteção dos Direitos Humanos no Ordenamento Jurídico Pátrio

Inicialmente cumpre salientar que a hierarquia dos tratados internacionais está relacionada ao impacto da sua inserção no ordenamento jurídico interno.

O marco fundamental para o processo de institucionalização dos direitos humanos no Brasil foi a Constituição Federal de 1988, tendo como principio fundamental, a dignidade da pessoa humana. Assim, a fim de se igualar hierarquicamente os tratados de proteção dos direitos humanos às normas constitucionais, dispôs o § 2º, do artigo 5º, da Constituição que: “Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”.

Dessa forma, uma dupla fonte normativa, no que tange aos direitos e garantias, passou a ter reconhecimento, quais sejam: aquela advinda do direito interno (oriundos da Constituição) e a advinda do direito internacional (decorrentes dos tratados internacionais de direitos humanos em que a República Federativa do Brasil seja forte).

Além de ampliar os mecanismos de proteção da dignidade da pessoa humana, os tratados internacionais de direitos humanos vieram também reforçar e engrandecer o princípio da prevalência dos direitos humanos, pelos quais devem ser regidos nas relações internacionais.

Os tratados internacionais de proteção dos direitos humanos devidamente ratificados pelo Estado brasileiro passaram à condição de fonte do sistema constitucional de direitos e

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garantias, sendo assim, eles detém o status de norma constitucional.

Pode-se dizer que duas são as fontes do sistema constitucional de proteção de direitos, uma interna e outra internacional e, em caso de conflito, o intérprete deve optar preferencialmente pela fonte que proporciona a norma mais favorável à pessoa protegida.

Segundo a Constituição Federal, os tratados internacionais de proteção dos direitos humanos que são ratificados pelo governo, ingressam no ordenamento jurídico brasileiro no mesmo grau hierárquico das normas constitucionais. Ou seja, os direitos e garantias provenientes dos tratados internacionais, não são excluídos pelos expressos na Constitucional, protegendo-os.

É importante salientar que a própria Declaração dos Direitos Humanos das Nações Unidas, dispõe em seu artigo 29 que:

No exercício de seus direitos e no desfrute de suas liberdades todas as pessoas estarão sujeitas às limitações estabelecidas pela lei com a única finalidade de assegurar o respeito dos direitos e liberdades dos demais, e de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade democrática. Estes direitos e liberdades não podem, em nenhum caso, ser exercidos em oposição com os propósitos e princípios das Nações Unidas.

Apesar do fato de que a Constituição Federal tenha inserido um dispositivo a fim de garantir a dignidade da pessoa humana, não se discutindo aqui sua relevância, não se pode dar primazia a um ou outro direito (interno ou internacional), eis que ambos foram elaborados com a mesma finalidade de ampliar e assegurar os mesmos direitos, sendo este o maior problema enfrentado com relação aos direitos humanos, ou seja, a proteção dos mesmos.

Assim, verifica-se que o critério mais eficaz de desempate entre as normas jurídicas, sempre será a primazia da norma mais favorável à vítima.

Frisa-se que os direitos humanos encontram proteção em diversos contextos e em diversos instrumentos, motivo pelo qual, eles têm proteção plural e sendo assim, com a pluralidade vêm os conflitos. Os tratados internacionais de direitos humanos devem ser coordenados a fim de se garantir a aplicação da norma mais benéfica ao ser humano, ou seja, mais favorável à dignidade da pessoa humana.

Uma vez assinado, aprovado, e ratificado, os tratados internacionais incorporam-se à ordem jurídica interna, adquirindo uma hierarquia normativa variável de acordo com as diferentes correntes doutrinárias que tratam do ordenamento jurídico internacional.

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e estes, por sua vez, encontram tal previsão nos tratados internacionais de proteção dos direitos humanos em que a União é parte, há a sobreposição de tais instrumentos a toda legislação infraconstitucional, eis que a própria Constituição de 1988 equiparou no mesmo grau de hierarquia, os direitos e garantias advindos de tratados internacionais de direitos humanos, devidamente ratificados pelo Estado brasileiro.

A Emenda Constitucional nº 45 inseriu o § 3º, ao artigo 5º, fixando que:

Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos, que forem aprovados em cada casa do congresso nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes a emendas constitucionais.

Assim, os tratados internacionais passam a ter caráter de norma constitucional. E um exemplo de tratado devidamente aprovado pelo congresso nacional, é a convenção da ONU sobre deficientes físicos.

O Pacto de San Jose da Costa Rica é um dos mais conhecidos, chamado também de Convenção Americana de Direitos Humanos, que tem por base a declaração universal dos direitos do homem, e dispõe sobre direitos civis, políticos, econômicos, sociais, culturais, meios de proteção, e dentro outros assuntos, o funcionamento da corte interamericana de direitos humanos.

Ele foi assinado no ano de 1969, inicialmente por 11 integrantes e apenas em 1992, o Brasil aprovou, pelo Congresso Nacional, por meio de decreto legislativo, e o ratificou no mesmo ano, passando a cumpri-lo no seu ordenamento jurídico interno. Foi então com a jurisprudência consolidada do STF que se conferiu status de lei ordinária aos tratados internacionais.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A controvérsia que existia há décadas acerca da hierarquia dos tratados, chegou a uma solução com a Emenda Constitucional nº 45 e com a decisão do Supremo Tribunal Federal.

Com a valorização dos direitos humanos, o Brasil trouxe para o mundo real muitos dos direitos fundamentais, que até então estavam apenas no papel, dando ênfase a um dos princípios fundamentais basilares da Constituição Federal, o da dignidade da pessoa humana.

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sociedade moderna. O Brasil não tem se utilizado de todos os meios disponíveis ao seu alcance para efetivar a observância dos direitos humanos, consagrados nos tratados internacionais por ele ratificados, pois eles, por sua vez, impõem deveres aos Estados que a eles aderem. Surge então o conflito entre as normas internas e o direito internacional.

O que se pode afirmar é que o princípio da dignidade da pessoa humana está acima de qualquer divergência, contudo, não se quer dizer com tal assertiva que os preceitos normativos oriundos do direito das gentes sempre venham a suplantar, de maneira irrestrita, o nosso ordenamento jurídico interno em detrimento da Constituição Federal.

O verdadeiro sistema constitucional de proteção de direitos não é aquele que resulta, pura e simplesmente da leitura isolada de um ou de outro texto. Deve ser levado em conta todas as interferências que decorrem, e o exercício de cada qual, os interesses em jogo e a prudente flexibilização de linhas divisórias, permitindo um convívio harmonioso.

Surge então o conflito entre as normas jurídicas internas e o direito internacional, a divergência com relação a posição hierárquica. Dessa forma, o princípio da dignidade da pessoa humana expressa que o critério mais eficaz para desempatar as normas conflitantes, é o da primazia da norma mais favorável às vítimas, possibilitando uma maior interação entre os tratados de direito internacional e o ordenamento interno do país.

As construções normativas convencionais, não tem o condão de ferir o texto constitucional, pelo contrário, visa reforçar o rol de direitos e garantias fundamentais nele contidos.

Do estudo realizado, verificou-se que o entendimento do Supremo Tribunal Federal é de que, qualquer tratado internacional ratificado pelo Brasil, passa a fazer parte do direito interno brasileiro, sem força para mudar o texto constitucional, pois a Constituição Federal está acima de qualquer tratado ou convenção internacional que com seu texto conflite. Ainda, segundo o STF, o tratamento brasileiro é o paritário, ou seja, deve-se garantir a autoridade da norma mais recente, mais eficaz a garantia da dignidade da pessoa humana.

Assim, quando a Constituição da República incorpora em seu texto, direitos fundamentais, provenientes de tratados, ela está atribuindo natureza de norma constitucional, sendo protegidos pela própria Constituição. Porém, somente os tratados internacionais que versam sobre direitos humanos possuem essa natureza de norma constitucional, pois os demais terão natureza de norma infraconstitucional. É o princípio da prevalência dos direitos humanos, ou também mais conhecido como primazia da norma mais favorável às vítimas.

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--- REFERÊNCIAS

ACCIOLY, Hildebrando; SILVA, G. E. do Nascimento e; CASELLA, Paulo Borba. Manual

de direito internacional. 18 ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

BEVILÁQUA, Clóvis. Direito público internacional. Tomo II, 2ª ed., Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1939, p. 13.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, de 05 de outubro de 1988.

Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm> Acesso em: 17 nov. 2014.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário nº 84.004-SE. Pleno. Decisão por maioria. Relator: Min. Cunha Peixoto. Recorrente: Belmiro da Silveira Góes. Recorrido: Sebastião Leão Trindade. Brasília, 1º de junho de 1977. Disponível em: <http://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/14614120/recurso-extraordinario-re-80004-se> Acesso em: 17 nov. 2014.

LEITE, Antonio Teixeira. A posição dos tratados internacionais sobre direitos humanos,

segundo o STF. Jus Navigandi, Teresina, ano 18, n. 3635, 14 jun. 2013. Disponível em:

<http://jus.com.br/artigos/24713/a-posicao-dos-tratados-internacionais-sobre-direitos-humanos-segundo-o-stf>. Acesso em: 17 nov. 2014.

MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Tratados internacionais: com comentários à convenção de Viena de 1969 – 2ª ed., rev., ampl. e atual. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2004.

MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Tratados internacionais de direitos humanos e direito

interno. São Paulo: Saraiva, 2010.

PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e o direito constitucional internacional. 4ª ed. rev., ampl. e atual. São Paulo: Max Limonad, 2000.

RANGEL, Vicente Marotta. Direito e relações intenacionais: textos coligidos, ordenados e anotados (com prólogo). 8 ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005.

REZEK, José Francisco. Direitos dos tratados. Rio de Janeiro: Forense, 1984.

*Acadêmica do 6º Semestre do Curso de Direito da Faculdade de Direito de Alta Floresta – FADAF.

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